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Introdução

Hoje em dia vivemos situações difíceis em âmbito social, mudanças incessantes, crises
económica em toda parte, luta pela sobrevivência, competição diária, violência social, vida nas
grandes cidades, novas tecnologias de comunicação, ritmo frenético da existência etc. que nos
levam a situações novas e de mudança, muitas vezes extremas, às quais temos de nos adaptar e
tolerar, mas sem perdermos um eixo psicológico que todos necessitamos como seres humanos.
Todos estes factores da sociedade atual normalmente nos levam a uma identificação com o
mundo exterior e, como consequência, a uma perda de identidade e a uma desorientação que, se
não percebermos e buscarmos uma solução, nos levará a uma vida vazia e sem sentido, rotineira,
onde sobressai o viver para trabalhar ou sobreviver, esquecendo-se do “viver”. Por isso
necessitamos resgatar o autêntico conhecimento, um ensinamento baseado nos princípios
universais, em normas bioéticas, educacionais, regressar aos autênticos valores que existem há
séculos para termos um guia, um eixo que nos oriente na busca de um desenvolvimento integral
do ser humano, e nos ajude a ter comportamentos positivos que nos levem a melhorar nossa vida
em relação aos demais e a si mesmo. Se nós queremos nos desenvolver, evoluir na vida, ser
diferentes, sair de dogmas caducos impostos e da falsa educação, mas sem cair na frieza do
homem atual, preso a um mundo materialista e robótico das novas tecnologias cada vez mais
absorventes, necessitamos desenvolver um eixo de conduta, um guia seguro que nos oriente na
vida, regras de convivência, normas, valores para buscarmos melhorar os relacionamentos
humanos, sociais, laborais, familiares que nos permitam crescer internamente, alcançar um
desenvolvimento positivo, uma satisfação pessoal e evolução humana na sociedade.
Necessitamos aprender a viver em sociedade de forma prática, mas inteligente, desenvolvendo os
potenciais do ser humano em âmbito laboral, profissional, intelectual, científico, em todos os
campos mas sob uma orientação em valores internos e de bom comportamento social, sem
esquecermos os aspectos emocionais tão importantes para um desenvolvimento integral humano.
Ao longo da história muitas pessoas, pensadores, grandes homens conseguiram e nos mostraram
o caminho a seguir;
Características de autodomínio
O autodomínio é a nossa capacidade de nos controlarmos, de exercermos o autocontrolo. É
quando conseguimos conter as nossas emoções e desejo, que ao cedermos poderá prejudicar aos
nós mesmos ou aos outros. É importante “pensar antes de agir” e ter a consciência de si mesma,
para escolher de forma inteligente, a melhor reação para cada situação. Tente “agir” (tomar uma
atitude de forma pensada e consciente) e evite “reagir” (tomar uma atitude de forma impulsiva e
sem tempo para pensar).
 
Dicas para exercer o Autodomínio
1. Pratique o autoconhecimento

Ter  autoconhecimento irá nos ajudar na prática do autocontrole, pois este conhecimento de si
mesmo lhe permite saber como reage às situações do dia-a-dia, e assim saberá
o “porquê” e “quando” poderá ter uma reacção mais intempestiva, e conhecendo-se a si mesmo
saberá quando e como se controlar.

 2. Pratique a meditação

Meditar nos ajuda a estar no momento presente, a estarmos mais serenos e em contacto com a
nossa essência. Tente observar os seus pensamentos, seus sentimentos, as reações em seu corpo,
pois quanto melhor conseguir ser um “observador de si mesma”, mais serena estará a sua mente
e mais tempo de “espaço vazio”,terá entre a ocorrência de um pensamento e outro. Introduzir
esta prática em seu dia a dia, trará inúmeros benefícios para a sua vida, como por exemplo: a
melhora da qualidade do seu sono, o aumento da concentração, a diminuição do estresse, além de
ser uma ferramenta maravilhosa para o seu autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

 3. Pratique a empatia

A empatia é a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, de “sentir” as suas
dores, de conseguir emocionar-se com a situação alheia. Quando temos empatia, temos mais
facilidade em nos controlarmos, em tentar perceber o outro, a sua situação e/ou motivações,
antes de agirmos sem pensar, antes de entrarmos em discussões e julgamentos. A empatia é o que
move as pessoas a ajudarem-se umas às outras, ela está ligada ao amor ao próximo, a
ultrapassarmos a necessidade de olharmos apenas para o nosso umbigo e enxergamos o outro: a
sua dor, suas dificuldades, seus pontos de vista.

O autodomínio é uma virtude singular que procura ultrapassar o conflito gerado pela oposição
entre a razão e as paixões. A sua ausência constitui uma das três coisas que nos podem tornar vis,
a par dos vícios e da bestialidade. Aristóteles analisa esta virtude nos capítulos IV e VI do livro
II da Magna Moralia (1), começando por criticar a tese socrática que negava a existência do
autodomínio, pois dizia que ninguém pode escolher o mal sabendo o que é o mal. Na verdade, ao
contrário do que pensava Sócrates, as pessoas que não têm autodomínio escolhem o mal,
sabendo que estão a escolher o mal, não porque o prefiram racionalmente, mas porque se deixam
vencer pelo império das paixões, não tendo força de vontade para lhe resistir. Pode-se perguntar,
no entanto, se esse conhecimento é um verdadeiro saber ou uma mera opinião? No primeiro
caso, a pessoa que faz o mal merece ser censurada. No segundo caso, a pessoa que não tem
autodomínio faz o mal apenas porque possui uma vaga opinião do mal e não um saber verdadeiro
e, nessa medida, não mereceria ser censurada.

No entanto, todos sabemos que as pessoas incapazes de autodomínio estão muito mais sujeitas
do que as outras a optar pelas más acções, quer por frouxidão quer pelo facto de não saberem
aplicar aquilo que sabem. Oiçamos Aristóteles: "por conseguinte, não tem domínio de si, aquele
que tendo um conhecimento das coisas boas, não o põe em acto. Cada vez que ele não põe em
acto esse saber, pode-se dizer, sem cair no absurdo, que ele faz o mal, sabendo o que é o bem. O
seu caso é semelhante ao das pessoas que dormem". (2). O filósofo avança, ainda, uma outra
explicação: é possível ter-se um conhecimento geral sem se saber como aplicá-lo a casos
particulares. Neste caso, a pessoa pode deter o saber, mas erra ao aplicar esse saber à resolução
de um conflito particular.

As pessoas sem autodomínio poderão cair, com facilidade, nesse erro e é, por isso, que embora
conheçam o bem, são incapazes de resistir ao mal, sobretudo quando essa opção pelo bem as
obriga a renunciar a prazeres. Neste caso, as paixões e os apetites tornaram inactivo o
conhecimento e a pessoa deixa de obedecer à razão. Ao invés a pessoa com autodomínio é
aquela que é capaz de obedecer à razão, embora seja confrontada, amiúde, com o desejo de ceder
às paixões e aos apetites. Convém, no entanto, distinguir o autodomínio da resistência. O
autodomínio diz respeito aos prazeres. Aquele que se autodomina é senhor dos seus prazeres,
enquanto que a resistência diz respeito às penas e às dores. Aquele que resiste às penas é um
homem resistente, mas não é, forçosamente, um homem com autodomínio.

Aristóteles faz uma outra distinção entre a ausência de autodomínio e a moleza. Enquanto a
moleza significa a incapacidade para resistir à dor, a ausência de autodomínio significa a
incapacidade para resistir aos prazeres indevidos, impróprios ou excessivos. E o que é o oposto
do autodomínio? Aristóteles defende que é o deboche ou a vida dissoluta. Oiçamos Aristóteles:
"existe um certo tipo de homens que chamamos dissoluto. Será o mesmo tipo de homem que
aquele que não tem autodomínio? O dissoluto é aquele que pensa que os seus actos são os
melhores e os mais úteis para si e que não possui nenhuma razão para se opor ao que lhe parece
ser agradável. O homem sem autodomínio, pelo contrário, possui uma razão que o opõe aos fins
em direcção aos quais o seu desejo o empurra" (3), mas não consegue resistir ao apelo dos seus
desejos e paixões.

Qual é o mais facilmente corrigível? O homem dissoluto não usa devidamente a razão, pois opta
pelo mal, pensando que o mal lhe é mais útil e agradável. O homem sem autodomínio dispõe de
razão, mas é incapaz de resistir aos desejos. Repare-se: o dissoluto não tem qualquer noção do
bem, mas o homem sem autodomínio tem. O primeiro tem as características de um ser vicioso e
vil por natureza, mas o segundo não, embora se possa também tornar vicioso, graças ao hábito.
No entanto, é mais fácil alterar os maus hábitos do que uma má disposição natural. É, por isso,
que o homem dissoluto é mais difícil de corrigir do que o homem sem autodomínio. Será que a
pessoa com autodomínio é sinónimo da pessoa prudente? É verdade que o homem prudente
também possui autodomínio e que, portanto, não apenas possui uma recta razão, mas também é
capaz de agir em conformidade com a recta razão. Contudo, ser prudente exige mais do que ter
autodomínio, porque a pessoa prudente também é capaz de escolher os melhores meios para
atingir os fins rectos.

O sentido comum de responsabilidade

Em um sentido comum, responsabilidade diz respeito à condição ou qualidade de alguém em ser


responsável. É pressuposto que esse ser responsável tenha capacidade de consciência quanto aos
atos que pratica voluntariamente, ou seja, que consiga saber antes de agir as consequências de
sua vontade. Essa consciência dá ao agente responsável ou portador da responsabilidade a
obrigação de reparar os danos causados a outros através da realização de seus atos. Daí a ideia de
punibilidade ou culpabilidade do ponto de vista ético-jurídico, a capacidade de resposta do ponto
de vista social ou simplesmente a ideia de autonomia para agir. Podemos vincular a
responsabilidade aos nossos deveres ou obrigações quanto a uma situação ou a pessoas sob
nossos cuidados ou sob nosso poder. É pressuposto que ajamos de maneira razoável e prudente,
que ajamos de forma moralmente aceitável; que façamos conscientemente e por meio de nossa
própria vontade algo que nos foi de alguma forma confiado por nós mesmos ou pelos outros. Isso
leva a dicotomia entre o egoísmo ético e o respeito pelo interesse dos outros: o que é mais
vantajoso, considerar apenas os nossos interesses ou levar em consideração o interesse dos
outros; sermos responsáveis ou apenas agir de forma a satisfazer unicamente nossos interesses?
A Responsabilidade como auto-responsabilidade

Auto responsabilidade é a capacidade ou competência de assumir a responsabilidade por cada


evento bom ou ruim que te acontece. Muitas vezes procuramos negar que determinado evento
chegou a tal ponto por conta de nós mesmos. Entretanto, se assim o fizermos, acabamos negando
uma oportunidade de crescer. Um grande erro é ficarmos na dependência do mundo, esperando
que ele resolva nossos problemas. É um grande equívoco permitirmos que os outros determinem
nosso valor e pior: que a opinião alheia fragilize a confiança que depositamos em nós.  Nossa
liberdade neste mundo começa no dia que resolvemos assumir nossa própria vida por inteiro,
sem atribuir a ninguém a responsabilidade por nossas derrotas. Porque, na verdade, ninguém tem
a obrigação de construir ou facilitar nossos caminhos, erguer as paredes de nossa casa ou torcer
por nossa vitória. Quando decidimos depender somente de nós, acrescentamos à nossa
capacidade poderes ocultos.

Quem assume por inteiro a própria vida pode ser a qualquer hora e em qualquer lugar, apenas o
que é. Assumir a própria vida é um ato de coragem, pois implica ser responsável pelo que de
bom ou ruim que há de acontecer. Seu destino esta constantemente sob teu controle. Tu escolhes,
recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Cuida
das palavras que saem da tua boca, elas têm poder de vida e morte, elas têm poder de benção e
maldição. Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes... São as fontes de
atração e repulsão de tua jornada e vivencia. Não reclame nem te faças de vítima. Antes de tudo
analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta, reprograma tua mente.
Busca o bem e viveras melhor. “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim.”As mudanças começam quando as
pessoas conseguem ser honestas consigo mesmas e aceitam que, de algum modo, são
responsáveis pela situação em que se encontram. Quando culpamos os outros pelas nossas
dificuldades, é muito mais difícil reconhecer o nosso poder, a nossa capacidade para lutar pela
felicidade. Temos de escolher se queremos ser parte da solução ou parte do problema. Assumir a
nossa própria responsabilidade implica aceitar que aquilo que fazemos hoje é a semente para a
mudança (ou para a estagnação) de amanhã. Auto responsabilidade implica esforço, sim, mas
também implica poder e liberdade.

A Responsabilidade como dialogicidade

O diálogo, ao possibilitar a escuta e a compreensão do outro, viabiliza experiências de


solidariedade, de respeito ao outro e às diferenças, adquirindo uma dimensão ética. A
dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença,
sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que,
inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos (FREIRE, 2007, p. 60). A
eticidade no diálogo freireano se faz presente porque o ser humano sendo capaz de dizer, de
transformar e de reinventar o mundo é capaz de ensinar e de aprender, configurando-se em
sujeito de uma prática “política, gnosiológica, estética e ética” (FREIRE, 1993b, p.19).
Considera Freire (1985, p.36) que “o diálogo só existe quando aceitamos que o outro é diferente
e pode nos dizer algo que não conhecemos”. Assim, a prática educacional dialógica e
democrática implica estabelecer ações concretas que permitam a participação do outro no
processo educativo. Quem apenas fala e jamais ouve; quem 'imobiliza' o conhecimento e o
transfere a estudantes, não importa se de escolas primárias ou universitárias; quem ouve o eco,
apenas, de suas próprias palavras, numa espécie de narcisismo oral; quem considera petulância
da classe trabalhadora reivindicar seus direitos; quem pensa, por outro lado, que a classe
trabalhadora é demasiado inculta e incapaz, necessitando, por isso, de ser libertada de cima para
baixo, não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia (FREIRE, 1982, p. 30-
31). Pressupõe o direito do educando de dizer a palavra e do educador o dever de escutá-lo, que
implica falar com eles. O “dizer a palavra” pelos oprimidos e pelos discentes torna-se um
princípio pedagógico democrático e a relação dialógica estabelecida com eles se dimensiona
como uma prática educativa problematizadora e libertadora.

Acrescenta Freire (2004) a necessidade de falar com o educando na educação dialógica, que
perpassa pelo processo de escuta um do outro. Se sou um professor aberto, com sonho
democrático, devo, em certo momento, falar ao educando, mas toda vez que eu falo ao educando,
eu devo estar preocupado em transformar o meu falar ao educando em falar com o educando [...].
Esse exercício de falar a falar com implica necessariamente aprender a escutar. Há um momento
em que o educando precisa escutar o educador, mas há um momento em que o educador precisa
escutar o educando e há momentos em que os dois se escutam entre si (FREIRE, 2004, p. 157).
O falar com o outro e escutar o outro, na prática pedagógica, além de ser uma ação democrática,
configura-se também como ato de respeito ao saber e à cultura do outro, adquirindo uma
dimensão intercultural crítica. A priorização da “relação dialógica” no ensino permite o respeito
à cultura e à valorização do conhecimento que o educando traz. Por isso, para Freire (1995, p.
82): “um trabalho a partir da visão do mundo do educando é sem dúvida um dos eixos
fundamentais sobre os quais deve se apoiar a prática pedagógica de professoras e professores”. O
contexto do discurso freireano em seus primeiros escrito surge no Brasil a partir de análise
antropológica da nossa “inexperiência democrática” na obra Educação e atualidade brasileira. O
texto já apontava elementos necessários à construção de uma educação democrática apesar de
não conter ainda, em suas concepções, a força discursiva em torno do caráter político da
educação.

Para Paulo Freire é preciso trabalhar pedagogicamente o homem e os grupos envolvidos no


processo de participação popular, fomentando formas coletivas de aprendizado e investigação de
modo a promover o crescimento da capacidade de análise crítica sobre a realidade e o
aperfeiçoamento das estratégias de luta e de enfrentamento. É uma estratégia de construção de
participação popular no direcionamento da vida social. Assim, Freire nos convida a pensar as
condições de “ser menos” a partir da teoria da ação dialógica e antidialógica e propõe a síntese
cultural como forma de organizar-se a fim de requerer o que é humanamente humano. Para ele
na síntese cultural, não há invasores, não há modelos impostos, os atores, fazendo da realidade
objeto de sua análise crítica, jamais dicotomizada, se vão inserindo no processo histórico, como
sujeitos.(FREIRE, 2005, p. 210) A ênfase não é dada a transmissão de conhecimentos, mas a
ampliação dos espaços de interação cultural e negociação entre os diversos atores envolvidos em
determinado problema social para a construção compartilhada do conhecimento e da organização
política necessária a sua superação. Ao invés de procurar difundir conceitos e comportamentos
considerados corretos, procurar problematizar, em uma discussão aberta, o que está
incomodando o oprimido. Prioriza as relações com os movimentos sociais por serem expressões
mais elaboradas dos interesses da lógica, subalternos da sociedade cuja voz é usualmente
desqualificada nos diálogos.

Na concepção problematizadora, o diálogo não se configura apenas como método, mas como
estratégia para respeitar o saber do aluno, isto é, o importante é a comprovação de que os alunos
quando chegam à escola, também têm o que dizer e não apenas o que escutar. Assim, para pôr
em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição de detentor de todo saber, ele
precisa ter uma posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto
não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem uma experiência de vida e
por isso também é portador de um saber. “O diálogo se impõe como caminho pelo qual os
homens ganham significação enquanto homens” (FREIRE, 2001, p.79). A educação dialógica se
funda numa práxis educativa de constante ação-reflexão-ação, por isso a escuta verdadeira
peculiar do diálogo caracteriza o encontro dos homens para a pronúncia do mundo. A capacidade
de refletir sobre uma situação e se posicionar coerentemente em relação a ela é requerida pela
necessidade do exercício da cidadania, em uma sociedade de amplo acesso a informação e
participação nas diferentes esferas da interação social.

Desse modo, ao abordarmos o diálogo como uma categoria indispensável à educação popular.
Percebemos que a educação proposta por Freire se diferencia da tradicional, uma vez que
abomina, dentre outras coisas, a dependência dominadora, que inclui a relação de dominação do
educador sobre o educando. O referido educador propõe uma nova concepção de relação
pedagógica baseada no diálogo, isso significa que o educador também aprende do educando da
mesma maneira que este aprende dele. Sendo assim, a relação dialógica funda o ato de ensinar,
que se completa no ato de aprender. Não há ninguém que possa ser considerado definitivamente
educado ou definitivamente formado. Cada um, a seu modo, junto com os outros, pode aprender
e descobrir novas dimensões e possibilidades da realidade na vida.

Relação entre ética com Politica

A Ética e a Política fazem parte da tradição clássica da filosofia e ainda hoje, no século XXI,


fazem parte das relações sociais contemporâneas. No entanto, o entendimento sobre o que é ética
e o que é política sofreu algumas transformações ao longo do tempo.  Hoje muitos dos cidadãos
relacionam imediatamente a política a escândalos de corrupção, falta de comprometimento
público, mistura das relações e tarefas das esferas pública e privada. No geral, em diversos países
do muito a política tem sido vista com desprezo e desconfiança pelos cidadãos que com
frequência bradam por ética, justiça e ordem, mesmo sem saber exatamente o que significam e
qual a origem desses conceitos. A ética pode ser definida como a parte da filosofia que aborda
os fundamentos da moral, é o estudo dos valores que regem a conduta humana subjetiva e
social. É o parâmetro que temos para julgar as ações que beneficiam ou prejudicam a vida
humana neste mundo e nesta sociedade. O sistema político vigente hoje em nosso país é a
democracia, onde a população, por meio de votação elege um governante que tomara decisões
em nome daqueles que o colocaram no poder. Alguns especialistas afirmam que essa falta de
ética na política se deve ao desinteresse da população pela política, facilitando assim a
corrupção de muitos políticos, e a maneira como os cargos políticos são vistos pelos mesmos,
não mais como uma maneira de ajudar ao país, mas sim uma profissão.

Aristóteles e Platão diziam existir basicamente dos tipos de políticos, aqueles que consideravam
a política como ocupação onde o objetivo é realizar o bem comum e o de Maquiavel, que
considera a política uma arte de conquistar e manter estável o poder, fazendo de tudo para que
isso ocorra. Política e ética são duas coisas que deveriam andar de mãos dadas em um mundo
idealizado e que, mesmo que não seja possível o alcance a este mundo perfeito, a tentativa da
busca sobre ambos os temas em conjunto deveria ser o objetivo, a meta de todos os que operam
no ramo da política. Infelizmente, esta não parece ser a situação do atual sistema representativo
da política no Brasil, tantos escândalos e corrupção fazem a imagem da nossa política cair e o
povo deixa de acreditar na mesma. Recentemente, temos visto muitos julgamentos e vários
esquemas serem desmantelados (fato positivo e primeiro passo rumo a, quem sabe, uma
melhora no nosso sistema), que é exatamente o que se espera da política, a eticidade. Um país
que não leva a política juntamente com a ética não tem a autoridade, ou sequer a moral, para
cobrar o mesmo do cidadão, ou mesmo puni-lo quando algo for descumprido, pois não há
legitimidade em uma política que não segue os princípios da ética.

Ética e sociologia

Através dos estudos do Autoconhecimento aprofundamos na compreensão do Homem na


sociedade atual, não apenas desde a individualidade da psicologia particular, mas também como
ser social em relação ao mundo que nos rodeia. Hoje em dia vivemos situações difíceis em
âmbito social, mudanças incessantes, crises econômicas em toda parte, luta pela sobrevivência,
competição diária, violência social, vida nas grandes cidades, novas tecnologias de comunicação,
ritmo frenético da existência etc. que nos levam a situações novas e de mudança, muitas vezes
extremas, às quais temos de nos adaptar e tolerar, mas sem perdermos um eixo psicológico que
todos necessitamos como seres humanos.  Sociologia e a Ética tratam de estudos como a
inteligência emocional, a importância da linguagem que utilizamos nas relações com os demais
como base do entendimento e respeito entre as pessoas. Também nos ensinam a cultivar a arte da
Empatia, a importância do positivismo, o ânimo e a motivação, a assertividade, o saber colocar-
nos no lugar dos demais, as chaves do magnetismo, o carisma e a cordialidade para melhorar as
relações, o entendimento etc. Também a Sociologia nos ajuda a identificar e conhecer a fonte dos
desequilíbrios psicossociais que nos levaram a viver uma vida vazia, insatisfeita, repleta de
dissabores, erros.

Ética e antropologia

O antropólogo comunicativo responde afirmativamente à primeira questão e escolhe na outra o


segundo termo da disjuntiva. Sim, a mudança é necessária, desde que se observe o princípio da
autonomia dos interessados. A resposta afirmativa o coloca contra todas as concepções
conservadoras, e em particular contra o tipo de conservadorismo que se manifesta em sua própria
disciplina: o relativismo cultural. A opção pelo segundo termo da disjuntiva o coloca contra
todas as formas de etnocentrismo. Contra os relativistas, ele diz sim à mudança, e contra a
perspectiva atnocêntrica ele diz que a mudança tem que ser co-determinada pelos grupos
envolvidos. Sua rota é clara, mas difícil: ele tem que se mover na passagem estreita que se
estende entre os dois escolhos do relativismo e do etnocentrismo. Nem todos os conservadores
são relativistas, mas apesar de discrepâncias individuais podemos dizer que todo relativismo
tende a posições conservadoras. A afirmação de que não há princípios éticos universais, de que o
que é válido numa cultura não é válido em outras, de que não há padrões de medida que
permitam a uma cultura julgar outra, e outros itens da vulgata relativista, derivam em linha reta
do historismo alemão inspirado em Herder. Para o historismo, toda moral finca suas raízes
no Volksgeist, e como cada povo tem o seu Geist, os valores são necessariamente múltiplos,
únicos e incomensuráveis. Ora, esse historismo foi uma reação ideológica conservadora contra o
tufão universalista que soprava da França. A antropologia comunicativa afirma, pelo contrário,
que a comunicação visando o entendimento mútuo é sempre possível entre os homens, porque
ela é inerente às próprias estruturas da linguagem.

E evidente que o consenso é mais fácil entre interlocutores da mesma cultura, mas o núcleo
mínimo de valores e traços invariantes capazes de facilitar esse consenso é comum a todos os
homens, ainda que implicitamente: o próprio valor do entendimento mútuo, sem o qual não se
abririam processos dialógicos, e os intrínsecos a cada pretensão de validade - o da verdade, o da
justiça e o da veracidade. Uma vez ingressando na relação comunicativa, graças a esses valores
comuns, os interlocutores podem por sua vez acercar-se cada vez mais, porque é inerente à
comunicação o processo que George Herbert Mead chamava o role taking, a capacidade de cada
participante de colocar-se na situação de vida e constelação de interesses de todos os outros.
Universalista, a ética comunicativa filia-se conscientemente ao universalismo da Ilustração, e
portanto acentua mais os fatores que unem os homens que os que os separam, e entre esses
fatores está justamente a disposição universal para o entendimento linguisticamente mediatizado.
Na psicologia, a ética também tem um importante papel, já que profissionais que tem essa
característica ganham maior credibilidade em seu ramo profissional. O psicólogo deve procurar
entender os problemas humanos e se solidarizar com eles. Apesar de muitos não cumprirem o
requisito, tentam apenas exercer a profissão para benefícios financeiros. A ética é um princípio
eficaz dentro de uma profissão e quando cumprida de forma correta há benefícios tanto para
quem pratica, quanto para quem recebe.
Conclusão

Na atualidade, vivemos um período de profundos questionamentos sobre pensamentos, valores e


atitudes, fazendo com que as pessoas discutam a configuração ética da sociedade, ou seja, até
que ponto ela está nos proporcionando um mundo mais humano e no qual seja digno de se viver.
Fatos como lutas entre países, atentados, ameaças por meio de bombas de última geração,
roubalheiras, agonias individuais e coletivas estão aí para alimentar essa discussão, insultando-
nos, invadindo a eventual zona de conforto pela qual nos habituamos a transitar. Nesse sentido,
cabe principiarmos por (re)pensar o conceito de ética, redefini-la, redimensioná-la, compreender
como ela se manifesta e como funciona ou deveria funcionar.
A relação ética-política, que adquiriu formas e valores bastante distintos ao longo da história e da
história da filosofia, será explorada neste artigo a partir de alguns de seus momentos-chave.
Buscando explicitar mais os valores que norteavam a relação e menos o conjunto do pensamento
sobre o assunto nos autores abordados, espera-se identificar (a) a forte relação entre ética e
política na Antigüidade; (b) sua ruptura no início da Modernidade; (c) a percepção da crise
ocasionada pela ruptura; e (d) uma proposta de reaproximação entre ambas. É preciso discutir e
refletir sobre o que temos sobre código de ética, moral, deontologia, etiqueta, código disciplinar,
código de direitos e deveres e sanções, no âmbito dos direitos universais. Na formação
profissional existem dois princípios fundamentais: o da eficácia e o da eficiência.
O primeiro exige que a formação seja feita tendo em vista um objetivo mensurável. O segundo
que este seja atingido ao menor custo. Podemos ter um, uma formação eficaz, mas pouco
eficiente, e vice-versa. Segundo Edgar Morin: “A ética se manifesta em nós de maneira
imperativa, como exigência moral”. Esse imperativo origina-se de três fontes interligadas entre
si: uma fonte interior ao indivíduo que se manifesta como um dever; outra externa, constituída
pela cultura, e que tem a ver com a regulação das regras coletivas; e, por fim, uma fonte anterior,
originária da organização viva e transmitida geneticamente.
Edgar Morin diz que no mundo da globalização onde as relações desiguais sedimentam a
natureza humana a existência de uma “ética da solidariedade” que rejeite todas as misérias, as
desigualdades, a intolerância, as barbáries e fundamentalismo de toda ordem, daí, a necessidade
de um princípio holístico que seja baseado numa totalidade simplificante.
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