Obtenção da constante elástica de uma mola

Lucca Castro Gonçalves de Mateus

Física Experimental II, Turma G

Foi realizado um experimento visando obter o valor da constante elástica de uma mola que obedece a Lei de
Hooke por meio da medição do período de oscilação e a massa do sistema massa-mola. Foram feitas medições
de período para 5 massas diferentes e por meio da linearização do modelo de medição e a aplicação de uma
regressão linear obteve-se a constante elástica por um dos coeficientes. O valor obtido foi de k = (5,978±0,036)
kg/s² e no fim comparado com um resultado obtido por outro método.

INTRODUÇÃO
A força elástica está presente em corpos que apresentam
uma deformação elástica reversível, como molas,
borrachas e elásticos. É, portanto, uma força
restauradora, que surge em resposta a uma deformação
na condição original do corpo [3]. A Lei de Hooke
relaciona esta deformação sofrida por um corpo à força
aplicada a ele, que são diretamente proporcionais de
acordo com uma constante, que é única de cada objeto.
Esta relação só é válida para uma deformação limitada,
pois a partir de um certo ponto a deformação passar a
ser plástica e irreversível por conta de ter sofrido uma
tensão muito grande. Assim, neste experimento buscou-
se determinar essa constante, denominada constante
elástica, de uma mola presa em um sistema massa-mola
vertical, que oscila em um movimento harmônico
simples, sem forças dissipativas. Quanto maior a
constante elástica, maior será a força necessária para
realizar uma mesma deformação [2]. A partir de
equações do movimento harmônico simples e da Lei de
Hooke (F = k.Δx) é possível equacionar o seguinte
modelo de medição:
𝑚
𝑇² = 4𝜋 2 𝑘 (1)
onde ‘T’ equivale ao período de uma oscilação do
sistema massa-mola medido em segundos, ‘k’
corresponde à constante elástica desta mola que se
deseja obter e ‘m’ é a massa do objeto preso na
extremidade da mola que a faz oscilar, medido em kg.
Assim, por meio de um processo de regressão linear no
modelo de medição é possível obter indiretamente a
constante k conhecendo os coeficientes desta regressão.
Portanto, o objetivo deste experimento foi medir a
que foram medidas a partir de uma balança de
resolução 1g e apenas uma única vez. Para cada valor
de massa foram feitas 30 medições de um período de
oscilação, que é o mesmo independente da deformação
sofrida pela mola, um número de repetições suficiente
para descartar a necessidade de uso de correção t-
Student [5]. Estas medições foram feitas com um
cronômetro digital disponível no simulador de
resolução ∆r = 0,01s. Foi possível no simulador se
aproximar o máximo possível ao modelo de medição
por desconsiderar todas as forças dissipativas deste
evento.
ANÁLISE DE DADOS
A grandeza da massa é considerada do Tipo B [1] pois
foi medida uma única vez. Assim, seu valor principal é
o próprio valor medido e sua incerteza é dada por
∆r/√3, já que se considera uma distribuição uniforme de
probabilidade para essa grandeza. A flutuação (𝛥𝑓 =
(𝑦𝑚𝑎𝑥 − 𝑦𝑚𝑖𝑛 )/2) dos valores de T para cada uma das
massas foi calculada e comparada com a resolução (∆r)
para se classificar sua incerteza. Como o resultado foi
de 𝛥𝑓 ≅ 0,03 > 𝛥𝑟 = 0,01 , sua incerteza é do Tipo A.
Portanto, o valor principal de cada T é dado pela média
das medições e a incerteza pelo desvio padrão da média
[1]. A grandeza T² foi obtida indiretamente a partir da
medição de T, portanto possui incerteza do tipo C [1],
dada pela equação:
𝛿𝜌 2 2
𝑢𝜌 = √∑𝑛𝑖=1[ ] 𝜎𝑖 (2)
𝛿𝑥𝑖

constante k por meio da medição das variáveis presentes
no modelo de medição.
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Todo o experimento foi realizado em um software de
simulação de um sistema massa-mola vertical [4].
Assim, foram escolhidos nele 5 valores para a massa do
objeto preso no aparato para serem medidas o período
de oscilação para cada um deles. Para ser possível a
classificação de incerteza dessa grandeza que foi
escolhida arbitrariamente no software, considerou-se
Para a realização da regressão linear foi analisado
primeiramente a incerteza relativa de cada uma das
grandezas da Eq.1, definindo T² como variável
dependente e m como variável dependente, já que
𝛥𝑚𝑟 ≅0,0034 < 𝛥𝑇²𝑟 ≅0,0049. Portanto, os coeficientes
valem A=0 e B=4𝜋 2 /𝑘, que é a equação a ser usada para
calcular indiretamente o k desejado que também possui
incerteza Tipo C dada pela Eq.2. A partir disso, fez-se
uma regressão linear ponderada com transferência de
dy 2
incertezas (σ2𝑖 = σ2𝑦𝑖 + (dx) σ2𝑥𝑖 ), já que foi constatado
sua relevância durante o processo pois σ𝑖 ≠ σ𝑦𝑖 .
Com isso, justifica-se também o uso da regressão linear
ponderada e não a convencional, já que esse processo
gera pesos diferentes (𝑤𝑖 ) para as incertezas, que
influenciarão em A e B diferentes dos convencionais.
A regressão linear é válida pois o coeficiente de
correlação de Pearson (r = σ𝑥𝑦 /(σ𝑥 σ𝑦 ) dos valores se
mostrou favorável à realização desse procedimento.
Então, com os resultados obtidos, é possível obter k a
partir de k=4𝜋 2 /B. Neste relatório fatores de
covariância [5] foram descartados já que as medições
de T e m são independentes entre si. Para fins de
comparação, foi feito um outro experimento a fim de
comparar o resultado obtido com o relatado aqui. Tal
experimento consistiu no mesmo aparato para obtenção
de k a partir de uma regressão linear de um modelo de
medição que envolve a deformação da mola e a mesma
massa da amostra. Este experimento está descrito na
página 94 da referência 1. O resultado obtido foi de
k’=(5,94±0,13) e será comparado ao obtido neste
experimento por meio de um teste de compatibilidade
expresso por:
|𝑥1−𝑥2|
≤ 𝐾 (3)
2 +𝜇 2
√𝜇𝑋1 𝑋2
RESULTADOS
i (m±µm)x10-3 kg (T±µT ) s (T²±µT²) s² σi
1 100,00±0,58 0,8155±0,0024 0,6650±0,0039 0,0055
2 150,00±0,58 0,9966±0,0033 0,9932±0,0066 0,0076
3 200,00±0,58 1,1487±0,0022 1,3195±0,0051 0,0064
4 250,00±0,58 1,2874±0,0036 1,6574±0,0093 0,010
5 300,00±0,58 1,4091±0,0018 1,9856±0,0051 0,0064
Tabela 1: Valores obtidos experimentalmente.
(A±µA) s² (B±µB) s2.kg-1 (k±µk) kg.s-2 r
0,030±0,081 6,604±0,040 5,978±0,036 0,999985
Tabela 2: Valores relacionados ao processo de regressão linear.
Um gráfico que mostra a relação linear entre m e T²
estará anexado a este relatório para consulta.
DISCUSSÃO
No processo de regressão linear ponderada, foi
necessária apenas uma iteração para os coeficientes de
A e B convergirem pela expressão |𝐴𝑛+1 𝐴𝑛 | < µ𝐴𝑛+1 , o
que sugere uma coerência nos resultados obtidos, que é
também sustentada pelo coeficiente de Pearson bem
próximo a 1. Geralmente dados com uma menor
correlação ou advindos de medições com erros tendem
a precisar de mais iterações para convergirem, que não
é o caso. É possível ver também que o valor de A=0
teórico está presente no intervalo compreendido pelo
valor obtido experimentalmente, o que sustenta ainda
mais a ideia de o modelo de medição estar correto e
todo o processo experimental compatível com o
objetivo ao ser possível concluir que houve poucos ou
nenhum erro grosseiro e sistemático relevante ao longo
do experimento. Um teste de compatibilidade (Eq.3)
entre k e k’ resultou em um k≅0,28, que mostra que
esses valores são compatíveis entre si. Essa informação
reforça o fato de que o aparato experimental usado está
satisfatório e que todo o modelo teórico proveniente da
Lei de Hooke também, já que foi possível calcular o k
a partir de diferentes métodos baseados na mesma
teoria.
CONCLUSÃO
Há de se concluir com base no que foi apresentado que
as condições em que foram realizadas o experimento
foram apropriadas para o propósito dele. Por conta de
ter sido realizado em um software de simulação foi
possível se aproximar ao máximo das condições
consideradas no modelo de medição, algo que não
seria possível em um aparato real. Com isso, o objetivo
do experimento foi alcançado com êxito,
comprovando a eficácia dos métodos experimentais
utilizados, não tendo evidências da presença de erros
grosseiros e sistemáticos. Um possível erro que
poderia ter sido visto seria dado pela limitação do
tempo de reação do operador com o cronômetro.
REFERÊNCIAS
[1] Instituto de física, Física experimental I: Notas
introdutórias, UFG, Goiânia-GO (2020).
[2] Força elástica, o que é? Definição, características e
fórmula. https://conhecimentocientifico.r7.com/forca-
elastica/. Acessado em 14 de novembro de 2020.
[3] Força elástica – Lei de Hooke.
https://blog.professorferretto.com.br/forca-elastica-lei-de-
hooke/. Acessado em 14 de novembro de 2020.
[4] Phet Interactive Simulations.
https://phet.colorado.edu/sims/html/masses-and-
springs/latest/masses-and-springs_pt_BR.html. Acessado
em 14 de novembro de 2020.
[5] JCGM/Grupo de trabalho para tradução do GUM.
Avaliação de dados de medição: Guia para a expressão de
incerteza de medição. INMETRO, Duque de Caxias (2012).