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DIREITO PENAL

MILITAR
CONCEITO – CRIME MILITAR

Livro Eletrônico
DIREITO PENAL MILITAR
Conceito – Crime Militar
Prof. Douglas Vargas

SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................3
Crimes Militares..........................................................................................3
Classificação dos Crimes Militares..................................................................6

Crime Militar Praticado por Civil................................................................... 10


Código Penal Militar................................................................................... 12
Outros Aspectos (Lei n. 13.491/2017).......................................................... 27
A polêmica sobre os Crimes Dolosos contra a Vida......................................... 30

Demais Questões Jurídicas Importantes........................................................ 33


Resumo.................................................................................................... 35

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Conceito – Crime Militar
Prof. Douglas Vargas

DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS

Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no con-


curso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Polícia
Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e
Oficial – 2017).

Introdução

Fala, guerreiro(a)! Na aula de hoje, vamos tratar detalhadamente o conceito de

Crime Militar, bem como outros tópicos da parte geral.

Mais especificamente, vamos estudar os seguintes assuntos:

• Crimes militares;

− conceito;

− disposições do CPM.

• Lei n. 13.491/2017 e as alterações ao CPM.

Vamos nessa!

Crimes Militares

Vou começar a aula de hoje repetindo uma pergunta que sempre faço quando

vou tratar o tema crimes militares (a qual, inclusive, você já pode ter visto em

alguma outra aula minha por aí):

Qual é a utilidade de dois Códigos Penais diferentes, quando ambos, inclusive,

apresentam artigos IDÊNTICOS?

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Código Penal – CP Código Penal Militar – CPM

Homicídio simples Homicídio simples


Art. 121. Matar alguém: Art. 205. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

A tabela acima é excelente porque nos mostra que não basta ler o Código

Penal Militar para saber se uma determinada conduta é crime militar. É possí-

vel notar claramente que o art. 121 do Código Penal e o art. 205 do Código Penal

Militar apresentam o mesmo comportamento: matar alguém. A pena aplicada,

inclusive, é a mesma!

Então, quando um indivíduo mata alguém, qual vai ser o ponto-chave para dife-

renciar se foi um homicídio comum (art. 121 do CP) ou o crime militar de homicídio

(art. 205 do CPM)?

Resposta: o ponto que permite diferenciar ambos os delitos está no

bem jurídico que foi atingido pela conduta!

Mas, antes de mais nada, vejamos o que estabelece a doutrina sobre o assunto:

Pode-se dizer que crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente,
ATENTA CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS DAS INSTITUIÇÕES MI-
LITARES, qualquer que seja o agente.
Direito Penal Militar: Marcelo Uzeda de Faria – 4ª Edição.

Muito bom. Está começando a ficar mais claro...

Com base nesse conceito, podemos compreender melhor a diferença entre am-

bos os Códigos (e entre ambos os delitos de homicídio):

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Vamos comparar alguns exemplos de bens jurídicos tutelados por ambos os

Códigos:

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Dependendo das circunstâncias (as quais ainda iremos estudar na aula de hoje),

uma mesma conduta pode atingir bens jurídicos diferentes, ensejando a aplicação

de uma norma ou de outra!

Pontos-chave até o momento:

Vamos relembrar o conceito apresentado anteriormente:

Portanto, numa primeira abordagem, pode-se dizer que crime militar é aquela conduta
que, direta ou indiretamente, ATENTA CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS
DAS INSTITUIÇÕES MILITARES, qualquer que seja o agente.
Direito Penal Militar: Marcelo Uzeda de Faria – 4ª Edição.

É isso mesmo: qualquer um pode praticar um crime militar. Não são apenas os

militares que têm essa prerrogativa! Fique muito atento(a) com essa observação,

pois muitas questões de prova giram em torno desse assunto.

Classificação dos Crimes Militares

Os crimes militares, assim como os crimes comuns, recebem alguns tipos de

classificações. A mais importante, para fins de concursos públicos, é bastante sim-

ples e está descrita abaixo:

Crimes propriamente militares Crimes impropriamente militares


(Crimes militares próprios) (Crimes militares impróprios)

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A diferença entre ambos é a seguinte:

Resumindo:

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(CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS) Os crimes mi-

litares próprios correspondem aos crimes praticados por militares e previstos no

Código Penal Militar”

Errado.

Mas é claro que... não!

Como você já sabe, os crimes militares podem ser praticados tanto por civis quanto

por militares – e não unicamente por militares.

Além disso, crime propriamente militar (ou crime militar próprio) é aquele que está

previsto apenas no CPM. Lembre-se que o CPM contém crimes impropriamente

militares, que estão previstos em outras leis penais e que podem também ser pra-

ticados por militares (como o homicídio).

(CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO) No que se refere aos crimes militares e às me-

didas de segurança adotadas nesses casos, julgue o item subsecutivo.

O militar que cometer homicídio contra outro militar dentro de um quartel cometerá

um crime propriamente militar, pois o ato terá sido praticado nessa condição.

Errado.

Questão fácil depois da nossa aula, certo? Crime propriamente militar é aquele

previsto unicamente no CPM. O delito de homicídio está previsto tanto no CPM quan-

to no CP, de modo que é classificado pela doutrina como impropriamente militar.

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(CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) No próximo item, é apresentada

uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do direito

penal militar:

Em determinada organização militar, durante o expediente, dois militares que tra-

balhavam na mesma seção desentenderam-se e um deles, sem justificativa e in-

tencionalmente, disparou sua arma de fogo contra o outro, que faleceu imediata-

mente. Nessa situação, o autor do disparo cometeu crime impropriamente militar.

Certo.

Questão que segue o mesmo padrão de elaboração da anterior, tratando do concei-

to de crime impropriamente militar – só que dessa vez, da forma correta. O militar

praticou homicídio, sendo que tal delito está previsto tanto no CP quanto no CPM (o

qual é, portanto, crime impropriamente militar).

E vamos resumir novamente os conceitos importantes do capítulo:

• Crimes militares estão previstos no CPM e em leis penais.

• Crimes propriamente militares estão previstos APENAS no CPM.

− Em regra, só são praticados por militares.

• Crimes impropriamente militares estão previstos no CPM e em outras leis

penais (como o Código Penal ou Leis Extravagantes), diferenciando-se por

meio das regras contidas no CPM (e em relação ao bem jurídico atingido pela

conduta).

− São delitos praticados por militares e civis.

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Crime Militar Praticado por Civil

Durante nosso estudo, você já aprendeu que o crime militar, em geral, não é

exclusividade de militares, podendo ser praticado por civil.

Entretanto, resta esclarecer se um crime propriamente militar, previsto ape-

nas no CPM, pode também ser praticado por um indivíduo que não tem a condição

de militar!

Dê uma olhada no seguinte artigo:

Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que


lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação.

Pouca gente sabe, mas o convocado a se apresentar para incorporação que dei-

xa de comparecer no prazo marcado, ou que se apresenta mais se ausenta antes

do ato oficial de incorporação, pratica crime militar.

Esse delito é muito interessante, pois possui as seguintes peculiaridades:

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O art. 183 é, portanto, o único exemplo de crime propriamente militar pra-

ticado por CIVIL!

Existem doutrinadores que consideram que o crime de insubmissão é crime im-

propriamente militar. Entretanto, para outra parte da doutrina (e para o STM), o

delito é sim propriamente militar, praticado por CIVIL! E este é o posicionamento

que se recomenda adotar para provas de concursos.

Vamos praticar?

(CESPE/MPE-ES/PROMOTOR DE JUSTIÇA) Os crimes contra a administração militar

são crimes militares próprios, ou seja, não são perpetrados por civis.

Errado.

Veja como fica fácil depois que estudamos apresentando alguns exemplos. Você

acabou de ver um delito que é propriamente militar e que é praticado por CIVIL!

(CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) Considera-se crime propriamente mili-

tar o furto praticado no interior de um quartel por um praça em situação de atividade.

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Errado.

Opa examinador... você disse FURTO? Não precisamos nem ler o restante da

questão! Furto é um delito que está previsto tanto no CPM quanto no CP – de

modo que é crime impropriamente militar, e não propriamente militar, como

afirma a assertiva!

Muito bom. É hora de seguir em frente e entender de forma introdutória a com-

petência da Justiça Militar (tanto dos estados quanto da União), para que possa-

mos enfim passar ao conteúdo MAIS IMPORTANTE da aula de hoje: o art. 9º do CPM.

Código Penal Militar

Como você já sabe, é o Código Penal Militar o diploma legal responsável por de-

finir as condições que irão ensejar a atuação da justiça castrense (justiça militar).

Por esse motivo, quando houver dúvidas se um crime foi militar ou comum, é o

CPM que irá fornecer as regras que permitem esclarecer o conflito!

Mas antes de adentrar o art. 9º do CPM, que trata dos crimes militares em

tempo de paz, é preciso compreender alguns conceitos básicos. Vejamos:

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Ótimo. Agora você já sabe a diferença entre um militar da ativa, da reserva e

da reforma – termos que utilizaremos bastante daqui para frente. Mas antes que

possamos analisar o art. 9º do CPM, no entanto, é necessário tratar rapidamente

sobre COMPETÊNCIA, de acordo com a Constituição Federal. Vamos lá:

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Por força dessa previsão constitucional é que temos as seguintes regras que

você PRECISA guardar com toda a atenção:

• A Justiça Militar ESTADUAL não pode julgar CIVIS!

− Isso ocorre, pois, ao tratar da Justiça Militar Estadual, a CF/1988 reconhe-

ceu a competência apenas para julgamento dos MILITARES dos ESTADOS.

• Por outro lado, a Justiça Militar da UNIÃO pode julgar tanto militares

quanto civis, pois a CF/1988 não restringiu sua competência da mesma for-

ma como fez com a Justiça Militar dos Estados.

• Atos disciplinares não estão previstos no CPM!

Muitas questões vão tentar te induzir em erro, dizendo que há previsão de in-

frações disciplinares no CPM. Isso não é verdade. Veja que a CF/1988 dispõe que a

Justiça Militar Estadual tem competência para julgar “as ações judiciais contra atos

disciplinares militares”, e não os atos disciplinares em si.

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Em outras palavras, a JME tem competência para julgar uma ação judicial inten-

tada por um militar CONTRA uma punição disciplinar que este considera ter sofrido

injustamente. Não existem atos disciplinares previstos no Código Penal Militar!

Pronto. Mais um tópico importante para a nossa conta. Finalmente é hora de

analisar o famoso art. 9º do CPM, suas alterações recentes e as circunstâncias em

que um delito será considerado como crime militar, de forma prática!

Art. 9º do CPM

Chegamos ao trecho mais importante da nossa aula. Cheio de polêmicas (e

recentemente alterado pelo legislador), o art. 9º é o ponto-chave para diferenciar

crimes militares e comuns.

Você já sabe que a diferença entre um crime militar e um crime comum está no

bem jurídico atingido pela conduta. A questão que resta é a seguinte: Como dizer

qual o bem jurídico foi atingido pela infração penal?

E a resposta está no CPM, em seu art. 9º, o qual apresenta as situações em que

um crime será considerado como crime militar.

Dessa forma, o legislador “simplificou”. Apresentou um rol taxativo que mos-

tra, de forma direta, que uma determinada situação irá ensejar a responsabilização

do autor por crime militar, perante a Justiça Militar, por ter atingido um bem jurídico

inerentemente castrense.

Você verá que, uma vez que você trabalhe alguns exemplos práticos, o CPM fica

mais fácil de entender. Dessa forma, as confusões entre Direito Penal e Penal Militar

se tornarão cada vez menos frequentes!

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Inciso I

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:


I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

O inciso I é o mais simples: se o delito está previsto no CPM de modo DIVERSO

da lei comum, ou só está previsto no CPM, será crime militar.

Veja que isso você já sabia, só com base na nossa aula (sem sequer ler o CPM).

Vejamos um exemplo:

Na situação acima, temos um crime militar de insubmissão, devidamente pre-

visto no CPM, muito embora tal delito não se encontre previsto na lei penal comum.

É um caso simples de aplicação do art. 9º, inciso I.

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Inciso II, alínea a

No inciso II, os exemplos ficam mais interessantes, pois começamos a tratar de

delitos previstos tanto no CPM quanto na legislação penal comum:

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando prati-
cados: (Redação dada pela Lei n. 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situ-
ação ou assemelhado;

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Veja que a situação acima seria um crime comum (de lesões corporais ou vias

de fato) se não envolvesse dois militares da ativa. Por força do CPM, no entanto,

quando um militar da ativa pratica um delito contra outro militar da ativa (mesmo

que durante a folga de ambos) estará configurado um crime militar!

Esse exemplo é muito bom, pois nos permite verificar o seguinte: Porque uma

simples briga de bar pode se tornar um crime militar?

Pois ofende valores militares como a disciplina e as instituições militares.

Pense de uma maneira prática: não “pega bem” para o Exército e para a Aero-

náutica ter dois de seus membros da ativa brigando, bêbados, em um bar. Por esse

motivo, o legislador resolveu transferir a competência desse tipo de situação para

a Justiça Militar.

Há mais em jogo do que a mera integridade física de ambos: outros bens jurí-

dicos, inerentemente militares, foram atingidos pela má conduta dos envolvidos.

Simples assim!

Inciso II, alínea b

b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administra-


ção militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

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Nessa situação, veja que o local foi fundamental para a configuração da ofen-

sa aos bens jurídicos militares. Se Sargento Jack ainda estivesse na ativa, o crime

militar se configuraria de qualquer forma, mas, como este é da reforma, só houve

crime militar porque a conduta se deu dentro do quartel!

Inciso II, alínea c

c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza


militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra
militar da reserva, ou reformado, ou civil;

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Mais uma vez, veja que a competência da Justiça Castrense é atraída pelas cir-

cunstâncias da infração penal (praticada por militar em serviço em formatura), e

não meramente pelo fato do tipo penal constar no CPM.

Inciso II, alínea d

d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou


reformado, ou assemelhado, ou civil;

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A alínea d é muito semelhante à alínea c, visto que a competência da Justiça

Castrense é atraída pelas circunstâncias da infração penal e não meramente pelo

fato do tipo penal constar no CPM.

Inciso II, alínea e

e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a ad-


ministração militar, ou a ordem administrativa militar;

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No exemplo acima, temos o que seria um crime de dano, mas que, como foi

praticado por militar da ativa e contra patrimônio sob administração militar, acaba

configurando o crime militar da mesma espécie – cuja apuração fica sob compe-

tência da Justiça Castrense.

Inciso III

III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I,
como os do inciso II, nos seguintes casos [...]

O inciso III nos apresenta outras situações em que militares da reserva, re-

formado ou civil podem praticar crimes militares, uma vez que irão praticar sua

conduta contra as instituições militares.

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Cuidado! Note que não basta que a prática do delito seja contra as instituições mi-

litares. Há a necessidade de que a situação se enquadre nas alíneas a, b, c e d, do

inciso III, as quais estudaremos logo adiante.

Em outras palavras: não é qualquer crime praticado por militar da reser-

va, reforma ou civil contra as instituições militares que irá configurar a

previsão do caput do inciso III. As condições das alíneas devem também

estar presentes!

Inciso III, alínea a

a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa


militar;

Aqui o legislador estendeu o que se aplica ao militar da ativa para os militares

da reserva e reforma, bem como aos civis. Caso tais indivíduos pratiquem um de-

terminado delito contra patrimônio sob a administração militar, configura-se

crime militar, nos termos do art. 9º, III, a.

Por exemplo:

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Imagine que um determinado civil pratique o delito de dano contra um veículo

do Exército (patrimônio sob administração militar). Nesse caso, estará atraída a

competência da Justiça Militar, e se configura a previsão contida no CPM.

Sobre esse ponto, cabe fazer uma orientação que sempre tenho feito em mi-

nhas aulas. Pensando com base no que estudamos até agora, faça a análise da

situação abaixo:

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Na imagem, temos uma viatura da PM-SP, alvo de ataques (dano) por parte de

vândalos em uma manifestação nada pacífica.

Ou seja, temos o crime de dano, praticado por civis, contra patrimônio

sob administração militar.

A pergunta que resta é a seguinte: Estamos diante de um caso para a aplicação

do art. 9º, III, a, do CPM?

(Não fique triste se você errar, essa é uma pergunta difícil). A resposta é NÃO!

Muito embora, formalmente falando, a conduta se enquadre com o previsto no

CPM, é preciso lembrar de um detalhe importantíssimo: a viatura é da PM-SP

(um órgão militar ESTADUAL). E, como estudamos mais cedo em nossa

aula, a Justiça Militar Estadual não tem competência para julgar civis!

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Por isso, em uma situação como essa, se os autores são presos, devem ser con-

duzidos a uma delegacia da polícia civil, para que sejam tomadas as providências

de acordo com o Código Penal Comum – mesmo que um bem jurídico militar tenha

sido atingido pela conduta dos autores! O processo, consequentemente, também

irá tramitar na justiça comum.

É o mesmo que acontece quando um indivíduo desacata um policial militar. Em-

bora o art. 299 do CPM apresente o chamado Desacato a Militar, o civil irá prati-

car o delito de DESACATO previsto no CP, pois a Justiça Militar Estadual não possui

competência para julgá-lo.

Já se o desacato é praticado contra militar das Forças Armadas, aí sim é possível

aplicar a previsão do COM, pois a Justiça Militar da União possui competência para

julgar civis.

Lembre-se sempre: de nada adianta o bem jurídico ser atingido e o deli-

to se configurar, se a Justiça não tiver competência para alcançar o autor

do delito!

Inciso III, alínea b

b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou


assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercí-
cio de função inerente ao seu cargo;

É o caso, por exemplo, de um indivíduo que em uma visita às instalações das

Forças Armadas (lugar sujeito à administração militar) profere ofensas contra um

militar da ativa que ali está trabalhando.

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Inciso III, alínea c

c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observa-


ção, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;

Do mesmo modo, é também crime militar praticável por militar da reserva, re-

forma ou civil aquele cometido contra militar em formatura, ou período de pronti-

dão, vigilância (entre outras atividades arroladas na alínea c).

Lembre-se que se o autor for civil, o militar deverá ser da União, por

conta da limitação de competência da Justiça Militar Estadual.

Inciso III, alínea d

d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele
fim, ou em obediência a determinação legal superior.

Por fim, temos ainda o crime militar praticado por militar da reserva, reformado

ou civil, ainda que fora de lugar sujeito à administração militar, contra militar

em função de natureza militar, como, por exemplo, em atividade de preservação da

ordem pública.

Outros Aspectos (Lei n. 13.491/2017)

Os alunos que estudam a mais tempo podem estar estranhando uma mudança

bastante notável contida na aula de hoje, no que se refere ao conceito de crimes

militares. Calma que eu explico!

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Em 2017, a Lei n. 13.491/2017 alterou o Código Penal Militar (e seu art. 9º), e

a principal mudança causada por essa lei foi a seguinte:

• Antes do advento da Lei n. 13.491/2017 só eram considerados crimes

militares os previstos no CPM.

• Após a edição da Lei n. 13.491/2017, o legislador adicionou a possibilidade

de configuração de crimes militares com base em outras leis penais, como

a legislação especial, desde que presentes os requisitos do art. 9º, II.

Ou seja, até o início de 2017, era muito mais fácil identificar um crime militar,

pois só seria possível sua configuração se esse delito estivesse previsto no Código

Penal Militar.

Desse modo, um delito que estava previsto apenas em uma lei especial, ou ape-

nas no Código Penal, jamais poderia ser considerado crime militar.

Atualmente, no entanto, é possível que um crime previsto apenas em

lei penal externa ao CPM (como o Código Penal ou leis extravagantes) se

torne crime militar, dependendo das circunstâncias.

Esse assunto é bastante recente, nunca foi objeto de provas de concursos, e,

sem dúvidas, começará a ser cobrado. O problema é que ainda não há muita dou-

trina ou jurisprudência sobre o tema, de modo que certamente questões polêmicas

estão vindo por aí.

Certo é que, antigamente, crimes previstos em legislação penal especial (como

o delito de abuso de autoridade, o da lei de drogas, de tortura, entre outros) não

podiam ser considerados como crime militar, mesmo que praticados por militares

em serviço. Esse não é mais o caso.

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Relembrando o que prevê o CPM atualmente:

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:


II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando prati-
cados:

Dessa forma, atualmente é possível que, por meio de aplicação combinada do

art. 9º do CPM e de uma lei penal específica, novos crimes de natureza militar aca-

bem se configurando.

Essa mudança ainda causa outro problema:

Súmula 172 n. STJ


Compete a justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
ainda que praticado em serviço.

Veja que a Súmula n. 172 do STJ vai de encontro à nova redação do CPM, a qual

permite que o CPM alcance uma conduta praticada por um militar e prevista em

legislação especial, como a Lei de Abuso de Autoridade.

Desse modo, surge a seguinte dúvida: o crime de abuso de autoridade, previsto

em legislação penal especial, quando praticado por militar, passou a ser competên-

cia da Justiça Militar?

A verdade é que ainda não existe resposta para essa questão. Não há ainda ma-
nifestação expressa da jurisprudência ou da doutrina no sentido de que a Súmula

n. 172 do STJ está superada, de modo que o mais prudente é aguardar.

Resumindo:

• A Lei n. 13.491/2017 mudou o CPM, ampliando a competência da Jus-

tiça Militar em geral, e criando novas possibilidades de configuração de

crimes militares.

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• Existem algumas súmulas (como a n. 172 do STJ) que foram afetadas por

essa alteração. Não há ainda manifestação doutrinária ou jurisprudencial que

esclareça tais conflitos.

Esquematizando

Antes da Lei n. 13.491/2017

Era crime militar apenas aquele crime previsto no Código Penal Militar.

Crimes previstos unicamente em leis externas eram sempre crimes comuns, mesmo

que praticados por militares (exemplo: abuso de autoridade).

Após a Lei n. 13.491/2017

A competência da Justiça Militar foi ampliada, pois a redação do inciso II do art. 9º

do CPM passou a conter a expressão “e os previstos na legislação penal”.

Dessa forma, delitos (como o de tráfico, abuso de autoridade, entre outros), quando

praticados dentro das circunstâncias narradas no art. 9º do CPM, podem vir a ser

considerados como crimes militares.

A polêmica sobre os Crimes Dolosos contra a Vida

E você aí, achando que os seus problemas já tinham acabado... Infelizmente não.

Outro ponto importantíssimo sobre as recentes alterações nos crimes mili-

tares está em outra mudança causada no CPM pelo texto da Lei n. 13.491/2017.

Vejamos:

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto[...]

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Quase todo aluno sabe que, por expressa previsão constitucional, a competên-

cia de julgar crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri, e não de

qualquer outro ramo da Justiça Brasileira.

Entretanto, como é possível aduzir do parágrafo acima, o legislador infracons-

titucional abriu uma exceção, concedendo à Justiça Militar da União a competência

para julgar militares das Forças Armadas quando estes praticarem crimes dolosos

contra a vida de civil, em determinados casos.

“Mas, professor, não seria essa norma inconstitucional?”

Essa é uma excelente pergunta. São cabíveis argumentos em ambos os senti-

dos (de que tal norma é inconstitucional ou mesmo de que é perfeitamente válida).

A verdade é que o Supremo Tribunal Federal é o único que tem competência para

responder a essa pergunta – e que ainda não há manifestação nesse sentido.

Por esse motivo, o correto é considerar que a letra da lei está valendo – e que

é competência da Justiça Militar da União o julgamento de crimes dolosos contra a

vida quando praticados por militares das Forças Armadas e dentro do con-

texto previsto no CPM.

“E qual contexto é esse, professor?”

É aquele que se enquadra nas circunstâncias previstas nos incisos e alíneas do

art. 9º, parágrafo 2º:

§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e come-
tidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da
Justiça Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei n. 13.491,
de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da Re-
pública ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo
que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:

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a) Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica;


b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
c) Decreto-Lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar; e
d) Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleitoral.

“Professor, e qual a norma para os demais militares?”

Para os militares estaduais (não vinculados às forças armadas) e para os milita-

res das Forças Armadas que praticarem o crime de homicídio doloso contra a vida

de civil fora das circunstâncias do parágrafo 2º, aplica-se a regra do parágrafo 1º:

§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.

Cabe salientar ainda que, EM REGRA, o homicídio praticado por militar

da ativa contra militar da ativa é de competência da Justiça Militar (confi-

gurando o crime impropriamente militar de homicídio).

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Demais Questões Jurídicas Importantes

É claro que nossos problemas não param por aí. Vamos ler o art. 82 do CPPM:

Foro militar em tempo de paz


Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida prati-
cados contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:

O CPPM (assim como o CPM) é um Código antigo, e, em seu texto original, prevê

que o foro militar não se aplica aos crimes dolosos contra a vida praticados

contra civil, de forma totalmente contrária à Lei n. 13.491/2017!

E agora?

Fato é que, até o presente momento, não há julgado, jurisprudência pacificada,

posicionamento do STF, ou mesmo da doutrina que possa nos orientar quanto ao

aparente conflito entre o art. 82 do CPPM e a redação da Lei n. 13.491/2017.

Alguns doutrinadores e juristas, no entanto, já se manifestaram (mas não em

uma obra formalmente publicada) dizendo que entendem que o artigo 82 do

CPPM encontra-se tacitamente derrogado pela Lei n. 13.491/2017. Em ou-

tras palavras, esse artigo perdeu parcialmente sua validade, pois se encontra ob-

soleto o texto sobre os crimes dolosos contra a vida.

“E para a prova, professor, o que faço?”

Temos que ser cautelosos em situações assim. Não temos provas anteriores so-

bre o assunto, nem jurisprudência, ou seja, quase respaldo nenhum. Minha orien-

tação é a seguinte:

• Se o examinador cobrar a literalidade do texto da Lei n. 13.491/2017, mar-

que correto.

• Se o examinador cobrar a literalidade do art. 82 do CPPM, também marque

correto (mesmo estando o artigo parcialmente revogado).

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• Se, no enunciado da questão, o examinador apenas questionar sobre a com-


petência para julgar militares das Forças Armadas nos crimes dolosos
contra a vida de civil, nas circunstâncias previstas no art. 9º do CPM,
ou utilizar uma situação hipotética sobre o assunto, utilize a previsão
da Lei n. 13.491/2017 (de que é competência da Justiça Militar da União).

Esse é o caminho mais seguro, e também que possibilita maior chance de su-
cesso em caso de necessidade de elaboração de recurso contra um gabarito desfa-
vorável para as questões.
Infelizmente, até que existam questões específicas sobre o tema, não há como
oferecer uma orientação mais assertiva sem ser um professor irresponsável!

Resumindo o que aprendemos até agora:

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RESUMO

Crimes Militares
• Crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente, ATENTA
CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS DAS INSTITUIÇÕES MI-
LITARES, qualquer que seja o agente.

Comparando os Bens Jurídicos Tutelados (Exemplos)

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Pontos-chave

Classificação dos Crimes Militares

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Classificação dos Militares segundo o CPM

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Competência Básica da Justiça Militar

• A Justiça Militar ESTADUAL não pode julgar CIVIS!

• A Justiça Militar da UNIÃO pode julgar tanto militares quanto civis.

• Atos disciplinares não estão previstos no CPM!

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Art. 9º CPM

São crimes militares:

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Disposições do CPM sobre Crimes Dolosos contra a Vida de Civil:

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Quadro Geral

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