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Compreendendo o impacto do TDAH

ARTIGO DE REVISÃO
na dinâmica familiar e as possibilidades de intervenção

Compreendendo o impacto do TDAH


na dinâmica familiar e as possibilidades
de intervenção
Edyleine Bellini Peroni Benczik; Erasmo Barbante Casella

RESUMO – Este artigo visa a focar o poderoso efeito que o transtorno


de déficit de atenção/hiperatividade promove nas interações familiares, seja
entre pais e filhos, na relação conjugal e na interação entre irmãos, afetando
sobremaneira a dinâmica familiar. A revisão teórica foi fundamentada em
pesquisas nacionais e internacionais, obtidas por meio do PubMed, SciELO
e em livros sobre o tema. Os resultados obtidos demonstram urgência na
elaboração de projetos de intervenção e de orientação junto aos pais, a fim
de promover a saúde mental de todos os membros da família e do próprio
portador, minimizando o impacto negativo e os prejuízos decorrentes.

UNITERMOS: Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade.


Relações familiares. Saúde mental.

Edyleine Bellini Peroni Benczik – Doutora em Psi­ Correspondência


co­logia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Psiquê – Núcleo de Psicologia e Neuropsicologia
Ins­tituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Aplicada
(IPUSP), São Paulo, SP, Brasil. Edyleine Bellini Peroni Benczik
Erasmo Barbante Casella – Médico Neuropediatra da Rua Artur de Azevedo, 1767 – 14º andar – cjto 142 –
Infância e Adolescência, Professor Livre Docente em Pinheiros, SP, Brasil – CEP 05404-014
Medicina pela Universidade de São Paulo, Res­ponsável E-mail: benczik@ig.com.br
pelo Ambulatório de Distúrbios do Aprendizado do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São
Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

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INTRODUÇÃO inabilidade para esperar a sua vez, diante de um


O Transtorno de Déficit de Atenção/Hipera- acontecimento, pode provocar, geralmente, um
tividade (TDAH) é considerado uma desordem impacto negativo nas relações sociais e ou fami-
neurobiológica que afeta entre 3% a 7% da liares e promover um alto nível de estresse com
po­pulação infantil, tanto no Brasil quanto em quem convive com a criança ou adolescente8.
outros países do mundo. Hoje, estima-se que As interações familiares de pais e filhos que
50% a 80% das pessoas que tiveram o TDAH na tenham o diagnóstico de TDAH são marcadas,
infância continuam a apresentar na vida adulta, frequentemente, por mais conflitos, sendo a vida
sintomas significativos associados a importantes da família caracterizada, geralmente, pela desar-
prejuízos em diversas esferas da vida cotidiana1,2. monia e discórdia, impactando na qualidade de
O TDAH é considerado como um transtorno vida de todos os membros do núcleo familiar9.
multifatorial e heterogêneo do ponto de vista Muitos pais relatam depressão, um nível baixo
clínico3 e é reconhecido como um dos maiores de autoestima e fracasso em seu papel como
desafios para pais, professores e especialistas, pais, bem como, pouca satisfação com o envol-
em função da ampla variedade de comprometi- vimento em suas responsabilidades paternas,
mentos que o quadro promove4. sentimentos de incompetência em relação às
O DSM-5 descreve o TDAH como um con- suas habilidades de educar e bem-estar psicos-
junto de sintomas de desatenção, hiperatividade social inferior, em comparação à outros pais10.
e impulsividade que se manifestam por meio de Por outro lado, os pais tendem a encarar o seu
um padrão persistente e frequente ao longo do filho como inoportuno, aversivo e desobediente
tempo. Esses sintomas dizem respeito ao excesso ou, ainda, preguiçoso, mal-educado e inconve­
de agitação, inquietação, falta de autocontrole, niente, e que tem muita dificuldade para se
falar em demasia, interromper os outros, res- adaptar no ambiente onde convive e para cor-
ponder antes de ouvir a pergunta inteira, inca- responder às expectativas dos adultos4,11.
pacidade para protelar respostas, como também Além da dificuldade de convivência com os
distrair-se com facilidade, não prestar atenção seus filhos com TDAH, os pais se deparam com
a detalhes, dificuldade para memorizar com- outra questão: a frequente rotina de evitação,
promissos, organizar e realizar tarefas, perder postergação e esquecimento das tarefas coti-
objetos, entre outros5. dianas. Os pais descrevem uma rotina familiar
Pesquisas mais recentes apontam também estressante, pois as tarefas mais simples podem
para a existência de déficits em alguns aspectos se tornar uma missão quase impossível de o
das funções executivas, entre as quais cita-se filho realizar, como, por exemplo, tomar banho,
a o déficit na inibição de respostas, atenção escovar os dentes, sentar para as refeições, de
sustentada, memória de trabalho não-verbal e se preparar para dormir, pegar no sono e fazer
verbal, planejamento, noção de tempo, regulação as tarefas de casa. Os pais tendem a reagir com
da emoção, perseverança e na fluência verbal e maior direcionamento, controle, sugestão, enco-
não-verbal6. rajamento e, finalmente, raiva12. Sem supervisão
No âmbito familiar, esse transtorno é sentido de um dos pais, o filho poderá começar outras
como um fator que promove dificuldades no três atividades sem terminar o que começou
convívio e no dia-a-dia7. Em casa, os pais acu- e os pais ficam rapidamente desencorajados,
sam a criança de “não escutar”, de não seguir ocupando grande parte do seu tempo de lazer
regras e normas, de não conseguir completar as com a criança, principalmente com o dever de
solicitações mais simples, de reagir com agressi- casa, que se manifesta como uma das mais im-
vidade e de não tolerar frustração4. O excesso de portantes incapacidades invisíveis da criança11.
atividade motora, o alto nível de impulsividade A certa altura, pode resultar nos pais frustra-
evidenciada na antecipação das respostas e na ção e exasperação devido a repetidas ameaças e

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diretivas. Quando essa abordagem falha, como Campbell, da University of Pittsburgh. Ela obser-
frequentemente acontece, em motivar a criança vou que meninos com hiperatividade iniciaram
com TDAH a ouvir e obedecer; os pais podem mais interações do que outros meninos quando
evoluir para o uso habitual da disciplina física trabalhando com suas mães e necessitaram
ou outras formas de punição para tentar retomar também de mais ajuda. Essas crianças pareciam
o controle sobre o comportamento rebelde da necessitar de mais atenção, mais conversa e
criança12. solicitavam mais intensamente a ajuda de suas
Alguns pais podem, simplesmente, desistir mães durante a interação com elas. As mães
nesse ponto, concordando ou fazendo as tarefas de crianças portadoras de TDAH deram mais
eles próprios ou simplesmente deixando a tarefa sugestões, aprovação, reprovação e orientações
por fazer. E, com o passar do tempo, alguns pais relacionadas ao controle de impulsos do que as
tendem a atingir um estado de fracasso na con- mães de outras crianças. Em outras palavras, as
dução de seu filho que pode ser descrito como mães de crianças com TDAH controlaram mais o
sendo um estado de “impotência aprendida”. comportamento e se envolveram no autocontrole
Eles podem fazer o mínimo ou nenhum esforço de seus filhos mais do que mães de crianças sem
para dar ou reforçar ordens aos seus filhos, dei- TDAH14.
xando-os fazer o que lhes agrada, deixando-os Em estudos iniciais, pode-se verificar que
com pouca ou nenhuma supervisão11. crianças com TDAH eram muito menos submis-
Em alguns casos, os pais podem alternar o sas, mais negativas, mais capazes de se abster
seu comportamento, dependendo de seu humor de tarefas e menos capazes de persistir em con-
ou irritabilidade no momento, entre um despren- cordar com as diretrizes impostas por suas mães.
dimento completo e reações demasiadamente Suas mães deram mais ordens, foram também
severas, diante da má conduta de seus filhos. mais negativas e, por vezes, menos responsivas
Isso pode levar prontamente a reações negativas às interações de seu filho se comparadas ao ob-
imediatas ou à severa disciplina física, quando servado em relação a mães de outras crianças11.
a criança começar a mostrar os mínimos sinais Em observação, as crianças com TDAH fala-
de comportamento disruptivo11. ram mais durante as interações. E, os conflitos
Por outro lado, diante da cobrança excessiva de interações mudaram com a idade, embora
dos pais, os filhos tendem a reclamar, resmungar não com o sexo. Crianças mais novas com e sem
e brigar de forma impulsiva, incoerente e sem TDAH apresentaram muito mais conflitos do
autocontrole. Pesquisadores relatam que as que crianças mais velhas, em ambos os grupos.
crianças com TDAH, por sua vez, em função da Entretanto, em nenhuma das idades estudadas,
falta de competência social, seja por retraimento, as crianças com TDAH se comportaram como
ou por comportamento agressivo, resultantes de seus semelhantes sem TDAH – e, obviamente,
um autocontrole deficiente, sentem a rejeição nenhum dos dois grupos de mães se comportou
de seus pares e, também, de seus familiares de maneira semelhante. Assim, existe esperan-
que muitas vezes não os compreendem, o que ça de que os relacionamentos dessas famílias
pode levar à criança com TDAH a um círculo de melhorem um pouco, mas há evidências de que
perpetuação de comportamentos agressivos13. não se tornarão completamente normativos14.
Desde 1980, aproximadamente, um grande Em outra pesquisa, foram gravadas e compa-
número de estudos científicos têm sido publi- radas as interações entre mães e crianças com
cados sobre comportamento de crianças com TDAH com aquelas entre pais e crianças, e os
TDAH em relação a seus pais e às reações autores não encontraram muita diferença no total.
destes para com elas. Os primeiros estudos de Notaram, porém, que as crianças eram menos
observação direta de interações de mães e seus negativas com seus pais e mais capazes de perma-
filhos com TDAH foram realizados por Susan necer em tarefas do que quando com suas mães.

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Eles alegaram que deve haver algo relacionado família, pesquisadores analisaram a qualidade
ao fato típico de que as mães se encarregam mais de vida de quinze famílias, bem como os efeitos
com a responsabilidade de interagir com crianças que o TDAH traz para as suas vidas17. Os dados
do que os pais no ambiente de casa, especial- levantados demonstraram que a maioria dos pais
mente em orientar trabalhos e executar tarefas possuía um bom conhecimento sobre o quadro
domésticas, mesmo quando as mães trabalham de TDAH dos filhos. Os problemas relatados
fora de casa15. Um pai que reprova os déficits de foram de aprendizagem (59,34%) e de relacio-
comportamento de seu filho com TDAH terá cla- namento social (69,23%). Os pais declararam
ramente conflitos maiores com essa criança. As sentimento de cansaço (7,6%), irritação com a
mães também parecem contar mais com razão e criança (53,84%) e culpa pelos problemas apre-
afeto para conquistar a submissão de seu filho, sentados (15,38%). Alguns pais demonstraram
por meio de instruções. Como as crianças com considerar as situações decorrentes do TDAH
TDAH não seguem instruções muito bem e não como uma influência negativa para a harmonia
são sensíveis a elogios, essa abordagem parece do casal (15,38%), que os irmãos dos portadores
motivá-las bem menos. Os pais podem racio- se irritam com eles (46,15%) e os outros fami-
nalizar e repetir menos ordens, podendo impor liares não gostam da convivência com o filho
punição imediata pela não-submissão. Talvez, hiperativo (23,07%). Apenas 7,06% responsa-
então, um pai que age rapidamente, proporcio- bilizaram o filho pela desorganização da casa.
nando alguma consequência ao bom e ao mau Apesar das dificuldades, os pais afirmaram ter
comportamento da criança, consiga obter mais prazer em passear com os filhos (84,61%), mas
submissão de seus filhos11. um grupo prefere não sair de casa (15,38%), pe-
O estresse parental em mães de crianças com los incômodos que a criança provoca em outros
TDAH foram investigados também e os pesqui- ambientes. Alguns pais gostariam que o filho
sadores concluíram que as mães apresentaram fosse diferente (30,76%). A maior preocupação
mais estresse parental do que mães de crianças do grupo pesquisado está relacionada com
com desenvolvimento normal. A hiperatividade, as consequências que o comportamento e os
em especial, emergiu como um preditor signi- problemas de aprendizagem da criança podem
ficativo do estresse, denominado de sobrecarga trazer para o futuro dela (61,53%).
emocional nos grupos clínicos15. Os sintomas de Um estudo avaliou por meio da PedsQL TM,
hiperatividade/impulsividade envolvem inquie- a qualidade de vida de 88 crianças, sendo 45
tação e emissão de respostas precipitadas pela com TDAH e 43 crianças do grupo controle, sem
criança, o que pode conduzir ao estresse materno TDAH. A autora avaliou tanto a percepção das
em função da agitação do filho, podendo levá- próprias crianças, quanto de seus respectivos
-lo à expor-se a riscos, aumentando a tensão pais. Os resultados obtidos apontaram que o
materna e, as tentativas de controle do filho, grupo com TDAH apresentou pontuação inferior
sem efeito, podem levar as mães a um senso de ao grupo controle, com diferença significante
impotência12. nos domínios relacionados ao aspecto social,
Estudiosos realizaram pesquisas analisando o à atividade escolar, na saúde psicossocial e na
funcionamento familiar de crianças com TDAH e qualidade de vida total. Não houve diferença
observaram que os pais dessas crianças sentem significante nos domínios de capacidade física
mais estresse na criação de seus filhos, mais in- e no aspecto emocional. Já, a pontuação foi in-
satisfação em seus papéis e um sentido reduzido ferior em todos os domínios avaliados, segundo
de competência e autoestima16. a percepção dos pais e ou responsáveis das
No Brasil, com o objetivo de verificar de que crianças com TDAH, quando comparada ao
modo os efeitos do TDAH interferem na estru- grupo controle, como nos domínios de capaci-
turação, na dinâmica e no comportamento da dade física, aspecto emocional, aspecto social,

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atividade escolar, saúde psicossocial e qualidade Pesquisas sobre interações de crianças com
de vida total. Esse estudo ressalta que tanto a TDAH com outros adultos e com crianças fora da
criança portadora desse transtorno quanto os família, como professores e colegas, demonstram
seus pais possuem a percepção sobre o impacto que quando a criança com TDAH é colocada em
e as consequências negativas do TDAH para a uma classe, tanto os professores quanto as mães
qualidade de vida, bem como a limitação fun- aumentam, provavelmente, suas ordens, repres-
cional que esse quadro clínico proporciona18. são e a disciplina da criança. Da mesma forma,
O TDAH, muito frequentemente, pode cau- quando crianças com TDAH entram pela primei-
sar problemas matrimoniais para os pais ou de ra vez em um grupo novo, as outras crianças co-
relacionamento para um deles. Nesse caso, o meçam a agir como “pequenas mães” — dando
pai pode julgar exagerados os relatos da mãe mais ordens, sugestões e redirecionamentos, na
ou decidir que a criança piorou de comporta- tentativa de auxiliar a criança. Quando isso não
mento pelos resultados maternos, por a mãe ter silencia o comportamento hiperativo e alterado,
sido muito permissiva. Ele pode concluir que é a outra criança pode se tornar irritada, provocada
a mãe, e não a criança, que necessita de assis- ou insultar a criança acometida pelo transtorno.
tência profissional. Pode acontecer, também, do Caso falhe, afastar-se-á, buscando paz longe
médico não ter dificuldades para lidar com uma desses indivíduos considerados rebeldes, intro-
criança com TDAH, e aí ele rotula a mãe de his- metidos e dominadores11.
térica e incompetente19. No entanto, já passou da Algumas pesquisas avaliaram a percepção
hora de os pais e profissionais perceberem que dos filhos com TDAH em relação à sua família
crianças, especialmente aquelas com TDAH, e perceberam conflitos interacionais22,23. Foram
diferem em suas respostas diante de mães e pais. comparadas as práticas parentais relatadas por
Qualquer mãe ou pai que duvide disso deveria 109 estudantes com TDAH e 109 sem o transtor-
permitir que o pai assumisse a responsabilidade no. Os resultados demonstraram que os pais de
maior de cuidar do dia-a-dia da criança por um crianças com TDAH apresentam práticas paren-
tempo e constatar que seu ponto de vista sobre tais mais negativas, como o uso de disciplinas se-
os problemas de comportamento da criança se veras e coercitivas, mais do que positivas, como
assemelham aos da mãe19. a disciplina consistente e positiva. Os filhos
E, os conflitos interacionais em famílias de com TDAH recebem também mais feedbacks
crianças com TDAH não se limitam às intera- negativos de seus pais, pouca oportunidade de
ções entre pais e filhos e entre o casal, mas o interações positivas, dentro e fora do lar e falta
relacionamento de crianças com TDAH com de supervisão dos pais22. Esse fato ocorre devido
seus irmãos e irmãs também parece diferir da- à história de insucesso dos pais para controlar os
quele observado em outras famílias. Crianças comportamentos de desatenção, impulsividade
com TDAH argumentam mais, divertem-se mais e hiperatividade da criança23.
disruptivamente, gritam mais com seus irmãos Com o objetivo de identificar a família sob a
e são mais suscetíveis a encorajarem-se por um perspectiva de crianças com TDAH, foi seleciona-
comportamento inapropriado ou danoso; portan- do um grupo controle e três grupos compostos por
to, não é surpresa que o conflito seja maior que o amostras clínicas, sendo um grupo de crianças
normal20,21. Irmãos e irmãs tendem a crescerem com TDAH, outro grupo com outro transtorno
cansados e exasperados, por viverem com a força psiquiátrico e um grupo de crianças e adoles-
disruptiva e instável do irmão e, certamente, o centes de orfanatos reeducativos. Os resultados
maior tempo e atenção que a criança acometida demonstraram que as três amostras clínicas rela-
pelo transtorno recebe dos pais é frequentemen- taram como sendo menos parecidas com os seus
te fonte de inveja, especialmente quando os pais, o que os autores chamaram de identificação
irmãos sem TDAH são mais novos11. real. Houve, também, menor identificação com

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a mãe quando comparado a outras crianças. As As pesquisas são conclusivas ao afirmarem


crianças se identificaram mais com os seus pais, que os sintomas apresentados pela criança com
não diferindo do grupo controle. Já, o mesmo esse transtorno promovem, geralmente, um alto
não ocorreu com o grupo de crianças com outro impacto na dinâmica familiar, no entanto, as
transtorno psiquiátrico e com o grupo de crianças relações familiares têm um caráter bidirecional,
e adolescentes de orfanatos reeducativos24. ou seja, não é somente a criança que influencia o
As relações familiares e a identificação fami- comportamento dos pais, mas o comportamento
liar foram analisadas por Oswald & Kappler7, a destes também influencia o comportamento dos
partir da perspectiva da criança com TDAH e filhos, pois formas disfuncionais das reações
de suas mães. Observaram que as crianças com parentais ao comportamento dos filhos com
TDAH representam a família e a relação entre TDAH podem gerar sintomas do Transtorno
mãe e filho menos coesiva, menor identificação Desafiador de Oposição e de Conduta, além do
ideal com suas mães e irmãs, quando compara- que interações negativas afetam o autoconceito
das ao grupo controle. As mães de crianças com da criança7.
TDAH, por sua vez, descreveram a família com Esse ciclo de interação da criança e dos pais
menor hierarquia, quando comparadas às mães contribui para o crescente aumento do conflito,
das crianças do grupo controle, bem como, admi- mas a criança contribui mais do que os pais po-
tiram ser menos parecidas (identificação ideal) deriam imaginar. Tenha em mente, obviamente,
com seus filhos com TDAH e os reconheceram que a criança não faz isso intencionalmente11.
menos como modelo (identificação real). A direção principal dos efeitos nas interações
Por meio de estudo longitudinal, estudiosos é da criança para os pais e não o contrário. Os
comprovaram a contribuição de características pesquisadores explicam que grande parte dos
parentais, como a hostilidade e o desempenho problemas nas interações familiares parece
inadequado dos papéis de pais para o desen- partir dos efeitos do comportamento excessivo,
volvimento de comportamentos característicos impulsivo, desordenado, desobediente e emotivo
do TDAH25. da criança sobre os pais, e não do comportamento
Com o objetivo de analisar as atitudes das dos pais sobre a criança20.
crianças com esse transtorno, frente ao mundo Pais de crianças com TDAH precisam de
e a si próprias e como estas sentem as suas in- assessoria para o desenvolvimento de habili-
terações familiares, foi realizada uma pesquisa dades pessoais consideradas essenciais para a
com 40 crianças do sexo masculino, de 5 a 11 interação social, tanto no âmbito familiar como
anos, sendo 20 meninos com TDAH e 20 meni- extrafamiliar, e de habilidades sociais específicas
nos do grupo controle (sem TDAH)26. O estudo para proverem o desenvolvimento dos filhos27.
encontrou, por meio do Teste de Apercepção Os déficits no repertório das mães para atuar
Temática com figuras de animais/CAT-A, que frente às demandas interpessoais do dia-a-dia,
os resultados demonstraram diferenças signifi- somadas às cobranças de várias fontes, como
cantes entre os grupos. Os meninos com TDAH o marido, a escola, os parentes outros filhos,
apresentaram atitudes básicas de oposição, inse- no sentido de controlar os comportamentos do
gurança e identificação negativa, contrastando filho, representam um risco para a interação
com atitudes básicas de aceitação do grupo de positiva com as crianças, favorecendo a adoção
meninos sem o transtorno. A figura materna foi de práticas educativas coercitivas, sentimentos
sentida entre meninos com TDAH ora como po- de incompetência parental e indícios de estresse,
sitiva, ora como negativa. E, a figura paterna foi como identificados nos estudos23,28,29.
sentida como predominantemente negativa. Já, Entre as habilidades pessoais que os pais
os meninos sem TDAH qualificaram as figuras deveriam adquirir para melhor lidar com seus
materna e paterna como positivas26. filhos, cita-se as de comunicação, as de civili-

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dade e as assertivas30. Deste conjunto de ações, punições inadequadas e promover comporta-


considera-se que os pais de crianças com TDAH mentos mais desejáveis4.
devem ser ensinados e incentivados, mais es- O padrão parental caracterizado por punição
pecificamente, a apresentar as habilidades de excessiva e indiscriminada, ou de recompensa
fornecer feedback positivo, elogiar, incentivar, aos comportamentos inadequados ao invés dos
manifestar atenção ao relato da criança, obter adequados, influencia a maneira como a criança
informações, expressar discordância ou reprova- se comporta em relação aos seus pais, aumen-
ção e, concordar quando for pertinente, promover tando, assim, a frequência de comportamentos
a autoavaliação, modificar os ambientes físicos, de rebeldia e oposição, que, por sua vez, levam à
quando necessário, a fim de ampliar oportunida- manutenção das práticas educativas negativas32.
des educativas, organizar materiais, mediar as A terceira etapa visa à promoção da reflexão
interações da criança com os outros, descrever dos pais sobre como estes interagem com seus
os comportamentos desejáveis e indesejáveis, filhos, como estabelecem as regras e as punições.
negociar regras, chamar atenção para normas Há uma tendência destes em agir punitivamente
preestabelecidas, pedir mudança de comporta- depois que os filhos cometem erros, e a proposta
mento, apresentar instruções e dicas30,31. aqui é criar ações antecipadas e preventivas. Por
Para todas essas ações devem ser identifica- exemplo, é importante para a criança saber o que
dos e ensinados, concomitantemente, os com- é esperado dela em cada situação, antecipada-
ponentes não-verbais como gestos, expressões mente, não devendo deixar a criança agir para
faciais e corporais e também os paralinguísticos, depois advertí-la ou puní-la. Os pais funcionam
tais como: tom e forma da fala, clareza, fluência como um guia norteador para seus filhos. No
e ênfase, que são essenciais para uma interação início, eles orientam e sugerem, controlando a
eficaz com os filhos31. conduta dos filhos, até que, aos poucos, a criança
Com o objetivo de favorecer a interação entre desenvolva e controle as suas próprias atitudes.
filhos com TDAH e pais, foi proposto um modelo As ações aqui envolvem: reforçar os pontos
de intervenção subdividido em quatro etapas4. A positivos, evitar comparações entre irmãos, dar
primeira etapa consiste na educação psicosso- regras claras e limites consistentes, e uma de
cial, como o conhecimento do quadro clínico, o cada vez, incentivar o filho a terminar tudo o
entendimento das causas e da manifestação dos que começar, advertí-lo de forma construtiva,
sintomas, tendo em vista criar a oportunidade sugerindo alternativas de solução de problemas
dos pais se colocarem no lugar da criança, princi- (pensar, refletir, esperar e agir), usar um sistema
palmente para a tomada de consciência sobre as de reforço imediato, não sobrecarregar o filho
dificuldades que ela enfrenta diariamente. Esse com excesso de atividades, estimular fazer e
processo facilita a real compreensão das neces- manter amizades, utilizar jogos com regras, não
sidades diárias dos filhos e o esclarecimento da exigir mais do que a criança pode dar, estimular
falsa crença de que a criança é desinteressada, a autonomia e a independência, considerando-se
preguiçosa e que não se esforça ou, ainda, que a idade e rever as altas expectativas, evitando
é ruim ou teimosa, evitando-se, dessa forma, esperar “perfeição”4.
estresse e conflitos desnecessários4. Os pais precisam aprender a controlar a
Na segunda etapa, é dada a ênfase sobre o própria impaciência e devem ser otimistas, pa-
esclarecimento da diferença entre desobediência cientes e persistentes, não devendo desanimar
e incompetência, pois a maior parte dos compor- diante de possíveis obstáculos4 e devem estar
tamentos de crianças com TDAH é decorrente da conscientes que, por mais que os filhos melho-
dificuldade, incompetência e inabilidade, mais rem, dificilmente ficarão em uma faixa típica
do que por teimosia. Sabendo distinguir essa de desenvolvimento, quando comparados aos
importante diferença, os pais podem reduzir as seus pares13.

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Durante a intervenção com os pais, o profis- autocontrole significa qualquer reação ou um


sional deve fornecer também orientações úteis conjunto de reações dirigidas a si mesmo e a
para utilizarem com seus filhos, no dia-a-dia, um provável comportamento, que o levaria a
relacionadas à adaptação do ambiente, como a fazer algo diferente daquilo que o seu primeiro
necessidade do estabelecimento de uma rotina impulso ditou para que a pessoa fizesse. Pode-se
de horários, manutenção da casa organizada, pensar a inibição como sendo um sistema de
reserva de um espaço arejado, iluminado, si- freio psicológico34. Por exemplo, a pessoa usa
lencioso e organizado para a criança fazer a esse freio e se contém durante um tempo sufi-
sua tarefa4. ciente para decidir se o cruzamento está livre e
Na última etapa, os pais são orientados a é seguro para seguir em frente e também para
passar uma mensagem clara para seus filhos e, checar se aquilo que quer fazer é conveniente.
caso a criança cometa erros nesse momento, eles O autocontrole pode significar parar totalmente
poderão demonstrar, claramente, a sua insatis- e esperar até o trânsito melhorar, mesmo que a
fação, estabelecendo uma punição justa, como a pessoa esteja com pressa e que preferisse tentar
perda de um privilégio. Nessa etapa, o profissio- enfrentá-lo35.
nal auxilia os pais a fornecerem aos seus filhos As funções executivas, por sua vez, são as
um nível significante de estrutura que promova ações direcionadas e específicas que usamos
mudanças positivas de comportamentos4. para nos controlar, elas incluem habilidades
Boa parte dos comportamentos inadequa- como inibição, memória de trabalho, controle
dos de crianças com distúrbios externalizantes emocional, planejamento e atenção. Quando
manifesta-se e é mantida pelos déficits em ha- inibimos o impulso de agir, recorremos a essas
bilidades sociais apresentados pelos próprios habilidades durante essa pausa. Para a utilização
pais e no monitoramento do comportamento dos dessas habilidades é necessário vontade e esfor-
filhos, tornando imprescindível o treinamento ço, o que não é fácil, nem menos automático. As
dessas habilidades32. funções executivas ajudam a pessoa a decidir,
Considerando que os problemas secundários exatamente, o que fazer quando se exerce o
ao TDAH, como baixa autoestima, baixo repertó- autocontrole34.
rio de habilidades sociais, problemas escolares, Os filhos com TDAH apresentam um preju-
abusos de substâncias psicoativas e distúrbios de ízo de autorregulação, esse sistema de autor-
conduta retroalimentam os sintomas nucleares, regulação pode ser compreendido como uma
e que há causas e consequências daqueles nos integração bem-sucedida entre a emoção (o
ambientes familiar e escolar, o Programa de que a pessoa sente) e a cognição (o que a pes-
Treinamento de Pais (PTP) é bastante indicado e soa sabe, pode e deve fazer), resultando em um
necessário como parte integrante do tratamento comportamento apropriado, ou seja, é a capa-
para TDAH33. cidade que o indivíduo tem de controlar o seu
comportamento36.
DISCUSSÃO Dessa forma, a alteração das funções exe-
Os problemas causados pelo TDAH parecem cutivas e a falha na autorregulação promovem
ser uma combinação de três categorias que estão grande interferência no bem-estar dessas crian-
interrelacionadas, sendo elas: a baixa inibição ças, bem como na de sua família, acarretando
de respostas, o baixo autocontrole e problemas prejuízos em vários domínios da qualidade de
com as funções executivas. A baixa inibição está vida e nos fatores psicossociais relacionados aos
relacionada com a dificuldade de uma pessoa aspectos comportamentais, sociais, escolares e
parar, por um tempo suficiente, para pensar familiares.
em algo que está prestes a fazer e, sem essa Considerando que as pesquisas apontam as
pausa, não consegue exercer o autocontrole. O interações pai-filho e irmãos-criança em uma

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família com uma criança com TDAH, como mais o funcionamento da família. Mas, o comporta-
negativas e estressantes para todos os membros mento dos pais, as suas características e seu
da família, mais do que as interações típicas em padrão ocupacional podem também estar rela-
outras famílias e, de que a criança contribui mais cionados e contribuírem com essas interações
do que os pais possam imaginar para o conflito problemáticas19.
nas interações familiares11,20, sabe-se que as Ninguém pode estimar completamente o
crianças portadoras desse transtorno não existem transtorno, como as suas causas, danos, evo-
num vácuo. Elas ocupam lugares específicos lução, resultados e prognóstico, sem ônus a tal
nos diversos estratos ou sistemas sociais, sendo ambiente social que é o núcleo familiar e à in-
a família o mais imediato. teração de uma criança com ele. Para entender
Esse questionamento aborda a importância quem desenvolve quem continua a apresentar
da interação da criança com TDAH no núcleo o transtorno ao longo do tempo, qual criança
famíliar: “Perdoe-me por afirmar o óbvio, mas, desenvolverá problemas adicionais, qual terá
tradicionalmente, nossas teorias, abordagens e sucesso a despeito de seus problemas e, quais
tratamentos dessas crianças parecem enfocá-los indivíduos se sairão mal na vida adulta, é ne-
tão severamente como indivíduos, que nos es- cessário fazer referência a esse sistema social
quecemos desse importante assunto”11. A criança que é a família11.
com TDAH parece ser vista como se não fosse um Assim, saber se as crianças apresentam TDAH
ser social, engajada em uma série de interações é de limitada importância para predizer seu fu-
como a família e a escola, e que podem assim turo ou para elaborar tratamentos. Têm se que
desempenhar seu papel37. considerar vários contextos nos quais crianças
A despeito do desenvolvimento do TDAH específicas vivem e interagem, com quem inte-
possuir predisposição biológica forte, basica- ragem, e quem, em troca, age sobre elas19.
mente hereditária, nem mesmo a maior defesa Dessa forma, torna-se urgente o desenvolvi-
desse ponto de vista poderia negar os poderosos mento de projetos que contemplem intervenções
efeitos que essa diferença nas interações sociais no ambiente familiar, em função do quadro da
deve produzir na expressão desse transtorno criança com TDAH poder evoluir ou piorar, de-
em uma criança. Essas dificuldades que outros pendendo das condições que lhes são oferecidas.
membros da família experimentam influem À medida que as competências sociais e o reper-
certamente sobre o modo como a criança com tório dos pais se tornam mais elaborados para
TDAH é percebida, conduzida, criada, amada e, cumprirem os seus papéis, conseguirão lidar no
então, lançada para a vida adulta. Essa influên- dia-a-dia com as diferentes demandas inerentes
cia age de forma singular, apresentando efeitos às dificuldades de seu filho28.
de longa duração sobre o adolescente e o adulto Diante do poderoso efeito que o TDAH causa
resultantes dessa criança11. no ambiente familiar, nas interações familiares,
na qualidade de vida e na saúde mental de todos
CONCLUSÕES os membros da família, caberá ao profissional
Podemos concluir que as interações entre pais tentar minimizar esse impacto, desenvolvendo
e filhos em famílias, onde pelo menos um dos projetos de pesquisa, de atendimentos, de orien-
filhos é portador do TDAH, se caracterizam por tação psicossocial, ou ainda, de estratégias de
mais conflitos, coerção e estresse, a disciplina coaching, junto às pessoas que interagem direta-
pode ser mais frouxa, ou, então, hiperreativa, mente com o portador do transtorno, na tentativa
sendo o uso de estratégias parentais menos de promover a saúde mental, a qualidade de vida
adaptativas daquelas observadas em famílias e desenvolver possibilidades de relacionamentos
comuns. Grande parte do conflito parece vir interpessoais, familiares e sociais mais saudáveis
do TDAH das crianças e de seu impacto sobre e qualitativamente mais positivos.

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Benczik EBP & Casella EB

SUMMARY
The impact of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD)
on family relationships

This article aims to promote questions based on national and international


research, obtained through PubMed and SciELO and books on the subject.
The focus of this literature review involved the powerful effect that ADHD
promotes in family interactions, either between parents and children, the
marital relationship and interaction between siblings, greatly affecting
family dynamics and mental health of all family members. The results
demonstrate an urgency in preparing draft guidance and intervention with
families in order to promote mental health and minimize the losses that this
framework promotes the family and own carrier.

KEY WORDS: Attention Deficit Disorder with Hyperactivity. Family


relations. Mental health.

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Trabalho realizado no Psiquê – Núcleo de Psicologia e Artigo recebido: 20/1/2015


Neuropsicologia Aplicada, São Paulo, SP, Brasil. Aprovado: 18/3/2015

Rev. Psicopedagogia 2015; 32(97): 93-103

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