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SUPERVISOR:
REALIZADO POR:
Eu, Milton Eugénia Felizardo Chaúque, declaro por minha honra que o presente trabalho é
da minha autoria e nele observei os requisitos e recomendações da Escola Superior de
Ciências Náuticas, concernentes à elaboração de trabalhos de investigação científica.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
i
DEDICATÓRIA
Dedico o presente trabalho aos meus pais Eugénia Vasco António e Felizardo Alfredo
Chaúque (em memória) que fez de tudo durante a minha formação, e mesmo tendo partido
cedo, recordando suas palavras deixaram-me mais motivado para a conclusão do nível de
licenciatura.
ii
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecer a Deus pela vida, saúde e pela protecção que tem me dado em
todas actividades desde os meus primeiros dias de vida.
Ao Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) e a toda minha família, especialmente aos meus
pais Eugénia Vasco António e Felizardo Alfredo Chaúque (em memória), aos meus irmãos
Arcénio, Domingos, Nazaré, Helder, Arcebiádes, Zélia, Eunice, Edilson e Gerson, aos
meus sobrinhos Milton, Ângela, Antónia, Isa e Firmino, as minhas avós Elisa (em
memória) e Ervilha (em memória), aos meus primos Vasco e Melita, aos meus tios Vasco,
Henriques, Antónia, Zacarias, Olímpia, Gilda, Joana e Tereza e a minha namorada Mirza.
A estes vai o meu muito obrigado pelo apoio e motivação durante minha formação.
iii
RESUMO
A nova tendência mundial está no consumo de energias cada vez mais limpas de modo a
tornar o meio ambiente sustentável, por isso o governo de Moçambique através do
Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) pela Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC) no seguimento das recomendações do Programa
das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) permitiu a distribuição e comercialização, em
2017, do gasóleo com menor teor de enxofre passando do gasóleo S500 (500ppm) para S50
(50ppm) tornando a poluição ambiental reduzida e, consequentemente, limitar os riscos de
saúde da população em geral. A presente pesquisa consistiu em fazer a análise da
influência que essa redução do teor de enxofre pode causar na alteração das propriedades
físico-químicas do gasóleo e sua relação com a potência teórica da Máquina de Combustão
Interna (MCI) de ciclo diesel. A mesma buscou sustentação através dos principais ensaios
usando métodos da American Society for Testing and Materials (ASTM) feitos no
laboratório de certificação e qualidade dos combustíveis da empresa Intertek Testing
Services – Moçambique de modo a alcançar os objectivos aos quais a pesquisa se propôs.
Consistiu principal método de pesquisa a pesquisa de laboratório com vista a aferir as
propriedades do gasóleo de acordo com os métodos da ASTM. Foi através desses métodos
que identificaram-se as principais propriedades físico-químicas que tem maior influência
na potência teórica da MCI. E dos ensaios feitos conclui-se que redução do teor do enxofre
no gasóleo acarreta alteração das propriedades físico-químicas desse combustível o que
contribuiu para uma ligeira diminuição da potência teórica. Esta diminuição de potência
deveu-se na sua maioria pela redução da densidade influenciada pela variação dos hetero-
compostos no combustível e pela alteração da composição e tamanho da cadeia de
hidrocarbonetos. Das hipóteses levantadas verificaram-se as hipóteses H1, H2 (0), H3 e H4
como confirmação das respostas provisórias do problema levantado pela pesquisa.
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ÍNDICE DE CONTEÚDO
DECLARAÇÃO DE AUTORIA................................................................................................. i
DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... ii
RESUMO................................................................................................................................... iv
INTRODUÇÃO. ......................................................................................................................... 1
I. 1. Problematização............................................................................................................... 2
I. 2. Justificativa. ..................................................................................................................... 4
I. 3. Objectivos. ....................................................................................................................... 5
I. 4. Hipóteses. ........................................................................................................................ 6
v
I. 5. Metodologia. .................................................................................................................... 7
ANEXOS .................................................................................................................................. 54
vi
Anexo 2. – Certificado de qualidade do combustível para o gasóleo S425. ......................... 59
vii
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
FA Fluido activo
TM Toneladas Métricas
F Fahrenheit
h horas
HP Horse Power
Kg Quilogramas
L=l Litros
m metros
mL mililitros
MJ Mega Joules
N Newton
Pa Pascal
W Watt
ix
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3. – Resultados dos ensaios para uma amostra de diesel S500. .................................... 39
Tabela 4. – Resultados dos ensaios para uma amostra de diesel S50. ...................................... 39
Tabela 5. – Resultados dos ensaios para uma amostra de diesel S10. ...................................... 40
x
ÍNDICE DE FIGURAS
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ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 2. – Valores que representam a curva de destilação para amostras de gasóleo S500
(S425), S50 (S28) e S10 (S7.8). ............................................................................................... 42
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INTRODUÇÃO
A utilização de produtos derivados do petróleo tem sido uma das principais causas de
danos ao meio ambiente. A queima de combustíveis fósseis gera impactos ambientais
através da libertação de poluentes atmosféricos, como o dióxido de carbono (CO2 ), o
monóxido de carbono (CO), os óxidos de nitrogénio (NOx ), os óxidos de enxofre (SOx ) e
material particulado (MP) (Braun et al., 2003, citado em Peixoto, Gondim, Araujo &
Junior, 2016, pp.1-6).
Serve-se desta análise o ponto de partida para a elaboração desta pesquisa cujo mesmo tem
como principal objecto de análise a Influência da redução do teor de enxofre na
alteração das propriedades físico-químicas do gasóleo e sua relação com a potência
teórica da MCI.
O segundo capítulo faz uma abordagem sobre o marco teórico conceitual da pesquisa
(antecedentes e bases teóricas). Neste capítulo, o proponente faz um levantamento e
revisão bibliográfica de todos elementos que constituem a pesquisa, especificamente, os
combustíveis e MCI’s.
1
O terceiro capítulo aborda sobre o contexto da pesquisa. Este teve como guia a actualidade
dos combustíveis sobretudo o gasóleo. A maior parte dos objectivos deste capítulo foi
alcançada no laboratório onde foi possível a realização de diversos ensaios para os
diferentes tipos de gasóleo aqui estudados.
O quarto (último) capítulo apresenta todos resultados obtidos durante a pesquisa onde
foram analisados e discutidos todos aspectos relacionados ao tema.
I. 1. Problematização:
As máquinas de combustão interna são responsáveis pela maior parte das emissões com
efeito negativo para o meio ambiente e para a saúde das populações a nível mundial. A
maioria dessas emissões é provocada pela queima de combustíveis tais como a gasolina e o
gasóleo. O gasóleo é responsável pela emissão de material particulado e óxidos de enxofre,
principais causadores de chuvas ácidas.
Como todo óleo combustível, o óleo diesel deve atender certas especificações estabelecidas
em legislação, a fim de ser considerado apropriado para comercialização. Entre esses
parâmetros, um dos mais importantes é o índice de cetano, que indica a eficiência do óleo
(desempenho do motor quando de sua utilização). Como seu nome indica, o óleo diesel é
utilizado nos motores de ciclo diesel (motores de combustão interna e ignição por
compressão), os quais, por sua vez, encontram larga utilização em veículos de transporte
terrestre, como ónibus e caminhões, ou marítimos, como navios e submarinos, além de
serem utilizados em geradores de electricidade (domésticos ou de grande porte, como nas
usinas termoeléctricas) (FARIAS, 2008 citado em Júnior, Fernandes & Silva, 2014, p.119).
2
O diesel comum, S500, apresenta como principais características: Teor de enxofre máximo
de 500 ppm (partes por milhão) (…). Pode ser utilizado em qualquer veículo a diesel
anterior a 2012. Devido a seu alto teor de enxofre, até 500 ppm. Por sua vez o diesel S50,
possui um teor de enxofre máximo de 50ppm (…). É notável a diferença de concentração
de enxofre entre os dois tipos, desse modo o diesel tipo comum está sendo retirado do
mercado e substituído pelo tipo S50. O S50 possui 50 ppm enquanto o S500 tem 500 ppm,
ou seja, 10 vezes mais enxofre (Júnior, Fernandes & Silva, 2014, p.117-127).
Nos Estados Unidos da América (EUA) e em alguns países da Europa já se usa o diesel
S10 que possui um teor de enxofre de 10ppm. Este é considerado o diesel menos poluente
em relação aos outros por possuir menor teor de enxofre. E Moçambique no seguimento
das recomendações do programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) permitiu a
distribuição e comercialização, em 2017, do gasóleo com menor teor de enxofre passando
do gasóleo S500 (500ppm) para S50 (50ppm).
Segundo Centro de Integridade Pública (CIP), (2006, p.8) “As gasolineiras licenciadas em
Moçambique importam através da empresa IMOPETRO Lda (Operadora de Aquisições de
Combustíveis Líquidos) anualmente à volta de 1.3 milhões de Toneladas Métricas (TM) de
produtos petrolíferos (basicamente gasóleo, gasolina, A1 Jet fuel). O gasóleo tem um peso
relativo de 70% nas importações (gasolina: 21%; A1 Jet: 8%) ”.
Daí que faz-se necessário uma análise sobre as suas propriedades físico-químicas a quando
da sua chegada na terminal de combustíveis e de que forma a redução do teor de enxofre
influencia na alteração dessas e que relação tem com a potência teórica da MCI.
I. 1.1 Problema:
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I. 2. Justificativa:
Segundo Peixoto et al., (2016, pp.1-6) “um dos principais problemas relacionados à
utilização do óleo diesel como combustível é a presença de enxofre (S) que provoca
poluição no meio ambiente e corrosão nos motores”.
De acordo com a legislação de cada país, existe uma concentração máxima de enxofre no
gasóleo. Os Estados Unidos da América usam o gasóleo S10 (10ppm), idem no Brasil e
alguns países da Europa. No âmbito do uso de gasóleo com menor concentração de enxofre
Moçambique introduziu no mercado nacional gasóleo (S50) em conformidade com alguns
países da região.
Entretanto, a redução no teor de enxofre pode acarretar mudanças nas propriedades físico-
químicas do combustível, as quais são essenciais para o desempenho dos veículos”
(Peixoto et al., 2016, pp.1-6). Daí que surge a necessidade de analisar até que ponto a
redução do teor de enxofre pode influenciar na variação da potência teórica da máquina de
combustão interna.
Tal como em Peixoto et al., (2016, pp.1-6) “este trabalho tem como objectivo a
identificação das principais mudanças nas propriedades físico-químicas do gasóleo e como
elas estão relacionadas à redução do teor de enxofre e a potência teórica da máquina de
combustão interna”.
Embora a redução do teor do enxofre não representa um custo para o consumidor final do
combustível, este representa um custo económico-financeiro para as petrolíferas sobretudo
na substituição da maquinaria usada para a remoção do enxofre. De acordo com a UNEP,
no âmbito das políticas de desenvolvimento sustentável, países produtores têm como prazo
para produção de combustíveis com menor teor de enxofre até 2020 e os países
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importadores até Julho de 2018 para importar combustíveis com baixo teor sendo que
recomenda-se teores de enxofre máximos de 50ppms.
O estudo dos factores (alteração das propriedades do gasóleo) que influenciam a potência
das MCI’s são de importância para a área marítima pois a maioria das Máquinas de
Propulsão Principal (MPP’s) usam o gasóleo como combustível principal e a alteração das
propriedades deste significa para além da variação ou não da potência, redução ou não do
nível de emissão de poluentes provocadas por embarcações, sendo que estas são reguladas
pela MARPOL - International Convention for the Prevention of Pollution from Ships.
I. 3. Objectivos:
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I. 4. Hipóteses:
H2: A redução do teor de enxofre no gasóleo contribui para a redução da poluição do meio
ambiente e melhora o desempenho das máquinas de combustão interna.
H0: A redução do teor de enxofre no gasóleo contribui para a redução da poluição do meio
ambiente mas não melhora o desempenho das máquinas de combustão interna.
H0: As propriedades físico-químicas do gasóleo não estão intimamente ligadas com o teor
de enxofre, a densidade ou massa específica, o ponto de fulgor, as temperaturas de
destilação e o índice de cetano.
H4: Existe uma interdependência entre a potência teórica de uma máquina de combustão
interna, o consumo específico do combustível, a densidade e o poder calorífico.
H0: Não existe uma interdependência entre a potência teórica de uma máquina de
combustão interna, o consumo específico do combustível, a densidade e o poder calorífico.
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I. 5. Metodologia.
Será exploratória e explicativa pois esta pesquisa tem como finalidade estudar, explicar e
avaliar os factores que determinam ou contribuem para que aconteçam certos fenómenos
ou eventos e aprofunda o conhecimento da realidade.
Segundo Miranda (2013, p.1), “os combustíveis vêm sendo usados pela nossa sociedade de
forma simultânea, isto é, ainda hoje utilizamos a madeira para fins energéticos. Entretanto,
há épocas específicas em que um determinado combustível dominou a cena mundial, sendo
utilizado para suprir a maior quantidade de energia consumida no mundo. Isso ocorreu com
a madeira no alvorecer da Revolução Industrial, no entorno de 1850; com o carvão até o
momento em que o transporte veicular trouxe o uso do combustível líquido do século XX,
por volta de 1930; e com o petróleo no início deste milénio”.
Durante muito tempo o uso do petróleo e seus derivados dominaram a matriz energética
mundial, mas nos últimos tempos tem se questionado a sua utilização devido a poluição e
destruição da camada de ozono decorrentes da elevada emissão de gases de efeito de estufa
durante o processo de queima.
Actualmente existe uma ascensão na utilização de fonte de energias renováveis com ênfase
no uso do metano, elemento maioritário do gás natural, e do biogás.
Este último, segundo Miranda (2013, p.1), se projecta atingir o máximo no suprimento
global em meados do século XXI.
Miranda (2013, p.1), também refere que é importante, considerar também que o declínio no
uso dos combustíveis fósseis ocorre mesmo que continuem disponíveis na quantidade
requerida, já que motivações de carácter ambiental forçam a sua substituição, abrindo mais
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espaço para as energias renováveis. Com base em análise da cinética da evolução dos
combustíveis usados em larga escala até então, foi possível projectar que a humanidade
terá, por volta de 2080, as suas necessidades energéticas supridas essencialmente pelo
derradeiro e inesgotável combustível, o hidrogénio.
Durante muito tempo que o ser humano tem como um dos principais propósitos descobrir
novas maneiras para produzir energia mecânica de uma forma mais eficaz. Estudos
mostram que foi a partir do século XVII, que o homem procurou construir um mecanismo
que gerasse movimento de uma maneira automática, sem que para isso fosse preciso
recorrer a força humana ou animal, e para que assim pudessem “atingir grandes distâncias
e certas velocidades maiores que as dos seus passos”. Apareceu então o motor de
combustão interna. Algo capaz de gerar e libertar energia através de “processos de
combustão levados a cabo no interior de um mecanismo próprio”, e que revolucionou e
impulsionou as formas de produzir energia mecânica ao longo dos anos.
As máquinas ou motores de combustão interna constituem hoje, a parte vital, dos meios de
transporte (automóveis, aviões, etc), e com a evolução ao longo do tempo, as mesmas
tornaram-se indispensáveis em diversos ramos da indústria em destaque para a indústria
marítima em sistemas combinados de propulsão bem como em instalações térmicas em
sistemas de co-geração e produção de energia eléctrica.
Segundo Tillmann (2013, p.15), “na evolução do motor, Denis Papin, ajudante de Christian
Huygens que havia idealizado o motor a pólvora, propôs o funcionamento da máquina a
vapor. Esta evoluiu com Thomas Savery, Thomas Newcomen e James Watt. A máquina a
vapor, assim, propiciou a Revolução Industrial da segunda metade do Século XVIII”.
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Em 1759, Henry Hood propôs a utilização de ar quente ao invés de vapor, ideia executada
por George Caley em 1807. Jean Joseph Etienne Lenoir desenvolveu o primeiro motor com
pistão em 1860. A combustão acontecia dos dois lados do pistão. O controlo de entrada e
saída dos gases acontecia por meio de válvulas de admissão e exaustão (Tillmann, 2013,
p.15).
Neste mesmo ano Jean Joseph Etienne Lenoir regista o primeiro motor de explosão, a dois
tempos. Dois anos depois o francês Alphonse Beau de Rochas, descreveu o ciclo a quatro
tempos com êmbolos, que devido a suas características apresentava elevada eficiência, mas
infelizmente não atraiu a atenção dos fabricantes (Varela, 2002, p.17).
Segundo Varela (2002, p.17), “a produção dos motores a quatro tempos só iniciou em 1976
segundo a patente de Nikolaus Otto ao lado de Eugen Logen, que foi quem construiu
independentemente o mesmo ciclo descrito pelo Beau Rochas. Otto movimentou o pistão
manualmente e verificou que o movimento do pistão resultou na compressão da mistura ar-
combustível no cilindro. Feito isto ligou a ignição e ocorreu a explosão seguida por rápidas
rotações no volante do motor”.
Em 1892, o engenheiro alemão Rudolf Diesel registou a patente do motor que leva seu
nome até hoje, com ignição por compressão, onde não existia centelha eléctrica para
inflamar a mistura. A característica fundamental desse motor é que o combustível é
injectado dentro de uma câmara de combustão que já contem o ar aquecido e pressurizado.
A combustão da mistura se produz pela compressão (combustão espontânea) devido as
condições combinadas de pressão e temperatura elevadas, e não por uma centelha, como
ocorre no caso dos motores do ciclo Otto (Tillmann, 2013, p.19).
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O desenvolvimento dos motores foi acompanhado pelo respectivo avanço de sistemas
auxiliares que o compõem, com o objectivo de aumentar o rendimento e a potência destes.
• Adj. 2 gén., que arde; que tem a propriedade de se consumir pelo fogo; s. m.,
qualquer material capaz de produzir grandes quantidades de calor, tanto por
combustão como por fissão nuclear;
• Qualquer substância que reage com o oxigénio (ou outro comburente) de forma
violenta ou de forma a produzir calor, chamas e gases. Supõe a liberação de uma
energia de sua forma potencial a uma forma utilizável. Em geral, trata-se de algo
susceptível de combustão mas há excepções.
Fazendo uma analogia dos conceitos acima descritos, pode-se observar que as definições
vão ficando complexas sobretudo quando se incorpora características como a capacidade
de reacção com o oxigénio.
Para Bizzo (S.D, p.16), sob o combustível compreende-se uma substancia que no resultado
de quaisquer transformações emite uma energia, que pode ser aproveitada tecnicamente.
Estas transformações que culminam com a emissão de energia pressupõem reacções
químicas o que nos faz entender que existe uma relação entre a química e os combustíveis.
Os combustíveis na sua maioria são destinados para o uso industrial, para esse efeito
consideram-se fundamentais características como o preço (devem ser economicamente
acessíveis e abundantes), devem ser inflamáveis (capacidade de entrar em combustão com
facilidade), poder termogénico (é preciso que atinjam na sua combustão a temperatura
necessária rapidamente ao corpo que se quer aquecer).
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Uma das características essenciais deve ser a indoquidade (os produtos da reacção da
combustão podem ser líquidos, sólidos ou gasosos, porém estes devem ser inofensivos para
o homem, para os aparelhos onde se realiza a combustão e para os produtos que se
pretendem aquecer).
Aliado as características acima descritas, Bizzo (S.D, p.16), refere que estes devem ser de
fácil transporte e armazenamento, possibilidade de utilização dentro de tecnologias
disponíveis, baixo custo operacional e de investimento.
Do ponto de vista de origem, os combustíveis podem ser classificados como: fósseis (não
renováveis) e vegetais (renováveis), representados pela tabela abaixo:
Xisto Betuminoso
Gases Manufacturados
Carvões Minerais
Cana-de-açúcar Bagaço de cana
Álcool Etílico
Lenha Carvão Vegetal
VEGETAIS
Gases manufacturados
Metanol
Resíduos Vegetais Biogás
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Quanto a utilização de combustíveis é conveniente classificá-los e estudá-los quanto a sua
forma física: sólidos, líquidos ou gasosos.
Combustíveis Líquidos:
Segundo Bizzo (S.D, p.20), “os combustíveis líquidos são amplamente utilizados na
indústria pelas facilidades de armazenamento, operação e transporte, e os derivados de
petróleo praticamente estão presentes na maioria das aplicações. A caracterização dos
combustíveis líquidos compreende a medição de algumas propriedades aplicáveis a estes”.
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Viscosidade: importante propriedade que vai determinar as temperaturas de
armazenamento, bombeamento económico e pulverização (atomização) para combustão.
Segundo Farias (2008), citado em Lima, Santos, Leonel, Barbosa, Andrade, Fonseca &
Silva (2013, pp.1-7), A palavra petróleo vem do latim “petróleo” (petro = pedra, oleum =
óleo). Literalmente, significa “óleo que vem da pedra”.
O petróleo teve origem a partir do acúmulo de matéria orgânica no fundo dos mares e lagos
ou do soterramento. Ao longe de milhares de anos, tal óleo foi sendo formado em rochas.
As características de determinada amostra de petróleo dependem, necessariamente, do tipo
de forma e de onde foi extraído.
O petróleo na sua forma primitiva chama-se petróleo bruto ou “crude oil”. A maioria dos
combustíveis que usamos tem origem no petróleo bruto e é produzido por refinação
(fraccionada), aquecendo-o a temperaturas superiores a 370⁰ Célsius, (Martins, 2006,
p.203).
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Da destilação fraccionada obtêm-se (dos mais leves aos mais pesados):
Produção de derivados:
Segundo Brunetti (2012, p.319), a grande maioria das MCI’s no mundo utiliza derivados
de petróleo como combustível. Além do petróleo, vários países estão utilizando a adição de
biocombustíveis a estes derivados, e em alguns casos até a opção de se utilizar
biocombustíveis puros, tais como o Brasil, com o álcool etílico hidratado, e a Alemanha,
com biodiesel.
a) Destilação Fraccionada:
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b) Destilação atmosférica e a vácuo:
O esquema acima indica um processo de destilação que ocorre em múltiplos estágios. Este
processo tem como intuito principal obter melhores fracções de combustível. Porém,
instalações de pequeno porte usam um único estágio que consiste em uma torre de
destilação única, que trabalha a pressões próximas da atmosférica. A torre de destilação
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atmosférica produz destilados desde gases até óleo diesel, além do produto residual, que é
vendido como óleo combustível. O gasóleo constitui a fracção mais obtida em um processo
de refino.
Gasóleo ou Diesel:
Para Brunetti (2012, p.321), diesel são fracções que destilam entre aproximadamente 200 e
380⁰C. São separadas em duas correntes — diesel leve e pesado. A corrente de diesel
pesado possui alto teor de enxofre, e, geralmente, é enviada ao hidrotratamento para poder
ser adicionada ao diesel automotivo final.
Os dois autores apresentam uma ligeira variação de temperaturas para obtenção do gasóleo
isto porque a composição do petróleo bruto pode variar.
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Tipos de Gasóleo:
O tipo de gasóleo pode ser descrito segundo a sua finalidade e segundo o teor de enxofre
presente nele. Quanto a finalidade pode ser combustível automotivo (Óleo diesel ou
gasóleo leve) e combustível industrial, naval e para geração de electricidade (Óleo
combustível ou gasóleo pesado). Quanto ao teor de enxofre varia de acordo com a
quantidade de enxofre em sua composição. Como todo óleo combustível, o óleo diesel
deve atender certas especificações estabelecidas em legislação, a fim de ser considerado
apropriado para comercialização. Actualmente está sendo comercializado o diesel S500,
S50 e S10.
Segundo Júnior et al. (2014, pp.1-11), “o diesel comum, S500, apresenta como principais
características: Teor de enxofre máximo de 500 ppm (partes por milhão), comercializado
na cor vermelha. Por sua vez o diesel S50, possui um teor de enxofre máximo de 50ppm,
comercializado na cor incolor a amarelada. O novo óleo Diesel S10 com teor máximo de
𝑚𝑔
enxofre de 10 (ppm) foi desenvolvido para atender aos requisitos da mais nova geração
𝑘𝑔
de motores diesel que foram projectados para emitirem menores teores de material
particulado e 𝑁𝑂𝑥 (Petrobras, 2013, p.2).
De uma forma análoga pode-se dizer que para um gasóleo S10, significa que o mesmo
possui 10 miligramas de enxofre por quilograma de combustível e é geralmente descrito
como gasóleo de 10ppm. Neste caso, ppm ou partes por milhão indica quantas partes de
soluto (em massa ou volume) existem em um milhão de partes da solução (também em
massa ou em volume). O mesmo raciocínio é usado para os outros tipos de gasóleo.
Segundo Bizzo (S.D, p.20), outras propriedades de combustíveis líquidos são aplicáveis
apenas a combustíveis automotivos (gasolina, óleo diesel). Estas propriedades têm normas
e métodos de medição aplicados e a mais usada é a norma ASTM.
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Tabela 2. – Alguns valores típicos dos combustíveis líquidos.
c) Teor de enxofre:
Segundo Brunetti (2012, p.321), hidrocarbonetos que contenham átomos de enxofre na sua
molécula, após serem queimados geram 𝑆𝑂2 e 𝑆𝑂3, que em presença de água formam
ácido sulfuroso e sulfúrico. Esta reacção acontece em temperaturas relativamente baixas,
durante o desligamento e o aquecimento do motor. O enxofre também causa desgaste e
maior sensibilidade à detonação.
Em Moçambique o teor de enxofre máximo que deve estar presente no gasóleo é de 50ppm
sendo que esta medida está em vigor desde 2017.
d) Poder calorífico:
Segundo Francesquett, Dopke, Costa, Kipper & Ferrão (2013, pp.1-8), “o poder calorífico
de um composto é o calor liberado quando há conversão para produtos de oxidação por
reacção com oxigénio molecular, e esta energia pode ser expressa como poder calorífico
superior (PCS) e/ou poder calorífico inferior (PCI)”.
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Valores de poder calorífico variam significativamente entre diferentes tipos de
combustíveis (Francesquett, Dopke, Costa, Kipper & Ferrão, 2013, pp.1-8).
Segundo Brunetti (2012, p.347), para os cálculos de calor em MCI’s é usado o poder
calorífico inferior do combustível – PCI.
O cálculo do PCI também pode ser feito de forma estimada com base na densidade do
combustível. Considerando-se que os combustíveis sejam misturas de hidrocarbonetos sem
contaminantes o PCI pode ser estimado através da seguinte fórmula:
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As máquinas de combustão interna podem classificar-se em volumétricas alternativas
(motor a pistão), volumétricas rotativas (motor Wankel) assim como dinâmicas rotativas
(turbinas a gás) e dinâmicas rotativas (jacto). Sendo que as MCI’s que constituem parte do
objecto de análise neste trabalho são as MCI’s volumétricas alternativas (motor a pistão).
Nesses motores, o pistão comprime somente ar, até que o mesmo atinja uma temperatura
suficientemente elevada. Quando o pistão aproxima-se do PMS, injecta-se o combustível
que reage espontaneamente com o oxigénio presente no ar quente, sem a necessidade de
uma faísca. A temperatura do ar necessária para que aconteça a reacção espontânea do
combustível denomina-se “temperatura de auto ignição (TAI)” (Brunetti, 2012, p.34),.
Segundo Brunetti (2012, p.36), “as MCI’s também podem ser classificadas quanto ao
número de tempos de ciclo de operação. Esta, entende como Ciclo de operação, ou
simplesmente ciclo como sendo a sequência de processos sofridos pelo fluido activo (FA),
processos estes que se repetem periodicamente para a obtenção de trabalho útil. Quanto ao
número de tempos, os motores alternativos, sejam do tipo MIF ou MIE, são divididos em
dois grupos:
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• Motores alternativos a dois tempos (2T)
Para Martins (2006, p.8), “basicamente, este motor (de ignição por compressão) utiliza os
mesmos componentes que o vulgar motor a gasolina, mas o seu funcionamento difere
sensivelmente deste último”.
22
Figura 2. – Diferentes fases do ciclo (4T).
Admissão: O pistão parte do ponto morto superior (PMS), descendo até o ponto morto
inferior (PMI). A válvula de admissão encontra-se aberta durante este período, admitindo
ar puro dentro do cilindro, enchendo-o.
Compressão: Com ambas válvulas fechadas, o pistão sobe até PMS, comprimindo o ar
puro encerrado no cilindro.
Escape: Quando o pistão chega ao PMI, a válvula de escape abre-se permitindo que os
gases queimados sejam descarregados para a atmosfera, através do sistema de escape,
durante a subida do pistão.
Primeiro tempo: Depois da mistura ter sido comprimida, a vela fornece uma faísca que
provoca a sua combustão, com o consequente aumento de temperatura e pressão. O pistão
é impulsionado de PMS para baixo, fornecendo a energia da massa gasosa à cambota.
Antes do fim do curso, o pistão descobre a janela de escape, por onde os gases queimados
se escoam, mercê estarem a uma pressão superior à atmosfera. Na descida do pistão dá-se a
compressão da mistura que se encontra sob o pistão (cárter). Em seguida o pistão descobre
a janela de transferência, permitindo que os gases frescos pré-comprimidos no cárter
entrem no cilindro, deslocando os restantes gases queimados para o exterior. Esta fase
denomina-se lavagem. Finalmente o pistão chega a PMI.
Segundo tempo: O pistão, vindo de PMI, sobe e fecha a janela de transferência e depois a
de escape. Na continuação do seu curso o pistão vai comprimir a mistura ar-gasolina que
permaneceu no cilindro. Simultaneamente o pistão vai descobrir a janela de admissão (ao
cárter), e a pré-mistura vai ser admitida ao cárter. O segundo tempo termina com a chegada
do pistão a PMS.
i) Ciclos de funcionamento:
Segundo Martins (2006, p.33), estes vários processos ideais podem ser agrupados de modo
a produzir-se o ciclo global de funcionamento do motor. Cada processo poderá ter vários
níveis de aproximação ao processo físico. Para este, a análise mais simplista destes
processos é a análise teórica.
Para Trindade (2012, p. 15), são considerados os ciclos teóricos, ciclos em que os
processos de combustão decorrem a volume constante, a pressão constante bem como o
ciclo misto.
25
j) Ciclo teórico a pressão constante (Diesel):
A principal diferença entre este ciclo e o de Otto reside na fase de fornecimento de calor.
No ciclo de Diesel este é fornecido a pressão constante.
3-4. Adiabática: O fluido é expandido realizando o trabalho W3−4 a custa da sua energia
interna, definido pela área limitada superiormente pela linha 3-4, do diagrama p - V.
26
Potência das MCI’s:
Para Trindade (2012, p.41), a potência é um dos principais parâmetros que permitem
caracterizar o comportamento das MCI’s. Ela pode ser entendida como taxa de
transformação da energia ao longo do tempo.
Esta, também pode ser entendida como quantidade de energia convertida ao longo do
tempo ou então como taxa de conversão de energia em função do tempo.
• Potência efectiva
• Potência indicada
• Potência teórica
Estas potências são utilizadas para calcular coeficientes que estimam o rendimento térmico
e mecânico de MCI’s (Trindade, 2012, p.41).
𝑃𝑒 = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑇𝑂 ∙ 𝑁 (5)
𝐹𝑒 . 𝐿 𝑃𝑒 . 𝐴. 𝐿 1
𝑃𝐼 = = = 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . (7)
𝑇 𝑇 𝑇
27
A potência indicada depende do tipo de motor, isto é, se o motor é 2T ou 4T. Em motores
2T a potência indicada é estimada segundo a equação:
𝑃𝐼 = 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . 𝑁. 𝑛 (8)
Em motores de 4T são necessários quatro cursos para realizar o ciclo e a potência indicada
é estimada por meio da equação:
1
𝑃𝐼 = . 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . 𝑁. 𝑛 (9)
2
𝑃𝑇 = 𝑝𝑐 . 𝑞. 𝑑 (10)
Todas as potências acima descritas são expressas na unidade do Sistema Internacional (SI),
isto é, em 𝑊 ou seus múltiplos.
60. 𝑖. 𝑛. 𝑚𝑓
𝐶ℎ = (11)
𝑧
28
Potência nominal da máquina - quanto maior esse valor, maior a "força" da máquina. A
potência nominal, encontrada no manual do equipamento, pode ser medida em 𝐻𝑃 (do
inglês "Horse Power"), 𝑘𝑊 (quilowatts) ou 𝑐𝑣 (cavalo vapor).
Para usos de intensidade baixa, média e alta, pode-se empregar, respectivamente, factores
de uso de 40%, 55% e 75%.
Desta forma, para estimarmos o consumo horário de combustível de uma determinada MCI
usa-se a seguinte equação:
𝐶ℎ = 𝑃𝑛 . 𝐹𝑢 . 𝐶𝑚 (12)
29
III. MARCO CONTEXTUAL
A ASTM é uma sociedade que compreende um conjunto de normas e métodos usados para
ensaios de diversos materiais. Para além desta existe a ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. A ASTM se difere de outras normas por não ser um órgão nacional de
normalização por isso não deve ser confundida com ANSI – American National Standars
Institute.
O subcapítulo 2.1. aborda sobre as propriedades dos combustíveis no geral, mas para a
caracterização dos combustíveis automotivos são usados normas e métodos específicos.
Para a caracterização do gasóleo (objecto de análise), recorreu-se aos diferentes métodos
ASTM. Estes ensaios foram realizados no laboratório de certificação e qualidade de
combustíveis da empresa Intertek. Foram seleccionadas 3 amostras de diferentes tipos de
gasóleo (S500, S50 e S10), para a avaliação das seguintes propriedades físico-químicas:
Para Trindade (2012, p.55), quanto maior for o índice de cetano maior é a tendência do
combustível para a auto ignição. A definição apresentada corresponde na literatura anglo-
saxónica ao parâmetro de avaliação normalmente designado cetane number.
Como o ensaio experimental para a avaliação deste parâmetro, definido pela norma ASTM
D 613, é dispendioso, são usadas em alternativas correlações que permitem mais
facilmente obter previsões das características de ignição de um dado combustível.
O índice de cetano calculado (calculated cetane índex – CCI) é frequentemente usado com
aquele objectivo. O CCI baseia-se na densidade do combustível e na temperatura de
30
destilação na sua produção. A norma ASTM D 976 define o cálculo envolvendo a
densidade e a temperatura de recolha a 50% (Trindade, 2012, p.55).
Esta constitui a norma ASTM usada para a caracterização do gasóleo na presente análise.
31
Curva de Destilação: As gasolinas e os gasóleos são misturas de inúmeros (>200)
hidrocarbonetos com diferentes temperaturas de ebulição, pelo que estes combustíveis
apresentam uma curva de destilação (Martins, 2006, p.207).
Segundo Brunetti (2012, pp.369-370), no óleo diesel, a volatilidade é avaliada pelo ensaio
de destilação ASTM D 86, e define a temperatura na qual uma percentagem do produto é
recuperada após a evaporação (da mesma forma que para a gasolina).
Massa Específica: Essa propriedade mostra a relação entre a massa e o volume do produto
a uma temperatura específica (Brunetti, 2012, p.370).
Esta pode ser obtida nas temperaturas de 15ºC e 20⁰C. Os métodos ASTM usados para a
determinação da densidade a essas temperaturas são: ASTM D 4052 e ASTM D 1298
sendo que o método ASTM D 1298 foi o usado nesta análise.
32
III. 1.1. Métodos ASTM:
33
Método ASTM D 976 – Índice de Cetano:
Segundo Nadkarni (2007), o índice calculado do cetano é uma ferramenta útil para estimar
o número de cetano de ASTM onde um motor do teste não está disponível para determinar
esta propriedade. Pode convenientemente ser empregado aproximando o número de cetano
onde a quantidade da amostra é demasiado pequena para uma avaliação do motor.
Nos casos onde o número de cetano de um combustível tem sido estabelecido inicialmente,
o índice é útil como uma verificação do número de cetano em amostras subsequentes desse
combustível, desde que suas fontes e modalidade da manufactura permanecem sem
modificações. Este, pode ser calculado usando a seguinte equação:
34
Método ASTM D 93 – Flash point: Procedimentos do Ensaio:
A temperatura a mais baixa corrigida a uma pressão barométrica do 101.3 kPa (760
milímetros hectograma), em que a aplicação de uma chama do teste faz com que o vapor
de uma amostra se inflame sob condições de teste especificadas. As amostras não devem
ser transferidas entre recipientes a menos que a temperatura da amostra for pelo menos
20°C abaixo do flash point previsto (Nadkarni, 2007, p.109).
35
Figura 10. – Aparato usado para o ensaio de destilação.
36
Figura 11. – Aparato para a determinação da densidade.
Uma amostra contida em um recipiente adequado é inflamada e permite queimar até que
somente cinza e carbono permaneçam. O material carbonoso é reduzido a cinza por
aquecimento em uma mufla a 775⁰C depois resfriado e pesado.
37
Método IP 438:
38
IV. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO
Método de Colecta da
ASTM D 4057 Número da Amostra 05/2017/094
Amostra
Dia da Colecta 08/05/2017 Hora da Colecta 09:30
Dia de Teste 11/04/2018 Hora do Teste 15:30
Condições de Temperatura Boa
Número de Trabalho
Método de Colecta da
ASTM D 4057 Número da Amostra 01/2018/199
Amostra
Dia da Colecta 15/01/2018 Hora da Colecta 09:00
Dia de Teste 15/01/2018 Hora do Teste 15:20
Condições de Temperatura Boa
Número de Trabalho
39
Descrição do Teste Método Especificação Resultado
Cinzas (%𝑚𝑚) ASTM D 482 Máx. 0.01 0.000
Índice de Cetano ASTM D 976 Mín. 45 56
𝑘𝑔 Mín. 0.815 –
Densidade @20⁰C, ASTM D 1298 0.8254
𝑙 Máx. 0.847
𝑘𝑔
Densidade @15⁰C, ASTM D 1298 Report 0.8289
𝑙
Ponto de Inflamação (⁰C) ASTM D 93 Mín. 60 64.0
𝑚𝑔
Teor de Enxofre, 𝑘𝑔 ASTM D 4294 Máx. 50 28
Percentagem de água
IP 438 Máx. 0.0200 0.003
(% 𝑣𝑜𝑙)
Método de Colecta da
ASTM D 4057 Número da Amostra 04/2018/077
Amostra
Dia da Colecta 07/04/2018 Hora da Colecta 17:00
Dia de Teste 10/04/2018 Hora do Teste 09:00
Condições de Temperatura Boa
Número de Trabalho
No caso do índice de cetano podemos verificar que o mesmo aumenta com a diminuição do
teor de enxofre e este representa a capacidade do combustível entrar em auto-ignição a uma
dada temperatura TAI. A auto-ignição está relacionada com a fragmentação das moléculas
e, em motores diesel, a fragmentação fácil das moléculas é desejável porque intensifica a
combustão do combustível injectado ou seja, quanto maior o índice de cetano maior será
fragmentação das moléculas do gasóleo.
Em geral, as especificações deste estão fixas na faixa de 40 a 55. Um aumento acima deste
limite fará com que o atraso de ignição seja menor, mas não terá influência perceptível na
eficiência global do motor. Atrasos menores fazem com que a taxa de entrega de calor na
combustão seja mais progressiva, pois esta inicia mais cedo, fazendo com que o gradiente
de subida de pressão na câmara seja também mais lento, diminuindo o ruído gerado pelo
motor.
Em motores cujos índices de cetano são muito altos observa-se um nível de ruído muito
reduzido. Isto acontece em motores de injecção electrónica “Common-Rail”.
41
O gasóleo S425 e S7.8 apresentam temperaturas de ponto de inflamação mais altas em
relação ao gasóleo S28. Apesar de não ter nenhuma influência na combustão e nem no
desempenho do motor, esta é uma propriedade ligada ao manuseio e armazenamento do
combustível. Um ponto de inflamação baixo indica riscos maiores. Isto torna o gasóleo S28
o que mais riscos apresenta sobretudo no manuseio e armazenamento devendo-se tomar em
atenção ao local e as condições climáticas nas quais o mesmo é submetido.
Desta forma pode-se concluir que o gasóleo S425 por possuir maior massa específica é o
que mais potência pode gerar para uma MCI porém aumenta a emissão de poluentes.
Gráfico 2. – Valores que representam a curva de destilação para amostras de gasóleo S500 (S425), S50
(S28) e S10 (S7.8).
ASTM D 86
400
350
Temperaturas (⁰C)
300
250
200
150
100
IBP 10 15 20 30 40 50 60 70 80 90 95 TF
Gasoleo S500 197 220 237 242 254 263 276 297 312 328 347 355 374
Gasoleo S50 173 214 226 239 257 271 284 298 310 325 343 358 363
Gasoleo S10 194 237 246 254 266 275 284 294 305 318 335 347 357
Recuperado (%)
Para o cálculo do poder calorífico foram usadas as fórmulas descritas no subcapítulo 2.1.6
do capítulo II da presente pesquisa.
43
Tabela 7. – Poder calorífico para os diferentes tipos de gasóleo.
𝑀𝐽 𝑀𝐽
Tipos de Gasóleo 𝑃𝐶𝐼 (3), [𝐾𝑔] (𝑃𝐶𝐼𝑐 ) (4), [ ]
𝐾𝑔
Gasóleo S425 42.76612 42.76995
Gasóleo S28 43.00268 43.00281
Gasóleo S7.8 43.03535 43.03521
Através dos resultados presentes na tabela acima pode-se verificar que a variação do poder
calorífico é desprezível. Como os hidrocarbonetos mantêm uma proporção muito estreita
entre o carbono e o hidrogénio, que são os elementos combustíveis, o poder calorífico do
gasóleo varia muito pouco em função da composição.
Para o cálculo da potência teórica foram usadas especificações técnicas do motor de uma
viatura de marca Toyota.
Fonte: (www.toyota.co.mz)
Com base na fórmula (12), descrita no subcapítulo 2.2.2 do capítulo II, o consumo horário
𝑙
de combustível da MCI acima é de 12,21 ℎ, para um factor de uso de 55%.
Desta forma, a potência teórica da MCI acima, de acordo com as propriedades físico-
químicas dos diferentes tipos de gasóleo aqui estudados é indicada na tabela abaixo:
44
Tabela 9. – Potência Teórica da MCI.
A hipótese H1 foi verificada através dos resultados das tabelas 6 e 9. Na tabela 6 são
apresentados os resultados dos ensaios dos 3 tipos de gasóleo onde pode-se verificar que a
diminuição do teor de enxofre tem influência nas propriedades físico-químicas do
combustível (gasóleo). Nela observa-se uma ligeira variação sobretudo no índice de cetano,
densidade e ponto de inflamação. Na tabela 10 verifica-se também uma ligeira diminuição
da potência teórica influenciada maioritariamente pela densidade.
H2: A redução do teor de enxofre no gasóleo contribui para a redução da poluição do meio
ambiente e melhora o desempenho das máquinas de combustão interna.
H0: A redução do teor de enxofre no gasóleo contribui para a redução da poluição do meio
ambiente mas não melhora o desempenho das máquinas de combustão interna.
A tabela 9 confirma a verificação da hipótese nula (H0). Embora a variação seja bastante
pequena, houve uma ligeira diminuição da potência teórica com a diminuição do teor de
enxofre. O desempenho das MCI’s depende de vários factores mas como a potência teórica
45
é calculada em função das propriedades do combustível usado, esta sofreu uma ligeira
variação.
A tabela 6 mostra que o gasóleo S425 possui maior massa específica. Uma MCI que usa
este gasóleo injecta maior quantidade de massa para a câmara de combustão o que resulta
numa maior queima deste em maiores quantidades aumentando o nível de emissões.
H0: As propriedades físico-químicas do gasóleo não estão intimamente ligadas com o teor
de enxofre, a densidade ou massa específica, o ponto de fulgor, as temperaturas de
destilação e o índice de cetano.
Através da tabela 6 pode-se verificar que confirma-se a hipótese H3 tanto nas propriedades
descritas nesta hipótese bem como nas outras (teor de cinzas e água).
H4: Existe uma interdependência entre a potência teórica de uma máquina de combustão
interna, o consumo específico do combustível, a densidade e o poder calorífico.
H0: Não existe uma interdependência entre a potência teórica de uma máquina de
combustão interna, o consumo específico do combustível, a densidade e o poder calorífico.
46
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclusões:
Neste trabalho fez-se uma análise sobre o “Impacto da redução do teor de enxofre no
gasóleo na potência teórica da máquina de combustão interna” cujo objectivo principal era
responder ao seguinte problema: Qual é o impacto da redução do teor de enxofre no
gasóleo relativamente a potência teórica da máquina de combustão interna?
De acordo com os ensaios feitos em laboratório e diversas fontes bibliográficas foi possível
alcançar-se o principal objectivo da pesquisa e confirmar as hipóteses levantadas no início
do trabalho. Desta análise pode-se concluir que:
Dos principais tipos de gasóleo comercializados na actualidade, os gasóleos S50 e S10 são
os mais predominantes no mercado internacional e moçambicano por possuírem menor
teor de enxofre e por serem ambientalmente sustentáveis, sendo que o gasóleo S500 entrou
em desuso por possuir maior concentração de enxofre.
47
Embora a redução do teor de enxofre contribua para uma ligeira variação nas propriedades
pode-se afirmar que a sua redução é uma mais-valia para o meio ambiente pois trata-se de
um combustível mais limpo. Este factor torna o gasóleo S7.8 mais adequado sobretudo
quando a finalidade é diminuição de emissões.
48
Recomendações:
Após o final desta pesquisa, seguem-se algumas recomendações para trabalhos futuros:
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
3. Brunetti, F. (2012). Motores de Combustão Interna. São Paulo - SP: Edgard Blucher.
8. Francesquett, J. Z., Dopke, H. B., Costa, A. B., Kipper, L. M., & Ferrão, M. F. (2013).
Determinação do Poder Calorífico de Amostras de Gasolina Utilizando Espectroscopia no
Infravermelho Próximo e Regressão Multivariada. Orbital: The Electronic Journal of
Chemistry , 88-95. Disponível em:
50
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/142488/000895013.pdf?sequence=1.
Data de acesso: 17 de Abril de 2017
9. Júnior, J. R., Fernandes, T. d., & Silva, Y. R. (2014). O USO DO DIESEL S50 NO
TRANSPORTE COLETIVO E SUA NA QUALIDADE DO AR. Cadernos de Graduação
- Ciências Exatas e Tecnológicas Unit , 117-127. Disponível em:
11. Lima, E. M., Santos, F., Leonel, I., Barbosa, Í., Andrade, M. H., & Fonseca, R. (2012).
TRANSPORTE E LOGÍSTICA DO PETRÓLEO. Cadernos de Graduação - Ciência
Exactas e Tecnológicas , 1, 87-93. Disponível em:
12. Malacarne, M. M., Mota, M. F., Castro, E. V., Santos, R. B., & Medina, L. C. (2009).
Comparações entre Internos de Colunas em Destilações de Petróleo. 5º CONGRESSO
BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS , 1-9.
Disponível em:
http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/5/publicacoes/repositorio/trabalhos/8082009.40.1.2.
pdf. Data de acesso: 17 de Abril de 2017
15. Miranda, P. E. (2013). Combustíveis – materiais essenciais para prover energia à nossa
sociedade. Revista Matéria , 1-2.
16. Nadkarni, R. A. (2007). Guide to ASTM Test Methods for the Analysis of Petroleum
Products and Lubricants. City State - USA: ASTM International, West Conshohocken,
PA.
17. Peixoto, C. G., Gondim, A. D., Araujo, A. S., & Junior, V. J. (2015). INFLUÊNCIA
DA REDUÇÃO DO TEOR DE ENXOFRE SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICO-
QUÍMICAS E NA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO DIESEL. I Congresso
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis , 1-6. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conepetro/trabalhos/Modalidade_1datahora_30_
03_2015_19_18_59_idinscrito_1910_9571326a94420f34e0046faa95bc0620.pdf. Data de
acesso: 17 de Abril de 2017
• http://www.toyota.co.mz
52
• http://www.saraivavogal.com.br
• http://www.construplena.com.br
53
ANEXOS
54
Anexo 1. Fórmulas usadas durante a pesquisa e seu significado.
Onde:
𝑀𝐽
𝑄𝑖𝑟 = Poder calorífico inferior dado em massa de trabalho, 𝑘𝑔 .
Onde:
𝑀𝐽
(𝑃𝐶𝐼)𝑐 = Poder calorífico corrigido, 𝑘𝑔 .
%𝑆 = % em massa de enxofre.
𝑃𝑒 = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑇𝑂 ∙ 𝑁 (5)
Onde:
𝑃𝑒 = Potência efectiva, 𝑊;
𝑇𝑂 = Torque do motor, 𝑁. 𝑚;
𝐹𝑒 . 𝐿 𝑃𝑒 . 𝐴. 𝐿 1
𝑃𝐼 = = = 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . (7)
𝑇 𝑇 𝑇
𝑃𝐼 = 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . 𝑁. 𝑛 (8)
Onde:
𝑃𝐼 = Potência indicada, 𝑊;
𝐹𝑒 = Força na expansão, 𝑁;
𝐿 = Curso do pistão, 𝑚;
𝑃𝑒 = Pressão na expansão, 𝑃𝑎 ;
𝐴 = Área do cilindro, 𝑚2 ;
56
Fórmulas para o cálculo da Potência Indicada para uma MCI a 4T:
1
𝑃𝐼 = . 𝑃𝑒 . 𝑉𝐶𝑖𝑙 . 𝑁. 𝑛 (9)
2
𝑃𝑇 = 𝑝𝑐 . 𝑞. 𝑑 (10)
Onde:
𝑃𝑇 = Potência teórica, 𝑊.
60. 𝑖. 𝑛. 𝑚𝑓
𝐶ℎ = (11)
𝑧
Onde:
𝑙
𝐶ℎ = Consumo horário de combustível, ℎ.
i = Número de cilindros
57
𝐶ℎ = 𝑃𝑛 . 𝐹𝑢 . 𝐶𝑚 (12)
Onde:
𝑙
𝐶ℎ (12) = Consumo horário de combustível, ℎ.
𝐹𝑢 (12) = Factor de uso, varia de acordo com a intensidade de uso (40%, 50% e 75%)
0.15𝑙
𝐶𝑚 (12) = - Consumo padrão do motor a diesel,
𝐻𝑃.ℎ
Onde:
Fórmulas para o cálculo dos Calores Fornecido e Rejeitado numa MCI num
diagrama 𝑷 – 𝑽:
𝑄2−3 = 𝐶𝑝 . (𝑇3 − 𝑇2 ).
𝑄4−1 = 𝐶𝑣 . (𝑇4 − 𝑇1 ).
Onde:
58
Anexo 2. – Certificado de qualidade do combustível para o gasóleo S425.
59
Anexo 3. – Certificado de qualidade do combustível para o gasóleo S28.
60
Anexo 4. – Raw Data do ensaio de destilação para o gasóleo S28.
61
Anexo 5. – Certificado de qualidade do combustível para o gasóleo S7.8.
62
Anexo 6. – Raw Data do ensaio de destilação para o gasóleo S7.8