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O Dom de Línguas em Atos 2

Exposição
Atos 2.1-13

O tempo se cumpriu e chegou o dia em que a promessa de Jesus foi


cumprida.
Os discípulos estavam reunidos mais uma vez no mesmo lugar.
Nessa casa onde estavam assentados, provavelmente orando mais uma
vez.
Era bem cedo. Pedro nos informa no verso 15 que ainda era 3ª hora do
dia, ou seja, 9 horas da manhã

Enquanto estavam ali reunidos, Jesus cumpriu sua promessa.


Vamos ver o que apreendemos neste texto.

A descida do Espírito Santo

O Espírito Santo desce e enche seu povo. Essa descida inaugural é


marcante: Lucas dramatiza o evento:

a. Com um som de vento impetuoso;

O vento é símbolo da presença do Espírito Santo tanto aqui no Novo


como no Antigo Testamento.
A palavra para espírito no AT é uma onomatopeia – Ruahr – trazendo
um simbolismo todo especial: O vento é que faz as ondas do mar, é que nos
refresca o calor, fornece energia para o movimento de barcos... enfim é
indispensável. Sem o vento nossa vida está prejudicada.
O vento é forte, impossível de ser contido e é livre sopra onde quer.
Por isso a descida do Espírito Santo como vento impetuoso no lembra
da força, da liberdade, da soberania e da essencialidade de sua presença em
nós.

b. Sinal visível como línguas (fisicamente o órgão língua, como


vemos em incêndios) de fogo;

Esta é uma representação física do fogo. Labaredas! O fogo é símbolo


de poder. O fogo é capaz de consumir tudo que está ao seu alcance. Ele é
capaz de purificar e derreter os elementos mais rígidos.
Assim o Espírito Santo é poderoso para quebrar corações e para realizar
a obra do Senhor de transformação de pecadores impenitentes em crentes
submisso a Deus e sua vontade.
Tendo a Palavra como seu instrumento, o Espírito Santo como fogo,
derrete corações endurecidos e purifica a vida dos servos de Deus.

c. Pousando sobre os crentes

O texto menciona que o Espírito Santo nesta sua manifestação poderosa


pousa sobre os crentes. Ele pousa, mas não se retira. É sinal de que o Espírito
Santo é dado como penhor, como garantia.
Até então Ele estava com os discípulos, mas agora estaria dentro deles.
Pedro reconhece isso citando a profecia de Joel. O Espírito Santo é
dádiva de Deus. Presença real de Deus permanente em seus servos.

d. Enchendo de poder e capacitando os crentes a falarem em


outras línguas (idiomas)

O dom de línguas tem sido alvo de controvérsias ao longo dos anos.


Creio que a ação da Sociedade bíblica em dividir esta seção e nomeá-la de “O
Dom de línguas” fere o propósito e induz a uma interpretação errada do texto.
Outras versões em português e inglês trazem os versos 1-13 juntos
favorecendo uma interpretação correta.
As línguas faladas pelos apóstolos e discípulos aqui é um resultado da
presença do Espírito Santo e não um dom, uma dádiva, como se daquele ponto
em diante eles então passariam a sempre falar em línguas.
Línguas aqui é idiomas – e o texto é claro em mostrar que o que
aconteceu não foi um momento cheio de palavreados estranhos e
incompreensíveis aos homens presentes. Repare que o texto informa que
haviam pessoas de várias etnias e povos de línguas diferentes naquele lugar.
O que acontece aqui é que os discípulos falavam em aramaico, sua
língua materna, e os ouvintes os ouviam falar em suas próprias línguas
maternas, que eram variadas! Essa expressão se repete três vezes no texto:
“em sua própria língua”.
Ou seja, não eram línguas estranhas, não eram línguas de anjos, eram
línguas comuns aos homens, mas diferentes e próprias de cada etnia. Esse
texto e outros, portanto, não fornecem base para esse entendimento errado
das línguas no princípio da igreja.
Aplicação:
Precisamos entender:

a. O propósito aqui é mostrar de forma impactante como os


crentes carecem do poder de Deus para cumprir Sua obra.
Até aquele momento, por mais ou menos dez dias, os discípulos nada
fizeram. Era preciso que recebessem aquela capacitação para cumprir a ordem
de Jesus. Sem o poder de Deus, sem o Espírito Santo nada podemos fazer e
jamais podemos ser testemunhas fiéis de Cristo.

b. Vem do alto. É uma capacitação divina, não é um mérito, algo


conquistado pelos crentes como prêmio por sua dedicação
espiritual.
Muitos defensores das línguas estranhas como dom sobrenatural e
especial afirmam que elas se conquistam por meio de uma segunda benção. É
conquistada por esforço pessoal. Mas aqui fica claro que: foi de repente. Os
discípulos não tinham controle. Foi quando Deus quis e não como eles
quiseram.

c. Essa capacitação e presença poderosa do Espírito Santo tem o


objetivo de anunciar o evangelho – Jesus.
O texto é claro em dizer que aquele poder sobrenatural do Espírito Santo
serviu não para que os discípulos exibissem uma espiritualidade maior e
melhor, mas para que o evangelho fosse pregado. Eles, cheios do Espírito
Santo anunciavam as grandezas de Deus. E Pedro especifica que essas
grandezas referiam-se a Cristo, o messias morte e ressurreto.

O que devemos fazer


a. Se concentramos nossa vida espiritual em uma busca crescimento
ou de benefício pessoal, temos que rever nossa compreensão de
espiritualidade.
O Espírito Santo nos é dado não para alcançar benção pessoais,
mas para anunciar o evangelho de Jesus.
O poder de Deus em nós, nos foi dado para glorificação do nome de
Jesus e não nossa.

b. Buscar mais a Deus que nos encha do seu Espírito Santo para que
possamos ser melhores e mais eficazes testemunhas de Cristo.

Exposição de Atos 2.1-13


Esclarecimento sobre o dom de línguas

Tendo em vista o fato de que há muita distorção e dúvida sobre essa


questão do “Dom de línguas” gostaria de apresentar um esclarecimento mais
detalhado do que aconteceu aqui em Atos a fim de discernirmos as coisas
segundo a Palavra de Deus.

Recordando
Creio que a ação da Sociedade bíblica em dividir esta seção e nomeá-la
de “O Dom de línguas” fere o propósito e induz a uma interpretação errada do
texto. Outras versões em português e inglês trazem os versos 1-13 juntos
favorecendo uma interpretação correta.
As línguas faladas pelos apóstolos e discípulos aqui é um resultado da
presença do Espírito Santo e não um dom, uma dádiva, como se daquele ponto
em diante eles então passariam a sempre falar em línguas.

Línguas aqui é idiomas – e o texto é claro em mostrar que o que


aconteceu não foi um momento cheio de palavreados estranhos e
incompreensíveis aos homens presentes.
Repare que o texto informa que haviam pessoas de várias etnias e
povos de línguas diferentes naquele lugar. O que acontece aqui é que os
discípulos falavam em sua língua materna, e os ouvintes os ouviam falar em
suas próprias línguas maternas, que eram variadas! Essa expressão se repete
três vezes no texto: “em sua própria língua”.
Ou seja, não eram línguas estranhas, não eram línguas de anjos, eram
línguas comuns aos homens, mas diferentes e próprias de cada etnia.

Vimos também que o propósito de Lucas aqui é:


a. Mostrar de forma impactante como os crentes carecem do poder
de Deus para cumprir Sua obra.
b. Vem do alto. É uma capacitação divina, não é um mérito, algo
conquistado pelos crentes como prêmio por sua dedicação
espiritual.

c. Essa capacitação e presença poderosa do Espírito Santo tem o


objetivo de anunciar o evangelho – Jesus.

A concepção de dom de línguas Hoje

Muitos quando vão falar em “dons de línguas” usam o termo “línguas


estranhas”. Esta expressão nunca aparece na bíblia. Ela aparece na versão
revista e corrigida como tradução da palavra “glossa” que na verdade significa
idioma, dialeto. A bíblia nunca afirma que o dom de língua é a capacidade de
falar algo além do entendimento, sobre-humano, sobrenatural.
Por isso em muitos lugares onde essas “línguas” são expressões
sem nexo e ininteligíveis isso está em desacordo com a Escritura.
Atualmente, o que se conhece por dom de línguas guarda
diferenças marcantes entre o dom descrito e normatizado nas páginas no
Novo Testamento.
Quando olhamos para o fenômeno das línguas na igreja moderna,
percebemos que ele difere diametralmente do dom na igreja primitiva. Algumas
características das línguas da atualidade são:

a. Elas são consideradas sinal de espiritualidade e demonstração de


que o Espírito Santo age de uma maneira mais profunda naqueles
que as falam.
b. Todos os crentes são encorajados a falar em línguas para
progredirem espiritualmente.
c. Há momentos no culto público em que todos, ou grande parte das
pessoas, falam em línguas simultaneamente.
d. Não se trata de idiomas, mas de sílabas unidas ao acaso e sem
significado ou repetições de palavras e fonemas.
e. São ensinados métodos para que pessoas que não falam em línguas
possam aprender a falar por meio de relaxamento ou de treino.
f. As línguas não são traduzidas a fim de haver edificação da igreja e
evangelização dos visitantes incrédulos.
g. Há grande resistência quanto à aceitação e aplicação das normas
que Paulo deu para o uso do dom de línguas.

Mas como vimos não é esse o dom de línguas registrado aqui em


Atos.
Vamos a alguns deduções lógicas importantes:

1. Línguas não é uma comprovação de espiritualidade elevada


Muitos afirmam o dom de línguas como se ele fosse algo que deve
acompanhar a vida daqueles crentes que são cheios do Espírito Santo.
Se o indivíduo possui o Espírito Santo ele tem que falar em línguas. Ou
pelo menos precisa de um “batismo especial” que confere a ele essa
capacidade sobrenatural. O que vemos na bíblia não é isso.
Se o dom de línguas fosse uma marca da espiritualidade cristã ele teria
que ser repetido toda vez que alguém se converte e não é isso que vemos:
a. Este dom não se repete em At 2.41 na conversão dos 3 mil
b. Também não aparece em At 4.4 na conversão dos 5 mil
c. Em At 8.17 quando os Samaritanos recebem o Espírito Santo eles
não falam em línguas
d. Nenhum dos apóstolos é destacado por falar em línguas
e. Paulo, que afirma falar em muitas línguas (1Co 14.18) contudo
afirma que isto era secundário e que o importante era ser bem
compreendido em sua própria língua.

2. As línguas constituíam um sinal de juízo para os incrédulos


especialmente os judeus

Em 1Coríntios 14, Paulo proibiu o uso indevido do dom de línguas e o


graduou como secundário na edificação da igreja. Paulo também revelou o
propósito “principal” das línguas: servir como um “sinal” de Deus para
os incrédulos (1Co 14.20-22)

1 Co 14:20-22 Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim,


sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. 21 Na lei está
escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de
outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. 22 De sorte que as
línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas
a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem.

Paulo está fazendo referência à profecia de Isaías 28.11,12, onde Deus


afirma que havia de trazer juízo sobre o povo impenitente de Israel que seria
destruído por povos de outras línguas ou de línguas estranhas a eles – o que
se cumpriu imediatamente com a invasão da Babilônia.
Contudo aquela não era apenas uma profecia momentânea. Pois como
toda Escritura do AT aquilo também se referia a Cristo e sua vinda como oferta
pelo pecado.

Aqui vemos
A primeira vez que o dom de línguas ocorreu na História foi cinquenta
dias após a morte de Jesus. Os 120 discípulos de Cristo que receberam o
Espírito Santo começaram a falar em outros idiomas na presença de grande
multidão de judeus incrédulos de todas as partes do mundo.
Ao ficarem espantados por verem galileus iletrados falando correta e
claramente em idiomas de terras distantes, esses judeus incrédulos foram
repreendidos por Pedro a respeito do que fizeram com Jesus (At 2.22-24).
Em vista disso, muitos deles se arrependeram e buscaram um meio de
fugir da condenação por tão grande crime. Para eles Pedro ordenou que se
arrependessem e se convertessem do caminho dos perversos (At 2.37-40).
Diante da pregação e do anúncio da culpa 3 mil judeus foram convertidos
somente nesse dia (At 2.41).
Desse modo, encontramos o propósito da concessão do dom de
línguas à Igreja: Ele foi o sinal que Deus enviou aos incrédulos que apontava
para o juízo que recairia sobre eles. E o fato de uma pequena porcentagem ter
crido em tais promessas demonstra que o propósito do dom de línguas não era
primariamente evangelizar os incrédulos, mas trazer sobre eles o juízo de
Deus.

Aplicação:

1. Devemos ser criteriosos e examinar melhor as Escrituras para


entendermos bem o que ela ensina;

2. Não há mais menção do dom de línguas na igreja senão em


Coríntios. Nenhuma das cartas pastorais e das cartas gerais
mencionam elas.
Assim entendemos que, à medida em que o evangelho foi sendo
propagado, e pregação (profecia) foi ganhando proeminência, as
línguas deixaram de ser necessárias à igreja e ao seu ministério.

3. É possível que Deus utilize ainda hoje este dom? Sim, mas ele deve
ser encarado como a Bíblia o ensina, como algo extraordinário, um
ato da soberania do Espírito Santo, não como algo necessário à
espiritualidade cristã, como se fosse uma segunda benção mais
importante que a primeira.

4. O centro de tudo que o Espírito Santo faz é o evangelho de Cristo. E


não apenas o dom de línguas, mas qualquer indivíduo que use outro
dom, como o pastoral, o de liderança, o de governo, o de serviço, se
for usado com fins escusos e não com o propósito de engrandecer a
Cristo, deve ser rejeitado.

Desafio:
Examine as Escrituras e não se deixe levar por qualquer coisa que
pareça espiritual ou especialmente sobrenatural, ou de Deus,
somente porque ela causa algum arrepio.

Não se deixe levar por ventos de doutrinas e ensinamentos onde o


centro é o homem e suas emoções.
Se Cristo não é o centro, rejeite!

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