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1.

Introdução

O presente trabalho tem como exercício a análise retrospectiva do Plano Nacional de prevenção
e combate à violência baseada no género 2018-2021. A violência baseada no género é obstáculo
à caracterização dos objectivos da promoção de igualdade de género e autonomia das mulheres,
impede o desenvolvimento de uma sociedade harmoniosa, dificulta e anula o gozo dos direitos
humanos e liberdades fundamentais.

A Constituição da República de Moçambique consagra a igualdade de direitos para homens e


mulheres nas esferas económica, social, política e cultural do país. Assim sendo, Moçambique
aderiu à Convenção das Nações Unidas para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra Mulheres (CEDAW), adoptou a Plataforma de Acção de Beijing e ainda as Declarações
relativas à Igualdade de Género e Promoção do Estatuto das Mulheres, a nível do Continente e
da Região, respectivamente na União Africana e na SADC. Em 2015, Moçambique adoptou os
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais alinham-se com o Programa
Quinquenal do Governo 2015-2019, contendo objectivos e metas dirigidos à igualdade de género
e empedramento da mulher.

O presente trabalho, tem como objectivo a avaliação retrospectiva do Plano Nacional de


Prevenção e Combate à Violência Baseada no Género 2018-2021. Avaliação, segundo Pedone
(1986), é um subconjunto dos estudos de política pública sendo rigorosa, técnica e prescritiva.
Para os efeitos da avaliação vamos recorrer às tipologias de avaliação, que são três: avaliação de
processo, avaliação de intermédio (outcome) e avaliação de impacto, neste trabalho postaremos
pela avaliação de processo, que consiste em analisar até que ponto o programa a atingir o grupo
algo e como é que está a ser gerido, onde usaremos os critérios da coerência, eficácia e
efectividade. Feito isto, deixaremos aqui ficar os problemas e recomendações relativos às
implementações
2. Objectivos
2.1. Objectivos gerais
 Avaliar o Plano Nacional de Prevenção e combate à violência baseada no género 2018-
2021
2.2. Objectivos específicos
 Apresentar os objectivos do plano nacional de prevenção e combate a violência baseada
no género 2018-2021
 Analisar à eficácia e eficiência do plano Identificar as diferenças existentes entre os
resultados esperados e os resultados obtidos;
 Avaliar a coerência da política relativamente aos objectivos externos (ODS) e internos de
políticas públicas;
 E por fim identificar as falhas e possíveis soluções.
2.3. Metodologia

Foi feita uma pesquisa do tipo exploratório, que segundo Gil (2008), pode envolver
levantamento bibliográfico. O nosso trabalho foi feito usando a técnica de recolha de
informações de pesquisa bibliográfica com base em relatórios. O estudo ainda tem como base o
método histórico, este método faz referência de que as atuais formas de vida social tem origem
no passado, isto é, coloca os fenómenos
Avaliação do Plano Nacional de Prevenção e Combate a Violência Baseada no Género
2018-2021

1. Avaliação de Políticas Públicas

Segundo Pedone (1986) a análise e avaliação de políticas públicas pode ser melhor entendida
como um subconjunto dos estudos de política públicas sendo rigorosa, técnica e prescritiva.
Inicia-se com o que aconteceu ou acontece e está interessada em descobrir modos alternativos de
acção em uma política particular. A análise de políticas públicas pode preceder a implementação,
ou pode ser feita a posterior, tomando o nome de avaliação de políticas públicas, com a
preocupação geral de saber se o programa da política pública resolve ou aliviou o problema a que
se propunha.

Dye (2012) como citado por Sitoe e Lumbela (2013) refere que avaliar é aprender em relação as
consequências de uma política pública, ou seja, avaliar é aprender em relação às consequências
de determinada política, programa ou projecto implementado. Este aprender, é na verdade, um
exame objetivo, sistemático e empírico dos efeitos das políticas, programas ou projectos
existentes para os seus grupos-alvo em termos de metas a serem alcançadas, onde se procura
determinar até que ponto as acções implementadas vão de encontro aos objectivos previamente
estabelecidos. Deste modo a avaliação contribui para a clarificação e crítica dos valores por
detrás de certas metas e objectivos

Segundo Sitoe e Lumbela (idem), a avaliação é o estagio que imediatamente decorre depois da
implementação das políticas públicas e antecede a redefinição dos problemas que deram origem
à essas políticas públicas bem como o redesenho de políticas que melhor possam contribuir para
resolver tais problemas. E está pode ser compreendida como sendo o exame objetivo sistemático
e empírico dos efeitos das políticas, programas, projectos existentes para os seus grupos-alvo em
termos das metas a serem alcançadas, onde se procura determinar até que ponto as ações
implementadas vão de encontro aos objectivos previamente estabelecidos.

Para Parsons (2005) como citado por Sitoe e Lumbela (idem) a avaliação tem dois aspectos
interrelacionados: A avaliação de política e seus programas constituintes; a avaliação das pessoas
que trabalham nas organizações responsavam pela implementação das políticas e programas. O
autor olha para a avaliação como uma forma de análise racional e como uma ferramenta de gestão
de recursos humanos. Para Parsons, quando avaliamos, procuramos olhar para vários aspectos, de
entre eles:

 Avaliação das atividades implementadas versus objectivos previamente estipulados;


 Avaliação da qualidade do programa ou projeto implementado;
 Coleta de informação para a decisão futura.

Segundo Rua (2009), a análise de políticas públicas pode ter por objetivo tanto melhorar o
entendimento acerca da política e do processo político, como apresentar propostas para o
aperfeiçoamento das políticas públicas. Segundo este mesmo autor existem diferenças entre
avaliação e políticas públicas e análise de políticas públicas. As análises são estudos das causas e
consequências das actividades do governo e avaliações se referem ao impacto ou processo. A
avaliação da política pública é a fase em que o processo de implementação e o desempenho da
política pública são examinados com o intuito de conhecer melhor o estado da política e o nível
de redução do problema que gerou. A avaliação compreende a definição de critérios, indicadores
e padrões (performances standars).

Segundo Theodoulou (2012) como citado por Sitoe e Lumbela (idem), a avaliação tem como
objetivo central determinar se as políticas, programas ou projectos implementados estão a
alcançar os objectivos pré-determinados. Através da avaliação podemos determinar se os efeitos
das políticas, programas ou projectos são intencionais ou não intencionais e se os resultados são
positivos ou negativos para o grupo alvo e para a sociedade como um todo.

Segundo Sitoe e Lumbela (Idem), as políticas públicas são avaliadas para:

 Medir o progresso em relação aos objectivos pré-estabelecidos;


 Ter lições aprendidas do projecto ou programa para futura revisão, redesenho ou
estratégias de implementação ;
 Testar a viabilidade dos pressupostos, princípios, modelos, teorias e estratégia; e
 Fazer advocacia de uma determinada causa

2. Tipologias de avaliação
A avaliação é comumente entendida como a actividade que ocorre após a implementação de um
programa ou projecto, isso ocorre porque quando nos referimos à avaliação estamos geralmente
falando de avaliação de resultados e impactos, a qual ocorre na ultima fase do ciclo, porem a
avaliação pode ocorrer durante todo o ciclo de políticas públicas, e a literatura científica
apresenta várias tipologias de avaliação. Theodoulou (2012), por sua vez vai apresentar três tipos
de avaliação, que são: avaliação do processo, avaliação dos outcomes, e avaliação de impacto.

2.1. Avaliação do processo:

Este tipo de avaliação está preocupado com a implementação do programa. Procura analisar até
que ponto o programa está a atingir o grupo alvo e como é que está a ser gerido. Uma avaliação
do processo procura olhar para os seguintes aspectos:

 Determinar porquê a política, programa ou projecto está com o nível actual de


desempenho;
 Identificar possíveis problemas que ocorrem durante a implementação;
 Desenvolver soluções para os problemas; e
 Melhorar o desempenho através das recomendações.
2.1.2. A avaliação dos outcomes:

Focaliza a sua atenção para o nível em que a política está a atingir os seus objectivos em relação
ao grupo alvo. Está preocupada com os outputs e até que ponto estes vão assegurar atingir os
resultados esperados, para tal. Pode fazer análise de efectividade, incluindo os custos. .
(Theodoulou, 2012, apud Sitoe e Lumbela, 2013)

2.1.3. Avaliação de impacto:

Segundo Sitoe e Lumbela (2013), este tipo de avaliação, normalmente é feito após término da
implementação da política, programa ou projecto, procura verificar até que ponto o programa
está a ter impacto na população alvo. A avaliação de impacto difere da avaliação dos resultados
intermédios pois esta ultima está preocupada em avaliar como os objectivos e as metas estão a
ser alcançadas, enquanto que a avaliação de impacto procura analisar até que ponto a população
alvo está a ser afetada de algum modo pela implementação da política.

Na avaliação do impacto há uma preocupação do impacto da política, programa ou projecto nos


problemas previamente identificado. Uma avaliação de impacto deve identificar o seguinte:

 Os objectivos teóricos do programa ou política;


 Os objectivos atuais;
 Os objectivos do programa ou política;
 Os resultados do programa ou política e explicar se eles são intencionais, não
intencionais, positivos e negativos.

Pedone (1986), também apresenta três modelos distintos utilizados na análise e avaliação de
políticas públicas, com a preocupação geral de saber se o programa da política pública resolveu
ou aliviou o problema a que se propunha. O primeiro deles trata a questão da análise e avaliação
como parte integrante do processo de viabilidade política das políticas governamentais. O
segundo modelo preocupa-se com os procedimentos objectivos que acontecem na burocracia,
lidando com questões operacionais da acção política. O terceiro modelo trata da questão
normativa das políticas públicas, de como a sua análise e sua avaliação abrangem questões
substantivas e incluem a análise ética

2.2. Modelo de Viabilidade Política

O foco de atenções deste modelo volta-se para o processo político e para o que resulta desse
processo em termos de directrizes, políticas e programas governamentais. Esse modelo tem por
premissa que o planeamento é feito sem desvios ou restrições, e que os objectivos estabelecidos
serão atingidos com certeza, como se fossem situações e ambientes certos e estáveis. Em
consequência a análise seria desnecessária e não traria nenhum acréscimo na compreensão do
processo político. Esta visão é imobilizante na medida em que o ʺstatus quoʺ é mantido. O que
vem sendo feito, continua a ser realizado, sujeito às mesmas pressões do sistema político,
mudando incrementalmente, sem atender às demandas sociais de mudanças estruturais a longo
prazo.

2.2.1. Modelo de Análise Sistemática


O modelo de análise e avaliação sistemática procura defender a necessidade de uma maior
detalhamento das políticas públicas. Isto é realizado pela análise ampliada por experimentos com
políticas públicas, para poder estabelecer objectivos e custos de cada alternativa. Para os
seguidores desta vertente, as políticas públicas originam-se dos centros de pesquisa do governo,
assim, instituições geradoras de políticas públicas tomam para si a responsabilidade de fornecer
algumas alternativas de políticas públicas aos tomadores de decisão, exactamente porque detêm
os dados e as informações sobre os problemas, tais como eles são definidos por grupos
específicos. Na definição dos problemas e dos valores implícitos em programas destinados a
resolvê-los, são realizados apenas reajustes nos procedimentos, sem maior preocupação com a
mudança substantiva na política pública, portanto, por esse modelo não se pode avaliar quem
recebe o quê como resultado da acção do governo, o que vai resultar na frustração a respeito da
acção governamental.

2.2.3. Modelo da Análise Crítica em Política Públicas

A avaliação crítica marca um novo estágio no desenvolvimento desse campo de estudo, onde
introduz-se um julgamento com respeito a qualidade e à adequação das decisões além de uma
avaliação que vai procurar responder se as políticas resultantes são: apropriadas, inevitável dado
o conjunto de demandas ou pelo menos as melhores possíveis consideradas as restrições. Ou
seja, a análise critica trata da questão normativa das políticas públicas, de como a sua análise e
sua avaliação abrangem questões substantivas.

3. Critérios de avaliação de políticas públicas

Anteriormente foram apresentadas as tipologias de avaliação de políticas, sendo por isso


necessário reiterar que no nosso trabalho far-se-à uma avaliação do processo, que como já foi
referido está preocupado com a implementação do programa, Procura analisar até que ponto o
programa está a atingir o grupo alvo e como é que está a ser gerido, e para se fazer tal análise há
necessidade de se levarem em conta alguns critérios estabelecidos mundialmente pelo OCDE.
Pois a avaliar é um processo de atribuição de critérios que estabelecem lentes pelas quais
podemos avaliar a política, programa ou projecto. E os critérios são usados na avaliação para:

 Apoiar a prestação de contas, incluindo o fornecimento de informações ao público;


 Apoia a aprendizagem, através de geração e retroalimentação de descobertas e lições.
A OCDE desenvolveu os seguintes critérios de avaliação:

 Coerência

Analisa a compatibilidade da intervenção com outras intervenções em um país, sector ou


instituição. Inclui coerência interna e coerência externa: Coerência interna aborda as sinergias e
interligações entre a intervenção e outras intervenções realizadas pela mesma instituição /
governo, bem como a consistência da intervenção com as normas e padrões internacionais
relevantes aos quais aquela instituição / governo adere. Coerência externa considera a
consistência da intervenção com as intervenções de outros atores no mesmo contexto. Isso inclui
complementaridade, harmonização e coordenação com outros, e até que ponto a intervenção está
agregando valor, evitando a duplicação de esforços. A Coerência das Políticas baseia-se no
reconhecimento de que várias políticas sectoriais têm um profundo impacto nos objectivos que
se pretende atingir (Ferreira, 2017).

 Relevância

Analisa até que ponto o programa/projecto em causa é importante para o problema e para o
grupo alvo e qual o alcance do resultado resolve o problema. Visa responder ou verificar até que
ponto o alcance do resultado resolve o problema.

 Eficácia

Analisa até que ponto os objectivos traçados foram alcançados. Resultados que trazem mais
valia (valued outcomes) foram alcançados.

Eficácia é a capacidade de fazer as coisas certas ou de conseguir resultados. Isto inclui a escolha
dos objectivos mais adequados e os melhores meios de alcançá-los. Isto é, administradores
eficazes seleccionam as coisas certas para fazer e os métodos certos para alcançá-las (Megginson
et al, 1998).

 Efectividade

Visa qualificar a relevância do programa ou projecto. Até que ponto o alcance do resultado
coincide com os objectivos pré-estabelecidos. Efectividade é o mais complexo dos três conceitos,
em que a preocupação central é averiguar a real necessidade e oportunidade de determinadas
acções estatais, deixando claro que sectores são beneficiados e em detrimento de que outros
atores sociais. Essa averiguação da necessidade e oportunidade deve ser a mais democrática,
transparente e responsável possível, buscando sintonizar e sensibilizar a população para a
implementação das políticas públicas. (Torres, 2004).

Efectividade significa a capacidade de atendimento de expectativa da organização ou sociedade,


supõe efeito, impacto, mudanças ou transformação de realidade. (Chiavenato,2003).

 Eficiência

Visa comparar os custos de oportunidade de uma determinada alternativa VS outra existente.


Uma questão levantada é qual foi o esforço requerido para atingir este resultado que traz mais-
valia.

Segundo Stoner (1999) eficiência é a capacidade de minimizar o uso de recursos para alcançar os
objectivos da organização, ou seja, ser eficiente significa executar da melhor maneira possível,
evitando desperdícios e maximizando a produtividade.

Chiavenato (2000) eficiência é uma relação técnica entre entradas e saídas, é uma relação entre
custos e benefícios, ou seja, uma relação entre os recursos aplicados e o resultado final obtido: é
a razão entre o esforço e o resultado, entre a despesa e a receita, entre o custo e o benefício
resultante.

 Sustentabilidade

Aferir ou medir a dimensão em que os benefícios de uma actividade podem após a retirada ou
término do financiamento original ou inicial. Que factores poderão influenciar a sustentabilidade
do programa ou projecto após o exercício inicial.

Segundo (Dal Marcondes, 2017) sustentabilidade na gestão pública pode ser definida através da
racionalidade da aplicação dos recursos de forma a economizar materiais, reduzir desperdícios,
acabar com resíduos e criar condições para o bem estar, a boa saúde e para a educação. Uma
gestão que tenha como eixo a sustentabilidade tende a ser uma administração com bons
resultados.
4. Contextualização do Plano Nacional de Prevenção e combate a Violência Baseada
no Género 2018-2021

A violência baseada no género envolve homens e mulheres, sendo as mulheres usualmente mas
não sempre, as vitimas. A violência se origina a partir de relações de poder desiguais dentro das
famílias, comunidades e Estados. A violência é geralmente dirigida especificamente contra as
mulheres por diversas razões, e as atinge desproporcionalmente, e está se torna ainda mais
profunda em situações de conflito e pós-conflito. A Declaração da ONU sobre a Eliminação da
Violência Contra a Mulher adoptada em 2003, define a violência contra a mulher como:
qualquer ato de violência baseada em género que resulte ou possa resultar em danos mentais ou
sexuais, ou sofrimento para a mulher, incluindo ameaças, como actos de coerção ou privação
arbitrária de liberdade, seja na vida pública ou privada.

Nas últimas décadas, a questão da violência contra a mulher saiu das sombras para tornar-se
prioridade nos compromissos para atingir o desenvolvimento sustentável. Defensores dos
direitos humanos das mulheres mobilizaram-se dentro e fora dos países e regiões para conseguir
mudanças significativas em padrões e políticas nacionais, regionais e internacionais abordando a
questão da violência baseada em género, e como efeito algumas conquistas foram conseguidas.
Tais conquistas são:

 Convenção sobre eliminação da violência contra mulher (1993);


 Plataforma de acção de Dakar (1994)
 Plataforma de acção de Beijing (1995);
 Plano Africano de acção para a implementação das plataformas de acção para o avanço
da mulher de Dakar e Beijing (1999);
 Resolução 1325 da ONU sobre as mulheres, paz e segurança (2000);
 Protocolo à carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os Direitos das
mulheres na África (2003).

Segundo WLSA Moçambique (Women and Law in Southern Africa Research and Education
Trust), os Estados têm o dever de domesticar os instrumentos internacionais de defesa dos
direitos humanos das mulheres, tanto no domínio pública como privado. Segundo as pesquisas
da WLSA sobre violência doméstica mostram uma alta incidência deste fenómeno e que grande
um grande número de mulheres vive em ʺinfernos privadosʺ sem que o Estado as proteja.
Trouxeram assim a matéria para argumentar para a necessidade de uma lei consebtânea como a
realidade do país tendo em atenção o impacto negativo da violência baseada no género. É no
âmbito deste dever que o Estado moçambicano aprovou normas e criou instituições, programas
de protecção dos direitos das mulheres, em particular e protecção contra a violência baseada no
género.

Os primeiros marcos da legislação sobre direitos humanos das mulheres em Moçambique datam
da primeira Constituição da República (CRM) de 1975, que estabelecia que:

ʺHomens e mulheres devem ser iguais perante a lei em todas as esferas da vida política,
económica, social e cultural.ʺ

Esse princípio de igualdade foi também consagrado na CRM tanto de 1990, assim como de 2004.
A constituição de 2004 foi ainda mais longe e estabeleceu uma série de importantes princípios e
direitos: princípio da universalidade e igualdade (art, 36° CRM) ʺtodos cidadãos são iguais
perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres,
independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de
instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção políticaʺ. Princípio da
igualdade de género (art 36° CRM): ʺo homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os
domínios da vida política, económica, social e cultualʺ. Direito de recorrer aos tribunais (art. 70°
CRM) ʺo cidadão tem direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos
e interesses reconhecidos pela constituição e pela leiʺ.

Houve a necessidade das mulheres, através dos grupos de pressão existentes, lutarem para a
breve trecho, a Assembleia da República aprovasse uma legislação, que se conforme com o texto
Constitucional e as normas do Direito Internacional acolhidas por Moçambique com vista ao
usufruto dos direitos de cidadania em geral. Deste modo a violência tornou-se uma preocupação
fundamental do governo e constitui prioridade nos Planos de Acção de Recuperação da Pobreza
(PARPA) que apontam a necessidade de revisão de toda a legislação discriminatória contra as
mulheres e a adopção de nova legislação particularmente contra a violência baseada no género, a
criação de condições para a sua implementação efectiva, incluindo a capacitação institucional
dos intervenientes e sua disseminação. (Loforte, 2015
Dada a gravidade da situação, o governo coloca igualmente nos seus planos Quinquenais, a
questão de prevenção e combate a este mal social como um dos seus grandes desafios e uma das
maiores prioridades, a curto, médio e longo prazo, cientes de que não é possível vencer a pobreza
absoluta e construir um Moçambique de paz, harmonia, segurança e prosperidade num ambiente
de violência contra a mulher.

As principais conquistas alcançadas na área da prevenção e combate à violência baseada no


género são: a aprovação e promulgação da lei sobre a Violência Domestica praticada contra a
Mulher, Lei n° 29/2008, de 29 de Setembro, a adopção do Plano Nacional de Prevenção e
Combate à Violência Baseada no Género 2008-2012, e a elaboração da proposta de Mecanismo
de Atendimento Integrado param as Vítimas baseada no Género. A lei sobre Violência
Domestica praticada contra a mulher prevê o tratamento das vítimas de violência, incluindo a
violência sexual. Este instrumento representa um avanço importante em relação ao código penal
que não tipifica a violência baseada no género como um crime. A lei preconiza ainda que o crime
de violência contra mulher é crime público, podendo pois ser denunciado por outras pessoas para
além da vítima.

Apesar de todas as conquistas conseguidas no que diz respeito, a prevenção e combate a


violência baseada no género, inúmeros desafios continuam para que a prática da violência
baseada no género seja estancada, por isso o governo tem continuado a considerar como
prioridade as questões referentes aos direitos humanos da mulher, por conta disso, tal pauta é
incluída no Plano Quinquenal do Governo (2015-2019).

O plano Nacional de prevenção e combate a violência baseada no género 2018-2021 enquadra-se


no Programa quinquenal do governo (PQG) 2015-2019 que estabelece como um dos pilares a
consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da Soberania. Dentre os objectivos do programa,
alguns referem-se à cultura de não-violência: combater todas as manifestações de discriminação
e exclusão com base nas diferenças de cultura, origem étnica, género, raça, religião, região de
origem e filiação político-partidária e intensificar a convivência pacífica entre os Moçambicanos,
promovendo a cultura de paz, de diálogo, tolerância, humanismo e reconciliação em todas as
esferas da vida política, económica, social, cultural e religiosa.
O PNPCVBG (2018-2021) tem como uma das finalidades orientar a implementação de medidas
que contribuam para que homens e mulheres:

 Vivam num mundo e numa sociedade livre de violência, tanto na esfera doméstica como
na esfera pública, onde os seus direitos humanos sejam respeitados;
 Sintam que suas necessidades são respondidas do ponto de vista médico, jurídico e legal,
assim como as necessidades de protecção e de autonomia económica;
 Sintam a complementaridade na resposta integrada e provisão de serviços para a vítima;
 Não passem pela vitimização, isto é, que os agentes sociais que atendem as vitimam
denunciem a violência, respeitem os seus direitos, a sua dignidade e privacidade.

Assim sendo os objectivos do PNPCVBG podem ser resumidos em:

 Promover a cultura da paz e não-violência baseada no género, reforçando os direitos


humanos e as liberdade fundamentais.
 Combater a violência e descriminação baseada no género;
 Promover a segurança e integridade física, moral, cultural, social e económica de
mulheres e homens;
 Integrar o homem como agente activo na mudança de atitudes, valores e comportamentos
que periguem a vida da mulher e da sociedade;
 Desenvolver alianças com as lideranças comunitárias formais e informais para agirem a
favor da não-violência;
 Fortalecer o mecanismo multissectorial de atendimento às vítimas de violência a todos os
níveis.

O plano ainda define seis áreas estratégicas de intervenção, a partir das quais são organizados
objectivos e resultados, bem como acções, porem na nossa análise serão levadas em conta as
estratégias I, II e III que apresentam o seguinte:

Área Estratégica I: Prevenção, Consciencialização e Educação

O objectivo é a redução dos níveis de aceitação da violência baseada no género que se expressa
nos seguintes resultados:
 Aumentando nível de consciencialização e conhecimento sobre a violência baseada no
género nos espaços públicos e privados como uma violação dos direitos humanos;
 Aumento do envolvimento de líderes comunitários e fazedores de opinião na educação
pública para a prevenção da VBG nos espaços privados e públicos;
 Homens e rapazes participando na prevenção e combate a violência baseada no género;
 Sector privado e meios de comunicação engajados na prevenção à violência baseada no
género;
 Expandida a utilização das tecnologias de comunicação e informação para a prevenção da
violência baseada no género;
 Introduzido mecanismos de redução e controlo de agressores de violência; e
 Reduzidos os índices da violência baseada no género.

Área Estratégica II:

Resposta à Violência Baseada no Género O objectivo é expandir e melhorar a resposta à


violência, orientando-se para os seguintes resultados:

 Consolidando o atendimento integrado para as vítimas da violência;


 Expandida a protecção e segurança das vítimas da violência;
 Assegurada a autonomia económica das vítimas de violência; e
 Assegurada a formação e acesso ao emprego das mulheres vítimas de violência.

Área Estratégica III: Melhoria do Quadro Legal

O objectivo é harmonizar a legislação para assegurar um quadro legal consistente que promova
os direitos humanos, igualdade de género e eliminação da violência baseada no género. Com esta
finalidade, pretende-se obter como resultados:

 Revista a legislação que versa sobre diversas formas de violência baseada no género;
 Divulgada legislação sobre a Violência Doméstica baseada no género.

A implementação do PNPCVBG é realizada através do Plano Económico e Social (PES), e o


Ministério de Género, Criança e Acção Social tem a missão de coordenar as acções realizadas
pelos vários intervenientes no âmbito da prevenção e combate à violência baseada no género,
além de implementar acções específicas, a diferentes níveis para a consciencialização da
sociedade, em especial, as comunidades.

5. Avaliação do PNPCVBG (2018-2021)

Para avaliação do Plano Nacional de Prevencão e Combate à Violência Baseada no Género,


recorremos a tipologia de processo, onde procuraremos mostrar e saber o que esta a acontecer
como o processo de implementação do PNPCVBG (2018-2021), se os objectivos
preestabelecidos estão a ser alcançados ou não, e para tal iremos nos socorrer aos critérios de
coerência, eficácia e efectividade.

5.1. Coerência do PNPCVBG (2018-2021)

Segundo o PNPCVBG (2018-2021), o Estado Moçambicano aderiu às convenções das


Nações Unidas para a eliminação de todas formas de Discriminação Contra Mulheres,
adoptou a Plataforma de Acção de Beijing e ainda as Declarações relativas à Igualdade de
Género e Promoção do Estado das Mulheres, a nível do Continente e da Região,
respectivamente na União Africana e na SADC. Em 2015, Moçambique adoptou os
objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Assim Moçambique assumiu a violência
baseada no género como uma das prioridades do Governo, e nesse contexto foram elaboradas
planos de acção para o combate e prevenção da violência contra mulher, onde buscava-se
implementar as políticas e planos traçados pelas plataformas internacionais no contexto
nacional.

Portanto em termos de coerência, este Plano insere-se na Declaração e Plataforma de Acção


de Beijing adoptada na IV Conferência Mundial sobre Mulher, realizada em 1995 na China.
Está ainda alinhado aos Objectivos e Metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
especificamente ao objectivo n° 5, que pressupõe o alcance da igualdade de género e
empedramento todas as mulheres e meninas, o qual chama atenção da sociedade para: i)
acabar com todas as formas de descriminação contra todas as mulheres e meninas em toda a
pare; ii) eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e raparigas nas esferas
públicas e privadas; iii) eliminar todas as práticas nocivas (casamentos prematuros, forçados
e mutilações de órgãos genitais femininos).
Este plano, está ainda em concordância com a Política de Género da União Africana e ao
Protocolo da SADC sobre Género e Desenvolvimento, a qual versa sobre o combate à
violência baseada no género, orientado os Estados membros a tomarem medidas e acções
para eliminar este mal. Por fim, este Plano enquadra-se no Plano Quinquenal do Governo
(2015-2019) que estabelece como um dos pilares a consolidação da Unidade Nacional, da
Paz e da Soberania.

5.2. Eficácia do PNPCVBG (2018-2021)

A eficácia analisa até que ponto os objectivos traçados foram alcançados. Com base nesse
critério busca-se responder se os objectivos propostos estão sendo alcançados e se estes
resultados trazem mais-valia. Tendo em conta o Estratégia que tem como um dos objectivos
reduzir os níveis de aceitação da violência baseada no género, aumentando o nível de
consciencialização e conhecimento sobre a violência baseada no género, o Ffóorum Mmulher
considera que para reverter o quadro da violência baseada no género, é preciso, em primeiro
lugar mudar as atitudes e comportamentos e mentalidades na sociedade, promovendo a
adopção de valores baseados na igualdade de género, em relações de respeito mútuo, sem
violência, porem por Moçambique ser uma país que grandemente se caracteriza por ter uma
linhagem patriarcal, ainda se registar certa relutância por parte de alguns indivíduos, no que
diz respeito a emancipação e promoção dos direitos da mulher, portanto este facto coloca em
causa a eficácia de um dos objectivos basilares da estratégia I, do PNPCVBG (2018-2021). E
para mudar tal cenário a ONU Mulher em Moçambique, em 2019 realizou uma campanha no
âmbito da iniciativa da Spotlight que consciencializou mais de 16.000 homens sobre os
direitos da mulher e a violência baseada no género, e isso influenciou para que muitos
homens tivessem uma noção de como seus comportamentos desviantes põe em causa os
direitos humanos das mulheres, estão a partir dai é possível notar certa eficácia do objectivo,
uma vez que até os próprios homens apoiados pela Organização Ophenta, se tornaram
activistas sociais pelos direitos das mulheres, e estes ainda trabalham na comunidade para
aumentar a consciencialização sobre a violência baseada no género, e informar os moradores
locais sobre a lei. Portanto para se atingir as metas esperadas seria indicado que se
promovesse mais campanhas que visem sensibilizar os homens sobre a questão dos direitos
das mulheres.
No que diz respeito a Estratégia II, que tem como pressuposto a resposta a violência baseada
no género, onde o objectivo é expandir e melhorar a resposta à violência, o plano tem se
mostrado eficaz, segundo mostra o Relatório de Revisão Nacional Voluntária da Agenda
2030 para o Desenvolvimento sustentável, de 2020 (RRNVADS), dados dos últimos 5 anos
apresentados na figura a baixo, apontam para o crescente de casos reportados aos gabinetes
de atendimento à família e menores vitimas de violência domestica de forma consciente de
2015-2019, com a excepção do período de 2016 a 2017, em que se registou uma ligeira
redução.

E no concerne ao acesso a justiça o mesmo relatório, o Instituto de Patrocínio e Assistência


jurídica (IPAJ) expandiu a sua presença para 145 (95%) dos 154 distritos do país e tem registado
um aumento progressivo dos casos assistidos, que chegam a mais de 219 cidadãos em 2018, o
que permite que as mulheres que estejam em situação de ver os seus direitos violados passam a
ter mais facilidade par acesso as instituições de justiça. Segundo o RRNVADS (2020), a eficácia
das instituições pode ser analisada de forma macro, em termos de estabilidade geral do sistema,
garantia da paz e justiça e também em termos de resultados específicos nas áreas referentes aos
mandatos dessas instituições. O sistema político tem enfrentado focos de instabilidade, porem o
país ainda goza de estabilidade das suas instituições. No que refere a justiça, as instituições
revelam alguma eficiência na tramitação dos casos, mas o acesso à justiça e ao direito são
limitados, com particular evidência para os grupos vulneráveis, isso tem implicações na garantia
dos direitos humanos de uma forma geral. Portanto o recomenda seria que no mesmo nível que
as plataformas de justiça tem crescido, o seu acesso também deveria ser facilitado para as
populações, em especial as mulheres em situação de vulnerabilidade.

5.3. Eficiência do PNPCVBG (2018-2021)

A eficiência tem a ver com a diferença entre custos aplicados e ganhos obtidos, procura perceber
se os recursos económicos foram aplicados de forma viável ou não. Segundo o PNPCVBG
(2018-2021) a operacionalização das estratégias previstas foi estimado em 24.132.000,00MT
(vinte e quatro milhões cento e trinta e dois mil meticais), segundo o plano de financiamento e
planificação integrada esse valor seria em parte orçamento do Estado e por outro orçamento das
organizações parceiras, o alcance dos objectivos traçados significaria uso viável dos recursos,
isto é, os benefícios valorizam os sacrifícios.

Para a implementação da estratégia 1 cujo objetivo é a redução dos níveis de aceitação da


violência baseada no género, o orçamento foi de 1.400.000mt. Segundo o fórum mulher o
alcance deste objetivo não requer apenas de investimento mas também de uma mudança nas
atitudes e comportamentos dos cidadãos o que coloca em causa a eficiência desta política pois o
orçamento não representa condição única para o sucesso do plano.

Para a implementação da estratégia 2 cujo objetivo é expandir e melhorar a resposta a violência,


o orçamento foi de 2.750.000,00mt. Tem sido observada a expansão dos gabinetes de
atendimento e a maior abrangência dos seus serviços, segundo o Relatório de Revisão Nacional
Voluntária da Agenda 2030 para o Desenvolvimento sustentável, de 2020 (RRNVADS) tem sido
cada vez mais reportados casos de violência baseada no género o que claramente indica o
alcance do objetivo esperado para esta estratégia.

Para a implementação da estratégia 3 cujo objetivo é harmonizar a legislação para assegurar um


quadro legal consistente que promova os direitos humanos, igualdade de género e eliminação da
violência baseada no género, o orçamento foi de 3.300.000,00mt. O acesso a justiça não
representa um ponto não alcançado em sou todo pois segundo o Relatório de Revisão Nacional
Voluntária da Agenda 2030 para o Desenvolvimento sustentável, de 2020 (RRNVADS) o
instituto de patrocínio a assistência jurídica (IPAJ) expandiu a sua presença para mais nove
distritos aumentando consequentemente o número de casos assistidos, porém não se encontra tal
satisfação no que diz respeito ao tratamento justo e direito pois estes mostram-se limitados
principalmente quando se trata dos mais vulneráveis.

5.4. Efetividade do PNPCVBG (2018-2021)

Em termos de efectividade. Na área estratégia III, este Plano visa a melhoria do Quadro Legal no
sentido de harmonizar a legislação para assegurar um Quadro Legal consistente que promova
direitos humanos, igualdade de género e eliminação da violência baseada no género, tendo em
vista os seguintes objectivos:

 Revisão da legislação que verdade sobre diversas formas de violência;


 Divulgação da legislação sobre violência doméstica baseada no género.

Entretanto, de acordo com o Relatório Sobre os Direitos Humanos em Moçambique 2018- 2019,
existe um quadro jurídico de políticas, programas, planos e leis relevantes para a realização dos
direitos humanos e igualdade de género. No entanto apesar destes resultados, existe ainda
problemas quanto à implementação deste plano pois, constata-se uma letargia do Estado
moçambicano em observar os instrumentos de extrema importância na consolidação dos direitos
humanos. Apesar das reformas legais, elas não são ainda suficientes para promover mudanças
nas relações quotidianas dos indivíduos e reduzir as assimetrias de género, homens e mulheres
continuam a ocupar lugar diferenciado perante a lei. As situações da mulher permanecem frágil e
exposta a diversas situações de vulnerabilidade.

Como visto, os resultados que estão a ser alcançados não condizem necessariamente com os
objectivos pré-estabelecidos. Assim, Como recomendações, propomos:

 O fortalecimento do quadro legal, no sentido de torná-lo cada vez mais activo em


questões de protecção à violência baseada no género;
 Promoção de campanhas de sensibilização, no sentido de consciencializar as pessoas e
em particular as mulheres sobre os seus direitos
6. Recomendações

A violência baseada no género infelizmente ainda é uma realidade dentro da sociedade


moçambicana, apesar dos inúmeros planos traçados com vista a estancar tal mal. Alguns
avanços tem se registado, tal como é o caso do IPAJ ter alastrado os seus serviços para mais
pontos do país, assim como o número de homens que se consciencializaram como relação
aos direitos humanos da mulher, porem nem tudo tem sido como o esperado, pois mesmo
como a presença do IPAJ para mais pontos de país nem todos tem acesso fácil a instituições
de justiça, com vista a reportarem casos que atentem aos seus direitos e isso muitas vezes
deve-se, ao não conhecimento das comunidades sobre a existências dessas plataformas, assim
o recomendado seria maior divulgação da existência das plataformas e planos e plataformas
que defendem integridade física e psicológica das mulheres. E outra recomendação por nós
deixada seria a participação activa das organizações da sociedade civil no processo de
implementação do PNPCVBG, no sentido de se atentarem a todas fases do processo,
buscando se enterrar dos avanços e as dificuldades registadas no processo, e como isso tem
afectado a vida das mulheres. E se no caso de forem registadas irregularidades a sociedade
civil deve procurar estancar tais problemas ainda na sua fase latente, sem esperar que o
mesmo avance para situações críticas.

Portanto o papel determinante para a protecção dos direitos humanos das mulheres não pode
só ser atribuído ao governo, mas também as organizações da sociedade civil que infelizmente
tem se mostrados ineficazes e prova disso, são os constantes casos que tem vindo a ser
reportados sobre a violação dos direitos das mulheres, ou seja, a sociedade civil muitas vezes
só aparecem após tais actos macabros terem ocorrido e a eles só cobre o papel de fazer
queixas crimes formais, e isso tinha de ser mudado. Ao governo por sua vez é recomendado
que não encare tais violações de animo leve, mas que faça sentir todo o peso da lei sobre os
infractores dos direitos das mulheres
7. Conclusão

Ao longo das investigações levadas acabo no âmbito do trabalho em causa um dos ganho mais
importante recebido pelo grupo foi o choque de realidade que tivemos ao perceber que apesar da
implementação da política pública atingir em parte os objectivos previamente estabelecidos, a
realidade mostra ainda muitas deficiências havendo uma disparidade entre o que está ser feito e
os resultados esperados. A avaliação de uma é ainda mais complexa do que aparenta, por
acarretar custos de estudo, pesquisa detalhadas e por conta da burocracia típica das instituições,
pois apesar de podermos nos socorrer dos relatórios existentes, há toda uma necessidade de se
dirigir aos locais ou às instâncias incumbidas da implementação para poder entender o que está
ser feito de facto, o que permite uma avaliação mais aprofundada, concisa e que não foge muito
da realidade. Pudemos ainda notar que existem factores sociais, económicos e políticos que
dificultam a implementação de facto das políticas, especialmente neste Plano aqui no nosso
contexto, em que a mulher sempre foi vítima de várias formas de violência, assim, há uma
necessidade do Estado criar e fortalecer os mecanismos existentes para garantir a protecção e
segurança das mulheres e raparigas.
8. Referências Bibliograficas

Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Baseada no Género-2018-2021

LOFORTE, Ana, Mulher e Género: Algumas Reflexões Sobres Formas de Deslegitimação


da Violência Contra a Mulher em Moçambique, Maputo, 2015.

PEDONE, Luis, Formulação, Implementação e Avaliação de Políticas Públicas, FUNCEP,


1986.

Ordem dos Advogados de Moçambique, Relatório de Direitos Humanos-2018/2019, Maputo,


2020.

Relatório de Revisão Nacional Voluntaria da Agenda 2030 para o Desenvolvimento


Sustentavel, Moçambique, 2020.

SITOE, Eduardo J. LUMBELA, Sélcia, Planificação, Análise e Avakiação de Políticas


Públicas, Maputo, 2013.

Ferreira, Patrícia Magalhães, _A Coerência das Políticas para o Desenvolvimento: Um


instrumento em prol do desenvolvimento?_, Cadernos de Estudos Africanos, 2017.
Disponível em: https://journals.openedition.org/cea/2281.

GUEDES, Ronaldo, Administração: Uma introdução, Rio de Janeiro, 2009, disponível em


https://administradores.com.br/artigos/administracao-uma-introducao acessado em
10.07.2021

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão


abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2003.

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