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Direito Económico
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DIREITO ECONÓMICO - 2º Ano
Curso de Licenciatura em Direito
22. A INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA
Não se limita à ordenação abstracta de regras ou instituições jurídicas que orientam, enquadram
ou condicionam o desenvolver da actividade económica – Ordenação económica. Nem se traduz
apenas nos comportamentos em que o próprio Estado (ou entidade equiparada) desenvolve uma
actividade económica própria, dispondo de bens raros susceptíveis de aplicações alternativas para
satisfazer necessidades (próprias do aparelho estadual ou da sociedade) – Estado produtor,
intervenção directa.
O conceito de intervenção define uma função clara e um conjunto coerente de normas jurídico-
económicas, que, no essencial, se caracterizam por operarem uma delimitação dos poderes do
Estado relativamente a comportamentos económicos dos sujeitos que em princípio seriam livres.
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Estado tem, crescentemente, fins lucrativos, tradicionalmente exclusivos da actividade
privada. Sendo que, a estrutura da empresa privada é a que melhor se adequa a obtenção
do lucro, o Estado procura cada vez mais imitar a empresa privada.
Contudo, importa referir que o Estado, por essência, não devia produzir bens e serviços
transaccionáveis porque tem uma função essencialmente executiva, legislativa e judicial e,
portanto, todos os seus órgãos estão dependentes destas funções estatais no serviço da
administração pública.
b) Intervenção Indirecta: quando o Estado não é ele próprio sujeito económico, mas limita-
se a condicionar, a partir de fora, a actividade económica privada, sem assumir o papel de
sujeito económico activo – trata-se da “regulação”.
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regulador do sistema, passando essa função a ser exercida pelo Plano e diferentes planos
sectoriais.
O Plano é um documento adoptado pelo poder público, que analisa a evolução nacional,
identifica os problemas e define a orientação que seja pertinente.
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c) Intervenção Pontual ou Avulsa: ocorre quando uma determinada empresa está em
situação económica difícil, carecendo de uma injecção financeira. Ela relaciona-se, portanto,
com uma empresa ou unidade económica determinada e consiste em o Estado adoptar
medidas de intervenção nessa empresa, celebrando contratos de viabilização ou contratos
programa, e o mesmo acontece quando se trata de um sector de actividade importante.
(ex.: intervenção do Estado através do Banco de Moçambique, no Banco Austral).
b) Intervenção Mediata (ou indirecta): quando o Estado adopta medidas que não tem
apenas fins económicos mas também sociais ou outros, apesar de se repercutirem na
política económica. Neste tipo de intervenção o Estado não intervém na economia mas sim
sobre a economia. (ex.: aumento ou diminuição de impostos sobre o rendimento das
empresas ou sobre o trabalho; abertura de linhas de crédito a favor da construção social;
diminuição das taxas de juro, etc., temos intervenções mediatas).
Trata-se de uma intervenção baseada numa relação jurídica contratual com tendência para,
em conjunto, o Estado e agentes económicos realizarem uma acção concertada no campo
económico. (ex.: a oferta por parte do Estado de reduções fiscais às empresas em troca de
um aumento de investimento, o que é completamente diferente, em termos de efeitos
esperados, da medida unilateral de reduções fiscais).
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As funções do Estado podem ser agrupadas de modo aproximado em dois grandes tipos: (a)
aquelas em que o Estado aparece como empresário, o Estado produtor ou distribuidor de bens ou
de serviços; (b) aquelas em que lhe cabe regular (condicionar, fiscalizar ou planear e promover) as
actividades de terceiros – o Estado regulador – os quais sendo na sua maior parte agentes
económicos privados, podem também ser cooperativas ou mesmo empresas públicas.
Os objectivos que presidem a estas funções do Estado podem ser os mesmos: a redistribuição
do rendimento, por exemplo tanto pode ser através da produção directa pelo Estado, de bens ou
serviços a preços mais baixos do que os do mercado, como por meio de subsídios a outros
produtores ou aos consumidores ou pela fixação de preços máximos. Mas a natureza e o tipo de
instrumentos utilizados, assim como a posição do Estado perante a actividade económica em geral
serão distintas em qualquer das opções.
Quando o Estado produz ou distribui bens ou serviços, retira do mercado certas actividades,
reservando para si o seu exercício, ou concorre com agentes económicos privados ou cooperativos
na mesma actividade. Intervêm, assim, por uma via directamente económica, ao passo que o
Estado regulador possibilita e condiciona positiva (incentivando) ou negativamente (proibindo a
actividade de terceiros), na qualidade de agente exterior ao mercado. Nesta função o Estado usa
meios de natureza político-legal, ou, em certas circunstâncias, meios contratuais.
Na época liberal, a actividade económica do Estado – distinta, por natureza, da função própria
do Estado como legislador e como administrador da coisa pública – era, então, entendida como
excepcional.
À luz da doutrina liberal, os poderes públicos deveriam abster-se de actuar como agentes
económicos sob pena de falsearem as leis do mercado. Daí que as suas intervenções só fossem
em princípio admitidas quando justificadas pela existência de “falhas do mercado”, incapacidade do
mercado de produzir bens ou serviços de interesse geral em quantidades ou condições adequadas
(de preço, universalidade, etc.), monopólios naturais (os caminhos de ferro, as telecomunicações),
as actividades que constituíssem o prolongamento natural da acção de um serviço público
administrativo (caso das imprensas nacionais e do fabrico de equipamento para as forças
armadas).
Nesta fase, duas foram as formas de organização e gestão das actividades do Estado como
produtor de bens: (a) a administração directa por departamentos da Administração Pública sem
personalidade própria; (b) a concessão dessas actividades a sociedades de estatuto privado.
A figura de serviço público económico não personalizado foi cedendo progressivamente lugar à
instituição de serviços dotados de personalidade jurídica. Embora esta tendência para a
personalização dos serviços públicos, que se desenvolveu sobretudo a partir da 1ª Guerra Mundial,
tenha abrangido tanto os serviços administrativos propriamente ditos como os serviços industriais e
comerciais, ela marcou em especial estes últimos por razões que prendem com a maior exigência
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de autonomia e flexibilidade que os caracteriza. Desenvolvem-se, na mesma época, as empresas
de economia mista.
Verifica-se assim que, tanto no caso da concessão como no do serviço público personalizado,
se usaram técnicas do Direito Privado para a prossecução de finalidades públicas.
A seguir à 2ª Guerra Mundial, particularmente nos países que haviam estado nela directamente
envolvidos, tiveram lugar processos de nacionalização de empresas privadas (que abrangem em
certos casos empresas concessionárias). As nacionalizações deram origem a uma nova figura
institucional – a empresa pública – a par dos serviços públicos personalizados. Estas
nacionalizações, que se explicam por um contexto político e ideológico específico, coincidiram com
o reforço de outros mecanismos de intervenção desses Estados na economia, como o plano e o
auxílio às empresas privadas.
O artigo 10 da Constituição de 1975 consagra ainda que “o sector Estatal deve ser o dominante
da economia do país”.
Neste contexto, as empresas estatais assumiam uma função primordial na construção da base
material avançada para a edificação de uma nova sociedade e para o desenvolvimento económico
planificado e acelerado. (artigo 9 da Constituição de 1975).
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Pretendia-se que a “empresa estatal” fosse um instrumento essencial através do qual o Estado
assumiria a função dirigente e impulsionadora da economia nacional. Esta constituía, por
excelência, a forma jurídico-institucional da actividade empresarial do Estado.
Daí que o período que se seguiu a 1975 seja caracterizado pelo importante peso económico,
político e social do sector empresarial do Estado. O mesmo era constituído, essencialmente, por
empresas directa ou indirectamente nacionalizadas após aquela data, ou empresas criadas ex
novo e nalguns casos por empresas que foram intervencionadas e mais tarde revertidas a favor do
Estado, que passaram a ser por ele geridas.
O sector empresarial do Estado é hoje entendido como abrangendo o conjunto das unidades
produtivas do Estado ou de outras entidades públicas, organizadas e geridas sob forma
empresarial. Inclui, em Moçambique, as empresas públicas e estatais, as sociedades comerciais
cujo capital pertença exclusivamente ao Estado e/ou outras pessoas colectivas de Direito Público,
as empresas, estabelecimentos e instalações cuja propriedade tenha revertido para o Estado.
A criação de sectores públicos empresariais com peso significativo nas economias nacionais
encontra-se historicamente ligada à experiência de nacionalização. Assim, em Moçambique a
figura de empresa estatal ganhou relevância política e económica com as nacionalizações. Não
obstante tal realidade, não se pode esquecer a relevância prática da figura da intervenção estatal
para o respectivo sector.
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