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COMPRAS PÚBLICAS

E SEUS ASPECTOS
RELEVANTES

Organizado por Marcelli Ritton


ESCRITO POR
CAMILA FERREIRA
LEONARDO MOTA
MARCELLI RITTON
MARCELO EVANGELISTA
MARIANA VIANA
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TRUST
© 2020
TRUST

Este exemplar é de propriedade da TRUST e de seus


autores, que poderá incluí-lo em base de dados,
armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer
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Organizado por Marcelli Ritton


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venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários
e citações, desde que sem finalidade comercial e que
seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste livro são de


responsabilidade dos autores.

ISBN nº 978-65-00-38741-4
DOI principal 10.29327/555886
Capítulo 1 - DOI 10.29327/555886.1-1
Capítulo 2 - DOI 10.29327/555886.1-2
Capítulo 3 - DOI 10.29327/555886.1-3
Capítulo 4 - DOI 10.29327/555886.1-4
Capítulo 5 - DOI 10.29327/555886.1-5


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TRUST

Organizado por Marcelli Ritton


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TRUST
PREFÁCIO

Muito me alegra e até orgulha ver antigos alunos ultrapassarem os limites da


sala de aula para contribuir com o ensino e a propagação do conhecimento, seja
através de suas aulas ou através de relevantes escritos. Com este sentimento,
mesmo diante da correria que os dias atuais tem trazido, fiquei lisonjeado com o
convite feito por Camila Ferreira, Leonardo Mota, Marcelli Ritton, Marcelo
Evangelista e Mariana Viana, para prefaciar a obra coletiva por eles construída.

Como todos sabem, as compras públicas envolvem relevantes aspectos, seja na


fase preparatória, no procedimento competitivo ou mesmo na execução contratual. O
montante de recursos consumido nas compras públicas é enorme, representando
relevante parcela do PIB. Segundo a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), tais gastos representam cerca de 13% do PIB
[1]
nacional em relação a seus países membros.

No Brasil também, é evidente o consumo relevante de parte do orçamento estatal


nas compras públicas, proporção que pode ser ainda ampliada se custos indiretos
forem integrados a essa conta. Contudo, os resultados das contratações não
necessariamente representam ganhos para a sociedade na mesma proporção, tendo
em vista certa ineficiência dos procedimentos administrativos e o efeito nefasto da
corrupção.

Ao mesmo tempo, as compras públicas são fundamentais para o país, pois essenciais
para a instrumentalização de ações administrativas, execução de políticas públicas,
entre elas proteção ao meio ambiente e medidas de impacto social, precisando de
constante pesquisa para o aperfeiçoamento de seu regime jurídico.

Pois bem, este livro “Compras públicas e seus aspectos relevantes”, escrito por
profissionais que lidam dia a dia com os desafios das contratações públicas, tem por
objetivo, justamente, a produção de material que aborda pontos relevantíssimos
desta área.
[1] OECD (2011), Government at a Glance 2011, OECD Publishing, Paris. Page 147.
DOI: http://dx.doi.org/10.1787/gov_glance-2011-en. Acesso em 28 de março de 2019.

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PREFÁCIO

Temas como licitações sustentáveis, as contratações diretas, o pregão


eletrônico e até a Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) foram tratados com
experiência de quem lida diariamente com os dilemas e desafios do nosso regime
licitatório e contratual, oferecendo ao leitor uma perspectiva não apenas teórica,
mas também prática.

Nesta senda, este livro apresenta-se como uma contribuição dos autores para o
bom debate acerca dos desafios postos pela modernidade às contratações públicas
brasileiras, contribuição enriquecida por serem eles profissionais sérios,
comprometidos e apaixonados pelo que fazem, lidar diariamente com esses desafios,
para tornar as compras públicas que participam e, agora, que possam
indiretamente ser beneficiadas por seus escritos, cada vez melhores.

0 9 , d e f e v e r e i r o d e 2 0 2 2 . [2]
Ronny Charles L. de Torres

[2]Advogado da União. Doutorando em Direito do Estado pela UFPE. Mestre em Direito Econômico pela
UFPB. Pós-graduado em Direito tributário (IDP). Pós-graduado em Ciências Jurídicas (UNP). Membro da
Câmara Nacional de licitações e contratos da Consultoria Geral da União. Autor de diversos livros
jurídicos, entre eles: Leis de licitações públicas comentadas (12ª Edição. Ed. JusPodivm); Direito
Administrativo (Coautor. 12ª Edição. Ed. Jus Podivm); RDC:Regime Diferenciado de Contratações
(Coautor. 2ª Edição. Ed. Jus Podivm); Terceiro Setor: entre a liberdade e o controle (Ed. Jus Podivm);
Licitações e contratos nas empresas estatais (Coautor. 2ª Edição. Ed. Jus Podivm); Direito Provisório e a
emergência do coronavírus (Coautor. Ed. Fórum); Improbidade administrativa (Coautor. 4ª edição. Ed.
Jus Podivm).

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APRESENTAÇÃO

O livro Compras públicas e seus aspectos relevantes, elaborado por

autores especialista em Administração Pública, nessa obra, o livro trata

de todos os aspectos previstos para o processo licitatório de pregão

eletrônico, contração direta e critérios de sustentabilidade,

apresentando as principais ideias e finalidades de forma objetiva, clara


Organizado por Marcelli Ritton
e didática. A obra é, assim, um suporte importante para Administração

Pública e seus servidores envolvidos que querem compreender o cenário das

compras públicas com suas inovações e desdobramentos.

Tais inovações são apenas exemplos de medidas constantes de uma reforma

dos procedimentos visando um planejamento e cuidado com meio ambiente.

Ainda que abordados nas legislações, os temas contemplados no livro

merecem um olhar próprio em razão de sua especificidade e aplicação

prática nos processos Administrativos. Nesse sentido, é objetivo deste

livro apresentar pontos importantes de sustentabilidade e uma visão dos

processos de pregão eletrônico, contratações direta e pesquisa de preço

com base na análise da legislação correlata.

O livro – que tem como público-alvo os servidores públicos que direta ou

indiretamente atuam na área de contratações e compras governamentais,

alunos de graduação e os fornecedores que participam dos certames

licitatórios. Com esse intento, esse livro apresenta abordagem simples e

clara acerca dos critérios de sustentabilidade e processos licitatório.

Assim, busca-se uma melhor metodologia de exposição da matéria,

contemplando os que estão iniciando o estudo sobre licitações e

contratos.

Boa leitura!
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TRUST 6
COMPRAS PÚBLICAS E SEUS
ASPECTOS RELEVANTES

Sumário
Capítulo 1 - Páginas 8 - 26

Compras públicas sustentáveis como ferramenta de promoção do


desenvolvimento nacional sustentável - Autora: Camila Ferreira

Capítulo 2 - Páginas 27 - 44
Contratação direta na Lei de Licitações Contratos
Administrativos - Lei n° 14133/2021 - Autor:Leonardo Mota

Capítulo 3 - Páginas 45 - 57
Pesquisa de preços nas licitações: uma análise comparativa das
instruções normativas vigentes - Autora: Marcelli Ritton

Capítulo 4 - Páginas 58 - 81

Pregão eletrônico e a Lei n° 14133/21 - Autora: Marcelli Ritton


e Marcelo Evangelista

Capítulo 5 - Páginas 82 - 100

Contratação pública sustentável - Autora: Mariana Viana

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CAPÍTULO 01
COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO

DESENVOLVIMENTO NACIONAL

SUSTENTÁVEL

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TRUST
COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL Camila Cristina Ferreira de Oliveira¹

RESUMO
O presente artigo traz uma revisão bibliográfica acerca de compras
públicas sustentáveis no Brasil. Trata-se um estudo bibliográfico
cujo objetivo é contribuir com a disseminação do tema de compras
públicas sustentáveis, por meio da apresentação dos conceitos de
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Elenca os
principais normativos brasileiros que orientam tais contratações,
visando menor impacto ambiental. Além de discorrer sobre alguns dos
principais avanços e desafios nas compras públicas sustentáveis,
para que de fato, a administração pública consiga por meio de suas
contratações promover um desenvolvimento nacional sustentável.

Palavras-Chave: Compras públicas sustentáveis, desenvolvimento


sustentável, licitação.

1. INTRODUÇÃO

A globalização avançou rapidamente com a internacionalização de


bens, mercados, produções, capitais, dentre outros. A globalização,
além de uma questão econômica, é também política e cultural.
Política, pois na medida em que cresce a globalização econômica
aumenta-se a necessidade de compensar seus efeitos negativos
(WOLTON, 2004). Juntamente com a globalização econômica, advém o
desenvolvimento priorizado pelo capitalismo, em conjunto com a
produção de bens de consumo e exploração de recursos que tem gerado
desigualdades sociais tanto em nível local, quanto global.
Para frear e amenizar os impactos causados pela globalização e pelo
capitalismo, surge a preocupação em se promover um desenvolvimento
sustentável. Assim, acordos internacionais foram firmados para que
diversos governos assumissem compromissos políticos, diante dos
problemas trazidos pelo crescimento acelerado. Uma das iniciativas,
envolve a adoção de compras públicas sustentáveis pela
administração pública, que é um grande consumidor.

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EASY
¹MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO, PROFESSORA UNIVERSITÁRIA,
LICITAÇÕES PÚBLICAS. CAMILA@LICITAPEDIA.COM.BR
ASSESSORA E CONSULTORA EM
COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
As contratações públicas sustentáveis podem ajudar na criação de um
mercado para produtos mais sustentáveis, fazer com que empresas
readequem seus processos minimizando impactos ambientais e sociais,
e por meio de iniciativas da administração pública fomentar o
desenvolvimento nacional de modo sustentável. O capítulo apresenta
um estudo bibliográfico sobre compras públicas no Brasil, cujo
objetivo é descrever sobre os conceitos de desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade, compras sustentáveis, normativos e
avanços e desafios na implementação. Esse estudo justifica-se pela
importância em contribuir com a disseminação do tema e normativos
que regem as compras públicas sustentáveis. Por tratar-se de uma
revisão bibliográfica é uma pesquisa qualitativa.
O capítulo encontra-se dividido em cinco partes, além dessa
introdução. O primeiro tópico apresenta os conceitos de
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, apresentando como
tais conceitos foram implementados na sociedade. O segundo tópico
discorre sobre as compras públicas sustentáveis, que são um
procedimento formal, realizado pela administração pública para
contratar bens e serviços que minimizem o impacto ambiental e
promovam o desenvolvimento nacional sustentável.
No terceiro tópico, são elencados alguns dos principais normativos
que dão vida as discussões ambientais em âmbito público, e
regulamentam as compras públicas sustentáveis. O quarto tópico
desse artigo, mostra alguns dos avanços já alcançados pelo governo
brasileiro e também desafios para que de fato se realizem compras
públicas sustentáveis, e para encerrar apresentam-se as
considerações finais. Pretende-se por meio desse capítulo
contribuir para o conhecimento e disseminação de compras públicas
sustentáveis, uma vez que ainda é um assunto pouco debatido e
conhecido pela comunidade em geral.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este primeiro tópico é um referencial teórico que tem por objetivo


discorrer acerca dos conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento
sustentável e compras públicas sustentáveis, por meio de uma
revisão bibliográfica.
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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
2.1 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Com o advento da industrialização e de tecnologias, diversas


mudanças ocorreram no sistema econômico. Dentre elas, a relação
homem x natureza. A mola propulsora para que tais mudanças
ocorressem foi uma busca incessante pelo desenvolvimento econômico,
científico, e tecnológico partilhado por ideias capitalistas. Essa
nova relação entre homem e natureza por meio de uma lógica
capitalista, onde a natureza é transformada em capital econômico,
resultou em relações conflituosas que aparecem por meio de
catástrofes ambientais, impactos ambientais irreversíveis,
desigualdade social, além de outras externalidades no sistema
ambiental, social e econômico (HOPWOOD; MELLOR; O’BRIEN, 2005).
As discussões sobre possíveis formas de reverter ou minimizar os
impactos da sociedade moderna, deram origem ao conceito de
desenvolvimento sustentável. O relatório Brundtland, de 1987, da
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente conceituou desenvolvimento
sustentável como ‘’desenvolvimento que responde as necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de
satisfazer suas próprias necessidades’’.
Já a sustentabilidade é um conceito que é uma adaptação de uma
noção utilizada no domínio agrobiológico (MUNCK; BORIM-DE-SOUZA,
2009). É um conceito originário da ecologia e da biologia,
utilizado para descrever as taxas que os recursos renováveis
poderiam ser extraídos ou danificados. Ou seja, é uma definição da
capacidade de um sistema manter sua produtividade mesmo em
situações adversas (JIMENEZ HERRERO, 2000).
O conceito de sustentabilidade tem suas raízes no contexto de
recursos renováveis e foi adotado por movimentos ambientalistas,
enfatizando a necessidade de entender as condições ecológicas
necessárias para apoiar a vida humana por meio de um bem-estar para
ambos. A palavra sustentabilidade remete à capacidade de manter
algo em um estado contínuo (LÉLÉ, 1991).

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
Logo, a sustentabilidade é uma relação entre sistemas econômicos
humanos dinâmicos e sistemas ecológicos dinâmicos mais amplos, mas
normalmente mais lentos, nos quais: a) a vida humana pode continuar
indefinidamente, b) os indivíduos podem prosperar e c) as culturas
humanas podem se desenvolver (LÉLÉ, 1991). Sendo assim, pode-se
entender desenvolvimento sustentável como um conjunto de
sustentabilidade na área econômica, social e ambiental. Os
conceitos, desenvolvimento sustentável e sustentabilidade se
diferem na medida em que a sustentabilidade se refere à capacidade
de manter algo em um estado contínuo, enquanto o desenvolvimento
sustentável é voltado a processos integrativos que almejam manter o
balanço dinâmico de um sistema complexo a longo prazo (MUNCK;
BORIM-DE-SOUZA, 2009).
O conceito de sustentabilidade mantém uma relação específica com o
desenvolvimento sustentável, haja vista que a sustentabilidade pode
ser considerada uma estratégia para alcançar o desenvolvimento
sustentável. Para Osorio, Lobato e Castillo (2005) a
sustentabilidade configura um argumento inquestionável, pois
independente de seu objetivo final, o que se almeja só pode ser
alcançado através do equilíbrio de utilização e consumo dos
recursos naturais. Enquanto o desenvolvimento sustentável se guia
na preservação desses recursos naturais, logo, busca os mesmos
objetivos da sustentabilidade, no entanto acrescenta-se a busca de
um equilíbrio social, cultural e econômico (OSORIO; LOBATO;
CASTILLO, 2005).
Sendo assim, diante de tal cenário de crescimento do consumo e
globalização, organizações empresariais e administração pública se
viram obrigadas a rever seus processos de modo que pudessem
corroborar por meio de práticas sustentáveis para a promoção de um
desenvolvimento sustentável. No próximo tópico apresenta-se a
conceituação de compras públicas sustentáveis que são utilizadas
pela administração pública como meio de promover o desenvolvimento
sustentável.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
2.2 COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

As contratações públicas devem obedecer a um procedimento formal e um


série de princípios de maneira que assegure a transparência e
igualdade de participação dos interessados. A licitação é um
procedimento administrativo composto por atos previstos em lei e que
tem por objetivo a seleção da proposta mais vantajosa pelo poder
público. A proposta mais vantajosa na maioria dos casos é considerada
a proposta de menor preço. (CRISTOVAN, FERNANDES, 2018)
O critério adotado atende apenas a dimensão financeira, deixando de
lado a dimensão social e ambiental. O critério adotado pela
administração pública para seleção da proposta mais vantajosa de
acordo com Requi (2012, p.379), demonstra que “não havia, portanto,
menção expressa à garantia do desenvolvimento nacional sustentável,
motivo pelo qual a inclusão de critérios de sustentabilidade nas
contratações públicas era questionada”. No ano de 2010 por meio da Lei
nº 12.349/2010 alterou-se a Lei 8.666/1993 incluindo a finalidade da
licitação como,
A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos. (grifo nosso)

Desse modo, as licitações deixaram de ter como finalidade somente a


escolha da proposta mais vantajosa baseada no preço e passou-se a
incluir critérios ambientais, com o objetivo de mitigar impactos
ambientais e sociais, beneficiar a sociedade e promover o
desenvolvimento econômico. (MADEIRA et.al. 2019). No ano de 2012,
quando foi realizada a Rio +20 algumas normas sobre o tema foram
consolidadas, contribuindo para o desdobramento de ações concretas
pela administração pública brasileira, principalmente em âmbito
federal. Foram definidos alguns Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), onde metas foram estabelecidas e dentre elas,
promover a prática de compras públicas sustentáveis, conforme
políticas e prioridades nacionais (CEPAL, 2017).

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
Os objetivos estabelecidos representaram uma renovação do compromisso
assumido pelo governo em promover processos nos quais os padrões de
consumo e produção sejam sustentáveis, por meio de seu poder de compra
e criação de políticas públicas específicas. (CEPAL, 2017, CRISTOVAN;
FERNANDES, 2018). A administração pública brasileira sem dúvidas é um
dos maiores compradores do país, afinal, manter o funcionamento de uma
nação demanda bens de diferentes segmentos, no ano de 2020 o valor
homologado em compras do governo federal foi de 109 bilhões. As
compras públicas equivalem a cerca de 13% a 15% do PIB (Produto
Interno Bruto), segundo dados do Ipea (2019). Portanto, o governo tem
uma grande responsabilidade e representatividade para promover o
desenvolvimento sustentável no país.
Para Coelho (2014) “liderar o aguçamento da consciência ambiental, por
meio de suas vultosas aquisições, capazes de incentivar indústria,
comércio e consumidores a utilizar bens e serviços ambientalmente
corretos”. É uma missão que cabe a administração pública. Para a
Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL), as compras
públicas abrangem três aspectos, os quais são: a utilidade pública; o
caráter administrativo e o econômico. Sendo que estes devem convergir
em um único fim: satisfazer as necessidades sociais atendendo o uso
eficiente e transparente dos recursos do estado.
A realização de compras públicas sustentáveis já é uma tendência
mundial em diversos países. A grande maioria dos países pioneiros na
área são europeus, como, Alemanha por ser referência no uso de
sistemas de rotulagem ambiental, Holanda que implantou um plano de
ação para compras sustentáveis no ano de 2003, Portugal que detém
ferramentas que monitoram os benefícios proporcionados pelas compras
verdes, a Suécia que mantém ações de capacitação de servidores e
diálogo com o setor produtivo, dentre outros países que também são
considerados referência quando o assunto é compras públicas
sustentáveis ( CAVALCANTI et al. 2017). Uma contratação deve ser
sustentável em diversas fases, e se inicia no planejamento.
Primeiramente é necessário definir o que e como contratar e se
realmente há a necessidade de consumo, escolher um bem ou serviço
comparativamente a outro, gerindo os danos ambientais, impacto social
e econômico da compra.

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A depender do produto ou serviço que será contratado, é necessário
a observância e exigência da legislação ambiental tanto no momento
da contratação, como durante a fiscalização contratual (AGU, 2013;
CAVALCANTI et al. 2017). É necessário incluir a sustentabilidade
desde a fase de elaboração dos editais, sendo necessário rever a
formulação automatizada e do “copia e cola” desses instrumentos de
convocação de modo a recusar bens e serviços que atendam somente ao
critério econômico. (AGU, 2013; CAVALCANTI et al. 2017)
Uma maneira de ajudar na promoção de compras públicas e definir
critérios de sustentabilidade para elas, estão dispostas em alguns
normativos, os quais são apresentados no próximo tópico.

3. NORMATIVOS DE COMPRAS PÚBLICAS

Conforme visto no tópico anterior não há uma definição legal


estrita do que é uma contratação pública sustentável e um roteiro
pré-definido de como elas devem ocorrer. Existem leis federais,
decretos federais e estaduais, portarias e instruções normativas
que orientam e disciplinam a aplicabilidade da licitação
sustentável, bem como incluem a sustentabilidade e o
desenvolvimento sustentável como responsabilidade da administração
pública.
No Brasil as compras públicas se encontram em consonância com
compromissos internacionais que foram assumidos pelo governo
brasileiro, como: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Princípio 8, 1992); a Agenda 21 Global (Capítulo
4, 1992); a Declaração de Johanesburgo sobre Desenvolvimento
Sustentável (parágrafo 11) e o item III do correspondente Plano de
Implantação (2002); o Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul
(2001), a Decisão 26 do Conselho do Mercado Comum, aprovando a
Política de Promoção e Cooperação em Produção e Consumo
Sustentáveis (2007) e as Resoluções 23/2005 e 32/2010 do Mercosul
(AGU, 2013, CEPAL 2017).

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
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Além de compromissos internacionais assumidos pelo governo que
orientam as compras públicas, os normativos apresentados no quadro
abaixo trazem orientações e regramentos relacionadas a preservação
ambiental, e de forma evolutiva critérios sociais e econômicos que
aos poucos deram forma e conteúdo as contratações sustentáveis.

Alguns marcos legais e normativos referentes a compras


públicas sustentáveis, são:
• Lei no 6.938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente:
Estabelece os princípios da regulamentação ambiental e
define, entre seus objetivos, que é preciso compatibilizar
o desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
Estabelece diretrizes gerais para todos os entes públicos
(poderes Executivo, Judiciário e Legislativo) e para a
sociedade, servindo de fundamento legal genérico para a
atuação da administração na adoção de critérios de
sustentabilidade nas compras públicas.
• Constituição Federal de 1988: Define os princípios da
Administração Pública, os princípios da Atividade Econômica
e os princípios voltados ao Meio Ambiente.
Decreto Federal nº99.280/1990: Promulga a Convenção de
Viena para a proteção da camada de ozônio e o Protocolo de
Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio
(SDO).
• Decreto Federal nº 2.783/1998: Veda a aquisição, pelos
órgãos da Administração federal, de produtos ou
equipamentos que contenham ou façam uso de SDO.
• Lei Federal no 9.605/1998 – Lei de Crimes Ambientais:
Estabelece a possibilidade de aplicação de sanção
restritiva de direitos, como a proibição de contratar com a
administração pública, para os infratores ambientais
(sanção pouco aplicada na prática).

Fonte: Elaborado pela autora a partir das contribuições de FERNANDES, 2020, AGU, 2013, MOURA,
2013, CEPAL, 2017.

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• Lei no 9.660/1998: Dispõe sobre a substituição gradual da
frota oficial de veículos da administração pública, visando
incentivar o uso de veículos movidos a combustíveis
renováveis.
• Lei Federal no 10.295/2001: Dispõe sobre a Política
Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia.
• Decreto no 4.131/2002: Dispõe sobre medidas emergenciais
de redução do consumo de energia elétrica no âmbito da
administração pública federal, determinando que, na
aquisição de materiais e equipamentos ou contratação de
obras e serviços, devem ser adotados requisitos inerentes à
eficiência energética.
• Lei Complementar nº 123/2006: Estatuto da Micro e
Pequena Empresa (MPE).
• Portaria Ministério do Meio Ambiente (MMA) no 61/2008:
Estabelece práticas de sustentabilidade ambiental a serem
observadas pelo MMA e por suas entidades vinculadas quando
das compras públicas sustentáveis.
• Lei Federal nº 12.187/2009: Institui a Política Nacional
sobre Mudança do Clima.
• Lei Federal nº 12.305/2010: Institui a Política Nacional
de Resíduos Sólidos.
• Lei nº 12.349/2010 – altera a Lei no 8.666/1993: Altera o
Artigo 3º da Lei no 8.666/1993, que passa a vigorar com a
seguinte redação: “A licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia, a
seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável (grifo
nosso) [...]
• Instrução Normativa nº 01/2010, do Ministério do
Planejamento: Dispõe sobre critérios de sustentabilidade
ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou
obras pela Administração Federal direta, autárquica e
fundacional.
Fonte:
• Lei Federal no 12.462/2011: Institui o Regime
Elaborado pela autora a partir das contribuições de FERNANDES, 2020, AGU, 2013,
MOURA, 2013,Diferenciado
CEPAL, 2017. de Contratações Públicas (RDC)

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• Decreto Federal nº 7.746/2012: Regulamenta o art. 3º da
Lei de Licitações e Contratos e cria a Comissão
Interministerial de Sustentabilidade na Administração
Pública (CISAP).
• Instrução Normativa SLTI/MP no 10, de 12 de novembro de
2012: Estabelece regras para a elaboração dos planos de
gestão de logística sustentável de que trata o Artigo 16,
do Decreto no 7.746, de 5 de junho de 2012, e dá outras
providências.
• Instrução Normativa nº 02, de 04 de junho de 2014.:
Dispõe sobre regras para a aquisição ou locação de máquinas
e aparelhos consumidores de energia pela administração
pública federal direta, autárquica e fundacional, e uso de
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE).
• Portaria nº 02, de 4 de junho de 2014.: Estabelece boas
práticas de gestão e uso de energia elétrica e água nos
órgãos e entidades da administração pública direta,
autárquica e fundacional.
• Decreto nº 8.539 de 8 de outubro de 2015: Dispõe sobre o
uso do meio eletrônico para realização do processo
administrativo no âmbito dos órgãos e das entidades da
administração pública federal direta, autárquica e
fundacional.
• Portaria nº 252, de 02 de agosto de 2017: Considera
críticas no órgão central, no âmbito SISG, realizar
estudos, análises e elaboração de atos normativos para
aplicação da legislação de logística sustentável,
licitações e contratos, administração de materiais, obras,
serviços, transportes, comunicações administrativas e
serviços gerais no âmbito da administração pública
• Lei Federal 14.133/2021: Lei Geral de licitações, traz o
Desenvolvimento nacional sustentável como um dos princípios
e objetivos do processo licitatório, além da possibilidade
de critérios de sustentabilidade ambiental em contratações
de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de
engenharia.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
Por meio do rol de normativos expostos acima de maneira
cronológica, percebe-se que a preocupação com a questão ambiental é
constitucional e antecede preocupações sociais e econômicas que aos
poucos foram sendo incrementadas à administração pública. O pilar
ambiental da sustentabilidade é o mais presente nos normativos, uma
vez que a grande maioria dispõe de objetivos que envolvem o meio
ambiente de forma direta ou indireta.
Certamente, um grande avanço em relação a esfera social e econômica
da sustentabilidade foi a publicação da Lei Complementar 123 de
2006, ao definir benefícios para que pequenas empresas participem
de licitações, fomentando assim o crescimento de tais empresas.
Além que, diversos municípios atualmente adotam critérios de compra
local e/ou regional de modo a favorecer o desenvolvimento econômico
local adquirindo os bens e serviços de empresas sediadas
localmente.
A instrução normativa 01/2010 veio disciplinar a aplicabilidade da
sustentabilidade ambiental, ao trazer que:

• O instrumento convocatório deve formular exigências de


natureza ambiental sem frustrar o caráter competitivo do
certame;
• Licitações que utilizem técnica ou melhor técnica e preço
devem estabelecer critérios de sustentabilidade ambiental
para as propostas;
• Em obras públicas o projeto básico ou executivo, devem
ser elaborados visando à economia da manutenção e
operacionalização da edificação, a redução do consumo de
energia e água, bem como a utilização de tecnologias e
materiais que reduzam o impacto ambiental;
• Órgãos da administração pública podem exigir critérios de
sustentabilidade ambiental, tais como INMETRO, CTF/IBAMA,
produtos conforme CONAMA, dentre outros critérios que
sejam aplicáveis ao bem ou serviço licitado.

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EASY 19
COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
A criação da CISAP (Comissão Interministerial de Sustentabilidade
na Administração Pública) por meio do Decreto Federal nº
7.746/2012 trouxe para dentro do governo discussões acerca da
sustentabilidade e estratégias para assegurar a implementação e
crescimento de compras públicas. Outro grande avanço em relação a
sustentabilidade pode ser notado no Decreto nº 8.539/ 2015, ao
dispor que a administração pública utilize meios eletrônicos para
realização de processos administrativos, diminuindo o uso de
papéis, energia elétrica com impressões e até mesmo redução de
espaços para arquivamento de tais processos. Não é citado no
quadro 01, mas, por meio do SICAF digital pregões eletrônicos tem
se tornado mais sustentáveis, uma vez que órgãos públicos têm
dispensado o envio de documentos via correios, como era exigido há
algum tempo.
Percebe-se por meio dos normativos que orientam as compras
públicas que houve uma significativa evolução no que diz respeito
ao tema, mas também ainda há muito que implementar e melhorar para
que de fato as compras públicas sejam sustentáveis e promovam o
desenvolvimento nacional sustentável.

4. AVANÇOS E DESAFIOS NAS COMPRAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

Por meio dos tópicos anteriores percebe-se que tanto as discussões


acerca de desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e compras
públicas apresentaram uma significativa evolução. A adoção de
critérios de sustentabilidade pela administração pública em suas
contratações traz vantagens para todos os lados, governo,
sociedade e fornecedor. Com a adesão pelo setor produtivo, o
governo pode atingir mais facilmente metas globais relacionadas as
mudanças climáticas, por exemplo. Melhorar a gestão de resíduos
sólidos e recursos hídricos com a contratação de bens e serviços
que causam menos impacto ao meio ambiente (MOURA, 2013).

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EASY 20
COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
Apesar dos inúmeros benefícios que as compras públicas
sustentáveis podem representar, o Brasil se encontra no começo do
trajeto, ainda há muito a percorrer para que de fato seja algo
presente e concreto dentro de toda administração pública. Para
contratação de bens de impacto menor ao meio ambiente são exigidas
certificações, ou critérios técnicos para produtos que tem
catálogos oficiais. O governo tem o Catálogo de Materiais do
Sistema de Compras do Governo Federal (CATMAT SUSTENTÁVEL), no
qual estão listados alguns itens. Para facilitar para os gestores
públicos, há alguns guias e materiais que orientam como deve ser
uma contratação sustentável (AGU, 2013, CEPAL, 2017).
Na aquisição de alguns produtos, tais como papel A4, pneus, ar-
condicionado, materiais elétricos, produtos têxteis, móveis e
produtos de limpeza, dentre outros. Acaba sendo mais fácil para a
administração pública a definição de algum critério de
sustentabilidade. No entanto, em diversas compras realizadas pelo
poder público é difícil a mensurar se a empresa ou o produto
atendem a requisitos ambientais, sociais e econômicos.
Alguns avanços podem ser destacados, como a exigência de
elaboração de Estudo Técnico Preliminar (ETP) pelos órgãos da
administração pública, por meio da ferramenta é possível avaliar
se realmente há a necessidade de aquisição e qual é o melhor
produto ou serviço a ser contratado.
Conforme já mencionado anteriormente, as contratações locais e
regionais fomentam a economia local, favorecendo o desenvolvimento
sustentável de determinada região. O Antecipagov, iniciativa
lançada recentemente pelo governo, pode ser visto como ferramenta
para promoção do desenvolvimento sustentável econômico de pequenas
empresas que participam de licitações, já que permite que tais
empresários tenham acesso a empréstimos com menores taxas, por
meio da antecipação de valores que tem para receber da
administração pública.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
Alguns dos desafios enfrentados para implementação de compras
sustentáveis está em estabelecer uma análise econômica que inclua
os custos totais, considerando o custo das externalidades,
permitindo escolher a alternativa que implicara em menor impacto
e mais economia. A grande maioria dos editais de compras
sustentáveis, definem o vencedor pelo menor preço e caso este
atenda aos critérios de sustentabilidade exigidos no edital, é
declarado vencedor. Desse modo, o critério permanece econômico.
(MOURA, 2013)
Outro desafio enfrentado é que a depender do produto, as
exigências de certificações podem restringir a competitividade,
uma vez que empresas menores podem ter dificuldades para adequar
seu processo produtivo. A falta de capacitação de gestores
públicos torna-se um desafio já que muitos não sabem identificar
e avaliar o que seria um serviço ambientalmente e socialmente
preferível e economicamente viável (MOURA,2013).
A falta de informação para a sociedade e gestores também pode ser
um empecilho para o crescimento das compras públicas
sustentáveis, no painel de compras do governo federal não há
nenhuma informação sobre itens, valores ou órgãos que efetuaram
compras sustentáveis. No portal contratações públicas
sustentáveis há algumas informações, no entanto desatualizadas.
Para fomentar compras públicas sustentáveis é preciso que exista
um movimento informativo, atualizado e de capacitação para
servidores, fornecedores e até mesmo para a sociedade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve como principal contribuição realizar uma


revisão bibliográfica acerca do tema, sustentabilidade,
desenvolvimento sustentável e compras públicas. Elencar os
principais normativos que norteiam as compras públicas
sustentáveis no Brasil, bem como trazer uma discussão sobre os
avanços e desafios na implementação de tais contratações públicas
dentro do governo.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL

Trata-se ainda de um tema relativamente novo e que tem muito que


avançar por parte do setor público e privado. Promover um
desenvolvimento nacional sustentável requer mudanças nos processos
licitatórios em todas as esferas da administração pública. Para que
todos os gestores consigam realizar contratações que não considerem
apenas o fator econômico, mas também o impacto ambiental e social.
É necessário capacitação acerca do tema, bem como a implementação
de critérios que vá além de certificações dentro da administração
pública.

REFERÊNCIAS

AGU. Manual Implementando Licitações Sustentáveis. 2013 Disponível


em: http://www.agu.gov.br/page/download/index/id/28095669 Acesso em
10 de julho de 2021.
BECKER, F. da R. Compras Sustentáveis. Esplanada dos Ministérios.
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Sustentabilidade, [S. l.], v. 4, n. 1, 2018.
BRASIL. Advocacia-Geral da União (AGU). Consultoria-Geral da União.
Guia Nacional de Contratações Sustentáveis /Machado, Alessandro Q.
(Coordenador da 2ª edição); Freire, André L. M; Clare, Celso V.;
Moreira; Denis G.P; Gomes Filho, José R. P.; Carvalho, Flávia G.
de; Paz e Filho, Manoel; Bliacheris, Marcos W; Ferreira, Maria
Augusta S. de; Barth, Maria Leticia B. G.; Santos, Mateus L. F;
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______. Decreto n. 7.746, de 5 de junho de 2012. Regulamenta o art.
3º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer
critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável nas contratações realizadas pela administração pública
federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais
dependentes, e institui a Comissão Interministerial de
Sustentabilidade na Administração Pública - CISAP.. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/decreto/d7746.htm>. Acesso em 20 de julho de 2021.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
______. Instrução Normativa n. 01, de 19 de janeiro de 2010.
Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na
aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá
outras providências. Disponível
<https://www.ibama.gov.br/component/legislacao/?
view=legislacao&legislacao=115561> Acesso em 20 de julho de 2021.
______. Lei n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera
dispositivos das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de
1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei n. no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei n. no
10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei n. Complementar no 63,
de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n. 9.317, de 5 de
dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>.
Acesso em 22 de julho de 2021.
______. Lei n. 8666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Disponível em: <
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/Lei n. /1993/Lei-8666-21-
junho-1993-322221-publicacaooriginal-1-pl.html >. Acesso em 22 de
julho de 2021.
______. Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a
Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras
providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/Lei/l12187.htm>. Acesso em: 22 de julho de 2021.
______. Lei n. 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. no 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Lei n.
/l12305.htm>. Acesso em: 20 de julho de 2021.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL
______. Lei n. 12.349, de 15 de dezembro de 2010. Altera as Leis
8.666, de 21 de junho de 1993, 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e
10.973, de 2 de dezembro de 2004; e revoga o § 1o do art. 2o da Lei
n. no 11.273, de 6 de fevereiro de 2006. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei n.
/L12349.htm#art1>. Acesso em 22 de julho de 2021.
______. Lei n. 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas - RDC; altera a Lei n.
10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e a legislação da Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a
Secretaria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos
em comissão e cargos de Controlador de Tráfego Aéreo; autoriza a
contratação de controladores de tráfego aéreo temporários; altera
as Leis 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de dezembro
de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro de
2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro
de 2010, e a Medida Provisória n. 2.185-35, de 24 de agosto de
2001; e revoga dispositivos da Lei n. 9.649, de 27 de maio de 1998.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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Janeiro: Lumen Juris, 2014.

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COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS
COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO NACIONAL
SUSTENTÁVEL

CRISTOVAN, J.S.S. FERNANDES, H. Licitações públicas e


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CAPÍTULO 02
CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA

LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS

ADMINISTRATIVOS - LEI Nº

14.133/2021

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TRUST
CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI DE
LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - LEI Nº 14.133/2021
Leonardo Mota Meira¹
RESUMO
A Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Lei nº
14.133/2021, vigente em 1º de abril, já trouxe a pressão dos
gestores para sua utilização. No entanto, é importante, mesmo para
aquisição por dispensa de licitação e inexigibilidade de licitação,
observar diversas exigências trazidas pela nova lei de licitação,
principalmente, quanto ao devido planejamento.

Palavra-chave: contração direta; inovação; licitação.

1. INTRODUÇÃO

1.1. O PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO DIRETA

A Lei de Licitações e Contratos Administrativos, Lei nº


14.133/2021, nem bem entrou em vigência, em 1º de abril, e já temos
diversas discussões sobre sua utilização, sobre o Portal Nacional
de Contratações Públicas (PNCP) e, principalmente, se já se pode
realizar contratação direta, notadamente, por dispensa de
licitação, utilizando os novos limites, constantes no art. 75,
superiores aos da Lei nº 8.666/93. Sobre essa questão, iniciamos
lembrando a regra do art. 191, da Lei n º 14.133/2021, que prevê
que, durante os próximos dois anos, contados da data da sua
vigência, a Administração poderá optar por licitar ou contratar
diretamente de acordo com a nova lei ou de acordo com o que vamos
chamar de “antiga legislação” - a Lei nº 8.666/93, a Lei nº
10.520/02, das regras do RDC, constantes na Lei nº 12.462/2011 -
visto que, conforme inciso II, do art. 193, a “antiga legislação”
será revogada, apenas após dois anos da publicação da Lei nº
14.133/2021.
Logo, pela literalidade do art. 191, não existe dúvida de
interpretação quanto à existência e utilização, durante os próximos
dois anos, da “antiga legislação” e da Lei nº 14.133/2021, seja
para procedimentos licitatórios, seja para as situações relativas
às dispensas de licitação e inexigibilidade de licitação.

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1 SUPERVISOR DE LICITAÇÕES E DISPUTAS ELETRÔNICAS, PREGOEIRO E PRESIDENTE DA CPL, DO MINISTÉRIO PÚBLICO
F E D E R A L N A P A R A Í B A ( M P F / P B ) , E I N S T R U T O R D O M P F E M T E M A S R E L A C I O®
EASY
NADOS À ÁREA DE LICITAÇÕES E CONTRATOS, HÁ
MAIS DE DEZ ANOS. PROFESSOR DO MBA LICITAÇÃO E CONTRATOS DO INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO - IPOG; ESPECIALISTA
EM DIREITO ADMINISTRATIVO E GESTÃO PÚBLICA; BACHAREL EM CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS; E
INSTAGRAM @LEONARDOMOTA_.
CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI DE
LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - LEI Nº 14.133/2021

Importante, ainda, lembrar que a parte final do art. 191 prevê


que a opção escolhida (“antiga legislação” ou Lei nº 14.133/2021)
deverá ser indicada, expressamente, no edital ou no aviso ou
instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada
da nova lei com a “antiga legislação”). De forma prática, então,
se surgir uma necessidade para seu órgão, a partir de agora, o
gestor, então, deverá indicar qual legislação utilizará para
aquela contratação específica, seja no edital, indicando,
geralmente, no preâmbulo, a legislação utilizada no certame, e,
então, seguindo todas as regras da licitação, em sua fase
interna, fase externa e contratação, pela legislação indicada; ou
seja, no instrumento de contratação direta, obviamente,
aplicando-se aos casos em que a licitação pode ser dispensável e
quando a mesma for inexigível, também, indicando qual legislação
estará utilizando naquela contratação.
E mais: está vedado, por exemplo, em um mesmo edital, utilizar
parte das regras da Lei nº 8.666 e parte da Lei nº 14.133/2021.
Da mesma forma, no caso do pregão, não se pode utilizar, em um
mesmo edital, as regras da Lei nº 10.520/02 e a Lei nº
14.133/2021. Tratando, então, especificamente, da contratação
direta, a restrição quanto à utilização da legislação e
procedimentos que serão adotados na contratação é mesma: ou se
utiliza as regras da Lei n º 8.666/93 ou se utiliza as regras da
Lei nº 14.133/2021.
Nesse ponto, então, é importantíssimo se conhecer os impactos da
opção, porque, deles, decorrem limites diferenciados,
fundamentação diferenciada, procedimentos diferenciados. E o
conhecimento dessas regras que tratamos faz parte do planejamento
do rumo a ser tomado pela administração para licitar e contratar.
Além das regras constantes nos artigos 74 e 75, que tratam da
inexigibilidade de licitação e da dispensa de licitação, a nova
lei trouxe o planejamento para dentro do procedimento de
contratação direta, não bastando, agora, especificar o objeto,
realizar a pesquisa de preços, montar o processo e seguir para a
contratação.

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CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI DE
LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - LEI Nº 14.133/2021

Agora, por exemplo, caso o gestor mais empolgado em se utilizar dos


novos limites de dispensa de licitação, opte por adotar a Lei nº
14.133/2021, deverá saber que, agora, o planejamento está em todas
as contratações, inclusive, nas dispensas de licitação e nas
situações as quais a licitação não é exigível. O artigo 72, então,
da Lei nº 14.133/2021, regra o processo da contratação direta:

Art. 72. O processo de contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade


e de dispensa de licitação, deverá ser instruído com os seguintes documentos:
I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar,
análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto executivo;
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23
desta Lei;
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o
atendimento dos requisitos exigidos;
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o
compromisso a ser assumido;
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e
qualificação mínima necessária;
VI - razão da escolha do contratado;
VII - justificativa de preço;
VIII - autorização da autoridade competente.

Vemos, então, que, agora, o gestor que decidir pela contratação


direta deverá iniciar o processo com um documento que apresente a
necessidade da contratação para que, se for o caso, seja realizado
um estudo técnico preliminar para definir a melhor solução para
atendimento da necessidade, analisando-se, inclusive, os riscos
daquelas soluções possíveis, com expedição de parecer técnico e
jurídico da contratação para, ao final, se indicar qual a solução
mais viável a ser contratada, justificando-se o preço e a escolha
do contratado, compatibilizando-se com a previsão de recursos
orçamentários da Administração. Agora, a fase interna da
contratação direta, seja por dispensa de licitação, seja por
inexigibilidade de licitação, possui uma fase de planejamento
bastante detalhada que, obrigatoriamente, deverá ser observada, até
se chegar ao Termo de Referência ou ao Projeto Básico ou ao Projeto
Executivo, assemelhando-se ao planejamento de um procedimento
licitatório.

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CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI DE
LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - LEI Nº 14.133/2021
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este primeiro tópico é um referencial teórico que tem por objetivo


discorrer acerca dos conceitos de contratação direita e Lei nº
14133/21, por meio de uma revisão bibliográfica.

2.1. QUANDO A LICITAÇÃO SERÁ INEXIGÍVEL PELA NOVA LEI

Lembrando que, também para os casos de ser inexigível a licitação,


há a necessidade de realização dos procedimentos constantes no art.
72, a inexigibilidade de licitação ocorre quando é inviável a
competição, como, claramente, definido no caput do art. 74. O
professor Ronny Charles esclarece quando a licitação é inexigível:
“Diferentemente da dispensa, em que a competição é possível, porém o legislador
permite não fazê-la, na inexigibilidade, a competição é inviável, o que torna
inócuo o procedimento licitatório, cuja razão de ser é, justamente, fomentar a
competição em busca da melhor proposta para o atendimento do interesse público.
Assim, diante de uma situação e inviabilidade de competição, a inexigibilidade de
licitação é uma consequência necessária ao atendimento do interesse público
contratual, motivo pelo qual pode ser compreendido como vinculado o ato decisório
de não realização da licitação. A maioria da doutrina entende que competição
inviável, para fins de aplicação da hipótese de inexigibilidade de licitatória, não
ocorre apenas nas situações em que é impossível haver disputa, mas também naquelas
em que a disputa é inútil ou prejudicial ao atendimento da pretensão contratual,
pelo confronto e contradição com aquilo que a justifica (o interesse público)”.

Então, o art. 74, da Lei nº 14.133/2021, prevê, além da regra


geral, quanto à inviabilidade de competição, de forma
exemplificativa, os seguintes casos:

Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos


casos de: I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação
de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivos; II - contratação de profissional do setor artístico,
diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública; III - contratação dos seguintes serviços
técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual com profissionais
ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação: a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou
projetos executivos; b) pareceres, perícias e avaliações em geral; .

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CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI DE
LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - LEI Nº 14.133/2021

c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; d)


fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; e) patrocínio ou
defesa de causas judiciais ou administrativas; f) treinamento e aperfeiçoamento de
pessoal; g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; h) controles
de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais,
instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio
ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento; V -
aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de
localização tornem necessária sua escolha

Observando o texto da nova lei, trazendo uma abordagem objetiva,


em comparação às situações exemplificativas constantes no art. 25,
da Lei nº 8.666/93, temos de novo na Lei nº 14.133/2021:

 A possibilidade de ser inexigível a licitação para contratação de serviços


que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivo: situação que resolve as discussões que haviam quando da
aplicação do art. 25, inciso I, da Lei nº 8.666/93, visto a previsão,
apenas, para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros;

 A lei, quanto à essa possibilidade trouxe, de forma clara, no § 1º, que a


Administração deverá demonstrar a inviabilidade de competição mediante
atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do
fabricante ou, de forma inovadora, trouxe a possibilidade de tal comprovação
ser realizada por meio de apresentação de outro documento idôneo capaz de
comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou
representante comercial exclusivos, vedada a preferência por marca
específica.

 Relativamente à contratação de profissional do setor artístico, o texto é


semelhante ao do inciso III, do art. 25, da Lei nº 8.666/93, sendo agregado,
no § 2º, como definição do que seja empresário exclusivo, pessoa física ou
jurídica que possua contrato, declaração, carta ou outro documento que
ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou em
Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a
possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de
empresário com representação restrita a evento ou local específico;
definição essa que foi trazido de posicionamentos dos órgãos de controle.

 Relação dos serviços técnicos especializados de natureza predominantemente


intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização que
podem ser contratados por inexigibilidade de licitação dentro do próprio
artigo 74, o que traz mais objetividade na sua aplicação; diferentemente do
texto do inciso II, do art. 25, da Lei nº 8.666/93, que faz referência ao
art. 13, no qual constam tais serviços.

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LICITAÇÕES E CONTRATOS
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A lei também, de forma acertada, semelhante ao constante no
parágrafo único, do art. 25, da Lei nº 8.666/93, trouxe, no § 2º, a
definição do que seja notória especialização, como sendo o
profissional ou a empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos,
experiência, publicações, organização, aparelhamento, equipe
técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e reconhecidamente
adequado à plena satisfação do objeto do contrato. Sendo, ainda,
regrado no § 4º, a vedação à subcontratação de empresas ou a
atuação de profissionais distintos daqueles que tenham justificado
a inexigibilidade.
A contratação de objetos que devam ou possam ser contratados por
meio do procedimento auxiliar credenciamento: algo não previsto na
Lei nº 8.666/93, mas, que, nas situações de inviabilidade de
competição, já é aplicado, e que possui o aval da doutrina e da
jurisprudência. O professor Sidney Bittencourt, muito bem, expôs
sobre a discussão, que, agora, está resolvida com a nova lei:

“Situação inusitada ocorre quando o objeto pretendido pela Administração pode,


de certa forma, ser atendido por “todos” do mercado que o executem. Destarte,
se, fixando o valor que pretende pagar pelo objeto pretendido, a Administração
convocar profissionais de determinado setor e se dispor a contratar os que
tiverem interesse e que satisfaçam os requisitos estabelecidos, não haveria
competição, dado que a todos assegurar-se-ia a contratação. Em tal hipótese,
far-se-á necessária a adoção do instituto do credenciamento, que se legitima nos
casos em que, para o alcance do interesse público, faz-se necessário que um
grade universo de fornecedores ou prestadores de serviço esteja disponível,
descaracterizando-se, dessa forma, qualquer tipo de disputa.”

Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações


e de localização tornem necessária sua escolha: prevista, também de
forma acertada, na nova lei, visto que, apesar dessa regra constar
no inciso X, do art. 24, da Lei nº 8.666/93, como sem uma
possibilidade de ser dispensável a licitação, o que aduzia a uma
competição, na prática, há uma inviabilidade de competição,
considerando que a escolha é específica para atendimento à
necessidade da Administração,

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LICITAÇÕES E CONTRATOS
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levando-se em consideração as características específicas para
atendimento àquela necessidade e a localização. Em que pese se
puder pensar em, por exemplo, em uma mesma rua ou bairro,
existirem, pelo menos, dois imóveis que poderiam ser capazes de
atender à necessidade da administração, vislumbrou que a
subjetividade na escolha inviabilidade a competição objetiva.
Referido entendimento pode ser reforçado pelos requisitos
determinados a serem observados, constantes no § 5º, para
efetivação da referida contratação por inexigibilidade de
licitação:
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de
adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do prazo
de amortização dos investimentos;
II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis
que atendam ao objeto;
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado
ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela.

2.2. POSSIBILIDADES DE SER DISPENSÁVEL A LICITAÇÃO

Reforçando o que trouxemos anteriormente, primeiramente, a


administração deverá observar as regras do art. 72, para
realização das contratações, quando for dispensável a licitação.
A nova lei de licitações, então, prevê, em seu art. 75, quando a
licitação poderá ser dispensável:

Art. 75. É dispensável a licitação: I - para contratação que envolva valores


inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de
engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores; II - para
contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais), no caso de outros serviços e compras; III - para contratação que
mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há
menos de1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: não surgiram
licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; as
propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais
competentes; IV - para contratação que tenha por objeto: bens, componentes
ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à manutenção de
equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original desses equipamentos
durante o período de garantia técnica, quando essa condição de exclusividade
for indispensável para a vigência da garantia; bens, serviços, alienações ou
obras, nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo

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Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente


vantajosas para a Administração; produtos para pesquisa e desenvolvimento,
limitada a contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); transferência de tecnologia ou
licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida, nas
contratações realizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação
(ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada vantagem para a
Administração; hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no
período necessário para a realização dos processos licitatórios
correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com
base no preço do dia; bens ou serviços produzidos ou prestados no País que
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida
pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
mediante autorização por ato do comandante da força militar; bens e serviços
para atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras
empregadas em operações de paz no exterior, hipótese em que a contratação
deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante
e ratificada pelo comandante da força militar; abastecimento ou suprimento de
efetivos militares em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou
de adestramento; coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva
de lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente de
pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores
de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas
técnicas, ambientais e de saúde pública; aquisição ou restauração de obras de
arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que inerente às
finalidades do órgão ou com elas compatível; serviços especializados ou
aquisição ou locação de equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de
provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2
de agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de
sigilo sobre a investigação; aquisição de medicamentos destinados
exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da
Saúde; V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º,
3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação constantes da referida Lei; VI - para
contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos
casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos
comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios;

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VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal
ou de grave perturbação da ordem; VIII - nos casos de emergência ou de calamidade
pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência
da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a
recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso; IX - para
a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou
serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a Administração Pública e que
tenham sido criados para esse fim específico, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado; X - quando a União tiver que intervir no
domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; XI - para
celebração de contrato de programa com ente federativo ou com entidade de sua
Administração Pública indireta que envolva prestação de serviços públicos de forma
associada nos termos autorizados em contrato de consórcio público ou em convênio de
cooperação; XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em
ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos
durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles
definidos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia; XIII - para
contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação de critérios de
técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória especialização; XIV -
para contratação de associação de pessoas.com deficiência, sem fins lucrativos e de
comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da Administração Pública, para a
prestação de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
no mercado e os serviços contratados sejam prestados exclusivamente por pessoas com
deficiência; XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por
finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa,
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à
inovação, inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas atividades,
ou para contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa presa,
desde que o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e não
tenha fins lucrativos; XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público
interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que,
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração
Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa,
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à
inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução
desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de
produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e
que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.

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Optando-se pelas regras, já conhecidas, da Lei nº 8.666/93, onde,
em seu artigo 24, há as possibilidades para o gestor dispensar a
licitação, temos trinta e cinco incisos nos quais o gestor pode se
fundamentar para dispensar a licitação. Enquanto que a Lei nº
14.133/2021 prevê, em dezesseis incisos, com alguns divididos em
alíneas, vinte e nove possibilidades da licitação ser dispensável.
Não adentrando a todas situações trazidas pela nova lei, visto que,
muitas, não se alteraram, comparando-se a Lei nº 8.666/93 e a Lei
nº 14.133/2021, abordaremos as principais novidades da nova lei.
Inicialmente, não poderíamos deixar de tratar da dispensa de
licitação com maior foco pelos gestores públicos, que é a dispensa
de licitação em razão de valor, que, na Lei nº 8.666/93, prevê os
limites para referida contratação, nos incisos I e II, do art. 24,
respectivamente: R$ 33.000,00, para obras e serviços de engenharia,
e R$ 17.600,00, para demais serviços e compras. Sem constar, na Lei
nº 8.666/93, o procedimento detalhado a ser seguidos para a
contratação por dispensa de licitação, inclusive, quanto ao
planejamento da contratação, a pesquisa de preços, o gerenciamento
de risco e a escolha do fornecedor, o que poderemos destacar é o
texto final da redação constante nos incisos I e II, do art. 24,
quando a lei possibilita a dispensa de licitação pelos referidos
valores desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou
serviço, ou ainda, para obras e serviços da mesma natureza e no
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente,
no caso do inciso I, ou desde que não se refiram a parcelas de um
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser
realizada de uma só vez.
Nesse ponto, vemos que a lei, de certa forma, traz que o gestor
deverá planejar suas contratações para se evitar o fracionamento da
despesa. No caso da opção do gestor por utilizar a Lei nº
14.133/2021, esse cenário muda consideravelmente, não bastando,
para tanto, a animação para se utilizar os novos limites para
dispensa de licitação em razão de valor, que é o que muito se tem
visto. Mas, principalmente, para que se altere a forma de pensar
sobre o processo de dispensa de licitação, considerando o foco no
planejamento de todas as contratações trazidas pela nova lei.

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Especificamente, quanto à dispensa de licitação por valor, os


incisos I e II, do art. 75, trazem a previsão de que,
respectivamente, para contratações de obras e serviços de
engenharia ou serviços de manutenção de veículos automotores,
poderá ser dispensa a licitação para contratações com valor
inferior a R$ 100.000,00; e, para contratações de demais serviços
e compras, esse valor limite é de R$ 50.000,00. Sendo os referidos
valores duplicados nos casos de contratos firmados por consórcio
público, ou por autarquia ou fundação qualificada, como agências
executivas definidas em lei.
Imprescindível que o gestor e aqueles responsáveis pelas
contratações observem a diferença dos textos trazidos pelo art.
24, da Lei nº 8.666/93 e o texto trazido pelo art. 75, da Lei nº
14.133/2021, referente à dispensa de licitação em razão do valor,
e não, apenas, os valores. Enquanto que, nos incisos I e II, do
art. 24, da Lei nº 8.666/93, o gestor poderá contratar com “valor
de até” R$ 33.000,00 ou R$ 17.600,00, de acordo com o objeto, os
incisos I e II, do art. 75, da Lei nº 14.133/2021, prevê que é
dispensável a licitação “para contratação que envolva valores
inferiores” a R$ 100.000,00 ou R$ 50.000,00, de acordo com o
objeto.
Logo, pela literalidade do texto da nova lei, sem adentramos em
discussão acerca de como será entendimento o texto junto aos
órgãos de controle, o gestor não possui os limites de R$
100.000,00 e de R$ 50.000,00. A lei, ainda, prevê, no § 4º, que,
preferencialmente, referidas contratações em razão do valor serão
pagas por meio de cartão de pagamento, o que poderá trazer, ainda
mais, celeridade à contratação. No entanto, sem desobrigar o
gestor da formalização de todo o procedimento exigido na lei.

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Um detalhe importante é que, enquanto a Lei nº 8.666/93 prevê que


a possibilidade de contratação por dispensa de licitação deve
observar se a contratação não pode ser realizada em conjunto, por
meio de licitação, na nova lei, foram trazidas regras para
aferição dos valores, para observância dos novos limites, que
estão no § 1º, do art. 75: Para a contratação por dispensa de
licitação, deve-se observar se o somatório do que for despendido
no exercício financeiro pela respectiva unidade gestora não
atingiu os limites e se o somatório da despesa realizada com
objetos de mesma natureza, sendo aqueles considerados do mesmo
ramo de atividade. Não sendo necessário se observar referidas
regras de aferição nas contratações com valor até R$ 8.000,00 para
serviços de manutenção de veículos automotores, conforme previsto
no § 7º.
Também, especificamente, para as contratações em razão de valor, o
§ 3º regra que, preferencialmente, deverá haver divulgação do
aviso da dispensa de licitação em sítio eletrônico oficial, pelo
prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto
pretendido e com a manifestação de interesse da Administração em
obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser
selecionada a proposta mais vantajosa. Algo que vem na linha do
Decreto nº 10.024/2019, que regulamenta o pregão eletrônico na
esfera federal, onde é prevista a dispensa eletrônica, para bens e
serviços comuns, inclusive, serviços comuns de engenharia.
Outro destaque desse procedimento é quanto à pesquisa de preços,
que deverá observar, inclusive, o mesmo procedimento do art. 23,
onde é regrado quais os parâmetros utilizados para se chegar ao
valor estimativo da contratação para aquisição de bens e
contratação de serviços em geral e para obras e serviços de
engenharia, para que se conste o valor estimado da contratação,
sendo permitido, quando não for possível estimar o valor do
objeto, que o contratado comprove, previamente, que seus preços
estão em conformidade com os praticados em contratações
semelhantes de objetos de mesma natureza, por meio da apresentação
de notas fiscais emitidas para outros contratantes no período de
até 1 (um) ano anterior à data da contratação pela Administração,
ou por outro meio idôneo.
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Acerca da formalização do contrato, a lei, em seu artigo 95, também


flexibiliza a exigência do instrumento de contrato na dispensa de
licitação em razão de valor, prevendo a possibilidade de o
instrumento ser substituído por outro instrumento hábil, como
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra
ou ordem de execução de serviço. No inciso III, a nova lei trouxe,
de forma objetiva e positiva, em sua alínea “a” a possibilidade de
ser dispensável licitação quanto à licitação sagrar-se deserta, ou
seja, quanto não surgirem interessados na licitação, ou quanto a
licitação sagrar-se fracassada, que é a situação na qual houve
interessados, no entanto, não foram apresentadas propostas válidas
na licitação.
Importante destacar que, para a referida contratação, observa-se se
a licitação foi realizada há menos de 1 (um) ano, devendo ser
mantidas todas as condições definidas em edital de licitação
realizada. Logo, realizou-se a licitação sagrou-se fracassada ou
deserta, caso se opte por contratar por dispensa de licitação, não
se poderão dispensar exigências quanto à proposta, nem quanto à
habilitação, já exigidos no edital, sob pena de ser caracterizado
um novo objeto, o que, nessa situação, enseja a realização de nova
licitação com as novas regras flexibilizadas.
De relevante, também, comparando-se com o texto da Lei nº 8.666/93,
temos a possibilidade de dispensa de licitação, contida no inciso
VIII, nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos
bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de
ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação
dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já
contratada.

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De inovador e impactante nas novas regras para dispensa


emergencial estão o prazo máximo, ampliado, dos 180 dias,
constantes no inciso IV, do art. 24, da Lei nº 8666/93, para 1
(um) ano, e a regra clara, contida no final do texto, acerca da
impossibilidade de prorrogações dos contratos emergenciais e a
recontratação daquela empresa que estava contratada emergencial,
caso haja necessidade de uma nova contratação emergencial. O que
demanda o devido planejamento para a realização da licitação para
atendimento à necessidade.
A lei, em seu § 6º, reforça que se considera emergencial a
contratação por dispensa com objetivo de manter a continuidade do
serviço público, e deverão ser observados os valores praticados
pelo mercado na forma do art. 23 desta Lei e adotadas as
providências necessárias para a conclusão do processo licitatório,
sem prejuízo de apuração de responsabilidade dos agentes públicos
que deram causa à situação emergencial.
Uma situação importante a ser destacada está não previsão, no art.
75, da situação de contratação de remanescente de obra, serviço ou
fornecimento, regrado na Lei nº 8.666/93, no inciso XI, como sendo
dispensável a licitação, em consequência de rescisão contratual,
desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior
e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor,
inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido.
No entanto, a Lei nº 14.133/2021, não ficou silente quanto à essa
situação, trazendo a regra, semelhante à da Lei nº 8.666/93 no §
7º, do art. 90.

§ 7º Será facultada à Administração a convocação dos demais licitantes


classificados para a contratação de remanescente de obra, de serviço ou
de fornecimento em consequência de rescisão contratual, observados os
mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e 4º deste artigo.

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Por sua vez, os critérios referidos nos parágrafos 2º e 4º são os


seguintes:

Será facultado à Administração, quando o convocado não


assinar o termo de contrato ou não aceitar ou não retirar o
instrumento equivalente no prazo e nas condições
estabelecidas, convocar os licitantes remanescentes, na
ordem de classificação, para a celebração do contrato nas
condições propostas pelo licitante vencedor (§ 2º).
Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação
nas condições propostas pelo licitante vencedor, observados
o valor estimado e sua eventual atualização nos termos do
edital, a Administração poderá:
convocar os licitantes remanescentes para negociação, na
ordem de classificação, com vistas à obtenção de preço
melhor, mesmo que acima do preço do adjudicatário;
adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas
pelos licitantes remanescentes, atendida a ordem
classificatória, quando frustrada a negociação de melhor
condição.

E, por fim, mas, não menos importante, o art. 73, da Lei nº


14.133/2021, prevê a responsabilização dos envolvidos nas
contratações diretas indevidas.

Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com


dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário,
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

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DE LICITAÇÕES E CONTRATOS
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Observa-se, diferentemente do que consta no § 2o, do art. 26, da
Lei nº 8.666/93, no qual a preocupação ser prendia, apenas, à
comprovação do superfaturamento, respondendo, solidariamente, pelo
dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de
serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis, que a nova lei não trouxe nada
específico, mas, sim, a responsabilização dos envolvidos no caso
de dolo (quando o envolvido deseja realizar um ilicitude, que
causará um dano), fraude ou erro grosseiro, excluindo da
responsabilização quando ocorrer, apenas, culpa dos envolvidos.

3. CONCLUSÃO

Dessa forma, temos, nessa breve análise das novas regras de


contratação direta, trazidas pela Lei nº 14.133/2021, algumas
inovações importantes, resultado de jurisprudências dos órgãos de
controle e traz, principalmente, que não basta o gestor escolher
utilizar a nova lei, animado, principalmente, pelos novos limites
de contratação por dispensa de licitação em razão do valor. Vemos
que a opção por utilizar as novas regras de contratação direta
pela nova lei de licitações e contratação não torna o processo
mais simples. Agora, há um procedimento a ser observado.
Junta-se a isso, como temos repetido, a capacitação de toda a
equipe envolvida na contratação, desde o agente público
responsável pelo processo, a assessoria jurídica, os fiscais e
gestores dos contratos e a autoridade competente, para que
aprendam a planejar, analisar os riscos, para, então, realizado
todo esse procedimento constante no art. 72, ser efetiva a
contratação direta.

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CONTRATAÇÃO DIRETA NA NOVA LEI
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Então, todo cuidado é pouco nesse momento de discussões sobre a


nova lei, inclusive, sobre a eficácia das contratações, mesmo as
que são realizadas por contratação direta. Não basta, apenas, se
preocupar com os limites da dispensa de licitação, não basta,
apenas, se preocupar com as discussões em torno do Portal Nacional
de Contratações Públicas (PNCP). Afinal, a lei prevê, em seu artigo
73, que, na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com
dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público
responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário,
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

REFERÊNCIAS

TORRES, Ronny Charles Lopes de BALTAR NETO, Fernando Ferreira.


Direito Administrativo. Coleção Sinopse para Concursos. 10ª Ed.
Salvador: JusPodivm. p. 305.
BITTENCOURT, Sidney. Contratando sem licitação: contratação direta
por dispensa ou inexigibilidade. São Paulo: Almedina, 2016.

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CAPÍTULO 03
PESQUISA DE PREÇOS NAS

LICITAÇÕES: UMA ANÁLISE

COMPARATIVA DAS INSTRUÇÕES

NORMATIVAS VIGENTES

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TRUST
PESQUISA DE PREÇOS NAS LICITAÇÕES:
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
INSTRUÇÕES NORMATIVAS VIGENTES
Marcelli Ritton Macedo1
RESUMO
Esse artigo investiga como será a aplicação das Instruções
Normativas que tratam sobre a pesquisa de preço dentro das compras
públicas, na Administração o com base na eficiência e na celeridade
dos processos. Nas organizações públicas a tomada de decisão é um
processo baseado no planejamento e a implantação de inovações que
impactam nos preço de mercado necessita de estudo, que demandam uma
sequencia de ato e escolhas por um determinado período para
entender com será implantada a pesquisa de preço na realidade do
órgão. O propósito deste capítulo foi através da perspectiva
conceitual, procurar identificar, as inovações apresentadas pela
legislação que aborda a pesquisa de preço como será sua real
aplicabilidade na administração pública.

Palavras-Chave: preço, pesquisa, inovação, planejamento.

1. INTRODUÇÃO

A Administração Pública para realizar uma compra precisa elaborar


um processo administrativo por meio de um processo licitatório.
Todas as aquisições começam com a fase interna que envolve
inicialmente o planejamento. Dentro do planejamento, surgi à figura
da pesquisa preço, informação essencial dentro das compras
públicas.
A pesquisa de preço tem a função de aferir o valor aritmético dos
objetos das aquisições para informar qual o valor dele é quanto a
Administração Pública está disposta a pagar. Esse capítulo mostra
o quão importante é a pesquisa de preço se mostra nos processos
licitatórios e sua evolução no decorrer do período de 2014 a 2021.
Os principais pontos abordados apresentam a legislação,
jurisprudência e doutrina do assunto, para comparar as inovações
apresentada pelas legislações no decorrer do arcabouço jurídico. O
objetivo geral deste capítulo é realizar uma análise comparativa do
arcabouço jurídico existente no período de 2014 a 2021.

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MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO. BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO, TECNÓLOGO EM LOGÍSTICA, LICENCIADA EM PEDAGOGIA, PÓS-
G R A D U A D A E M D I R E I T O A D M I N I S T R A T I V O , P Ó S - G R A D U A D A E M A D M I N I S T R A Ç®
ÃO, PÓS-GRADUADA EM GESTÃO PÚBLICA, PÓS-

EASY
GRADUADA EM GESTÃO DE PESSOAS, ESPECIALISTA EM METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR, CONSULTORA, PALESTRANTE E
INSTRUTORA EM LICITAÇÃO, AQUISIÇÕES E FORMAÇÃO DE PREGOEIRO, PROFESSORA DE ADMINISTRAÇÃO, LOGÍSTICA E
LICITAÇÃO, 2°TEN DO EXÉRCITO BRASILEIRO E E-MAIL: MARCELLIMACEDORITTON@GMAIL.COM.BR.
PESQUISA DE PREÇOS NAS LICITAÇÕES:
UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
INSTRUÇÕES NORMATIVAS VIGENTES
O Governo Federal, no período de 2014 a 2021, segundo o portal da
transparência gastou aproximadamente R$ 900 bilhões em orçamento
com licitações, com um total de processos que ultrapassam o
quantitativo de 800 mil processos de aquisições. Grandes partes
desses processos necessitam de pesquisa de preço, mostrando que
apesar do tema sofrer pequenas alterações sua correta aplicação
faz diferença nas contrações públicas. A proble-mática da
pesquisa de preço esbarra em questões que vão além de uma simples
consulta ao mercado.
O responsável pela pesquisa tem que estar atento, fazendo com que
tenha uma análise crítica dos orçamentos selecionados, pois o
mercado de aquisições públicas tem se mostrado instáveis no
sentido de valores por conta do cenário que o objeto está
inserido, por exemplo: variação de câmbio, influência climática,
pandemia e outros aspectos dependendo das peculiaridades das
aquisições. Esse capítulo faz uma revisão bibliográfica do
arcabouço jurídico sobre o tema, utilizado como metodologia
qualitativa, para que fosse comparados os normativos. Quando
abordamos o assunto pesquisa de preço precisamos analisar a Lei
n° 8666/93 que é responsável pelo normativo das aquisições, por
ser a Lei de Licitação, Aquisição e Contratos, como apresenta o
artigo 15.
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: (Regulamento) (Regulamento)
(Regulamento) (Vigência) I - atender ao princípio da padronização, que imponha
compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o
caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; II - ser
processadas através de sistema de registro de preços; III - submeter-se às condições de
aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado; IV - ser subdivididas em tantas
parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiari-dades do mercado, visando
economicidade; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades
da Administração Pública. § 1° O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de
mercado. § 2° Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da
Administração, na imprensa oficial. § 3° O sistema de registro de preços será
regulamentado por decreto, aten-didas as peculiaridades regionais, observadas as
seguintes condições:I - seleção feita mediante concorrência; II - estipulação prévia do
sistema de controle e atua-lização dos preços registrados; III - validade do registro
não superior a um ano. § 4° A existência de preços registrados não obriga a
Administração a firmar as con-tratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada
a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo
assegurado ao benefici-ário do registro preferência em igualdade de condições. § 5° O
sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, deverá ser
informatizado. § 6° Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do
quadro ge-ral em razão de incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado. (BRA-
SIL,1993)

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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
INSTRUÇÕES NORMATIVAS VIGENTES
Conforme exposto no Acórdão nº 4.013/2008, da 1ª Câmara do Tribunal
de Contas da União, que apresenta em seu entendimento que a pesquisa
de mercado seja feita através de, pelo menos, 03 (três) orçamentos
distintos. Tal procedimento, que aparamente parece simples, pode ser
mais trabalhoso do que imaginamos, para elaborar uma pesquisa de
preço os empresários precisam deixar um servidor responsável para
elaborar essa pesquisa que muitas vezes não converte cliente para o
negócio. Segundo Ronny Charles (2013), o empresário tem um dispêndio
de tempo e recursos, sem qualquer benefício dado pelo órgão público
que realizou a solicitação da pesquisa de preços que exigem o
preenchimento de extensas planilhas de custos, como ocorre nas
licitações de serviços contínuos com dedicação exclusiva de mão de
obra e que no final não contratam aquelas empresas, por isso o preço
fica sobrecarregado.
Mostrando que o fornecedor pode se beneficiar com a apresentação da
proposta quando enviada com valor fictício, o que aumenta o valor da
licitação e d alguma forma o beneficia e causa uma incoerência para
administração pública ao sustentar o valor pesquisa. Por isso a
importância do estudo do tema, que vem sendo discutido dentro da Lei
n° 8666/93 e com passar dos anos foi evoluindo até chegar à Lei n°
14133/21. Nesses capítulos vamos entender essa evolução normativa.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este primeiro tópico é um referencial teórico que tem por objetivo


discorrer acerca dos conceitos de pesquisa de preço, por meio de uma
analise comparativa da legislação e uma revisão bibliográfica.

2.1. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 05/2014

A criação da Instrução Normativa n° 5/2014, foi elaborado para ajudar


a diminuir as barreiras encontradas pelos servidores responsáveis em
realizar a pesquisa de mercado junto ao fornecedor. Normativo que
dispõe sobre os procedimentos administrativos básicos para a
realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e
contratação de serviços em geral, a pesquisa de preços possui a
finalidade de estimar o valor do objeto para demostrar seus custos,
para análise quanto à existência de recursos orçamentários
suficientes para a aquisição e/ou contratação de pagamento de
despesa.
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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
INSTRUÇÕES NORMATIVAS VIGENTES
A pesquisa de preços não pode se confundida com a cotação
eletrônica que tem outra finalidade. A cotação eletrônica é foi
criada com a necessidade de dotar de maior transparência os
processos de aquisição de bens de pequeno valor, por dispensa de
licitação, com fundamento no Inciso II do Art. 24 da Lei nº
8.666, 21 de junho de 1993. Buscando ainda, a redução de custos,
em função do aumento da competitividade e a racionalização dos
procedimentos, propiciando maior agilidade aos referidos
processos de aquisição. E a pesquisa de preço visa atender a
legislação vigente no que tange a formação de preços. Ou seja, a
Administração não deve adquirir produtos e/ou serviços com preços
superfaturados os quais possam ser oriundos de preços diferentes
dos praticados no mercado.
A Lei de licitações é clara quanto a necessidade de apresentação
concreta de preços junto ao mercado no qual o objeto está
inserido. Na Lei n° 8666/93, no seu artigo Art. 40, X, e 43, IV
apresenta essa necessidade, conforme.

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da
repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo
da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para
recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos
envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (…)X- o critério de
aceitabilidade dos preços unitários e global, conforme o caso; (…) Art. 43. A
licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:
(…) IV- verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e,
conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial
competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os quais
deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis;

Outra legislação que solicita é a Constituição Federal de 1988,


que apresenta em seu o art. 37, inciso XXI, normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Nessa legislação as implantações dos parâmetros
foram uma inovação nas compras públicas.

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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS
INSTRUÇÕES NORMATIVAS VIGENTES
No seu artigo II, os parâmetros apresentados na instrução normativa
foram: painel de preço com parâmetro I; contratações similares de
outros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e
oitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços; site mídia
especializada no parâmetro III; e pesquisa com os fornecedores com
o parâmetro IV. Lembrando que o normativo pede para priorizar os
parâmetros I e II, isso significa que não que deva excluir os
demais, mas sim colocar uma ordem de preferência que deverá ser o
último a ser consultado, desde que esgotadas as possibilidades
anteriores.
Essa inovação trouxe benefícios para órgão no que tange a pesquisa
de preço melhorando a celeridade dos processos e os entraves nos
processos administrativos fazendo com que os servidores consigam
executar as pesquisas de preços em tempo hábil e conforme a
legislação.

2.2. INSTRUÇÃO NORMATIVA N°73/2020

A Instrução Normativa nº 73/2020, da Secretaria Especial de


Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
Economia, que dispõe sobre o procedimento administrativo de
pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de
serviços em geral, no âmbito da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional. A pesquisa de preço é um processo
obrigatório em vários processos das contratações na Administração
Pública. É a maneira no qual a Administração define o valor
estimado a ser gasto com a contratação pretendida sem que esse
preço esteja acima do valor de referência no mercado.
Quando realizamos uma pesquisa de preço, precisamos analisar alguns
pontos de maneira clara, tais como, a especificação do objeto, a
metodologia e análise do mercado. A instrução normativa n° 73/2020,
apresenta características que devem ser analisadas ao realizar uma
pesquisa de mercado. A instrução normativa n° 73/2020, inovou ao
revogar a instrução normativa n° 05/2014, com o objetivo de
modernizar e instruir com a pesquisa de preço deve ser realizado no
âmbito da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional.

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A instrução normativa n° 73/2020, mostrou inovação bastante
objetiva com relação a instrução normativa n° 05/2014. Uma das
principais alterações dispostas no novo instrumento nos § 2° e 3º
do artigo 1º da Instrução Normativa n° 73/2021:

§ 2º Os órgãos e entidades da administração pública estadual, distrital ou


municipal, direta ou indireta, quando executarem recursos da União decorrentes de
transferências voluntárias, deverão observar os procedimentos para realização de
pesquisa de preço de que trata esta Instrução Normativa.§ 3º Para aferição da
vantajosidade das adesões às atas de registro de preços, deverá ser observado o
disposto nesta Instrução Normativa. (INSTRUÇÃO NORMATIVA n° 73/2021)

Na instrução normativa n° 05/2014, não havia de maneira exposta que


os órgãos da administração pública estadual, distrital ou municipal
necessitam aplicar os normativos com os repasses da união. O que
existia dava margem para esse órgão utilizarem seus próprios
normativos o que tornavam uma situação confortável para essa
administração.
A instrução normativa n° 73/2020 estes órgãos e entidades se
encontram vinculados à normativa, ou seja, obrigados a observar as
suas disposições nas hipóteses em que estiverem utilizando recursos
federais decorrentes de transferências voluntárias. Outro ponto
importante que a instrução normativa n° 73/2020 apresentou foram às
definições claras sobre o entendimento de preço estimado, máximo e
sobrepreço, para evitar discrepância com entendimentos aplicados na
pesquisa de preço, conforme disposto no artigo 2°.

Art. 2º Para fins do disposto nesta Instrução Normativa considera-se: I - preço


estimado: valor obtido a partir de método matemático aplicado em série de preços
coletados, podendo desconsiderar, na sua formação, os valores inexequíveis,
inconsistentes e os excessivamente elevados; II - preço máximo: valor de limite
que a administração se dispõe a pagar por determinado objeto, levando-se em
consideração o preço estimado, os aspectos mercadológicos próprios à negociação
com o setor público e os recursos orçamentários disponíveis; e III - sobrepreço:
preço contratado em valor expressivamente superior aos preços referenciais de
mercado.

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A pesquisa de preço é uma etapa do processo que pertence à fase
interna do processo, por isso a Instrução Normativa n° 73/2020
apresentou como deve ser elaborada e às in-formações deve conter no
relatório da pesquisa. Ela apresentou alguns pontos, como forma-
lização, critérios, parâmetros e metodologia para que o responsável
possa elaborar seu relatório baseado nas informações da instrução
normativa, conforme previsto no capítulo II.
A Instrução Normativa n° 73/2020 em seu artigo 3° apresenta uma
formalidade maior na pesquisa de preço um relatório mais completo
com informações mínimas do que vai ser adquirido, tais como, a
identificação do responsável pela cotação, a descrição das fontes
da pesquisa, os preços coletados, o método adotado na pesquisa para
se definir o valor estimado e as justificativas para a metodologia
adotada. Outro ponto importante a ser observado está no seu artigo
4°, que aborda os critérios da pesquisa.

Art. 4º Na pesquisa de preços, sempre que possível, deverão ser observadas as


condições comerciais praticadas, incluindo prazos e locais de entrega, instalação e
montagem do bem ou execução do serviço, formas de pagamento, fretes, garantias
exigidas e marcas e modelos, quando for o caso.

Nesse artigo o legislador abordou pontos relevantes dentro da


pesquisa que devem ser considerados. No artigo 5°, a legislação
aborda os parâmetros de pesquisa, onde apresentou uma os mesmo
parâmetros conhecidos na Instrução Normativa n°05/2014, apenas com
algumas modificações.

Art. 5º A pesquisa de preços para fins de determinação do preço estimado em pro-


cesso licitatório para a aquisição e contratação de serviços em geral será
realizada mediante a utilização dos seguintes parâmetros, empregados de forma
combinada ou não:I - Painel de Preços, disponível no endereço eletrônico
gov.br/paineldeprecos, desde que as cotações refiram-se a aquisições ou
contratações firmadas no período de até 1 (um) ano anterior à data de divulgação do
instrumento convocatório;II - aquisições e contratações similares de outros entes
públicos, firmadas no período de até 1 (um) ano anterior à data de divulgação do
instrumento convocatório;III - dados de pesquisa publicada em mídia especializada,
de sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que atualizados no
momento da pesquisa e compreendidos no intervalo de até 6 (seis) meses de
antecedência da data de divulgação do instrumento convocatório, contendo a data e
hora de acesso; ou IV - pesquisa direta com fornecedores, mediante solicitação
formal de cotação, desde que os orçamentos

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considerados estejam compreendidos no intervalo de até 6 (seis) meses de
antecedência da data de divulgação do instrumento convocatório.§1º Deverão ser
priorizados os parâmetros estabelecidos nos incisos I e II. § 2º Quando a
pesquisa de preços for realizada com os fornecedores, nos termos do inciso IV,
deverá ser observado: I - prazo de resposta conferido ao fornecedor compatível
com a complexidade do objeto a ser licitado; II - obtenção de propostas formais,
contendo, no mínimo: a) descrição do objeto, valor unitário e total; b) número do
Cadastro de Pessoa Física - CPF ou do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ
do proponente; c) endereço e telefone de contato; e d) data de emissão. III -
registro, nos autos da contratação correspondente, da relação de fornecedores que
foram consultados e não enviaram propostas como resposta à solicitação de que
trata o inciso IV do caput.

No artigo 6°, ela apresenta a metodologia que deve seguida para


encontrar o preço final e qual o método deve ser adotado. Nesse
artigo o método deve ser escolhido, tais como, a média, a mediana
ou o menor dos valores obtidos na pesquisa de preços. Após a
escolha o pesquisador deve justificar e usar pelo menos um conjunto
de três ou mais preços, oriundos de um ou mais dos parâmetros de
que trata o artigo 5º, desconsiderados os valores inexequíveis,
inconsistentes e os excessivamente elevados.
Para considerar os preços inexequíveis inconsistentes e os
excessivamente elevados, deverão ser adotados critérios
fundamentados e descritos no processo administrativo. Apenas será
considerado o valor estimado com base em menos de três preços,
desde que devidamente justificada nos autos pelo gestor responsável
e aprovado pela autoridade competente.
No capítulo III, que aborda regras específicas, temos a
inexigibilidade de Licitação que é considerada uma forma de
contratação direta, esses processos administrativos são diferentes,
pois necessitam de justificativa e apresentação do preço praticado
no mercado, conforme artigo 7°.
CAPÍTULO III - REGRAS ESPECÍFICAS - Inexigibilidade de licitação - Art. 7º Os
processos de inexigibilidade de licitação deverão ser instruídos com a devida
justifica-tiva de que o preço ofertado à administração é condizente com o
praticado pelo mer-cado, em especial por meio de:I - documentos fiscais ou
instrumentos contratuais de objetos idênticos, comercializados pela futura
contratada, emitidos no período de até 1 (um) ano anterior à data da autorização
da inexigibilidade pela autoridade competente;II - tabelas de preços vigentes
divulgadas pela futura contratada em sítios eletrônicos especializados ou de
domínio amplo, contendo data e hora de acesso.§1º Poderão ser utilizados outros
critérios ou métodos, desde que devidamente justificados nos autos pelo gestor
responsável e aprovados pela autoridade competente.§2º Excepcionalmente

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caso a futura contratada não tenha comercializado o objeto anteriormente, a


justificativa de preço de que trata o caput pode ser realizada com objetos
de mesma natureza.§3º Caso a justificativa de preços aponte para a
possibilidade de competição no mercado, vedada está a inexigibilidade. § 4º
O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, às hipóteses de dispensa
de licitação, em especial as previstas nos incisos III, IV, XV, XVI e XVII
do artigo 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Para as contratações de itens de Tecnologia da Informação e


Comunicação – TIC, o artigo 8º, apresenta que os preços precisam
seguir a padronização da Secretaria de Governo Digital da
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital, através dos Catálogos de Soluções de TIC usando o
parâmetro máximo o Preço Máximo de Compra de Item de TIC - PMC-
TIC, salvo se a pesquisa de preços realizados resultarem em valor
inferior ao PMC-TIC. No artigo 9°, as contratações de serviços com
dedicação de mão de obra exclusiva, devem ser aplicadas o disposto
na Instrução Normativa nº 5, de 26 de maio de 2017.
No capítulo IV, a Instrução Normativa apresenta as disposições
finais, no artigo 10°, o preço máximo a ser praticado na
contratação poderá assumir valor distinto do preço estimado na
pesquisa de preços. É ainda fica vedado qualquer critério
estatístico ou matemático que incida a maior sobre os preços
máximos. Conforme a Instrução Normativa, o “preço máximo poderá
ser definido a partir do preço estimado na pesquisa de preço,
acrescido ou subtraído de determinado percentual, de forma
justificada. O percentual que deve ser definido de forma a aliar a
atratividade do mercado e a mitigação de risco de sobrepreço.”
Esses foram às inovações apresenta na Instrução Normativa que fez
com que a pesquisa de preço apresentasse inovações para o governo
e mais transparência nos preços praticados.

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2.3. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 65/2021

Em 2021, o governo lançou a Instrução Normativa n° 65/2021, que


apresentou o texto inicial baseado na Instrução Normativa
n°73/2020 apresentando alguns pontos de diferença como a
utilização da matriz de alocação de riscos, que diz que “o cálculo
do valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco
compatível com o objeto da licitação e os riscos atribuídos ao
contratado”. Assim, a metodologia adotada deve ser de acordo com o
Caderno de Logística, elaborado pela Secretaria de Gestão da
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital
do Ministério da Economia.
Outro ponto que inovou nessa instrução foram os parâmetros de
pesquisa com adoção do quinto parâmetro pesquisa na base nacional
de notas fiscais. A Instrução Normativa continuou priorizando os
parâmetros I e II e solicitando justificativa para os demais é
apresentado alguns critérios com relação ao fornecedor que
apresenta proposta para compor a pesquisa, conforme artigo 5°
Art. 5º A pesquisa de preços para fins de determinação do preço estimado em processo
licitatório para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral será
realizada mediante a utilização dos seguintes parâmetros, empregados de forma
combinada ou não:I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana do
item correspondente nos sistemas oficiais de governo, como Painel de Preços ou banco
de preços em saúde, observado o índice de atualização de preços correspondente;II -
contratações similares feitas pela Administração Pública, em execução ou concluídas
no período de 1 (um) ano anterior à data da pesquisa de preços, inclusive mediante
sistema de registro de preços, observado o índice de atualização de preços
correspondente;III - dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de tabela de
referência formalmente aprovada pelo Poder Executivo federal e de sítios eletrônicos
especializados ou de domínio amplo, desde que atualizados no momento da pesquisa e
compreendidos no intervalo de até 6 (seis) meses de antecedência da data de
divulgação do edital, contendo a data e a hora de acesso;IV - pesquisa direta com, no
mínimo, 3 (três) fornecedores, mediante solicitação formal de cotação, por meio de
ofício ou e-mail, desde que seja apresentada justificativa da escolha desses
fornecedores e que não tenham sido obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) meses
de antecedência da data de di-vulgação do edital; ou V - pesquisa na base nacional de
notas fiscais eletrônicas, desde que a data das notas fiscais esteja compreendida no
período de até 1 (um) ano anterior à data de divulgação do edital, conforme disposto
no Caderno de Logística, elaborado pela Secretaria de Gestão da Secretaria Especial
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia. § 1º
Deverão ser priorizados os parâmetros estabelecidos nos incisos I e II, devendo, em
caso de impossibilidade, apresentar justificativa nos autos. § 2º Quando a pesquisa
de preços for realizada com fornecedores, nos termos do inciso IV, deverá ser
observado:I - prazo de resposta conferido ao fornecedor compatível com a complexidade
do objeto a ser licitado; II - obtenção de propostas formais, contendo, no mínimo:a)
descrição do objeto, valor unitário e total;

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b) número do Cadastro de Pessoa Física - CPF ou do Cadastro Nacional de Pessoa


Jurídica - CNPJ do proponente; c) endereços físico e eletrônico e telefone de
contato; d) data de emissão; e e) nome completo e identificação do responsável.
III - informação aos fornecedores das características da contratação contidas
no art. 4º, com vistas à melhor caracterização das condições comerciais
praticadas para o objeto a ser contratado; e IV - registro, nos autos do
processo da contratação correspondente, da relação de fornecedores que foram
consultados e não enviaram propostas como resposta à solicitação de que trata o
inciso IV do caput. § 3º Excepcionalmente, será admitido o preço estimado com
base em orçamento fora do prazo estipulado no inciso II do caput, desde que
devidamente justificado nos autos pelo agente responsável e observado o índice
de atualização de preços correspondente.

No aspecto da contratação direta agora a Instrução Normativa


inclui as dispensa o que diferencia da anterior que abordada
apenas as inexigibilidade. Nessa inovação a legislação mostra que
quando não for possível estimar o valor do objeto na forma
estabelecida nos parâmetros,

“a justificativa de preços será dada com base em valores de contratações de


objetos idênticos, comercializados pela futura contratada, por meio da
apresentação de notas fiscais emitidas para outros contratantes, públicos ou
privados, no período de até 1 (um) ano anterior à data da contratação pela
Administração, ou por outro meio idôneo.”

Ainda apresenta que caso a futura contratada não tenha


comercializado o objeto anteriormente, a justificativa de preço
poderá ser realizada com objetos semelhantes de mesma natureza,
devendo apresentar especificações técnicas que demonstrem
similaridade com o objeto pretendido. Apresenta vedações
importantes para contratação por inexigibilidade que apresente a
possibilidade de competição.
Nas disposições finais também tem inovações, conforme apresenta o
artigo 10° que fala do tema orçamento sigiloso que diz que
necessita de justificativa sem prejuízo da divulgação do
detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias
para a elaboração das propostas, só não é aplicado se o critério de
julgamento for por maior desconto. Essa são as principais
diferenças com relação as Instruções Normativas anteriores
apresentada esse capítulo.

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3. CONCLUSÃO

O presente capítulo procurou apresentar às inovações das


legislações que regem a temática da pesquisa de preço mostrando sua
aplicação prática no âmbito da Administração Pública Federal,
pautada pelo planejamento, a inovação, eficiência e celeridade
podem ser beneficiadas com aplicação da legislação. Pode-se afirmar
que as inovações apresentam ganhos de eficiência para o processo,
principalmente, melhorando a agilidade e economia de recursos
aplicados para produção de processos administrativos.
Fica evidente que o avanço da legislação foi um grande salto para
as compras públicas, apresentando de forma clara os benefícios, com
a sua implantação. O tema não esgota os estudos sobre tema, mas sim
apresenta uma percepção conceitual de implantação das inovações
associadas à pesquisa de preço. Apesar de grandes inovações na
pesquisa de preço, estudos mais profundos deveram ser realizados
para que a ferramenta possa ser implantada com excelente preço e
mostrando a realidade do mercado com relação ao preço.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. São


Paulo: Manole, 2004.
________. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília,
1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e das outras providências. [S. l.], 11 out. 2019.
________. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações
e Contratos Administrativos.
________. Instrução Normativa n. 73/2020. Pesquisa de preço. Site:
https://www.zenite.blog.br/wp-
content/uploads/2020/08/QuadroComparativo_IN-73_2020-IN-5_2014.pdf
________. Instrução Normativa n. 65/2021. Pesquisa de preço.
TORRES, Ronny Charles Lopes de BALTAR NETO, Fernando Ferreira.
Direito Administrativo. Coleção Sinopse para Concursos. 10ª Ed.
Salvador: JusPodivm. p. 305.

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CAPÍTULO 04
PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°

14133/21

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TRUST
PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
14133/21
Marcelli Ritton Macedo 1
Marcelo Lopes Evangelista²
RESUMO
O presente capitulo apresenta uma análise histórica sobre a
utilização do pregão eletrônico, uma vez que sua aplicação deve
estar sintonizados com as novas práticas implementadas pelo Governo
Federal. A fase metodológica baseou-se em uma pesquisa
bibliográfica sobre o histórico do pregão e implantação Decreto n°
10024/19 e Lei n° 14133/21, como forma de contribuição,
participação e desenvolvimento das compras públicas, com o intuito
de facilitar e aperfeiçoar a eficiência da Administração Pública.
As inovações associadas ao pregão eletrônico com passar dos anos
foram de extrema importância na Administração Pública. Por fim, a
implantação do pregão eletrônico contribui para a melhoria na
entrega dos serviços públicos, no que tange a qualidade e a
eficiência, à medida que os gestores da Administração se
aperfeiçoam, buscando a maior transparência e proposta mais
vantajosa para administração pública.

1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios para os gestores públicos é como gerir e


administrar recursos e prestar serviços de qualidade para
população. A administração pública é regida por várias legislações
e princípios que a norteiam, como: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência. No Brasil, em 1862, foi
criado o primeiro Decreto n° 2.926/1862, assinado pelo ministro
Manoel Felizardo de Souza e Mello e rubricado pelo imperador Pedro
II (Senado,2019). Anos depois, o presidente Epitácio Pessoa
sancionou o Decreto 4.536/1922, que estabelecia regras para o
empenho da despesa, a assinatura de contrato e a realização da
concorrência (Senado,2019).

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1MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO. BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO, TECNÓLOGO EM LOGÍSTICA, LICENCIADA EM PEDAGOGIA, PÓS-GRADUADA EM
DIREITO ADMINISTRATIVO, PÓS-GRADUADA EM ADMINISTRAÇÃO, PÓS- GRADUADA EM GESTÃO PÚBLICA, PÓS-GRADUADA EM GESTÃO DE
P E S S O A S , E S P E C I A L I S T A E M M E T O D O L O G I A D O E N S I N O S U P E R I O R , C O N S U L T O R A , P A®
LESTRANTE E INSTRUTORA EM LICITAÇÃO,

EASY
AQUISIÇÕES E FORMAÇÃO DE PREGOEIRO, PROFESSORA DE ADMINISTRAÇÃO, LOGÍSTICA E LICITAÇÃO, 2°TEN DO EXÉRCITO BRASILEIRO
E E- MAIL: MARCELLIMACEDORITTON@GMAIL.COM.BR.
2MILITAR DO EXÉRCITO BRASILEIRO. ALUNO DE GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA NA UNB. E–MAIL: MARCELO7MG@GMAIL.COM
PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
14133/21
O termo Licitação foi incorporado no período da evolução
democrática de direito, sendo implementado pelo então presidente
Castello Branco, quando da criação do Decreto-Lei n° 200/1967, que
criou algumas modalidades de licitação que passaram a funcionar
como procedimentos prévios à contratação de serviços e à compra de
bens e produtos, tais como: concorrência, tomada de preços e
convite (Senado, 2019). No período do presidente José Sarney foi
criado o Decreto-Lei nº 2.300/1986, com normas gerais sobre
licitações e contratos na esfera da administração federal e nesse
mesmo período foi acrescido às modalidades leilão e concurso ao
Decreto-Lei nº 200/1967.
Em 1988, a Constituição Federal estabeleceu a competência da
União para legislar sobre o tema para todos os entes federados.
Ainda tornou constitucional a utilização de processo licitatório,
conforme artigo 37, inciso XXI, para os casos especificados na
legislação e que as obras, serviços, compras e alienações deverão
ser contratados mediante processo prévio de licitação pública
(Brasil, 2004). Em 1993, foi criada a lei de licitações e
contratos da Administração Pública, Lei n° 8.666, de 21 de junho
do mesmo ano, onde foram estabelecidas as regras gerais de
licitação e contratos. No Art. 22, foram estipuladas as
modalidades a serem adotadas, tais como: concorrência, tomada de
preços, convite, concurso e leilão (Brasil, 1993).
A modalidade denominada pregão foi instituída em 2002 com a
criação da Lei n° 10.520/02, que utilizou como alicerce para a
formação de sua base, a Lei n° 9.472/1997 - Lei Geral de
Telecomunicações, que constituiu um regime próprio de contratações
para a ANATEL (SENADO, 2019). Em 2000, foi criado o Decreto n°
3.555, pelo qual possibilitou à Administração Pública Federal
utilizar a modalidade pregão na forma presencial. Após este fato o
governo criou, em 2002, a supracitada Lei nº 10.520, no dia 17 de
julho, visando regular a modalidade pregão no âmbito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, para a aquisição de bens
e serviços comuns.

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PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
14133/21
Em 2005, cria o Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005, que
regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens
e serviços comuns, e dá outras providências. O Decreto nº 5.504,
de 5 de agosto de 2005, instituiu ainda a exigência de utilização
do pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para entes
públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços comuns,
realizadas em decorrência de transferências voluntárias de
recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou
instrumentos congêneres, ou consórcios públicos (Brasil, 2005).
Em 23 de setembro de 2019, foi criado o Decreto 10.024, que
revoga os Decretos nº 5.450 e o nº 5.504 ambos de 2005.
A modalidade pregão implementou mudanças nos procedimentos
administrativos e nas compras públicas, Santana (2014) expõe que
o pregão e gestão fiscal são responsáveis pelas mudanças nos
processos administrativos do Brasil. E diz ainda que a
implementação renderá bons frutos para toda a sociedade
brasileira. Diante deste contexto, tem-se o entendimento que o
objetivo geral deste estudo é apresentar ao leitor as comparações
entre o Decreto n°3.555/00 e o Decreto n° 10.024/19 e suas
principais alterações na modalidade licitatória denominada
pregão.
A Lei n° 14.133 de 1° de abril de 2021, foi criada para revogar a
Lei nº 8.666/93, bem como a Lei nº 10.520/2002 e o regime
diferenciado de contratações públicas. Segundo a Lei n°
14.133/21, as modalidades estão prevista no artigo 28 que
denomina como modalidade o pregão, a concorrência, concurso,
leilão e o diálogo competitivo.
A figura do pregão vem exposta no artigo 28, inciso I,
apresentando o que estava disposto na Lei n° 10.520/2002, é
modalidade obrigatória de licitação para a aquisição de bens e
serviços que possam ser descritos de forma minuciosa e objetiva
no instrumento de edital, de forma usual no mercado, de quem
oferecer o menor preço ou maior desconto (BRASIL, 2021). A Lei
n° 14.133/21 não detalhou a modalidade pregão eletrônico, mas sim
espalhou as informações da modalidade, como no caso da seção V,
artigo 52 que aborda sobre sistema de registro de preço que
abrange a modalidade pregão eletrônico.

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PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este primeiro tópico é um referencial teórico que tem por objetivo


discorrer acerca dos conceitos de pregão eletrônico e sua evolução
histórica, por meio de uma revisão bibliográfica.

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA MODALIDADE PREGÃO

A modalidade pregão foi instituída no ano de 1997, com a criação


da Lei Geral de Telecomunicações n° 9.472, de 16 de julho do mesmo
ano, para a Agência Nacional de Telecomunicações, uma autarquia
federal, integrante da Administração Pública Federal indireta,
submetida a regime especial autárquico, em conformidade com as
políticas e diretrizes do governo federal (Brasil, 1997). Órgão
esse com autonomia administrativa e que no período de 1997 passou
a possuir independência administrativa para legislar sobre o
assunto para as entidades públicas brasileiras, assim constituindo
um regime para suas contratações.
O surgimento do pregão era restrito para Anatel, após o surgimento
dos resultados, dois anos depois o Governo Federal optou por
ampliar a modalidade para a Administração Pública (Brasil, 1997).
Por instrumento de Medida Provisória nº 2.026, de 04 de maio de
2000, foi instituído no âmbito da União, nos termos do art. 37,
inciso XXI, da Constituição Federal, a modalidade de licitação
denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns
(SENADO, 2019).
No mesmo período o Governo Federal lançou o Decreto nº 3.555, de 8
de agosto de 2000, aprovando o regulamento para a modalidade de
licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços
comuns. Nessa legislação o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão estabelece nos seus artigos 1 e 2 que:

"[...]Art. 1º Este Regulamento estabelece normas e procedimentos


relativos à licitação na modalidade de pregão, destinada à aquisição
de bens e serviços comuns, no âmbito da União, qualquer que seja o
valor estimado. Parágrafo único.

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PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
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Subordinam-se ao regime deste Regulamento, além dos órgãos da
administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as
fundações, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
as entidades controladas direta e indiretamente pela União. Art.
2º Pregão é a modalidade de licitação em que a disputa pelo
fornecimento de bens ou serviços comuns é feita em sessão pública,
por meio de propostas de preços escritas e lances verbais. [...]"
No Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2000, inicialmente o
governo ainda faz menção em seu § 2° ao "termo bens e serviço
comuns", considerando objetos cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser concisa e objetivamente definidos no objeto
do edital, em perfeita conformidade com as especificações usuais
praticadas no mercado e dispondo de uma lista com a relação de
serviços comuns (BRASIL, 2000).
Com a reedição do Decreto esse termo passou a ter outro
significado, nos dias atuais passa a ser considerado ainda em seu
§ 2° como "aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam
ser objetivamente definidos no edital, por meio de especificações
usuais praticadas no mercado", redação alterada 10 anos depois
pelo Decreto nº 7.174, de 2010. Dois anos após a implantação do
Decreto n° 3.555/00, o Governo Federal cria a Lei n° 10.520, de 17
de julho de 2002, que institui, no âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns (Brasil, 2002).
Em 2005, foi criado o Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005,
que regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de
bens e serviços comuns. Em seu Art. 1º, o Decreto menciona que a
"modalidade de licitação pregão, na forma eletrônica, de acordo
com o disposto no § 1º do art. 2º da Lei nº 10.520, de 17 de julho
de 2002, destina-se à aquisição de bens e serviços comuns, no
âmbito da União e submete-se ao regulamento estabelecido neste
Decreto", estipulando quem deve utilizar e como utilizar,
descrevendo em seu Parágrafo único o que se segue:
"[...]além dos órgãos da administração pública federal direta, os
fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União[...]" (BRASIL,2005).

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No período mencionado acima, o Governo Federal instituí o Decreto
nº 5.504, de 5 de agosto de 2005, que estabelece a exigência de
utilização do pregão, preferencialmente na forma eletrônica, para
entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços
comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias
de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou
instrumentos congêneres, ou consórcios públicos (Brasil, 2005).
Em 2019, foi criado o Decreto n° 10.024, de 23 de setembro de
2019, que revoga em seu Art. 60 os Decreto nº 5.450, de 31 de
maio de 2005 e Decreto nº 5.504, de 5 de agosto de 2005. Existe
ainda um outro tipo de Pregão, denominado SRP, que foi instituído
pelo Decreto n° 3.931, de 19 de setembro de 2001, revogado pelo
Decreto n°7.892, de 23 de janeiro de 2013, que regulamenta o
Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.
O sistema de registro de preços - SRP, é um conjunto de
procedimentos para o registro formal de preços relativos à
prestação de serviços e à aquisição de bens, para contratações
futuras (SANTANA, 2014). A característica que vincula o registro
de preços ao pregão é que este sistema somente pode ser utilizado
pelas modalidades denominadas concorrência e pregão, que a
vigência da ata de registro de preço é de no máximo 12 (doze)
meses e que após assinada, a ata deve ser publicada para que as
obrigações firmadas possam ser exigidas dos signatários
(BRASIL,2013).
Em 2021, a Lei n° 14.133/21 apresentou a modalidade pregão
eletrônico em seu contexto, pois sua vigência substituíra as Leis
n° 8.666/93 e 10.520/00 que tratam sobre o tema. A Lei n°
14.133/21, cita o pregão com sua modalidade no artigo 28, mas não
define por completo seu significado. O legislador criou as
modalidades e separou os assuntos por fase, conforme previsto no
artigo 17 Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em
sequência: I – preparatória; II - de divulgação do edital de
licitação; III - de apresentação de propostas e lances, quando for o
caso; IV - de julgamento; V - de habilitação; VI – recursal; VII - de
homologação. § 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo
poderá, mediante ato motivado com explicitação dos benefícios
decorrentes, anteceder as fases referidas nos incisos III e IV do
caput deste artigo, desde que expressamente previsto no edital de
licitação. § 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a
forma eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que
motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada em
áudio e vídeo.

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. § 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso IV
do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá, em relação
ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análise e avaliação da
conformidade da proposta, mediante homologação de amostras, exame de
conformidade e prova de conceito, entre outros testes de interesse da
Administração, de modo a comprovar sua aderência às especificações
definidas no termo de referência ou no projeto básico. § 4º Nos
procedimentos realizados por meio eletrônico, a Administração poderá
determinar, como condição de validade e eficácia, que os licitantes
pratiquem seus atos em formato eletrônico. § 5º Na hipótese excepcional
de licitação sob a forma presencial a que refere o § 2º deste artigo, a
sessão pública de apresentação de propostas deverá ser gravada em áudio e
vídeo, e a gravação será juntada aos autos do processo licitatório depois
de seu encerramento. § 6º A Administração poderá exigir certificação por
organização independente acreditada pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) como condição para aceitação
de: I - estudos, anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos; II
- conclusão de fases ou de objetos de contratos; III - material e corpo
técnico apresentados por empresa para fins de habilitação. (BRASIL,
2021).

Outro ponto importante que Lei n° 14.133/21 apresentou foi o


significado de termo de referência e projeto básico que era algo
diferente dentro da modalidade. Na Lei n° 14.133/21 ficou
unificado e apresento distinções práticas entre os termos,
colocando o termo de referencia para todos os processos e
acrescentando projeto básico apenas para obra ou serviço de
engenharia. Ainda nesta linha o artigo 29 da Lei n° 14133/21
apresentada
Art. 29. A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a
que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o pregão sempre que o
objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de
mercado. Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de
serviços técnicos especializados de natureza predominantemente
intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços de
engenharia de que trata a alínea "a" do inciso XXI do caput do art. 6º
desta Lei.(…) Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: XXI -
serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de atividades
destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de
interesse para a Administração e que, não enquadradas no conceito de obra
a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são estabelecidas,
por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e
engenheiro ou de técnicos especializados, que compreendem: a) serviço
comum de engenharia: todo serviço de engenharia que tem por objeto ações,
objetivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de
manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com
preservação das características originais dos bens; b) serviço especial
de engenharia: aquele que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade,
não pode se enquadrar na definição constante da alínea "a" deste inciso;
XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo
valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais);
(grifo nosso) (BRASIL, 2021).

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A Lei n° 14.133/21 ainda apresentou pontos sobre o modelo do
sistema de registro de preço que também não demostrou grandes
inovações com relação ao Decreto n° 7.892/13 que o decreto que
regulamenta o sistema associado à Lei n° 10.520/02 para pregão
eletrônico com a aplicação do sistema. O artigo 82 a 87 da Lei n°
14.133/21, apresenta que
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará as regras
gerais desta Lei e deverá dispor sobre:I - as especificidades da licitação e
de seu objeto, inclusive a quantidade máxima de cada item que poderá ser
adquirida;II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou, no
caso de serviços, de unidades de medida;III - a possibilidade de prever
preços diferentes:a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais
diferentes;b) em razão da forma e do local de acondicionamento;c) quando
admitida cotação variável em razão do tamanho do lote;d) por outros motivos
justificados no processo;IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não
proposta em quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
nos limites dela;V - o critério de julgamento da licitação, que será o de
menor preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
mercado;VI - as condições para alteração de preços registrados;VII - o
registro de mais de um fornecedor ou prestador de serviço, desde que aceitem
cotar o objeto em preço igual ao do licitante vencedor, assegurada a
preferência de contratação de acordo com a ordem de classificação;VIII - a
vedação à participação do órgão ou entidade em mais de uma ata de registro
de preços com o mesmo objeto no prazo de validade daquela de que já tiver
participado, salvo na ocorrência de ata que tenha registrado quantitativo
inferior ao máximo previsto no edital;IX - as hipóteses de cancelamento da
ata de registro de preços e suas consequências.§ 1º O critério de julgamento
de menor preço por grupo de itens somente poderá ser adotado quando for
demonstrada a inviabilidade de se promover a adjudicação por item e for
evidenciada a sua vantagem técnica e econômica, e o critério de
aceitabilidade de preços unitários máximos deverá ser indicado no edital.§
2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados os parâmetros
estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, a contratação
posterior de item específico constante de grupo de itens exigirá prévia
pesquisa de mercado e demonstração de sua vantagem para o órgão ou
entidade.§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, apenas nas
seguintes situações:I - quando for a primeira licitação para o objeto e o
órgão ou entidade não tiver registro de demandas anteriores;II - no caso de
alimento perecível;III - no caso em que o serviço estiver integrado ao
fornecimento de bens.§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é
obrigatória a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação
de outro órgão ou entidade na ata.§ 5º O sistema de registro de preços
poderá ser usado para a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e
serviços de engenharia, observadas as seguintes condições:I - realização
prévia de ampla pesquisa de mercado;II - seleção de acordo com os
procedimentos previstos em regulamento;III - desenvolvimento obrigatório de
rotina de controle;IV - atualização periódica dos preços registrados;V -
definição do período de validade do registro de preços;VI - inclusão, em ata
de registro de preços, do licitante que aceitar cotar os bens ou serviços em
preços iguais aos do licitante vencedor na sequência de classificação da
licitação e inclusão do licitante que mantiver sua proposta original.§ 6º O
sistema de registro de preços poderá, na forma de regulamento, ser utilizado
nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação para a aquisição
de bens ou para a contratação de serviços por mais de um órgão ou entidade.

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Art. 83. A existência de preços registrados implicará compromisso de
fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará a Administração
a contratar, facultada a realização de licitação específica para a
aquisição pretendida, desde que devidamente motivada. Art. 84. O prazo de
vigência da ata de registro de preços será de 1 (um) ano e poderá ser
prorrogado, por igual período, desde que comprovado o preço vantajoso.
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de preços terá
sua vigência estabelecida em conformidade com as disposições nela contidas.
Art. 85. A Administração poderá contratar a execução de obras e serviços de
engenharia pelo sistema de registro de preços, desde que atendidos os
seguintes requisitos:I - existência de projeto padronizado, sem
complexidade técnica e operacional;II - necessidade permanente ou frequente
de obra ou serviço a ser contratado. Art. 86. O órgão ou entidade
gerenciadora deverá, na fase preparatória do processo licitatório, para
fins de registro de preços, realizar procedimento público de intenção de
registro de preços para, nos termos de regulamento, possibilitar, pelo
prazo mínimo de 8 (oito) dias úteis, a participação de outros órgãos ou
entidades na respectiva ata e determinar a estimativa total de quantidades
da contratação.§ 1º O procedimento previsto no caput deste artigo será
dispensável quando o órgão ou entidade gerenciadora for o único
contratante.§ 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput
deste artigo, os órgãos e entidades poderão aderir à ata de registro de
preços na condição de não participantes, observados os seguintes
requisitos:I - apresentação de justificativa da vantagem da adesão,
inclusive em situações de provável desabastecimento ou descontinuidade de
serviço público;II - demonstração de que os valores registrados estão
compatíveis com os valores praticados pelo mercado na forma do art. 23
desta Lei;III - prévias consulta e aceitação do órgão ou entidade
gerenciadora e do fornecedor. § 3º A faculdade conferida pelo § 2º deste
artigo estará limitada a órgãos e entidades da Administração Pública
federal, estadual, distrital e municipal que, na condição de não
participantes, desejarem aderir à ata de registro de preços de órgão ou
entidade gerenciadora federal, estadual ou distrital. § 4º As aquisições ou
as contratações adicionais a que se refere o § 2º deste artigo não poderão
exceder, por órgão ou entidade, a 50% (cinquenta por cento) dos
quantitativos dos itens do instrumento convocatório registrados na ata de
registro de preços para o órgão gerenciador e para os órgãos
participantes.§ 5º O quantitativo decorrente das adesões à ata de registro
de preços a que se refere o § 2º deste artigo não poderá exceder, na
totalidade, ao dobro do quantitativo de cada item registrado na ata de
registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes,
independentemente do número de órgãos não participantes que aderirem. § 6º A
adesão à ata de registro de preços de órgão ou entidade gerenciadora do
Poder Executivo federal por órgãos e entidades da Administração Pública
estadual, distrital e municipal poderá ser exigida para fins de
transferências voluntárias, não ficando sujeita ao limite de que trata o §
5º deste artigo se destinada à execução descentralizada de programa ou
projeto federal e comprovada a compatibilidade dos preços registrados com os
valores praticados no mercado na forma do art. 23 desta Lei.§ 7º Para
aquisição emergencial de medicamentos e material de consumo médico-
hospitalar por órgãos e entidades da Administração Pública federal,
estadual, distrital e municipal, a adesão à ata de registro de preços
gerenciada pelo Ministério da Saúde não estará sujeita ao limite de que
trata o § 5º deste artigo. § 8º Será vedada aos órgãos e entidades da
Administração Pública federal a adesão à ata de registro de preços
gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal.

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Fica claro que o legislador tentou apresentar os pontos relevantes


do sistema de registro de preço em cinco artigos dentro da Lei n°
14.133/21 trazendo o Decreto para dentro da Lei base de licitações,
aquisições e contratos.

2.2 PREGÕES ELETRÔNICOS PELO DECRETO Nº 5.450/05

A modalidade pregão, em sua forma eletrônica, era regulamentada


pelo Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005 e pelo Decreto nº
5.504, de 5 de agosto de 2005, passando a ser regido pelo Decreto
n° 10.024/19, de 28 de outubro de 2019 (BRASIL, 2019). Santana
(2014) relata que a Lei n° 10.520/02 não regulamenta o pregão na
forma eletrônica existindo assim um vácuo legislativo, e que não é
correto dizer-se ou imaginar se que o regulamento poderia submeter
a gênese do pregão, expressa na Lei n°10.520/02. Para o pregão em
sua modalidade eletrônica, a fase externa do pregão é feita o
credenciamento no sistema eletrônico adotado pelos Órgãos.
Para os Órgãos participantes do SIASG, tais como órgãos da
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional,
deverão usar o sistema do ComprasNet do sítio de compras do próprio
governo federal, para a realização da modalidade na forma
eletrônica (Brasil, 2005). Os demais órgãos e entidades, conforme
mencionados na legislação, podem optar por utilizar outros
sistemas. Jacoby Fernandes (2015), relata que o sistema do Banco do
Brasil é fornecido sem ônus para os usuários e que os órgãos que
desejarem podem optar pelo sistema do ComprasNet.
A sessão do pregão ocorre via sistema, o recebimento das propostas
ocorre com no mínimo 08 dias uteis contados da publicação do Edital
até a abertura do certame, as propostas são sigilosas até o momento
da fase de lances (SANTANA, 2014). O sistema gerencia a fase de
lances, informando os valores para os pregoeiros e mostrando sinais
com um símbolo de mão nas cores vermelha (pior lance), amarela
(lance empatado) e verde (melhor lance) para os fornecedores
(ComprasNet, 2019).

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Na modalidade eletrônica os lances são ofertados pelo menor


valor, não existe obrigatoriedade de dar lances na sessão e
existem tempos estipulados para a etapa. O pregoeiro informa o
encerramento e depois desta etapa abre o tempo de iminência com
duração de 0 a 30 minutos, conforme sua escolha e, por fim,
existe o tempo de encerramento aleatório que o próprio sistema
escolhe a duração, de 0 a 60 minutos (SANTANA, 2014).
Após esta etapa é realizada a negociação com fornecedor para
redução do valor, conforme orientação do § 9º do Decreto
5.450/05, quando a negociação deverá ser realizada por meio do
sistema, podendo ser acompanhada pelos demais licitantes, para
corroborar com esse pensamento, o TCU, por meio do Acórdão
n°222/2004 - 1ª Câmara, informa que a negociação deverá ser feita
apenas com primeiro colocado e caso seja desclassificado, o
pregoeiro poderá negociar com o próximo colocado (TCU,04). A
próxima etapa é a habilitação, quando o fornecedor que ofertou o
menor lance envia a sua proposta atualizada, bem como os seus
documentos de habilitação para análise do pregoeiro e equipe de
apoio, conforme determinação prevista na Lei n° 8.666/93, artigo
33, associado com os artigos de 14 a 16 do Decreto n°5.450/05
(BRASIL, GESTÃO E INOVAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA 30
1993).
Para os fornecedores que se enquadram na Lei Complementar nº
123/2006, existem enquadramentos e definições especificam em todo
o certame, conforme Lima (2008, p. 19) relata que o tratamento
diferenciado concedido às ME e EPP, objetiva a promoção do
desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e
regional, ampliação da eficiência das políticas públicas e o
incentivo à inovação tecnológica. A fase recursal é feita via
sistema, após declaração do vencedor e o Decreto n°5.450/05, em
seu artigo 26, informa que o prazo para o recurso será de 03 dias
para razão, 03 dias para contrarrazões ambos feitos por meio do
sistema eletrônico.

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Na lei do pregão não existe um prazo estimado para resposta do
recurso, com isso utiliza-se o prazo estipulado na Lei n°9.784,
de 29 de janeiro de 1999, em seu artigo 24, dispondo que
"Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou
autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele
participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo
motivo de força maior" (Brasil, 1999).
A fase de Adjudicação é aquela que formaliza o vencedor do
certame, Jacoby Fernandes (2015) informa que na modalidade
pregão, essa fase deve ser executada pelo pregoeiro, caso não
haja recurso. No caso de haver interposição de recurso, a
autoridade superior é quem deverá adjudicar. A Homologação vem
logo em seguida e é realizada pela autoridade superior do Órgão,
servindo como confirmação da regularidade e legalidade do
procedimento. A partir desse ato, a autoridade superior ao
pregoeiro responde pelos atos praticados no certame (JACOBY
FERNANDES, 2015). Assim, uma vez realizada a homologação, a
divulgação do resultado e a assinatura da ata do certame, é
finalizado o processo licitatório e encaminhado para a gestão de
contratos.

2.3 DECRETO N° 10.024/19 E SUAS CARACTERÍSTICAS E INOVAÇÕES

O Decreto n° 10.024, de 23 de setembro de 2019, regulamenta os


novos procedimentos para a realização do pregão eletrônico nas
aquisições de bens e contratações de serviços comuns, inclusive
serviços comuns de engenharia, bem como dispõe sobre o uso da
dispensa eletrônica, no âmbito da administração pública federal
(DECRETO, 2019).
O novo Decreto trouxe 27 (vinte e sete) alterações/ inovações em
relação ao Decreto nº 3.555/05 e marca a evolução e a inovação
para as compras públicas por meio da modalidade pregão, na forma
eletrônica. Em seu § 1º do Art. 1°, a utilização da modalidade
pregão, na forma eletrônica, passa a ser obrigatória pelos órgãos
da administração pública federal direta, pelas autarquias, pelas
fundações e pelos fundos especiais. Quando couber, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias
poderão adotar as disposições do decreto (BRASIL, 2019).

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Para a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns em seu
§ 3º do Art. 1°, relata que também poderão: "[...] entes
federativos, com a utilização de recursos da União decorrentes de
transferências voluntárias, tais como convênios e contratos de
repasse, a utilização da modalidade de pregão, na forma eletrônica,
ou da dispensa eletrônica serão obrigatórios, exceto nos casos em
que a lei ou a regulamentação específica que dispuser sobre a
modalidade de transferência discipline de forma diversa as
contratações com os recursos do repasse" (Brasil,2019). O novo
Decreto, só autoriza a forma presencial com justificativa da
autoridade competente, conforme § 4º do Art. 1°, expõe: “... a
utilização da forma de pregão presencial nas licitações de que
trata o caput ou a não adoção do sistema de dispensa eletrônica,
desde que fique comprovada a inviabilidade técnica ou a desvantagem
para a administração na realização da forma eletrônica." (BRASIL,
2019).
Outra inovação deste Decreto é a implementação do princípio de
desenvolvimento sustentável em dimensões econômica, social,
ambiental e cultural, com base nos planos de logística sustentável
dos órgãos e entidades. O Decreto ainda impõe em seu Art. 2º outros
princípios, tais como: "[...] legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da
probidade administrativa, do desenvolvimento sustentável, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo, da
razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade e aos que
lhes são correlatos." (BRASIL, 2019).
Na parte das Definições o novo Decreto, em seu Art. 3°, também traz
algumas mudanças, como a explicação de bens e serviço especiais "
[...] bens que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade
técnica, não podem ser considerados bens e serviços comuns". Outro
aspecto importante neste artigo é a definição do estudo técnico
preliminar, em seu inciso IV, como sendo um documento constitutivo
e elaborado na primeira etapa do planejamento de uma contratação,
caracterizando o interesse público para encontrar a melhor solução
ao problema a ser resolvido.

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Ainda explica em seu inciso V o que são os lances intermediários,
relatando que são lances iguais ou superiores ao menor já ofertado,
porém inferiores ao último lance dado pelo próprio licitante. No
inciso VIII, do Art. 3°, descreve serviço comum de engenharia, como
sendo uma atividade ou conjunto que

"necessitam da participação e do acompanhamento de profissional engenheiro


habilitado, nos termos do disposto na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de
1966, e cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
definidos pela administração pública, mediante especificações usuais de
mercado" (BRASIL, 2019).

A maior inovação deste Decreto vem com significado exposto no Art.


3°, inciso X, que mostra o sistema de dispensa eletrônica, que vem
em substituição ao termo Cotação Eletrônica, previsto pelo Decreto
n°5.450/05 e que essa ferramenta será feita pelo sistema eletrônico
da plataforma do SIASG, disponibilizada pelo Ministério da
Economia, para a realização dos processos de contratação direta de
bens e serviços comuns, incluídos os serviços comuns de engenharia.
Sobre o termo de referência, o Decreto diz que tem de ser baseado
nos estudos técnicos preliminares e conter algumas informações
inerentes ao processo, como a definição do objeto contratual e dos
métodos para a sua execução, o valor estimado do objeto da
licitação demonstrado em planilhas, de acordo com o preço de
mercado; e o cronograma físico-financeiro, caso seja necessário.
Alguns critérios deverão ser observados e constar no processo, tais
como:

"[...]b) o critério de aceitação do objeto; c) os deveres do contratado e do


contratante; d) a relação dos documentos essenciais à verificação da
qualificação técnica e econômico-financeira, se necessária; e) os
procedimentos de fiscalização e gerenciamento do contrato ou da ata de
registro de preços; f) o prazo para execução do contrato; e g) as sanções
previstas de forma objetiva, suficiente e clara. § 1º A classificação de bens
e serviços como comuns depende de exame predominantemente fático e de
natureza técnica. § 2º Os bens e serviços que envolverem o desenvolvimento de
soluções específicas de natureza intelectual, científica e técnica, caso
possam ser definidos nos termos do disposto no inciso II do caput, serão
licitados por pregão, na forma eletrônica[...]" (BRASIL,2019).

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No Decreto, as vedações estão expostas no Art.4°, para uso na forma
eletrônica são para os incisos de I a III, nas contratações de
obras, nas locações imobiliárias e alienações e bens e serviços
especiais, incluídos os serviços de engenharia conforme demostrado
no Decreto. Para a forma de realização, o Art. 5° demostra que será
realizado por meio do endereço eletrônico
www.comprasgovernamentais.gov.br. conforme o inciso II, por
sistemas próprios ou outros sistemas disponíveis no mercado, desde
que estejam integrados à plataforma de operacionalização das
modalidades de transferências voluntárias.
O Art. 6° traz uma inovação em seu inciso III, onde a apresentação
da documentação de habilitação se dará junto com as propostas e, no
inciso IV, a etapa de lance também teve alteração com relação ao
Decreto n° 3555/05. Os critérios de julgamento das propostas também
tiveram alteração no seu Art. 7° e no parágrafo único, com dotação
dos parâmetros mínimos de desempenho e de qualidade, bem como das
diretrizes do plano de gestão de logística sustentável e as demais
condições estabelecidas no edital (BRASIL, 2019).
O Valor estimado ou valor máximo aceitável está disposto no Art.
15, podendo ser sigiloso e quando adotar este aspecto será
disponibilizado de modo exclusivo e permanentemente aos órgãos de
controle externo e interno. No § 1º do Art.15, diz que o "caráter
sigiloso do valor estimado ou do valor máximo aceitável para a
contratação será fundamentado no § 3º do art. 7º da Lei nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011, e no art. 20 do Decreto nº 7.724, de 16
de maio de 2012."(BRASIL,2019).
O valor só será divulgado neste caso conforme § 2º do Art. 15,
tornado público apenas e imediatamente após o encerramento do envio
de lances, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos
quantitativos e das demais informações necessárias à elaboração das
propostas. A Publicação do Edital, constante do seu Art. 20, será
por meio da publicação do aviso do edital no Diário Oficial da
União e no sítio eletrônico oficial do órgão ou da entidade
promotora da licitação. Também podendo ocorrer na imprensa oficial
do respectivo Estado, do Distrito Federal ou do Município e no
sítio eletrônico oficial do órgão ou da entidade promotora da
licitação (BRASIL, 2019).

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Os esclarecimentos também vieram com uma inovação no prazo,
conforme o Art. 23 será enviado até três dias úteis anteriores à
data fixada para abertura da sessão pública, por meio eletrônico,
na forma do edital. E o pregoeiro conforme § 1º do Art. 23,

"responderá aos pedidos de esclarecimentos no prazo de dois dias úteis,


contado da data de recebimento do pedido, e poderá requisitar subsídios
formais aos responsáveis pela elaboração do edital e dos anexos."
(BRASIL, 2019).

A apresentação da proposta e dos documentos de habilitação pelo


licitante está disposta no Art. 26, onde os licitantes
encaminharão, exclusivamente por meio do sistema,
concomitantemente com os documentos de habilitação exigidos no
edital, proposta com a descrição do objeto ofertado e o preço, até
a data e o horário estabelecidos para abertura da sessão pública.
Os licitantes não precisam apresentar os documentos de habilitação
que constem do SICAF e de sistemas semelhantes mantidos pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, quando a
licitação for realizada por esses entes federativos, assegurados
aos demais licitantes o direito de acesso aos dados constantes dos
sistemas. Conforme o § 3º do Art. 26, as propostas serão
acompanhadas dos documentos de habilitação exigidos no edital.
Início da fase competitiva está inserido no Art. 30, onde
classificadas as propostas, o pregoeiro dará início à fase
competitiva, oportunidade em que os licitantes poderão encaminhar
lances exclusivamente por meio do sistema eletrônico.
No § 1º, do Art. 30, o licitante será imediatamente informado do
recebimento do lance e do valor consignado no registro. Modo de
disputa fica relatado no Art. 31, que altera o modo de disputa na
etapa de lances. O Decreto dispõe os seguintes modos: aberto, onde
"licitantes apresentarão lances públicos e sucessivos, com
prorrogações, conforme o critério de julgamento adotado no edital;
ou aberto e fechado, onde licitantes apresentarão lances públicos
e sucessivos, com lance final e fechado, conforme o critério de
julgamento adotado no edital." (BRASIL, 2019).

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Ainda no Parágrafo único, mostra que no "modo de disputa aberto, o


edital preverá intervalo mínimo de diferença de valores ou de
percentuais entre os lances, que incidirá tanto em relação aos
lances intermediários quanto em relação ao lance que cobrir a
melhor oferta." (BRASIL, 2019). O Modo de disputa aberto está
inserido no Art. 32, no qual o modo de disputa aberto, de que trata
da etapa de envio de lances na sessão pública durará dez minutos e,
após isso, será prorrogada automaticamente pelo sistema quando
houver lance ofertado nos últimos dois minutos do período de
duração da sessão pública. No § 1º do Art. 32, dispõem que a
prorrogação automática da etapa de envio de lances, de que trata o
caput, será de dois minutos e ocorrerá sucessivamente sempre que
houver lances enviados nesse período de prorrogação, inclusive
quando se tratar de lances intermediários (BRASIL, 2019).
Nos § 2º e § 3º do Art. 32, não havendo novos lances, a sessão
pública será encerrada automaticamente. Encerrada a sessão pública
sem prorrogação automática pelo sistema, nos termos do disposto no
§ 1º, o pregoeiro poderá assessorado pela equipe de apoio, admitir
o reinício da etapa de envio de lances, em prol da consecução do
melhor preço disposto no parágrafo único do art. 7º, mediante
justificativa (BRASIL, 2019).
Modo de disputa aberto e fechado previsto no Art. 33, é outra
inovação do novo Decreto, onde a etapa de envio de lances da sessão
pública terá duração de quinze minutos. No § 1º no Art. 33, o
sistema encaminhará o aviso de fechamento iminente dos lances e,
transcorrido o período de até dez minutos, aleatoriamente
determinado, a recepção de lances será automaticamente encerrada.
Assim, encerrado o prazo, o sistema abrirá a oportunidade para que
o autor da oferta de valor mais baixo e os autores das ofertas com
valores até dez por cento superiores àquela possam ofertar um lance
final e fechado em até cinco minutos, que será sigiloso até o
encerramento deste prazo. O Decreto ainda explica que:

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"[...]§ 3º do Art. 33, que na ausência de, no mínimo, três ofertas nas
condições de que trata o § 2º, os autores dos melhores lances subsequentes, na
ordem de classificação, até o máximo de três, poderão oferecer um lance final
e fechado em até cinco minutos, que será sigiloso até o encerramento do
prazo.§ 4º Encerrados os prazos estabelecidos nos § 2º e § 3º, o sistema
ordenará os lances em ordem crescente de vantajosidade. § 5º Na ausência de
lance final e fechado classificado nos termos dos § 2º e § 3º, haverá o
reinício da etapa fechada para que os demais licitantes, até o máximo de três,
na ordem de classificação, possam ofertar um lance final e fechado em até
cinco minutos, que será sigiloso até o encerramento deste prazo, observado,
após esta etapa, o disposto no § 4º. § 6º Na hipótese de não haver licitante
classificado na etapa de lance fechado que atenda às exigências para
habilitação, o pregoeiro poderá, auxiliado pela equipe de apoio, mediante
justificativa, admitir o reinício da etapa fechada, nos termos do disposto no
§ 5º.[...]"(BRASIL,2019).

Negociação da proposta prevista no Art. 38, será após etapa de


envio de lances da sessão pública, o pregoeiro deverá encaminhar,
pelo sistema eletrônico, contraproposta ao licitante que tenha
apresentado o melhor preço, para que seja obtida melhor proposta,
vedada a negociação em condições diferentes das previstas no
edital, será feita por meio do sistema e poderá ser acompanhada
pelos demais licitantes. O licitante terá o prazo de duas horas
conforme § 2º do Art. 38, o prazo para envio será, no mínimo, duas
horas, contado da solicitação do pregoeiro no sistema, para envio
da proposta e, se necessário, dos documentos complementares,
adequada ao último lance ofertado após a negociação de que trata o
caput.
O Julgamento da proposta será feito conforme Art. 39, após a etapa
de negociação de que trata o art. 38, o pregoeiro examinará a
proposta classificada em primeiro lugar quanto à adequação ao
objeto e à compatibilidade do preço em relação ao máximo
estipulado para contratação no edital e verificará a habilitação
do licitante conforme disposições do edital (BRASIL,2019). O
procedimento de verificação no Decreto será conforme o Art. 43,
por meio do SICAF, nos documentos por ele abrangidos, quando os
procedimentos licitatórios forem realizados por órgãos ou
entidades integrantes do SISG ou por aqueles que aderirem ao SICAF
(BRASIL,2019).

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Caso a documentação não seja contemplada pelo SICAF, poderá ser


solicitada e enviada via sistema e digital. Para o envio que exija
apresentação de planilha de composição de preços, esta deverá ser
encaminhada exclusivamente via sistema, no prazo fixado no edital,
com os respectivos valores readequados ao lance vencedor
(BRASIL,2019). A Intenção de recorrer e prazo para recurso, ainda
segue o mesmo prazo do Decreto n° 3555/05, no Art. 44, o prazo
concedido na sessão pública, de forma imediata, em campo próprio
do sistema, manifestar sua intenção de recorrer e as razões do
recurso de que trata o caput deverão ser apresentadas no prazo de
três dias e suas contrarrazões, no prazo de três dias, contado da
data final do prazo do recorrente, assegurada vista imediata dos
elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses
(BRASIL,2019).
A Autoridade competente decidira os recursos e constatada a
regularidade dos atos praticados, a autoridade competente
adjudicará o objeto e homologará o procedimento licitatório.
Diante da ausência de recurso, caberá ao pregoeiro adjudicar o
objeto e encaminhar o processo devidamente instruído à autoridade
superior e propor a homologação (BRASIL,2019). Assinatura do
contrato ou da ata de registro de preços, está no Art. 48, após a
homologação, o adjudicatário será convocado para assinar o
contrato ou a ata de registro de preços no prazo estabelecido no
edital. O Decreto ainda diz que:

"[...]§ 1º Na assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, será


exigida a comprovação das condições de habilitação consignadas no edital, que
deverão ser mantidas pelo licitante durante a vigência do contrato ou da ata de
registro de preços. § 2º Na hipótese de o vencedor da licitação não comprovar
as condições de habilitação consignadas no edital ou se recusar a assinar o
contrato ou a ata de registro de preços, outro licitante poderá ser convocado,
respeitada a ordem de classificação, para, após a comprovação dos requisitos
para habilitação, analisada a proposta e eventuais documentos complementares e,
feita a negociação, assinar o contrato ou a ata de registro de preços, sem
prejuízo da aplicação das sanções de que trata o art. 49. [...]" (BRASIL,
2019).

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O sistema de Dispensa Eletrônica, a última inovação do novo
Decreto, será realizada pelo sistema do ComprasNet, conforme Art.
51, para seguintes hipóteses, tais como contratação de serviços
comuns de engenharia, aquisição de bens e contratação de serviços
comuns e aquisição de bens e contratação de serviços comuns,
incluídos os serviços comuns de engenharia (BRASIL,2019). O sistema
ainda não foi regularizado, no seu § 1º do Art. 51, ficará a cardo
do Secretário de Gestão da Secretaria Especial de
Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
Economia regulamentará o funcionamento do sistema de dispensa
eletrônica (BRASIL,2019).
3 CONCLUSÀO

O Pregão Eletrônico tornou-se uma ferramenta que oferece mais


agilidade e transparência para as aquisições de bens e as
contratações dos serviços comuns conforme exposição dos Decretos
analisados e das legislações vigentes. Ao se optar por uma
modalidade licitatória eletrônica para efetuar as aquisições e
serviços para os órgãos públicos, é necessário que a Administração
análise todos os aspectos do objeto e sua classificação no âmbito
da modalidade, admitida os bens e serviços comuns.
O emprego da modalidade em sua forma eletrônica demostra algumas
vantagens para Administração Pública, quer seja na obtenção de
economia nas compras públicas, quer seja na prática de critérios
específicos, como sustentabilidade e desburocratização. Nessa
pesquisa foram apresentados alguns princípios e o contexto
histórico do pregão no Brasil e o aprofundado pela legislação do
Pregão eletrônico, com a exposição metodológica e a análise dos
Leis n° 8.666/93 e n° 14.133/21 e os Decretos n°3.555/05 e
n°10.024/19. Sendo assim, pode-se verificar a vantagem do pregão
por meio das informações obtidas. Embora seja obrigatório para a
administração pública a verificação dos preços praticados no
mercado, por meio da pesquisa de mercado, existe a possibilidade da
oferta de lances durante o certame, o que traz a redução dos
valores anteriormente pesquisado e, no caso do Registro de Preços,
a possibilidade de aquisição planejada para um período maior,
possibilita uma redução substancial, mostrando-se extremamente
vantajosa a utilização da modalidade, na forma eletrônica.

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Salientamos ainda que este estudo não tem qualquer pretensão de
exaurir o tema proposto, mas cumpre o seu papel ao apresentar uma
visão detalhada da aplicação do objeto desta pesquisa,
oportunizando uma visão crítica e analítica acerca do tema pregão
na modalidade eletrônica. Desta forma, conclui-se que é muito
interessante que a Administração Pública (Federal, Estadual,
Municipal e DF) utilize o pregão e que a operação seja na forma
eletrônica, para suas aquisições sempre que for aplicável, pois
assim será possível selecionar a proposta mais vantajosa, ter
agilidade e transparência no processo, além de maior eficiência
nas contratações e geração de economia substancial aos cofres
públicos.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA, Senado. Primeira norma de licitações foi editada no


Império. Site, 11 out. 2019. Disponível em:
ttps://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/07/10/primeira-
norma-delicitacoes-foi-editada-no-imperio. Acesso em: 11 out.
2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. São
Paulo: Manole, 2004.
________. Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília,
1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e das outras providências. [S. l.], 11 out. 2019.

®
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PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
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________. Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Dispõe sobre a
organização dos serviços de telecomunicações, a criação e
funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos
institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995.
[S. l.], 11 out. 2019.
________. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o
processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
[S. l.], 11 out. 2019.
________. Decreto nº 3.555, de 08 de agosto de 2000. Aprova o
Regulamento para a modalidade de licitação denominado pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns. [S. l.], 11 out. 2019.
________. Decreto nº 9.784, de 19 de setembro de 2001. Regulamenta
o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. [S. l.],
11 out. 2019.
________. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a
modalidade de licitação pregão, no âmbito da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI da
Constituição Federal.
________. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações
e Contratos Administrativos.
________. Decreto n°5.450, de 31 de maio de 2005. Regulamenta a
utilização do pregão forma eletrônica para a aquisição de bens e
serviços comuns. [S. l.], 11 out. 2019.
________. Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013. Regulamenta o
Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666,
de 21 de junho de 1993. [S. l.], 11 out. 2019.
________. Decreto nº 10.024, de 20 de setembro de 2019. Regulamenta
a licitação, na modalidade pregão, na forma eletrônica, para a
aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os
serviços comuns de engenharia, e dispõe sobre o uso da dispensa
eletrônica, no âmbito da administração pública federal. [S. l.], 11
out. 2019.
COMPRASNET. Portal de Compras: Legislação. Site, 11 out. 2019.
Disponível em: https://www.comprasgovernamentais.gov.br/. Acesso
em: 11 out. 2019.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.

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PREGÃO ELETRÔNICO E A LEI N°
14133/21
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Sistema de registro de preços e
pregão presencial e eletrônico.6. ed. rev. atual. e ampl. Belo
Horizonte: Fórum, 2015.636 p. IBSN 978-85-450-00440. LIMA, Jonas.
Lei complementar 123/2006: Aplicações. Curitiba: Negócios Públicos,
2008.
SANTANA, Jair Eduardo. Pregão presencial e eletrônico: manual de
implantação, operacionalização e controle. 4. ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2014.
TCU. Processo TC n°012.045/2003-0, Acórdão n°222/2004 - 1ª Câmara.

®
EASY 79
CAPÍTULO 05
CONTRATAÇÃO PÚBLICA

SUSTENTÁVEL

®
TRUST
CONTRATAÇÃO PÚBLICA
SUSTENTÁVEL

Mariana de Abreu Viana¹

RESUMO
O presente estudo visa compreender os aspectos das licitações
sustentáveis, em especial sobre o conceito de desenvolvimento
nacional sustentável e a sua relação com as contratações públicas.
Trata-se um estudo bibliográfico cujo objetivo dar subsídios à
efetividade desse princípio nas contratações públicas, apresentando
os principais normativos, visando contribuir para os processos
licitatórios existentes no Brasil.

Palavras-chave: direito, licitação, contratação pública,


sustentabilidade, desenvolvimento nacional sustentável,
desenvolvimento sustentável.

1. INTRODUÇÃO

Diante do novo panorama global, que pugna por um consumo mais


sustentável, o legislador brasileiro editou a Lei n. 12.349/2010,
que alterou o artigo 3º da Lei n. 8.666/1993, que “institui normas
para as licitações e contratos da Administração Pública”, incluindo
o desenvolvimento nacional sustentável como um dos princípios
regentes das contratações públicas. Referida norma tornou-se o
marco inicial para que toda administração pública considere
critérios de sustentabilidade ao realizar os seus processos de
compras e contratações, as chamadas contratações públicas
sustentáveis.
Posteriormente o ordenamento jurídico brasileiro foi aperfeiçoando-
se, com a edição de uma série de normativos que tratam da questão
da sustentabilidade. No entanto, apesar de um vasto ordenamento
normativo sobre o tema, a operacionalização do desenvolvimento
nacional sustentável por meio das contratações públicas ainda é
incipiente.

81
¹ MESTRANDA PELO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, POSSUI GRADUAÇÃO EM DIREITO E
®
EASY
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL PELA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. ANALISTA JURÍDICO E PREGOEIRA DO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA.
CONTRATAÇÃO PÚBLICA
SUSTENTÁVEL

Assim, diante da necessidade de os órgãos públicos adequarem-se a


legislação vigente e da aparente incipiente aplicação do
princípio do desenvolvimento nacional sustentável nas
contratações públicas, tem-se como tema de pesquisa compreender
que é contratação pública sustentável, a luz do princípio do
desenvolvimento nacional sustentável, no âmbito do Direito
Administrativo brasileiro.
A falta de compreensão de como o processo deve ser feito, com a
identificação dos fatores facilitadores, bem como das barreiras,
são causas que dificultam que mudanças profundas ocorram,
portanto, é fundamental ampliar o conhecimento para que a prática
seja aprimorada. A discussão justifica-se em razão da necessidade
de mudanças significativas para a adaptação às novas demandas
legais e sociais que apontam para a obrigatoriedade de adotar
padrões mais sustentáveis nas contratações. Nessa linha temática,
o problema de pesquisa consiste na seguinte indagação: o que é
contratação pública sustentável?
Para o alcance dos objetivos de compreender a acepção da
contratação pública sustentável, fez-se uma contextualização das
temáticas contratações públicas e desenvolvimento sustentável e,
por fim, mapeamento da legislação brasileira pertinente. Para
desenvolver o tema, adotou-se o procedimento de pesquisa
bibliográfica e documental descritiva (análise de instrumentos
normativos e manuais), com método de abordagem dedutivo. Por
fim, diante dos dados coletados pode-se compreender que a
contratação publica sustentável representa a contratação que
contribui de alguma forma com a finalidade consagrada no texto
legal do desenvolvimento nacional sustentável.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este primeiro tópico é um referencial teórico que tem por


objetivo discorrer acerca dos conceitos de sustentabilidade
aplicados as compras públicas sustentáveis, por meio de uma
revisão bibliográfica.

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CONTRATAÇÃO PÚBLICA
SUSTENTÁVEL
2.1 CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

A Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/1988


determina que as contratações realizadas pela administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes serão realizadas mediante
processo de licitação pública, ressalvados os casos especificados
na legislação (art. 37, XXI). Inicialmente a Lei n. 8.666/1993
regulamentou o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
instituindo normas para licitações e contratos da Administração
Pública.
Recentemente foi publicada a Lei n. 14.133/2021, que substituirá a
Lei n. 8.666/1993, mas até abril de 2023 há um período de
convivência, em que ambas as normas estarão vigentes. A Lei n.
8.666/1993 trazia em seu artigo 3º os princípios regentes e as
finalidades das licitações:
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
(BRASIL, 1993)

Posteriormente a Lei n. 12.349/2010 alterou referido artigo e


incluiu a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como uma
finalidade da licitação, passando a ter a seguinte redação:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (grifos nossos) (BRASIL,
1993)

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Esta foi à norma percursora da tendência de normatização porque


criou uma nova ótica de contratação administração pública em
geral. Essa alteração na legislação efetivou licitação sustentável
no Brasil, fazendo com que essa deixasse de ser medida
excepcional, para ser a regra geral, autorizando e embasando a
inclusão nos instrumentos convocatórios de contratações públicas
exigências de sustentabilidade, na interpretação da Advocacia-
Geral da União, por meio do Guia Nacional de Contratações
Sustentáveis. Transcreve-se trecho do referido guia:

A inovação legislativa acima referida é altamente significante para a


efetivação da licitação sustentável no Brasil. Trata-se de fundamento jurídico
sólido e de cristalina interpretação. Isso porque, ao introduzir no art. 3º da
Lei n. 8.666, de 1993, a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como
finalidade do procedimento licitatório, no mesmo patamar normativo das
finalidades anteriores (quais sejam a realização do princípio da isonomia e a
seleção da proposta mais vantajosa), fez com que a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável passasse a ser um fator de observância cogente pelo
gestor público nas licitações.

A recém-publicada Lei n. 14.133/2021, por sua vez, também


contemplou a licitação sustentável ao trazer o desenvolvimento
nacional sustentável como um dos princípios que devem ser
observados em sua aplicação. Transcreve-se:

Art. 5º Na aplicação desta Lei serão observados os princípios da


legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da
eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim
como as disposições do Decreto-Lei n. 4.657, de 4 de setembro de
1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) (grifo
nosso). (BRASIL, 2021)

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Importante

destacar que, sendo o desenvolvimento nacional


sustentável princípio, como na Lei n. 14.133/2021, ou finalidade
da licitação, como na Lei n. 8.666/1993, ele deve permear toda e
qualquer contratação pública regida por estas leis. Para
compreensão do tema contratação pública sustentável, faz-se
imprescindível iniciar pelo conceito de desenvolvimento nacional
sustentável sob o viés do Direito Administrativo.

2.2 DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL

Inicialmente é importante esclarecer que para o Direito


Administrativo brasileiro as expressões “desenvolvimento nacional
sustentável” e “desenvolvimento sustentável” têm sido tratados
como sinônimos. Aponta-se também que “falar em desenvolvimento
nacional sustentável implica em buscar os imperativos do
princípio da sustentabilidade” , uma vez que, sustentabilidade é
compreendido como parte inerente e essencial ao princípio do
desenvolvimento nacional sustentável.
A expressão desenvolvimento sustentável popularizou-se com o
relatório Nosso Futuro Comum de 1987, da Comissão Mundial sobre o
meio Ambiente e Desenvolvimento, e tinha como conceito o
desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as
suas”. Esta definição, no entanto, vem evoluindo no decorrer do
tempo, e, no momento atual, a conceituação mais amplamente aceita
é composta por três pilares fundamentais: o ambiental,
relacionado à busca do equilíbrio ecológico, com o uso adequado
dos recursos naturais; o social, que diz respeito às condições de
vida das pessoas; e o econômico, associado à capacidade de
produção e distribuição de riquezas. O chamado tripé da
sustentabilidade.
Para Justen Filho, o desenvolvimento nacional sustentável
“envolve o compromisso não apenas com a produção de riquezas, mas
também com a preservação dos recursos”. Para ele, o conceito
envolve “a elevação da riqueza nacional mediante a adoção de
práticas compatíveis com a preservação do meio ambiente e de modo
a garantir a viabilidade da vida humana digna no presente e no
futuro”.

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Na

contemporaneidade, outras dimensões, além do clássico tripé da


sustentabilidade, estão sendo consideradas. O professor Juarez
Freitas, brilhantemente aborda o tema, defendendo que a
sustentabilidade é multidimensional e transversal, englobando, além
do citado tripé social, ambiental e econômico, as dimensões
jurídico-política e ética, sem caráter exaustivo. Em suas palavras:

Trata-se do princípio constitucional que determina, com eficácia direta e


imediata, a responsabilidade do Estado e da sociedade pela concretização
solidária do desenvolvimento material e imaterial, socialmente inclusivo,
durável e equânime, ambientalmente limpo, inovador, ético e eficiente, no
intuito de assegurar, preferencialmente de modo preventivo e precavido, no
presente e no futuro, o direito ao bem-estar.

Colhe-se das lições do referido autor a compreensão destas novas


dimensões apresentadas. Dimensão ética:

[...] reconhece (a) a ligação de toda vida, acima do antropocentrismo estrito,


(b) o impacto retroalimentar de ações e omissões, (c) a exigência de
universalização concreta do bem-estar e (d) o engajamento na causa que, sem
negar a dignidade humana, proclama a dignidade dos seres vivos em geral.

Dimensão jurídico-política:

[...] altera a visão global do Direito, ao se transfigurar na prescrição


normativa de outro tipo de desenvolvimento. [...] desse jeito, a
sustentabilidade é (a) princípio constitucional imediata e diretamente
vinculante (CF, artigos 225, 3º, 170, VI), que (b) determina, sem prejuízo de
disposições internacionais incidentes (não somente os de terceira dimensão) e
(c) torna desproporcional e antijurídica toda e qualquer ação ou omissão
causadora de injustos dano intrageracionais e intergeracionais.

Visando a aplicabilidade do termo desenvolvimento nacional


sustentável nas contratações públicas, a despeito das diversas
dimensões interligadas da ideia de sustentabilidade, no próximo
tópico será feito um mapeamento da legislação pertinente para
observar como o tema tem sido tratado.

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2.3 LEGISLAÇÃO

Os princípios da sustentabilidade não restam dúvidas, encontra


total respaldo não somente na CRFB/1988, como também em
dispositivos legais e infra legais, os quais incorporam
notadamente a adoção de práticas sustentáveis nas mais diversas
áreas.
A CRFB/1988 colocou a proteção ao meio ambiente em lugar de
destaque, indicando expressamente sua importância à qualidade de
vida e impondo tanto ao Poder Público quanto à coletividade o
dever de preservá-lo para os presentes e futuras gerações. Da
mesma forma, o texto constitucional, ao tratar da ordem econômica,
elenca a defesa do meio ambiente como um dos princípios a ser
observados, garantindo, inclusive, tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus
processos de elaboração e prestação.
Fabiane Grando e Celito de Bona defendem que, de uma leitura
sistemática da CFRB/1988, extrai-se que esta adotou o conceito de
desenvolvimento em sua dimensão mais abrangente, o desenvolvimento
sustentável em todas as suas acepções.
Diante da leitura sistemática da Constituição Federal de 1988, no artigo 3º
e incisos, especialmente o II; os fundamentos dispostos no artigo 1º; o
planejamento ao desenvolvimento equilibrado no art. 174, parágrafo único; o
sistema financeiro do art. 192; o pleno desenvolvimento da pessoa do art.
205; os limites ecológicos no desenvolvimento científico e tecnológico do
art. 218; o incentivo ao desenvolvimento cultural e socioeconômico, bem-
estar da população e a autonomia tecnológica do País do art. 219 é possível
vislumbrar que o ideal buscado pela sociedade e Estado é aquele que se
adapta ao conceito de desenvolvimento em sua dimensão mais abrangente, e não
somente pelo crescimento econômico.

Além do exposto na carta magna, diversas outras normas


infraconstitucionais foram editadas de forma a estruturar o
desenvolvimento nacional sustentável e fortalecer ações
direcionadas à implementação de políticas públicas para assegurar
o acima delineado, inclusive no âmbito das licitações e contratos
públicos. Apesar da grande evolução legislativa sobre o tema
sustentabilidade, ainda não há uma norma geral nacional que dê um
tratamento organizado quando se trata de contratações públicas.

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Assim,
o complexo normativo
faz-se imprescindível analisar sobre o
tema, para compreender em que estado encontra-se atualmente. Para
tanto, elaborou-se um quadro com as principais leis, decretos e
instruções normativas relacionadas ao assunto.

a) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: estabelece


princípios e diretrizes para as licitações (art. 37), determina os princípios
da ordem econômica (art. 170) e impõe o dever do poder público de defender e
preservar o meio ambiente (art. 225). Assim, institui que a administração
pública deve considerar a proteção ambiental em suas contratações;
b) Lei n. Complementar n. 123/2006: institui o tratamento diferenciado e
favorecido para micro e pequenas empresas em licitações Públicas;
c) Lei n. Federal n. 12.187/09 - Política Nacional sobre Mudança do Clima:
estabeleceu critérios de preferência nas licitações para as propostas que
proporcionem maior economia de recursos naturais, redução da emissão de gases
de efeito estufa e de resíduos;
d) Instrução Normativa n. 01/2010 da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: dispôs sobre os
critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de
serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional e dá outras providências;
e) Lei n. 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos: estabeleceu
prioridade nas aquisições e contratações governamentais, para produtos
reciclados e recicláveis e bens, serviços e obras que considerem os critérios
compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
f) Lei n. 12.349/2010: alterou o artigo 3º da Lei n. 8.666/93, incluindo a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável como uma das finalidades da
licitação pública;
g) Decreto Federal n. 7.746/2012: regulamentou o art. 3º da Lei n. 8.666/1993
e estabeleceu critérios, práticas e diretrizes para a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela
administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de
Sustentabilidade na Administração Pública;
h) Lei n. 14.133/2021: trouxe diversas determinações referentes ao
desenvolvimento sustentáveis;
i) Resolução n. 400/2021 do CNJ: dispõe sobre a política de sustentabilidade
no âmbito do Poder Judiciário.
Importante destacar as previsões trazidas pela Lei n. 14.133/2021 que servirá
como principal baliza para as licitações e contratos administrativos para os
próximos anos.

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Importante

destacar as previsões trazidas pela Lei n. 14.133/2021 que servirá


como principal baliza para as licitações e contratos administrativos para os
próximos anos. São elas:
a) ciclo de vida do objeto da licitação/contrato como importante variável de
sustentabilidade das licitações;
b) exigência de certificação ambiental;
c) previsão de disposição final adequada dos resíduos sólidos gerados pelas
obras;
d) mitigação por condicionantes e compensação ambiental definidas nas licenças
ambientais;
e) utilização de produtos, equipamentos e serviços ecologicamente eficientes;
f) avaliação do impacto de vizinhança;
g) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial e da
acessibilidade;
h) estabelecimento de remuneração variável vinculada ao desempenho do
contratado com base em critérios de sustentabilidade ambiental.

Como visto a legislação brasileira não traz uma definição


concreta do termo desenvolvimento nacional sustentável, mas,
percebe-se claramente a existências de diversas normas esparsas
exigindo a observância de critérios de sustentabilidade de acordo
com o seu campo de abrangência. As normas, em sua maioria,
consideram apenas tradicionais dimensões ambiental, econômica e
social. Assimilado o que é desenvolvimento sustentável e mapeada
a legislação pertinente às contratações públicas, resta conceber
com a contratação pública sustentável se perfectibiliza.

2.4 CONTRATAÇÕES PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS

Inicialmente esclarece-se que a maioria das leis e manuais usa a


expressão “licitação sustentável”, mas, considerando que o
desenvolvimento nacional sustentável deve ser observado por todas
as contrações regidas pelas leis 8.666/1993 e 14.133/2021,
inclusive as compras diretas, preferiu-se adotar a terminologia
“contratações públicas sustentáveis”. Contratação pública
sustentável, para o Ministério do Meio Ambiente é a contratação
pública que contribui de alguma forma para a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável.

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SUSTENTÁVEL

[...] pode-se dizer que as compras públicas sustentáveis são o procedimento


administrativo formal que contribui para a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável, mediante a inserção de critérios sociais, ambientais e
econômicos nas aquisições de bens, contratações de serviços e execução de
obras. De uma maneira geral, trata-se da utilização do poder de compra do
setor público para gerar benefícios econômicos e socioambientais.

A Consultoria-Geral da União, por sua vez, em documento denominado


"Guia Nacional de Licitações Sustentáveis" diz que a contratação
sustentável deve objetivar reduzir os impactos negativos ao meio
ambiente e aos direitos humanos, e que estes critérios devem ser
observados em todas as fases da contratação, desde o planejamento.

Licitação sustentável, por sua vez, é a licitação que integra considerações


socioambientais em todas as suas fases com o objetivo de reduzir impactos
negativos sobre o meio ambiente e, via de consequência, aos direitos
humanos. Trata-se de uma expressão abrangente, uma vez que não está
delimitada pelo procedimento licitatório em si, mas perpassa todas as fases
da contratação pública, desde o planejamento até a fiscalização da execução
dos contratos.

Luciana Maria Junqueira TERRA, Luciana Pires Csipai e Mara Tielko


Uchida, sinteticamente ensinam como as contratações públicas
sustentáveis devem ser implementadas.

Entendemos que as licitações sustentáveis devem ser implementadas através de


três tipos de medidas que assegurem a observância de critérios
socioambientais: escolha e especificação técnica do objeto; exigência de
requisitos de habilitação, e imposição de obrigações contratuais.

Desta forma, segundo os conceitos expostos, a contratação pública


sustentável é aquela que considera critérios de sustentabilidade
em todas as suas fases, desde o planejamento, iniciando pela
avaliação da necessidade da contratação, objetivando sempre a
redução do consumo; como na inserção de critérios de
sustentabilidade nas especificações técnicas do objeto, no
instrumento convocatório da licitação e nas obrigações
contratuais; bem como na execução contratual.

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Relembra-se que, conforme orienta Juarez de Freitas “A


sustentabilidade não é um princípio abstrato, elusivo ou de
observância facultativa: vincula plenamente e se revela
inconciliável com o reiterado descumprimento da função
socioambiental dos bens e serviços”. Não há, portanto, margem para
discricionariedade, devendo o gestor público observar sempre o
princípio do desenvolvimento sustentável, ponderando os custos e
benefícios, diretos e indiretos, e apresentando de justificativa de
cada critério que foi inserido ou o motivo pelo qual se decidiu não
adotá-lo.
Importante observar que sempre deve haver justificativa no processo
de contratação sobre os motivos da opção por determinado objeto ou
serviço ambientalmente adequado em detrimento de outros disponíveis
no mercado, sob pena de ofensa a princípios das contratações
públicas, como a isonomia e a competitividade. Isso porque a
inserção de quaisquer critérios de sustentabilidade pode reduzir a
competitividade, diminuindo o número de participantes aptos.
Contudo, a prática não é vedada pela legislação, desde que haja
justificativa técnica capaz de demonstrar objetivamente que aquele
objeto satisfaz critérios de sustentabilidade socioambiental que os
demais não satisfazem e a sua importância. Nas palavras de Laerte
Radtke karnopp:

Em breve síntese, o autor expressa que há possibilidade de estabelecer


tratamento diferenciado entres possíveis fornecedores de bens e prestadores de
serviços, desde que este esteja devidamente justificado e seja razoável, no
intuito de atender as necessidades da administração. O parágrafo 1º do artigo
3° da Lei n. 8.666/93 (BRASIL, 1993) veda a fixação de cláusulas restritivas à
competividade, que sejam impertinentes ou irrelevantes para o objeto do
contrato. Entretanto, é viável à administração pública a delimitação do objeto
de tal forma que venha a atender o interesse público, desde que haja o cuidado
da não restrição injustificada à competividade e o favorecimento de determinado
licitante.

As contratações públicas sustentáveis são historicamente recentes


para a Administração Pública, que ainda encontra dificuldades em
sua implementação, mas que precisa urgentemente ser superada, pois
hoje ela já não é mais uma liberalidade do gestor público e, com
certeza persistirá. Para concluir cabe refletir com os ensinamentos
de Juarez de Freitas:

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Vale-se dizer, as licitações e contratações públicas, nos próximos


tempos, obrigatoriamente terão que ser encaminhadas na perspectiva
finalística da sustentabilidade. E não só: impõe-se que, na
totalidade, os atos e contratos administrativos passem a ser
sindicados à luz deontológica e consequencial da sustentabilidade,
que não é simplesmente declaração programática. É normativa
vinculante, dirigida para procedimentos e resultados, de cuja força
normativa são inferíveis regras hábeis a depurar as cores, ora
cinzentas, da gestão pública. Mais que “verde”, quer-se a
governança limpa, digital e de sadias repercussões transnacionais.
As contratações públicas não podem ficar de fora novo panorama
global, que pugna por um consumo mais sustentável.

3. CONCLUSÃO

O presente trabalho procurou apresentar a essência da licitação


sustentável, alicerçada no princípio do desenvolvimento nacional
sustentável, incluído nas principais leis que regem as licitações.
Pode-se que a legislação determina que a seleção da proposta mais
vantajosa não pode ser efetuada analisando unicamente critérios
econômicos, mas considerando, necessariamente, o desenvolvimento
nacional sustentável.
Verificou-se que diversos instrumentos foram introduzidos no
ordenamento jurídico a fim de dar maior aplicabilidade às
contratações públicas sustentáveis, mas apesar de instituírem
diretrizes, carecem de um maior aprofundamento no que concerne
normal geral com critérios mais objetivos, dando segurança jurídica
para os agentes públicos. Com efeito, apesar do grande esforço do
legislador, o desafio que se impõe é a efetivação do princípio do
desenvolvimento sustentável com a de práticas e critérios
sustentáveis nas contratações públicas, conforme exige os novos
paradigmas.

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REFERÊNCIAS

BIDERMAN, Rachel; BETIOL, Luciana Stocco; MACEDO, Laura Silvia


Valente de; MONZONI, Mario; MAZON, Rubens (Org.). Guia de Compras
Públicas Sustentáveis: Uso do poder compra do governo para
promoção do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: 2008.
Disponível em:
<https://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/guia_compras_sust
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BONA, Celito de e GRANDO, Fabiane. O aspecto jurídico da
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licitações sustentáveis. Revista de Direito e Sustentabilidade,
Porto Alegre. v. 4, n. 2, p. 20 – 39, jul./dez. 2018
BRASIL. Advocacia-Geral da União (AGU). Consultoria-Geral da
União. Guia Nacional de Contratações Sustentáveis /Machado,
Alessandro Q. (Coordenador da 2ª edição); Freire, André L. M;
Clare, Celso V.; Moreira; Denis G.P; Gomes Filho, José R. P.;
Carvalho, Flávia G. de; Paz e Filho, Manoel; Bliacheris, Marcos W;
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Mateus L. F; Villac, Teresa. Brasília: AGU, setembro, 2019.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.ht
m>. Acesso em 20 ago. 2020.
______. Decreto n. 7.746, de 5 de junho de 2012. Regulamenta o
art. 3º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer
critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável nas contratações realizadas pela administração pública
federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais
dependentes, e institui a Comissão Interministerial de
Sustentabilidade na Administração Pública - CISAP.. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/decreto/d7746.htm>. Acesso em 20 ago. 2020.

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______. Instrução Normativa n. 01, de 19 de janeiro de 2010.


Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na
aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e
dá outras providências. Disponível em:
<http://www.comprasnet.gov.br/legislacao/legislacaoDetalhe.asp?
ctdCod=295>Acesso em: 20 mar. 2020.
______. Lei n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera
dispositivos das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de
1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei n. no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei n. no
10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei n. Complementar no 63,
de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n. 9.317, de 5 de
dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>.
Acesso em: 20 mar. 2021
______. Lei n. 8666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art.
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras
providências. Disponível em: <
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/Lei n. /1993/Lei-8666-21-
junho-1993-322221-publicacaooriginal-1-pl.html >. Acesso em: 20
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______. Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a
Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC e dá outras
providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/Lei/l12187.htm>. Acesso em: 20 mar. 2021

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______. Lei
de 2010. Institui
n. 12305, de 2 de agosto a Política
Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. no 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Lei n.
/l12305.htm>. Acesso em: 20 mar. 2021
______. Lei n. 12.349, de 15 de dezembro de 2010. Altera as Leis
8.666, de 21 de junho de 1993, 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e
10.973, de 2 de dezembro de 2004; e revoga o § 1o do art. 2o da Lei
n. no 11.273, de 6 de fevereiro de 2006. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei n.
/L12349.htm#art1>. Acesso em: 20 mar. 2021
______. Lei n. 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas - RDC; altera a Lei n.
10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios, a legislação da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e a legislação da Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a
Secretaria de Aviação Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos
em comissão e cargos de Controlador de Tráfego Aéreo; autoriza a
contratação de controladores de tráfego aéreo temporários; altera
as Leis 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12 de dezembro
de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro de
2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro
de 2010, e a Medida Provisória n. 2.185-35, de 24 de agosto de
2001; e revoga dispositivos da Lei n. 9.649, de 27 de maio de 1998.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/Lei n. /l12462.htm>. Acesso em: 20 mar. 2021
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