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Publicado em NOVA ESCOLA 16 de Maio | 2022

Alfabetização matemática

Matemática: a Geometria da Arte


Veja exemplos de obras que permitem abordar as figuras e padrões
geométricos, as posições e a simetria.
Selene Coletti

Crédito: Selene Coletti/Acervo pessoal

Dizer que a Matemática está presente em tudo (ou em quase tudo) pode parecer repetitivo, mas
sempre vale a pena reforçar. Para provar, neste texto te convido a olhar para as obras de arte e
enxergar a beleza da Geometria que está presente.

Para essa unidade temática a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe “estudar posição e
deslocamentos no espaço, formas e relações entre elementos de figuras planas e espaciais”
objetivando desenvolver o pensamento geométrico, o qual é “necessário para investigar
propriedades, fazer conjecturas e produzir argumentos geométricos convincentes [...] É importante
considerar o aspecto funcional que deve estar presente no estudo da geometria: as transformações
geométricas, sobretudo as simetrias” (pág. 271 do documento). Uma das formas para começar este
estudo é aliando as aulas de Matemática às de Arte.

Imagino que já deve ter parado para contemplar uma obra de arte. São muitos os detalhes: as cores,
as formas geométricas, as posições, a proporção, as perspectivas – além é claro das sensações e
emoções que nos transmitem.

Possivelmente lembrou de alguns artistas cujas obras têm uma forte presença das figuras
geométricas. É o caso de Piet Mondrian, Wassily Kandinsky, Paul Klee e Joan Miró. Estão também nas
de Theo van Doesburg, do designer gráfico Simon C. Page, do brasileiro Hércules Barsotti, Victor
Vasarely, Beatriz Milhazes, dentre tantos outros. Não podemos deixar de mencionar as contribuições
de movimentos artísticos como o Cubismo e a Op Art.

Então, vamos começar? Compartilho quatro ideias para você se inspirar, ampliar o seu olhar e abordar
a Geometria de uma forma mais significativa. Se for possível, o trabalho será ainda mais rico se
realizado em parceria com o professor de Arte.
1. Reconhecimento de figuras geométricas

Essa é uma das habilidades que podem ser desenvolvidas ao explorar as obras do holandês Piet
Mondrian – conheça mais sobre ele. Aprender a observar e, por conseguinte, a apreciar uma obra de
arte é algo que precisa ser construído – a fim de desenvolver o senso estético, valorização da
diversidade cultural, interpretação do texto imagético e a inferência.

Crédito: RKD Netherlands Institute for Art History; Holanda (Wikimedia Commons)

Sugiro começar pedindo que os alunos comentem o que chama atenção em uma pintura, quais cores
foram usadas, quais formas podem ser vistas, quais as sensações que nos transmite. Em seguida,
proponha que utilizem as formas e cores identificadas para criar uma nova versão. Aqui, você
encontra outra possibilidade para trabalhar as formas geométricas, a partir da obra da artista
brasileira Tarsila do Amaral.

2. Para trabalhar posição

A obra “O quarto”, de Vincent Van Gogh, permite, além do trabalho com as formas geométricas,
explorar perspectiva e o posicionamento dos objetos (na frente, direita e esquerda)
Cedido por Van Gogh Gallery (Wikimedia Commons)

Comece solicitando que descrevam a imagem, as cores, os objetos, as formas presentes, todos os
detalhes da pintura. Depois questione sobre a posição em que o artista estava ao pintar o quadro,
solicite que expliquem o porquê e sugira que escolham uma posição e reproduzam o quadro.

No site (disponível em inglês) você encontra outras possibilidades, inclusive um jogo, cujo tabuleiro
pode ser baixado, sobre a vida e a obra do artista. Tem também um tour virtual pelo Van Gogh
Museum.

3. Padrões geométricos

A arte marajoara, produzida pelos antigos habitantes da Ilha de Marajó, no Pará, é considerada uma
das mais antigas expressões de arte cerâmica das Américas.
Acervo de arqueologia brasileira do Museu Nacional/UFRJ (Wikimedia commons)

O ponto de partida pode ser uma roda de conversa sobre ela – encontre aqui mais informações.
Apresente imagens para que a turma aprecie e observe os detalhes, chame atenção para os pontos e
linhas. Depois proponha que criem padrões inspirados nas faixas decorativas das pinturas. Veja aqui
uma sugestão para se inspirar.

Dependendo da imagem escolhida, também é possível abordar a questão da simetria.

4. Para trabalhar simetria

A BNCC propõe para os Anos Iniciais que “o estudo das simetrias deva ser iniciado por meio da
manipulação de representações de figuras geométricas planas em quadriculados ou no plano
cartesiano, e com recurso de softwares de geometria dinâmica.”

A exploração das obras do artista brasileiro Rubem Valentim permite este trabalho. A observação e
apreciação das produções permitirão explorar a ideia de simetria, seja para introduzir o conceito ou
para reforçá-lo. Uma sugestão de atividade é propor que a turma recrie as obras a partir de desenhos
ou colagens.

Tenho certeza de que você e seus alunos irão mergulhar em um mundo de muitas descobertas. Terá a
oportunidade de construir de forma significativa conceitos importantes para o desenvolvimento
deles.

Conseguiu perceber a presença da Matemática na arte? Já havia feito essa relação para trabalhar a
Geometria nos Anos Iniciais? Conte para mim aqui nos comentários.

Até a próxima!

Selene

Selene Coletti é professora há 40 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora
por 10 anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota
10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de
Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do
Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação
Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente
é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.

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