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Nome: juelma viera Dala Fundo

N° de Matrícula: 7341

MERETÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA 3ª SECÇÃO DA SALA DO CÍVEL E ADMINISTRATIVO DO TRIBUNAL
PROVINCIAL DE LUANDA

LUANDA

ORGANIZAÇÕES JOSEFE-COMÉRCIO GERAL, PESCAS E AGRICULTURA,


LIMITADA, representada pelo senhor Manuel Manuel, natural de Malange, solteiro,
portador do Bilhete de Identidade nº 000000ME000, e residente no Bairro do Talatona,
com o nº de telefone 910 000 001.

Vem propor;

ACÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO, COM PROCESSO


ORDINÁRIO, nos termos e com os seguintes fundamentos:

Contra;

BALUMUKA- COMÉRCIO GERAL, LIMITADA, , com sede na Província de


Luanda, representada pelo senhor António António, casado, natural do Uíge, e
residente no Bengo, Município do Dande, Bairro do Panguila, casa n.º 00, Sector 1, com
o nº de telefone (+244) 901 001 111.

I. DOS FACTOS

A Requerente é uma sociedade comercial de direito angolano que tem como objecto
social o exercício de actividade de comércio geral, pescas e agricultura, com o NIF
00000000000, registada na Conservatória do Registo Comercial de Luanda sob o
número 10000 (Doc. 1 e 2).

A Requerente sempre cumpriu com as sua obrigações fiscais para com o Estado excepto
no ano de 2018, devido a paralização das suas actividades (Doc. 3)

Sob autorização do Ministério das Pescas, a Requerente passou a beneficiar desde o ano
de 2012, de uma quota para importação de 370 (Trezentos e Setenta) toneladas de
pescado (Doc. 4 e 5).

Nesta esteira, no dia 2 de Setembro de 2013, a Requerente por meio de um contrato


celebrado com a Requerida, através do qual cedeu à Requerida a sua quota, transferindo
assim para titularidade desta os seus direitos, ou seja, o direito de importação de 370
(Trezentas e Setenta) toneladas de pescado (Doc. 6).

A quota transmitida pela Requerente, isto é, o direito de importação de 370 (Trezentas


Setenta) toneladas de pescado foi cotada no valor de USD 18.500,00 (Dezoito Mil e
Quinhentos Dólares Americanos), que a Requerida deveria pagar em duas prestações
iguais, nos termos do referido acordo (Doc. 7).

Do valor global estabelecido, a Requerida somente liquidou realmente 50% do valor,


isto é, o montante de USD 9.250,00 (Nove Mil e Duzentos e Cinquenta Dólares
Americanos).

O remanescente, no montante de USD 9.250,00 (Nove Mil e Duzentos e Cinquenta


Dólares Americanos), a Requerida comprometeu-se pagar após a venda do pescado em
Angola.

Porém, decorridos mais ou menos cinco anos, a Requerida ainda não procedeu ao
referido pagamento, nos termos em que se havia comprometido, estribando-se na escusa
de o fazer, uma vez, segundo ela, o pescado importado ter chegado ao País em estado de
putrefação.

Portanto, inaproveitado e, por outro lado, alegou que a Requerente havia dado sequência
do negócio com uma terceira pessoa, que por sinal um ex-sócio da Requerida.

A Requerente não via razão fundamentada nessa evasiva, por isso, exigiu o pagamento
imediato e exacto da dívida de USD 9.250,00 (Nove Mil e Duzentos e Cinquenta
Dólares Americanos), pois quem agilizou todos os procedimentos atinentes à
importação, se deslocou ao exterior e negociou a compra do pescado foi a Ré.

10º
Com a data vénia do Meritíssimo Juiz, entende a Requerente que quaisquer infortúnios
sobrevindos no processo de importação do pescado só a Requerida devem ser imputados
à responsabilidade (Doc. 8).

II-DO DIREITO

11º

O contrato de compra e venda tem como elementos essenciais, para o vendedor, a


obrigação de entregar a coisa ou direito, facto que indubitavelmente e de forma integral
ocorreu, por conseguinte, ao comprador cabe o dever de pagar o preço, Artigo 879º do
Código Civil.

12º

O devedor cumpre a sua obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado, in
caso, o pagamento, n.º 1, do art.º 762 C.C, facto que a Requerida realizou de forma
parcial.

13º

O argumento da Requerida, segundo o qual furtou-se em pagar o montante


remanescente do preço por consequência do mal estado do pescado, não colhe, uma vez
que o negócio entre ambos efectivou-se com a simples transferência do direito de
importação do pescado à titularidade da Requerida que viera formalizar-se com uma
procuração passada pela Requerente.

14º

Nestes termos, os riscos de perecimento ou deterioração do pescado não é imputável à


Requerente, por isso, estes riscos correm por conta da Requerida, conforme estatui o n.º
1 do artigo 796º C.C.

15º

O que sustenta ainda mais o nosso argumento, é o facto de a Requerida não poder
desobrigar-se do pagamento do remanescente do preço, porquanto não era o pescado em
si, o objecto do negócio foi a importação de pescado, portanto a transmissão de direitos.

16º

Ou seja, importa descortinar qual é a prestação que cada contratante estava adstrito a
realizar, no contrato ora celebrado?

17º

Claramente, é perceptível que a Requerente tinha a obrigação de realizar uma prestação


de facto que traduzisse a transmissão do direito sobre as quotas de importação de
pescado, não já o próprio pescado, porém, à Requerida impunha-se o pagamento do
preço.

18º

Contudo, é ainda relevante aludir que o preço do negócio foi estabelecido em moeda
estrangeira, in caso, em Dólares Americanos, o que obriga a Requerida realizar o
pagamento em Dólares Americanos ou em Kwanzas, mas ao câmbio do dia em que for
realizado, conforme o n.º 1 do Art.º 558.º do C.C.

19º

Segundo o princípio geral da responsabilidade civil, aquele que, com dolo ou mera
culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a
proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes
da violação, Artigo 483º do C. C.

20.º

Outrossim, quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato deve, tanto nos
preliminares como na formação dele, proceder segundo as regras da boa-fé, sob pena de
responder pelos danos que culposamente causar à outra parte, n.º 1 do Artigo 227.º do
C. C.

21º

Por outro lado, o devedor que faltar culposamente ao cumprimento da obrigação torna-
se responsável pelo prejuízo que causa ao credor, Artigo 798º do C. C.

22º

A Requerente sofreu prejuízos avultados resultantes na falta de pagamento do produto,


uma vez que ficou impossibilitado de manter o negócio por falta de meios financeiros
para o reinvestimento.

23º

Sustentam também o direito a indemnização da Requerente, o suporte de encargos


fiscais naquela altura, o pagamento dos salários dos trabalhadores, bem como dos
respectivos Imposto de Rendimento de Trabalho.

24º

Ao que foi dito nos articulados precedentes, acresce-se ainda o esforço dispendido pela
Requerente no sentido de se encontrar uma solução pouco dispendiosa e morosa mas
que a Requerida sempre se opôs, criando manobras dilatórias.

25º
A falta do pagamento atempado causou danos ao Autor, designadamente, danos
emergentes e lucros cessantes, que por sua vez reclamam a devida reparação, Artigos
562º e 566º, ambos do C. C.

-DO PEDIDO

Nos mais de Direito e sempre com mui douto suprimento de V. Excia, requer-se:

a) Condenar a Requerida no pagamento do valor em dívida de USD 9.250,00


(Nove Mil e Duzentos e Cinquenta Dólares Americanos), ou o equivalente em
Kwanzas em 2.200.000,00 (Dois Milhões e Duzentos Mil Kwanzas), mais juros
de mora calculados sobre a base legal de 10%, ao ano sobre o valor constante
nesta alínea;

b) Condenar a Requerida no pagamento por perdas e danos uma indemnização


estimdos em Kz 1.800.000,00 (Um Milhão e Oitocentos Mil Kwanzas).

c)  Seja a Requerida condenada ao pagamento das despesas e custas judiciais,


bem como os honorários de advogados, que se estima em Kz. 2.000.000,00 (Dois
Milhões de Kwanzas).

Valor da causa: a Kz 4.000.000,00 (Quatro Milhões de Kwanzas).

Junta: 8 Documentos, Duplicados Legais e Procuração forense.

Rol de Testemunhas:
______________________________________________________________________
_____________________________.

Luanda, aos _____________________de 2021.

O Advogado

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