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Poesia grega arcaica

Géneros e cultores
POESIA GREGA: GÉNEROS E CULTORES

Elegia: Calino, Arquíloco, Tirteu, Mimnermo, Sólon, Teógnis, Xenófanes


Iambo: Arquíloco, Hipónax, Semónides
Lírica (ou mélica)
monódica: Safo, Alceu, Anacreonte
coral: Álcman, Estesícoro, Íbico, Simónides, Píndaro, Baquílides

(Alguns) géneros da lírica coral


- hino
- péan
- ditirambo
- partenéion
- hiporquema
- prosódion
- epinício
- encómio
- treno
ELEGIA

- Dístico elegíaco: ao hexâmetro homérico acrescenta-se um segundo verso,


um pentâmetro com uma cesura que forma duas hemiepes (“meios-
cantos”); a segunda hemiepe não admite a substituição do dáctilo (-- U U)
pelo espondeu (-- --).
- “A primeira tentativa de quebra
da monotonia resultante do
hexâmetro da épica” (MHRP)
- Terminologia: origem em ἔλεγος?:
teoria das origens funerárias (Hor.,
Ars Poetica 75 sqq.).
- No séc. V a.C., Eurípides e Aristófanes, por exemplo, usam o termo com o
sentido de canção de lamento.
- A verdade é que temos elegias de temática fúnebre (treno), guerreira,
amorosa, histórica, política e sentenciosa.
- O género mais moldável e tematicamente adaptável à sociedade, com o
seu espaço de execução principal no simpósio.
ELEGIA

- M. L. West (1974: 14-18) refere oito possíveis contextos de execução


elegíaca. Criticando-o, E. L. Bowie 1986: 13-35 considerando apenas dois: o
simpósio e a festa pública (cívico-religiosa).
- Sobretudo no simpósio, há espaço para os mais diversos temas, e para
performances de distinta extensão: desde poemas de circunstância (com
um ou dois dísticos) a composições de centenas de versos.
- Acompanhamento com aulos, e, provavelmente, um ritmo ”simples e
repetitivo” ajustável a qualquer composição (Bowie 1986: 14). Era recitada,
não cantada.
- A presença do mito, normalmente como exemplum de um comportamento
humano ou acontecimento sócio-político.
- Forte presença da linguagem homérica: dela é herdeira toda a poesia
posterior, e as suas expressões, os seus símiles, os seus epítetos, adaptam-
se com facilidade ao metro tanto do hexâmetro como do pentâmetro.
ELEGIA – PRINCIPAIS CULTORES

- Calino de Éfeso (fl. C. 660 a.C.) – elegia guerreira


- Tirteu de Esparta (fl. C. 650 a.C. Esparta) – elegia guerreira
- Arquíloco de Paros (fl. C. 650 a.C.) – vários temas
- Mimnermo de Esmirna (fl. 630-600 a.C.) – elegia sentimental
- Sólon de Atenas (c. 640-558 a.C. – elegia política
- Teógnis de Mégara (fl. 500 a.C.) – elegia gnómica (moralista)
IAMBO

- Aristóteles (Poética 1448b) divide toda a poesia em género invetivo


(ψόγος) e encomiasta (ἔπαινος), sendo a primeira mimesis de ações
“vis”, e a segunda de ações “nobres”.
- O conceito de ἴαμβος (e ἰαμβίζειν)
- Definição métrica: poesia composta no metro iâmbico (U –), mais próximo da
linguagem falada. Também no metro trocaico, inversão do iâmbico (– U).
- Definição temática: designa o conteúdo satírico (lato sensu) de composições
noutros metros (incl. o dístico elegíaco). Abarca todas as variantes do que é
γελοῖον (“risível”, “ridículo”), mas também invetivo e satírico, assim como
erótico e, frequentemente, obsceno. O objeto da poesia iâmbica é, numa
palavra, o mundo contemporâneo do poeta, todos os temas que cabem nos
momentos mais animados do simpósio.
IAMBO

- Possíveis origens de ἴαμβος (e ἰαμβίζειν)


- A partir do nome de Iambe, a criada de Deméter que, no Hino Homérico a Deméter
(vv. 195 sqq.), é a única capaz de fazer rir a deusa após a perda da filha Ceres. Teria,
assim, origens religiosas/ cultuais ligadas aos ritos de fertilidade por via do riso
apotropaico nos Mistérios de Elêusis. De notar que a ilha de Paros, de onde era
natural Arquíloco, tinha forte tradição no culto de Deméter (cf. fr. 332 West).
- A partir do heróis Iambo, filho de Ares, ágil no lançamento do dardo, que
acompanhava com um grito e dois passos de corrida (um breve e um mais longo).
Relação mais direta com o género invetivo e a métrica.

- Execução da poesia iâmbica


- Recitativo (παρακαταλογή), com acompanhamento do αὐλός. Também existia um
instrumento de cordas para a poesia iâmbica, menos usual: a ἰαμβύκη.
- Dada a sua grande variedade métrica, adequavam-se ao simpósio mas também a
outros contextos (e.g. os iambos políticos de Sólon, frs. 36-37 West).
IAMBO – PRINCIPAIS CULTORES

- Arquíloco de Paros (fl. c. 650 a.C.)


- Semónides de Amorgos (primeira metade séc. VII a.C.)
- Hipónax de Éfeso (fl. c. 540-530 a.C.)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

- M. L. West (1974), Studies in early Greek elegy and iambus. Berlin, New York.
- E. L. Bowie (1986), “Early Greek elegy, symposium and public festival”, JHS
106: 13-35.
- M. H. Rocha Pereira (102006), Estudos de História da Cultura Clássica. Vol. I.
Cultura Grega. Lisboa, Gulbenkian, pp. 199-203.
- A. Aloni (2009), “Elegy. Forms, functions and communication”, in The
Cambridge Companion to Greek Lyric, pp. 168-188.
- C. Carey (2009), “Iambos”, in The Cambridge Companion to Greek Lyric, pp.
149-167.
- F. Lourenço (2009), “Lírica coral e monódica: uma problemática revisitada”,
Humanitas 61: 19-29. Online: https://digitalis.uc.pt/pt-
pt/artigo/l%C3%ADrica_coral_e_mon%C3%B3dica_uma_problem%C3%A1tica
_revisitada

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