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Prescrição do exercício de efeito local e geral para obesos e indivíduos com sobrepeso diabéticos, cardiopatas e hipertensos

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Prescrição do exercício de efeito local e geral para obesos e indivíduos com sobrepeso diabéticos, cardiopatas e hipertensos

1. Introdução 3

2. Obesidade 4

3. Atividade Física 7
Atividade física em geral 7
Treinamento intervalado de alta intensidade 9
Introdução ao HIIT 9
Treinamento intervalado com sprint (SIT) 10
Treinamento intervalado aeróbio (AIT) 10

Sumário Exercício contínuo moderado (CME) 10


Comparação entre HIIT e CME 11

Referências Bibliográficas 16

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1. Introdução

A obesidade é considerada uma síndrome epidêmica mundial que contribui para o desenvolvimento de
doenças crônico-degenerativas, como dislipidemias, doenças cardiovasculares e resistência à insulina, que
pode evoluir para diabetes tipo 2 (KAHN, 2003). É um importante contribuinte para essas doenças a presença
de inflamação crônica de baixo grau (FESTA et al., 2000).

Ao longo desta revisão, verificaremos, inicialmente, que existem indivíduos que, apesar de serem obesos
(IMC ≥ 30 kg/m2), não apresentam sintomas de doenças associadas ao excesso de tecido adiposo, sendo
denominados obesos metabolicamente ativos (KARELIS, 2008). Apesar disso, entre 60% e 70% dessas
pessoas apresentam maior predisposição a síndrome metabólica (WILDMAN et al., 2008) e, portanto, risco
aumentado de desenvolvimento de algumas doenças crônico-degenerativas e morte prematura (CLÉMENT;
LANGIN, 2007).

Veremos também que essas doenças podem ser combatidas, por exemplo, pela prática regular de ati-
vidades físicas, uma vez que, em indivíduos que fazem isso regularmente, citocinas anti-inflamatórias são
produzidas pelas fibras musculares ao longo das suas contrações (PETERSEN; PEDERSEN, 2005). Balducci et
al. (2010), por exemplo, verificaram que a prática de atividades físicas foi responsável por uma significativa
redução do conteúdo de proteína C-reativa (um importante biomarcador de inflamação no sangue) em indiví-
duos portadores de diabetes tipo 2 e doenças relacionadas à síndrome metabólica. Em relação às atividades
físicas, compararemos a influência de dois diferentes tipos de treinamento: o aeróbio contínuo e o intervalado
de alta intensidade.

Também será realizado um “bate-papo” informal acerca de algumas informações contidas no texto e
também de dados adicionais, por exemplo, qual a maneira de o desregulamento da atividade da AMPK (uma
importante enzima relacionada à ressíntese de energia) contribuir como um fator patogênico para o desen-
volvimento de doenças relacionadas à obesidade (VIOLLET et al., 2007).

Como consideração final desta introdução, gostaria de dizer que me esforcei ao máximo para escrever um
material interessante e de fácil compreensão. Espero que vocês possam desfrutar dessas próximas páginas.

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2. Obesidade

A obesidade é considerada uma síndrome epidêmica mundial que contribui para o desenvolvimento de
doenças crônicas degenerativas (KAHN, 2003) Além disso, trata-se de um problema de saúde pública devido
a sua prevalência (IASO, 2013b) e sua associação com um risco aumentado de desenvolvimento de doenças
crônicas degenerativas e morte prematura (IASO, 2013a). No Reino Unido, por exemplo, a prevalência da
obesidade em adultos aumenta cada vez mais, sendo que, em 2002, 22% dos homens e 23% das mulheres
eram obesos (UNITED KINGDOM, 2003). Para que se tenha uma ideia dos gastos relacionados com essa
doença, segundo o Serviço de Saúde Nacional da Inglaterra, o custo direto da obesidade foi estimado, em
2001, em 480 milhões de libras (UNITED KINGDOM, 2001).

A tabela 1 traz a classificação da composição corporal dos indivíduos, de acordo com a Associação Mundial
de Saúde (1997).

IMC (kg/m2) Classificação


<18,5 Abaixo do peso
18,5<x<24,9 Saudável
25<x<29,9 Sobrepeso
30<x<34,9 Obesidade grau 1
35<x<39,9 Obesidade grau 2
≥40 Obesidade grau 3 (mórbida)
Tabela 1: Classificação da composição corporal de acordo com o IMC. Fonte: Associação Mundial de Saúde (1997).

Segundo León-Muñoz et al. (2013), a obesidade não afeta igualmente a população. Em países desenvol-
vidos, quanto menor o nível educacional das pessoas, maior a frequência de obesidade (GUTIÉRREZ-FISAC
et al., 2012). Diversos trabalhos conceituais verificaram as potenciais relações entre o nível educacional re-
duzido e outros indicadores de uma situação socioeconômica (SES) inferior com a obesidade (SWINBURN et
al., 2011). A situação socioeconômica está relacionada a diversos fatores contextuais, como as crenças e os
valores em relação aos alimentos e à atividade física de maneira geral, o preço dos alimentos, a assistência
social e o planejamento urbano, que, por sua vez, acarretam comportamentos que determinam um maior
balanço energético (relação entre consumo e gasto energético), resultando em ganho de peso (GUTIÉRREZ-
-FISAC et al., 2012).

Mesas et al. (2012) e Mozaffarian et al. (2011) tentaram explicar a associação inversamente proporcional
(quanto maior um aspecto, menor o outro) entre nível educacional e obesidade. Ambos basearam-se em
fatores comportamentais de risco, como um maior consumo de tabaco e álcool, além de sedentarismo, redu-
zida prática de atividade física e qualidade das dietas. É importante frisar que o significado de sedentarismo
não é o mesmo de falta de atividade física. Segundo Owen et al. (2010), o primeiro refere-se muito mais a
uma grande parte do tempo em posição sentada do que a uma atividade física reduzida, sendo o compor-
tamento sedentário um importante fator de risco para o desenvolvimento da obesidade (HU et al., 2003).

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A forma mais deletéria da obesidade, conhecida


como obesidade abdominal ou visceral, está associa-
da a resistência à insulina, hipertensão e outras anor-
malidades metabólicas, que incluem dislipidemia, ca-
racterizada por taxas elevadas de apolipoproteína B,
triglicérides e lipoproteínas de baixa densidade (LDL),
além de taxas reduzidas de apolipoproteína A1 e li-
poproteínas de alta densidade (HDL) (DESPRÉS; LE-
MIEUX; 2006). Essas doenças, quando em conjunto,
compõem um quadro conhecido como síndrome me-
tabólica, que, quando presente, aumenta o risco do
indivíduo de desenvolver doenças cardiovasculares
(DCV) (SAM et al., 2008) De acordo com o Levanta-
mento em Exame Nutricional e Saúde Pública (NHA-
NES, do inglês National Health and Nutrition Exami-
nation Survey), 34% dos adultos norte-americanos
apresentam síndrome metabólica (ERVIN, 2009). Figura 1. Síndrome metabólica.

Segundo Rana et al. (2007), outras características verificadas na obesidade visceral são um perfil pró-
-inflamatório elevado, caracterizado por níveis aumentados de proteína C-reativa (PCR), interleucina-6 (IL-6)
e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e reduzidos de adiponectina, uma adipocina (proteína secretada pelo
tecido adiposo branco) antiaterogênica (capaz de prevenir o infarto do miocárdio) e potencialmente antidia-
bética (figura 2).

Figura 2. Alguns fatores que contribuem para o aumento da inflamação.

Existem cada vez mais evidências que comprovam a relação entre obesidade central excessiva, resistên-
cia à insulina e doenças cardiovasculares (GUPTA; GUPTA, 2010; KAHN; HULL; UTZSCHNEIDER, 2006; VAN
GAAL; MERTENS; DE BLOCK, 2006). Além disso, pessoas com síndrome metabólica apresentam maior pro-
babilidade de apresentarem doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (WILSON et al., 2005). Os fatores de
risco característicos da síndrome metabólica são a composição corporal (circunferência da cintura e IMC), a

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pressão sistólica e diastólica e concentrações alteradas de lipoproteínas de alta e baixa densidade, triglicéri-
des e glicose no sangue (HWANG; WU; CHOU, 2011).

Fatores inflamatórios, que são classicamente observados no sangue de pacientes com essas desordens,
estão cada vez mais sendo encontrados também no tecido adiposo tanto de animais quanto de humanos
obesos (CLÉMENT; LANGIN, 2007). Nessas situações, aparentemente, as alterações levam a um aumento na
síntese e na secreção de uma série de moléculas pró-inflamatórias (FURUKAWA et al., 2004), que, por sua
vez, levam à migração e posterior infiltração e adesão de células do sistema imune nesses tecidos (CLÉMENT;
LANGIN, 2007). Dessa maneira, alguns estudos têm reportado uma presença aumentada (e obviamente
anormal) de macrófagos (XU et al., 2003), neutrófilos (ELGAZAR-CARMON et al., 2008) e linfócitos T (DU-
FFAUT et al., 2009) no tecido adiposo de animais e humanos obesos, que, coletivamente, estão diretamente
relacionados ao desenvolvimento de resistência à insulina (XU et al., 2003).

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3. Atividade Física

Atividade física em geral

Sabe-se que a prática regular de atividade física, considerada como qualquer movimento corporal produ-
zido pela contração da musculatura esquelética capaz de aumentar o dispêndio de energia (ACSM, 2009),
é inversamente relacionada à mortalidade por todas as causas em adultos saudáveis ou portadores da sín-
drome metabólica (CIOLAC, 2013). Além disso, essa intervenção não farmacológica aumenta a média de
expectativa de vida desses indivíduos (ACSM, 2009), reduzindo a morbidade e a mortalidade relacionadas
a doenças ateroscleróticas (CORNELISSEN; FAGARD, 2005), insuficiência cardíaca (PIEPOLI et al., 2004),
diabetes tipo 2 (BOULE et al., 2001), câncer de cólon, próstata, ovário e mama (HUNTER; JOLLY, 2013) e
obesidade (CIOLAC, 2013).

Outros efeitos positivos promovidos pela atividade física e que estão relacionados à longevidade são dimi-
nuição da pressão arterial, diminuição do índice de massa corporal (IMC) e da adiposidade central, aumento
da tolerância à glicose e aumento da HDL (SPIRDUSO; FRANCIS; MACRAE, 2005). A atividade física também
apresenta um importante papel regulador da glicemia em indivíduos com diabetes tipo 2 (BALDUCCI et al.,
2012) (figura 3). Esses autores apontaram diminuição na taxa de hemoglobina glicada, IMC, circunferência
da cintura, pressão arterial, LDL e proteína C-reativa nos portadores dessa doença que realizavam exercícios
regularmente. Malin et al. (2012) reportaram que indivíduos que realizaram somente exercícios físicos apre-
sentaram níveis diminuídos de ácidos graxos livres no soro e aumentados de massa magra em comparação
aos que realizaram exercícios e ingestão de metformina. Diante desse contexto, Riddell et al. (2013) sugeri-
ram a prescrição de exercícios físicos como a melhor intervenção para essa doença.

Além de melhorar a sensibilidade à insulina e aumentar a mobilização de GLUT-4 e consequentemente


a captação de glicose pelo tecido muscular (CORCORAN; LAMON-FAVA; FIELDING, 2007), a atividade física
é capaz de melhorar a função das células beta-pancreáticas em ratos com diabetes tipo 2 (DELGHINGARO-
-AUGUSTO et al., 2012), aumentando os níveis de secreção de insulina, porém melhorando o quadro de hi-
perinsulinemia (RIBEIRO et al., 2014). Isso sugere que o exercício é capaz de controlar a glicemia não só por
melhorar a sensibilidade periférica à insulina, mas também por regular as funções endócrinas pancreáticas.

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Figura 3: Benefícios promovidos pela atividade física.

Outra estratégia utilizada na tentativa de conter a instalação do quadro de obesidade é a prática de exercí-
cios físicos, entendidos como movimentos planejados, estruturados e repetitivos que mantêm ou aumentam
um ou mais componentes de aptidão física (ACSM, 2009). Os exercícios físicos, por aumentarem a atividade
do sistema nervoso autônomo simpático e a liberação das catecolaminas adrenais (epinefrina e norepinefri-
na), aumentam a lipólise e o dispêndio de energia (SCHEURINK et al., 1992), prevenindo as comorbidades
dessa doença. Foi verificada uma redução no peso corporal e nos depósitos adiposos de roedores obesos,
bem como uma maior sensibilidade à insulina (SCOMPARIN et al., 2011). LaMonte et al. (2005) apontaram
que diversos estudos têm mostrado que pessoas fisicamente ativas apresentam níveis aumentados de ap-
tidão cardiorrespiratória e, por isso, têm risco diminuído de desenvolver resistência à insulina e doenças
cardiovasculares (relacionadas a um maior risco de mortalidade), associadas ou não com a obesidade e a
síndrome metabólica (KATZMARZYK et al., 2005).

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Embora os fatores cardiometabólicos usualmente sejam tratados com medicamentos, o Programa Educa-
cional Nacional de Colesterol (NCEP, do inglês National Cholesterol Education Program) (2001) recomendou
fortemente uma modificação no estilo de vida como primeira intervenção. A grande maioria dessas interven-
ções inclui componentes relacionados ao comportamento, à dieta e às atividades físicas. Como um ponto
positivo, Carroll e Dudfield (2004) apontaram que a atividade física regular é capaz de reduzir fatores cardio-
metabólicos independentemente da realização de dietas. Além disso, a prática de exercícios (particularmente
aeróbios e HIIT) é capaz de aumentar o rendimento cardiovascular (CHURCH et al., 2007), uma função que
evidentemente traz benefícios à saúde e que não pode ser alcançada somente com um planejamento base-
ado em medicamentos.

Diversos estudos, como o de Lee et al. (2010), apresentaram uma associação negativa entre rendimento
cardiovascular e mortalidade cardiovascular (quanto maior um fator, menor o outro), que também existe em
relação aos demais fatores relacionados à mortalidade em homens e mulheres. Diante desses benefícios, é
razoável a tentativa de inserção de programas que tenham como objetivo aumentar a quantidade de ativida-
des físicas no estilo de vida das pessoas como tratamento ou prevenção dos fatores de risco cardiometabó-
licos (KESSLER; SISSON; SHORT, 2012).

Apesar das inúmeras evidências de que as atividades físicas são essenciais para a manutenção da saúde e
a prevenção de doenças, o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDCP, do inglês Center for Dise-
ase Control and Prevention) (UNITED STATES OF AMERICA, 2010) apontou que somente 64,5% dos adultos
norte-americanos seguem as recomendações do Colégio Americano de Esportes e Medicina (ACSM, da sigla
em inglês American College of Sports Medicine) (2009) de pelo menos 150 minutos/semana de atividade
moderada ou 75 minutos/semana de exercícios de intensidade vigorosa.

Segundo Reichert et al. (2007), muitos dos indivíduos cujas atividades físicas encontram-se abaixo des-
sas recomendações alegam falta de tempo. Nesse sentido, substituir exercícios com intensidade moderada,
porém prolongados, por outros mais vigorosos com duração reduzida pode ser uma estratégia eficiente.
Segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanitários dos Estados Unidos (USDHHS, do inglês U.S.
Department of Health and Human Services) (2008), os benefícios proporcionados por um minuto de ativida-
de vigorosa são semelhantes aos gerados por dois de atividade moderada, embora, segundo Kessler, Sisson e
Short (2012), ainda não existam evidências suficientemente concretas que confirmem essa afirmação. Dessa
forma, iremos abordar os benefícios que o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT, do inglês high
intense interval training) promove em indivíduos com doenças em geral, além de compará-lo ao exercício
contínuo moderado (CME, do inglês continuous moderate exercise).

Treinamento intervalado de alta intensidade

Introdução ao HIIT

O HIIT é caracterizado por breves períodos de exercícios de alta intensidade (> 90% do VO2 máximo,
como uma corrida na esteira), separados por períodos de recuperação em que são realizados exercícios de
intensidade baixa ou moderada (como caminhadas na esteira) ou então descanso total (manter-se em re-
pouso) (GIBALA; MCGEE, 2008). Os períodos de recuperação são importantes, pois permitem ao indivíduo

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sustentar mais tempo a atividade em alta intensidade. De acordo com Bangsbo et al. (1994), o descanso
ativo facilita a remoção de lactato e íons H+ da musculatura ativa e, por essa razão, provavelmente é capaz
de prolongar o tempo de tolerância ao exercício em comparação a um exercício contínuo de alta intensidade.

Durante várias décadas, atletas e técnicos utilizaram o HIIT com o objetivo de melhorar o rendimento nos
exercícios (LAURSEN; JENKINS, 2002). Atualmente, o fato de que esse tipo de treinamento promove melho-
rias em diversos aspectos na vida de não atletas tem chamado bastante a atenção dos pesquisadores. Dentre
essas melhorias, podem ser citados os fatores de risco cardiometabólicos (como o metabolismo de glicose,
os lipídeos no sangue e a circunferência da cintura). Esse tipo de treinamento inclui duas subdivisões distin-
tas: o treinamento intervalado com sprint (SIT, do inglês sprint interval training) e o treinamento intervalado
aeróbio (AIT, do inglês aerobic interval training), de que iremos tratar a seguir. É digno de nota que o HIIT
não inclui treinamentos resistidos.

Treinamento intervalado com sprint (SIT)

O treinamento intervalado com sprint (de alta intensidade) (SIT) é habitualmente composto por quatro a
seis ciclos de 30 segundos (com a máxima intensidade possível), intercalados por ciclos de quatro minutos
a quatro minutos e meio de descanso, sendo realizado normalmente em esteiras ou bicicletas ergométricas,
como em Burgomaster et al. (2008) e Richards et al. (2010). Devido a seu nível de esforço elevado, a grande
maioria dos estudos que envolveram SIT até o final do século passado foi realizada com indivíduos jovens e
saudáveis. Porém, recentemente, alguns pesquisadores têm explorado a possibilidade de essa modalidade
de treino ser aplicada também em populações especiais. Whyte, Gill e Cathcart (2010) realizaram testes em
homens com sobrepeso/obesos, e Guiraud et al. (2011), em pacientes com doenças cardíacas coronarianas,
por exemplo.

Treinamento intervalado aeróbio (AIT)

O treinamento intervalado aeróbio é realizado com uma intensidade levemente inferior à utilizada no SIT,
porém com volume superior. Nos protocolos utilizados em geral, são realizados de quatro a seis ciclos de cer-
ca de quatro minutos, com intensidade entre 80% e 95% do VO2 máximo, seguidos de três a quatro minutos
de recuperação, também normalmente em esteiras ou bicicletas ergométricas. Em relação ao SIT, a quanti-
dade de estudos, bem como o período de tempo em que os pesquisadores verificaram os efeitos do AIT em
indivíduos com alterações cardiometabólicas, é bastante superior (MUNK et al., 2009; WISLOFF et al.,2007).

Exercício contínuo moderado (CME)

Grande parte dos estudos que utilizam o CME como efeito de comparação adota intensidade entre 50-
75% do VO2 máximo e tempo de duração muito superior ao dos dois tipos de treinamento descritos acima
(tabela 2).

SIT AIT CME


Intensidade muito alta alta Moderada/baixa
Duração de cada ciclo muito curta curta longa
Tempo de intervalo entre muito curto curto Não há
os ciclos

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Duração total de atividade muito curta curta longa


Tabela 2. Comparação entre as variáveis dos três diferentes tipos de treinamento. Fonte: Produção do autor.

Comparação entre HIIT e CME

• Em relação a tempo despendido e consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo)

Por apresentar intensidade superior, o tempo de duração do HIIT é inferior ao do CME quando o fator
a ser igualado é a quantidade de energia despendida (DAUSSIN et al., 2008). Esse mesmo estudo indicou
que o HIIT é capaz de induzir uma maior captação máxima de oxigênio (VO2 máximo) em comparação a um
treinamento contínuo de intensidade moderada (CME), tanto em pessoas sedentárias quanto em treinadas,
quando ambos os treinamentos apresentam mesmo dispêndio calórico. Essa modalidade de treinamento
foi superior também no aumento do consumo de oxigênio máximo em adolescentes (TJONNA et al., 2009),
adultos jovens (NYBO et al., 2010), pessoas de meia idade e idosos (MUNK et al., 2009). Por fim, a principal
característica do HIIT parece ser o aumento proporcionado no VO2 máximo.

Dessa forma, aparentemente, o HIIT pode ser bastante útil para a qualidade de vida de indivíduos cardio-
patas, independentemente de serem obesos, já que, segundo Katzmarzyk et al. (2005), existe uma correla-
ção negativa entre o VO2 máximo obtido pelo indivíduo e a taxa de mortalidade. Em outras palavras, os auto-
res sugerem que quanto maior a captação máxima de oxigênio alcançada, menor a mortalidade e vice-versa.

• Em relação à quantidade de energia despendida

Habitualmente, os estudos que comparam HIIT e CME apresentam igualdade de energia despendida du-
rante as atividades. Sendo assim, participantes que realizam o CME demoram aproximadamente 15% a 20%
mais de tempo para encerrar suas atividades que aqueles que realizam AIT, por exemplo. No entanto, exis-
tem ocasiões em que isso pode ocorrer, particularmente quando são comparados o SIT e o CME, já que, para
que essa igualdade ocorra, os indivíduos que realizam o primeiro devem exercitar-se por dois a três minutos,
enquanto que o segundo grupo necessita de 45 a 60 minutos (BURGOMASTER et al., 2008).

• Em relação ao metabolismo da glicose

Sensibilidade à insulina

Diversos estudos (BABRAJ et al., 2009; CIOLAC et al., 2010; HOOD et al., 2011; TJONNA et al., 2009;
TJONNA et al., 2008; WHYTE; GILL; CATHCART, 2010) apontaram diminuição da resistência a esse hormônio
após o HIIT, apesar de alguns divergirem quanto ao tempo de melhora pós-exercício. No estudo de Whyte,
Gill e Cathcart (2010), por exemplo, em que se realizou SIT por duas semanas em um cicloergômetro, foi
apontado que a sensibilidade à insulina mantinha-se mais alta no máximo após 24 horas depois da última
sessão de atividades físicas. Já em Babraj et al. (2009), em que as mesmas variáveis (tipo de treinamento,
duração em semanas e aparelho) foram mantidas, foi verificada maior sensibilidade à insulina entre 48 e 72
horas após a última sessão. Ainda em relação ao período de intervenção (duas semanas), em relação ao AIT,
somente Hood et al. (2011) apontaram melhorias na sensibilidade à insulina de adultos de meia idade e com
sobrepeso que realizaram 20 minutos/dia de atividade física.

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Já quando o período de intervenção é maior (entre 12 e 16 semanas de AIT), as evidências de alterações


na sensibilidade à insulina tornam-se aumentadas. Tjonna et al. (2009) verificaram melhorias em adolescen-
tes com sobrepeso ou obesos, Ciolac et al. (2010), em mulheres com histórico de hipertensão, e Tjonna et
al. (2008), em adultos de meia idade com síndrome metabólica. Em relação aos dois últimos estudos citados,
que acrescentaram um grupo CME aos grupos AIT e controle (composto por indivíduos que não realizaram
exercícios físicos), Ciolac et al. (2010) concluíram benefícios semelhantes nos grupos AIT e CME, diferente-
mente de Tjonna et al. (2008), que apontaram o grupo AIT como superior nesse quesito. Partindo desses
resultados, o AIT promove melhorias na sensibilidade à insulina, particularmente quando a duração do trei-
namento é superior a 12 semanas.

Concentração de glicose no sangue em jejum

Os dois estudos citados no tópico anterior em que os indivíduos realizaram o SIT não reportaram diferen-
ças significativas na glicemia de jejum em pessoas com taxas normais de glicemia. O mesmo foi detectado
por Whyte, Gill e Cathcart (2010) em idosos com doença cardíaca coronariana. Já em relação aos estudos
que realizaram o AIT durante 12-16 semanas, houve inconsistência em relação aos resultados. Enquanto
Tjonna et al. (2009) reportaram diminuição da glicemia de jejum em indivíduos com conteúdo de glicose no
sangue considerado normal, Tjonna et al. (2008), em conteúdo aumentado, e Nybo et al. (2010), em con-
teúdo considerado limítrofe entre normal e elevado - 126 mg/dL, de acordo com a Associação Americana de
Diabetes (ADA, do inglês American Diabetes Association) (2012), Ciolac et al. (2010) não reportaram quais-
quer diferenças, e Wisloff et al. (2007) apontaram aumento na glicemia após o treinamento.

Quando houve comparação entre AIT e CME nesse quesito, Nybo et al. (2010) reportaram benefícios se-
melhantes em ambos os treinamentos, tendo Tjonna et al. (2008) verificado redução somente no grupo AIT.

Teste de tolerância à glicose oral

Quando o teste de tolerância à glicose administrada oralmente (OGTT, do inglês oral glucose tolerance
test) foi realizado, Little et al. (2011) e Whyte, Gill e Cathcart (2010) foram unânimes em afirmar que houve
melhoras na captação de glicose após duas horas, tendo estes últimos afirmado mesmo que elas persistiram
por até 24 horas após o teste. Little et al. verificaram que adultos mais velhos apresentaram diminuição desse
parâmetro após realizarem 75 minutos de AIT por semana durante duas semanas.

Conclusão acerca do metabolismo de glicose

A partir da análise dos resultados acima, pode-se concluir que o HIIT é capaz de melhorar a captação de
glicose em uma variedade de populações.

• Em relação ao conteúdo de lipídeos no sangue

Lipoproteína de alta densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein)

Tjonna et al. (2009), Musa et al. (2009) e Tjonna et al. (2008) apontaram que indivíduos que realizaram
pelo menos oito semanas de AIT apresentaram aumento no conteúdo de HDL sanguíneo. Enquanto os dois
primeiros grupos de pesquisadores realizaram estudos com adolescentes e adultos jovens, respectivamente,

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que apresentavam taxa considerada normal para essa lipoproteína no soro, o grupo estudado em 2008 era
composto por adultos de meia idade com conteúdo reduzido de HDL, além de síndrome metabólica. Infeliz-
mente, nenhum desses estudos apresentou um grupo CME para efeito de comparação.

Colesterol total

Schjerve et al. (2008), Wallman et al. (2009) e Wisloff et al. (2007) não verificaram diminuição no coles-
terol total dos indivíduos que realizaram o HIIT. Apesar disso, é importante salientar-se que essa taxa nos
indivíduos desses três estudos era considerada normal. Além disso, também não foi verificada diferença sig-
nificativa nessa variável nos grupos CME em relação ao grupo controle (que não realizou atividades).

Lipoproteína de baixa densidade (LDL, do inglês low density lipoprotein)

Ciolac et al. (2010) e Wallman et al. (2009) não reportaram mudanças no conteúdo de LDL de nenhum
dos dois grupos exercitados (AIT e CME). Mais uma vez, é necessário ressaltar que em nenhum dos estudos
os participantes apresentavam nível elevado dessa lipoproteína no sangue.

Triglicérides

Nos estudos citados, assim como em relação ao LDL, não foi verificada qualquer alteração em relação a
essa variável em ambos os grupos exercitados.

Conclusão acerca do conteúdo lipídico no sangue

Em suma, aparentemente, o único lipídeo no soro capaz de ser influenciado pela atividade física, seja o
AIT ou o CME, é o HDL. Segundo Houston et al. (2009), é necessária perda significativa de peso e/ou mu-
danças na composição corporal para que se possa verificar melhorias nas taxas de colesterol total, LDL e
triglicérides.

• Pressão arterial

Resultados

Rognmo et al. (2004) e Wallman et al. (2009) não reportaram alterações na pressão arterial sistólica (PAS)
e diastólica (PAD) quando os indivíduos realizaram o AIT entre 2 e 10 semanas. No entanto, Whyte, Gill e
Cathcart (2010) afirmaram que apenas duas semanas de treinamento de SIT foram suficientes para diminuir
a pressão arterial de mulheres sedentárias com sobrepeso ou obesas por até 24 horas após a última sessão
de exercícios. Já quando o AIT é praticado por entre 12 e 16 semanas, é possível verificar-se um decréscimo
na pressão arterial em diversas populações especiais (TJONNA et al., 2008; SCHJERVE et al., 2008; CIOLAC
et al., 2010). Todos esses estudos realizaram uma comparação entre o AIT e o CME.

No estudo de Schjerve et al. (2008), em que adultos obesos realizaram 12 semanas de treinamento, foi
verificada diminuição da pressão diastólica em ambos os grupos. Em Tjonna et al. (2008), adultos com sín-
drome metabólica e hipertensão em repouso realizaram 16 semanas de treinamento, e tanto os do grupo
AIT quanto os do grupo CME apresentaram melhorias em relação à pressão arterial sistólica, mas somente

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os do grupo AIT experimentaram melhoras na diastólica. Em Ciolac et al. (2010), mulheres de ambos os
grupos com pressão arterial considerada normal apresentaram melhorias tanto na PAS quanto na PAD após
16 semanas de treinamento. É importante ressaltar que esses indivíduos não faziam uso de medicamentos
anti-hipertensivos, já que, em estudos em que os participantes apresentavam essa condição, não houve al-
terações em sua pressão arterial (WISLOFF et al., 2007).

Conclusões acerca da pressão arterial

Os dados sugerem que indivíduos hipertensos que realizam o AIT por pelo menos 12 semanas e não fa-
zem uso de medicamentos hipertensivos podem experimentar melhorias em sua pressão arterial, sendo essa
melhora semelhante ou até superior à verificada no CME.

• Parâmetros antropométricos

Resultados

Burgomaster et al. (2008) e Musa et al. (2009) não verificaram diferenças nas medidas antropométricas
(composição corporal) em indivíduos cujo índice de massa corporal (IMC) estava dentro do limite considerado
normal (entre 18 kg/m2 e 24,9 kg/m2) e realizaram SIT com duração de seis semanas (BURGOMASTER et al.,
2008) ou AIT entre 8 e 16 semanas (MUSA et al., 2009; WISLOFF et al., 2007). Resultados semelhantes fo-
ram apresentados por Rognmo et al. (2004) e Wallman et al. (2009) em indivíduos com sobrepeso ou obesos
que treinaram por entre 2 e 10 semanas.

Contrastando com os estudos acima, em que a intervenção foi realizada por períodos de tempo inferiores
a três meses, estudos que verificaram a influência do AIT em obesos entre três e seis meses apontaram
uma melhora nas medidas antropométricas em uma gama de populações. Schjerve et al. (2008) e Tjonna et
al. (2008) reportaram reduções em IMC, percentual de gordura corporal, circunferência da cintura e razão
cintura-quadril. Esses mesmos resultados foram verificados em adultos obesos que realizaram o CME (de ma-
neira semelhante ao AIT) e adolescentes obesos que realizaram o AIT nesse período (TJONNA et al., 2009).
Em relação à equivalência das mudanças antropométricas e percentual de gordura corporal verificadas nos
estudos que compararam o AIT ao CME, isso provavelmente se deve ao fato de que a energia gasta era se-
melhante (SCHJERVE et al., 2008; TJONNA et al., 2008).

Conclusões acerca dos parâmetros antropométricos

Esses resultados sugerem que, para que indivíduos com sobrepeso ou obesos apresentem alterações
quanto aos parâmetros antropométricos, é necessário que realizem pelo menos 12 semanas de treinamen-
tos. O AIT aparenta ser vantajoso em relação ao CME, pois, apesar de apresentarem resultados semelhantes,
aquele leva menos tempo para alcançar a energia despendida em relação ao CME, sendo por essa razão
altamente indicado particularmente para os indivíduos que não dispõem de muito tempo para realizar ati-
vidades físicas. Em relação ao SIT, estudos com mais de duas semanas são necessários para uma melhor
compreensão do impacto dessa modalidade de treinamento em relação aos parâmetros antropométricos.

• Adaptações bioquímicas e moleculares

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Prescrição do exercício de efeito local e geral para obesos e indivíduos com sobrepeso diabéticos, cardiopatas e hipertensos

Além de alterações clínicas e funcionais, existem publicações que apontam também as alterações bioquí-
micas e moleculares promovidas pelo HIIT, que serão vistas a seguir.

Músculos

Na musculatura esquelética, o AIT induz aumento de um fator de transcrição conhecido pela sigla PGC-
1α (do inglês peroxisome proliferator activated receptor gamma-coactivator-1α), que é o principal regulador
do metabolismo oxidativo, ou seja, quanto maior o conteúdo e atividade dele, maior será a utilização de
triacilglicerol (gordura). Esse aumento ocorre também em pacientes com obesidade, cardiopatias e síndrome
metabólica (WISLOFF et al., 2006; SCHJERVE et al., 2008; TJONNA et al., 2008, respectivamente), mas, pelo
menos nesses estudos, não foi verificado aumento correspondente após o CME.

Aumentos no PGC-1α podem levar a adaptações nos conteúdos e na ativação de mitocôndrias e trans-
portadores de glicose, que, por sua vez, podem contribuir para os aumentos no VO2 máximo verificados e
também na tolerância à glicose. Outra modificação reportada por esses estudos foi que a captação de cálcio
a partir do retículo sarcoplasmático da musculatura esquelética aumentou no AIT, porém não no CME (fato
que permite à musculatura aumentar sua habilidade em realizar contrações mais vigorosas). Nos estudos em
que o SIT foi realizado, esses aumentos também foram verificados (BURGOMASTER et al., 2008; WISLOFF
et al., 2007).

Funções cardíacas e vasculares

Além das adaptações musculares, mudanças nas funções cardíacas e vasculares também são importantes
para que ocorram melhorias no VO2 máximo e na pressão arterial. Tjonna et al. (2008) e Tjonna et al. (2009)
citam que, após o AIT, a dilatação da artéria braquial esteve aumentada tanto em obesos adolescentes quan-
to em obesos adultos e em adultos com síndrome metabólica. Isso ocorre, ao menos parcialmente, devido
à maior disponibilidade de óxido nítrico verificada no AIT, mas não no CME (TJONNA et al., 2008). Wisloff et
al. (2007) apontaram também que o HIIT melhorou o volume sistólico de mulheres obesas e pacientes com
insuficiência cardíaca, e Daussin et al. (2008), que esse tipo de treino aumentou o débito cardíaco de adultos
sedentários.

Conclusões acerca das adaptações bioquímicas e moleculares

Esses resultados sugerem que as mudanças bioquímicas e moleculares que o HIIT promove em relação à
musculatura esquelética e cardíaca, bem como as alterações vasculares, podem contribuir consideravelmente
(e mais do que o CME) para que o indivíduo se torne saudável.

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Prescrição do exercício de efeito local e geral para obesos e indivíduos com sobrepeso diabéticos, cardiopatas e hipertensos

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