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Transformação Social através da Alfabetização


Social Transformation through Literacy
1 2
Guerreiro, Evandro Prestes . Jesus, Fabrício Bento .

Resumo:
Este artigo tem por objetivo, fazer uma análise sobre a exclusão social no
mundo do trabalho, ocasionada pelo analfabetismo na vida dos adultos tendo
como referência os estudos de Iamamoto e Martinelli, para compreender os
impactos causados pela falta de acesso a educação, tendo como foco principal
a questão da ausência de qualificação profissional, que faz com que os
indivíduos permaneçam impossibilitados de concorrer a determinadas vagas no
mercado de trabalho, pois a qualificação profissional só poderá ser alcançada
através da alfabetização.

O profissional do serviço social, possui a tarefa de intermediar no processo de


reinserção e i nclusão social, dando suporte e assistência para que esses
adultos tenham acesso ao ensi no.

Palavras-Chave: Alfabetização. Reinserção. Desemprego. Serviço Social.


Adultos.

Abstract:
This article aims to analyze the issue of illiteracy in adult life and the impact of
lack of access to education, with the main focus being the issue of
unemployment, which makes i ndividuals unable to compete for certain
vacancies in the busi ness market.

The social service professional has the task of mediating in the process of
reinsertion and social inclusion, providing support and assistance for these
adults to have access to education.

Keywords: Literacy. Reinsertion. Unemplo yment. Social service. Adults.

1
Orientador Científico – UNIP
2
Pesquisador- UNIP Serviço Social
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Introdução:
Nos últimos tempos ocorreram grandes mudanças na sociedade
brasileira decorrentes do processo de globalização, da adoção de novos
padrões e de produção industrial caracterizada, principalmente, pela
flexibilidade do trabalho refletiram nas várias expressões da questão social,
exigindo, enfim, um novo perfil de trabalhador com maior conhecimento,
capacidade de raciocínio, abstração e iniciativa. Esses requisitos solicitados
pelos empregadores causaram um crescente número de exclusão social,
econômica, política e cultural essencialmente nas classes subalternas.

Diante de tal realidade, visando a uma adequação desses trabalhadores,


surge a ideia de alfabetização de adultos, com o objetivo de reinserir e
qualificar a grande massa de trabalhadores que se encontram excluídos. No
entanto, para receber esses sujeitos com peculiaridades tão particulares no
processo de aprendizagem, a escola requer uma equipe de profissionais para
contribuir na construção de projetos político-pedagógicos.

É nesse contexto que a inserção do Assistente Social no cenário


educacional se faz necessária, pois conduzirá com os seus conhecimentos as
complexas questões sociais apresentadas no cotidiano escolar por esses
estudantes já adultos. Conforme afirma MARTINELLI ( 1998).
“O Serviço Social é uma profissão que trabalha no sentido educativo de
revolucionar a consciência, de proporcionar novas discussões, de trabalhar as
relações interpessoais e grupais. Assim, a intervenção do assistente social é
uma at ividade veiculadora de informações, trabalhando em consciências, com
a linguagem que é a relação social”

A Alfabetização de adultos está ligada ao processo que vai atuar na


reinserção daqueles adultos que deixaram os estudos na infância, assim como
também fará surgir a ideia de transformar a realidade social daquele indivíduo
que passou boa parte da vida excluído socialmente, tendo precárias
oportunidades de trabalho, deixando de concorrer aos cargos que muita das
vezes coincidiam com o seu perfil profissional, porém não fazia parte daqueles
processos seleti vos, devido a condição de não alfabetizado.

Em decorrência do analfabetismo, ocorre a precarização da mão de


obra, ou seja, os empregados que são donos da força de trabalho, ficam
submissos aos patrões, fazendo com que os trabalhadores se sintam oprimidos
e submissos a ordem imposta, com aquele receio devido a condição de não
alfabetizados e quali ficados. Esses trabalhadores se tornam alienados pela
questão de não estarem aptos para concorrer ao mercado em busca de novas
oportunidades de trabalho.
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O objetivo principal, é evidenciar o analfabetismo como uma das


consequências para o desemprego que é uma das expressões da questão
social que atinge a população desfavorecida, defendendo a concepção de que
é necessário a intervenção do estado na política da educação para o
enfrentamento da questão do desemprego, na lógica de alfabetizar os adultos
para capacitá-los ao mercado de trabalho.

Sendo assim, o propósito deste artigo é de conciliar tais aproximações e


tratar de fortalecer um debate que se apresenta inacabado e, portanto,
necessita de ser revisado para seu enriquecimento. Por isso pretende -se
reunir, diferentes visões que possam contemplar o maior número de conceitos
relacionados ao tema alfabetização que são atualmente utilizados.

Serviço Social na Política da Educação e processo de


Alfabetização de Adultos:
Nessa perspectiva, o trabalho do Assistente Social surge como
mediador para a formação política e social dos adultos não alfabetizados afim
de que, a realização de um trabalho de mobilização social e o
acompanhamento dos processos de participação popular nas escolas públicas
pudesse desenvolver a autonomia e criar novas esperanças de
empregabilidade partir da política de educação que é de alfabeti zá-los.

O Serviço Social, como política social, tem um projeto sociopolítico a


cumprir e que objetiva colaborar para a emancipação e autonomia dos
indivíduos frente às situações sociais adversas e às desigualdades, além da
busca de i nteração indivíduo/sociedade nas suas dimensões política,
econômica, social e cultural. Por outro lado, a Educação é o espaço onde é
possível mobilizar e discutir com maior profusão sobre a conquista de direitos,
a defesa da cidadania, as identidades culturais, a consciência crítica, a justiça,
entre outros temas

Devido às novas exigências profissionais, o fechamento de vários postos


de trabalho, a precarização das relações de trabalho, o aumento do trabalho
formal, a redução do poder de compra dos salários, surgem procuras por
escolarização, exigindo novas qualificações, competências e habilidades dos
profissionais. Para atender a essa demanda do mercado de trabalho em abril
de 1997, por meio do Decreto nº. 2.208/97 é regulamentada a educação
profissional articulada com o ensi no médio na modalidade de EJA, com a
concepção de que a oferta do curso supriria a necessidade dos Jovens e
Adultos frente ao mundo do trabalho conforme nos mostra o art. 1º do decreto:
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I- Promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho, capacitando


jovens e adultos com conhecimentos e habilidades gerais e específicas para o
exercício de ati vidades produtivas;

II- Qualificar, profissionalizar e atualizar jovens e adultos trabalhadores, com


qualquer nível de escolaridade, visando a sua inserção e melhor desempenho
no exercício de trabalho.

Enfim, o decreto trouxe grandes desafios como o de propor a organização


de políticas educacionais emancipadoras desses sujeitos para atuarem no
mundo do trabalho, considerando um marco na história da política. Portanto,
essa educação não propõe somente uma preparação para o mundo do
trabalho, ou se restringe à compensação do tempo perdido, ou a simples
certificação, mas vai além disto, pois o foco seria preparar jovens e adultos
para desempenhar na sociedade papéis de cidadãos autônomos, críticos em
seus pensamentos, éticos, conscientes e capazes de transformar as realidades
sociais. Enfim, contribuir de alguma forma com esses indivíduos para atuarem
dentro da sociedade de forma mais reflexiva.

Para Almeida (2000): Os novos significados que o campo educacional


passou a ter para os assistentes sociais, contudo, podem ser examinados a
partir de dois eixos: a posição estratégica que a educação passou a ocupar no
contexto de adaptação do Brasil, a dinâmica da globalização, e o movimento
interno da categoria, de redefinição da amplitude do campo educacional para a
compreensão dos seus espaços e estratégias de atuação profissional.
O fato de atuar em vários campos de trabalho, no seu fazer profissional,
exige-se que ele detenha conhecimentos da realidade da sua complexidade,
além dos específicos da profissão, com o objetivo de transformar as questões
do cotidiano profissional na direção do Projeto Ético Político. (ALMEIDA,
2000, p.20)

É nessa perspectiva que o Serviço Social traça a sua identidade


profissional no campo educacional com ações voltadas a identificar e propor
alternativas acerca das questões sociais, políticas, econômicas, familiares e
culturais apresentadas no espaço escolar. Para tanto, o Assistente Social deve
ser:

(.....) um sujeito profissional que tenha competência para propor, para


negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de
trabalho, suas qualificações e funções profissionais (.....) desenvolver sua
capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas
e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no
cotidiano, enfim ser u m profissional propos itivo e não só executivo (.....) e
buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e
possibilidades nelas presentes (IAMAMOTO, 2001, p. 20, 21).

Assim, o grande desafio desse profissional é desenvolver propostas de


trabalhos criativas e inovadoras para analisar e intervir nas realidades,
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tomando como base a sua formação teórico metodológico, ético-política e


técnico-operativa. Cabe ao Assistente Social desenvolver as segui ntes funções
de acordo com o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS):

► Cooperar na efetivação da educação como direito e como elemento


importante à cidadania;

►Desvendar e problematizar a realidade social, apreendendo os modos e as


condições de vida dos sujeitos com seus condicionantes históricos, sociais,
econômicos e culturais e também seus anseios, desejos e necessidades;

► Intervir na realidade social com base na apreensão do movimento


contraditório do real, a partir do seu desenvolvimento e problemati zação;

► Pesquisar sobre a realidade socioeconômica e familiar dos sujeitos para


caracterizar a população escolar;

►Elaborar e executar programas de orientações sócio familiar, visando à


evasão, melhor desempenho e rendimento escolar ;

►Participar, em equipe multidisciplinar e i nterdisciplinar, para a elaboração de


palestras que objetivem orientar, prevenir e i ntervir nas realidades;

► Ampliar o conhecimento dos sujeitos envolvidos com a educação, por meio


de entendimento das questões sociais;

► Realizar pesquisas para fornecer dados para análise da rea lidade social;

► Realizar instrumentos técnicos operativos como: visitas domiciliares,


estudos e pareceres sociais, atendimentos diversos para intervenção na
realidade educacional. Lembramos que o exercício profissional é
regulamentado pela Lei nº. 8.662/93 e pelo Código de Ética Profissional que
determina quais são os direitos e deveres e nos indicando um horizonte para o
exercício profissional, conforme nos mostra Marilda:

O desafio é a materialização dos princípios éticos na cotidianidade do


trabalho, evitando que se transformem em indicativos abstratos, deslocados
do processo social, emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais, o
que tem repercussões efetivas nas formas de realização do trabalho
profissional e nos rumos a ele impressos (IAMAMOTO, 2000, p.53).

O Serviço Social precisa ir além das intervenções citadas. Exige que o


profissional assuma um compromisso sistemático e integral com esse público,
desenvolvendo programas que vão ao encontro das di versas necessidades
apresentadas por eles e apoiando os outros profissionais que atuam de forma
direta e indireta. Desse modo, se faz necessário conhecer a realidade desses
alunos que chegam à sala de aula demonstrando cansaço físico e mental
causado por jornada extensa de trabalho, falta de tempo livre para estuda r fora
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da sala escola, baixo rendimento escolar, desemprego, vulnerabilidade social e


tantos outros fatores que contribuem para a evasão e o fracasso escolar.

A inserção do Assistente Social no cotidiano dos estudantes adultos


proporcionará condições de estabelecer uma relação de confiança, identificar
as necessidades e demandas postas e dar respostas a elas, implementar
políticas educacionais articuladas numa perspectiva de interdisciplinaridade a
partir do diálogo, e instituir ações que solucionem as dificuldades enfrentadas
por esses sujeitos. Assim, esse profissional estará contribuindo para a
efetivação dos direitos sociais, educacionais e contribuindo para o acesso e
permanência daquele adulto no espaço escolar, num movimento de superação
das desigualdades sociais.

Analfabetismo no Mundo do Trabalho:


O Analfabetismo afeta todas as fases da vida de uma pessoa. Aqueles
que não sabem ler ou escrever são muito mais propensos a continuarem na
pobreza, terem problemas de saúde e viverem isolados em um mundo cada
vez mais dependente de novas tecnologias sendo fragilizado por um sistema
social excludente e opressor.

Os índices mais altos de analfabetismo funcional estão no setor


econômico rural (70%), no setor de serviços domésticos (42%) e entre os
trabalhadores da construção civil (41%). Tais resultados comprovam que são
ainda maiores os desafios para o crescimento e o aprimoramento desses três
setores.

Inserção dos adultos nas escolas funciona como forma de


transformação social e de manutenção da estrutura vigente, pois a educação
pode transformar e abrir caminho para novos horizontes, proporcionando aos
adultos uma qualificação para o mercado de trabalho, além de reduzir as
desigualdades e a rejeição do mercado de trabalho pela questão do
analfabetismo.
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Conclusão:
O artigo teve por finalidade, trazer um estudo mais aprofundado sobre o
projeto de transformação social através do processo de alfabetização de
adultos, que não tiveram oportunidades de inclusão na infância e na
adolescência para serem alfabetizados.

O analfabetismo faz com que os adultos tenham dificuldades de se


emancipar, para que possam sobressair de modo que venham a ter melhores
oportunidades de trabalho, ou seja, a pessoa acaba permanecendo na mesma
situação tendo a mesma condição de vida por um tempo indeterminado, pois
só aquele processo de alfabetização poderá garantir um caminho a ser traçado.

O Assistente Social têm uma importante atuação nas políticas públicas e


a educação é uma política pública, dessa forma o profissional do serviço social
em suas atribuições poderá fornecer meios que venham a viabilizar todo o
processo de alfabetização de adultos, atuando como parte intermediadora no
acesso a educação para os adultos.

Levando-se em conta o que foi analisado, conclui-se que a alfabetização


e o serviço social, estão inseridos nesse contexto de transformar a realidade
social dos adultos, pois a partir do momento em que os adultos passam pelo
processo de alfabetização, começa a surgir o sentimento de mudança, ou seja,
aquele indi víduo passa a ser considerado um fator de diferença e de
transformação de sua própria realidade, estando capacitado a concorrer a
melhores oportunidades de trabalho. O profissional do serviço social, além de
oferecer todo suporte para o processo de inclusão nas escolas, possui o
compromisso de fazer aqueles adultos acreditar que eles são protagonistas de
mudanças.
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Referências:
GUTIÉRREZ, Francisco. Educação como Práxis Política. São Paulo:
SUMMUS, 1988.

MATTOS, Lúcia Alves Faria (org.). Gestão Colegiada e Qualidade de Escola.


Belo Horizonte:

IAMAMOTO, Marilda. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. São Paulo: Cortez, 2001.

IAMAMOTO, Marilda Vilela Carvalho. Relações Sociais e Serviço Social no


Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológico. 14ª edição. Soa
Paulo: Cortez, 2000.

MARTINELLI, Maria Lúcia, O Serviço Social na transição para o próximo


milênio: desafios e perspectivas. In: Sociedade Social &Sociedade, nº 57. São
Paulo: Cortez, 1998.

Revista Serviço Social & Realidade. Unesp, França - SP, Brasil, 1993-2002,
V.11, nº01, p.1- 254-2002.

GOHN, Maria da Glória. Participação e Gestão Popular na Cidade. (IN) Revista


Serviço

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica


educativa. 4. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1996.

SEVERINO, Antônio Joaquim, Metodologia do Trabalho científico - 21 ed.rev.


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