AGRADECIMENTO ................................................................................................ 7
CAPÍTULO 1 ................................................................................. 10
IGREJA E ISRAEL ............................................................................... 10
O CHAMADO DE ISRAEL E O CHAMADO DA IGREJA ................................ 10
O QUE SIGNIFICA A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS? ................................ 12
O QUE É A IGREJA? ............................................................................................. 14
A BÍBLIA ENSINA QUE OS CRISTÃOS DEVEM CONGREGAR NO
TEMPLO? ............................................................................................................... 28
FIM DOS TEMPLOS .............................................................................................. 34
CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO? O Judaísmo não é o padrão para a adoração
cristã ........................................................................................................................ 35
A IGREJA NÃO É A CONTINUAÇÃO DE ISRAEL ........................................... 39
DISPENSACIONALISMO: A importância da hermenêutica bíblica .................... 46
CAPÍTULO 2 ................................................................................. 53
FIM DOS TEMPOS ............................................................................... 53
A IGREJA NÃO TEM NENHUMA RELAÇÃO COM A TRIBULAÇÃO .......... 53
ORDEM CRONOLÓGICA DOS ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS ............. 54
OS SALVOS PARTICIPAM DO JULGAMENTO FINAL? ................................. 58
A DIFERENÇA ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA ....... 60
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O ARREBATAMENTO OCORRE ANTES
DA TRIBULAÇÃO ................................................................................................ 61
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE “APOSTASIA” EM 2 Tessalonicenses 2.3
................................................................................................................................. 68
COMO SERÁ A SEGUNDA VINDA DE JESUS? ............................................... 69
QUAL O SIGNIFICADO DA BESTA E DO 666 EM APOCALIPSE? ................ 72
E QUANTO AOS “MIL ANOS” EM APOCALIPSE 20? ..................................... 74
CAPÍTULO 3 ................................................................................. 76
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO ..................................... 76
O LIVRE ARBÍTRIO É UMA ILUSÃO ................................................................ 76
ELEIÇÃO INCONDICIONAL E REPROVAÇÃO INCONDICIONAL .............. 81
CRISTO DO ARMINIANISMO VS. CRISTO DA BÍBLIA – Arminianos e
Calvinistas são irmãos na fé? .................................................................................. 83
DEUS AMA TODO O MUNDO? - Desvendando o Mito ..................................... 89
O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA .................................................... 93
PROVIDÊNCIA DE DEUS OU GRAÇA COMUM? ............................................ 96
POR QUE O ARMINIANISMO SE PROVA HERÉTICO? ................................ 100
POR QUE DEVO OBEDECER A DEUS SE JÁ ESTÁ TUDO DECRETADO? 102
CAPÍTULO 4 ............................................................................... 107
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO, ETC. .............................. 107
A VERDADE SOBRE O DÍZIMO ....................................................................... 107
OFERTA VOLUNTÁRIA NA IGREJA............................................................... 115
DEUS ORDENA QUE SOCORRAMOS OS MAIS NECESSITADOS DA
IGREJA ................................................................................................................. 118
JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO? .................................................................. 123
AINDA SOBRE AS LEIS DA BÍBLIA ............................................................... 127
UM ALERTA BÍBLICO ....................................................................................... 129
CAPÍTULO 5 ............................................................................... 131
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS NÚPCIAS ......................... 131
DIVÓRCIO E SEGUNDO CASAMENTO DE DIVORCIADOS ....................... 131
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO DA IGREJA MODERNA......... 147
A ANTIGA SERPENTE NOS DIAS ATUAIS .................................................... 150
RESPOSTAS A PERGUNTAS FREQUENTES .................................. 152
A IMPORTÂNCIA DO SEXO NA VIDA DO CASAL ...................................... 157
CAPÍTULO 6 ............................................................................... 160
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS ....................................... 160
A VERDADE SOBRE O SÁBADO E OUTROS “DIAS SANTOS” .................. 160
O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO? .................................................. 165
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO SÁBADO JUDAICO? .............. 174
O NATAL ............................................................................................................. 176
UM ÍDOLO CHAMADO "DIA DE NATAL" ..................................................... 185
UM MENINO NOS CORROMPEU – Por Elizabete andrade ............................. 187
O NATAL É IDOLATRIA – Por Elizabete Andrade ........................................... 188
A ORIGEM DA DATA DO NATAL ................................................................... 190
NATAL -- PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS ............................................. 192
NATAL, TAMUZ E MITRA – Como tudo começou .......................................... 199
16 REGRAS IMUTÁVEIS CONTRA O JUGO DESIGUAL COM OS INFIÉIS
.............................................................................................................................. .204
ADIAPHORA -- Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto .................. 210
CAPÍTULO 7 ............................................................................... 213
SINAIS E MILAGRES ........................................................................ 213
O DOM DE LÍNGUAS SEGUNDO A BÍBLIA .................................................. 213
OS DONS DE SINAIS CESSARAM ................................................................... 226
A FARSA DO CONTINUÍSMO .......................................................................... 236
O QUE SÃO AQUELAS “LÍNGUAS ESTRANHAS” DOS PENTECOSTAIS?
.............................................................................................................................. .237
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO E SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS
............................................................................................................................... 242
PENTECOSTALISMO -- A FILHA FEITICEIRA DO ARMINIANISMO........ 245
CAPÍTULO 8 ............................................................................... 253
DISCIPLINA NA IGREJA ................................................................. 253
DEUS NOS PROÍBE DE JULGAR? .................................................................... 253
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E CITAR SEUS NOMES .......... 259
O “SILÊNCIO” DOS TAGARELAS ................................................................... 260
CAPÍTULO 9 ............................................................................... 263
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO .................................................... 263
2 CORÍNTIOS 6.14-18 -- UM CHAMADO À SEPARAÇÃO .......................... 270
2 JOÃO 1.10-11-- APARTE-SE DOS FALSOS MESTRES .............................. 270
CAPÍTULO 10 ............................................................................. 274
SEITAS.................................................................................................. 274
O QUE ENSINA A BÍBLIA CATÓLICA? .......................................................... 274
CAPÍTULO 11 ............................................................................. 288
TRINDADE .......................................................................................... 288
TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER SALVO? ............................ 288
CAPÍTULO 12 ............................................................................. 292
OS DEZ MANDAMENTOS ............................................................... 292
A DIVISÃO CORRETA DOS DEZ MANDAMENTOS..................................... 292
CAPÍTULO 13 ............................................................................. 295
PODE OU NÃO PODE?...................................................................... 295
POSSO OUVIR MÚSICAS DO MUNDO? ......................................................... 295
FUMAR É PECADO? .......................................................................................... 299
FAZER GREVES E OUTRAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS, AINDA QUE
SEJAM ATOS LEGAIS, É UMA ATITUDE CRISTÃ? ..................................... 312
PENA DE MORTE E LEGÍTIMA DEFESA SEGUNDO A BÍBLIA ................. 318
CAPÍTULO 14 ............................................................................. 322
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS MULHERES NA IGREJA ... 322
PASTORADO FEMININO? ................................................................................ 322
O MINISTÉRIO DAS MULHERES NA OBRA DO EVANGELHO ................. 324
UM CHAMADO DE DEUS ÀS ESPOSAS E MÃES ......................................... 329
EXORTAÇÃO ÀS MAMÃES CRISTÃS ............................................................ 331
O USO DO VÉU ................................................................................................... 334
PUDOR E MODÉSTIA CRISTÃ ......................................................................... 342
SEUS FILHOS PRECISAM SABER ................................................................... 348
CAPÍTULO 15 ............................................................................. 351
ACONSELHAMENTO BÍBLICO: ................................................... 351
AOS CRISTÃOS INTERNAUTAS: UMA CARTA DE ENCORAJAMENTO.354
AGRADECIMENTO
7
APRESENTAÇÃO
Meu nome é João Paulo Mendes Padilha, mais conhecido no âmbito virtual por
JP Padilha. Não sou pastor, nem padre, nem clérigo. Não estou ligado a nenhuma
denominação ou organização religiosa. Congrego somente ao nome do Senhor
Jesus (Mt 18.20), fora do sistema denominacional, sem templos, sem líderes, sem
sacerdotes, sem dízimos e coisas semelhantes. As ideias que exponho neste livro
não são originalmente minhas, mas são fruto do que tenho aprendido com a
Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais criados pelos homens.
Muitas das coisas que expresso aqui eu aprendi com irmãos que também estão
congregados ao nome do Senhor, sendo alguns deles atuais e outros que viveram
em outras épocas.
Há alguns tempos li o livro “A Ordem de Deus", de Bruce Anstey. O que me
chamou a atenção nesse livro, além do conteúdo libertador, foi a forma
inigualável com que o autor coloca em ordem os principais tópicos que todo
cristão sincero busca nas Escrituras para saber se está em conformidade com a
doutrina dos apóstolos, e, especialmente, se está congregando na Igreja de Deus
segundo a ordem estabelecida por Deus ou se apenas segue tradições de homens.
Muitas pessoas realmente desejam entender se estão de acordo com o que Deus
ordena que elas façam ou se estão apenas seguindo doutrinas inventadas pelo
denominacionalismo religioso.
Espero que o livro "O Evangelho sem Disfarces" seja de auxílio para muitos
irmãos e irmãs em Cristo, e que ele se transforme em um instrumento a mais para
glorificar a Deus.
8
PREFÁCIO
Este livro tem por objetivo exaltar o Senhor Jesus Cristo e estabelecer o fato de
que a Palavra de Deus deve ter a supremacia sobre quaisquer ideias e tradições
humanas. Acredito que estas páginas não apenas resultarão em glória e honra ao
nosso Senhor Jesus Cristo, como também serão para bênção dos filhos de Deus.
Ao longo das páginas deste livro procuro apontar, com fidelidade e creio que
também com amor, a falta de fundamento bíblico para a ordem de governo e
prática tradicionalmente aceita entre os cristãos professos. Também me dedico a
temas de extrema importância, os quais são distorcidos pelo sistema religioso
criado pelos homens durante muito tempo, trazendo o escândalo de muitas
pessoas ao saberem que muitas das doutrinas que elas aprenderam por toda a vida
nunca passaram de fábulas judaicas e pagãs.
Além de apontar alguns erros do sistema religioso tradicional, meu objetivo é
apresentar princípios bíblicos da ordem estabelecida por Deus para o
funcionamento de uma assembleia cristã. Minha intenção não é meramente
denegrir as denominações religiosas existentes na cristandade ou os cristãos
associados a elas. Sei que há homens e mulheres ainda perdidos dentro deste
“curral”, mas eu, de fato, não tenho por objetivo fazer uma mera análise crítica
das várias denominações religiosas existentes no cristianismo professo apenas
pela crítica em si mesma, mas intenciono apontar os erros do sistema como um
todo, e assim o farei, sob a base da Escritura Sagrada.
Meu grande desejo é tornar conhecida a ordem bíblica dada por Deus para os
cristãos se congregarem para adoração e ministério da Palavra, de maneira que
todos os que tiverem tal exercício possam conhecer esse padrão em sua
simplicidade, assim como ele é apresentado na Escritura.
Não reivindico para mim a originalidade da verdade que está compilada aqui.
Estas coisas têm sido escritas e ensinadas por irmãos por mais de 150 anos. O
que tenho buscado fazer nesta obra é apresentar ao leitor uma nova retórica
dessas verdades. O conteúdo é o mesmo, mas com palavras que possam alcançar
as pessoas por meio de uma linguagem mais direta, simples e objetiva.
Encomendo agora o leitor ao Senhor e à verdade que aqui será exposta. Minha
oração é que cada cristão que venha a ler este material seja honesto, espiritual e
maduro o suficiente para reconhecer as verdades que aqui são apresentadas. Que
o Deus da Palavra nos dê graça para cumprirmos a Sua vontade segundo os
moldes estabelecidos por Ele mesmo na Santa Escritura.
9
CAPÍTULO 1
IGREJA E ISRAEL
O CHAMADO DE ISRAEL
O chamado de Israel, cujo pai é Abraão, é terreno: "E apareceu o SENHOR a
Abrão, e disse-lhe: À tua semente darei esta terra"[Canaã] (Gênesis 12.7). O
Senhor disse a Jacó (Israel): "Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão, o Deus
de Isaque; esta terra em que estás deitado darei a você e sua semente" (Gênesis
28.13). Abraão foi chamado por Jeová quase dois mil anos a.C (De acordo com
as genealogias em Gênesis, a data da criação de Adão foi estabelecida em 4.004
a.C).
O CHAMADO DA IGREJA
O chamado da Igreja [isto é, o conjunto de todos os pecadores salvos pela
soberana graça de Deus desde a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes,
em Atos 2, até o arrebatamento da Igreja], é celestial (Hb 3.1). Nossa pátria está
no céu (Fp 3.20). Nossa esperança está guardada no céu (Cl 1.5), a qual é Cristo
em nós, a esperança da glória (Cl 1.27), e nossas bênçãos são celestiais (Ef 1.3).
10
A Igreja foi eleita [em Cristo] antes da fundação do mundo:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos
elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para
louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em
quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da Sua graça”(Efésios 1.3-7).
11
que cerca de 70% das Escrituras falam de Israel e apenas 10% ou 15% falam da
Igreja, todas essas pessoas estão erradas a respeito de Israel e da Igreja. Sendo
assim, elas estão erradas a respeito da maior parte da Bíblia!
Para se ter uma compreensão desta parábola é necessário entender sobre os tipos
e figuras que a Bíblia nos fornece em todo o seu pano de fundo a respeito de
Israel e Igreja. A parábola das dez virgens é muitas vezes atribuída erroneamente
à Igreja. Isso se dá pela má interpretação de textos que deveriam ser analisados
com mais cuidado e sob a ótica histórico-gramatical das Escrituras. A parábola
que vemos em Mateus 25 fala do testemunho de um modo geral (pois fala de
luz), e a relação ali estabelecida parece ser muito mais com Israel (povo terrenal
de Deus) do que com a Igreja (povo celestial de Deus).
A parábola começa falando do reino dos céus, que é o caráter da profissão de fé
neste mundo, onde se mescla verdadeiros e falsos em sua profissão individual de
fé. No reino dos céus há joio e trigo, virgens tolas e prudentes. Não se pode
esquecer do fato de que as virgens não são noivas do Noivo, mas fazem o papel
que hoje chamaríamos de “damas de companhia”.
Para entender melhor sobre isso é necessário compreender os tipos e figuras que
as Escrituras nos fornecem. Em um certo sentido, o Senhor tem duas noivas ou
esposas: Israel e a Igreja. Cantares é um poema de amor do Noivo para a noiva, e
é exatamente de Israel que Cantares está falando. Israel é Sua primeira noiva. O
Salmo 45 é uma profecia desse matrimônio do Senhor com Israel, o qual ocorrerá
futuramente, após o período da tribulação que cairá sobre toda a terra.
O livro de Ester tem um profundo significado em forma de figuras, no qual
Assuero está no papel da autoridade máxima (que é Deus; porém, Deus não é
citado no livro), e a esposa gentia desse rei o despreza (uma clara figura da Igreja
antes do arrebatamento: Orgulhosa, no espírito de Laodiceia, que não quer dar
testemunho de sua glória para o mundo). Então ela sai de cena (é reprovada como
testemunho) e uma esposa judia toma o seu lugar em um período de grande
tribulação, já que a tribulação tem como objetivo refinar a nação de Israel e
manifestar o remanescente judeu fiel que fará jus a esse testemunho diante de
Deus.
12
Continuando com os tipos e figuras, Mardoqueu seria um tipo de Cristo, o
homem obediente que salva a vida e a honra do rei sem reivindicar nada em
troca. Por esta razão Mardoqueu acaba sendo instrumento na salvação do povo
judeu. Assim como Jesus na tentação do deserto, Mardoqueu se nega a prestar
adoração a Hamã, uma figura de Satanás.
J. N. Darby faz o seguinte comentário sobre a parábola das dez virgens:
"Os professos, durante a ausência do Senhor, são aqui representados como
virgens, que saem para encontrar o Noivo, e iluminarem Seu caminho até a casa.
Nesta passagem Ele NÃO é o Noivo da igreja. Ninguém irá encontrar-se com Ele
para suas núpcias com a Igreja no céu. A noiva não aparece nesta parábola. Se
ela tivesse sido apresentada aqui, então teria sido Jerusalém na terra. Neste
sentido a assembleia não é vista nestes capítulos. Aqui se trata da
responsabilidade individual durante a ausência de Cristo”.
É muito provável que o número 5 na Bíblia se refira à responsabilidade humana.
Pelo menos ele aparece muito associado a isso nas Escrituras. São cinco os livros
dados a Moisés de todas as coisas que os homens deveriam cumprir na
dispensação da Lei. São dez os mandamentos: *Cinco se referem à
responsabilidade para com Deus e cinco estão associados à responsabilidade para
com o próximo.
Nota*: Para entender melhor a respeito dessa divisão em grupos de 5 e 5 nos dez
mandamentos ao invés de 4 e 6 como muitos costumam dividi-los, leia o artigo
"A divisão correta dos dez mandamentos", no capítulo "Os Dez Mandamentos":
Considerando que 'virgem' é uma figura da Igreja, as cinco virgens prudentes nos
falam da responsabilidade do testemunho que foi deixado nas mãos dos homens,
enquanto outras cinco nos falam do testemunho que não tem o azeite, ou seja,
considerando que o azeite é uma figura de unção, do Espírito Santo, trata-se da
esfera da falsa profissão de fé dos que apenas professam ser cristãos – a falsa
noiva de Apocalipse (a meretriz).
Quando o Noivo vem, somente as virgens que são verdadeiras entram para a Sua
presença. As outras virgens recebem a sentença: “Nunca vos conheci” (Mt 7.23).
Sendo assim, é pouco provável que o número 5 seja o número das esposas do
Cordeiro, pois há uma noiva no sentido coletivo da Igreja. Os tipos e figuras nos
mostram que nas Escrituras o Senhor possui duas esposas. Da primeira Ele Se
divorciou por sua infidelidade (Ez 16; Jr 3.8). Essa é Sua esposa terrenal, Israel.
Todavia, Ele tornará a recebê-la porque prometeu que um dia voltaria Seus olhos
para ela novamente. A outra noiva é a Igreja, a qual Ele apresentará a Si mesmo
como virgem pura.
13
Além de todas essas evidências, podemos perceber que Mateus 25 não fala de
Igreja, nem do arrebatamento da mesma, em nenhum momento e em nenhum
aspecto. O texto fala claramente a respeito da vinda de Cristo para julgar as
nações após o período da tribulação.
O QUE É A IGREJA?
14
TERMINOLOGIA CONVENCIONAL VS. TERMINOLOGIA
BÍBLICA
Ao longo dos séculos, muitos termos bíblicos que expressam as verdades mais
simples das Escrituras foram distorcidos por “teólogos” e líderes religiosos.
Hoje, boa parte da confusão existente no testemunho cristão vem dessas
terminologias criadas por homens. A teologia moderna é praticamente baseada
nisso. Os chamados “doutores em teologia” pegaram muitos termos das
Escrituras exatamente para esvaziá-los de seu sentido bíblico, dando depois a
esses termos significados inventados pelos homens para fundamentarem seus
próprios sistemas teológicos. Isso acontece em maior medida no sistema
denominacional, onde a base eclesiástica já começa errada. Como consequência,
quando comparamos essas ideias com a Palavra de Deus, vemos que elas estão
muito distantes da verdade.
Um dos exemplos mais evidentes de como essas terminologias convencionais
deram um novo e distorcido sentido para um termo bíblico é a palavra "igreja". A
maioria dos cristãos usa este termo para se referir a um edifício ou templo aonde
os cristãos vão quando se congregam para adoração. Essas pessoas dizem
"Vamos à igreja" ao se referirem à sua reunião nesse edifício. Todavia, a Bíblia
nunca utiliza a palavra "igreja" desta maneira. A Bíblia fala da igreja como um
grupo de pessoas redimidas que foram "chamadas para fora" de entre judeus e
gentios por meio de sua crença no evangelho da graça. Esse grupo especial de
salvos compõe o Corpo de Cristo e um dia será arrebatado nos ares e estará para
sempre com o Senhor Jesus Cristo (1 Ts 4.17). Esse povo celestial, chamado
Igreja, reinará com o Senhor na terra como Sua noiva, por mil anos, após o
período conhecido como “Tribulação” (Ap 20.6).
A Bíblia é muito clara quanto ao significado de Igreja. A Palavra de Deus não
deixa dúvidas quanto a isso. Ela mostra claramente que a igreja NÃO é um
edifício material, pois está escrito que Cristo amou a igreja e Se entregou à morte
por ela (Ef 5.25-26). Obviamente, isso não poderia ser dito a respeito de um
edifício construído por mãos humanas. A Palavra de Deus também nos diz que a
igreja costumava ser encontrada na casa de algumas pessoas (Rm 16.5; 1 Co
16.19; Cl 4.15; Fl 2). Ela diz que a igreja tinha ouvidos para receber instrução
(At 11.22, 26); que tinha poder de discernimento para saber a vontade do Senhor
(At 15.22); que podia orar (At 12.5), ser saudada (Rm 16.5) e ser perseguida (At
8.1; 1 Co 15.9).
A partir dessas referências fica óbvio que a igreja é um grupo de pessoas salvas
pela graça de Deus, e não um edifício de pedras, tijolos e madeira. A igreja não é
um templo. A igreja é um organismo vivo, feito de pessoas salvas.
15
Depois de um tempo me dedicando a respeito da verdade sobre a igreja na Bíblia,
fui muito questionado por “crentes” e "Ministros" pertencentes a denominações
religiosas (instituições). Essas pessoas sempre me perguntam a razão de eu não
mais “ir à igreja”. Minha resposta é direta e concisa: "A única igreja que encontro
na Bíblia é aquela que se lançou ao pescoço de Paulo e o beijou!”. Quando digo
isso, me refiro a Atos 20.37. E então, sempre que posso, eu aponto para algum
desses templos chamados “igrejas” e digo: "Se aquela coisa ali se lançar ao meu
pescoço, ela certamente irá me matar!".
Muitos também usam erroneamente este termo (igreja) para descrever uma seita
na igreja. Eles falam de alguém ser membro de uma igreja quando o que querem
dizer é ser membro de uma seita denominacional (ou não-denominacional) na
igreja. Todavia, a verdade é que as Escrituras não falam de sermos membros de
qualquer outra coisa que não seja o Corpo de Cristo. Todo crente no Senhor Jesus
Cristo é um membro desse corpo (1 Co 12.12, 27).
Também ouvimos pessoas falando de pessoas "se afiliarem à igreja", quando, na
prática, estão se referindo a pessoas que se unem a uma seita na igreja. Não
obstante, a igreja não é uma associação à qual os homens podem voluntariamente
se ligarem ou dela se desligarem conforme a sua vontade, como acontece no caso
das seitas. A Bíblia não ensina que devemos "nos fazer membros" de uma igreja.
Só existe uma igreja na Bíblia: a ela o Senhor (e não nós) acrescenta pessoas
quando elas creem nEle para salvação (At 2.47; 5.14; 11.24; 1 Co 6.17). Uma vez
perguntaram a um irmão, o qual entendia muito bem esta verdade, a que igreja
ele pertencia. Ele respondeu: "Pertenço à igreja da qual ninguém é capaz de se
fazer membro!". Evidentemente a pessoa que fez a pergunta ficou bastante
surpresa e indagou: "Então como vocês conseguem os novos membros?". Ele
respondeu: "Ah, é o Senhor quem os acrescenta pelo Espírito quando são salvos,
mas as pessoas não podem acrescentar-se a si mesmas por sua própria vontade"
(1 Co 12.13). A única coisa à qual poderíamos nos "juntar" – e deveríamos
buscar fazê-lo – é à comunhão dos santos (At 9.26). Porém, não podemos fazer a
nós mesmos membros da Igreja de Deus.
Há quem às vezes pergunte: "Quem é que dirige a sua igreja?". As pessoas
pensam que vamos falar o nome de algum "Ministro". Todavia, a Cabeça da
igreja, mencionada na Bíblia, está no céu – é o próprio Cristo (Cl 1.18)!
Também costumamos ouvir pessoas dizendo: "Nossa igreja ensina tal e tal
coisa...". Todavia, não existe qualquer ideia na Palavra de Deus de que a igreja
ensine alguma coisa. Tal ideia é totalmente humana. Isso pode se encaixar bem
às várias organizações denominacionais com suas doutrinas e credos formulados
segundo o padrão de sua seita. Nesse caso, as pessoas não estão erradas se
16
disserem que aquela organização ensina. Todavia, uma organização de homens
não é a igreja! A igreja não é um corpo legislativo que estabelece regras, leis e
doutrinas. Ela não ensina, mas é ensinada pela Palavra! E isso é feito por
indivíduos com dons que são levantados pelo próprio Cristo, a Cabeça da igreja,
que está hoje ressuscitado no céu (At 11.26).
A primeira vez que a Bíblia nos apresenta o termo Igreja é quando Jesus fala
sobre o seu fundamento em Mateus 16.18. Neste versículo a palavra abriga o seu
real sentido: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão
sobre ela". Ou seja, Jesus está claramente falando da igreja dos santos como um
único povo celestial (e não terrenal, como Israel). Já pensou se alguém
interrompesse Jesus nesta hora e dissesse: “Mas, mestre, se alguém não está
reunido conosco aqui, neste local ou num templo institucionalizado, este não
pode ser membro da igreja.”? Todo leitor sincero já deve imaginar qual seria a
reação de Jesus diante de tal bestialidade, não é mesmo?
O termo grego Ecclesia (igreja) é repetidamente usado com expressões
adicionais, apontando para o fato de que esta igreja a qual Cristo e os apóstolos
se referem é a “Igreja de Deus” (1 Co 1.2; 10.32) ou as “igrejas de Cristo” (Rm
16.16). Isso acontece porque o termo, em sua raiz etimológica comum, recebe
seu significado distinto em outras religiões e grupos. Deve-se lembrar que o
termo surgiu na Grécia e era usado para se referir a qualquer tipo de assembleia,
ajuntamento ou comunidade, seja ela secular ou cristã.
Com isto, a igreja cristã é considerada como a Assembleia dos últimos tempos.
Ela é a Congregação dos santos de Deus, “chamados para fora” do sistema
judaico (Hb 13.13). Ela é a Reunião dos eleitos predestinados a cumprir os
propósitos de Deus na terra por meio de seu testemunho diante dos pagãos. O
apóstolo Paulo se dirige aos cristãos de Corinto dizendo que eles são
aqueles "sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (1 Co 10.11). Isto é, Deus
chamou o Seu povo com santa vocação, tanto entre os judeus quanto entre os
gentios. Ambos os povos (judeus e gentios) receberam de Deus o poder do
Espírito Santo, que é a Palavra revelada, e o próprio Espírito Santo para habitar
em seus corpos (e não em templos de tijolos). Esse único povo, composto por
judeus e gentios, agora compartilham das “Boas Novas” (Evangelho) do amor
absoluto de Deus pelo Seu povo eleito (Ef 2.11-22). Podemos constatar nos
evangelhos que Cristo escolheu doze discípulos os quais constituiu apóstolos
para serem os fundamentos do evangelho da graça (epístolas dos apóstolos).
Em se tratando da salvação, a igreja de Deus reúne os santos a fim de que não
haja distinção entre judeu e grego; nem entre escravo e liberto; nem entre homem
e mulher, “porque todos vós sois UM em Cristo Jesus" (Gl 3.28). Isto não
17
significa que esses povos (judeus e gentios) tenham perdido sua identidade como
nações, mas sim que, em se tratando da igreja de Cristo para a salvação, não há
diferença entre eles. Esta comunidade é chamada "Corpo de Cristo" (Rm 12.5;
Ef 1.22-2; 4.12; 1 Co 12.12-13). A igreja é a composição de todos os salvos
escolhidos de Deus, os quais estão espalhados pelo mundo (At 9.31; 1 Co 6.4; Ef
1.22; Cl 1.18).
Sendo assim, a realidade histórica e morfológica da palavra Igreja coloca
em xeque a falácia de “pastores” e líderes cristãos que tentam subjugar os
membros de suas denominações às suas tradições para conduzi-los ao que lhes é
de interesse pessoal, profissional, político e religioso. Além do mais, tais
doutores, sob o nome de “pastores”, reduzem a Palavra de Deus a nada e jogam
na lata do lixo as expressões intencionadas pelos escritores inspirados pelo
Espírito Santo na Bíblia. Tudo isso, pensam eles, vale a pena para “honrar a
Deus” em detrimento da verdadeira adoração e culto prescritos na Bíblia.
18
Em textos como Mateus 18.17, Atos 5.11, 1 Coríntios 4.17 e Filipenses
4.15, Igreja se refere a todo e qualquer grupo de cristãos que moram em um lugar
qualquer. A Bíblia frequentemente usa a palavra Igreja para se referir à
localização específica de uma congregação cristã, como no caso das frases "a
igreja em Jerusalém" (Atos 8.1), "em Corinto" (1 Coríntios 1.2) e "em
Tessalônica" (1 Tessalonicenses 1.1).
A Congregação de Cristo (Igreja) não está localizada em um lugar específico
somente, mas representa tanto uma congregação local como a igreja de Cristo
num todo. Em muitas passagens, tais como em 1 Coríntios 14.19, 28, 35, o
apóstolo Paulo se refere à igreja como uma reunião de fiéis que designa uma
congregação local. Porém, esta mesma igreja corresponde a todos os fiéis
(passados, presentes e futuros) do mundo todo, os quais formam a igreja de
Cristo. A igreja é nada menos do que o Corpo de Cristo composto por santos
escolhidos antes da fundação do mundo, tanto quando ajuntados em uma
congregação local como quando ligados em espírito no mundo todo. Há muitas
congregações locais, pertencentes a este único Corpo, citadas no Novo
Testamento para as quais os apóstolos escreveram as epístolas (cartas) de
exortação, aconselhamento e instrução, revelados diretamente por Cristo para
serem obedecidos pela igreja (Rm 16.3-5, 14, 15; 1 Co 1:1; 1 Co 16.19-20; Cl
4.15-16; Fl 1.1-2).
19
parte das Escrituras, ao se referir à igreja de Deus, é usada para dizer que ela se
trata de uma denominação ou instituição oficial onde o crente deve permanecer
trancafiado para que possa ser membro do Corpo de Cristo e adorar a Deus.
Nenhuma! Muito pelo contrário, vemos a Bíblia nos ensinando que o crente é
livre em Cristo Jesus para adorar e orar ao Pai por meio da fé em Cristo Jesus
somente (Jo 5.21; 1 Tm 2.8; Jo 4.23-24; Mt 6.6; Hb 10.25; 13.13; At 2.42).
Esta íntima relação entre Cristo e Sua igreja é apontada por Paulo como análoga
à unidade e conexão do “corpo físico” (Rm 12.4-8, 1 Co 12.12-27). Desta forma,
todas as funções do corpo têm seu lugar exato. A divisão no Corpo de Cristo (isto
é, na igreja) revela que ela está doente. Por diversas vezes o apóstolo Paulo
exorta o "Corpo de Cristo" à unidade do Espírito. Todavia, sempre que a Bíblia
se refere ao mundo fora desse Corpo, ela inverte a ordem e exorta a igreja a se
separar do mundo e de seu sistema religioso. A Igreja é um corpo do qual Cristo
é a Cabeça. Deus comprou esta congregação com o sangue de seu Filho (At
20.28) e não com os tijolos usados para construir templos e instituições
denominacionais criadas por homens corruptos e avarentos que fazem negócio
com o evangelho, tentando unir ímpios e santos numa respectiva instituição
mercantilista para fins escusos.
20
Bruce Anstey explica Hebreus 13.13 da seguinte forma:
"Hebreus 13.13 nos fala que o lugar escolhido pelo Senhor -- onde Ele está no
meio -- é “fora do arraial”. O “arraial” é uma palavra que o Espírito de Deus usa
para indicar o judaísmo e todos os princípios e práticas judaicas. Os cristãos
costumam perder este ponto de vista e acabam adotando em seus lugares de
adoração muitas coisas que estão conectadas à adoração judaica. Eles ignoram o
claro ensino das Escrituras que indica que o tabernáculo é uma figura do
verdadeiro santuário, ao qual agora temos acesso pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24).
No entanto, acabaram usando o judaísmo como um padrão para suas
organizações eclesiásticas. Erigiram grandes templos e catedrais “feitos por mãos
de homens” (At 17:24-25), emprestando assim muitas coisas do Antigo
Testamento em seu sentido literal como um padrão para sua adoração. Eles
perderam completamente de vista o fato de que o verdadeiro terreno de reunião e
adoração cristã é uma maneira totalmente nova de se aproximar de Deus “em
espírito e em verdade” (Jo 4:23-24; Hb 10:19-20). Tal terreno encontra-se
totalmente fora dos princípios e práticas judaizantes. Qualquer pessoa que
estivesse procurando pelo lugar da escolha do Senhor teria de procurar fora de
todos esses lugares da cristandade -- da basílica de São Pedro, em Roma, à menor
capela evangélica -- pois todos esses lugares trazem, em maior ou menor escala,
os paramentos do judaísmo mesclados na estrutura de seus cultos de adoração".
Quando a igreja apostólica se iniciou em Jerusalém em Atos 2 (após a morte e
ressurreição de Cristo), os fiéis deram início às reuniões nos lares. A reunião da
igreja nos lares consiste na comunhão e adoração. Em Atos 2.42-47 constatamos
que os primeiros cristãos se reuniam nos lares para ouvir os ensinamentos de
Cristo através dos apóstolos e para celebrar a Comunhão ("o partir do pão") entre
os irmãos. Os encontros da igreja nos lares consistem em (1) compartilhar
refeições (2 Pe 2.13; Jd 1.12), (2) recitar as Escrituras (Ef 5.18-20, Cl 3.16-
17), cantar hinos e salmos a Deus e alegremente louvar ao Senhor (Ef 5.18-
20, Cl 3.16-17), (3) oração (At 12.12) e (4) leitura da Palavra de Deus e
meditação no evangelho da graça (At 15.30, Cl 4.16).
21
Enquanto você tiver esse tipo de pensamento e postura você jamais será qualquer
coisa parecida com Paulo. Você não é Paulo (e eu de fato não afirmei isso), mas
você está convicto de que confia no mesmo Cristo no qual Paulo confiou, e esse
Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Sendo assim, não existe nenhuma
diferença entre um verdadeiro cristão e Paulo. Logo, jamais devemos sacrificar a
suficiência de Cristo no intuito de preservar a importância da comunhão na
igreja. Se você é incapaz de passar o dia sem depender de outro homem para
sustentá-lo espiritualmente, não infecte aos outros com sua fraqueza,
incredulidade e idolatria.
Supostos líderes e pregadores que negam a suficiência de Cristo na vida do
indivíduo a fim de preservar a importância da comunidade cristã deveriam ser
repelidos pela igreja. A congregação local é, de fato, um plano de Deus para o
Seu povo, mas não um fator de sobrevivência espiritual. A comunhão da igreja é
um meio de auxílio, não de salvação. Somos salvos por crermos em Jesus Cristo
como único e suficiente Salvador e não porque estamos congregando. A
congregação não é uma vacina contra o pecado. Cristo é suficiente para a
sobrevivência do cristão. Ele é a única fonte de graça, conhecimento, santidade e
perseverança para cada indivíduo à parte da congregação. Isto é inegociável.
Milhares de santos, tanto no período testamentário como na história da igreja,
tiveram que se submeter à solidão e ao desprezo por estarem longe de
congregações locais, não porque eles desprezavam a comunhão dos santos, mas
porque foram condicionados por Deus a viverem desta forma. A reunião com os
irmãos é um plano de Deus para o fortalecimento e edificação de um corpo, mas
nunca se tratou de uma norma bíblica para a permanência do indivíduo na
presença de Deus e sob os cuidados dEle. Se a congregação fosse necessária para
a salvação dos santos, o próprio Cristo teria pecado por violar tal regra
institucionalista que jamais fora requerida por Deus.
Apesar das reviravoltas para se tentar justificar a idolatria no testemunho cristão,
com toda essa dependência de se construir templos denominacionais para seguir
a Cristo, a Palavra de Deus não muda. O termo grego Ecclesia – “Tirados Para
Fora” – continua tendo o seu legítimo significado: Congregação ou assembleia.
Como já vimos, esta congregação pode estar reunida em qualquer lugar, contanto
que o único nome ao qual esteja congregada seja o nome do Senhor Jesus Cristo.
Todavia, doutores e mestres sincretistas tem colocado palavras na boca de Deus e
instituído regras e elementos nunca antes estabelecidos por Deus em Sua santa
Palavra. Quanto a eles, é preciso que se diga:
"O profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em Meu nome, que
Eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses,
22
esse profeta morrerá". (Deuteronômio 18.20). "Porque eu testifico a todo
aquele que ouvir as palavras da profecia deste Livro que, se alguém lhes
acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas
neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do Livro desta profecia, Deus
‘tirará a sua parte do livro da vida’, e da cidade santa, e das coisas que estão
escritas neste livro" (Apocalipse 22.18,19). "Tudo o que eu te ordeno,
observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás".
(Deuteronômio 12.32).
Líderes religiosos que tentam colocar Deus dentro de uma caixinha devem ser
rejeitados pelo povo de Deus e repelidos pela igreja. Esses lobos vestidos de
cordeiro estipulam regras baseadas em seus próprios caprichos, remendando um
versículo aqui e outro ali, escolhendo uma porção de textos fora de contexto na
Bíblia para fundamentarem suas sinagogas cheias de adornos judaicos. Eles se
baseiam na era patriarcal (ou lei de Moisés) a fim de manter os crentes da nova
dispensação acorrentados dentro de quatro paredes. Faz-se necessário refutar
esses falsos mestres dizendo: Assim diz o Senhor: "O Altíssimo não habita em
templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e
a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, ou qual
é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas
coisas? Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós
sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais". (Atos 7.48-
51).
23
adverte: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está
escrito” (1 Coríntios 4:6).
Jamais devemos ir além do que está revelado nas Escrituras por causa de um
versículo isolado de seu contexto. Devemos sempre analisar cada texto de acordo
com o que vem antes e depois do mesmo. Quem acha que é possível entender a
Bíblia com tudo junto e misturado cai em erros assim. Pelo fato da Bíblia dizer
que a comunhão do “um só corpo” é importante e que a mesma não deve ser
abandonada, significaria que todo homem que é colocado numa condição de
solidão está fora do Corpo de Cristo. Isso é uma grande heresia. É inferir no texto
um significado que não é encontrado na mensagem e que entrará em total
desacordo com todos os versículos que foram citados neste artigo.
24
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; todavia, aquele que se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus
[eternamente]” (João 3.36). Nossa salvação repousa inteiramente sobre o nosso
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a igreja”.
“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem por meio
do próprio Pedro – aquele que a Igreja Católica costuma dizer erroneamente que
é o fundamento da Igreja –. O que Pedro diz? Ele diz que a salvação está em
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro santo. “Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer
que seja a denominação (seita) em que alguém esteja inserido. Pedro declara que
a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que não nos
voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia diz que Ele é quem salva e não a
Igreja?
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
De Gênesis à Apocalipse vemos que a ordem clara sempre foi "Sair do meio
herético", mesmo que isto acarrete em solidão e desprezo. Este ensino bíblico
tem sido rejeitado e violado através dos tempos para se manter a unidade terrena
e o jugo desigual. Por outro lado, quando alguém, sob o pretexto de humildade,
permanece em um ambiente poluído e comunga com a heresia e a blasfêmia em
nome da união eclesiástica, ele está sendo rebelde contra Deus em favor da
necessidade de outro homem para sustentá-lo espiritualmente (idolatria), negando
a suficiência de Cristo e lutando por interesses próprios. Este alguém pensa estar
honrando a Cristo, mas está honrando a si mesmo e aos seus próprios mestres.
25
Somos poucos, mas continuamos com o mesmo objetivo e não abrimos mão da
nossa ortodoxia e visão bíblica a respeito da igreja dos santos. Enquanto
respirarmos, nenhuma denominação humana nos acorrentará em suas sinagogas
heréticas, ecumênicas e sincretistas. Enquanto estivermos vivos, a igreja do
SENHOR estará firme sob a autoridade máxima das Escrituras e em combate
contra qualquer sistema religioso corrupto que tente nos amarrar e amordaçar
com discursos sofísticos que visam o lucro pessoal, denominacional e político.
Os religiosos do sistema denominacional nos acusam de sermos "separatistas" e
"contenciosos" por sermos contra o denominacionalismo na Igreja de Deus. Ora,
se querem nos acusar disso, por que eles vivem se separando, inclusive por
nomes que possam diferenciá-los uns dos outros, tais como "presbiterianos",
"batistas", "assembleianos", etc., como se a Bíblia tivesse ensinado que existem
vários tipos de "evangelhos", cada qual com seu próprio sistema doutrinário? Se
querem que nos reunamos com aqueles que professam doutrinas estranhas ao
evangelho dos apóstolos, por que não fazem eles isso? Por que eles não praticam
o erro que tanto nos pressionam a praticar?
Na prática, alguém que se une a uma determinada denominação em detrimento
das outras, já não tem autoridade para criticar aqueles que querem se separar das
denominações, pois foi exatamente o que fez! Ao limitar-se a uma denominação,
acabou deixando de lado todas as outras, pois ninguém pode ser Batista e
Presbiteriano ao mesmo tempo. Portanto, ao unir-se à denominação de sua
escolha, sua atitude o excluiu de todas as outras, deixando assim de guardar a
unidade do Espírito. Quem quiser argumentar sobre este ponto precisará primeiro
praticar por si mesmo a unidade que espera que os outros pratiquem.
“OUTRA SEITA”?
Talvez alguém venha a dizer: "Se fizermos tudo o que você diz, e começarmos a
nos reunir com aqueles que congregam sobre as bases bíblicas, será que não
estaríamos apenas nos filiando a outra divisão ou seita da igreja?". A resposta
simples para esta pergunta é que a obediência à Palavra de Deus nunca é uma
dissidência. É isto que os cristãos deveriam estar fazendo há muito tempo. Se os
cristãos se reunirem em obediência à Palavra de Deus, em conformidade com a
verdade do "um só corpo", eles jamais poderão ser considerados uma seita,
mesmo que existissem apenas dois ou três se colocando nesse terreno. Se eles
estiverem congregados pelo Espírito em torno do Senhor Jesus não estarão no
terreno do sectarismo: eles estarão no divino centro, pois Cristo é o centro divino
para o Seu povo (Gn 49:10; Sl 50:5; Mt 18:20; 1 Co 5:4).
26
BÍBLIA VS. PSICO-AFIRMACIONISMO
A mera negação da verdade não constitui uma refutação contra ela. Muitos
doutores e mestres das várias seitas e denominações que se contrapõem a mim
jamais me encaram à nível doutrinário. Eles estabelecem julgamentos hipócritas,
xingamentos e calúnias contra minha vida pessoal, mas nunca são capazes de
falarem segundo a Escritura. Nestas circunstâncias, o que eu faço é deixar que
tais opositores da verdade se afundem na lama do "psico-afirmacionismo" (ou
PA), onde “psico” significa maluco e “afirmacionismo” refere-se à prática de
afirmar suas visões repetidamente sem fornecer argumentos para suportá-las.
Visto que esse método, adotado pela maioria das pessoas, é o de afirmar sua
visão repetidamente, torna-se para mim [algumas vezes] tedioso responder e
refutar os mesmos comentários linha por linha.
Enquanto muitos se perdem em um círculo vicioso de queixas repetidas e
desgastadas, o que posso fazer é juntá-las em uma lista e reforçar as mesmas
respostas aos que de fato possuem “ouvidos para ouvir”.
Um exemplo de como a desonestidade e canalhice desses hereges podem atingir
um nível de iniquidade é o termo “Desigrejado”. Eles se referem aos santos
congregados ao nome do Senhor como “desigrejados” pelo fato de não fazerem
parte das várias divisões denominacionais que se encontram na cristandade. A
definição de "Desigrejado" atribuída aos santos que congregam fora do sistema
denominacional está errada. Este termo nem mesmo existe. Todavia, num ato de
histeria coletiva eles repetem como papagaios: "mas você é um desigrejado...
você é um desigrejado!", sem contudo apresentarem uma premissa plausível que
sirva de base para suas convicções e nos torne de fato aquilo de que somos
acusados.
"Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas
palavras" (Provérbios 23.9).
O termo "Desigrejado" é tendencioso, falacioso e totalmente desconexo. Ele
carrega uma conotação pejorativa e está destinado àquelas pessoas que não fazem
mais parte da confusão das denominações (empresas) religiosas porque
descobriram que essas instituições não possuem nenhum amparo das Escrituras, e
que elas são simplesmente uma ordem inventada pelo homem.
Portanto, que todo leitor esteja apto para ouvir as palavras deste artigo, as quais,
sob a base das Escrituras, mostram de forma cristalina que se você e sua família
creem em Jesus Cristo vocês fazem parte do Corpo de Cristo e não podem ser
27
retirados jamais desse Corpo. Se nos reunimos para o culto a Deus em casa,
somos a igreja de Cristo congregando entre irmãos.
Não somente as denominações evangélicas têm enganado a muitos com a ideia
insana de que seus templos são a igreja, a fim de trancafiarem os fieis dentro de
seus templos institucionalistas. Na história constatamos que esse movimento
papista surgiu há muito tempo. A igreja católica romana, por exemplo, usou dos
mesmos estratagemas para estigmatizar a pessoa de Lutero e dar continuidade à
manipulação religiosa. Lutero foi considerado pelo Papa Leão X como um
“desigrejado”. A falácia consistia na mesma premissa de hoje – a de que se você
não pertence à uma denominação considerada oficial pelos “sacerdotes”,
“doutores” e “mestres”, e de acordo com suas tradições superficiais, você
automaticamente não faz parte da igreja de Cristo. Meu desejo é que Deus,
segundo o beneplácito da Sua vontade, venha a falar aos corações de Seus
escolhidos por meio deste artigo para que pessoas voltem a observar a
simplicidade do evangelho da graça de Deus.
28
Deus nunca ordenou que os cristãos fossem ao Templo para cultuá-lo. No
começo da Igreja, eles simplesmente continuaram fazendo isso durante um tempo
por inércia, de forma espontânea, porque ainda não haviam recebido a revelação
de Paulo do que realmente se tratava a Igreja e de como a adoração e ministério
funcionaria de uma forma completamente diferente daquela conhecida por eles
até então. À partir da revelação dada especialmente a Paulo, o apóstolo dos
gentios, os discípulos entenderam que o lugar de cultuar e adorar a Deus já não
era mais o Templo físico que estava em Jerusalém, mas sim o Nome do Senhor
Jesus, como Ele [Jesus] já havia profetizado (Mt 18.20). Pela doutrina revelada
aos apóstolos, em especial Paulo, logo após o período em que a Igreja ainda
estava se organizando em Atos, esses discípulos entenderam que havia agora três
classes de pessoas no mundo: Judeus, gentios e Igreja: "Portai-vos de modo que
não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos [gentios], nem à igreja de
Deus" (1 Coríntios 10.32).
No entanto, antes mesmo que essas coisas viessem à luz, Jesus já havia
vaticinado esse momento de ruptura com aquela ordem de coisas do Judaísmo,
quando disse à mulher samaritana: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem
neste monte nem em Jerusalém (Templo) adorareis o Pai. Vós adorais o que não
sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade." (João 4.21-24).
Mais à frente, essa ruptura seria cimentada pela revelação do que é, de fato, a
Igreja. Essa revelação do Espírito Santo foi dada inicialmente ao apóstolo Paulo,
e também através de epístolas como aos Gálatas e Hebreus.
Além dessas revelações sobre como a Igreja deveria se reunir numa assembleia, a
história ainda nos trouxe eventos indicando que Deus faria com que Sua vontade
a respeito de tudo isso seria feita, como no caso da permissão de Deus para que
os cristãos fossem afugentados de Jerusalém por conta da perseguição
desencadeada com a morte de Estêvão (cf. Atos 11.19). O que Deus quis com
isso? A destruição do Templo no ano 70 d.C.
Ou seja, não somente a revelação dada aos apóstolos e o aviso de Jesus Cristo de
que o Templo não seria mais um lugar de adoração, como também os próprios
desígnios de Deus foram essenciais para mostrar de forma clara ao povo cristão
que Ele não queria ser adorado em “templos de pedras”, cheias de adornos
judaicos e com “sacrifícios de tolos”.
29
O que falta a esses “pastores” e “ministros” do sistema religioso denominacional
é o entendimento que me faltaria se eu tentasse socorrer um acidentado e tentasse
reconstruir seu corpo. Por não ser médico, eu acabaria costurando os órgãos nos
lugares errados, na ordem errada e para cumprirem funções erradas. O resultado
seria um corpo bem ao estilo Frankenstein. Assim são as denominações
existentes na cristandade, e é assim que muitos de seus ministros tentam explicar
a Bíblia, sorteando os versículos que mais lhe agradam e que se encaixam em
suas doutrinas pré-estabelecidas.
Quanto a isso, o apóstolo Paulo instrui Timóteo da seguinte forma: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
A versão de J. N. Darby, se traduzida para o português, ficaria assim: “Esforça-te
diligentemente para apresentar-te aprovado a Deus, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, cortando com precisão a palavra da verdade”. Nesta
versão, a imagem que temos é de um bisturi nas mãos de um hábil médico que
separa os órgãos corretamente, de acordo com seu lugar, posição e função.
A primeira edição da Bíblia em inglês, publicada em 1535 por iniciativa do Rei
Tiago da Inglaterra, ou “King James”, trazia um prefácio de Miles Coverdale que
trazia um conselho semelhante: “Será de grande auxílio para entenderes as
Escrituras se atentares, não apenas para o que é dito ou escrito, mas de quem e
para quem, com que palavras, em que época, onde, com que intenção, em quais
circunstâncias, e considerando o que vem antes e o que vem depois”.
Sendo assim, não se pode querer entender a Bíblia como um saco de versículos
que você sacode, mistura e tira dali uma passagem qualquer para embasar uma
doutrina. Como escreveu Coverdale, é preciso saber “de quem e para quem...
onde, com que intenção e em quais circunstâncias” aquela passagem aparece ali.
Quando aprendemos sobre a história do Brasil, a professora começa falando de
Cabral e do descobrimento, e não da Operação Lava-Jato, para não surja alguma
dúvida de que Cabral ela está falando. Assim acontece com a revelação de Deus.
A revelação de Deus nas Escrituras foi progressiva e dada em etapas.
Quando Jesus esteve neste mundo, ele avisou aos Seus discípulos de que não
havia explicado tudo quanto havia de explicar. Ele avisou o seguinte: “Ainda
tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando
vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não
falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há
de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar” (Jo 16.12-14). A partir disso, dá para perceber a insanidade que é
30
alguém achar que pode entender a Bíblia lendo apenas o que Jesus ensinou nos
Evangelhos judaicos (aqueles que aparecem antes de Atos).
A carta aos Hebreus fala da revelação incompleta recebida pelos profetas do
Antigo Testamento: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho” (Hebreus 1.1).
Em alguns casos, o próprio entendimento dos profetas ficara incompleto diante
de algumas revelações divinas. Eles recebiam a revelação e não entendiam nada
do que Deus estava passando para eles. Foi exatamente o que ocorreu com
Daniel: “Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual
será o fim destas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão
fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Dn 12.8-9). Daniel tinha em mãos uma
mensagem criptografada que ele próprio não poderia ler e entender.
Pedro também fala de algo parecido a respeito de revelações bíblicas que nem os
profetas que receberam essas mensagens haviam entendido, pois não era o
momento de eles entenderem: “Da qual salvação inquiriram e trataram
diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada
indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava
neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam
de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não
para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos
foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos
pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1
Pedro1.10-12).
Portanto, quando chegamos em Atos dos Apóstolos encontramos a Igreja recém
formada, mas não compreendida pelos próprios discípulos sobre os quais o
Espírito Santo desceu em línguas como que de fogo. Pedro tem ali uma revelação
de que, em parte, aquilo era semelhante à profecia feita em Joel 2.28. Todavia,
tudo indicava que ele estava se referindo apenas à semelhança, pois não vemos
que naquele momento tenham aparecido “prodígios em cima, no céu; e sinais em
baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo”, e nem se converteu o sol em
trevas “e a lua em sangue” (At 2.16-20; Jl 2.28-31).
Sendo assim, naquele estágio da revelação de Deus, nos primeiros capítulos de
Atos, nem Pedro sabia muitas coisas, como ficaria comprovado no episódio com
Cornélio. Ele não fazia ideia de que as chaves que recebera do Senhor nos
Evangelhos serviriam para introduzir os gentios e samaritanos no Corpo de
Cristo, além dos judeus que acabavam de ser acrescentados à Igreja em Atos 2.
31
Enquanto isso, Deus estaria preparando um vaso escolhido para receber as
revelações que faltavam ser reveladas sobre os mistérios de Deus. “Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o
meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9.15). Mais
à frente, Paulo diria: “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo
por vós, os gentios; se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que
para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela
revelação, como antes um pouco vos escrevi; por isso, quando ledes, podeis
perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos
não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-
herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo
evangelho; do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi
dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me
foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as
riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” (Ef
3.1-10).
Percebe agora, caro leitor, como é impossível entender a Bíblia apenas sacudindo
um saco de versículos e tirando aquele que bem entender? Existe uma ordem, e o
livro de Atos é exatamente isso, atos ou ações dos apóstolos e da Igreja ao longo
de seu período inicial, incluindo falhas e reajustes, como aconteceu no caso da
“distribuição de alimentos”.
No capítulo 2 de Atos, os primeiros cristãos “estavam juntos, e tinham tudo em
comum, e vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo
cada um havia de mister” (At 2.44-45). Aquilo era uma iniciativa deles e não
uma ordem de Deus para o povo cristão. Em primeiro lugar, não existe ali uma
lei de Cristo dizendo que a Igreja deveria agir daquela maneira. Em segundo
lugar, aquele método de ajudar os irmãos mais necessitados não durou muito
tempo, pois logo o egoísmo se fez presente entre eles: “Ora, naqueles dias,
crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra
os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano” (Atos 6.1). A partir dali, os apóstolos precisaram decidir como
organizar tudo aquilo na Igreja de Deus. Tudo isso nos mostra que os cristãos
viviam um tempo de transição, de transformação e organização até que as
primeiras doutrinas para a Igreja viessem por meio da carta aos Romanos. Por
esta razão, usar um versículo isolado de Atos 2 para afirmar que cristãos devem
32
adorar em um templo é não entender que o livro de Atos não tem nada a ver com
doutrina, mas, predominantemente com uma fase de estabelecimento e
organização da Igreja de Deus.
33
Em suma, ainda que diferentes “ministros” de diferentes denominações possam
argumentar que tudo o que está em seu "corpo doutrinário" veio da Bíblia, fica
óbvio que cada uma dessas denominações sorteou as passagens que melhor se
encaixam em sua doutrina já determinada pelos fundadores ou pelo “poder
central” daquela denominação. O resultado é uma cristandade cheia de monstros
doutrinários ao estilo Frankenstein, que inegavelmente foram montados com
passagens bíblicas costuradas entre si, mas completamente fora de seu lugar e da
função que Deus determinou para elas.
Hoje entendo melhor o que um irmão da Califórnia, que já está com o Senhor,
queria dizer quando se referia a algum "Seminário Teológico" – ou "Theological
Seminary" em inglês – como "Theological Cemetery" ou "Cemitério Teológico".
O som do trocadilho funciona melhor em inglês.
Fazemos muitas coisas sem perguntar nada a Deus. É por essa razão que existe
tanta confusão no testemunho cristão. Geralmente não olhamos para as Escrituras
com a intenção sincera de saber o que Deus realmente quer de nós, cristãos, e não
dos judeus no Velho Testamento ou nos evangelhos judaicos. Um caso clássico
deste problema é o dos templos e santuários que cristãos constroem como se
fossem lugares físicos de adoração. Muitas vezes esses cristãos são “bem
intencionados”, mas sua boa intenção não os livra de tal pecado. Todavia, fica a
pergunta: “Será que Deus ordenou que os cristãos construíssem templos e
adotassem o modelo judaico de adoração na Sua Igreja?”.
Sabemos que Deus deu instruções detalhadas à Israel a respeito do local onde Ele
queria ser adorado. Não era permitido que os judeus imitassem os pagãos em sua
forma de adoração, pois os pagãos adoravam a seus deuses onde e como bem
entendiam. Por esta razão, Deus ordenou aos israelitas a buscarem “o local que o
Senhor, o Seu Deus, escolhesse dentre todas as tribos para ali pôr o Seu nome
para Sua habitação” (Deuteronômio 12.5). A partir dali, não haveria outro nome
e não haveria outro lugar onde Deus pudesse ser adorado. Deus ainda os
alertou: “Tenham o cuidado de não sacrificar os seus holocaustos (dízimos) em
qualquer lugar que lhes agrade. Ofereçam-nos somente no local que o Senhor
escolher” (Deuteronômio 12.13-14). Esse lugar seria o Templo construído em
Jerusalém por direção divina. Somente ali o povo de Israel podia e deveria
adorar.
34
Jesus, quando esteve na terra, profetizou a respeito de uma mudança radical que
estava para ocorrer por direção de Deus. Diante da afirmação da mulher
samaritana de que os “judeus dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar”, ele declarou: “Está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai
nem neste monte, nem em Jerusalém (Templo)... mas está chegando a hora, e de
fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade... Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem
em espírito e em verdade” (João 4.20-23). O cumprimento desta profecia veio
bem rápido, no ano 70 d.C, quando Deus permitiu a destruição total do Templo
de Jerusalém, pondo fim ao modelo judaico de adoração. A epístola aos Hebreus
é uma comprovação de tudo isso.
Hoje nós não temos um templo onde adorar, nem estamos separados da presença
de Deus por um véu, como os judeus estavam, porque “temos plena confiança
para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo
caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hb 10.19-20).
Para nós, cristãos, não existe um lugar físico de adoração, como no caso de
Israel. E por mais que os líderes religiosos do nosso século insistam em negar, o
princípio de que é o nome do Senhor que valida o lugar da adoração cristã
permanece: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mt 18.20). A ordem dirigida a nós, Igreja, é muito clara
nesse sentido: “Saiamos, pois, a Ele [Jesus] para fora do arraial” (Hb 13.13). O
arraial aqui é o sistema judaico de adoração ou qualquer coisa semelhante a isso,
como aprendemos no capítulo 1 deste livro. Mas alguém pode perguntar: “Aonde
iremos?”. O melhor a se fazer é perguntarmos ao próprio Senhor Jesus, como os
apóstolos fizeram: “Onde queres que a preparemos?” (Lc 22.9).
CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO?
O Judaísmo não é o padrão para a adoração cristã
35
Mesmo assim, as “igrejas” têm usado o tabernáculo como um padrão para suas
construções cheias de luxo e com adornos judaicos. As igrejas emprestaram
muitas coisas do Antigo Testamento para introduzi-las literalmente em seus
lugares de adoração e cultos religiosos, perdendo de vista o verdadeiro
significado dessas coisas que um dia voltarão para outro propósito, na
dispensação da plenitude dos tempos (no reino milenar de Cristo sobre a Terra).
A cristandade, especialmente denominacional, erigiu magníficos edifícios e
catedrais usando o padrão do templo do Antigo Testamento, pensando estar
agradando a Deus com essas coisas. Essas construções religiosas recebem o
nome de "Templo" ou "Tabernáculo" para permanecerem alinhadas ao judaísmo
do Antigo Testamento. Algumas denominações chegam ao ponto de separar uma
parte dessas construções como se fosse um lugar mais santo do que o resto da
construção, chamando-o de "Santíssimo" ou "Santuário", como acontecia no
tabernáculo do Antigo Testamento. Tudo isso mostra que há muito tempo os
cristãos perderam de vista o fato de que hoje a casa de Deus é uma "casa
espiritual" construída de pessoas redimidas (1Co 3.9; Ef 2.19-22; Hb 3.6; 1Pd
2.5), e não uma casa material no sentido literal da palavra.
Segue abaixo uma lista de algumas coisas que a igreja emprestou do judaísmo e,
por conta disso, provocou tantos danos na vida de muitas pessoas:
● O uso literal de templos e catedrais como lugares de adoração.
● Uma classe especial de homens que exercem seu ofício a serviço da
congregação.
● O uso de instrumentos musicais para ajudar na adoração.
● O uso de um coral.
● O uso de incenso para criar uma atmosfera espiritual.
● O uso de vestes religiosas pelos "Ministros" e membros do coral.
● O uso de um altar literal (sem sacrifícios).
● A prática do dízimo.
● A observância de dias santos e festas religiosas.
● Um rol de membros com os nomes dos que estão congregados.
Alguém pode choramingar pelo fato de que muitos desses elementos judaicos
foram alterados de alguma forma para se adaptarem ao contexto cristão, mas o
fato é que esses elementos continuam carregando os adornos do judaísmo. Esse
tipo de influência judaica, com seus princípios e práticas, permeou a igreja e,
como consequência, as pessoas não sabem mais responder a uma simples
pergunta: “O QUE É A IGREJA?”. Isso se aplica a qualquer tipo de pessoa: seja
ela comum, crente, descrente, religiosa, estudante da bíblia, etc. A pessoa não
responde à esta simples pergunta porque na verdade ela não faz a mínima ideia
36
do que seja a Igreja. Ela irá tentar responder conforme os parâmetros dos ensinos
de seus líderes e do corpo doutrinário de sua seita, mas não chegará nem perto do
que a Bíblia diz.
Muitas dessas coisas têm estado associadas ao cristianismo há tanto tempo, que
já foram aceitas pelas massas como se viessem de Deus. A maioria das pessoas
acha bom ter essa mistura judaico-cristã, pois facilita tudo. "Pra quê aprender
tudo de novo, se estamos felizes aqui, não?”.
Infelizmente, misturar essas duas ordens distintas de se aproximar de Deus
destruiu a distinção original que existia em cada uma delas, fazendo com que o
resultado dessa mistura não fosse nem judaísmo, nem cristianismo. O que temos
hoje na cristandade pode ser chamado de qualquer coisa, menos de cristianismo
ou de judaísmo.
38
pompa tendem a espantar, e não atrair essas pessoas. Tudo lhes parece muito
opressor (As pessoas do mundo parecem ter um senso melhor que os cristãos
daquilo que convém ao cristianismo – Lucas 16.8). Existe uma forte reação
contra o formalismo, especialmente entre os jovens. As pessoas também têm
medo de serem convidadas a contribuir com dinheiro. Mesmo assim, muitas
dessas pessoas estariam prontas a ir a um estudo bíblico na forma de uma
conversa numa casa ou em um salão menos pretensioso. Elas se sentem mais à
vontade em uma atmosfera informal e não profissional, o que é exatamente
ensinado na doutrina dos apóstolos, ficando assim mais receptivas a receberem o
evangelho.
Portanto, esses grandes edifícios e templos luxuosos e confortáveis são um
empecilho ao evangelho, e tão somente mostram que não somos mais sábios do
que a Palavra de Deus. O padrão simples que Deus nos deu em Sua Palavra é
sempre o melhor caminho, pois "o caminho de Deus é perfeito" (Sl 18.30).
39
seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os
rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar,
os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos
judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem... Em
sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão no
debulhador, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu
pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa
sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que
têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai
solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável
carga infernal – os judeus". ("Concerning the Jews and their lies" - por
Martinho Lutero).
Como se pode ver, a mente de Martinho Lutero, por consequência da Teologia do
Pacto que permeou a cristandade em seu tempo e se alastrou pelo mundo até o
século 19, era completamente cega quanto ao futuro profetizado para Israel na
Bíblia. Lutero não tinha nenhuma compreensão sobre as dispensações das
Escrituras e os desdobramentos delas.
40
Segundo os que pensam que devemos pregar o “evangelho do reino” a toda
criatura para Jesus voltar, enquanto o mundo não for totalmente evangelizado
Cristo não poderá retornar para arrebatar a Sua igreja, o que Ele prometeu com
tanta veemência. Portanto, segundo os que interpretam a Bíblia com tudo junto e
misturado, seria bobagem crer que o Senhor poderia vir a qualquer momento para
arrebatar a Sua amada Noiva (Igreja), como era a esperança de Paulo e de outros,
os quais obviamente sabiam que o evangelho da graça não seria pregado em todo
o mundo dentro do período de suas vidas.
Veja o que Paulo diz aqui: “Depois NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS,
seremos arrebatados...” (1 Tessalonicenses 4.17).
41
Romanos 11 fala muito disso e nós deveríamos dar mais atenção ao que está
explícito nesta passagem.
Mario Persona explica:
“Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite
que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o
azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a
salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na
terra, ora nas mãos de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes
épocas sob influência e direção do Espírito Santo.
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira
brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos
deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o
testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem
do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um
testemunho crescente e abrangente.
Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande
nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô
de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as
nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de
sua "menina dos olhos".”
Agora note a seriedade de tudo isso:
“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação
vem dos judeus” (João 4.22).
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para
que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).
Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou
Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios,
desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até
nós na Pessoa de Jesus Cristo e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje
somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel.
O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que
Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de
Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das
promessas que Deus lhe deu.
Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e
gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja:
42
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos
[gentios], nem à igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).
Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos
nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer
em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três
povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um
futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras
passagens de suas epístolas.
“Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”
(Romanos 11.1).
Nessa passagem Paulo está falando do povo de Israel. Basta ler o contexto. Paulo
deixa claro que Deus não rejeitou Seu povo terrenal, Israel, citando ele próprio
como exemplo inato de um israelita. O apóstolo se apresenta aqui como um
judeu de nascença e apresenta as credenciais que o identificam como um judeu,
embora ele seja membro do Corpo de Cristo (Igreja) agora.
44
escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta
será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Romanos
11.25-27).
A expressão "quando eu tirar os seus pecados" denota que a Igreja não é a
continuidade de Israel, mas uma entidade distinta, pois Deus ainda irá tratar com
Israel num futuro próximo, que é o tempo também citado no versículo 31:
“Assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem [no
futuro] misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rom 11.31).
45
afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e ponto
final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as
promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para a
Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com
indiferença e desprezo. Agora pense comigo, caro leitor: a "menina dos olhos" de
Deus vista com desprezo pelos que se dizem seguidores de Cristo, um judeu!
Consegue imaginar como isso é visto por Deus?
Desde o século 19 temos visto como muitos entenderam as verdades
dispensacionais da Bíblia. Porém, infelizmente a atual Teologia da Prosperidade,
filha caçula da Teologia do Pacto, volta a tentar aplicar à Igreja as promessas
feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos
tempos do catolicismo medieval.
DISPENSACIONALISMO:
A importância da hermenêutica bíblica
1. A HERMENÊUTICA HISTÓRICO-GRAMATICAL
CONSISTENTE ELIMINA ALEGORIZAÇÕES INFUNDADAS:
Se a maioria dos cristãos soubesse dos desdobramentos que a Eclesiologia e
Escatologia trazem para a vida prática do cristão, não estaria atribuindo o tema a
uma mera “questão secundária" ou “erro teológico” ao invés de uma clara
heresia. A prática do “pedobatismo” (batismo infantil), por exemplo, é só a ponta
do Iceberg herético da Teologia do Pacto ou Aliancista. Essa tradição romana
ficou enraizada no coração de maior parte da cristandade e causa danos
irreversíveis na ortodoxia cristã de forma direta. Há alguns anos atrás eu não diria
isso, pois ainda era imaturo demais para perceber. Mas, tendo me aprofundado
um pouquinho no tópico e vasculhado as conseqüências doutrinárias resultantes
de uma Eclesiologia surgida com as alegorias mirabolantes de Agostinho,
descobri que o assunto não se trata meramente de ênfase, mas de conteúdo. Tanto
os apóstolos como os cristãos dos dois primeiros séculos pós-apostólico jamais
46
foram conhecidos por defenderem uma visão anti-dispensacionalista. Por que?
Porque a visão dispensacional das Escrituras é o que se espera de alguém que lê a
Bíblia da forma intencionada pelo Espírito Santo.
O que é a hermenêutica?
A hermenêutica bíblica é o estudo dos princípios e métodos de interpretação do
texto bíblico. Segundo os comandos claros de 2 Timóteo 2.15, ao se envolverem
com a hermenêutica, os crentes devem "procurar se apresentar a Deus
aprovados, como obreiros que não têm de que se envergonharem, que
manejam bem a palavra da verdade” (v.15).
Deste modo, o objetivo central da hermenêutica dispensacionalista é nos guiar
dentro das passagens bíblicas com o propósito de nos levar a uma interpretação
aplicada pela própria Escritura, e jamais pela ótica limitada de métodos
humanistas, tais como o método de interpretação histórico-crítico ou alegórico.
Assim, com base no método histórico-gramatical [literal] dos textos sagrados,
atestado e aprovado pelo tempo, a intenção da hermenêutica dispensacional é
mostrar o genuíno entendimento e aplicação da Teologia Bíblica. Toda teologia
é, por definição, bíblica. Mas, quando falamos de Teologia Bíblica em termos de
método interpretativo, estamos a tratar daquilo que foi dito somente pelos autores
inspirados das Escrituras Sagradas, sem subterfúgios em opiniões de teólogos
e/ou manuscritos não-inspirados – ou até mesmo na aplicação da Teologia
Filosófica, que inclina-se a defender a fé cristã a nível apologético e se ocupa de
temas não respondidos de forma direta pela Escritura.
A regra indispensável e crucial para o método histórico-gramatical de
interpretação é que a Bíblia deve ser interpretada literalmente, a menos que
ela mesma nos forneça outra interpretação textual que aponte claramente para um
simbolismo intencionado pelo autor inspirado. Isso significa que a Bíblia deve ser
sempre interpretada com base em seu significado normal, literal ou simples, a
menos que o texto sagrado exija uma visão alegórica do texto que está sendo lido
e o autor inspirado mostre claramente sua intenção de apontar para uma
conclusão simbólica da passagem.
A hermenêutica dispensacionalista se diferencia de todas as outras hermenêuticas
por conta de sua consistência. Quando de frente para uma passagem bíblica, ela
nos mostra de forma concisa se alguma figura de linguagem está, de fato, sendo
empregada no manuscrito dos profetas ou dos apóstolos. A primeira intenção do
leitor ao abrir a Bíblia deve ser buscar o sentido normal/literal do texto. Essa
regra é imprescindível. Após fazê-lo, caso não seja possível interpretar a
47
passagem de forma literal, então o leitor pode e deve tentar encontrar outra
interpretação que não seja a literal.
Na Bíblia não existem contradições ou múltiplos sentidos. Ela diz o que deseja
realmente dizer e não pergunta ao homem se ele tem uma opinião secundária a
respeito do que está escrito. Por exemplo, quando Jesus fala de ter alimentado "os
cinco mil homens" em Marcos 8.19, o princípio da hermenêutica irrefutável
exige que entendamos os “cinco mil” como um número literal – ou seja, havia
uma multidão de cinco mil pessoas esfomeadas e que foram alimentadas com
verdadeiros pães e peixes por um Salvador dotado de poder milagroso. Qualquer
tentativa de "espiritualizar" o número descrito em Marcos 8.19, ou de negar um
milagre literal de Cristo nesse contexto, é lançar a inerrância das Escrituras na
lata do lixo, acrescentando alegorias não intencionadas pelo Espírito Santo. Isso é
ignorar as leis da linguagem exigidas pelo autor inspirado, que é comunicar um
número real, literal e conciso, sem brechas para alegorizações.
Muitos intérpretes, sobretudo aliancistas [adeptos da teologia do pacto] cometem
o erro grosseiro de tentar buscar significados esotéricos que nunca são
encontrados nas entrelinhas do texto sagrado, como se cada passagem tivesse
uma verdade espiritual oculta que, segundo eles, deveríamos tentar decifrar. A
hermenêutica bíblica do Dispensacionalismo nos protege desses estratagemas e
nos mantém fiéis ao significado intencionado pela Palavra de Deus e mui longe
de alegorizações estapafúrdias de versículos claramente literais que não nos
permitem enxergar qualquer sinal de simbolismo na passagem bíblica.
A abordagem literal na interpretação não elimina cegamente as figuras de
linguagem, nem os símbolos, nem as alegorias e os tipos da Bíblia. Todavia, se a
natureza das frases exigir que interpretemos um texto alegoricamente, ela
certamente nos levará a um segundo sentido da passagem. O método literal de
interpretação é o único freio saudável e seguro para a imaginação do homem.
Esse método é o único que se coaduna com a natureza da inspiração divina nas
Escrituras.
48
inverso disso têm colocado o carro proverbial teológico na frente do boi/cavalo
hermenêutico.
Todavia, todo adepto da Teologia do Pacto segue esse processo, consciente ou
inconscientemente, em parte ou no todo, quando vai lidar com a identidade da
igreja (Eclesiologia) e o futuro de Israel (Escatologia).
Quando os “teólogos do pacto” não atingem seu fim teológico predeterminado
usando a hermenêutica normal (que os tem servido bem em todas as áreas da
teologia), eles mudam a sua hermenêutica para gerar as conclusões
predeterminadas por eles mesmos, com as quais começaram. Esse erro produz
uma abordagem preconceituosa para com a interpretação bíblica a fim de validar
uma conclusão preestabelecida pelo “corpo doutrinário” de sua escolha. Essa é
uma maneira inaceitável, inconsistente e inválida de interpretar a Bíblia. Sendo
assim, devemos rejeitar em todas as esferas esse método corrupto de
interpretação bíblica.
Somente uma hermenêutica consistente, com o uso do método histórico-
gramatical (literal) de interpretação bíblica, pode conduzir o leitor à interpretação
intencionada por Deus do texto sagrado. Para entender as dispensações da Bíblia
é necessário que tenhamos uma hermenêutica histórico-gramatical consistente
(ou seja, literal) na interpretação de toda a Escritura. Para tal, o primeiro passo é
usar de uma teologia pressuposicional, e não predeterminada e preconceituosa.
1 – O Contexto Histórico:
Ao interpretar uma passagem historicamente, o leitor deve se empenhar em
compreender a cultura, pano de fundo e situação que deu origem ao respectivo
texto, considerando o contexto do texto. Por exemplo, a fim de compreender
plenamente a fuga de Jonas em Jonas 1.1-3, faz-se necessário entender a
correlação que a história dos assírios tem com a história de Israel.
2 – O Contexto Gramatical:
Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus
e Salvador, Jesus Cristo" em Colossenses 1, as regras gramaticais atestam
categoricamente que “Deus e Salvador” são termos paralelos e ambos conectados
a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus como "nosso
grande Deus”.
3 – O Contexto em Si:
Ao interpretar os versículos de uma passagem de forma contextual, estamos
cientes de que isso envolve a lei imutável que rege toda a Palavra de Deus, onde
o leitor deve, por temor a Deus, considerar todo o contexto de um versículo ou
passagem antes de determinar o seu significado. Quando deparado com um texto
50
bíblico difícil de ser conciliado com passagens aparentemente opostas à sua
premissa, os versículos anteriores e posteriores devem ser imediatamente
consultados para a conclusão intencionada pelos autores inspirados por Deus.
O Espírito Santo não é débil e a Bíblia jamais contradiz a Si mesma. A Bíblia
responde por si mesma a qualquer dúvida humana, em qualquer passagem que
possa apresentar dificuldades de correlação entre um ponto e outro por falta de
uma análise aprofundada de seu amplo contexto. Tomemos como exemplo o
livro de Eclesiastes. Muitas declarações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se
mais claras quando mantidas em seu devido contexto – o livro de Eclesiastes é
escrito a partir da perspectiva terrena "debaixo do sol" (Ec 1.3). A frase “debaixo
do sol” é repetida cerca de trinta vezes pelo rei Salomão, inspirado pelo Espírito
Santo, estabelecendo o contexto real para tudo o que é "vaidade" neste mundo.
51
As pessoas evitam estudar com uma ótica dispensacional por caírem nos
sofismas maldosos criados pelo sistema religioso e por acreditarem cegamente
em conceitos criados pelos anti-dispensacionalistas. Doutores não-
dispensacionalistas se empenham em criar conceitos que nunca foram defendidos
pelo Dispensacionalismo. Quando isso não funciona, esses “ministros” se
dedicam a apontar erros obsoletos que os próprios dispensacionalistas corrigiram
ao longo do tempo. Ou seja, a elaboração errada de uma premissa leva a
conclusões obviamente errôneas, tendo como objetivo promover uma falsa
acusação.
CONCLUSÃO
A hermenêutica dispensacionalista aponta para a correta interpretação da Bíblia,
sem mutilar seu real propósito ao se comunicar com os santos de Deus. O
propósito da hermenêutica dispensacional é, sobretudo, nos proteger da má
aplicação da exegese escriturística e nos livrar de qualquer outra concepção
alegórica infundada que possa corromper a nossa compreensão da verdade. A
Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17). Queremos ver a verdade, conhecer a
verdade e viver a verdade. É por isso que a hermenêutica dispensacional, a qual
consiste num método histórico-gramatical consistente – isto é, sem abandoná-lo
ao lidar com textos proféticos e relacionados à Eclesiologia e Escatologia – é a
melhor opção para quem deseja saber o que a Bíblia de fato está nos
comunicando, e não o que a tradição dos homens quer que sigamos.
52
CAPÍTULO 2
FIM DOS TEMPOS
53
ORDEM CRONOLÓGICA DOS
ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS
Muitas pessoas têm ficado confusas acerca dos eventos finais da humanidade que
a Bíblia nos apresenta. Essas pessoas estão soltas e perdidas, como ovelhas
desgarradas que não possuem um Pastor, acreditando e criando, por si mesmas,
estórias mirabolantes sobre o “fim dos tempos”, sobre o Anticristo e
especialmente sobre o número da besta (666). Os filmes hollywoodianos, a mídia
sensacionalista e as teorias conspiratórias são o combustível para a criação de
teorias ainda mais absurdas nas mentes menos favorecidas. O YouTube está
repleto dessas teorias e, por falta de uma orientação teológica séria e responsável,
essas pessoas acreditam em tudo que veem. Vivem assustadas, amedrontadas e
acabam ficando alienadas com tanta fantasia que circunda suas cabeças.
De algumas décadas para cá, temos visto como a falta de conhecimento de Deus
e o avanço tecnológico tornam a vinda de Cristo mais próxima do que nunca.
Todavia, isso não deveria ser uma surpresa para um cristão. É óbvio que estamos
diante dos últimos tempos, pois Jesus e os apóstolos já dizem isso há mais de
dois mil anos. A questão que gera confusão, principalmente entre os "teoristas da
conspiração" e adeptos da herética Teologia do Pacto, é que as instruções dadas à
Igreja no evangelho da graça (epístolas dos apóstolos) são para os cristãos
esperarem pelo ARREBATAMENTO DA IGREJA, que ocorrerá bem antes da
manifestação do Anticristo e da “Tribulação” (conhecida como Septuagésima
Semana de Daniel), como será mostrado aqui.
Devido ao engano de Satanás e de “doutores” que deviam ter estudado a Bíblia
por mais tempo ao invés de ensiná-la, muitos têm deixado de lado o estudo
saudável dos acontecimentos proféticos. E isso é uma realidade muito triste, visto
que a Escritura está repleta de ensinos que poderiam libertar as pessoas de muitas
dúvidas cruéis.
Para facilitar o entendimento dos que de fato desejam aprender a ordem dos
acontecimentos proféticos, resolvi tecer aqui um resumo que desfará o nó da
cabeça de muitos.
Em primeiro lugar, acontecerá o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17). Esse evento
é iminente, ou seja, está para acontecer a qualquer momento. Entretanto, no
54
arrebatamento Jesus não desce à terra, mas “vem nos ares” e arrebata para Si
todos os “salvos desde o princípio do mundo”. Nesse dia, os que estiverem
mortos ressuscitarão antes, e os que estiverem vivos serão transformados e
subirão para o céu juntamente com os ressuscitados. Com isso, ficarão na terra
dois grupos de indivíduos: 1) Aqueles que ouviram o evangelho e não creram; 2)
Os que não ouviram o evangelho e não tiveram a oportunidade de estarem entre
os salvos.
Vale ressaltar que não haverá uma segunda chance para os que ouviram e não
creram. Esses indivíduos continuarão incrédulos porque Deus os fará crer na
mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (1Ts
2.7-12). Já aqueles que nunca ouviram, tanto judeus como gentios, poderão ainda
se converter na Tribulação que durará sete anos na terra.
Outra coisa importante que deve ser ressaltada é que somente os salvos são
ressuscitados para o arrebatamento. Os perdidos só serão ressuscitados após o
Milênio para serem julgados. Ou seja, há um intervalo de mil anos entre a
ressurreição dos mortos salvos e a dos mortos condenados.
Em segundo lugar, ao fim da Tribulação de sete anos, os salvos arrebatados
descerão com Cristo para julgar as nações. Essa é a segunda vinda de Cristo,
descrita em Mt 24–25. Naquele momento, o Milênio terá iniciado – Será o Reino
de mil anos de Cristo sobre a terra. Digno de nota é que os santos arrebatados não
serão súditos na terra durante o Milênio, mas reinarão juntamente com Cristo
sobre a terra (2Tm 2.12). Apenas os judeus e gentios que se converteram durante
a Tribulação é que serão súditos durante o Reinado de Cristo. Eles viverão como
pessoas comuns e não terão corpos glorificados como os santos arrebatados.
Por fim, virá o juízo final, conhecido como "Grande Trono Branco". Ali sim os
mortos em seus pecados recebem seus corpos de volta e são trazidos diante do
Senhor para receberem a sentença do castigo eterno. Os salvos NÃO participam
desse ato judicial, pois foram salvos para sempre antes de tudo isso. Quem
chegar diante do "Grande Trono Branco" com um pecado sequer já estará
condenado. A passagem abaixo deixa claro que aquele que crê em Cristo não
entra em juízo ou julgamento: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida." (Jo 5.24).
As expressões "Ouve", "crê", "tem", "não entra em juízo" e "passou da morte
para a vida", no momento em que creu, são expressões muito claras nesse
sentido. Todo aquele que creu em Cristo tem o Espírito Santo habitando em si
como garantia de sua salvação. Jesus fez uma promessa aos escolhidos, e essa
promessa é indissolúvel: O Espírito Santo nunca deixará o crente. Portanto,
55
pessoas convertidas, habitadas pelo Espírito Santo, NÃO comparecerão jamais
diante do "Grande Trono Branco" para serem julgadas (conferir Jo 14.16, Ef.
1.13).
Todavia, haverá sim uma escala de condenação, pois o Senhor Jesus nos ensinou
isso quando disse que haveria maior juízo para uma cidade do que para outra, ou
quando falou dos religiosos de sua época, alertando os discípulos: "Guardai-vos
dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as
saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros
lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar,
fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo." (Lc 20.46-47).
Essa condenação é eterna, pois assim o Senhor a chama: "E irão estes para
o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna." (Mt 25.46). Se
duvidarmos que a condenação é eterna teremos de duvidar também de que a
vida seja eterna. O Senhor avisou de forma clara que o fogo "nunca" se apaga.
Da mesma forma, Ele consolou os Seus escolhidos dizendo
que "nunca" pereceriam nem seriam arrebatados de Sua mão."Onde o seu
bicho não morre, e o fogo nunca se apaga." (Mc 9.44). "E dou-lhes a vida
eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão." (Jo
10.28).
57
OS SALVOS PARTICIPAM DO JULGAMENTO
FINAL?
Não, os salvos não participam do julgamento final. É impossível ser mais claro
do que João 5.24. Segue abaixo as diferentes versões para que o leitor possa
comparar e testificar (LITV e YLT são traduções literais do grego para o inglês):
(ACF) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(ARC) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Biblia) Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Darby) Verily, verily, I say unto you, that he that hears my word, and believes
him that has sent me, has life eternal, and does not come into judgment, but is
passed out of death into life.
(KJV) Verily, verily, I say unto you, He that heareth my word, and believeth on
him that sent me, hath everlasting life, and shall not come into condemnation;
but is passed from death unto life.
(LITV) Truly, truly, I say to you, The one who hears My Word, and believes the
One who has sent Me, has everlasting life, and does not come into judgment, but
has passed out of death into life.
(NVI) "Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a
vida.
(PJFA) Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da
morte para a vida.
(YLT) `Verily, verily, I say to you--He who is hearing my word, and is believing
Him who sent me, hath life age-during, and to judgment he doth not come, but
hath passed out of the death to the life.
58
Atente-se para os tempos dos verbos, os quais revelam uma transformação
imutável na posição do pecador salvo: “ouve”, “crê”, “TEM”, “ENTRARÁ”,
“PASSOU”. A passagem NÃO diz que o salvo “terá” vida eterna, mas que tem a
vida eterna no momento em que crê, o que significa um direito adquirido por
graça, e tão somente pela graça.
Há diferentes tipos de juízo que você encontra na Bíblia, mas é importante
distinguir cada um deles. Na ordem dos eventos proféticos, primeiro vem o
arrebatamento da Igreja (os salvos) e dos que morreram em Cristo.
Para estes não há julgamento ou condenação, pois Cristo pagou o preço de sua
redenção. Nas palavras de Mario Persona, “Deus seria tão injusto de julgar um
crente quanto um juiz humano seria injusto de julgar alguém por um crime que
outro confessou e pagou a pena. Cristo confessou nossos pecados (levou sobre si)
e pagou a pena”.
60
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O
ARREBATAMENTO OCORRE ANTES DA
TRIBULAÇÃO
61
2. A IGREJA NÃO É MENCIONADA EM NENHUM LUGAR DE
APOCALIPSE QUANDO O ASSUNTO NÃO SE REFERE A ELA
Do capítulo 6 ao 18 de Apocalipse, a Igreja não é mencionada. O termo comum
no Novo Testamento para “Igreja” é ekklēsia. Esse termo é usado dezenove vezes
em Apocalipse 1–3 com relação à igreja histórica do primeiro século. A palavra
“Igreja” aparece apenas mais uma vez no epílogo do livro (Apocalipse 22.16).
Em parte alguma de Apocalipse 6–18 é mencionada a “Igreja.” Isso é tão
significativo que fica difícil imaginar como alguém é capaz de não se perguntar
por que isso acontece durante esses capítulos de Apocalipse. É improvável que o
apóstolo João passasse de instruções detalhadas para a Igreja em Apocalipse 1–3
para um absoluto silêncio sobre a Igreja por treze capítulos se a Igreja estivesse
na Tribulação. Se a Igreja fosse experimentar a Tribulação, certamente teríamos
em mãos o mais detalhado estudo de eventos da tribulação com a Igreja incluída
nesse período. Mas o fato é que João não inclui a Igreja nesse contexto. A total
ausência da “Igreja” na terra durante os eventos de Apocalipse 6–18 explica
perfeitamente o porquê de um arrebatamento.
62
crentes já teriam um corpo glorificado naquele tempo, enquanto as Escrituras
indicam claramente que os descrentes vivos serão julgados no final da Tribulação
e removidos da terra para serem julgados (Mt 13.41-42; 25.41). Essas realidades
não se enquadram com o ensino bíblico de que crentes teriam filhos durante os
mil anos de reinado de Cristo e que eles serão capazes de cometer pecado e
rebelião (Is 65.20; cf. Ap 20.7-10).
Se você, caro leitor, acha que já viu incoerência demais nas crendices da
Teologia do Pacto, prepare-se para esta: O paradigma “pós-tribulacionista” da
igreja sendo arrebatada e imediatamente trazida de volta à terra não deixa tempo
para o Tribunal de Cristo (1Co 3.10-15; 2Co 5.10) ou para as bodas (Ap 19.6-
10). Lembre-se que não devemos confundir o Tribunal de Cristo com o Grande
Trono Branco (Conferir artigo anterior – “Os salvos participam do julgamento
final?”). Assim, a cronologia de um arrebatamento durante ou após a tribulação
não faz qualquer sentido. Tal pensamento não possui resquício de lógica. Essa
teoria é estapafúrdia e incongruente com o julgamento das nações, dos bodes e
ovelhas e dos dois eventos críticos do fim dos tempos. O ensino claro das
Escrituras sobre o arrebatamento acontecendo antes da Tribulação evita
todas essas dificuldades de interpretação.
64
“Não se turbe o vosso coração” (João 14.1). “Consolai-vos, pois, uns aos outros
com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4.18).
Jesus explica claramente aos discípulos que Ele estava indo para a Casa do Pai
(o céu) preparar lugar para eles, e que retornaria para os receber, para que eles
pudessem estar onde Ele está agora (João 14:1-3). A frase “onde Eu estou”,
embora implicando presença contínua no geral, aqui significa presença no céu
em particular. Veja bem: Em João 3.34, Jesus se dirige aos fariseus dizendo:
“Para onde Eu vou, vós não podeis ir”. Perceba que Jesus, ao falar com os
fariseus a esse respeito, não estava falando de sua presente morada na terra, mas
de Sua ressurreta presença à destra do Pai. Em João 14.1-3, “Onde eu estou”
significa “no céu”.
Se o arrebatamento fosse depois da Tribulação, os santos teriam que se encontrar
com Cristo nos ares e descer imediatamente à terra, sem experimentar a promessa
feita por Jesus em João 14. Sabemos que João 14 se refere ao arrebatamento e
não faz qualquer referência a juízo. Somente o entendimento bíblico de que o
arrebatamento ocorre como Jesus prometeu – ou seja, antes da Tribulação
vindoura – nos permite ver a coerência da linguagem de João 14.1-3; e somente
esse posicionamento bíblico permite que entendamos o fato de que os santos
arrebatados habitarão com Jesus por um tempo significativo na Casa de Seu Pai
(o céu).
65
4. No arrebatamento há a ressurreição dos mortos que estão em Cristo para que
sejam arrebatados juntos com os vivos (1Ts 4.15-16). Mas, na segunda vinda,
nenhuma ressurreição acontece com a descida de Cristo. Nada é mencionado na
Bíblia a respeito de ressurreição na segunda vinda de Cristo.
5. No arrebatamento, os crentes são tirados da terra (1Ts 4.15-17). Todavia, na
segunda vinda, os descrentes é que são removidos da terra (Mt 24.37-41).
6. No arrebatamento, os descrentes permanecem na terra (1Ts 4.15-17). Porém,
na segunda vinda, os crentes é que permanecem na terra (Mt 25.34).
7. No arrebatamento não existe menção alguma sobre o reino de Cristo na terra.
Todavia, na segunda vinda, a Bíblia é clara ao dizer que o reino de Cristo na terra
será estabelecido (Mt 25.34).
8. No arrebatamento, os crentes receberão corpos glorificados (1Co 15.51-57). Já
na segunda vinda, nenhum vivo receberá um corpo glorificado.
66
TABELA DE PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE O
ARREBATAMENTO E SOBRE A SEGUNDA VINDA
67
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE
“APOSTASIA” EM 2 TESSALONICENSES 2.3
Grande parte dos cristãos professos costuma pensar que antes do arrebatamento
ocorrer e os crentes se reunirem a Jesus nos ares será necessário que ocorra uma
grande rebelião de cristãos professos contra o evangelho. Tal crença é baseada
em 2 Tessalonicenses 2.3, que diz: "Ninguém de modo algum vos engane; porque
isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem
do pecado, o filho da perdição".
Todavia, a palavra "apostasia" nunca foi traduzida nas bíblias antigas no sentido
de "abandono da fé". Somente com o advento da Bíblia King James é que esse
sentido passou a ser adotado por muitos crentes, sem que eles soubessem que não
há razão alguma para aplicar esse sentido ao termo “apostasia”. Infelizmente,
porém, a bíblia King James Version teve uma influência tão grande que até
mesmo os léxicos do Novo Testamento passaram a definir "apostasia" como
mero "abandono da fé".
A verdade, contudo, é que a palavra "apostasia" significa apenas "Partida". Ou
seja, somente o contexto de uma determinada passagem pode definir se o termo
“apostasia” se trata de uma partida em que uma pessoa abandona algo bom ou
algo ruim. Assim, a ideia de que a "partida" citada em 2 Tessalonicenses 2.3
signifique “abandono da fé” resulta de um trabalho de dedução e não de tradução.
Em contraste com o entendimento negativo de que o termo signifique somente
“abandono da fé”, está o fato de que a hermenêutica nos mostra que o verbo que
está na raiz da palavra "apostasia" é aphistemi, que ocorre quinze vezes no Novo
Testamento e significa simplesmente "partir" (ou “ir embora”). Temos exemplos
disso em Lucas 2.37, 4.13 e em Atos 12.10, versículos que retratam a ação de ir
embora, partir ou deixar um lugar ou alguém.
Portanto, em 2 Tessalonicenses 2.3 podemos constatar com veemência que Paulo
está lembrando os crentes de Tessalônica que a Segunda Vinda do Senhor não
ocorrerá sem que antes ocorra a "partida", isto é, o arrebatamento da igreja, o que
ocorrerá bem antes da segunda vinda de Jesus para reinar na terra. Tudo isso
confirma a posição dispensacional da Bíblia.
O artigo definido acoplado ao termo "apostasia" no texto em pauta aponta para o
fato de que a partida de que Paulo falava era algo com que os tessalonicenses já
estavam familiarizados. Do mesmo modo, a menção da "nossa reunião com Ele"
68
no verso 1 cria um contexto em que a noção de "partida" da Igreja se encaixa
melhor ao assunto tratado do que a ideia de "abandono da fé".
Portanto, o sentido de “Apostasia” em 2 Tessalonicenses 2.3 está relacionado à
nossa partida para o céu, quando o Senhor Jesus vier nos ares para nos arrebatar
antes que ocorra a tribulação sobre a terra. Mais um ponto para a visão
dispensacional das Escrituras.
COMO SERÁ A
SEGUNDA VINDA DE JESUS?
“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém”
(Apocalipse 1.7).
A parte do versículo que mais gera discussão é: “todo olho o verá, até os mesmos
que o traspassaram”. Isso acontece porque muitos ainda não compreendem que
“todo o olho o verá” não significa que isso acontecerá tudo de uma só vez. Isso
não acontecerá de forma simultânea, mas progressiva. A Bíblia diz que Jesus virá
com as nuvens do céu, exatamente como os discípulos o viram subir quando
estavam no Monte das Oliveiras. Todavia, esse processo será gradual e pouco a
pouco as pessoas comparecerão ao evento de Sua presença na terra – mais
precisamente no Monte das Oliveiras, que é de onde Ele subiu para o céu da
primeira vez, e isso será explicado mais à frente.
Em Mateus 25 constatamos que esse evento é chamado de Julgamento das
Nações devido ao modo como elas se comportaram em relação aos seus
“pequenos irmãos”, os judeus. O panorama completo da profecia da Segunda
Vinda nos mostra que diferentes juízos irão cair em diferentes partes do mundo
naquele momento: Primeiro Jesus irá tratar, de forma privativa, com o Seu povo
Israel – os judeus –, representados pelas duas tribos: Judá e Benjamim.
A Bíblia nos fornece uma figura disso na maneira como José, um tipo de Cristo
no Reino, se revelou a seus irmãos. “Então José não se podia conter diante de
todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e
ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos” (Gênesis
45.1). Da primeira vez, Cristo “veio para o que era seu (os judeus), e os seus não
69
o receberam” (João 1.11), e só depois disso Ele passou a tratar com as demais
nações do mundo. Da mesma maneira isso acontecerá em Sua Segunda Vinda.
Primeiro Ele tratará com o Seu povo Israel e, em segundo lugar, com os pagãos.
A dificuldade com a interpretação desse evento começa quando as pessoas
associam o versículo de Apocalipse 1.7 a uma outra passagem de Mateus 24, a
qual parece falar de uma “manifestação gloriosa”, como aquelas que os artistas
costumam pintar em quadros ou as imagens que são publicadas em revistas de
seitas como “Testemunhas de Jeová” e “Adventismo do Sétimo Dia”. Nessas
imagens mirabolantes há multidões olhando para uma imagem de Jesus descendo
das nuvens abertas e cercado de raios de luz e anjos tocando trombetas.
Obviamente, pessoas que passaram a vida sendo condicionadas a verem essas
imagens como legítimas acabam achando que, para o mundo inteiro enxergar a
Segunda Vinda de Jesus, a terra teria de ser plana e não esférica, ou com
transmissão global de TV via satélite, o que condicionaria a vinda de Cristo à
invenção da TV, satélites, repórteres etc.
À parte dessas questões inventadas pelo misticismo moderno, vamos à passagem:
“Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele
está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do
oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias... Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder
e grande glória” (Mateus 24.28-30).
Esta passagem começa falando dos falsos anúncios da volta de Cristo que
poderão confundir o remanescente judeu fiel que irá se converter nos períodos
mais difíceis da Grande Tribulação. Neste capítulo 24 de Mateus a Igreja já terá
sido arrebatada ao céu anos antes, e, se você não entende o arrebatamento ou as
diferentes dispensações das Escrituras, terá de aprender isso, pois são coisas
fundamentais para se compreender a profecia bíblica. As palavras “relâmpago”,
“ocidente” e “oriente” significam que a vinda de Jesus será inquestionável,
porém, com foco no juízo que Ele traz consigo. O “relâmpago” nos fala de um
juízo rápido. Quando um raio cai sobre uma árvore, ela é queimada
imediatamente. Águias ou aves de rapina têm o mesmo sentido de juízo rápido
sobre os cadáveres — homens com aparência de que vivem, mas que estão
mortos espiritualmente. Em suma, a volta de Cristo para julgar as nações será
inequívoca, e seu juízo rápido como um raio do qual ninguém escapará.
70
ONDE E COMO JESUS VIRÁ EM SUA SEGUNDA VINDA?
Para saber onde e como Ele virá em Sua Segunda Vinda após a Tribulação de
sete anos, é preciso consultar a Bíblia para ver de onde e como Ele partiu ao
despedir-se dos discípulos no Jardim das Oliveiras após Sua ressurreição.
“E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu,
enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de
branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o
céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim
como para o céu o vistes ir. Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado
das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um
sábado” (Atos 1.9-12).
Se Atos 1.9-12 fala da subida de Jesus, Zacarias 14.4 fala da descida:
“E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está
defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade
do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul” (Zacarias
14.4).
Aqui será o momento do encontro com “a casa de Davi”, enquanto as outras
tribos ainda estarão para ser recolhidas pelos anjos. Jesus será visto,
primeiramente, por aqueles que o pregaram na cruz. Essas pessoas não serão as
mesmas de sua época na terra, mas serão os descendentes daqueles que há dois
mil anos disseram: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mateus
27.25).
Em Zacarias 12.10, onde se encontra uma das profecias da Segunda Vinda de
Jesus, vemos mais detalhes desse encontro: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre
os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e
olharão para mim, a quem traspassaram; e prantea-lo-ão sobre ele, como quem
pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito” (Zacarias 12.10).
Diante dos fatos expostos, vemos como é importante conhecer as dispensações
da Bíblia, o arrebatamento da Igreja e o panorama de toda a profecia para
entender a segunda vinda de Jesus para reinar sobre a terra, o que só irá ocorrer
após a Tribulação de sete anos na terra (Septuagésima Semana de Daniel). Se não
tivermos um entendimento claro dessas dispensações, podemos ser enganados
pela visão reducionista das seitas religiosas normalmente propagada pelo
denominacionalismo católico e evangélico. Muitas dessas religiões nem mesmo
71
conseguem distinguir a diferença entre o arrebatamento da Igreja e a segunda
vinda de Jesus. A manifestação de Cristo para restabelecer o Seu reino em Sua
segunda vinda acontecerá no mínimo sete anos após o arrebatamento. Durante
esse intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda haverá a Tribulação e a
Grande Tribulação. Como já fora dito, a manifestação de Cristo na terra tem uma
sequência que começa com Sua aparição em particular aos judeus, levando-os a
sair pela terra para dar a boa notícia de que Cristo, o Rei de Israel, voltou.
A propósito, é disso que fala a passagem de Isaías 52.6-8, a qual temos o
costume de usar como exemplo de evangelização. No entanto, sua aplicação
primária é profética. Vejamos:
“Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu
mesmo o que falo: Eis-me aqui. Quão formosos são, sobre os montes, os pés do
que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz
ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina! Eis a voz dos teus
atalaias. Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão,
quando o Senhor fizer Sião voltar” (Isaías 52.6-8).
72
O NÚMERO 666 EM APOCALIPSE
Em geral, os números contidos em Apocalipse são literais. Dos vários números
descritos em Apocalipse, somente dois são usados de forma simbólica: “sete
espíritos” em Apocalipse 1.4 e “666” em Apocalipse 13.18. A respeito do
número 666, muitos já tentaram decifrá-lo, fazendo contas mirabolantes e
chegando a identificar os papas católicos como sendo a besta. Todavia, isso é
dizer o que a Bíblia nunca disse e, portanto, trata-se de uma forma irreverente e
perigosa de se interpretar a Bíblia. De fato, a Bíblia nos mostra que a besta tem
poder eclesiástico. Porém, em Apocalipse 17.16 vemos que não somente Roma,
como também a grande meretriz, a Babilônia, que é a cristandade professa num
todo, será desolada pelos dez chifres da besta.
Em geral, a cristandade professa inclui todo o “sistema cristão” criado por
homens, o qual estará, naquele tempo, unificado sob a influência de Roma.
Todavia, os verdadeiros crentes, até mesmo aqueles que neste momento
pertencem a tais sistemas, serão arrebatados por Cristo antes da revelação da
besta, pois mesmo na ignorância eclesiástica e debaixo de tanta confusão eles
creem no verdadeiro evangelho e não se conformam com muita coisa que
acontece no sistema religioso.
Naquele tempo – que não está longe de acontecer – ficarão aqui na terra apenas
as organizações chamadas “cristãs”, com seus membros que não tiverem sido
renascidos, os quais continuarão a celebrar seus cultos e ofícios religiosos, se
unindo cada vez mais em uma grande e fraterna irmandade ecumênica, até darem
as boas-vindas à besta.
O número 666 significa número de homem. Na Bíblia, o número 7 significa algo
espiritualmente completo e costuma estar relacionado ao bem e à perfeição. (Nm
8.2, Lv 4.6,17; 8.11; Ap 1.4). Todavia, o número 6 significa imperfeição ou algo
incompleto, pois não chega a ser sete. O número 3 é algo completo em seu
testemunho, assim como Deus é completo sendo uma Trindade – Pai, Filho e
Espírito Santo – mesmo sendo um só Deus.
Sendo assim, o número 6 repetido três vezes pode ser identificado como a
completa imperfeição. A Bíblia nos mostra que Satanás irá querer imitar a
Trindade divina por meio de sua própria atuação, da besta e do falso profeta.
Com isso, podemos concluir que 666 representa a imperfeição elevada ao seu
grau máximo. Pode até ser que o número em si tenha um significado mais
particular, identificando um determinado homem. No entanto, todas essas coisas
73
são apenas suposições e nós não devemos nos esquecer do fato de que o número
666 em Apocalipse não são três números “6”, como se significasse “seis, seis,
seis” ou “meia, meia, meia”, como muitos pensam. Na Bíblia, esse número é
inteiro: “Seiscentos e sessenta e seis”.
Todavia, para nós cristãos, todo esse trabalho em ficar tentando desvendar o
significado do “666” de Apocalipse é inútil, pois o iníquo só será revelado após o
arrebatamento da Igreja. Ou seja, é infrutífero ficar tentando associar o número
666 a algum homem.
Do mesmo modo que teria sido impossível para um israelita do Antigo
Testamento discernir a Igreja, a qual só seria revelada a Paulo em seu ministério
e, em seguida, aos outros apóstolos e profetas do NT (Ef 3.5), é impossível para
nós, a Igreja, ficar tentando desvendar algo que não diz respeito a nós. A Igreja
não foi discernida por ninguém dentre os santos de Deus antes de sua formação
no dia de Pentecostes. Portanto, tentar discernir algo que só irá interessar o
remanescente judeu fiel após o arrebatamento – durante a Tribulação de sete anos
– não é exatamente o que Deus deseja por parte daqueles que hoje fazem parte do
Corpo de Cristo – a Igreja. O remanescente judeu, o qual irá se converter durante
a Tribulação após o arrebatamento da Igreja, terá subsídios suficientes para
discernir a identidade do homem ao qual o número 666 está relacionado.
75
CAPÍTULO 3
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO
76
nada mais do que “agir livre de qualquer influência”, seja ela boa ou má.
Todavia, o propósito deste livro é provar, sob a base da Escritura, que o homem
não tem livre arbítrio a partir do momento em que ele já nasce escravo do seu
próprio pecado (Sl 51.5). Isso não significa que o homem não faça suas escolhas,
mas que todas as suas escolhas partem de uma influência interna ou externa. Ou
seja, este capítulo objetiva provar, predominantemente, que o homem perdido é
incapaz de se salvar e que o homem salvo é incapaz de se perder. A segurança da
salvação, em Cristo Jesus, é confirmada na Bíblia. Como isso será provado? A
resposta é simples: por meio da Escritura Sagrada.
Quando o pecado entrou no mundo, o homem ganhou o conhecimento do bem e
do mal, mas não lhe foi dado poder para fazer o bem por conta própria ou para
evitar o mal. A Bíblia nos ensina isso através do Espírito Santo, dizendo: "Todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem
um sequer" (Romanos 3.12). É aqui que todo leitor interessado no assunto
deveria começar: na doutrina da Depravação Total do homem, em Romanos 3.
Pois é aqui que é provado que o homem não pode fazer o bem por si mesmo, pois
ele é corrompido em todas as suas faculdades. Qualquer boa obra que ele faça,
isso veio do alto, isto é, de Deus.
No entanto, a palavra "bem" na passagem que acabamos de ver não se refere a
um “bem” aos olhos humanos, mas ao que é bom aos olhos de Deus. No que diz
respeito às obras do homem caído, o mesmo capítulo de Romanos continua
dizendo: "A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano,
veneno de víbora está nos seus lábios; a boca, eles a têm cheia de rapina e
maldade; seus pés são velozes para derramar sangue; nos seus caminhos há
destruição e morte; e desconheceram o caminho da paz" (Romanos 3:13-17).
Veja o que Deus fala a respeito das nossas próprias obras de justiça:
"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da
imundícia" (Isaías 64.6). No texto original, a expressão "trapo da
imundícia" é "pano de menstruação". Ou seja, se você considerar o fato de que
Deus coloca nossas justiças no mesmo nível de um absorvente higiênico usado,
vai perceber que não existe nem reciclagem para nossas boas obras.
A respeito disso, Mario Persona comenta:
“Se ‘fazer o bem’ fosse escolher sorvete de coco, eu nunca faria o bem porque
escolho o que considero melhor para mim, não para o dono da sorveteria. Um
religioso acredita fazer o bem, mas se ele não é convertido a Cristo está apenas
fazendo de conta, porque, no final, está mesmo escolhendo fazer aquilo que acha
melhor para si mesmo. Pense nas pessoas “caridosas” que fazem boas obras
visando eliminar o próprio carma ou pecado e você irá entender o que estou
77
dizendo. Para elas o sofrimento alheio é um grande negócio se a boa ação de
amenizá-lo valer milhas na viagem para o Paraíso. Erradicar a miséria e o
sofrimento seria péssimo, porque aí o religioso só poderia se livrar do próprio
carma sofrendo horrivelmente”.
As boas obras são fruto da salvação, e não um pré-requisito para ser salvo. Essas
boas obras vêm acompanhadas de uma fé única em Jesus Cristo e especialmente
de conhecimento de Deus. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas." (Ef 2:8-10).
Ou seja, somos salvos “para” as boas obras e não “pelas” boas obras. Só o que
já fora dito aqui já prova que o livre arbítrio é uma ilusão ensinada na maioria das
ditas igrejas evangélicas e no catolicismo romano. Tudo que a doutrina do livre
arbítrio – também conhecida como Arminianismo - ensina não passa de mera
filosofia humana.
Mas alguém poderá perguntar: “E quando a Bíblia fala das boas obras como uma
das marcas do cristão? Quer dizer que o homem de Deus não faz o bem?”. Em
Atos 10 é dito que Cornélio era um homem "piedoso e temente a Deus, com toda
a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a
Deus" (Atos 10.2), e suas esmolas e orações eram aceitas por Deus. Como pode
ter sido assim? Parece ser uma contradição com o que é dito em Romanos 3,
onde Paulo escreve com todas as letras: "Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a
Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só" (Romanos 3.10-12).
À primeira vista isso pode parecer uma contradição, pois em Romanos 3 Paulo
está falando do homem natural, o qual ainda vive em sua natureza adâmica e não
se converteu a Cristo em sua consciência, como é dito em Efésios 2.2-3:
"...andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do
ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos
nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade
da carne e dos pensamentos; e éramos POR NATUREZA filhos da ira, como os
outros também".
O texto sagrado está claramente dizendo que ou somos escravos do pecado ou
somos escravos de Cristo. Essa conclusão já seria o suficiente para concluirmos
o assunto.
78
Cornélio era um gentio convertido ao Judaísmo, isto é, um prosélito. E isso
também o mantinha muito próximo da Palavra de Deus. A palavra "água" no
capítulo 3 de João foi aplicada pelo Espírito Santo (o "vento" de João 3) a
Cornélio para que ele nascesse de novo, por meio da conversão a Jesus Cristo.
Por meio da "água" da Palavra e do "Espírito", Deus havia deixado Cornélio
pronto para ouvir o claro evangelho de que Cristo morreu, ressuscitou e voltará.
Pedro pregou a Cornélio em Atos 10.38-44, e então ele creu no evangelho da
graça e foi selado com o Espírito Santo.
Agora note algo interessante: somente quando o evangelho da graça é pregado e
recebido em sua clareza, é que o Espírito Santo sela a pessoa que crê:
"A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus
Cristo (este é o Senhor de todos); esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a
Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo que João pregou; como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele. E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judeia
como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro. A este
ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse, não a todo o povo,
mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos
juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos. E nos mandou
pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos
vivos e dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que
nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome. E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre
os gentios" (Atos 10.36-45).
O ser humano é uma criatura caída. Não existe no homem qualquer partícula de
sanidade e bondade que o leve a escolher fazer o bem ou a crer em Jesus Cristo.
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus” (João 3.3). O que Jesus quer dizer com isso? Certamente
Ele não está se referindo ao batismo com água, mas sim ao batismo com o
Espírito Santo, que é o que converte o homem. Quando Jesus disse "Necessário
vos é nascer de novo", ele não estava dando uma ordem do tipo "se esforce para
nascer", pois, se fosse assim, a própria expressão “nascer” já teria sido usada de
maneira errada. Afinal, quem de nós decidiu nascer ou fez qualquer esforço na
hora do parto? Você consegue imaginar o médico gritando para a futura mãe de
pernas abertas: "Vamos lá, Zezinho, força garoto! Você consegue! Coloque o
79
pezinho na parede do útero e empurre! Se quiser, jogo uma corda daí de dentro,
que você segura nela e eu puxo!". Não, não é assim que acontece o novo
nascimento ao qual Jesus se refere. Esse novo nascimento só pode ser operado
pelo Espírito de Deus para converter o homem de seus pecados e fazê-lo seguir a
Cristo pelo resto de Sua vida. Veja bem: Em nosso nascimento carnal, fomos a
parte mais passiva de todos os envolvidos. Nossos pais decidiram ter um filho,
nossa mãe passou nove meses cuidando de nossa gestação, e todo esforço, dor e
sangue derramado vieram dela, não de nós.
Assim é a salvação: uma obra exclusiva de Deus, sem nenhuma participação do
homem. Essa salvação teve início nos tempos eternos, passou pelo novo
nascimento e se consumou com o selo do Espírito Santo, sem qualquer
participação do homem.
Nenhum homem salvo pode resistir ao Espírito Santo: “As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna,
e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que
mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebata-las da mão de meu Pai.
Eu e o Pai somos um” (João 10.27-30). Da mesma maneira, nenhum homem
condenado pode se achegar a Deus, pois, por mais que ele às vezes tente se
arrepender de seus pecados, não há uma conversão genuína: “Porque bem sabeis
que, querendo ele [Esaú] ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque
não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”
(Hebreus 12.17).
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3.8).
Na passagem abaixo, em Efésios 1.3-14, passou-se uma eternidade até que
chegasse o momento em que uma ação vinda de nós — o crer em Cristo —
acontecesse. Mas essa ação parte primeiramente de Deus, que parte em nosso
resgate para nos ressuscitar e nos dar a vida eterna, pois estamos mortos em
nossos delitos e pecados. Deus nos elegeu, predestinou, providenciou a redenção
(sim, Ele providenciou a redenção antes de existir o homem), descobriu o
mistério da Sua vontade (não fomos nós os espertos que descobrimos por nós
mesmos), nos incluiu em sua herança, "segundo o conselho da Sua vontade", ou
seja, porque Ele quis, até chegarmos ao ponto em que ouvimos, cremos e Ele nos
selou com o Espírito Santo, garantindo assim a nossa salvação eterna e
irreversível, a qual ninguém pode nos tirar.
"Bendito O DEUS E PAI de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual NOS ABENÇOOU
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
NOS ELEGEU nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
80
irrepreensíveis diante dele em amor; E NOS PREDESTINOU para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
em quem TEMOS A REDENÇÃO pelo seu sangue, a remissão das ofensas,
segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a
sabedoria e prudência; DESCOBRINDO-NOS O MISTÉRIO DA SUA
VONTADE, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem
também FOMOS FEITOS HERANÇA, havendo sido PREDESTINADOS,
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo O CONSELHO
DA SUA VONTADE; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que
primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que
OUVISTES a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele
também CRIDO, FOSTES SELADOS COM O ESPÍRITO SANTO DA
PROMESSA. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão
adquirida, para louvor da sua glória" (Efésios 1.3-14).
81
4 - Não somente a Fé, mas todo o processo da salvação [fé, doutrina,
santificação, boas obras, justificação] é operado exclusivamente por Deus. O
homem não tem participação nenhuma em sua salvação (Filipenses 2.13). A
graça é um dom de Deus, e todo o processo da salvação é dom exclusivo de Deus
e não do homem. Portanto, suas obras não podem salvá-lo (Efésios 2.8,9). Ainda
assim, o homem é responsabilizado pelos seus atos e não pode se queixar
(Romanos 9.13-20; Atos 4.26-28).
5 - O homem [eleito] não é salvo "por causa" das boas obras, mas salvo "para" as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2.8-10).
6 - Toda a "boa obra" tem seus elementos bíblicos estabelecidos e não são
meramente atitudes humanistas de caridade. Estas boas obras são operadas pelo
Espírito Santo e não pelo homem (João 16.8 / João 14.16,17).
7 - As nossas próprias obras são vistas por Deus como “trapos da imundícia”.
Nossa própria justiça é como esterco perante Deus. Todos nós somos, por
natureza, como o imundo, e murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades
como um vento nos arrebatam (Isaías 64.6).
8 - Em nós mesmos, isto é, em nossa carne, não habita bem algum. Portanto, se o
homem for deixado a mercê de sua própria escolha, ele sempre escolherá o mal
(Romanos 7.15-25).
9 - O homem não é salvo porque creu em Jesus; ao contrário, o homem crê em
Jesus porque foi salvo (Atos 13.48).
10 - Do mesmo modo, o homem não escolhe a Cristo por si mesmo, mas Cristo é
quem o escolhe seletivamente. Estes homens, assim escolhidos, darão frutos
segundo a operação do Espírito Santo, que neles habitará por meio da intercessão
única de Cristo (João 15.16).
11 - Ninguém pode caminhar em direção a Cristo se o Pai não lhe trouxer até Ele
(João 6.44). O verbo grego "trouxer", na Bíblia, significa "arrastar", "puxar à
força", "tomar posse". Isso significa que quando Deus escolhe alguém Ele não
pergunta se aquele alguém o aceita como Deus ou não; ele simplesmente será
convertido porque Deus o fará se converter de seus maus caminhos. E estes
mesmos escolhidos serão preservados por Deus até o fim; e ainda que lhes seja
permitido pecar muitas vezes, contudo, o Senhor os disciplinará e os colocará de
volta em seu caminho (João 10.27-30).
12 - Deus preordenou a perdição eterna de muitos homens e anjos, que serão
lançados no fogo eterno por causa de seus pecados (Romanos 9.13-24). Embora
Deus tenha decretado sua condenação, tais homens e anjos estão indesculpáveis
diante de Deus, porquanto todos nascemos maus e merecemos o inferno
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(Romanos 3). E não somente isso, como Deus, em Sua soberania, enviará sobre
os ímpios o "espírito do engano", para que creiam na mentira, rejeitem a verdade
e sejam condenados (2 Tessalonicenses 2.11,12).
13 - Deus é Bom, Santo e Justo. Seus eternos decretos não interferem em Seu
caráter. O fato de Deus decretar o mal não o torna Mau. Deus a ninguém tenta,
mas conduz o homem à tentação de seu próprio coração (Tiago 1.13-15). Este
mesmo Deus também induz o homem para ser tentado por Satanás e testado por
meio disso, assim como o fez com Seu próprio Filho Jesus Cristo (Mateus 4.1).
"E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor;
e CRERAM todos quantos estavam ORDENADOS para a vida eterna" (Atos
13.48).
CRISTO DO ARMINIANISMO
VS.
CRISTO DA BÍBLIA
–– Arminianos e Calvinistas são irmãos na fé? ––
Antes de começar, devo lembrar o leitor de que quando falo de “Calvinismo Vs.
Arminianismo” eu estou me limitando ao seu sentido original e histórico, isto é,
apenas ao que diz respeito à doutrina da salvação (soteriologia) e como ela
funciona nos desígnios de Deus. Refiro-me ao Calvinismo tendo em vista
somente os Cinco Pontos do Calvinismo, e não a tradição conhecida como
“Reforma Protestante”, a qual engloba não somente a questão soteriológica,
como também traz conceitos denominacionais que não estão de acordo com a
Bíblia. Esses termos técnicos são inevitáveis para tratar do assunto
“Predestinação Vs. Livre Arbítrio”, e, portanto, é a única forma de ensinar ao
leitor como Deus predestina Seus santos escolhidos à salvação e os perdidos à
condenação.
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A LÓGICA NOS DIZ QUE ARMINIANOS E CALVINISTAS NÃO
SÃO IRMÃOS NA FÉ
Existe um princípio imutável chamado Lógica. Esse princípio tem me
acompanhado desde que conheci a Palavra de Deus, e tem sido meu escudo
contra o sincretismo e ecumenismo religioso até aqui. A Lógica é, por definição,
um gatilho bíblico que nos protege de proposições contraditórias e sofismas
religiosos. Em suma, a Lógica se trata do raciocínio que se pauta na dedução, e
este raciocínio é composto basicamente por duas premissas ou proposições
(maior e menor), a partir das quais se alcança uma conclusão. Por exemplo:
"Todos os homens são mortais. Frederico é homem. Logo, Frederico é mortal”.
Se eu mudar uma das duas premissas que concluem que Frederico é mortal, a
conclusão da mortalidade de Frederico estará errada. Ou seja, segundo a lógica,
para que se afirme que Frederico é mortal em conformidade com uma premissa
maior e menor, é obrigatoriamente necessário que (1) todos os homens sejam
mortais e que (2) Frederico seja homem. Conclusão: Frederico é mortal.
Uma premissa errada leva a conclusões obviamente errôneas. Não se pode
elaborar um silogismo básico e coerente quando as premissas de um determinado
conceito não coadunam com a conclusão final. E é por isso que hoje eu irei dar
uma breve explicação sobre a razão pela qual arminianos e calvinistas não são
irmãos na fé e jamais poderiam ser. Quando quero dar uma resposta rápida, eu
simplesmente digo que os arminianos servem a um deus estranho à Bíblia, e não
ao Deus das Escrituras. Simples assim! Mas, a mera afirmação da minha parte
não é o bastante para provar uma premissa e estabelecer uma conclusão. Isso é
típico de analfabetos funcionais quando querem provar alguma ideia por meio da
mera repetição de uma ideologia.
Portanto, tecerei abaixo dois princípios básicos, porém distintos, fáceis de se
entender. Minha intenção neste artigo é mostrar o quanto a Igreja necessita de
uma atenção urgente em relação ao “Jugo Desigual”, onde arminianos e
calvinistas têm andado de mãos dadas e se ajuntado numa perversão doutrinária
em massa, invalidando a Palavra de Deus e provocando danos irreversíveis à
ortodoxia cristã.
1. O CRISTO DO ARMINIANISMO
● O Cristo do Arminianismo ama a todas as pessoas do mundo e deseja que todas
elas sejam salvas.
84
● Ele pagou pelos pecados de todos os homens, sem exceção, e faz tudo que está
ao seu alcance a fim de convencer os ímpios a se converterem. Todavia, sua
oferta aos pecadores e seu poder de salvar são, na maioria das vezes, frustrados.
Por que? Porque a maioria dos ímpios dizem “Não” ao seu chamado e se negam
a vir até ele.
● Seu poder é limitado e seu sacrifício na cruz foi em vão, pois os pecadores
receberam desse "deus" um dom chamado “livre arbítrio”, com o qual o homem
decide, por si mesmo, ir ou não em direção a Cristo para se entregar a ele. O
“livre arbítrio” do homem não pode ser violado por Cristo e o homem é quem
decide se aceita ou não servir a ele.
● O Cristo do Arminianismo morreu na cruz por todo o mundo, isto é, por cada
indivíduo da humanidade, sem exceção. Com isso, ele estabeleceu a
possibilidade de salvação para todos, dando a oportunidade do homem escolher
ser salvo ou não pelo sangue derramado no madeiro. Sua morte na cruz não fora
suficiente para salvar os escolhidos de Deus. Seu sacrifício depende inteiramente
da escolha do homem em se converter de seus pecados ou não. Sendo assim,
muitos homens pelos quais Cristo morreu irão para o inferno.
● Esse Cristo débil, impotente e frustrado perde a muitos pelos quais ele morreu
e “salvou”, visto que os tais abandonam a “fé” por si mesmos. Deste modo,
quando Cristo os convence de que são verdadeiramente “salvos” e lhes implanta
a “certeza da salvação”, esta segurança não está alicerçada na vontade soberana
de Deus ou em Seu poder inesgotável, mas na escolha humana, quando o homem
aceita Jesus em seu coração (e haja apelos carismáticos para convencer um
pecador a “aceitar” esse falso cristo).
2. O CRISTO DA BÍBLIA
● Esse é o Cristo do Calvinismo (Pesquisar sobre os Cinco Pontos do
Calvinismo). Ele veementemente ama somente aos que lhe pertencem, os quais
Deus escolheu incondicionalmente para a vida eterna, antes mesmo da fundação
do mundo (Ef 1.4). Ele jamais sequer orou pelos réprobos e deixou isso muito
bem registrado (Jo 17.9), visto que o amor do Pai não recai, em nenhum nível ou
aspecto, sobre os que foram predestinados à perdição. Antes, Sua ira sobre os tais
permanece eternamente (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; Sl 92.5-7; Pv 3.33; Pv 24.16; Ml
1.2-4; Hc 1.13; Jo 17.9; Jo 3.36; 13.1; Rm 9.13; 1Pe 3.12; Ef 1.4,9,11; Rm 8.30;
2Tm 1.9; 1Ts 5.9; Rm 9.11-16; Ef. 1.19; 2.8-9; Jd 1).
● Deus, por meio do Espírito Santo, eficazmente chama os Seus eleitos de modo
que, por meio da vocação a eles concedida, não podem resistir por si mesmos e
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certamente se converterão. Antes que o mundo fosse criado, Deus escolheu e
predestinou os Seus à salvação. Ele não fez qualquer uma dessas escolhas com
base em Sua onisciência ou porque previu fé em tais homens, mas os escolheu
segundo o Seu eterno e imutável propósito, conforme Seu santo conselho e
beneplácito de Sua vontade, de acordo com Sua graça única [e não múltipla].
Esse Deus, o único Deus, não se baseou em nenhuma fé prevista ou em alguma
boa obra humana para salvar os Seus escolhidos, nem por qualquer outra
característica na criatura que pudesse movê-Lo como condição para salvá-los (Ef
1.4, 9, 11; Rm 8.30; 2Tm. 1.9; 1Ts, 5.9; Rm 9.11-16; Ef 1.19: e 2.8-9).
● Ele não somente ama Seus escolhidos incondicionalmente, como também os
“leva pela orelha”, não importando se eles querem ou não ser salvos. Ele os
preserva por meio da disciplina, de modo que nenhuma de Suas ovelhas podem
decair da graça que uma vez foi dada aos santos. Nenhuma de Suas ovelhas pode
se perder ou ser arrebatada de Suas mãos (Jo 10.28). Ainda que cometam
pecados no curso de suas vidas, tais escolhidos de Cristo serão preservados pelo
poder do Espírito Santo e perseverarão na genuína fé e doutrina até o fim. Pelo
eterno e mui livre propósito da Sua vontade, Deus preordenou todos os meios
conducentes a esse fim glorioso. Ou seja, os santos eleitos, tendo nascido
escravos do pecado de Adão, são remidos por Cristo e presenteados pela
verdadeira fé, por meio do Espírito e no devido tempo determinado por Deus. Por
esta razão, os santos escolhidos de Deus são justificados, adotados, santificados e
guardados por Cristo nesta fé imutável e eterna. Não há absolutamente ninguém
além dos eleitos que seja remido, chamado de forma eficaz, justificado nos céus,
adotado, santificado e glorificado por causa da salvação conquistada por Cristo
na cruz do calvário (1Pe 1.2; Ef 1.4 e 2.10; 2Ts 2.13; 1Ts. 5.9-10; Tt 2.14; Rm
8.30; Ef 1.5; 1Pe 1.5; Jo 6.64-65; 17.9; Rm 8.28; 1Jo 2.19).
● Contrariando radicalmente o falso Cristo do Arminianismo, o Cristo da Bíblia
soberanamente regenera o pecador eleito à margem de sua aceitação ou rejeição
temporária. Visto que, sem a regeneração espiritual, o pecador está morto
espiritualmente (Rm 3), o pecador jamais pode escolher a Cristo por si mesmo
(Jo 6.65). A fé não é uma contribuição do homem para sua salvação. A fé não
provém do coração do homem, mas é um dom recebido do alto. Não há nenhuma
participação do homem nesse processo salvífico. A salvação, bem como todos os
frutos que dela procedem, é uma dádiva exclusiva de Deus, não do homem (Jo
3.3; 6.44,65; 15.16; Rm 9.16; Ef 2.1,8-10; Fp 1.29; Hb 12.2).
● O Deus da Bíblia concede misericórdia a quem Ele quer e a recusa a quem Ele
quer. Cristo morreu somente pelos eleitos, conquistando eficazmente a salvação
para todos aqueles por quem Ele morreu. Sua morte foi uma satisfação vicária,
que poderosamente quitou a dívida de Seu povo eleito. Ele escolhe ou recusa Sua
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bondade como Lhe apraz, para a glória do Seu soberano poder sobre as suas
criaturas. Com isto, o restante dos homens foi predestinado à perdição eterna,
para louvor da gloriosa justiça de Deus, que não tem a obrigação de salvar
ninguém, mas o fez por pura graça. Sem a Sua graça, nenhum homem seria salvo
e todos caminhariam segundo sua própria inclinação para o mal (Rm 1.18-32; 3).
A justiça de Deus requer que Ele não contemple os réprobos e os lance no
inferno por causa de seus pecados (Mt 11.25-26; Rm 9.17-22; 2Tm. 2.20; Jd 1.4;
1Pe 2.8).
PREMISSA MAIOR
Um é o Cristo do Arminianismo e o outro é o Cristo da Bíblia. Um é falso e o
outro é verdadeiro. São dois cristos avaliados aqui, e ambos são completamente
opostos. Se você está assustado com isso, saiba que a Bíblia diz que existem
milhares deles (Mt 24.24; 1Co 8.5) e não somente dois ou três. Se, conforme
apresentado pelo artigo, os dois cristos são tão radicalmente distintos, um deles
tem de ser o verdadeiro: ou aquele que não possui sequer uma base bíblica sólida,
ou Aquele que testifica cada uma das passagens da Escritura Sagrada, as quais
foram aqui supracitadas.
PREMISSA MENOR
A Bíblia expressamente diz que não se pode servir e amar a dois senhores. A
Bíblia é enfática em dizer que você deve amar um e odiar o outro (Mt 6.24).
Você certamente pode ter dois amigos, dois irmãos, dois carros, dois hobbies e
até dois empregos. Mas a Escritura o proíbe categoricamente de servir a dois
cristos. Ou você ama e serve a um, ou você ama e serve a outro. A palavra
“Servo”, muitas vezes empregada de forma romantizada em nossas traduções
bíblicas, significa literalmente “Escravo”. Ou você é escravo do verdadeiro
Cristo ou é escravo do falso. A escravidão é absoluta e não permite sociedade
com outros senhores. A escravidão exige tudo aquilo que lhe pertence — todo o
seu tempo, toda a sua lealdade, todo o seu trabalho, todo o seu coração, toda a
sua alma. Os cristãos professos dos nossos dias insistem em acreditar que estão
servindo ao genuíno Cristo dando as mãos para os que servem ao falso cristo. E
não somente isto: Os que insistem em servir a dois cristos chamam os seguidores
do falso cristo de irmãos! O fato é que você pode até pensar que está sendo um
cristão agindo assim; você pode achar que ama a Jesus porque “vai à igreja”
regularmente e porque é apaixonado pelo evangelho que você criou com a sua
87
própria mente; mas a sua prostituição não será ignorada no dia do juízo, visto que
você pensa que pode andar com o Cristo da Bíblia e ter um pequeno caso com
outro cristo – o falso cristo.
A Diferença entre Calvinismo e Arminianismo é ainda mais profunda que se
pode parecer à primeira vista. Não é simplesmente questão de ênfase, mas de
conteúdo. O calvinista crê em um Deus que realmente salva; enquanto o
arminiano crê em um Deus que possibilita que o homem se salve. O calvinista
crê em um Deus Pai que elege de fato; o arminiano crê em um Deus Pai que
apenas ratifica a eleição que os homens farão sobre si mesmos. O calvinista crê
em um Redentor que objetivamente redime pecadores; o arminiano crê em um
redentor em potencial, que apenas viabiliza a redenção dos salvos. O calvinista
crê em um Espírito Santo que chama soberana e eficazmente indivíduos; o
arminiano crê em um Espírito Santo que apenas “persuade moralmente”, mas que
pode ser resistido. O lema do calvinista é: “Seja feita a Tua vontade”. O lema
central da seita arminiana é: "Levante-se e caminhe comigo, ó Criador; vou lhe
mostrar o que eu quero".
CONCLUSÃO LÓGICA
Arminianos e calvinistas não são irmãos. Jamais o poderiam ser. Eles não
possuem a mesma fé. Eles não servem ao mesmo Cristo. Não há qualquer
vínculo entre o Cristo da seita arminiana e o Cristo da Bíblia. Eu poderia falar
sobre o cristo do Catolicismo Romano, do Espiritismo e de muitos outros
milhares de cristos espalhados pelo mundo religioso. Todavia, não há, no atual
século, um falso cristo que tenha enganado tanta gente como o cristo do
arminianismo, com seu evangelho ardiloso e sagaz. Tenho plena convicção e
afirmo com propriedade que, sem explanações como essas do artigo, a maioria
das pessoas passaria a vida inteira sem notar a diferença entre um Cristo e outro.
Tudo isso é resultado do sincretismo e ecumenismo religiosos que reinam
soberanos em todo o mundo, em especial nas seitas denominacionais, onde o
intento é adquirir membros para encherem seus templos luxuosos e cheios de
adornos judaicos.
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
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consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).
Essa passagem se aplica – veementemente – a membros de seitas arminianas. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma seita arminiana ou
pentecostal estão unidos em um compromisso oficial e em uma aliança com seus
membros “irmãos”. Muitos de seus membros/irmãos não dão nenhuma evidência
de terem nascido de novo. Eles podem acreditar em um “Deus Soberano”, mas
qual o amor que eles têm pela soberania exaustiva de Deus? Qual é a sua relação
com os eternos decretos de Deus? Eles simplesmente as negam.
“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3).
Pode aqueles que devem o seu tudo a Cristo, tanto para o tempo presente quanto
para a eternidade, ter comunhão com aqueles que desprezam e rejeitam ao Deus
da Palavra? Portanto, que todo e qualquer leitor cristão que esteja em jugo
desigual com arminianos saia debaixo dele sem demora.
Certamente Deus ama o mundo, mas não todos os indivíduos que compõem o
mundo. Na Escritura, as palavras "Mundo", "Todos", "Toda a gente" e outras
expressões semelhantes raramente significam toda a raça humana (Jo 7.4; 12.19;
At 17.6; 1Co 11.32). No Antigo Testamento Deus amava somente a nação de
Israel (Dt 7.7), mas isso não poderia ser dito de todo e qualquer israelita, pois
“nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6), isto é, nem todos são
judeus convertidos ao SENHOR. No Novo Testamento vemos que Deus diz amar
indivíduos de todo o mundo, como no caso de João 3.16, onde a palavra
“mundo” se refere aos escolhidos e não a cada indivíduo da terra, e isso será
provado mais à frente neste capítulo.
89
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho
não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3.36).
Como poderia a ira (ódio) de Deus estar sobre alguém que Ele amou na
eternidade? De maneira que o versículo acima salienta que somente os que creem
em Seu Filho é que são amados por Ele.
São muitos os cristãos professos que negam que Deus possa odiar alguns
pecadores, os quais estão condenados à perdição. A maioria das pessoas que
compõem a cristandade atual crê que Deus não pode odiar um pecador, e acredita
cegamente que Ele ama a todos os seres humanos, sem exceção. Mas o fato é que
Deus odeia, não somente o pecado, como também o pecador não salvo. Um
exemplo disso é Esaú (Rm 9.13). Além de Esaú, Deus também “odeia a todos os
que praticam a maldade” (Sl 5.5).
Cristo morreu na cruz para salvar somente aqueles a quem Deus ama, e não para
salvar Judas, Herodes, Pilatos ou outros “cujos nomes não estão escritos no livro
da vida, desde a fundação do mundo” (Ap 17.8). A Bíblia é clara ao dizer que
Cristo veio para salvar aqueles que o Pai havia lhe dado (Jo 6.37-39; 17.2).
“Como [Cristo] havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o
fim” (João 13.1), e isso significa que Ele não amou a todos os homens que estão
no mundo, mas tão somente “os Seus, que estavam no mundo”.
Estando uma vez em Cristo Jesus, o pecador eleito é amado por Deus (Ef 1.4-6).
Todavia, sem o espírito de Cristo, os pecadores são odiados por Deus em todo o
tempo, pois Deus “não tem prazer na iniqüidade” (Sl 5.4). Muito pelo contrário,
Deus “ama a justiça” (Sl 11.7).
Jesus Cristo morreu por Suas ovelhas, mas não morreu e nem sequer orou pelos
bodes (Jo 10.26- 27; 17.9). Visto que o amor de Deus não é falho, Ele de fato
salva a todos a quem Ele ama. Todos aqueles que são alvos de Seu amor são
salvos e não podem perder a salvação. Deus busca, por Si mesmo, aqueles a
quem Ele ama, e faz com que os Seus escolhidos O amem (1Jo 4.19).
Deus não é obrigado a amar ninguém, mas escolhe livremente a quem Ele ama, e
por isso o homem não tem o direito de se queixar (Rm 9.13- 20).
Quem ensina que Deus ama todo o mundo, isto é, a cada indivíduo do mundo,
está cometendo o pecado da mentira e da heresia. Ensinar que Deus ama todo o
mundo é dizer que Deus manda Seus filhos, adotados em Cristo Jesus, para o
inferno. Isso é roubar o filho de Deus do conforto da salvação e “encorajar os
ímpios a não se desviarem dos seus maus caminhos para salvarem a sua vida”
(Ez 13.22), o que os leva para longe de suas responsabilidades como cristãos.
90
A LINGUAGEM UNIVERSAL NA BÍBLIA
Muitos afirmam que Deus ama todo o mundo devido à linguagem universal que a
Bíblia muitas vezes usa, tais como “o Senhor não quer que nenhum pereça” (2
Pedro 3.9) ou “todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Rm
10.13). No entanto, essas objeções partem daqueles que desconsideram o
contexto da mensagem e mostram a total ignorância do leitor com relação à
linguagem usada na Escritura. Ora, frequentemente usamos linguagem universal
para tudo que fazemos na vida. Por exemplo, quando o professor pergunta “Todo
o mundo tem uma caneta?”, ele obviamente não está falando com o mundo
inteiro, mas somente com sua classe de alunos. Quando um pai diz “Todo o
mundo entre no carro!”, ele não está chamando o mundo todo para entrar em seu
carro, mas tão somente a sua família.
Vejamos algumas passagens que usam a linguagem universal para se referir a
indivíduos específicos:
Mateus 10.22 – “odiados de todos sereis”; João 3.26 – “e todos vão ter com
ele”;
Atos 19.19 – “trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos”;
Romanos 16.19 – “quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos”.
Nessas passagens, o termo “todos” não significa cada indivíduo da raça humana.
Similarmente, “todo o que” significa “todos aqueles que…”. Não significa todo
o mundo.
“Todo o que nele crê” (João 3.16) significa todos aqueles que crêem ou “todos
os crentes”, não a raça humana inteira.
Da mesma maneira, “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”
(Rm 10.13) não significa que todo o mundo pode ou invocará o nome do Senhor.
O fato de Deus amar somente os salvos não os torna justificáveis, mas
JUSTIFICADOS. “Por meio dEle, todo aquele que crê é justificado de todas as
coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés” (Atos 13.39). O
sacrifício consumado de Cristo cobre os pecados do pecador eleito. Quando Deus
salva uma pessoa, Ele a regenera e veste com vestes brancas como a neve, com
vestes de justiça. Os méritos de Cristo são atribuídos a ela. Deus a ama
Cristocentricamente, ou seja, pelos méritos de Cristo, por Sua perfeita e
imaculada justiça. Nem uma gota do Seu santo sangue foi derramado em vão. No
último grande Dia não haverá um Salvador desapontado e derrotado, mas Um
que “verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.11). Não são
nossas palavras, mas a infalível asserção dEle que declara: “O meu conselho
91
subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46.10). Sobre esta impregnável
Rocha nós descansamos.
Deus não ama o homem por aquilo que ele é, pois não há nada no pecador digno
de atrair em Deus Seu afeto e amor, mas apenas o Seu justo e merecido juízo,
além do Seu ódio. Porém, Deus ama Cristocentricamente pecadores salvos antes
da fundação do mundo (Ef 2).
“O qual se deu a si mesmo por nós (nós – a Igreja) para nos remir de toda a
iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito
2.14). A Bíblia diz que Jesus se entregou por nós, não por todo o mundo. Os
pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados de: Suas ovelhas (Jo 10.11-
15), Sua igreja (At 20.28; Ef 5.25-27), Seu povo (Mt 1.21) e Seus eleitos (Rm
8.32-35). Perceba que o povo pelo qual Cristo morreu passa a ter uma identidade
específica, se diferenciando do mundo caído, e tudo isso é uma dádiva de Deus,
não do homem.
“Eu rogo por eles. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois
são Teus” (João 17.9).
E ainda aos Seus, a Igreja, afirmou Cristo: “Se o mundo os odeia, tenham em
mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria
como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi,
tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).
Quanto aos ímpios (vasos de ira, preparados para a perdição, conforme Romanos
9), a ira de Deus sobre eles permanece, e não o Seu amor (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv
3.32 / 2Co 2.14-15 / 2Co 4.3).
Por mais que a maioria das pessoas afirme amar a Deus, a Bíblia ensina que os
pecadores odeiam a Deus (Rm 8.7) e JAMAIS invocarão o Seu nome. Isaías
lamenta que “ninguém há que invoque o Teu [i.e., de Deus] nome” (Is 64.7), e
Paulo acrescenta: “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). Alguns
homens são verdadeiramente despertados a invocarem a Deus, e isso é obra do
Espírito de Deus, o qual graciosamente concede fé e arrependimento a alguns (At
11.18; Ef 2.8; Fp 1.29), mas cega e endurece a outros (Js 11.20; Mt 11.25; Jo
12.40; Rm 9.18).
92
O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA
“Deus amou ao ‘mundo’ de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 3.16).
A maioria das pessoas olha para esse versículo e acha que Deus ama todo o
mundo, ou seja, cada indivíduo do mundo, sem exceção. Isso é um terrível
engano de Satanás e uma forma de distorcer a visão correta do que Deus nos
revela em Sua santa Palavra. Na verdade, Deus não ama a todos os indivíduos do
mundo, nem tampouco poderia, visto que Ele salva a todos quantos Ele ama, e
ninguém dentre os Seus amados escolhidos pode ser arrebatado de Suas mãos (Jo
10.26-30). Se Deus amasse a todos os indivíduos do mundo, certamente todos
seriam salvos, pois Ele não é mentiroso, nem débil, nem fraco. Deus salva a
quem Ele ama e ponto final. Então, como explicar esta incógnita de João 3.16? E
as outras passagens que citam o termo “Mundo”?
A palavra “Kosmos” (Mundo) aqui, em João 3.16, se refere aos escolhidos, e
não a cada indivíduo do mundo. O próprio contexto responde à indagação que
poderia ser feita com relação a isso. Indivíduos do mundo todo são salvos, mas
não todos os indivíduos do mundo. A passagem está dizendo que Deus ama
indivíduos do mundo todo (de todas as tribos, nações, etnias, etc.). Quando a
Bíblia diz que não há acepção de pessoas, ela está se referindo ao fato de que
Deus não escolheu os salvos com base no país ou nação onde eles nasceram, ou
em sua descendência, ou em qualquer mérito pessoal. Se por um lado não há
acepção de pessoas, por outro há EXCEÇÃO de pessoas! Por exemplo, se
interpretássemos "mundo" como "cada indivíduo do mundo" em João 3.16,
teríamos que aplicar o mesmo sentido em 1 João 5.19 – “Todo o mundo está no
maligno” --, e então teríamos um grande e terrível paradoxo. Todavia, a Bíblia
não contém paradoxos. Ela não contradiz a si mesma. Quando João diz que “todo
o mundo está no maligno”, ele está claramente dizendo que todo o mundo, fora
do círculo de crentes em Jesus Cristo, está no maligno. Ele está se referindo ao
mundo dos descrentes/perdidos, não ao mundo dos crentes.
Ainda que não possamos ter todo o entendimento da língua grega, a Bíblia
contém passagens com explicações amplas que nos fornecem o significado de
“mundo” em toda a Escritura. Sem um método histórico-gramatical consistente
na interpretação da Bíblia, fica impossível entender a palavra "mundo" em toda a
Escritura, pois essa palavra pode significar VÁRIAS coisas em toda a Escritura.
93
Segue abaixo uma lista de significados de “Kosmos” (Mundo) que, mesmo para
aqueles que não são “expert” em grego, fica fácil de entender apenas pelo seu
contexto gramatical:
5 - "Kosmos" é usado para definir a humanidade com exceção dos crentes; isto é,
para se referir somente aos descrentes/perdidos:
94
João 15.18 – “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me
odiou a mim”. Os crentes não “odeiam” a Cristo, de forma que “o mundo” aqui
significa o mundo dos descrentes em contraste com os crentes que amam a
Cristo.
Romanos 3.6 – “E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que
diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como
homem.) De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o
mundo?”. Aqui vemos outra passagem onde “o mundo” não pode significar
“você, eu e cada pessoa da humanidade”, pois os crentes não serão “julgados”
por Deus (cf. João 5.24). Sendo assim, aqui também é o “mundo dos descrentes”
que está sendo mencionado.
6 - "Kosmos" é usado para definir os gentios (nós, que não somos de Israel) em
contraste com os judeus (que são israelitas: povo terrenal de Deus):
Romanos 11.12 – “E, se a sua (de Israel) queda é a riqueza do mundo, e a sua
(de Israel) diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude (de
Israel)!”. Note como a primeira menção ao mundo é definida pela riqueza que
ele adquiriu por meio de uma nação em especial: Israel. Aqui, novamente, “o
mundo” não pode significar toda a humanidade porque o texto faz distinção entre
a nação de Israel e o restante da humanidade, que é o mundo fora de Israel!
95
ou mal a alguém (Rm 9.11), as regras gramaticais atestam categoricamente que
Deus não escolhe as pessoas pelas suas obras, mas as escolhe
incondicionalmente para as boas obras, as quais Ele mesmo preparou para que
Seus escolhidos pratiquem (Ef 2.10), e isso está em perfeita harmonia com todo o
contexto apresentado pela Escritura a respeito da escolha de Deus em salvar
alguns e condenar outros soberanamente, antes mesmo que o mundo existisse.
Em outras palavras, o apóstolo Paulo claramente aponta para o fato de que o
homem não pode se queixar quando Deus faz Suas escolhas, e que Deus faz o
que bem entender com Suas criaturas, sem nada precisar perguntar a elas (Rm
9.13-24).
A Palavra de Deus não traz dúvidas, mas respostas. O Deus da Palavra não é um
Deus de confusão e nunca traz confusão para nossa mente (1Co 14.33).
A teoria da “graça comum” diz que Deus derrama Sua graça sobre salvos e
réprobos (perdidos). Mas, será que isso está de acordo com as Escrituras? A ideia
de um amor dúbio de Deus por cada indivíduo da humanidade é resultado de um
falso ensino soteriológico, muito conhecido como Universalismo ou Graça
Comum, que visa unir conceitos arminianos à doutrina bíblica da eleição a fim de
promover a confortável “paz” do ecumenismo religioso. Porquanto geralmente
seus adeptos usam um argumento que, à primeira vista, é muito forte a seu favor,
alegando que o amor de Deus está, em algum sentido que eles nunca esclarecem
biblicamente, sobre todas as Suas criaturas, tanto sobre santos como sobre ímpios
(mesmo estes tendo sido condenados ao inferno). Tais proclamadores de
doutrinas estranhas ao evangelho acusam de “radicais” aqueles que tomaram a
iniciativa de condenar suas heresias que, sob o uso do sofisma, têm como
finalidade atribuir a Deus um tipo de dualidade em seus atributos divinos.
A graça comum, segundo seus defensores, responderia aos incrédulos a
indagação acerca de como Deus pode odiar pessoas as quais Ele mantém em
estado de saúde, riqueza e segurança terrenas. Tudo isso se aplicaria à uma
suposta graça à parte que, de acordo com a teoria, é distinta daquela única graça
que a Bíblia nos apresenta: a graça salvadora. Concederíamos que esse
argumento é mais do que suficiente se eles pudessem provar o seu intento – de
que Deus ama a todos os homens em geral e derrama algum tipo de graça sobre
96
os ímpios ao sustentá-los com coisas boas na terra –. Todavia, se mostrarmos
claramente que são eles que, com suas cavilações, nos pressionam a crer que
Deus ama pessoas que Ele mesmo predestinou ao inferno, sem, contudo,
apresentar qualquer argumento testamentário para sustentar essa premissa, o que
lhes restará, senão que esse pretexto que fraudulosamente alegam seja levado
pelo vento?
Através dos tempos, muitos ditos “teólogos” têm insistido em permanecer nesta
falsa doutrina. Eles afirmam categoricamente, porém, sem nenhum amparo das
Escrituras, que Deus distribui Seu amor a todos os indivíduos do mundo, sem
exceção. Para justificar tal heresia grosseira, afirmam que, embora Deus tenha
elegido apenas alguns para a salvação e condenado o restante ao inferno, Seu
eterno amor (que não possui sombra de variação) está sobre os eleitos e também
sobre os perdidos. Para provar essa falsa premissa eles argumentam dizendo que
Deus, ao sustentar e suprir as necessidades terrenas dos réprobos, significa o
mesmo que amá-los. E o nome dado para essa confusa ideia é “Graça Comum”,
um tipo de graça diferente da única que encontramos na Bíblia – a graça
salvadora de Deus. Mas, será que a Bíblia concorda com isso? Será que existem
“duas graças”, uma que salva e outra que não salva? Vejamos como a Bíblia
explica esse terrível paradoxo no qual os adeptos da graça comum se afundaram
por meio de influências arminianas.
As Escrituras claramente ensinam que Deus odeia o pecador. E não somente isso,
como também concede meios de sustento e prazeres terrenos para a sua própria
destruição (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; 92.5-7; Pv 3.33; Ml 1.2-4; Rm 9.13; 1Pe
3.12).
É aqui que a teoria da graça comum inicia o seu declínio. Uma das provas que
tornam a teoria da graça comum inconsistente é que a graça de Deus não está nas
coisas. Todas as coisas constituem-se meios pelos quais Deus salva os justos
(eleitos/justificados) e condena os injustos (réprobos/predestinados à perdição).
Toda e qualquer satisfação terrena que um ímpio degenerado desfruta é para a
sua própria destruição. Sendo esses homens racionais e morais, isso os torna
responsáveis por cada ato (Rm 1.19,20). Deus providencia alimento, vestes, sol,
chuva... a todos quantos estão vivos (Mt 5.45). Mas isso não tem nada a ver com
Seu eterno amor e graça sobre alguém. Portanto, o que muitos chamam de graça
comum é, na verdade, providência de Deus. Como será provado nas linhas que se
seguem, a providência de Deus nem sempre significa algo bom para alguém na
terra.
As coisas deste mundo são indiscutivelmente comuns, mas a graça nunca é
comum. A graça não tem nada de comum. Ela é salvífica. Alguns adeptos
97
protestantes da assim conhecida “Tradição Reformada” podem tentar distorcer
isso uma vida toda por meio de manuscritos humanistas e sob o apelo para a
emoção. Contudo, a Palavra de Deus continua dizendo que a graça é somente
uma, e é salvífica. Não existem duas “graças” – uma temporária e outra eterna,
como querem afirmar os ditos “protestantes reformados” e similares. Enquanto
esses fariseus atuais repetem a mesma lamúria, a Escritura os responde com uma
bofetada na face: Só existe Graça Salvadora. Se não salva, não é graça; é
maldição (Pv 24.15-16). Ponto final.
A doutrina da graça comum deve ser rejeitada em todas as suas esferas, sob a
base da Escritura. A graça comum ensina que Deus ama o réprobo, enquanto as
Escrituras proclamam que “o Senhor odeia ao avarento” (Salmos 10.4 - KJV).
Ainda nos salmos, lemos que Deus odeia “a todos os que praticam a maldade”
(Salmos 5.5). Você provavelmente já deve ter ouvido esta frase: “Deus odeia o
pecado, mas ama o pecador”! Porém, essa ideia trata-se de uma grande mentira.
Deus não ama o pecador. Antes, Ele odeia o pecado e também o pecador. Deus
lança no inferno o pecador, e não o seu pecado. Além do mais, “o SENHOR
prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a Sua [de Deus]
alma” (Salmos 11.5). Aqui está a intensidade da aversão de Deus ao réprobo:
Sua própria alma – tudo o que Ele é – detesta-o. Assim, Deus “sobre os ímpios
fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso” (v. 6).
A teoria da ‘graça comum’ ensina que as coisas boas que os réprobos recebem
nesta vida são a prova do amor de Deus por eles. Todavia, esse foi o engano de
Asafe quando ele pensou que os ímpios eram amados por Deus porque
prosperavam no mundo (Sl 73.12); e esse continua sendo o engano de muitos.
Porém, quando Asafe entrou “no santuário de Deus” (v. 17), compreendeu que
“a prosperidade dos ímpios” (v. 3) – sua saúde (v. 4), comida (v. 7), riquezas (v.
12) – “certamente” se tratava de Deus colocando-os em “lugares
escorregadios” antes de lançá-los na “destruição” (v. 18). Assim como Asafe,
devemos compreender que Deus dá coisas boas aos ímpios em Sua providência,
mas Ele “despreza-os” (v. 20) por sua impiedade (v. 8).
Nas palavras de Salomão, o mais sábio dos homens de todos os tempos, ele diz:
“A maldição do SENHOR habita na casa do ímpio” (Pv. 3.33). Isso significa que
todas as coisas boas em sua casa – esposa, filhos, possessões, alimento, etc. – não
chegam com o amor de Deus, mas com a Sua maldição.
Algumas pessoas dizem que rejeitamos a graça comum sob a base de inferências
extraídas a partir do conselho eterno da predestinação de Deus. Porém, a verdade
revelada de Deus da predestinação não é a única doutrina que milita contra a
graça comum. Contra a unidade de Deus (Dt 6.4), a graça comum ensina que
98
Deus tem dois amores, duas misericórdias, duas benignidades, etc. Contra a
imutabilidade de Deus (Ml. 3.6), a graça comum ensina que Deus ama os
réprobos no tempo e, depois, os odeia na eternidade. Contra a justiça divina, que
é tão grande que Deus “não pode ver o mal” (Hb 1.13), a graça comum diz que
Deus ama aqueles que são completamente iníquos (Rm 3.10-18). Resumindo, a
graça comum postula um amor temporário, limitado, mutável e injusto de Deus
(fora de Jesus Cristo!) pelo réprobo. Todavia, as Escrituras nos ensinam que
Deus ama a Si mesmo e à Sua Igreja eleita (Ef 5.25) com um amor particular
(Rm 9.18), eterno (Rm 8.37-39), infinito (Ef 3.17-19) e imutável (Sl 136) em
Jesus Cristo.
Essa heresia de um “amor de Deus pelos réprobos” tem sido usada por muitos
para destruir a antítese (Gn 3.15), amenizar a depravação total, comprometer a
expiação particular (limitada aos eleitos), pregar um desejo de Deus de salvar o
réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia a todos os quais Ele não amou na
eternidade e, então, negar a eleição e reprovação incondicional, recusando,
assim, condenar o arminianismo e seus falsos mestres, permitindo a comunhão
com os arminianos em uma grande festa ecumênica onde o jugo desigual é quem
dita as regras.
100
homens construíssem a história e estivessem livres de Deus em seus atos, o que
automaticamente colocaria Deus em uma posição de expectativa quanto às
atitudes do homem. E foi exatamente a segunda tese que fora levantada como
legítima por Arminius.
Como conseqüência, vemos então cinco doutrinas estranhas sendo impingidas
por Arminius na cristandade (esses ensinos resultariam nas cinco doutrinas
sistematizadas pelos remonstrantes, cujo sistema de crenças viria a ser
denominado como Arminianismo):
1 - Como resultado das falcatruas de Arminius, Deus, então, não seria mais
soberano e autor sem par da história do homem, mas um expectador frustrado
com a ação humana e sempre à mercê das más escolhas de Suas criaturas.
Basicamente, o resultado do ensinamento de Arminius dentro da Igreja
Reformada Holandesa e na cristandade num todo é que os mesmos desembocam
abruptamente na crença no deus pelagiano chamado “Livre Arbítrio”, contrário
ao Deus bíblico que tudo decreta segundo o beneplácito de Sua vontade, e não
conforme qualquer mérito humano. A Predestinação de Deus é substituída
perversamente por meras permissões concedidas por um deus inconstante. A
Eleição passa a ser condicionada aos méritos dos homens e não mais reconhecida
como incondicional, imutável e eterna. Porém, quando o tema é decreto divino, a
Bíblia, em oposição ao conceito espúrio da eleição condicionada aos atos da
criatura, é bem mais positiva – os eternos decretos (Predestinação) de Deus são
determinativos, perfeitos e imutáveis.
101
4 - Em quarto lugar, Arminius, desenfreadamente, negava em seus ensinos o que
viria a ser conhecido como “Expiação Limitada [ou] Particular”. A posição
bíblica, concernente à doutrina da salvação, é a de que o sangue de Cristo pagou
pelos pecados dos eleitos na Cruz do Calvário de uma vez por todas, não sendo
possível que um homem justificado pelo sacrifício de Cristo venha a decair da
graça, uma vez dada aos santos antes da fundação do mundo. Este é mais um
problema que resultaria [igualmente] nos cinco pontos do Calvinismo contra as
heresias dos remonstrantes (o Arminianismo). Arminius, rompendo seus laços
com as Escrituras Sagradas, assumira uma posição oposta à expiação eficaz de
Cristo na Cruz. O problema apresentado aqui é denominado como “Teoria
Governamental da Expiação”.
102
Deus? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: "Por que me fizeste
assim?" Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer
um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo
mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência
os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer
as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes
preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus,
mas também dentre os gentios"? (Romanos 9.19-24).
Do verso 14 ao 29 de Romanos 9 (vide o contexto) podemos encontrar uma
“diatribe”. Trata-se de um recurso de retórica em que o escritor responde aos
questionamentos de um opositor imaginário. Os questionamentos levantados pelo
opositor arminiano estão em Rm 9.14 e 9.19. A “diatribe” é um artifício muito
eficaz ao lidar com incrédulos que tentam achar respostas não concedidas de
forma exaustiva na Bíblia, mas que estão implícitas em seu determinismo em
termos de soberania divina. Porém, este recurso só funciona se o autor está
entendendo corretamente o opositor. Todos os dois questionamentos do opositor
(9.14 e 9.19) tem a ver com a “injustiça de escolher uns para a salvação e
predestinar outros para a perdição eterna”. Se o apóstolo Paulo estivesse lidando
com os preceitos de Deus ou, ainda, com a ‘eleição de nações’ ao invés de
indivíduos, ele poderia ter corrigido este equívoco e concluído da seguinte
maneira: “Não estou tratando dos decretos eternos de Deus, mas de seus
preceitos para a igreja; não estou falando de pessoas, mas de nações”. Contudo, o
apóstolo estabelece a objeção como legítima e a responde de forma direta,
concisa e sem eufemismos, enfatizando sua intenção de falar sobre os decretos de
Deus em termos de metafísica, e não de Suas ordens direcionadas a todos os
homens para que obedeçam. Ele também deixa claro que não se refere à nenhuma
‘promessa terrena à Israel’ aqui (como em outras passagens), mas à eleição de
indivíduos para a Salvação.
Sendo assim, a ordem é clara: Obedeça a Deus e se cale diante dos desígnios do
Senhor. Prostre-se diante de Deus, em temor e tremor. Ponto final.
A Bíblia é assim: Ela não se coloca na obrigação de responder a todas as nossas
perguntas. Ela não se permite dizer o "por quê" de muitas coisas, mas vai direto
ao ponto e ordena que o homem se cale diante de Deus. A Palavra de Deus é
DETERMINISTA, não fatalista.
103
2. DECRETOS E PRECEITOS
Muitos incautos apelam para passagens normativas como Ezequiel 18.32, na
tentativa de driblar Deus de Seus eternos decretos e ainda assim o manter na
posição de ‘totalmente Soberano’. Todavia, passagens como Ezequiel 18.32,
assim como milhares de outras, onde Deus ordena a todos que se arrependam de
seus pecados e escolham viver em santidade com Ele, não estão lidando com os
decretos divinos, mas sim com os preceitos de Deus – Sua ordem universal para
que todo homem se arrependa e se converta de seus maus caminhos (At 3.19). O
Deus que ordenou a Faraó que libertasse Seu povo é o mesmo Deus que, no
contexto seguinte, endureceu o coração de Faraó para que este não o
obedecesse (Ex 8.1; 10.27). É por esta razão que Paulo menciona Faraó como
exemplo clássico de como Deus lida com suas criaturas num nível metafísico, em
Romanos 9: “Porque diz a Escritura a Faraó: ‘Para isto mesmo te levantei;
para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda
a terra’. Logo, pois, Deus se compadece de quem Ele quer e endurece a quem
Ele quer”. (Romanos 9.17,18).
4. O ANTINOMIANISMO
A palavra “antinomianismo” vem de duas palavras gregas: anti, que significa
"contra", e nomos, que significa "lei". Sendo assim, antinomianismo significa
“contra a lei”. Tal crença se baseia na ideia de que, se Jesus pagou pelos nossos
pecados na cruz e aboliu o Velho Testamento, os cristãos não são ordenados a
obedecer as leis morais de Deus que, por meio de Cristo, são direcionadas à
igreja. De fato, Cristo cumpriu a lei, pagou pelos pecados dos eleitos e aboliu o
Velho Testamento (2Co 3.2-18; Rm 10.4; Gl 3.23-25; Ef 2.15). Todavia, Ele
estabeleceu leis para a Igreja cumprir e muitas delas de forma intensificada. Se
antes não podia tocar em mulher alheia, agora o crente não pode sequer olhá-la
para desejá-la (Mt 5.28). O antinomianismo trata-se de uma doutrina luterana de
João Agrícola (1494-1566), que, em nome da “supremacia da fé e da graça
divina”, ensina a indiferença para com a lei, como se a igreja estivesse isenta de
sua responsabilidade para com a Doutrina dos Apóstolos e livre para pecar. A
propósito, este é o real conceito de “hiper-calvinismo” (termo muito mal
compreendido pelos próprios calvinistas hoje). De fato, Cristo encerrou, na Cruz
do Calvário, as leis cerimoniais do Antigo Testamento, as quais para nós não
passam de “fábulas judaicas” (Tt 1.14) e “ordenanças caducas” (Cl 2.11-23).
Todavia, Sua LEI para a Igreja está intacta e o mandamento que resume todo o
Novo Testamento, em termos de obediência, é: "Sede santos" (1Pe 1.15,16)...
105
“porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1 Ts
4:7).
CONCLUSÃO
A soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de mãos dadas. Não se
pode separar uma da outra. Do contrário, isto seria "Fatalismo" e não
Calvinismo. Não há espaço para a vontade do homem nos eternos decretos de
Deus. De fato, o homem é um ser dotado de vontades, mas não de livre-arbítrio.
Aquele que é chamado por Cristo recebe a liberdade da escravidão do pecado e
do jugo de Satanás e do mundo, mas jamais poderá dizer que um dia foi [ou é]
livre de Deus.
Não existe justificação sem santificação. Do contrário, isto seria antinomianismo:
uma afronta às leis de Deus direcionadas aos Seus filhos.
"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E
aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" (Romanos 8:29,30).
106
CAPÍTULO 4
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO,
ETC.
DESVENDANDO O MITO
A prática do dízimo (dar 10% da renda para uma instituição religiosa) se tornou
parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais. Todavia, o dízimo nunca
fez parte da doutrina dos apóstolos; a doutrina do dízimo é uma instituição
claramente judaica; trata-se nada mais do que uma ordenança adotada pela
cristandade da ordem de coisas do Judaísmo. A epístola aos Hebreus chama essa
ordem de coisas de "arraial" (Lv 27.30-34; Nm 18.21-24; Hb 13.13). O dízimo
não tem lugar no cristianismo. O cristianismo funciona sob princípios
completamente diferentes do sistema da lei mosaica. Sendo assim, impor tal
107
padrão sobre os filhos de Deus no cristianismo é não entender a graça e a
diferença que existe entre judaísmo e cristianismo; entre Israel e Igreja.
O dízimo era uma instituição exclusiva do Israel de Deus, imposta aos filhos de
Israel que estavam debaixo da lei. Por outro lado, no cristianismo, o novo homem
não precisa de uma lei. O homem verdadeiramente convertido a Cristo se deleita
em agradar a Deus e fazer a Sua vontade (Rm 8.4). Portanto, colocar o novo
homem, nascido de novo em Cristo Jesus, debaixo da lei e sob qualquer
ordenança judaica como o Dízimo é achar que existe algo nesta vida que poderia
agir fora da vontade de Deus. O fato é que não existe tal impulso legalista em um
crente na dispensação da graça que esteja andando no Espírito.
No judaísmo não importava se a pessoa queria ou não dizimar (fazer sacrifícios
de animais e plantações), pois, mesmo assim, tal pessoa era obrigada a se
desfazer de seus 10% de renda e devolvê-la à “Casa do Tesouro”, a qual não
existe mais. Essa era a lei. A contribuição na Igreja de Deus, seja ela monetária
ou em mantimentos, não se baseia sob tais princípios judaizantes. No momento
em que o cristão faz uma contribuição, ele está se colocando sob princípios muito
mais elevados do que aquele conhecido no judaísmo como Dízimo.
A Bíblia é muito clara ao nos mostrar que os crentes do Novo Testamento nunca
são ordenados a dizimar. As passagens de Mateus 22.15-22 e Romanos 13.1-7
nos revelam a única “doação” que é requerida do crente na era da igreja, que é o
pagamento de impostos para o governo. É interessante notar que nós, na
América, atualmente pagamos entre 20 e 30 por cento de nossos rendimentos
para o governo – uma figura muito similar à exigência do dízimo na teocracia de
Israel.
O DÍZIMO NO JUDAÍSMO
Para o funcionamento da lei do dízimo, é necessário haver um sacerdote. Para ter
sacerdote, é preciso ter “o Templo onde habita o Nome do Senhor” (Dt 12.11). O
único templo permitido para culto, adoração e pagamento do dízimo era o
Templo de Jerusalém. Mas esse templo não existe mais. Ele foi destruído no ano
70 d.C, como profetizado por Jesus. Além do mais, seria necessário que
estivéssemos ainda “debaixo da lei”, a lei cerimonial ordenada aos judeus. Mas
não pense que ao cumprir a lei do dízimo você ficaria isento do restante das leis
exigidas pela Torá. Como será mostrado mais à frente, a Bíblia diz que quem
vive pela lei e tropeça em um só ponto dela é culpado de transgredir toda a lei.
Quem vive por estas leis, por elas será morto. Todo aquele que vive por estas leis
deve cumprir cada vírgula dela e não somente uma parcela dela.
108
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa” (Malaquias 3.10).
Onde estão os outros dízimos que a Lei exige? Por que os – assim intitulados –
pastores estão os omitindo? Sei que os advogados do “Dízimo” gostam de usar
este versículo como pretexto para arrecadação de dinheiro dos fieis inseridos em
suas denominações. Sinto muito em desapontá-los, mas, este versículo se trata de
uma repreensão feita por Deus ao povo judeu por sua desobediência às leis de
Moisés, e não tem nada sobre a prática da Igreja de Deus aqui. Estamos falando
da dispensação da lei, não da graça. Estamos falando do Velho Testamento. No
versículo 7 da passagem de Malaquias 3, vemos a razão de Deus ter dito isto aos
judeus:
“Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os
guardastes” (Malaquias 3.7).
Quais eram os estatutos instituídos por Deus aos judeus? Será que eram iguais
aos dos cristãos? Não. As leis cerimoniais regulavam o ministério no santuário
do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e
do serviço dos sacerdotes. Na Bíblia encontramos três tipos de leis: Lei Civil, Lei
Cerimonial e Lei Moral. Ainda falaremos sobre o respectivo tema. Voltemos
nosso foco para o Dízimo.
109
Nota**
Dízimos – Existiam três tipos de dízimo, os quais são:
1 - Dízimo de Abraão, que foi voluntário, antes de se tornar lei (Dt 14:22-26).
2 - Dízimo da lei de Moisés, obrigatório para as 11 tribos de Israel. Esse dízimo
era destinado aos levitas, os quais tinham o papel de cuidar das coisas do Templo
e mantê-lo sempre em ordem. É deste dízimo que Malaquias fala. Também
devemos levar em conta que o dízimo nunca foi mensal, mas sim anual.
3 - 2º e até 3º dízimo. Esses dois dízimos nem mesmo são mencionados nas ditas
igrejas porque o nome não seria dízimo. Passaria de 20% das rendas e ficaria
23,33 de dízimo por ano! Lembre-se que o dízimo era a décima parte.
Portanto, é de se admirar que as ditas igrejas evangélicas estejam tentando omitir
isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o
que é citado em Malaquias, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus
propósitos e heresias, ignorando os outros dois importantes dízimos religiosos da
Bíblia.
110
3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos”
sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois sem a chuva não há
alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do
dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.
111
responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são
mencionados aqui.
Agora veja o texto de Joel 2.25:
"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo
destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós
outros" (Joel 2.25).
Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o
plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se
observarmos a continuação do verso, a conclusão se mostra tão clara quanto o sol
do meio dia; senão vejamos:
“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor
vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo
nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).
Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio
do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que
haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como
prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.
112
DÍZIMO NUNCA SIGNIFICOU DINHEIRO
Na Palavra de Deus o dízimo consiste sempre em alimento. Somente alimento!
As igrejas heréticas ensinam que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de
renda. No entanto, não devemos usar o Dicionário Aurélio para definir o que é o
dízimo ou não. A Palavra de Deus é a única fonte de conhecimento para definir a
palavra “dízimo”. Devemos nos empenhar em conhecer as Escrituras e entrar em
uma boa concordância bíblica. Quando estudamos a respeito disso, descobrimos
que a definição usada pelos advogados do dízimo está assombrosamente errada.
Na Palavra de Deus, o vocábulo “dízimo” não aparece sozinho. Embora já
existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro. Ele era o
“dízimo do alimento”. Isso é muito importante. Os verdadeiros dízimos bíblicos
eram sempre e tão somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos,
somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de
Deus, às fronteiras nacionais de Israel. A fartura provinha da mão de Deus e não
da manufatura ou habilidade do homem.
Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que
descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata,
ouro ou qualquer outra coisa além de alimento. Mesmo assim, a definição
incorreta de “dizimar” é uma das maiores mentiras ensinadas por denominações
heréticas na história da cristandade (Cf. Levítico 27.30,32; Números 18.27,28;
Deuteronômio 12.17; 14.22, 23, 26; 2 Crônicas 31.5; Neemias 10.37; 13.5;
Malaquias 3.10; Mateus 23.23 e Lucas 11.42).
113
visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e
crescimento espiritual.
Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma
citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei. Além de não encontrar
o dízimo na doutrina dos apóstolos, também não encontrará igrejas denominadas
(exceto pela identificação da cidade onde estavam), templos, pastores dirigindo
congregações, mulheres falando nas reuniões da igreja, altares, música
instrumental na adoração, corais, homílias, danças, ensaios, dias santos, escolas
de teologia, um clero distinto dos leigos, roupas ou cadeiras diferentes para certas
pessoas do clero, títulos honoríficos, presidente disso, diretor daquilo... e muitas
outras coisas inventadas pelas denominações criadas pelos homens.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não constroem templos, nem trazem outro
nome que diferencie os crentes uns dos outros além do nome de Cristo. Na
doutrina dos apóstolos ninguém se faz membro de alguma instituição religiosa,
ninguém assina algum contrato para obter carteirinha...
Na doutrina dos apóstolos você jamais verá crentes prestando juramento a algum
sistema religioso. Na verdade, os crentes da Igreja de Deus são exortados a
reconhecerem que há um só Corpo de Cristo, o qual inclui TODOS os salvos
desde a fundação do mundo. Os cristãos são ordenados a darem testemunho
prático disso quando congregam somente ao nome do Senhor Jesus para a
comunhão e aprendizado da doutrina dos apóstolos, além de celebrar a ceia do
Senhor à mesa do Senhor e dedicarem tempo à oração.
Individualmente – e não como igreja – os cristãos são levados a pregarem o
evangelho, mas não são capacitados por alguma escola de teologia e nem
enviados por alguma junta de missões ou liderança. Toda obra é imputada apenas
pelo Espírito Santo, não por denominações (seitas) religiosas. Tais homens, com
dons específicos e sem nenhum interesse no dinheiro, saem para a obra do
Senhor e jamais pedem dinheiro aos irmãos para se dedicarem à obra, visto que a
obra é do Senhor e Ele irá sempre prover as necessidades dos que são destinados
ao ministério; se forem realmente pertencentes ao Senhor. O cristão não pede
dinheiro em troca da pregação do evangelho, nem aos seus irmãos e muito menos
aos incrédulos.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não promovem partidos políticos, nem
apoiam candidatos, mas simplesmente cumprem com a lei porque não são
inimigos do governo enquanto o mesmo não estabelece leis que contrariem a lei
de Deus. Os cristãos são simplesmente cidadãos celestiais que estão
momentaneamente vivendo na Terra, um planeta que não lhes pertence. Eles não
114
se iludem em transformar este lugar em um "mundo melhor", pois sabem muito
bem qual é o seu destino.
Depois que descobrimos que a lei do dízimo não é uma ordem de Deus para a
Igreja, fica a seguinte pergunta: Se não somos ordenados a dizimar como os
judeus, como funciona a contribuição cristã dentro do Corpo de Cristo?
A resposta para isso é muito simples: Em 2 Coríntios 8–9 encontramos os
princípios para o cristão ofertar. É preciso ter muita atenção a partir de agora,
pois nestes capítulos, ou em qualquer outro lugar do Novo Testamento, não há
uma palavra sequer que diga que os cristãos devem utilizar o método legal do
dízimo em seu ato de ofertar. Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, os princípios da
contribuição cristã são especificados de maneira bem simples.
Primeiro, devemos nos dar a nós mesmos para o Senhor e nos entregarmos à
vontade de Deus, e só então doar nosso dinheiro ou nossos bens conforme a
medida proporcional à nossa renda.
“Será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2
Coríntios 8:5, 11-12).
Para que a oferta tenha algum valor diante de Deus, é necessário que a
contribuição cristã venha do coração daquele que dá. Se não há uma "prontidão
de vontade", algo espontâneo e realmente sincero, o ato de doar dinheiro ou bens
não passa de algo obrigatório e, portanto, não existirá qualquer valor real de
sacrifício nisso. A caridade, nesses termos, provém de Deus e da maneira que Ele
estabelece na Sua Palavra, e não da vã imaginação do homem e de seus próprios
métodos.
Um dos vários exemplos desse contexto sobre a doação para Deus e Sua obra é
encontrado em 2 Coríntios 9:6-9. Todavia, é comum nas denominações religiosas
o “pastor” ou “líder” citar a passagem somente até o versículo 7, deixando de
lado o seu contexto. Se cada leitor se atentasse para esses textos em sua
totalidade, veria que essa doação não deve ser dirigida somente a homens que se
auto-intitulam clérigos, pastores, padres e coisas semelhantes, mas sim aos
necessitados da Igreja de Cristo. O que acontece em muitas dessas sinagogas de
satanás, chamadas de igrejas, onde o dízimo é requerido dos cristãos, é que as
115
passagens de 2 Coríntios 8–9 não são mencionadas por completo. Mas quando
lemos o seu contexto, vemos que o dinheiro ali doado não é para ser direcionado
a homens que se dizem “pastores da igreja”, e sim aos pobres. Vejamos:
“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria” (2 Coríntios 9:6-7).
Acabamos de ler uma passagem que fala da contribuição cristã na igreja de Deus.
Porém, lemos apenas até o versículo 7. Agora note como fica a passagem em seu
contexto completo:
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. – e a passagem continua
– E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que
tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para
sempre (2 Coríntios 9:7-9).
A palavra-chave, na passagem que acabamos de ler, é “deu aos pobres”, e não a
um clérigo, sacerdote, padre, pastor ou seja lá o que mais tenham inventado em
meio a cristandade professa em termos de “títulos lisonjeiros”. Nessa passagem o
apóstolo não está ordenando que os cristãos deem dinheiro para supostos
pastores, mas sim para qualquer irmão que sofra necessidades ou viva do
ministério e da obra do Senhor, sendo ele pastor, evangelista, diácono ou
qualquer crente com dons diferentes desses.
116
● Criar condições para que outros agradeçam a Deus (2 Co 9:11-15).
● Permitir que tenhamos abundância creditada em nosso favor (Fp 4:17).
Como podemos constatar até aqui, na ordem de Deus aos cristãos não existe
dízimo. Em lugar do dízimo, existem as coletas feitas regularmente quando os
santos se reúnem no primeiro dia da semana. A Palavra de Deus diz: "Ora,
quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei
às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade" (1 Co 16:1-2). Embora
a coleta mencionada nesta passagem fosse para as necessidades específicas dos
santos em Jerusalém, o princípio continua valendo para os cristãos hoje. Não é
uma questão de cultura, mas de um princípio normativo para toda a era da Igreja.
Ainda existem necessidades específicas na igreja e a lei que rege a coleta da
oferta continua de pé.
A coleta do dinheiro, ou de qualquer forma de doação, deve ser feita no momento
em que os santos se reúnem para partir o pão no primeiro dia da semana, isto é,
no dia do Senhor (At 20:7). Vale salientar que o primeiro dia da semana não é
um dia santo, mas apenas o dia escolhido pelos apóstolos na era apostólica para
facilitar as circunstâncias em que viviam naquele período. O dia do Senhor não é
um substituto do Sábado Judaico, mas sim um dia como qualquer outro e que
fora escolhido para culto e adoração a Deus. Mesmo que quiséssemos transferir o
Sábado Judaico para a nossa agenda, isso seria impossível, visto que o calendário
judaico é lunar, dependendo de fases concernentes à mesma. Sendo assim, tudo
isso pode ser feito em outro dia da semana, se assim for necessário. A passagem
de Hebreus 13:15-16 conecta o sacrifício da "beneficência e comunicação" com o
"sacrifício de louvor" que é oferecido no partir do pão.
No entanto, existe um erro muito comum nas ditas “igrejas” da atualidade, que é
a coleta da oferta feita por pessoas não salvas ou por incrédulos. Isso é realmente
estarrecedor e uma desonra ao Senhor. Essas denominações encorajam até
mesmo os ímpios a ofertarem nas coletas. A impressão que essa atitude dá é
óbvia: as pessoas pertencentes a este mundo pensam que podem fazer algo de
aceitável a Deus e negociar com o SENHOR em troca de dinheiro. A coleta da
oferta, direcionada ao homem ainda em seu estado não regenerado, é antibíblica e
prejudicial àqueles que não são convertidos.
Outra impressão que o mundo tem da Igreja por causa desse distúrbio nas
denominações religiosas é que o cristianismo é visto como um sistema de "toma-
lá-dá-cá". Nesse ponto a vergonha alheia é inevitável, pois eu mesmo já ouvi
117
clichês dos mundanos quanto a isso, tais como: "Seu Deus deve ser bem pobre,
pois Ele está sempre obrigando vocês cristãos a pedirem dinheiro!".
Definitivamente, não se encontra na Bíblia coletas envolvendo pessoas que não
são salvas. A Bíblia é clara ao nos mostrar que a prática de fazer coletas públicas
é proibida na Igreja de Deus. Para evitar ideias erradas que o mundo pudesse ter
dos cristãos, os servos do Senhor no início da igreja tinham o cuidado de não
tomar "nada" daqueles dentre as nações às quais eles levavam o evangelho,
pessoas que não conheciam o Senhor (3 Jo 1:7). Esta continua sendo a ordem
para a igreja hoje.
Embora não exista o dízimo na doutrina dos apóstolos, nos é comunicado sobre a
beneficência no Corpo de Cristo, isto é, o ato de socorrer os mais pobres e
enfermos. Temos o dever indissolúvel, sempre que pudermos, de prover
alimento, vestes ou quantias em dinheiro aos necessitados e àqueles que se
dedicam integralmente ao trabalho do evangelho. Não devemos, jamais, nos
envergonhar do modo simples como Jesus nos ensina a cuidar uns dos outros na
Igreja, pois no mundo as coisas ocorrem de maneira semelhante e ninguém se
envergonha. A diferença é que no mundo as pessoas se orgulham de seus
próprios atos de “caridade” e se empenham em fazê-lo em troca da salvação e
para serem vistos pelos homens, enquanto nós, cristãos, somos ordenados a fazer
com que “a nossa mão esquerda não veja o que faz a nossa direita” (Mt 6:3).
No princípio da Igreja, os primeiros cristãos até chegaram a ter tudo em comum,
dividindo até mesmo suas terras e heranças com os irmãos menos favorecidos;
mas a ruína que se instalou no testemunho cristão tornou esse ato impraticável. É
por isso que nas epístolas nós temos ordens específicas de como reorganizar tudo
isso.
No Novo Testamento, os cristãos são exortados a não se esquecerem "da
beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hb
13:16). A caridade jamais deve ser praticada na tentativa de conquistar a
salvação, pois a salvação foi concedida ao crente de graça, pela fé em Cristo
Jesus. Temos o dever de ajudar nossos irmãos porque o que Deus nos dá não
deve ser considerado como sendo de nós mesmos. Todo cristão deve entender
118
que é apenas despenseiro (responsável pela despensa) de Deus para distribuir o
que Deus lhe dá com sabedoria e para suprir as necessidades da obra e do povo
de Deus.
Assim como o Senhor Jesus foi liberal, dando sua própria vida por nós, o
Espírito, através dos apóstolos, exorta: "Portanto, tive por coisa necessária
exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de
antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como
bênção, e não como avareza. E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará." (2
Coríntios 9:5-6).
Ao contrário da Lei, quando o israelita era obrigado a devolver uma porcentagem
fixa como forma de sacrifício, ao cristão é dito para que ele doe aos pobres da
Igreja de Deus conforme a sua prosperidade. Jesus ordena da seguinte
forma: "cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou
por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso
para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo,
toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito:
Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre."(2 Coríntios
9:7-9).
Como consequência natural dos atributos do Senhor, Deus promete a manutenção
das necessidades do crente, como abrigo e sustento. Isso não ocorre como no
Antigo Testamento, quando era prometida prosperidade e riquezas terrenas aos
israelitas. Ao contrário do que pregam os teólogos da prosperidade, Deus pode
sim prover mais que o necessário ao crente, porém jamais para o crente se
enriquecer ou receber terras, etc. Deus provê o necessário ao crente para que ele
possa ser mais liberal em sua obra para o Senhor, e não para enriquecer-se.
121
1) Através do seu próprio trabalho.
Os servos do Senhor se mantinham a si mesmos trabalhando com suas próprias
mãos. O apóstolo Paulo é um exemplo disso. Ele trabalhava como fabricante de
tendas enquanto servia ao Senhor (At 18:3). Paulo diz o seguinte aos anciãos de
Éfeso: "Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos
que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do
Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At
20:34-35).
Aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: "Nem de graça comemos o pão de homem
algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos
pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos
dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes" (2 Ts 3:8-9).
122
outro lado, vemos homens que são genuínos servos do Senhor passando por
necessidades inefáveis, tanto na área da saúde como financeira, sem que ninguém
dentre os professos da fé cristã os ajudem. Esse distúrbio ocorre há vários séculos
por causa das sérias consequências de se criar denominações religiosas e
preceitos de homens perversos que transtornam o evangelho puro e simples do
Senhor Jesus. Os assim chamados “pastores” vivem como se fossem deuses,
enquanto os verdadeiros embaixadores de Cristo na Terra passam fome e outras
formas de necessidade.
Outra pergunta frequente, que surge depois que aprendemos que o dízimo não faz
parte dos princípios da Igreja de Deus, é esta: Jesus mandou dar o dízimo ou
não? Afinal, vemos Ele falando sobre isso nos evangelhos, ordenando que os
judeus paguem o dízimo.
Sim, Jesus disse em Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante
da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não
omitir aquelas". E esta mesma ordem é repetida em Lucas 11:42. No entanto,
Jesus não estava falando com cristãos, mas sim com judeus. A ordem de cumprir
com a lei do dízimo foi dada claramente aos “escribas e fariseus hipócritas”, pois
eles só obedeciam aquilo que lhes convinha. A Igreja nem mesmo existia nesse
contexto e, portanto, Jesus não poderia estar falando com ela, já que ela viria a
ser inaugurada em Atos 2.
Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem
parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges
durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos
dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos,
e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado
a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao
povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há
Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam
a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que
intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve
morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9:15-17).
123
Sendo assim, é um grande erro se basear em passagens dos evangelhos para
tentar legitimar heresias como o “dízimo cristão”, pois, nessas passagens, muitas
outras ordens foram dadas claramente aos judeus porque eles ainda viviam
debaixo da lei.
Vejamos alguns exemplos:
1) Em Mateus 8:4 Jesus curou um leproso e lhe ordenou que fosse ao templo
oferecer os sacrifícios ordenados pelos sacerdotes de Israel: "vai mostrar-te ao
sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao
povo”. Esses sacrifícios haviam sido determinados em Levítico 14:4-7 para todo
aquele que fosse curado de lepra, e consistia em sacrificar "duas aves vivas e
limpas, e pau de cedro, e estofo carmesim, e hissopo", uma das quais era morta
"num vaso de barro, sobre águas correntes", enquanto "a ave viva, e o pau de
cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo" deviam ser molhados "no sangue da ave
que foi imolada sobre as águas correntes. E, sobre aquele que há de purificar-se
da lepra" o sangue deveria ser aspergido "sete vezes; então, o declarará limpo e
soltará a ave viva para o campo aberto” (Lv 14:4-7)
E agora? Será que os advogados do dízimo darão ordens aos cristãos para que
cumpram também com esta lei? Como um cristão deveria agir nessas
circunstâncias, tendo em vista que não estamos em Israel, nem existe um
sacerdote e o Templo foi destruído? E, ainda que existisse o Templo, se um
cristão se atreve a ir até lá para tentar oferecer um sacrifício na mesquita
islâmica, a qual ocupa hoje o lugar do Templo, é muito provável que algum
radical islâmico transforme esse cristão em sacrifício. Outro problema é que o
cristão também teria dificuldades de encontrar um sacerdote da linhagem de
Levi, como devia ser no mandamento dado pela Lei de Moisés.
124
3) No mesmo capítulo que vimos no ponto 2, Jesus diz: "Porque em verdade vos
digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei,
até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto
que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino
dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus” (Mateus 5:18).
E agora? Como nós, cristãos, deveríamos fazer com a lei? Escolher uma aqui e
rejeitar outra lá? Não é bem assim que funciona. O dízimo, a oferta pela cura e os
sacrifícios pelos pecados, incluindo ofensas contra seu irmão, eram ditados pela
Lei dada a Moisés. Portanto, se o cristão quiser guardar um mandamento —
como o dízimo, por exemplo — ele terá também de guardar todos os outros.
Dito isto, talvez alguém venha a dizer que os sacrifícios de animais em nada têm
a ver com a lei do dízimo e que disso nós estamos isentos, uma vez que o
Cordeiro de Deus (Jesus) foi sacrificado por nós. A resposta para tal é que não
somente os sacrifícios de animais eram exigidos pela Lei, como também a pena
de morte por causa da blasfêmia, da maldição lançada sobre o pai e a mãe, do
adultério, do sábado que devia ser guardado, da prostituição (sexo entre
solteiros), da homossexualidade, etc. Todos esses casos eram punidos com a
morte.
Vejamos alguns exemplos:
"Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a
congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto" (Levítico 24:16).
"Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá;
amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele" (Levítico 20:9).
"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado
com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera"
(Levítico 20:10).
"Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso
ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá" (Êxodo 35:2).
"Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça,
então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a
apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa
de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti" (Deuteronômio 22:20,21).
125
"Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher,
ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles"
(Levítico 20:13).
Se eu fosse citar todos os mandamentos semelhantes a esses na Bíblia, daria um
livro inteiro sobre a pena de morte para tais crimes. Sim, todos esses pecados são
crimes na teocracia de Israel.
Voltemos, então, ao tema Dízimo: qual era o mandamento referente a isso?
"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores, são do SENHOR; santas são ao Senhor..." (Levítico 27:30 etc.).
Jesus era judeu e, portanto, cumpriu com todos os mandamentos da dispensação
da lei. E é por isso que Ele ordenou que os escribas e fariseus dessem o dízimo.
Ele deu tal ordem porque o contexto dos evangelhos naquela ocasião é o
judaísmo e Ele está tratando com judeus, o povo escolhido por Deus para
habitar na terra. Havia o Templo, havia sacerdotes, sacrifícios, pena de morte
por apedrejamento para adúlteros, para virgens que fornicavam, para
homossexuais e até para filhos que ofendessem os pais; além dos sacrifícios de
animais (dízimos) que eram requeridos em vários outros casos, como na troca
pela cura da lepra.
Ao não entenderem o que na Bíblia é dito a Israel, sob a Lei, e o que é dito à
Igreja, sob a graça, a qual só foi formada depois do período dos evangelhos, no
capítulo 2 de Atos, as pessoas que fazem parte do sistema religioso
denominacional sempre precisam escolher o que da Lei irão ou não cumprir. É
isso que a maioria das religiões “cristãs” fazem, especialmente as que seguem a
Teologia do Pacto. Essas pessoas simplesmente não entendem as diferentes
dispensações da Bíblia.
Não obstante, ao fazerem isso — ou seja, escolher qual mandamento da Lei irá
ou não cumprir — essas pessoas estão tropeçando naquilo que Jesus disse:
"Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele,
porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos
céus." (Mateus 5:18).
Agora, preste muita atenção neste versículo:
"Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se
culpado de todos." (Tiago 2:10).
Se você olhar com atenção para esta passagem, verá que todo o dinheiro que
você deu a vida inteira para essas denominações religiosas heréticas de nada
126
valeu se você deixou de cumprir qualquer outro ponto da Lei, e será culpado de
todos os mandamentos que deixou para trás.
Para piorar as coisas, até na hora de dar o dízimo você certamente não cumpriu
tudo do jeito que estava escrito: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro"
(Malaquias 3:10). A "casa do tesouro" não é a tesouraria de algum edifício
chamado "igreja", abrigado em um templo de tijolos feito por homens. A "casa
do tesouro" era um aposento do Templo de Jerusalém que foi destruído há quase
dois mil anos. Esse lugar não existe mais. Portanto, pergunto aos “dizimistas”
modernos: Para onde vocês irão levar os seus dízimos?
Paulo menciona muito o termo “lei” nos assuntos que enfoca, de maneira ora
explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo
estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus, também
conhecida como Lei Moral, e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés,
também conhecida como Lei Cerimonial ou Lei Mosaica, na qual era constituída
de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas, sábados, abstinência
de determinados alimentos... etc.
A maioria dos cristãos de hoje crê que a Lei de Deus, isto é, a lei moral,
incluindo os dez mandamentos que se repetem no Novo Testamento (com
exceção do Sábado Judaico), foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso é um
grave engano. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo "Lei",
encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não
sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas.
Tudo se resume, pensam eles, na Lei de Moisés.
Porém, admitir que a Bíblia só apresenta uma lei, que tudo é Lei de Moisés, não
havendo, portanto, distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um
amontoado de contradições. De fato, existem leis provindas de Deus, que foram
enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial,
constituída de rituais que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias
Jesus (Ex 24:7; Dt 31:24 a 26). É aqui, na Lei Cerimonial, que encontramos o
Dízimo, e não nos mandamentos de Deus para a Igreja no Novo Testamento.
Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu simbolizavam o evangelho para eles
(judeus) e compunham-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos,
abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. Tais
127
ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na ordem
de Deus para a Igreja. (2 Cr 23:18; 2 Cr 30:15-17; Ed 3:1-5).
Todo o cerimonialismo das ordenanças judaicas representava Cristo, e este
mesmo cerimonialismo foi cessado em Cristo, na Cruz do Calvário. Todos os
estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele,
mas Ele as findou na Cruz. Todas as coisas realizadas representavam o sacrifício
vicário, o perdão e a salvação realizados por Cristo na cruz (Cl 2:8-19).
Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar muitas leis civis e
cerimoniais como:
● Leis acerca dos altares - Êxodo 20:22-26;
● Leis acerca dos servos - Êxodo 21:1-11;
● Leis acerca da violência - Êxodo 21:12-36;
● Leis acerca da propriedade - Êxodo 22:1-15;
● Leis civis e religiosas - Êxodo 22:16-31;
● Lei dietética - Levítico 11;
● Repetição de diversas leis - Levítico 19...
● Leis para os sacerdotes - Levítico 21:1-24;
Nenhuma destas leis são direcionadas aos cristãos. Essas leis não representam as
Doutrinas da Graça. Somente os Dez Mandamentos são encontrados no NT para
os cristãos, e estes são explanados de forma complexa em todo o Novo
Testamento, principalmente nas epístolas. A única lei entre os dez mandamentos
que não é encontrada no NT é a Guarda do Sábado, pois se tratava de uma lei
cerimonial direcionada exclusivamente ao povo de Israel, de acordo com o
calendário lunar. A Lei Moral dos dez mandamentos (Ex 31:18) é um código
particular e distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus a Moisés; ela é
universal e eterna, com exceção da guarda do Sábado judaico (Is 56:1-8; Mt
5:17-20; Ec 12:13,14).
Portanto, estudando com cuidado e humildade, buscando o auxílio do Senhor
para compreender essas leis, poderemos, através do Espírito Santo, ter a mente
esclarecida e encontrar na Bíblia o significado de todas elas. Estude as epístolas
dos apóstolos com fervor e em oração a Deus, porque Ele dá entendimento aos
símplices e aos mais iletrados dos homens, concedendo-lhes o espírito de
sabedoria e revelação (Ef 1:17; Sl 19:7; Pv 2:6).
128
UM ALERTA BÍBLICO
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo,
e não segundo Cristo; (...) E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na
incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos
todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
"ordenanças", a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio
de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs
publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, NINGUÉM VOS
JULGUE pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos SÁBADOS*, que são SOMBRAS DAS COISAS FUTURAS, mas o
corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de
humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando
debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual
todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em
aumento de Deus. SE, POIS, ESTAIS MORTOS COM CRISTO QUANTO
AOS RUDIMENTOS DO MUNDO, POR QUE VOS CARREGAM AINDA DE
ORDENANÇAS, COMO SE VIVÊSSEIS NO MUNDO, TAIS COMO: NÃO
TOQUES, NÃO PROVES, NÃO MANUSEIES? As quais coisas todas perecem
pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na
verdade, alguma APARÊNCIA DE SABEDORIA, EM DEVOÇÃO
VOLUNTÁRIA, humildade, e em disciplina do corpo, MAS NÃO SÃO DE
VALOR ALGUM SENÃO PARA A SATISFAÇÃO DA CARNE” (Colossenses 2:8-
23).
"O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o
profeta: O céu é o meu trono,e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me
edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso"? (Atos 7:48,49).
Na dispensação da lei, Deus habitava no Templo de Jerusalém, e ali era
depositado o dízimo pelos judeus:
"Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer
HABITAR O SEU NOME; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos
holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos DÍZIMOS, e a oferta alçada da
vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao
Senhor" (Deuteronômio 12:11).
Na dispensação da graça o Senhor não habita em templos de tijolos (At 7:48,49).
Portanto, não adianta você pensar que estará o agradando com "sacrifícios" e
129
"holocaustos" (dízimos), ainda que isso fosse possível hoje. Na dispensação da
lei, o Senhor habitava exatamente no Templo de Jerusalém, onde Ele mesmo
escolheu para habitar o Seu Nome (Dt 12:11). Aquele que não cumpria com a lei
do Dízimo estava sujeito à pena de morte por desobediência.
Nota*
A palavra Sábado em hebraico é Shabbath – Dia judaico dedicado ao descanso e
ao culto. Mas, para o cristão, Cristo é o verdadeiro sábado, pois Nele somos
convidados a descansar todos os dias (Mt 11:28). A "guarda do sábado" também
era um sinal ou aliança apenas para os filhos de Israel e para ninguém mais.
Todavia, havia uma profecia ou promessa de que Deus faria cessar os “sábados”
(Os 2:11). Assim acontece com o Dízimo; ele cessou juntamente com todas as
ordenanças judaicas. Jesus aboliu o Velho Testamento (2 Co 3). Para o cristão, o
Velho Testamento é um livro de tipos e figuras.
Alguém pode perguntar: Mas e os dez mandamentos? Todos os dez
mandamentos estão contidos no Novo Testamento para os cristãos obedecerem,
menos a guarda do sábado. Cristo toma para Si o Senhorio total e supremo sobre
o Sábado, tornando-se o descanso perpétuo dos crentes (Mc 2:27-28). Por falta
de espaço, deixaremos para falar sobre o Sábado judaico em outra ocasião.
130
CAPÍTULO 5
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS
NÚPCIAS
"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"
(Malaquias 2.16).
132
Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas
mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra,
comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.
Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à
mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber
esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido” (Mateus 19.3-11).
Com base nos versículos acima, analisaremos seis pontos cruciais da passagem
bíblica para o entendimento correto do texto sagrado.
135
significado primário dessa palavra. Do mesmo modo, ele usa a
expressão moicheia para tratar especificamente da prática do adultério.
136
pecado e outro, Mateus insere a cláusula de exceção (porneia – fornicação)
no intuito de exonerar José e mostrar que o tipo de divórcio que alguém pode
assumir durante o noivado – por causa de fornicação – está em perfeita
harmonia com o que Jesus disse.
Essa interpretação é consistente e resultante de uma aplicação exegética
honesta, sem os malabarismos que a maioria faz para tentar legitimar um
pecado que Deus condena de Gênesis a Apocalipse. Pelo menos quatro
vantagens exegéticas ficam evidentes a respeito da exceção concedida por
Cristo em Mateus 19.9:
(1) Esta interpretação não força Mateus a contradizer o significado claro e
absoluto de Marcos e Lucas. A força e significado das expressões usadas por
Marcos e Lucas não abrem margens sequer para uma discussão; (2) ela
fornece uma explicação lógica para o emprego de porneia ao invés de
moicheia na frase de exceção de Mateus; (3) ela enquadra o uso do termo
porneia em seu significado predominante – fornicação – em Mateus 5.32 e
19.9; e (4) promove a verdade do absoluto mandamento de Jesus de que o
divórcio e a nova união entre divorciados são ambos condenados por Deus,
sem permitir que isto entre em contradição com a retidão da intenção de José
ao resolver divorciar-se de sua noiva Maria.
Portanto, não podemos fugir do fato de que a distinção entre o que era
considerado como porneia e o que era considerado como moicheia foi
minuciosamente mantido na literatura judaica pré-cristã e no Novo
Testamento.
137
não convém casar "! O que isso significa? Significa que, muito mais agora,
após aquele período complicado no ministério de Moisés com o povo hebreu,
o casamento era algo muito mais sério do que eles podiam imaginar. Agora os
discípulos tinham compreendido que o matrimônio conjugal se tratara de uma
união vitalícia, santa e irrevogável, que mais tarde seria a analogia usada
pelos apóstolos para se referir à própria noiva de Cristo – a Igreja (Ef 5.22-
33). Pergunto ao leitor: Cristo se divorcia de sua amada noiva, embora ela o
traia todos os dias?
Segundo, Cristo se direciona aos discípulos e diz exatamente o que Paulo
reforçaria nas epístolas: "Nem todos podem receber esta palavra, mas só
aqueles a quem foi concedido" (v. 11). Em 1Coríntios 7.20, Paulo se encontra
falando sobre a vocação do casamento, a qual nem todos estão destinados a
receber: “... cada um fique na vocação em que foi chamado". Assim, a fim de
acalmar o espírito de seus discípulos, Jesus os conduz ao entendimento de que
cada um recebe de Deus um dom diferente, por divino decreto, e em Sua
soberania é onde eles devem descansar. Portanto, Mateus 19.3-11 não
permite Divórcio nem Segundo Casamento.
DESERÇÃO E ABANDONO
"Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte
do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com
o marido; e que o marido não deixe a mulher (...). Mas, se o descrente quiser
apartar-se, que se aparte; em tais casos (irreconciliáveis), não fica sujeito à
servidão nem o irmão (repudiado), nem a irmã (repudiada); Deus vos tem
chamado à paz" (1Coríntios 7.10,11,15).
O foco de Paulo em 1Coríntios 7 é a relação entre um homem e uma mulher.
Todo o capítulo é composto por uma série de mandamentos e conselhos
destinados a três grupos diferentes: (1) solteiros ou viúvos, (2) casados e (3)
crentes que se casaram com descrentes. O apóstolo fala acerca do celibato, do
139
casamento e dos crentes que haviam se casado com pagãos. Portanto, para que o
nosso foco seja mantido neste capítulo, falaremos sobre os deveres
predominantes dos solteiros e viúvos em outra ocasião. O que importa agora é
desfazer o engano de Satanás e dos falsos mestres a respeito do divórcio e
segundo casamento.
Paulo proíbe o divórcio e o faz sob a base de que Jesus o proibiu (Mc 10.9; Lc
16.18; Mt 19.3-9). Não se trata de uma mera opinião do apóstolo, mas da
revelação direta de Jesus Cristo a ele, já que nenhum apóstolo escreveu sob
qualquer influência que não fosse do Espírito Santo. Paulo diz: "aos casados
mando, não eu, mas o Senhor", a fim de asseverar aos crentes de Corinto que
Jesus já havia ensinado tudo isso nos evangelhos, e que, portanto, ele não estava
dizendo nada novo ali. Ao contemplar a possibilidade de um rompimento
forçado, Paulo proíbe expressamente que haja um novo casamento. Pode parecer
uma doutrina severa para “cristãos” relativistas e pagãos da nossa era, mas o fato
é que em Corinto havia uma lassidão espiritual fora do comum, característica que
marcou aquela igreja como sendo a mais resistente à disciplina cristã devido aos
costumes de suas antigas crenças em deuses pagãos. Nada pertencente a esta vida
deveria tomar a atenção dos crentes de Corinto, e Paulo não deu mole para as
ovelhas daquela congregação. Isso explica por que a linguagem de Paulo é tão
severa ao se dirigir a uma classe de recém-convertidos que, outrora, praticava
orgias em devoção a todo tipo de deuses da antiga Grécia. Portanto, era
necessário que qualquer tipo de pensamento impuro fosse evitado entre os
Coríntios, especialmente na área sexual. E Paulo não poupou a cinta. Divórcio
não! Segundo casamento, exceto em caso de viuvez, também não!
140
"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas,
se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja
no Senhor" (1Coríntios 7.39).
Quaisquer que sejam as justificativas dos advogados do divórcio e “re-
casamento”, nenhuma passagem da Escritura pode ensinar o contrário do que está
enfaticamente ordenado em 1Coríntios 7.39. Esta passagem é a conclusão lógica
de todo um pano de fundo que vimos até aqui. Todo o ensinamento de Cristo
sobre relação conjugal, separação ou união com terceiros é concluído aqui. Um
novo casamento só é permitido em caso de óbito (morte física; túmulo).
Em 1 Coríntios 7, Paulo tem ciência de que uma possível separação forçada é
inevitável. Quando ele escreve aos Coríntios sobre o assunto, ele está
considerando em sua mente a possibilidade de um adultério sem arrependimento
e de casos como a deserção e a violência doméstica. A fim de deixar claro ao
leitor de que o divórcio e o novo casamento de divorciados são ambos
condenados por Deus, ele se dirige aos cônjuges que sofreram o rompimento
forçado e os alerta sob a base das mesmas palavras do Jesus histórico. Esses
indivíduos abandonados no casamento devem se manter no celibato, pois Deus
os chamou para a paz e eles não estão fadados a forçarem ninguém a manter
laços com eles.
Portanto, Lucas 16.18, Marcos 10.11-12 e Mateus 19.3-11 são as normas que o
apóstolo Paulo tem em mente quando vai tratar sobre o assunto com a Igreja de
Cristo na dispensação da graça. É por essa razão que ele diz: “... aos casados
mando, não eu, mas o Senhor“, fazendo alusão ao que Jesus já havia dito nos
evangelhos, mas que precisava ser enfatizado para um povo de difícil
compreensão.
142
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7.2-3).
1 - Essa mulher casa novamente com outro homem, estando o seu marido ainda
vivo.
2 - Essa mulher que casa novamente com outro homem (não interessa o motivo
nem a "legitimidade" atribuída pelos homens), não se livrou do fato de que o seu
legítimo marido (o primeiro) ainda é chamado de M-A-R-I-D-O. Não existe “ex-
marido” na Bíblia. Essa ideia foi inventada por pecadores para racionalizar o
pecado do adultério. Em nenhuma parte das Escrituras você encontrará o termo
“ex-marido”. O fato de que o legítimo marido ainda é chamado de M-A-R-I-D-O,
apesar da mulher tê-lo deixado e casado com outro, derruba por terra toda a
tentativa inútil de dizer que a nova união entre divorciados é reconhecida por
Deus. Essa nova união não é reconhecida por Deus. Deus aplica a esta mulher o
título de ADÚLTERA! Este é o nome dela – ADÚLTERA. Ela tem dois
maridos!
Se o divórcio fosse válido e anulasse o casamento, a passagem de Romanos 7.1-3
estaria totalmente em desacordo com as Escrituras, entrando numa contradição
descabida com a tese do divórcio e novo casamento apresentada até aqui. Tal
pensamento secular gera um total descrédito sobre a Palavra de Deus e lança a
inerrância das Escrituras na lata do lixo!
143
Infidelidade, abandono e divórcio trazem maldição e profanação para o
casamento, mas não quebram a união do casamento. Os dois cônjuges continuam
sendo uma só carne até que a morte os separe.
Ao olharmos para o mundo religioso, fica evidente a fala dobre de pessoas
inconstantes (Pv 17.20; Tg 1.8). A maioria dos casais fala uma coisa, mas em
suas mentes pensam de outra maneira. Os votos feitos na cerimônia não servem
de nada. São palavras. Nada mais do que palavras. São cristãos nominais –
apenas no nome. São mentirosos e, portanto, filhos do diabo, o pai da mentira.
São pessoas ímpias. Jamais foram regeneradas. Sua língua está cheia de rapina e
hipocrisia.
João Batista apontou e condenou o pecado de Herodes, o governador da Judeia,
que estava em adultério porque se uniu a uma mulher divorciada. Essa mulher era
esposa de seu irmão Felipe (Mt 14.3-4). Preste atenção nisso. João apontou o
dedo na fuça de um governador em público. Observe a coragem, ousadia e
intrepidez de João Batista e compare esse servo de Deus com os que se dizem
“pregadores do evangelho” hoje. João Batista não tinha medo de apontar o
pecado, nem de repreender os mestres e poderosos. Com efeito, João Batista não
se enquadra na abordagem pacifista e carismática dos "profetas" do nosso século,
em nenhum nível e em nenhum aspecto.
O resultado é que, diferentemente da mulher samaritana (Jo 4.15-18) e da mulher
judia que também havia cometido adultério e se arrependido (Jo 8.11), o ódio de
Herodias contra o profeta cresceu em seu coração. Herodias não abandonou o seu
pecado. Ela escolheu outro caminho – matar um servo de Deus, pensando que
assim calaria suas palavras.
João Batista foi punido com a morte por ter uma visão bíblica do casamento.
Teve sua cabeça arrancada por não fazer parte de uma elite religiosa que visava o
lucro pessoal e político; que valorizava mais as suas tradições do que a Palavra
de Deus; que vivia de aparências. João Batista não dobrou seus joelhos diante da
diplomacia acadêmica. Ele cumpriu com fidelidade sua missão de profeta na
terra.
Com efeito, não há uma só linha no Novo Testamento que sirva de amparo para a
quebra da aliança do casamento, exceto a morte. A única forma de um cristão se
casar de novo é somente "se o marido morrer" e ponto final. Não há o que
discutir. Os divorcistas e adúlteros não têm para onde correr. Ou eles usam a
permissão de Moisés como desculpa (o que é exatamente o que os fariseus da
época de Jesus fizeram), ou terão de concordar com a antítese que aponta para a
144
proibição do divórcio e também de um novo casamento entre divorciados (Gn
2.24; Ml 2.16; Mt 19.3-11; Mc 10.2-12; Lc 16.18; 1Co 7.10,11,15,39; Rm 7.1-3).
Você diz servir ao Deus da Bíblia? Então saiba que Ele odeia o divórcio e o
adultério. E Ele não muda. Esse Deus é imutável. Você quer se divorciar? Quer
se “recasar”? Então faça-o sem distorcer as Escrituras para a sua satisfação
carnal. Há milhares de religiões que apoiam a poligamia e você não precisa
ultrapassar os limites da insensatez ao tentar legitimar tal abominação por meio
da Bíblia. Poupe a si mesmo e aos mais fracos de tamanha aberração ilógica e
busque, sem demora, por uma religião pagã que forneça a você os conceitos e
práticas que lhe convém.
UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO
A Bíblia diz que os adúlteros não herdarão o reino dos céus (1Co 6.10). O
versículo de João 8.11 fala exatamente sobre uma mulher que adulterou. O que
Jesus disse a ela? "Vá e não peques mais". Em momento algum Ele diz
"permaneça no adultério", mas sim "Vá e não peques mais". Jesus não estava
interessado se aquela moça (deveras casada, pois praticou moicheia - adultério) já
havia construído outra vida e com outra pessoa. Jesus não perguntou a ela o que
lhe faria sentir bem consigo mesma, ou, ainda, se as circunstâncias da sua vida
possuíam barreiras demais para se acertar com Deus. E são exatamente estas
coisas que os pastores do século presente fazem: "Ah... você já formou outra
família? Bom, nesse caso concedemos uma exceção para você"! Quem inventou
tal bestialidade? Quem deu o direito ou autoridade de revirarmos os 66 livros da
145
Escritura de cabeça para baixo com a finalidade de "abrir uma exceçãozinha"
para o irmão que está em pecado? Nem todos suportam ouvir essa verdade, mas é
isso que a Bíblia ensina. Quem recasa destruiu, irremediavelmente, a figura
indissolúvel do relacionamento entre Cristo e a igreja, comparados com o marido
e com a esposa respectivamente (Ef 5.24-25 ).
O verdadeiro arrependimento produz mudança de pensamento, e o pensamento
produz mudança de atitude. A própria lógica nos diz isso. Ou sai do adultério ou
fica nele. As duas coisas ao mesmo tempo não existe. Os que aceitam que
divórcio e “re-casamento” são de fato condenados pela Bíblia e, ao mesmo
tempo, negam que aqueles que se mantém no erro do “segundo-casamento” estão
em constante ADULTÉRIO, estão a cometer um paradoxo sem precedentes. Isso
é afrontar a inteligência humana.
Quando uma pessoa ouve a verdade, ela toma uma atitude ou outra: Ou ela vai
para o lado certo ou ela vai para o lado errado. Uma pessoa arrependida do
divórcio e do "novo casamento" irá criar uma ruptura no adultério, por mais que
ela tente impedir. Eu vi isso acontecer. Certa vez uma mulher adúltera entendeu
meu artigo a respeito do tema e ficou ARREPENDIDA. Automaticamente a
relação dela com o adúltero entrou em crise. O que ela fez para cessar a crise?
Escolheu o caminho errado e voltou atrás! Ela encontrou uma brecha na lei de
Moisés e justificou seu ato por meio desta brecha. Depois disso ela rompeu todos
os contatos comigo para não ouvir mais nada sobre o assunto.
Diante do exposto, uma pergunta popular sempre surge: “O adultério anula o
Sacrifício Expiatório de Cristo?” Esse tipo de pergunta jamais deveria ser feita
por um cristão. Isso prova o quão longe ele se encontra de Deus. Pois nada e nem
ninguém anula o sacrifício de Cristo. O fato é que, como qualquer outro pecado,
o divórcio e o adultério do segundo casamento, quando não retratados
(abandonados), são simplesmente o resultado da não-regeneração do pecador. É o
fruto resultante de um não-eleito. Não existe justificação sem santificação. Do
contrário, isso seria antinomianismo (cf. Rm 6.1-23). A obediência é o resultado
da salvação e não um pré-requisito para ser salvo. "Porque somos feitura Sua [de
Deus], criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas" (Efésios 2.10). Ou seja, o fato de sermos salvos pela
graça e não pelas obras não significa permissão para pecar. Pelo contrário, a
graça é concedida justamente para tornar possível a santificação do eleito. "Não
sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois
servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça?"(Romanos 6.16). A ovelha pode cair na lama, mas só um porco
consegue permanecer nela.
146
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO DA
IGREJA MODERNA
147
vistos como monstros; afinal, ninguém está vendo você mentir em casa, no
trabalho ou nas ruas. Ninguém está vendo você matar o próximo ao nutrir ódio
por alguém que lhe fez mal; e ninguém está vendo você dizer que seus filhos são
a coisa mais importante da sua vida (idolatria). Porém, se um servo de Deus é
levantado para pregar a sã doutrina na Igreja, condenando o divórcio e o segundo
casamento de divorciados, quantas pessoas, no dia de hoje, poderão se esconder
debaixo da terra e manter a aparência de santidade?
Com isto em mente, temos constatado que, na maioria dos casos, o que ocorre
não é a ignorância acerca do pecado do divórcio e segundo casamento entre
divorciados, mas sim a vergonha da exposição à igreja e ao público. Embora a
máscara do “bom testemunho” seja facilmente mantida por um tempo,
certamente, um dia, a Palavra de Deus saltará aos brados contra os que
adulteram, na frente de toda a congregação.
Esconder o pecado da mentira é fácil. O difícil é esconder o "ex-marido" (não
existe esse termo na Bíblia) debaixo da cama e fingir que é fiel à Bíblia. Quem
pode dizer e provar que a mentira é mais fácil de ser abandonada do que o
adultério? Ou, quem pode afirmar, sem falso temor, que a “avareza” (que
também é idolatria) é mais fácil de ser abandonada do que o adultério? Examine-
se a si mesmo e se pergunte: “Seria eu capaz de lançar minha TV a Cabo pela
janela hoje?”.
Homens e mulheres que se divorciaram e se uniram a terceiros costumam se
colocar em um status elevado diante de Deus por meio de um gnosticismo
presunçoso e sem nenhum consenso com a Bíblia. Quando as justificativas
baseadas na lei mosaica falham – e certamente irão falhar – essas pessoas se
refugiam em subterfúgios sensacionalistas, tais como a auto-justificação, uma
vez que não possuem o amparo das Escrituras Sagradas para seus atos. Eles
dizem: “Você não sabe o que eu sinto... você não conhece o meu coração... você
não sabe o que é dor...”, como se os demais crentes da Igreja de Deus não
tivessem sua própria cruz para carregar, e, assim, lançam pedras sobre os que de
bom grado tentam alertá-los. É como se o pecado do divórcio e “re-casamento”
fosse uma espécie de “iniquidade tolerável à parte”, com exceções variadas e
atalhos para o reino dos céus. Todavia, é necessário que se diga: Não existe
justificação sem santificação. A crença de que um homem pode caminhar para
o Céu sem ser santificado [dia após dia] provém do Antinomianismo (vide meu
artigo sobre o termo – “Por Que Devo Me Arrepender Se Já Está Tudo
Decretado?”).
148
PERMISSÃO ILIMITADA
Se o segundo casamento entre divorciados é correto, qual o problema com o
vigésimo? Toda vez que faço essa pergunta a um defensor do Divórcio e do
segundo casamento de divorciados, o silêncio toma conta do ambiente e ninguém
é capaz de tentar mais uma “cambalhota teológica” para justificar essas heresias.
Os hereges, adúlteros e divorcistas simplesmente teriam que alegar uma
“permissão ilimitada”, entrando em um total desacordo com as Escrituras.
Alguns alegam que Deus tolera o adultério por parte daqueles que se casaram
várias vezes porque ainda não haviam se convertido. Mas a lei do casamento não
consiste numa união que pode ser dissolvida enquanto se é um ímpio. Ao
contrário disso, quando Deus diz aos Seus filhos que não considera os “tempos
da ignorância”, Ele está dizendo que o chamado ao arrependimento é universal,
independente do que os homens tenham feito no passado. Mas, se alguém insiste
em me contradizer, o que lhe restará senão uma total ausência de sensatez quando
eu fizer a seguinte indagação: Se a regra é considerar os tempos da ignorância,
por que os defensores do divórcio e da permanência no adultério do segundo
casamento não aplicam a mesma regra e da mesma maneira aos outros pecados
ao invés de ensinar as ovelhas a abandonarem "a velha natureza”?
Em termos diretos, por que tais facínoras, que se autoproclamam pastores,
ensinam aos quatro ventos que a vida de pecado deve ser abandonada pelo crente
ao se tornar “nova criatura” (2 Co 5.17), mas, paradoxalmente, tomam para si a
autoridade de abrir uma “exceçãozinha” para os que permanecem no adultério?
RESSALVAS E CONSIDERAÇÕES
Um ponto importante a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Por isso há tanto
sofrimento quando descobrimos a verdade nas Escrituras. Fazemos nossas más
escolhas e praticamos nossas perversidades antes da conversão e depois não
queremos acertar nossas vidas com Deus. Culpamos a Deus pelos nossos
distúrbios, quando, na verdade, toda a nossa ignorância é consequência dos
nossos próprios pecados. Nós nascemos odiando a Deus (Rm 3). É preciso
entender que a partir do momento em que começamos a andar com Jesus,
sofreremos as dores consequentes dos nossos atos, e viveremos uma vida de
arrependimento e mudança de caráter. A situação é complicada, mas é a realidade
que a Bíblia nos apresenta a respeito do “novo nascimento”. Quando nos
149
convertemos, temos muito o que acertar com Deus; e isso exige que passemos
por uma metamorfose. A metamorfose não é nada confortável; ela é dolorosa até
que termine seu processo. Sem isso, o evangelho perde todo o seu sentido.
Minha pergunta final aos atuais “pastores” e “líderes religiosos” é: Por que a
passagem de Romanos 7.2-3 não é lida publicamente em suas sinagogas? Ou, no
mínimo, por que essa passagem bíblica é tão evitada e censurada em seus ditos
cultos?
“A mulher que tem marido está ligada pela lei ao marido dela enquanto ele
estiver vivendo; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido dela.
De sorte que, enquanto estiver vivendo o marido dela, se ela se casar com outro
homem, ela será chamada de adúltera; mas, se morto o marido dela, ela livre
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7:2-3).
Deus disse:
● "Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim”
(Ml 2:16);
● “O que Deus uniu, não o separe o homem” (Mt 19:6);
● “Marido e esposa estão ligados pela lei até que a morte os separe” (Rm 7:2-3);
150
● “A união matrimonial é indissolúvel, e uma nova união só é permitida em caso
de viuvez” (1Co 7:39);
● “Não é permitida a separação. Se, porém, ocorrer uma separação forçada (caso
de abandono, por exemplo), fique sem se casar ou se reconcilie com o seu
cônjuge” (1Co 7:10-11);
● “Quem se casa de novo, estando o marido (ou esposa) vivo, está em contínuo
adultério” (Mt 19:3-6; 5:27-28; Rm 7:2-3);
● “Os adúlteros não herdarão o reino dos céus” (Rm 1:31-32; 1Co 6:10; Gl 5:19-
21; Ef 5:3-5; Cl 3:5-6; 1Ts 4:3-8; Hb 13:4; 2Pe 2:14-17; Ap 22:14-15).
Satanás diz:
● “Ah, Deus não me quer sofrendo”;
● “Ah, Deus me fez para ser feliz”;
● “Ah, Deus não leva em conta o tempo da ignorância”;
● “Ah, Deus me perdoa sem que eu me converta; Ele não vai querer minha
tristeza”;
● “Ah, larga ele(a) e case-se de novo; Deus quer o seu bem”;
● “Ah, estou feliz no meu atual [segundo] casamento! Deus não é carrasco”!
151
"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"(Malaquias
2.16).
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna” (Gálatas 6:7,8).
Deus não terá o culpado por inocente (Ex 34:7; Nm 14:18; Na 1:3). Ele irá
despejar sua ira sobre os filhos da desobediência (Cl 3:6; Ef 5:6). Não sou eu
quem estou dizendo isso; é a Palavra de Deus; é o próprio DEUS!
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”
(Atos 3:19).
RESPOSTAS A PERGUNTAS
FREQUENTES
PERGUNTA: Qual a sua opinião sobre casamento forçado? Ex: Uma jovem
menor é forçada a se casar com alguém que a violentou. Essa jovem poderia se
casar novamente com alguém de sua escolha?
RESPOSTA: Não existe tal exceção para novas núpcias. A Bíblia diz que
somente a viuvez permite ao cônjuge um novo casamento. Também não existe
"casamento forçado". No caso da jovem, ela pode escolher ser fiel a Deus e
sofrer as consequências de se dizer "não" ao casamento que lhe foi imputado.
Todos nós temos responsabilidade sobre nossas ações. Um bom exemplo disso é
o caso de Sadraque, Mesaque e Abednego, que tinham duas opções: Ou eles
obedeciam ao decreto do rei Nabucodonosor, o qual consistia em adorar a
estátua que ele havia feito para todos os povos adorarem, ou eles seriam
queimados na fornalha. Se aqueles três judeus optassem por adorar a estátua,
seriam punidos por Deus; e se optassem pela desobediência ao rei, seriam
queimados vivos. A decisão desses três servos de Deus foi dizer “não” ao rei
Nabucodonosor. Será que ser queimado vivo numa fornalha é menos doloroso
do que um estupro? Para melhor entendimento da história, recomendo ao leitor
que leia toda a trama em Daniel 3.
152
PERGUNTA: Mas, sendo menor de idade (cerca de 15 anos) não dá pra dizer
“não” e sofrer as consequências. Isso é impossível.
RESPOSTA: Depende de como a pessoa foi educada. Depende se o indivíduo
foi disciplinado segundo os moldes bíblicos ou segundo os padrões mundanos.
Meus filhos, hoje, têm 3 e 5 anos e sabem muito bem dizer "não" para muitas
coisas. Mas, digamos que um deles fosse forçado a se casar com uma mulher que
não desejasse. Ainda assim o casamento é VITALÍCIO. É irrevogável. Nada é
por acaso. Deus continua em Seu trono e é Ele quem determina cada
acontecimento em nossas vidas. Ele diz: “Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais
nenhum deus há além de mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e
ninguém há que escape da minha mão” (Deuteronômio 32.39).
Um segundo ponto a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Maria, por exemplo,
tinha cerca de 15 anos quando foi PROMETIDA a José. A Bíblia diz que
José “não conheceu Maria” enquanto ela não deu à luz a Jesus, que foi
concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.25). Quando a Bíblia diz que José “não a
conheceu”, isto se refere ao fato de que José não teve ato sexual, nem qualquer
intimidade com Maria até o nascimento de Jesus e a oficialização do matrimônio.
O amor entre os dois foi sendo moldado conforme os anos de seu casamento,
muito tempo depois, e não o inverso, como somos acostumados na nossa geração
e cultura perversas. No mundo e na época em que vivemos, as pessoas têm
relações sexuais e constroem o “amor” para depois se casarem. Isso se
chama Prostituição na Bíblia. É um ato totalmente antibíblico e abominável a
Deus.
PERGUNTA: Mas, e se o homem com quem fui forçada a me casar for mau? Se
fosse um casamento minuciosamente arranjado, concordaria com você. Mas
casar uma mulher com um homem que a estuprou é algo impossível de se
suportar. Não se pode respeitar um homem assim, nem ser submissa a ele.
RESPOSTA: Deus não ordena que a mulher respeite o marido por causa do
marido, mas sim para honrar a Deus. Não tem a ver com obediência ao homem,
mas com submissão primária a Deus. Poderíamos falar de várias outras situações
além do casamento forçado aqui, como por exemplo os cristãos primitivos que
eram jogados na arena com os leões. Eles podiam dizer "não" e serem mortos
antes da arena, mas, em sua maioria, preferiam correr o risco com os leões.
153
Certamente vale a pena tentar pensar em algo mais doloroso do que um estupro.
Mais uma vez eu apelo para a soberania de Deus; ela não falha; ela não possui
sombra de variação. O "casamento forçado" é algo triste, em especial quando o
homem estuprou sua futura esposa. Mas, será que é a coisa mais triste que existe
na vida cristã? Será que tudo é tão ruim que não possa ser piorado? Meditemos,
pois, nas ordens de Deus e não em nossa vã maneira de pensar.
154
inocente. Existe a paz de Cristo e a paz do mundo. Pense bem em qual paz você
está buscando. A Soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de
mãos dadas.
155
Também sabemos que no nosso caso quem oficializa o casamento é o Estado, ou
seja, a autoridade instituída por Deus para tais meios. Não vivemos na teocracia
de Israel, quando as coisas funcionam de forma diferente na oficialização do
casamento. O que causa muita confusão é que muita gente pensa que tem que
estar convertido para se casar e ser considerado casado. Nada disso. A lei que
rege o matrimônio se baseia na criação. O casamento vem antes da Lei (Gn 2.24).
CONCLUSÃO:
Jesus disse para os fariseus que Deus estabeleceu a ordem da imutabilidade do
casamento antes mesmo da Lei (Gn 2.24; Mt 19.4-9). Os fariseus ficaram
desesperados com isso. Até os discípulos ficaram com medo de se casar (Mt
19.10). O apóstolo Paulo tinha muito medo do casamento e até chegou a dar
conselhos próprios aos homens, dizendo: "Se você está bem sem mulher, não
procure mulher" (1 Coríntios 7.27). Isso é muito sério. Como toda a ordem de
Deus, o assunto “Casamento” exige total sujeição da nossa parte para com Deus.
Nada disso deveria ser causa de escândalo ao cristão. Nada disso deveria impedi-
lo de ser fiel a Deus. Nada nesta vida deveria tomar o lugar de Deus em nossos
corações: “Nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De
sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor (Romanos 14.7,8).
Não estamos sozinhos no "vale da sombra e da morte". Cada membro do Corpo
de Cristo sofre as mesmas aflições pelo mundo afora: “Sede sóbrios; vigiai;
porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as
mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pedro 5.8,9).
Quem ama a Deus, guarda os Seus mandamentos: “E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-
o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade” (1 João 2.3,4).
156
A IMPORTÂNCIA DO SEXO NA VIDA DO
CASAL
"Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum
tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra
vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência"
(1 Coríntios 7.5).
3. Se o casal não preservar o ato SEXUAL constante, Satanás tentará uma das
partes (ou as duas) através da lascívia.
Isso não é uma proposta passível de opção. A Bíblia não faz sugestões. Ela
determina o que é correto ou não para a vida cristã. Todo casal que não se atenta
aos princípios estabelecidos por Cristo ao casamento não suporta as pressões com
que o mundo, o diabo e a carne lhe acometem. Verifique e faça uma pesquisa
sobre o testemunho de casais não-convertidos e testifique por si mesmo o que
digo. Não é necessário a teologia para provar tal realidade perversa; basta
entender um pouco de estatística. Nenhum casamento é duradouro sem a
obediência aos preceitos imputados aos casados.
Geralmente chamam de "aliança" o que na verdade não passa de um simples anel
de ouro. Todavia, a palavra "Aliança" deriva do hebraico "Berith", que significa
Pacto ou Selo. Por acaso você já viu um judeu ou um cristão na Bíblia usando
"anel de aliança"? Pois bem, e nem nunca verá. O Deus da Palavra é o Deus de
alianças. Em todo o período testamentário Ele institui seus conceitos por meio de
uma aliança. A aliança feita com os homens para a salvação tem como símbolo
157
terreno o casamento entre UM HOMEM E UMA MULHER (Gênesis 2). Tanto
uma como a outra não tem fim. A única distinção entre a primeira e a segunda é
que o casamento se finda com a morte física, enquanto a aliança de Deus nas
dispensações bíblicas são eternas e irrevogáveis – a aliança feita com Israel para
o reinado de Cristo por mil anos na terra e a aliança feita com a Igreja num todo
para a salvação.
Mulher, seu corpo não pertence mais a ti mesma; seu corpo pertence ao seu
marido. Homem, seu corpo não pertence mais a ti mesmo; seu corpo agora
pertence à sua mulher. Vocês não têm o direito de negar sexo um ao outro,
exceto nos casos supracitados em 1Coríntios 7.5, quando os mesmos se
encontram em perfeita harmonia.
"O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao
marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o
marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu
próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por
consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à
oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela
vossa incontinência" (1 Coríntios 7.3-5).
Quando casados, seus corpos não mais pertencem a si mesmos, mas estão em
sujeição mútua. Ao contrário da prostituição (sexo entre solteiros), o sexo não é
meramente um momento de satisfação carnal, mas um gatilho indispensável e
poderoso concedido por Deus para a batalha contra as hostes espirituais da
maldade. O sexo não foi criado por satanás. Satanás não cria nada; ele distorce,
deturpa, prostitui, adultera e modifica sofisticamente com o intuito de promover
o pecado. O sexo é projeto de Deus e possui regras imutáveis. Assim como o
Culto e a Ceia possuem elementos irrevogáveis prescritos pela Bíblia para a
aceitação de Deus na vida eclesiástica, o sexo possui normas e não pode ser
praticado de modo condenável pela Bíblia. Se os crentes contemporâneos
tivessem ciência do que significa o sexo biblicamente, estariam tomando
providências radicais para mantê-lo em seu estado santo e agradável diante de
Deus.
Se os pregadores do presente século tomassem nota das consequências de se
omitir o respectivo tema nos púlpitos, a maioria dos casamentos cristãos hoje não
estaria destruída. Se você é um "pregador do evangelho" e negligencia um dos
principais conceitos da vida cristã (o sexo) na Igreja de Cristo, você prestará
contas disso um dia [Naquele Dia]. Deus não terá por inocente aquele que se
nega a falar de sexo aos membros da Igreja, porquanto a Palavra de Deus procede
falando sobre isso como fator de santificação.
158
Se alguém despreza as palavras que digo, que despreze. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
159
CAPÍTULO 6
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS
A primeira coisa que um cristão deve saber a respeito do Sábado Judaico é que
esta lei se trata de uma ordem de Deus dada ao povo de Israel e não à Igreja. A
segunda coisa é que o sábado não foi abolido, nem mesmo um i ou um til da lei,
como Jesus mesmo disse, e nós constataremos isso mais à frente. A terceira coisa
importante é que devemos sempre saber diferenciar as ordens dadas por Deus a
Israel das ordens dadas por Ele à Igreja. As ordens dadas a Israel são diferentes
das que Ele estabeleceu para Sua Igreja. Dito isto, vamos tentar falar mais a
respeito deste mandamento e entender por que a Igreja está isenta do mesmo.
A palavra “Sábado” vem do hebraico Shabat, que significa “Descanso” – o dia
judaico dedicado ao descanso e ao culto. Todavia, para o cristão, mediante o
evangelho da graça e conforme os versículos que aqui serão apresentados de
forma sistemática, o próprio Cristo é o nosso sábado, pois é Ele quem diz ser o
nosso Sábado, e é Nele que somos convidados a descansar todos os dias, em
espírito e em verdade (Mt 11.28; Mc 7.27,28; Jo 4.23).
Muitos grupos e seitas religiosas, tais como Adventismo do Sétimo Dia, Igreja
Presbiteriana do Brasil e Igreja Católica Romana, ensinam que deveríamos
guardar um dia para o Senhor. No Adventismo do Sétimo Dia este dia é o sétimo,
enquanto que na Igreja Presbiteriana e Católica é o primeiro. Isso ocorre porque,
de acordo com a crença presbiteriana e católica, o Shabat foi transferido para o
dia do Senhor, que é o primeiro dia da semana escolhido pelos apóstolos e
primeiros cristãos para culto, adoração e ministério, quando partiam o pão entre
si (At 20.7; 1 Co 16.2). Porém, o dia do Senhor não tem nenhuma relação com o
Sábado judaico. Essas pobres almas dedicam um “culto especial” em favor de um
“dia santo” nunca antes estabelecido pelo evangelho de Cristo! Isso se chama
idolatria. Trata-se do ato de considerar um dia como sendo “santo” ou mais
importante do que os outros. Isso ocorre pela falta de conhecimento, de um
estudo responsável das Escrituras e pela ausência de uma compreensão saudável
acerca das dispensações da Bíblia. De fato, como já fora dito em outro capítulo, o
160
Sábado Judaico não é encontrado no Novo Testamento porque se trata de uma
instituição puramente judaica, provida de um calendário lunar e impossível de ser
praticada pela Igreja cristã, ainda que existisse tal lei na dispensação da graça,
isto é, no Novo Testamento.
O SÁBADO JUDAICO
O Sábado está entre os Dez Mandamentos do Antigo Testamento da Bíblia. A
ordem de Deus para o povo de Israel na dispensação da lei era esta:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás
toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás
nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e
ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o
santificou” (Êxodo 20.8-11).
Em Deuteronômio vemos mais uma razão para Deus ter ordenado ao povo de
Israel que guardasse o dia do Sábado. Os israelitas deviam guardar o Sábado para
que se lembrassem da libertação da escravidão do Egito:
“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia
de sábado” (Deuteronômio 5.12-15).
A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do
sábado. Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por
mais pequeno que fosse o ato. Essa é uma aliança perpétua para com o Seu povo
terreno, Israel. Assim, Deus disse a Israel:
"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre
mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos
santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o
profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra,
161
aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará,
porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no
dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão, pois, o
sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.
Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias
fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se" (Êxodo
31.12-17).
O texto é claro: A guarda do sábado é um sinal ou aliança apenas para os filhos
de Israel e a ninguém mais. Mas há uma profecia para a chegada de uma Nova
Aliança ou Novo Pacto para com Israel. Falaremos sobre a cessação do Sábado
mais à frente.
163
À propósito, o fato das seitas, tais como o Adventismo do Sétimo Dia,
permitirem que mulheres estejam em funções que são direcionadas somente aos
homens já as coloca na lista das piores seitas pentecostais e carismáticas da
cristandade moderna:
"Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas;
porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena
a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios
maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. Porventura foi de
vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém se
considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14).
Se Ellen White se considerasse realmente espiritual, ela teria reconhecido esse
mandamento do Senhor: que as mulheres não devem ensinar e devem
permanecer caladas nas reuniões da igreja. Não se trata de considerar a mulher
inferior ao homem ou de um capricho cultural da época neo-testamentária, mas
trata-se de uma questão de ordem que o próprio Deus estabeleceu: "Reconheça
que as coisas que vos escrevo são MANDAMENTOS DO SENHOR".
A razão pela qual esse mandamento é dado à Igreja é esta:
"A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a
mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas
a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Timóteo 2:11-14).
Ou seja, a razão pela qual a mulher não deve “abrir a boca” na congregação
durante o culto ou no ministério é que Adão não foi enganado, mas simplesmente
decidiu seguir sua mulher na decisão que ela já tinha tomado. Eva seguiu as
palavras da Serpente e foi enganada. Por esta razão Deus não permite que a
mulher ensine ou fale nas reuniões da igreja: a mulher é mais suscetível ao
engano e à heresia nas coisas referentes à doutrina. Não sou eu quem digo isso,
mas a doutrina dos apóstolos. A mulher possui sua esfera de atuação na Igreja,
mas essa esfera não inclui o ato de ensinar doutrinas aos homens. É assim que
funciona porque Deus assim ordenou à Igreja.
Portanto, na maioria das vezes, é infrutífero ensinar qualquer coisa aos membros
da seita Adventista porque eles continuarão tirando suas conclusões com base em
doutrinas ensinadas por uma mulher, algo claramente desautorizado por Deus. De
nada adiantaria eu tentar curar o ferimento no pé de alguém que pretende
continuar usando sapato com prego. A propósito, se Deus nos proíbe de ouvir
“doutrinas e preceitos de homens”, quanto mais somos proibidos de dar ouvidos
a doutrinas e preceitos inventados por mulheres?
164
Sendo assim, quando o alicerce da doutrina está fora do fundamento original,
todas as doutrinas relacionadas a este alicerce estão corrompidas. Em outras
palavras, quando o alicerce de uma casa está fora do projeto original de sua
estrutura, todas as suas paredes, por mais belas e firmes que sejam, estarão
igualmente fora do projeto original. É uma questão de fundamento. Você segue
as doutrinas ensinadas por seitas judaizantes que guardam o “sábado”? Então
você precisa se empenhar em resolver isso antes de querer entender outras coisas
da Palavra de Deus. É necessário que o crente saia imediatamente do sistema no
qual ele se acostumou com o erro para que ele possa aprender a verdade.
A resposta é “não”. O Sábado nunca foi ordenado às nações pagãs, nem à Igreja
de Deus, mas tão somente à nação de Israel. Dentre os pecados citados no Novo
Testamento, a guarda do Sábado nunca é mencionada. A transgressão do Sábado
simplesmente não existe na dispensação da graça, porque o povo celestial (Igreja)
de Deus não possui essa lei.
O maior problema dos cristãos professos da atualidade não é a falta de estudo da
Palavra, mas a falta de compreensão da diferença entre o que é dito para Israel e
o que é dito para a Igreja. Não sancionam a distinção que há entre a nação
terrenal de Deus e o Seu povo celestial. Quando exortamos essas pessoas a
respeito do tema, agem como animais irracionais; nos acusam de sermos
"estudiosos e detalhistas demais". Por conta disso, fica a critério de cada um o
que irão ou não cumprir na Bíblia. Cada denominação religiosa segue uma
cosmovisão mais bizarra do que a outra por causa desse distúrbio. Na visão
dessas pessoas, a Bíblia é um conjunto de leis direcionadas somente à Igreja,
quando, na verdade, a Igreja só veio a existir em Atos 2.
Vale salientar que a Lei não foi abolida. A Lei continua tendo o seu papel, pois
foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou que não veio para abolir a lei, mas
sim para cumpri-la (Mt 5.17). Aliás, Ele foi o único capaz de cumpri-la. Nenhum
outro homem pode cumprir a Lei.
No entanto, é preciso que entendamos que, na Bíblia, existem duas coisas
completamente distintas: o que funcionava antes da Igreja e o que é direcionado
para a Igreja. Enquanto a morte e ressurreição de Cristo não ocorre na Bíblia,
Deus está tratando com Seu povo terreno, Israel. Após a morte e ressurreição de
165
Jesus, Deus coloca Israel de lado e começa a tratar com o Seu povo celestial, a
Igreja, escolhida antes mesmo dos judeus nos desígnios de Deus, antes mesmo da
fundação do mundo. Finalmente, após o período experimental de Atos, chegamos
na doutrina dos apóstolos (epístolas), onde os preceitos para a Igreja estão
compilados. Ali sim, Deus está falando especificamente com os santos da Igreja.
Todavia, por não entender o que vem antes da Igreja e o que vem depois dela, a
maioria das pessoas da cristandade encontra muita dificuldade para compreender
o princípio do Sábado ou o Shabat dos judeus. Muita gente acredita que o cristão
deve guardar o Sábado da mesma maneira que faziam os israelitas.
166
4º Mandamento no Antigo Testamento: "Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas" (Êxodo 20.8-10).
4º Mandamento no Novo Testamento: NÃO EXISTE!
5° Mandamento no Antigo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20.12).
5º Mandamento no Novo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o
primeiro mandamento com promessa" (Efésios 6.2).
167
10º Mandamento no Antigo Testamento: "Não cobiçarás a casa do teu próximo,
não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êxodo 20.17).
10º Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:... não cobiçarás"
(Romanos 13.9).
168
O texto sagrado nos mostra que Deus ordenou a guarda do Sábado em lembrança
da libertação de Israel da escravidão do Egito, e, por isso, a ordenança do Sábado
é exclusiva para Israel. Ela em nada tem a ver com a Igreja.
Agora, note bem uma coisa: É muito importante perceber que o apóstolo Paulo
disse que tudo de útil ensinou, e que não deixou de ensinar todo o conselho de
Deus à Igreja. Ora, se Paulo não deixou passar nada do que Deus estabelecera ao
Seu povo celestial, onde está o “Sábado Cristão”? A resposta para tal é que o
apóstolo nada ensinou para nós cristãos a respeito do Sábado:
"Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e
pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus,
e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que
estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o
conselho de Deus" (Atos 20.20,21,26,27).
Sendo assim, pergunto aos defensores do Sábado: Paulo ensinou ou não todo o
conselho de Deus? Teria Paulo esquecido de ensinar que temos que guardar o
Sábado? Precisamos separar as coisas e abrir mão de doutrinas de homens, dos
nossos vãos costumes e tradições religiosas a fim de compreender a simplicidade
do que é dito para nós, cristãos. Nós, a Igreja de Deus, somos salvos quando
cremos no Senhor Jesus, quando cremos no evangelho da graça e recebemos o
Espírito Santo, e não por guardar o Sábado ou outro “dia santo” que tenham
inventado por aí:
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
Espírito Santo da promessa" (Efésios 1.3).
"Não deem ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se
desviam da verdade" (Tito 1.14).
Todos os dias para os cristãos devem ser santos, visto que a qualquer momento
Jesus arrebatará a Igreja nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor
(1 Ts 4.17).
170
QUAIS SÃO AS ORDENS PARA A IGREJA?
Enquanto os opositores do evangelho da graça pensam em uma resposta ridícula
e esdrúxula para a minha explanação sobre o tema, tecerei aqui os princípios da
Igreja de Deus que colocam em xeque toda essa prática judaizante infundada.
Todo “sabatista” ou “dominguista” defende a ideia de que a Igreja deve guardar
um dia especial para santificação, culto, adoração, oração e demais ordens de
Deus. Porém, quando olhamos para os ensinamentos de Jesus Cristo a respeito da
conduta cristã, não é bem assim que funciona.
O Senhor Jesus Cristo ensinou que:
1 – Devemos desenvolver nossa santidade em todo o tempo, sem cessar (1 Pe
1:7; 1:15-20; 1 Tm 2:1-2; 2:8; At 6:4; 2 Tm 1:3; 1 Ts 1:3; Ef 4:20-32).
2 – Devemos orar e dar graças em todo o tempo, sem cessar (1 Ts 1:3; 2:13;
5:17; Lc 18:1; 1 Tm 2:8).
3 – Devemos cultuar a Deus todos os dias. Ainda que por tradição tenhamos o
“dia do Senhor”, que é o primeiro dia da semana para culto, adoração e
ministério públicos, esse culto também se estende à vida cotidiana e ao lar, sem
cessar (Rm 12:1-2; Jo 4:19-24).
4 – Na nova dispensação, na Igreja de Deus, não há um templo onde devamos
adorar a Deus, nem lugar especial algum que tenha sido estabelecido por Ele para
culto, adoração e ministério. No evangelho da graça, nem a oração, nem qualquer
outro ato do culto a Deus está restrito a um determinado lugar, nem se torna mais
aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija. Deus deve
ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade (Jo 4.19-24; 5.21; Ml 1.11; 1
Tm 2.8; Jr 10.25; Jó 1.5; 2 Sm 6.18-20; Dt 6:6-7; Mt 6:11; 6:6; Is 56:7; Hb
10:25; Pv 5:34; At 2:42).
O apóstolo Paulo nivela a prática cerimonial de observância de dias festivos e
sagrados, de judeus e gentios, quando diz:
“Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo,
ainda que seja senhor de tudo; mas está debaixo de tutores e curadores até ao
tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos,
estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos
a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas
filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. Mas, quando não
171
conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora,
conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra
vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.1-11).
Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo da graça denomina a prática da “guarda
de dias” como sendo rudimentos fracos e pobres, pois, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou o Seu Filho para remir os que estavam “debaixo da lei” –
presos à lei mosaica e às ordenanças caducas da era patriarcal. Paulo chama tais
rudimentos de: Fracos, pobres, e que exigem subserviência. O apóstolo
estabelece uma conexão de equiparação e isso acaba sendo estarrecedor, uma vez
que, para Paulo, a prática vivenciada antes da fé cristã no paganismo e o assédio
dos judaizantes na luta pela observância da Lei Mosaica são a mesma coisa! Para
o apóstolo, tais práticas à parte da pessoa de Jesus Cristo possuem a mesma
essência e tornam sem efeito a fé cristã. Sendo assim, ou você é um religioso
partidário ou é uma nova criatura em Cristo (GL 5.6; 6.15; 2Co 5.17).
Jesus Cristo, nosso Sábado, nos chama para descansar nEle todos os dias da
nossa vida terrena: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mateus
11.28,29).
"E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa
do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor" (Marcos 2.27-28).
172
família, pois todos se reunirão para receber as bênçãos do “Sábado” e agradecer a
Deus por este “templo no tempo”, no qual nos encontramos com Ele.
Cada membro da família se prepara com esmero e emoção por esse dia
maravilhoso e especial. Eles esperaram passar toda uma semana da agenda pagã
para viverem esse momento. Com anseio e antecipação pelo “Sábado” que irão
receber, a alegria se estampa no rosto de cada membro da família judaizante que
certamente não irá cumprir o Sábado Judaico como ele de fato deveria ser
cumprido, conforme o Antigo Testamento e o calendário de Israel.
Mas existe um problema: A palavra “Sábado” possui um outro sentido além de
“Descanso”. O Sábado Judaico é também conhecido como "cessar de
trabalhar". O que muitos não sabem é que o dia do Shabbat não é somente um
dia de descanso – é um dia de “santidade”, quando as pessoas podem, por um
curto período de tempo, deixar de lado suas perversidades, preocupações e
objetivos da vida terrena e devotar-se à renovação espiritual e atividade religiosa
no Templo. Porém, onde está o Templo? Sabemos ser o Templo de Jerusalém o
único lugar escolhido pelo Senhor nas Escrituras para culto, adoração e guarda
do Sábado. Como, então, os supostos guardadores do Sábado, do Domingo ou de
qualquer outro “dia santo” irão fazer? Certo é que toda essa tentativa de cumprir
com qualquer lei judaica faz com que o resultado seja nem Cristianismo nem
Judaísmo, senão que uma mistura estapafúrdia de religiosidade seja praticada por
cada um à sua maneira.
Quando as pessoas engrandecem somente um dia com o propósito de adorar a
Deus, elas simplesmente o transformam em um ídolo. Na verdade, essas pessoas,
presas ao sistema religioso denominacional, insistem que têm feito assim para a
honra de Deus. Contudo, estão honrando ao diabo.
Nenhum dia é superior ao outro. Quando insistimos em criar uma prática baseada
em nossas vãs filosofias e caprichos, blasfemamos contra Deus e criamos um
ídolo, embora tenhamos feito tudo isso em nome de Deus. Quando tentamos
adorar a Deus com ociosidade espiritual num “dia santo”, praticamos um pecado
grave demais para ser suportado, pois tal obra carnal atrai outros pecados até
atingirmos a medida da iniquidade.
173
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO
SÁBADO JUDAICO?
O NATAL
“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
maldito”
(Gálatas 1.9).
O Natal está chegando! Todos estão bastante ansiosos para mais um ‘aniversário
de Jesus’! Um dia para se comemorar, para se reunir em família, sorrir,
reencontrar antigos amigos, etc. Talvez seja o dia mais pacifista do ano, não é
mesmo? Mas, o que é “Natal”? O vocábulo Natal origina-se na palavra “Christ-
mass” – Christ (Cristo) e Mass (Missa), a “missa de Cristo”. Sendo assim, é de
origem Romana, que por sua vez pegou emprestada do Paganismo. Todavia,
176
alguém será rápido em cantarolar em tom de rebeldia: “Natal é o dia em que
comemoramos o nascimento do Salvador... do Senhor Jesus Cristo”! E então eu
pergunto: Será? QUEM autorizou tal comemoração? Certamente não foi Deus.
Quando consultamos a Bíblia, vemos que Cristo ordenou a Seus discípulos que
se “lembrassem” de Sua morte (um memorial), porém, nenhum registro sequer é
encontrado nas Escrituras, de Gênesis à Apocalipse, de que nosso SENHOR
tenha nos ordenado ou instituído a celebração de Seu nascimento. A propósito,
quem foi que estabeleceu o dia e o mês em que Ele nasceu? A Bíblia se cala a
respeito disso. Nós, como cristãos, não deveríamos nos calar mutuamente?
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
Seria obra do acaso que as únicas comemorações de “aniversário” mencionadas
na Palavra de Deus sejam as de Faraó (Gn 40.20) e de Herodes (Mt 14.6)? Essas
coisas não estariam registradas “para nossa instrução” (2 Tm 3.16)? E se estão ali
para nossa instrução, podemos afirmar, sem falso temor, que não temos aplicado
tudo isso ao nosso coração em santidade diante de Deus? A Bíblia não contém
palavras vãs, ensinos nulos ou normas sem efeitos. Em toda a Escritura vemos
que nem os cristãos, nem os judeus jamais praticaram a tradição do ‘aniversário’,
senão que os pagãos o fizeram. Por que? Porque o aniversário é um culto ao
homem. É uma forma de reivindicar um dia especial para si. E se Jesus Cristo
não o fez, por que temos a presunção em achar que podemos fazê-lo para nós ou
para Ele?
“Assim diz o SENHOR: Não aprendais o caminho dos gentios (…), porque os
costumes dos povos são vaidade” (Jeremias 10.2-3).
Quem são as pessoas que celebram o “Natal”? Isso não é difícil de responder.
Todo o “mundo civilizado” comemora o Natal. Milhões de pessoas que nunca
ouviram falar do evangelho da graça, que não fazem qualquer profissão genuína
de fé, desprezam e rejeitam o nosso Salvador, e outras milhões de pessoas que,
embora aleguem ser seus seguidores, com suas obras O negam. Elas se juntam
em bebedices no Dia chamado Natal sob o pretexto de que estão honrando ao
Senhor Jesus ou, no mínimo, ao Seu ‘aniversário’. Na melhor das hipóteses,
pergunto: É biblicamente correto que cristãos professos se juntem aos Seus
inimigos de Deus em uma rodada mundana de gratificação carnal, onde a
bebedice e a glutonaria reinam soberanas na farra natalina? Uma alma
genuinamente regenerada pensaria que Ele, a quem o mundo rejeitou, é
glorificado nesse ritual macabro ou tem prazer em tal participação de alegrias
mundanas? Na verdade, os costumes dos povos são VAIDADE, e está escrito:
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).
177
O PAPAI NOEL, AS CRIANÇAS E OS PRESENTES
“Educa a criança no caminho em que deve andar, para que, quando envelhecer,
ela não se desvie dele” (Provérbios 22.6).
A Escritura ordena que eduquemos nossas crianças “na doutrina e admoestação
do Senhor” (Efésios 6.4). Todavia, onde, na Palavra de Deus, Ele nos ordena a
dar-lhes alguma “diversão”? E se queremos diverti-las, será que realmente damos
às crianças alguma coisa boa quando nos envolvemos com aquilo que não pode
ser aprovado por Deus? Se não podemos pedir a benção do SENHOR para
alguma coisa, como o faremos?
Alguns argumentam pela “observância do Natal” com base em “dar presentes às
crianças por meio do caridoso Papai Noel”. Mas, quem é Papai Noel? Seria
apenas um personagem de estórias em quadrinhos para incentivar pessoas a
serem caridosas nesse dia tão especial? A resposta é “Não”. Podemos resumir o
Papai Noel como um personagem místico inventado por homens, e, não por
acaso, inspirado em São Nicolau, um dos intercessores da seita Católica Romana.
Seu público alvo são as crianças. Seu objetivo predominante é ensinar os infantes
a negociarem sua obediência aos pais. Esse personagem místico objetiva, de
forma subliminar, formar cidadãos avarentos, interesseiros e desobedientes aos
pais. E eu não preciso citar versículos para provar esse ponto. Basta olharmos à
nossa volta para testificarmos uma geração de débeis espirituais.
O Papai Noel é uma sátira ao Deus da Bíblia. Um escárnio do Altíssimo. Ele se
apresenta às crianças como um ser que possui dois dos atributos de Deus, os
quais são:
1 - Onisciente, pois sabe o que todas elas estão pensando e fazendo;
2 - Onipresente, pois está sempre em todos os lugares ao mesmo tempo.
E se você acha que isso não gera conseqüências drásticas na vida espiritual dos
pequenos, preste atenção nas próximas linhas que virão.
O Papai Noel escuta o pedido das orações feitas pelos pequenos quando estes lhe
fazem petições em troca de uma vida honesta e obediente diante de Deus. No
final, todas aquelas crianças que foram frustradas por não receberem o que fora
prometido se rebelam dia após dia contra Deus, e não contra o Papai Noel. Por
que? Porque o compromisso feito com o “velhinho barbudo” não foi cumprido. O
bom velhinho quebrou o pacto, embora essas crianças tenham tudo ao seu
178
alcance para serem “boas” e “obedientes” a Deus. Seus presentes em troca de
uma vida reta não foram entregues como combinado.
Essa figura e o costume de ligá-lo ao Evangelho não tem nenhuma base bíblica.
Trata-se de um personagem decididamente pagão, transplantado para o
Cristianismo através do Catolicismo Romano. Por meio desse conto de fadas
vemos massas alienadas pelo papismo romano há séculos e que nunca
experimentaram uma conversão genuína a Jesus Cristo. Tais indivíduos
simplesmente tornaram-se “cristãos" por conveniência, injunções políticas e
interesses econômicos. Além da vasta multidão de católicos romanos, outros
ramos religiosos também abrigam esses cristãos nominais. Por conta da total
ausência de conhecimento bíblico, misturam filosofias e práticas pagãs com um
falso evangelho já prostituído. Para piorar tudo isso, líderes e ditos pastores
fomentam ainda mais tais costumes estranhos ao Cristianismo, pois, se não o
fizerem, em algum nível ou aspecto, suas ditas “igrejas” praticamente ficarão
vazias.
Sendo assim, os pais cometem dois erros: Primeiro, porque mentir é pecado. Eles
estão mentindo para seus filhos. Segundo, porque o dano psicológico e o trauma
sofrido por essas crianças ao descobrirem que tudo não passava de uma fantasia
folclórica são fatos numéricos. Isso é estatística. Não é preciso usar a Bíblia para
argumentar sobre este ponto.
179
comprado de antemão. Quanta enganação e mau exemplo aos pequeninos! O
velho mitológico chamado Papai Noel tem tomado o lugar de Cristo nos corações
de nossos filhos há séculos e ninguém vê a gravidade disso. Mentir é um ato
proveniente do Diabo! Quem mente não é filho de Deus, mas sim do Diabo (Jo
8.44).
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira” (João 8.44).
Há tantas questões que poderiam ser abordadas aqui, que não caberiam neste
livro. Portanto, a partir deste capítulo, comece a buscar intrinsecamente por
informações concretas sobre a abominação do festival de Natal. Abra a Bíblia em
oração e submissão à Palavra inspirada de Deus. Não pense que o assunto se
limita ao Papai Noel. Não. Este artigo é um breve comentário sobre alguns
pontos que devem ser considerados com urgência pela Igreja, que somos nós, a
respeito da prática macabra do dia chamado Natal.
180
vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”
(Mateus 10.34-39).
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor.
Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a
minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do
meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou” (João 15.18-21).
A pergunta que não se cala é esta: “O que devemos fazer então? Se deixarmos de
comemorar o Natal, nossos amigos, familiares e irmãos pensarão mal de nós e
provavelmente nos verão como fanáticos, radicais, legalistas, extremistas,
arrogantes, soberbos, religiosos, loucos etc”. Todavia, será que a intenção do
evangelho é agradar o homem? Jesus disse: “Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus;
porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus
5.11,12). Será que abandonar tal festividade perversa não seria exatamente o que
promoveria a obediência a Deus? Não seria isso o que o nosso Mestre vaticinou
sobre nós em Sua Palavra?
A iniciativa honesta de quem está há muito tempo nessa tradição seria notificar a
todos os amigos e parentes – via internet se estiver distante – que a partir de
agora você não se propõe mais a enviar “presentes de Natal” como outrora. E,
provavelmente, eles perguntarão por quê. Dê seus motivos. Não se envergonhe
do evangelho. Diga simplesmente que você foi levado pela Escritura à conclusão
de que a “comemoração do Natal” é uma coisa puramente mundana, desprovida
da aprovação das Escrituras; diga a eles que tudo isso se trata de uma instituição
pagã e romanista, e que, agora que você enxerga isso, não pode mais compactuar
com suas abominações (Ef 5.11). Diga a todos que você é um “homem livre” no
Senhor agora (1 Co 7.22), e que, portanto, se recusa a servir ao deus que eles
criaram com a sua própria mente (Mt 6.24).
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai,
181
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Coríntios
6.14-18).
Obviamente que muitos me perguntarão a respeito dos “cartões de Natal” com
um “textinho” da Escritura contido neles. Ora, isso também é uma abominação
aos olhos de Deus. Por que? Porque Sua Palavra proíbe expressamente misturas
profanas. Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias
festivos pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para esse grupo de
pessoas é compreender o significado de "jugo desigual", “pacto com as más
obras" e suas implicações para a vida espiritual. Eles frequentemente usufruem
de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-se com suas famílias e
amigos no intuito de apresentar-lhes o verdadeiro Deus. Mas eles não conhecem
a Deus. Criam para si métodos humanistas jamais estabelecidos por Deus, mas
antes condenados na Escritura Sagrada.
O que é uma “mistura profana”? No contexto com que estamos lidando, trata-se
da tentativa frustrada de tentar misturar a pura Palavra de Deus com a “Missa”
romanista de “Cristo” (Christ-Mass). Portanto, se você tem tanta necessidade de
enviar mensagens com versículos para seus amigos, parentes e irmãos, por que
não fazê-lo em outra época do ano, tanto aos ímpios como aos cristãos, mas não
com “Natal” neles? Ora, o que você pensaria a respeito de um convite para um
filme de comédia no cinema com a passagem de Isaías 53.5 no rodapé? Isso faz
algum sentido?
Tudo está tão confuso e bagunçado que não se pode contemplar. Não há sentido
em nada disso. Mas – eu garanto – aos olhos de Deus, o circo e o cinema são
muito menos desagradáveis que a “Celebração do Natal” das ditas “igrejas”
romanistas e protestantes. Por que? Porque esta é feita sob o disfarce do santo
nome de Cristo, e aqueles não.
“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito” (Provérbios 4.18).
Deus concede conhecimento segundo a Sua boa vontade a todo aquele que possui
um coração que almeja genuinamente agradá-lO. Ele graciosamente concede
sabedoria a todos os que O invocam de verdade e não da boca para a fora. Se
Deus deseja usar Sua Palavra por meio deste artigo para abrir os olhos de alguns
de Seus filhos eleitos, para que reconheçam o mal que tem crescido em nosso
meio, bem como para mostrá-los que eles têm desonrado a Cristo ao ligar o nome
do Homem de Dores com um “Feliz Natal”, então junte-se a mim na confissão
desse terrível pecado a Deus, buscando Sua graça para que nos seja dada a
libertação completa de toda essa lama ecumenista e sincretista, e louve-O pela
luz que Ele lhe concedeu aqui e agora.
182
OS IDÓLATRAS NÃO HERDARÃO O REINO DOS CÉUS
“O Senhor cedo vem para arrebatar sua amada noiva nos ares” (1 Ts 4.16,17; Ap
22.12). Será que realmente cremos nisso? “Porque andamos por fé, e não por
vista” (2 Co 5.7). Se é assim, quais têm sido os efeitos dessa fé na nossa
peregrinação? Será que possuímos a verdadeira fé? Talvez você participe de mais
um Natal na terra. Durante sua farra natalina, pode ser que o Senhor desça dos
céus “com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus”, para levar
os Seus escolhidos consigo (1 Ts 4.16-18), e certamente você não estará entre
eles. Não, não estará. Você gostaria de ser tirado de uma “festinha de Natal” para
encontrá-Lo nos ares? O chamado por enquanto é “Saiam do meio deles” (2 Co
6.17). Isto é, saiam de uma Cristandade sem Deus, saiam de uma horrível
máscara de “religião” que agora se encobre sob Seu nome, saiam de um sistema
judaizante e corrupto que não se cansa de provocar a ira do Senhor. “Saiamos,
pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13.13). Saiam do
denominacionalismo e do sectarismo religioso.
Jesus declarou que “de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de
dar conta no dia do juízo” (Mt 12.36). Se cada “palavra ociosa” será registrada,
certamente o serão cada energia gasta para entreter as pessoas com festas carnais,
cada centavo desperdiçado com troca de presentes inúteis e que visam diminuir o
irmão menos favorecido, cada hora desperdiçada com pensamentos dúbios sobre
Cristo e Sua vontade para a Igreja! Se ainda estivermos na terra quando os dias
finais deste ano chegarem, que possamos sinceramente, pela operação de Deus,
orar em submissão a Deus, para que sua graça nos alcance e nós possamos viver
e agir como cristãos, não como o mundo. Uma voz dirá ao seu ouvido: “bem
está, servo bom e fiel” (Mt 25.23), e isso será uma compensação ampla à
zombaria e aos insultos que recebemos neste exato momento daquelas almas sem
Cristo (mas que pensam estar com Ele porque possuem uma religião ou
denominação religiosa).
Será que algum cristão imagina, em sã consciência, por um momento sequer, que
quando ele ou ela estiver perante o santo Senhor, se arrependerá de ter vivido de
forma “muito rígida” na terra? Haveria o mínimo risco da reprovação de Deus a
qualquer um dos Seus eleitos porque foram “muito radicais” ao se absterem “das
concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pe 2.11)? Você pode
até ganhar a simpatia e retribuição dos religiosos mundanos e sem o Espírito,
hoje, ao ceder em “pequenos” pontos quando de fronte às suas ameaças e
intimidações perversas. Mas será que receberemos o sorriso e aprovação de Deus
183
“nAquele dia”? Sejamos, pois, mais preocupados com o que Deus pensa sobre
nós do que com o que os mortos pensam a nosso respeito.
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).
É muito fácil ficar à mercê do crivo da opinião popular. Por outro lado, é
necessário que um homem possua realmente a graça de Deus para que possa
nadar contra a correnteza. E é exatamente isso que um eleito de Deus, salvo pela
graça, herdeiro do Céu, deve fazer: não ser conformado “com este mundo” (Rm
12.2), negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a um Cristo rejeitado,
vituperado, difamado e caluniado.
Será que um dia poderemos dizer em alta voz: “Desviei os meus pés de todo
caminho mau, para guardar a Tua palavra” (Salmos 119.101)?.
184
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
Qual é a dificuldade em entender o que se fala em Romanos 12.2? Essas
dificuldades podem ser explicadas a partir dos textos bíblicos que tratam dos
eternos decretos de Deus: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por
isso vós não as escutais, porque não sois de Deus” (João 8.47).
185
dezembro para honrar e cultuar o seu ídolo Natal. Essas pessoas realmente
pensam que honram a Deus. Em suas mentes estão celebrando um “dia santo”
para Deus, ou, no mínimo, transformando-o em um. Na verdade, elas são
frequentemente admoestadas em suas ditas “igrejas” de que seja expressamente
normativo separar um dia do ano para festejar o “aniversário de Jesus”, no qual
todos se lembrarão, com extrema prostração, de todo o bem ocorrido por causa
do seu nascimento no mundo. Todos ali presentes ouvirão, com demasiado
misticismo, a história do nascimento de Jesus sendo recontada. É assim que
acontece nas instituições religiosas que se autoproclamam cristãs, em maior parte
da cristandade moderna.
Ainda que o “Aniversário” tivesse lugar nos princípios de Deus (e não tem),
pessoas que pensam que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro são tão
ineptas quanto animais irracionais. Quando elas engrandecem somente um dia
com propósito estúpido de adorar a Deus em um dia especial, consciente ou
inconscientemente, estão simplesmente transformando este dia em um ÍDOLO.
Assim como Israel criou para si ídolos para serem destruídos, também a Igreja do
nosso século construiu ídolos que serão igualmente aniquilados, incluindo o seu
precioso Natal: “... fizeram ídolos para si, para serem destruídos” (Oséias 8.4).
Os ditos “crentes” insistem que têm feito tudo isso para honrar a Deus. No
entanto, honram ao diabo.
Consideremos o que Deus tem a nos dizer sobre o assunto. Em 1 Samuel 15
vemos que Saul intencionava agradar a Deus poupando Aguage, o rei dos
amalequitas, juntamente com os melhores despojos e gado. Saul disse tanto
quanto os celebradores do Natal: "Eu quero adorar a Deus". A língua de Saul
estava cheia de devoção e boa intenção. No entanto, qual foi a resposta que ele
recebeu de Deus? "Você é adivinho! Você é herege! Você é apóstata"! Ou
seja, as pessoas afirmam estar honrando a Deus ao celebrarem o maldito Natal,
mas Deus os rejeita e rejeita tudo o que eles fazem.
Consequentemente, o mesmo pode-se dizer de qualquer outro “dia santo” que
criamos para Deus. Nenhum dia é superior a outro. Não importa se lembramos do
nascimento do Senhor Jesus Cristo em qualquer mês do ano, seja numa quarta-
feira, quinta-feira ou em qualquer outro dia. Porém, quando insistimos em criar
uma prática baseada em nossos caprichos, fazendo dela um “dia sagrado”,
blasfemamos contra Deus e criamos para nós um ídolo. Quando você adora a
Deus com ociosidade espiritual em um “dia santo”, praticamos um grave pecado
de se suportar, pois isso atrai outros pecados até atingirmos a medida da
iniquidade.
186
Finalmente, prestemos atenção ao que Deus nos ensina em Miquéias 5.7-14.
Nesta passagem aprendemos que Deus não apenas despojará coisas que são más
em si mesmas, como também eliminará do nosso meio qualquer coisa que
promova superstição, tal como o Natal dos ímpios.
O natal nunca foi comemorado pelos primeiros cristãos. Se essa farra religiosa
fosse realmente aprovada por Deus, ou instituída pelo Altíssimo, certamente
haveria registros dela nos evangelhos ou nas epístolas dos apóstolos. Pergunto
aos que entendem ser o natal uma festa cristã: Em que se baseiam para a grande
farra natalina? – Esqueçamos aqui que a farra venha do catolicismo – Apenas por
qual entendimento da Palavra podemos admitir que isto seja um genuíno culto ao
Senhor? Por nenhum entendimento, obviamente. Então devemos admitir que os
crentes não sabem o que fazem.
Gostaria que guardássemos esta frase: "O Espírito Santo não guia ninguém pelo
caminho errado". A origem do natal é pagã, de muitos matizes (misturas). Temos
a árvore de Aserá, cujo culto eram relações sexuais de sacerdotisas com muitos
homens diante da árvore (Poste ídolo representativo da deusa da fertilidade dos
cananeus); o nascimento do Sol, deus do Egito, nascimento de Saturno, deus
romano, etc.
A igreja romana paganizou o cristianismo ou cristianizou o paganismo? Se você
pingar uma gota de esgoto em um jarro de água limpa, você limpa a água suja ou
suja a água limpa? Exato! O catolicismo sujou – tornou imundo – o cristianismo.
O mundo despreza Cristo! Seria impossível que o cultuasse agora: “Era
desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado
nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum” (Isaías 53.3).
A Escritura proíbe claramente de cantar parabéns para Jesus, uma data de
aniversário. Não há data alguma que se deva guardar, pois a guarda desses dias
representa absoluta ignorância: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes,
sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e
pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e
187
anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-
11). Eu receio de vós que tenha trabalhado em vão, inutilmente, para convosco.
Não devemos nem discutir sobre a provável data de nascimento de Jesus, pois
está escrito acerca de Melquisedeque, que prefigura Cristo: “sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito
semelhante ao Filho de Deus, permanece Sacerdote para sempre” (Hebreus 7.3).
Discutir sobre a data de nascimento de Jesus seria o mesmo que discutir se era
mais moreno ou louro, de olhos claros ou negros, se os bonecos colados em
cruzes do catolicismo são fiéis ao verdadeiro. É inútil discutir, questionar sobre o
período, estação do ano ou a data provável do nascimento do Senhor. Há uma
causa maligna nessas discussões: Tornar Jesus um homem comum; apenas um
menino.
O NATAL É IDOLATRIA
(Por Elizabete Andrade)
189
A ORIGEM DA DATA DO NATAL
A escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus Cristo. Durante
os primeiros três séculos da nossa era, os cristãos não celebraram o Natal. Esta
festa só começou a ser introduzida após o início da formação daquele sistema que
hoje é conhecido como Igreja Romana (isto é, no século 4º). Ou seja, os católicos
romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de
dezembro e tentaram “cristianizar” a data, comemorando o nascimento de Jesus
pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada Natalis Solis Invicti
("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra,
popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno,
o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele
costuma ser próximo do dia 22 de dezembro, podendo cair até no dia 25. Essa é a
origem da data.
Mas, será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Absolutamente
não. Sob a análise do Novo Testamento e dos primeiros séculos d.C no
cristianismo, é consenso entre os verdadeiros cristãos que Ele NÃO nasceu em
25 de dezembro. A probabilidade de Jesus ter nascido entre março e novembro é
resultado de uma análise mais responsável da Bíblia, embora não seja importante
descobrir o tempo em que Ele nasceu. Uma vez que Deus não tenha nos dado
uma revelação da data do nascimento de Cristo, a investigação da mesma torna-
se insignificante e até mesmo uma grande perda de tempo, senão até mesmo uma
ideia maligna.
O evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande
recenseamento, o qual obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades
se alistar. No entanto, em dezembro, os invernos na região de Israel são
rigorosos, impedindo qualquer deslocamento amplo de pessoas. O frio é quase
insuportável nessa época e não dá para imaginar um menino nascendo numa
estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável no mês de dezembro. A
interpretação histórico-gramatical aplicada nos textos sagrados provam que o
nascimento de Jesus ocorreu entre março e novembro, quando o clima no Oriente
Médio é mais ameno.
Quando Jesus nasceu havia naquela mesma comarca pastores que estavam no
campo. Esses pastores guardavam o rebanho durante as vigílias da noite (Lucas
2.8). Esse ato jamais poderia ocorrer na Judéia durante o mês de dezembro. Por
que? Porque os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de
outubro e, durante a noite, os abrigavam rapidamente para protegê-los do
rigoroso inverno que se aproximava. Era um tempo frio e de muitas chuvas.
190
A Bíblia nos mostra com muita clareza, em Esdras 10.9,13, que o inverno em
Israel era época de chuvas e de muito frio, o que tornava impossível a
permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites no
campo:
“Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em
Jerusalém; era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na
praça da casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes
chuvas” (Esdras 10.9).
“Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode
estar aqui fora; nem é obra de um dia nem de dois, porque somos muitos os que
transgredimos neste negócio” (Esdras 10.13).
Na história do cristianismo também vemos alguns escritores falando sobre o
assunto:
–– Enciclopédia Católica (edição de 1911): "A festa do Natal não estava incluída
entre as primeiras festividades da Igreja... os primeiros indícios dela são
provenientes do Egito... os costumes pagãos relacionados com o princípio do ano
se concentravam na festa do Natal".
–– Orígenes, um dos chamados “pais da Igreja” (ver mesma enciclopédia acima)
também disse: "... não vemos nas Escrituras ninguém que haja celebrado o
aniversário de Jesus ou celebrado um grande banquete no dia do seu natalício.
Somente os pecadores (como Faraó e Herodes) celebravam com grande regozijo,
anualmente, o dia em que nasceram neste mundo".
CONCLUSÃO
Se fosse da vontade de Deus que guardássemos e celebrássemos o aniversário do
nascimento de Jesus Cristo, Ele não haveria ocultado sua data exata, nem nos
deixaria sem nenhuma menção a esta comemoração em toda a Bíblia. Ao invés
de envolvermo-nos numa festa de origem não encontrada na Bíblia, mas somente
no paganismo, somos ordenados a adorar a Deus, a relembrar biblicamente a
morte do nosso Salvador e a pregar a respeito desta morte e seu significado, bem
como ensinar à Igreja sobre a vitoriosa ressurreição de Jesus, o arrebatamento
nos ares quando Ele vier para buscar Sua Igreja, Sua segunda vinda para reinar
por mil anos na terra, sua mensagem de salvação para os que crêem e falar da
perdição dos que não creem de fato.
191
NATAL
PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS
192
AS VÁRIAS FESTAS PAGÃS DURANTE O ANO
Elizabete Andrade, uma irmã zelosa para com a Sagrada Escritura, assevera da
seguinte forma:
“Observamos que há uma quase infinita quantidade de cultos disponíveis durante
um ano. Além das já conhecidas figuras (demônios) religiosas dos seguidores dos
papas, temos o próprio culto aos homens. Iniciamos o ano com a fraternidade
universal (ecumenismo) e a festa para o deus Jano, deus do início e das
mudanças, em 1º de janeiro. Quando desejamos “feliz ano novo” (isso nunca foi
ensinado aos cristãos), prestamos esse culto sem a noção do que fazemos. Não
sejamos ingênuos nessas coisas. Muitos cristãos seguem o jejum da igreja
“caótica” romana, na blasfêmia da paixão de Cristo (falso cristo).
Semelhantemente aos papistas, fazemos marcha para Jesus, rito reprovado por
Deus em sua Palavra, pois assim diz o SENHOR: “Congregai-vos e vinde;
chegai-vos juntos, vós que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem
em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um
deus que não pode salvar” (Isaías 45.20).
Dia da mulher, dia da Bíblia, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, culto de
aniversário da “igreja”, do “pastor”, etc., todos disfarçados com o nome de “ação
de graças”, até chegar ao Culto ao Sol – O Natal – Esta é a pior idolatria que os
cristãos nominais praticam; sem contar, é claro, os que enganam seus filhos com
o místico Papai Noel.
Prosseguiremos como ponto fora da curva. Nunca fomos a uma “marcha para
Jesus”. Nessa marcha vemos figuras de fogo e pombas nas vestes; misturam-se
incrédulos com terços e rosários, sem que um desses seja corrigido. Isso não é
evangelho. Isso pode ser qualquer coisa, menos evangelho. Devemos perceber
que há idolatrias disponíveis, nas quais muitos têm encontrado “conforto
espiritual”. Esperamos minimamente que julguem essas palavras segundo a reta
justiça, segundo a Palavra de Deus, e não segundo o que se pensa ser correto fora
das Escrituras”.
193
“Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder
de Deus”? (Marcos 12.24).
A pergunta de Cristo não poderia ser mais irônica nem tão indicadora! Em
grande parte de seu majestoso e divino ministério, Sua vontade preceptiva é
apresentada em forma de “pergunta retórica”. Ele perguntava em forma de
resposta, e, com um único ponto de interrogação aparentemente vazio, a Lei de
Deus é exposta de modo perfeito. Em Marcos 12.24, nosso Senhor nos ensina
respectivamente qual o maior erro que um homem pode cometer em sua vida:
“ser ignorante acerca das Escrituras e do poder de Deus” – o desconhecimento do
que deve ser nossa “regra” [cânon] de fé e conduta limitada. Difícil coisa é
imaginar como um ensinamento do nosso Mestre poderia ser tão profundo e
indicativo em um único versículo, bem como condenatória. De alguma forma
Jesus está reforçando o que está em Oséias 4.6: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também
eu te rejeitarei”. Todavia, Marcos 12.24 diz respeito à implicação espiritual e
eterna dos que não conhecem a Deus, pois, Deus e Sua Palavra são uma mesma
Pessoa, juntamente com o Espírito Santo (1 João 5.7), e a maioria dos homens
que se autoproclamam “cristãos” não faz ideia do que isso significa.
As bases bíblicas relacionadas às normas de culto a Deus são muitas e são
enfáticas demais para serem ignoradas. Deuteronômio 12.32 e Gálatas 1.9 seriam
suficientes para admoestar um cristão amadurecido, que está pronto para ouvir a
verdade. Mas as circunstâncias em que vivemos e a cultura perversa em que
estamos inseridos nos leva à concepção de que vale a pena se empenhar em
mostrar a verdade da forma mais ampla possível. Ninguém mais presta atenção
ao que Deus está dizendo ao Seu povo quanto ao fato de que não devemos imitar
as nações ímpias em Seu culto sagrado, e que Ele, somente Ele, determina como
será adorado pelos santos.
A antítese que rege o que pode ser feito ou não no culto a Deus está em
Deuteronômio 12.29-32:
"Quando o SENHOR teu Deus desarraigar de diante de ti as nações... guarda-te,
que não te enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que
não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: "Assim como serviram estas
nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu". Assim NÃO farás ao
SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que Ele
odeia, fizeram eles a seus deuses;... Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; NADA lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio 12.29-32).
194
QUANDO INSTITUÍMOS O QUE NÃO FOI INSTITUÍDO
No Antigo Testamento vemos claramente diversas festas e cerimônias instituídas
pelo próprio Deus: a Páscoa, a festa dos pães asmos, a festa do Pentecostes e a
festa dos Tabernáculos. É importante destacar que estas festas faziam parte da lei
cerimonial judaica e foram cumpridas em Cristo, sendo, portanto, abolidas na
nova dispensação. A festa do Pentecostes aconteceu uma vez e não acontecerá de
novo porque teve seu propósito cumprido (ainda falaremos mais sobre o
Pentecostes - Atos 2). No Novo Testamento não há nenhum tipo de festa ou
cerimônia estabelecida por Deus para Sua igreja, com exceção da Ceia do
Senhor, que celebra a ressurreição de Cristo, e o batismo, que é o anúncio
público da conversão daqueles que passam a crer em Deus e seguir a Cristo.
No entanto, não há fundamento algum para qualquer comemoração do
aniversário de Jesus. Não existe aniversário para cristão. A Bíblia registra
homens pagãos que faziam celebrações anuais em comemoração de seu
nascimento, mas não de cristãos praticando o mesmo ato antropocêntrico, onde o
homem é louvado anualmente pelo dia de seu nascimento e aplaudido por sua
vinda com os seus devidos méritos.
Os únicos a celebrarem os seus aniversários na Bíblia foram Faraó (Gn 40.20) e
Herodes (Mt 14.6; Mc 6.21). Nem os judeus, nem os cristãos celebram os seus
aniversários na Bíblia, e menos ainda o de Cristo, que implica na profanação do
culto a Deus e viola os claros comandos de que Ele deve ser adorado somente da
forma como Ele mesmo estabeleceu na Palavra (Dt 12.32).
Outrossim, visto que o Apóstolo da graça enfatiza que as festividades
cerimoniais da era patriarcal não mais fazem parte do Culto de Deus, fica ainda
mais estupenda a ordem de não se praticar um ritual que sequer foi instituído pela
Bíblia um dia. Se por um lado a Páscoa não é elemento de culto na Igreja de
Deus por ser uma celebração judaica, por outro lado o Natal é apontado por Deus
como “doutrina de demônios”:
“E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o
cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa
do Senhor e da mesa dos demônios. Ou irritaremos o Senhor? Somos nós mais
fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-22).
A pergunta que não se cala é: Por que a Igreja tem se entregado a esta
bestialidade chamada Natal? Que superstições macabras tem envenenado o
entendimento dos cristãos? Alguns são rápidos em dizer: “Ah, mas a gente
celebra o “natal correto”. Qual Natal correto? De onde tiraram essa ideia?
195
“Porventura não errais vós em razão de não conhecerdes as Escrituras nem o
poder de Deus?” (Marcos 12.24).
A Igreja moderna absorveu praticamente todas as tradições natalinas. São poucas
as ditas “igrejas” que não decoram e iluminam seus templos luxuosos com
motivos natalinos, armam árvores de Natal, trocam presentes, fazem “ceia de
Natal” e assim por diante. O culto de Natal adicionou ainda uma série de
elementos estranhos ao culto cristão, tais como cantatas, jograis e representações
teatrais.
196
tratamento psiquiátrico ou nunca leu as Escrituras. Vejamos algumas passagens
que são mandamentos referentes ao que pode ou não ser feito no culto a Deus.
Essas passagens nos mostram que os falsos mestres não obedecem a essas
ordens, pois ensinam coisas que não foram ordenadas à Igreja de Deus:
“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
MALDITO” (Gálatas 1.9).
“E eu, irmãos, apliquei estas coisas por amor de vós; para que em nós aprendais
a não ir além do que está escrito” (1 Coríntios 4.6).
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.10,11).
“Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a
tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
(Colossenses 2.7,8).
"Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela
carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em
vão" (Gálatas 3.3,4).
Já fui pagão e “misticista” um dia; nasci inimigo de Deus, cresci em um lar
católico-romano, fiz parte da instituição reformada, conhecida como “Igreja
Presbiteriana” ou “Igreja Reformada”, bebi das heresias da Teologia do Pacto e
passei dois anos dentro do movimento pentecostal. Enquanto eu buscava por
Deus nessas denominações religiosas inventadas por homens, a Bíblia me guiava
para fora de todo aquele sistema. Cristo estava comigo e estava sempre me
fazendo avançar... a “sair do meio deles” (Is 52.11; 2 Co 6.17). Cristo não me
chamou para ser “morno” (Ap 3.16) e hoje estou aqui para mostrar ao leitor
deste livro que a Palavra de Deus tem poder para convencer o homem. Todavia,
somente ouve a Deus “quem tem ouvidos para ouvir” (Mt 11.15; Ap 13.9) e
ninguém mais. Quem não é de Deus não pode ouvir a Sua voz, pois é filho do
diabo, não de Deus. Quem é filho de Deus ouve a Sua voz.
“Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais,
porque não sois de Deus” (João 8.47).
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho
dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”
(João 10.26,27).
197
Romper com os berços de Roma requer muita coragem e ousadia. A convicção e
força necessárias para esse rompimento com o sistema religioso herético são
concedidos pelo Espírito Santo, para que não nos mostremos frouxos diante dos
pequenos papas que reinam 'soberanos' nas denominações evangélicas, católicas
e demais instituições religiosas do século XXI! O paganismo é patriarca do
consumismo e da avareza.
CONCLUSÃO
A comemoração do Natal é uma doutrina de homens e isto não agrada a Deus.
Pelo contrário, causa a Sua ira, cujo Seu juízo não tardará sobre os filhos da
desobediência. Nenhuma dessas festividades de origem pagã e idólatra são
agradáveis a Deus, quanto menos no culto ao Senhor. Como demonstrado nos
versículos que abordam o tema de forma direta, o Senhor abomina (odeia) a
todos aqueles que o cultuam como os pagãos cultuam os seus deuses. Por esta
razão, Ele estabelece regras para o Seu culto, as quais não podem ser alteradas,
perturbadas ou deturpadas fraudulosamente.
A pergunta que fica é esta: Como nos separar de toda essa confusão religiosa? A
resposta para tal é: “nos separando”. Ora, a Bíblia fala para nos apartarmos de
tudo que é profano. Não existe concórdia entre Deus e o diabo. Ou você é filho
de Deus ou você é filho do diabo.
Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias festivos
pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para essa grande massa é
compreender o significado de “jugo desigual” e “pacto com as más obras” (Sl
141.4; 2 Jo 1.10,11; 2 Co 6.14-18; Ef 5.11), bem como as suas implicações para a
vida espiritual. Líderes religiosos, das mais variadas seitas cristãs,
frequentemente usufruem de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-
se com suas famílias e amigos no intuito de apresentar a eles o verdadeiro Deus.
Criam para si métodos humanistas jamais autorizados pelas Escrituras, mas antes
condenados pela Palavra de Deus. Criaram para si um “deus pessoal”; um deus
que deixa seus filhos à mercê de suas regrinhas insanas e medíocres, muitas
vezes com finalidades evangelísticas, mas que servem de tropeço e não de
evangelização.
A ordem é clara:
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).
198
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).
Deixaremos para nos aprofundar nessa passagem em um momento mais
oportuno, no capítulo: “A Doutrina da Separação”.
199
mais comum, por parte da humanidade, do que dar pouca importância ao
sofrimento humano. Ninrode acreditava ser mais poderoso do que Deus, e, no dia
em que ele disse ser o dono do Sol, a paciência de Deus para com Ninrode se
esgotou – O SENHOR ordenou a sua morte.
Ninrode não tinha escrúpulos, e uma das provas disso é que ele tomou sua mãe
como mulher (esposa). Após sua morte, sua mãe Semíramis*, que acreditava ser
mãe de um deus, se impôs como deusa. Semíramis (ou Samiramez) se deitou
com vários homens (se prostituiu) até se engravidar de seu segundo filho, Tamuz.
É aqui que o “Menino Jesus” nasce na história.
Nota*:
Segundo a mitologia, Semíramis foi uma rainha que, de acordo com as lendas
gregas e persas, reinou sobre Pérsia, Assíria, Armênia, Arábia, Egito e sobre toda
a Ásia por mais de 42 anos. Ela foi a fundadora da Babilônia e de seus jardins
suspensos. Finalmente, subiu ao céu transformada em pomba após entregar a
coroa ao seu filho Tamuz.
Mas, será que temos algum registro bíblico sobre Tamuz, o filho de Semíramis?
Sim, nós temos. No livro de Ezequiel, Deus abomina Tamuz e Mitra, e todos os
que os adoram:
"Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem
nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O
Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra. E disse-me: Ainda tornarás a
ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da
casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres
assentadas chorando a Tamuz. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda
tornarás a ver abominações maiores do que estas. E levou-me para o átrio
interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor,
entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo
do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles, virados para o oriente
adoravam o sol. Então me disse: Vês isto, filho do homem? Há porventura coisa
mais leviana para a casa de Judá, do que tais abominações, que fazem aqui?
Havendo enchido a terra de violência, tornam a irritar-me; e ei-los a chegar o
ramo ao seu nariz. Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não
poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz,
contudo não os ouvirei” (Ezequiel 8.12-18).
1. Quem é Tamuz?
2. Quem é o Sol adorado pelos judeus no texto?
200
3. Por que Deus se irou contra os que adoravam esses deuses?
O SINAL DA CRUZ
O sinal da cruz é um movimento ritualístico executado com as mãos pela maioria
das pessoas inseridas nos mais variados ramos do “Cristianismo”. Este sinal é
realizado desenhando-se no ar uma cruz sobre si mesmo, sobre outras pessoas ou
sobre “objetos”. Todavia, a sua origem se dá numa épica e complexa conspiração
religiosa para contaminar a Igreja Cristã.
O deus Tamuz era representado pela primeira letra de seu nome, que é o antigo
Tau, uma cruz. Ou seja, o "sinal da cruz" era o símbolo religioso de Tamuz. O
201
Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de
Palavras do Novo Testamento) é específico, afirmando que a cruz “teve sua
origem na antiga Caldéia, e era usada como o símbolo do deus Tamuz (tendo o
formato da mística Tau, a letra inicial do nome dele)”.
Você certamente já deve ter visto muitos católicos romanos com este "T"
pendurado no pescoço. Os clérigos e padres da dita “Igreja Católica” usam muito
esse “T” preso a uma corrente ou corda em seus pescoços.
É significativo o seguinte comentário no livro "The Cross in Ritual, Architecture,
and Art" (A Cruz no Ritual, na Arquitetura e na Arte): “É estranho, porém,
inquestionavelmente um fato, que em eras muito anteriores ao nascimento de
Cristo, e desde então em terras não tocadas pelo ensino da Igreja, a Cruz tenha
sido usada como símbolo sagrado. O grego Baco, o tírio Tamuz, o caldeu Bel e o
nórdico Odin, para seus devotos eram simbolizados por uma figura cruciforme”.
202
a.C, Mitra foi literalmente adotado como equivalente à Hemera, onde se manteve
até o século III.
Em Roma, foi culto de alguns imperadores, ao lado do "Sol Invictus"; ambos
eram os Protetores do Império (como o é até hoje, porém, com nomes alterados
intencionalmente, fazendo uma analogia ao verdadeiro Deus, o Deus de Israel e
dos cristãos). Algumas peculiaridades do Mitraísmo foram agregadas a outras
religiões, principalmente ao Cristianismo.
Desde a antiguidade, o nascimento de Mitra era celebrado em 25 DE
DEZEMBRO. Os cristãos nominais acreditam estar festejando o aniversário de
Cristo, quando, na prática, estão celebrando o nascimento de Mitra. Todavia, o
Mitraísmo entrou em decadência a partir da adoção do Cristianismo como
“religião oficial” do Império Romano. Segundo a tradição romana, o Mitraísmo
entrou em decadência frente ao Cristianismo por não ser tão inclusivo quanto a
religião cristã. Mas tudo isso não passava de interesses políticos e não de uma
atração devota ao evangelho de Cristo. Na prática, o culto a Mitra continuou
como antes, usando, porém, os nomes relacionados a Deus.
O culto a Mitra era permitido apenas aos homens, e, ainda assim, aos homens
iniciados em um ritual que acontecia somente em algumas épocas do ano. O
ritual de iniciação na religião mitraica consistia em levar o neófito (iniciante no
Cristianismo) até o altar de Mitra, amarrado e vendado, onde o sacerdote oferecia
a ele a “Coroa do Mundo”, colocando-a sobre sua cabeça. A pessoa que estava
sendo introduzida no falso Cristianismo deveria recusar a coroa e responder:
"Mitra é minha única coroa".
Como se pode notar, o culto a Mitra passou por diversas transformações,
difundindo-se gradualmente até alcançar um lugar proeminente na Pérsia e
representar o principal oponente do Cristianismo no mundo Romano, nas
primeiras etapas de sua expansão. Entretanto, com a adoção do Cristianismo
como “religião oficial” do Império Romano, o Mitraísmo foi embutido no
Cristianismo de forma subliminar. Por de trás dessa farsa, os cristãos recebiam
riquezas e terras em troca da aceitação por parte do sagaz imperador romano,
sendo Mitra o “Messias Romano”, uma alusão a Jesus Cristo.
203
CONCLUSÃO
Se você não sabia do que se tratava os nomes Tamuz e Sol (Mitra) em Ezequiel
8.12-18, agora você sabe. Sempre que o dia 25 de dezembro chegar, você se
lembrará desses fatos e da Palavra do Senhor ao amaldiçoar a todos os que
adoram a esses deuses, consciente ou inconscientemente.
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu
rejeitaste o conhecimento, também EU te rejeitarei, para que não sejas sacerdote
diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos" (Oséias 4.6).
Será que Deus aceita que nos misturemos aos infiéis em um culto estranho ao
evangelho? Será que Ele aceita em Seu culto qualquer forma de adoração? Seria
correto adorá-lo da forma que os pagãos fazem aos seus deuses, com pretexto de
que não importa a origem da prática? Será que a união entre crentes e incrédulos
em uma grande festa ecumênica seria aceito por Deus? A Bíblia responde:
204
Ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas
queimaram no fogo aos seus deuses. Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.” (Deuteronômio 12.29-32).
2. Deus disse-nos claramente que não aceitará este tipo de culto, festividade ou
adoração não prescrita por Ele mesmo na Santa Escritura. Ainda que alguém
tenha a intenção de honrá-Lo com tais rituais à parte da Escritura Sagrada, as
mesmas são de origem pagã, e, como tal, é abominável e honra não a Ele, mas
sim aos demônios.
"Assim diz o SENHOR: 'Não aprendais o caminho dos gentios, ... Porque os
costumes dos povos são vaidade; ...'" (Jeremias 10.2-3).
3. Deus não quer que O honremos como nos orienta a nossa própria consciência.
4. O que é a verdade? Jesus disse que a Sua palavra, a Bíblia, é a verdade (João
17.17). A Bíblia diz que Deus não aceitará culto de pessoas que, querendo honrar
a Cristo, adotem um costume pagão.
"Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens"
(Mateus 15.9).
205
recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”
(Gálatas 1.6-12).
6. Não se pode servir, adorar e cultuar a Deus e, ao mesmo tempo, servir, adorar
e cultuar aos demônios. Não se pode ser escravo de dois deuses. Ou se ama um e
odeia o outro, ou vice-versa.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a
Mamom” (Mateus 6.24).
7. O verdadeiro cristão, nascido de novo, em Cristo Jesus, não pode sequer ter
participação em tais festividades, nem se assentar à mesa dos demônios.
“Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos
demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os
demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou
irritaremos o Senhor? Somos nós mais fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-
22).
8. Esta decisão não está relacionada ao mero ato de comer ou beber aquilo que é
consagrado ou procedente dos gentios, mas sim à conduta exemplar do cristão
diante de um mundo corrompido pela astúcia de Satanás. Tal posicionamento
tem o intuito de não pôr em tropeço as mentes mais fracas. Não é uma questão de
comer ou beber, mas de portar-se de modo a não escandalizar aqueles que nos
observam, sejam os pagãos, seja a Igreja de Deus.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o
proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. Comei de tudo quanto se
vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a
terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e
quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar,
por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: "Isto foi sacrificado aos
ídolos”, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da
consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. Digo, porém, a
consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade
ser julgada pela consciência de outrem? E, se eu com graça participo, por que
sou blasfemado naquilo por que dou graças? Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-
vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à
206
igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu
próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar” (1
Coríntios 10.23-33).
10. É evidente que falarão mal de nós e irão ranger seus dentes contra nossa
conduta, pela nossa firmeza e pelo nosso posicionamento diante de Deus e dos
homens. Mas, se o mundo, ou as nações do mundo, ou os pagãos (ambos com o
mesmo sentido na Bíblia) não vos odeia, acredite: Seu cristianismo é duvidoso e
certamente não dá frutos.
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu
senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos
farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”
(João 15.18-21).
207
11. Não se deve buscar agradar à família e aos parentes que, por tradição,
seguem a Satanás. O objetivo central do cristão é agradar a Deus e não aos
homens. Caso contrário, você não é servo de Cristo.
“Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a
homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”
(Gálatas 1.10).
12. Seja Sal e Luz do mundo. As boas obras para as quais fomos chamados
possuem um crivo que confirma se estamos de fato nas boas obras, haja vista que
tais boas obras, operadas pelo Espírito Santo, são concedidas juntamente com a
perseguição dos que observam a maneira que lidamos com o estilo de vida do
mundo e de como a renunciamos em temor a Deus, absorvendo os danos e
sofrendo os distúrbios causados pela posição firmada e testificada na “Rocha”.
Preste atenção nisso: Muitos fazem “boas obras” e, contudo, não dão frutos
dignos de arrependimento, nem são servos do Altíssimo, nem se acham em graça
e conhecimento de Jesus Cristo, como por exemplo os espíritas. Esta é a prova
inexorável de que esses indivíduos "caridosos" não são SAL e LUZ do mundo. O
que você deve saber acerca do contexto de Mateus 5.10 é que a credencial de sua
fidelidade a Deus não vem meramente por meio das boas obras, mas pela
maneira com que você as manuseia e pelas aflições que são concedidas
juntamente com elas. E isso significa que você deve ser separado do mundo. As
boas obras descritas na Bíblia estão de mãos dadas com as perseguições e
aflições que sofreremos por nosso posicionamento radical com Cristo. Observe o
contexto:
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque
deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. Vós sois o SAL da terra;
e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão
para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a LUZ do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a
candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que
estão na casa. --> Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus <-- ”
(Mateus 5.10-16).
208
13. Não comungue de tais festividades não ordenadas por Deus, mas antes
condene tais obras infrutíferas com coragem e confiança no Deus que lhe separou
do mundo.
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).
14. Não seja participante de nada que seja abominável ao Senhor da Palavra.
Não se junte à sua família nas práticas mundanas e carnais, nem com parentes,
nem com amigos, nem ainda com aqueles que se dizem irmãos e não o são. Não
tenha parte com eles em nada que entre em conflito com o evangelho que você
recebeu do alto.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade
tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do
Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei
o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos,
diz o Senhor;E não toqueis nada imundo,E eu vos receberei; E eu serei para
vós Pai,E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2
Coríntios 6.14-18).
16. Toda fábula judaica ou misticismo pagão, quer seja atribuída a Deus ou não,
deve ser rejeitada, porquanto muitos falsos mestres adentram a Igreja de Deus
com discursos à base de sofisma, enganando a muitos com pretextos de piedade e
pregações ecumênicas, visando o interesse político de suas instituições e não o
zelo pela sã doutrina estabelecida na Santa Escritura. Tais opositores da verdade,
com semblantes de anjos, são bons em introduzir ensinamentos e práticas que
corroborem com seus próprios desejos carnais e doutrinas de demônios. Todavia,
eles jamais admitirão o erro de impingir na cabeça dos incautos práticas que não
209
se conformam com o evangelho. Antes continuarão insistindo na mentira de que
pregam o verdadeiro evangelho.
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas
tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o
teu ministério” (2 Timóteo 4.3-5).
ADIAPHORA
Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto
210
O que vemos na Bíblia é a ordem clara de se adorar a Deus através dos meios que
Ele mesmo estabeleceu, e não com base na imaginação humana. A Escritura nos
ensina claramente que o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído
por Ele mesmo e expressamente limitado pela Sua vontade revelada. Assim,
Deus não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens,
nem sob as sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras (Dt 12.32; Pv 30.6; Mt
I5.9; Jo 4.24; 1 Co 3.10,11; 4.6; Gl 1.6-10; Cl 2.7,8).
Um exemplo de como o povo tem se perdido por conta da não-observância
desses princípios são os instrumentos musicais como forma de entretenimento
dentro do culto a Deus. Ora, se acrescentamos esses instrumentos como forma de
adoração a Deus, sendo que Ele não nos ordenou tal prática judaica, como
poderemos saber que outras coisas piores não serão acrescentadas no culto?
Como podemos observar na atual cristandade, o resultado da desobediência nesse
ponto é que agora as pessoas usam de todo o tipo de diversão como norma para o
culto, tal como representações teatrais, danças, cantores “gospel” e até o maldito
“Natal”, uma profanação ao nosso Deus e um insulto ao Homem de Dores
(conferir artigos anteriores, neste mesmo capítulo, sobre o Natal).
Os que alegam ser irrelevante o que se deve ou não fazer dentro do culto dizem:
“Mas isso são apenas circunstâncias do culto; sabemos não ser elementos do
culto”. Ora, se partirmos dessa premissa, como saberemos que daqui a alguns
dias não teremos mulheres seminuas dançando em torno de um poste ídolo para
divertir os ditos “crentes” em uma assembleia? Se as "meras circunstâncias" são
permitidas no culto a Deus em detrimento do princípio regulador do culto, como
no caso dos instrumentos musicais, uma mulher de biquíni no culto também é
uma circunstância aceitável, pois não faz parte dos elementos de culto, mas é
uma “circunstância”, como alegam os defensores de que não devemos dar
importância para aquilo que não é nitidamente proibido pela Palavra de Deus.
Sendo assim, aonde isso vai parar? Segundo tal premissa, podemos fazer o que
quisermos no culto a Deus. Por isso precisamos observar e obedecer os princípios
que regulam o culto e nos restringir a eles.
Culto não é lugar de ouvir músicas, nem de celebrar cultos que não foram
expressamente prescritos pela Palavra de Deus na dispensação da graça. O
"Natal", a “Páscoa”, o “Teatro”, a “Dança” e tantas outras formas de
entretenimentos pagãos e mundanos são puramente direcionadas a deuses pagãos.
Nenhuma dessas práticas possuem resquício de amparo da Escritura.
Algumas pessoas reclamam dizendo que sentem falta de instrumentos musicais
para adorarem a Deus, e que esses instrumentos são “circunstâncias comuns” no
211
culto, tais como orar de joelhos ou de olhos fechados. Todavia, orar de joelhos ou
de olhos fechados não interfere nos princípios que regulam o culto. O fato é que a
Bíblia diz que o único instrumento para se adorar a Deus no Novo Testamento é
um coração puro e os lábios dos que adoram ao SENHOR. Ponto final.
O problema de muitos é não entender a diferença entre o sistema de coisas do
judaísmo e o novo modo de culto e ministério do cristianismo. As pessoas
querem imitar o que os israelitas faziam, mas não percebem que aquele era o
modo ordenado por Deus na antiga dispensação para adoração. Os instrumentos
musicais não fazem parte do culto na Igreja de Deus (de Atos a Apocalipse). Não
somos o Israel de Deus. Somos a Igreja de Deus.
A palavra Cânone, em hebraico “qenéh” e no grego “kanóni”, tem o significado
de "régua" ou "cana [de medir]", no sentido de um catálogo. Isto significa que
não somos nós quem determinamos as regras de Culto e adoração a Deus. A
Bíblia nos ensina, em toda a sua base e essência escriturística, que não temos o
direito de revirar as Escrituras de cabeça para baixo, sacudi-la e, após não
encontrar qualquer brecha para nossas vãs tradições, simplesmente estabelecê-las
como normas de culto a Deus, ao bel prazer e sem nenhuma autoridade divina
revelada.
Onde a Bíblia se cala, nós, cristãos, nos calamos simultaneamente. No Antigo
Testamento vemos Deus ordenando Seu povo Israel que o adore segundo os
padrões estabelecidos por Ele, e jamais segundo os moldes mundanos. Da mesma
forma, no Novo Testamento, Deus ordena a Igreja que faça o mesmo que Ele
ordenara a Israel neste sentido. Nada se deve acrescentar e nada se deve subtrair
da Escritura Sagrada.
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”
(Mateus 15.9).
"E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor
de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito" (1
Coríntios 4.6).
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro
que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas
que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das
coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22.18,19).
212
CAPÍTULO 7
SINAIS E MILAGRES
Deus prometeu que usaria nações do mundo todo para transmitir Sua Palavra ao
Seu povo escolhido. Por meio de outras línguas, Seu povo receberia as “boas
novas” e, ainda assim, muitos não ouviriam os Seus preceitos.
"Está escrito na Lei: Por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a
este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas
são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para
os infiéis, mas para os fiéis" (1 Co 14.21,22).
Essa promessa se cumpriu em Atos 2, com a descida do Espírito Santo. Ali a
Igreja estava sendo inaugurada, como Jesus havia prometido de antemão que
faria (Jo 15.26; Jo 16.13; Jo 16.7,8). Um novo povo, um povo celestial e
separado para a dispensação da graça, estava nascendo naquele exato momento.
Vejamos a passagem onde foi registrado o cumprimento desta promessa:
"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem... E todos pasmavam e se
maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! não são galileus todos esses
homens que estão falando?... os temos ouvido em nossas próprias línguas falar
das grandezas de Deus" (At 2.4-11).
Quando o assunto é o “dom de línguas”, temos que nos ater a duas perguntas
importantes:
213
crentes; (2) e eram línguas entendidas por todas as pessoas que vieram de
países onde aqueles idiomas eram falados. Ou seja, eram idiomas comuns,
porém, de vários países diferentes.
Se considerarmos esses dois fatores, todas as passagens que tratam do assunto se
tornarão claras de uma só vez. Quanto ao fato de elas existirem ou não nos dias
de hoje, não, elas não existem. Se existissem, deveríamos esperar que essas
línguas fossem as mesmas mencionadas pelas Escrituras. Deus concedeu sinais
ao Seu povo para confirmar a Sua Palavra para os incrédulos antes que o Novo
Testamento viesse a ser escrito (Mc 16.20; Hb 2.3,4).
O que atualmente é chamado de “dom de línguas” apresenta três problemas: (1)
Essas línguas não são utilizadas para proclamar as grandezas de Deus aos
incrédulos em suas próprias línguas; (2) essas chamadas “línguas” estão sempre
associadas a algum erro sério acerca da Pessoa e obra de Jesus Cristo; (3) elas
estão conectadas a várias outras práticas heréticas advindas das mais perversas
seitas.
Tudo isso deve nos servir de alerta para que não tenhamos qualquer relação com
tais movimentos. A Palavra de Deus diz que devemos "examinar tudo e reter
somente o bem" (1 Ts 5.21). Ou seja, devemos examinar essas práticas sob o
manuseio responsável das Escrituras e em total submissão a elas, pois muitos são
os ramos da cristandade, num todo, que praticam esse tipo de heresia.
Em Atos dos apóstolos encontramos três passagens que falam a respeito do dom
de línguas:
216
glória vindoura. Preste muita atenção – aqui não é dito nada sobre o dom de
línguas, mas sobre as línguas em si. Elas é que cessarão quando vier o que é
perfeito. Assim como as línguas, também não será necessária a profecia, e o
conhecimento não será mais em parte. Isso ocorrerá porque todos serão de um
mesmo parecer e falarão uma mesma língua (ou idioma). Quanto ao dom de
línguas, ele cessou (juntamente com a era apostólica) porque cumpriu seu
propósito de anunciar o evangelho da graça aos gentios.
A criação e proliferação das diferentes línguas começaram com a torre de Babel,
quando o homem, em seu orgulho, procurou erguer uma torre de tijolos cujo topo
alcançaria os céus (Gn 11). Ou seja, antes do ocorrido com a torre de Babel,
todos os povos falavam uma mesma língua. A partir do momento em que o
Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes em Atos 2, Deus começou a
construir uma casa espiritual (a Igreja), da qual todos os crentes fazem parte
como pedras vivas, não importando que língua falem ou a que nacionalidade
pertençam. Mais uma vez vemos a sabedoria de Deus em apresentar esse algo
novo – a Igreja – por meio do dom de línguas na era apostólica. Portanto, o uso
leviano desse dom, sem amor e para pura exibição, era expressamente reprovado
por Deus, como pudemos destacar.
Em 1 Coríntios 14 o apóstolo Paulo trata mais uma vez deste assunto e estabelece
as regras para o seu uso em assembléia. Nas ocasiões anteriormente registradas
em Atos, elas não eram usadas na assembleia quando os irmãos se reuniam, mas
apenas como um sinal para cumprir o propósito para o qual Deus lhes havia
dado. Esse dom dado por Deus só era proibido na Igreja primitiva quando não
houvesse um intérprete. Com exceção disso, ele podia ser praticado sempre que
fosse para a edificação da Igreja. Se o dom fosse usado adequadamente, ele
serviria para lembrar os cristãos acerca da graça de Deus em operar Sua salvação
entre as nações do mundo todo, reunindo-os em um só corpo em Cristo.
Naturalmente, hoje, quando um estrangeiro nos visita na Igreja, é obviamente
necessário que haja um intérprete. Assim também era a regra na Igreja primitiva,
porém, com o uso do dom de línguas sobrenatural. Hoje não temos a
necessidade do dom de línguas, uma vez que podemos aprender com facilidade
as várias línguas de outros países, sem a necessidade de uma emergência, como
aconteceu em Atos 2.
No entanto, mesmo em nossos dias podemos ser propensos a esquecer que, em
uma assembléia onde todos falam a mesma língua, Deus está salvando almas de
toda tribo, língua, povo e nação, dando a elas o Espírito Santo e introduzindo
essas almas ao corpo de Cristo. É uma triste realidade com que temos de lidar
com o mal testemunho da Igreja.
217
A MÁ COMPREENSÃO DOS CORÍNTIOS SOBRE O DOM DE
LÍNGUAS
Existia um grande problema na igreja de Coríntios: Os coríntios estavam usando
o dom de línguas para a própria exibição, para mostrar que eram mais
“espirituais” que os demais crentes da congregação, e, por esta razão, Paulo
precisou repreendê-los e impedi-los de falar em outra língua desconhecida dos
presentes. Paulo continuou sua repreensão ao dizer que, a partir daquele
momento, eles só poderiam usar esse dom quando houvesse um intérprete, para
que toda a assembleia entendesse a revelação do evangelho. Mas o apóstolo lhes
abriu uma exceção; ele disse aos coríntios que eles poderiam falar em outras
línguas somente "consigo mesmos e com Deus", visto que Deus entende todas as
línguas, e, assim, toda aquela ânsia por falar em outras línguas seria praticada
sem pecado e sem perturbar a Igreja.
Se eu estou em uma reunião onde ninguém compreende o inglês, certamente irei
falar comigo mesmo e com Deus somente. Mas a passagem de 1 Coríntios
14.21,22 deixa claro que o dom de línguas não se trata de um estado de êxtase
onde uma pessoa começa a pronunciar sílabas sem sentido. Mais uma vez é
necessário que se diga que as línguas que Paulo menciona ali eram diferentes
idiomas para servir de sinal para os incrédulos que não conheciam a Deus, o
poder de Deus e como a mensagem da salvação chegava agora a todas as nações
do mundo. Se nenhum dos presentes na assembléia pudesse entender a língua, e
se não houvesse nenhum intérprete, ela não serviria de nada; não teria proveito
algum para a igreja; ela não cumpriria o propósito de Deus ao conceder esse dom
em Atos 2.
A Bíblia enfatiza que toda essa bagunça em Coríntios pareceria loucura para os
estranhos que chegassem à igreja de Coríntios e não pudessem compreender o
que estava sendo falado. Seria uma confusão total, tal como é hoje nas mais
pérfidas seitas da cristandade. Assim como vemos nessas assim chamadas
“igrejas” de hoje, Deus não seria glorificado e ninguém seria edificado (1 Co
14.21-25).
Mas a pergunta que normalmente se faz é se ainda temos o dom de línguas em
nossos dias. Perguntar isso já é dar a resposta, pois não existe uma pessoa ou
grupo que possa admitir ser capaz de fazer o que aconteceu em Atos 2, reunindo
um grupo de pessoas de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5), e
então falar-lhes, em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Esse tema
ainda será tratado mais à frente neste capítulo.
218
O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO “FALA MISTÉRIOS”?
Em 1 Coríntios 14.2 Paulo diz que “o que fala em língua desconhecida não fala
aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala
mistérios”. Muita gente pensa que o termo “mistério” ali está relacionado a algo
sobrenatural ou até mesmo uma língua angelical sendo direcionada a Deus
enquanto se praticava o dom, mas isso não tem nada a ver com o texto, como
será explicado mais à frente. A expressão “mistério” nessa passagem se refere ao
evangelho da graça que esteve oculto a todos os homens antes da revelação do
Novo Testamento. Todavia, agora, as boas novas não são mais mistérios porque
os apóstolos cumpriram seu papel em receber diretamente de Deus as revelações
daquilo que, até então, era um “mistério” para nós. Para provar este ponto, basta
observarmos as várias vezes em que a expressão “mistério” é mencionada com
este sentido nas epístolas:
“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e
que agora foi manifesto aos seus santos” (Colossenses 1.26).
“E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos
esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo” (Efésios 3.9).
“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a
pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos
eternos esteve oculto” (Romanos 16.25).
“Guardando o mistério da fé numa consciência pura” (1 Timóteo 3.9).
“Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de
Cristo” (Efésios 3.4).
“Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco
vos escrevi” (Efésios 3.3).
“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que
propusera em si mesmo” (Efésios 1.9).
Como podemos observar, o “mistério” mencionado em 1 Coríntios 14.2 é o
evangelho da graça sendo agora comunicado a todos e comungado entre os
irmãos em Cristo Jesus. Uma tradução melhor desta passagem seria: “quem fala
em língua [como dom], deve falar apenas dos mistérios de Deus ao entendimento
dos homens e isto pelo Espírito”.
O termo “mistério” aparece cinco vezes em 1 Coríntios, nos versos 2.7; 4.1; 13.2;
14.2; 15.51, e outras dez vezes em Colossenses e Efésios. Já a palavra
“mistérios”, no plural, aparece somente três vezes, que é em 1 Coríntios 4.1;
219
13.2; 14.2). Para o autor inspirado, o sentido de “mistério” é sempre algo uma
vez oculto e que agora foi revelado por Deus.
A ordem de Paulo no capítulo e no verso é que os ouvintes deveriam receber os
benefícios do dom de línguas. Assim, aqueles com tal dom deveriam proclamar
os “mistérios” uma vez ocultos, mas agora revelados, pelo Espírito Santo. O
texto jamais sugere a ideia de que falar em línguas é falar em espírito somente a
Deus, como se esse fosse o propósito do dom. Quando o apóstolo restringe os
coríntios a fazê-lo é para que haja ordem na igreja e eles possam usar o dom de
forma não leviana. Se não fosse assim, não haveria a necessidade da tradução ou
interpretação por parte dos intérpretes. Ora, qual a necessidade de ser algo
audível em todo o tempo, se posso orar em minha própria mente?
O verso diz também que “ninguém entende” o que o falante está pronunciando. É
importante saber que o fato dos ouvintes não entenderem não significa que a fala
é estática; existem outras razões para isso, tais como: problemas de audição, não
ser nativo da língua, muitos estarem falando ao mesmo tempo, falar muito baixo,
etc. Paulo diz: “vós, se, com a língua, não disserdes palavra [logos]
compreensível [eusemos: claramente reconhecível], como se entenderá o que
dizeis?” (v. 9 – ênfase minha). Aliás, se uma “língua” não pode ser inteligível,
ela deixa de ser língua, pois isto pressupõe entendimento. Paulo resolve o
problema da falta de compreensão entre os crentes exigindo a presença constante
de um intérprete ou tradutor que torne a fala compreensível (vs. 13,27).
A expressão “entende”, no original é akouo, que significa “ouvir uma fala ou
linguagem”. Assim, o problema não está no ouvido da pessoa, mas na capacidade
de compreender o que está sendo dito ou a língua que está sendo pronunciada. A
LXX (versão bíblica septuaginta) usa a mesma expressão para definir o problema
da confusão de línguas em Babel (Gênesis 11.1-9).
É importante saber que na expressão “visto que ninguém o entende”, o “o”,
pronome pessoal do caso oblíquo, não se encontra no texto original do Novo
Testamento. Ou seja, no versículo em sua forma original ficaria “visto que
ninguém entende”.
220
“MAS, E AS LÍNGUAS DOS ANJOS?”
Em 1 Coríntios 13.1 está escrito: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine”.
Quando Paulo fala das “línguas dos homens e dos anjos”, ele está dizendo aos
coríntios que o que eles estão fazendo é como se os anjos estivessem pregando
outro evangelho, e não o evangelho de Cristo. Ora, em toda a Bíblia vemos que
os anjos são capazes de pronunciar qualquer língua deste mundo, e que os anjos
eleitos são espíritos ministrados que cuidam de todos os filhos de Deus,
independentemente de sua nacionalidade (Hb 1.13,14).
Sendo assim, não encontramos nas epístolas nenhum pensamento acerca de uma
suposta "língua celestial", como é ensinado hereticamente por várias seitas na
cristandade hoje. Devemos ter em mente que uma língua desconhecida pelo
mundo (ou “língua estranha” ao mundo) não poderia dar nenhum testemunho aos
incrédulos. Como já fora dito, as línguas foram dadas como um “sinal para os
incrédulos”. Uma língua sem significação não pode edificar a ninguém, pois
nenhuma pessoa a entende.
Todavia, baseando-se nesse versículo, pentecostais e carismáticos acreditam falar
a “língua dos anjos” ao balbuciarem aquelas palavras sem significação, com
sílabas aleatórias que não formam linguagem real alguma, tais como: “Decanta
labaxúrias”, “Xalamanáias”, “Suricanta lanapraia”, “Derecanta Cantararamás”,
“Xurébias”... etc. Eles crêem veementemente que falar desta forma é pronunciar
as “línguas dos anjos”.
Mas será que é isso que Paulo ensinou em sua epístola quando fez referência ao
termo “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13.1? Claro que a resposta é “não”.
Como já fora mencionado, na Bíblia, nem os próprios anjos jamais falaram
assim. Toda vez que um anjo trouxe a mensagem a alguém na Bíblia, este usou a
língua comum da pessoa que recebeu a mensagem de Deus.
221
não existem e nem nunca existirão, apenas com o intuito de passar uma
mensagem enfática aos ouvintes.
Em 1 Coríntios 4.15, por exemplo, observamos: “Ainda que vocês possam
ter dez mil tutores em Cristo, vocês não tem muitos pais, pois em Cristo Jesus eu
mesmo os gerei por meio do evangelho”. Isso é uma hipérbole. Trata-se de um
exagero tão extremo que chega ao ponto do impossível, visto que ninguém
poderia ter dez mil tutores de uma só vez. E é exatamente essa a figura de
linguagem usada em 1 Coríntios 13.
Uma prova disso é que no mesmo texto (1 Co 13) Paulo usa outras hipérboles
para concluir sua mensagem a respeito da importância do amor. O apóstolo fala
de “conhecer todos os mistérios” e de “saber toda a ciência”. Tudo isso é um
óbvio exagero! Não há ninguém no mundo que conheça todos os mistérios, nem
qualquer homem que detenha em sua mente toda a ciência. Esse exagero usado
na linguagem de Paulo nesse versículo tem o intuito de mostrar aos crentes a
magnitude do amor, que é o centro da mensagem ali. O uso de hipérboles nessa
passagem é notório para qualquer iniciante em interpretação de texto. Não é
preciso ser nenhum “mestre na teologia” para compreender o que está em 1
Coríntios 13. Basta ser letrado e sensato para tirar as conclusões óbvias nessa
passagem.
Portanto, ninguém fala línguas de anjos. O fato é que essas línguas nem existem.
O apóstolo da graça expressa daquela forma para ensinar que nada é mais
importante que o amor (vide todo o contexto – 13.1-8).
O maior erro do mundo é pensar que se está falando línguas de anjos ao
pronunciar sílabas desconexas e sem significado algum. Ops... acabei de usar
uma hipérbole. É claro que esse não é o maior erro do mundo, e qualquer leitor
comum sabe muito bem disso!
223
Santo” (como costumam chamar). Não satisfeitos com tamanha heresia, os
pentecostais e carismáticos afirmam que o batismo do Espírito Santo é uma
dádiva concedida por Deus somente aos cristãos mais “ungidos” e que eles
devem buscá-lo com orações, jejuns, clamores, lágrimas e vigílias nos “montes”.
Estas pobres almas passam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando,
pulando, girando e se contorcendo no chão enquanto clamam [aos berros] pela tal
"bênção".
E a coisa não pára por aí. Nas reuniões pentecostais e carismáticas, aqueles que
são supostamente "batizados" pelo Espírito Santo começam a balbuciar o que
eles crêem ser “línguas estranhas”, e, num estado de êxtase, caem no chão (o que
é chamado por eles de “cair no espírito”) onde ficam rolando ou se sacudindo
como se estivessem tendo uma convulsão. Numa manifestação frenética de
loucura total, agem como animais irracionais, chegando a manifestar
comportamentos animalescos denominados como “unções especiais”, tais como
“unção do leão”, “unção do urso”, “unção da lagartixa”... etc. Quanto a isto, há
vários tipos de “unção” que os pentecostais afirmam receber de Deus como prova
do batismo do Espírito Santo. Quem nunca ouviu falar ou até mesmo presenciou
a “unção do riso”? Uma pesquisa no google é suficiente para deixar qualquer
pessoa instruída assustada. É uma insanidade após outra nesse pragmatismo
religioso. Muitos chegam a desmaiar e ficam deitados por horas a fio, inertes,
como se estivessem mortos... e por aí vai.
Toda essa loucura que eles chamam de evangelho vale a pena para eles, uma vez
que tais abutres acreditam que o batismo do Espírito Santo eleva o crente a um
patamar espiritual diferenciado dos demais crentes, tornando-o participante de
uma elite de homens “espirituais” que se situam acima dos crentes comuns, bem
como de uma vida repleta de experiências “poderosas” com Deus.
Todavia, em contraste com toda essa loucura que vemos no movimento
pentecostal e carismático, vemos outra realidade na Bíblia e na história do
Cristianismo. No berçário da igreja cristã, o Espírito Santo desceu sobre os que
creram (At 2), e estes falaram em “outras línguas", as quais não haviam
aprendido porque não possuíam estudo nem preparo para fazê-lo por si mesmos.
Eles anunciavam as grandezas de Deus nas línguas de outras nações segundo o
Espírito Santo lhes concedia que falassem. Não obstante, a Bíblia mostra que o
dom de línguas era dado a poucos membros da Igreja após o episódio isolado de
Pentecostes. A maioria das igrejas primitivas não possuía o dom de línguas.
Contudo, os salvos dessas igrejas foram batizados pelo Espírito Santo ao se
converterem a Jesus Cristo, mesmo sem o dom de línguas.
224
Com relação aos pentecostais, carismáticos e continuístas, vemos a presunção de
tais caviladores e insensatos em querer dar continuidade ao batismo do Espírito
Santo com a imposição de mãos e carimbá-lo com a manifestação do dom de
línguas. E eu pergunto a esses hereges lunáticos: Se para as pessoas receberem o
Espírito Santo elas devem provar isso sob a manifestação do dom de línguas, o
que vocês farão com os mudos? Se o testemunho da presença do Espírito Santo
são os dons extraordinários, o que faremos com os santos que deram frutos
dignos de arrependimento sem nunca terem manifestado dom extraordinário
algum? Se vocês esperam que o Espírito Santo habite em alguém mediante esses
“sinais e milagres”, de que maneira, então, ele foi dado a Jesus? Porventura
vemos Jesus manifestando o dom de línguas em seu batismo? Tendo Ele a
plenitude do Espírito, não seria sensato que a Bíblia nos comunicasse a respeito
de tamanha demonstração de “XARAMANÁIAS” num nível astronômico e de
proporções escalafobéticas?
225
OS DONS DE SINAIS CESSARAM
A Escritura toda nos ensina que os “dons espirituais” (ou sinais) mencionados no
Novo Testamento tinham como propósito legitimar a vinda do Messias e revelar
os ensinos que Cristo comunicaria aos apóstolos por meio da revelação divina.
Um exemplo desses sinais é o dom de línguas. Uma vez que os apóstolos eram
simples trabalhadores que não teriam condições humanas para anunciar as
grandes revelações do evangelho da graça aos povos do mundo inteiro, somente
um dom especial, dado pelo Espírito Santo, seria capaz de capacitá-los a
transmitir a mensagem da cruz aos pagãos em suas próprias línguas maternas,
sem jamais terem estudado e aprendido línguas estrangeiras, até porque esse
processo levaria anos. Esse dom concedido aos apóstolos na festa de Pentecostes,
onde sempre se reuniam nações de todos os cantos do mundo, deixou de existir
no fim da era apostólica. Não somente o dom de línguas, como também todos os
dons extraordinários cessaram juntamente com ele. Tais dons abrangiam o falar
em outras línguas, profecias inéditas, curas e milagres. É necessário ressaltar que
o termo “línguas estranhas”, encontrado em algumas versões bíblicas, entra em
desacordo total com o idioma em que o Novo Testamento foi traduzido – o
grego koiné. O termo “línguas estranhas”, na língua original do Novo
Testamento, não existe. Ao invés disso, encontramos o termo “outras línguas”,
ou “línguas diferentes”, ou “línguas estrangeiras”, etc. Esse é o sentido original
do termo usado no Novo Testamento quando o assunto é o “falar em outras
línguas”.
Todavia, cabe aqui uma ressalva imprescindível: Ao contrário do que nos
acusam, nós, cristãos que entendemos sobre o assunto, não negamos que Deus
realiza obras milagrosas, seja no campo da comunicação ou da saúde, como e
quando quer, interferindo na ordem natural das coisas. Muito pelo contrário. Nós
cremos e ensinamos tão somente aquilo que a Escritura revela, isto é, que os dons
extraordinários cessaram porque tinham um propósito específico, temporário e
destinado para fins que a Bíblia menciona do início ao fim. Como cristãos
genuínos, acreditamos piamente que os milagres de Deus não mais decorrem do
exercício de “dons especiais” dados a este ou aquele indivíduo em particular, mas
sim da oração da fé (Tg 5.14-15).
A Bíblia também ensina que até mesmo os milagres que Deus faz em nossos
tempos são bastante raros, o que se difere completamente dos tempos em que os
dons espirituais apostólicos estavam em vigência. Na época em que esses dons
eram manifestados, os milagres eram extremamente numerosos (At 5.12-16; 8.4-
8; 28.7-10) e não há nenhum registro bíblico de que um servo de Deus, dotado de
226
tais poderes, tenha falhado ao ministrar a cura de um enfermo. Como pode-se
notar, essa realidade na Escritura se mostra bem diferente das tramoias e
maluquices que vemos hoje em dia, quando supostos detentores desses “dons”
constantemente “determinam” curas que nunca acontecem. Todo mundo já deve
ter visto, ao menos uma vez, um episódio deste na TV ou em outras seitas
evangélicas pentecostais, no movimento carismático da seita católica romana,
etc.
Mas, a nível introdutório, qual a minha base para dizer que esses dons de sinais
cessaram, uma vez que minha única regra de fé e prática é a Escritura Sagrada?
De que maneira eu posso provar, como bom soldado de Cristo, que o que estou
dizendo é de autoridade escriturística?
Podemos resumir a resposta em dois pontos:
1. A Escritura
A Palavra de Deus mostra que os tempos dos milagres foram propositalmente
poucos ao longo da história testamentária, abrangendo apenas os tempos de
Moisés e Josué, os dias de Elias e Eliseu e as eras de Jesus e dos apóstolos. Essas
são as três fases em que os sinais de Deus foram manifestos de forma
sobrenatural ao Seu povo, e ambas as três tiveram uma duração limitada e restrita
a esses servos. Tais sinais e grandes prodígios foram designados por Deus com
propósitos específicos que, quando finalmente atingidos, puseram fim ao tempo
das constantes intervenções divinas sobrenaturais. Na epístola aos Hebreus
constatamos que o autor inspirado ensina que o propósito daqueles sinais foi
autenticar a mensagem do evangelho ao tempo do seu surgimento, provando a
todos que ela era verdadeira (Hb 2.3-4). Uma vez consumada essa autenticação, o
propósito central dos milagres foi alcançado e sua frequência começou a
desmoronar de forma clara. De modo determinista e normativo, o Novo
Testamento revela que já nos primeiros anos da década de 60 da era apostólica,
os milagres eram raros e que o dom de cura já não mais existia (Fp 2.26-27; 1Tm
5.23; 2Tm 4.20).
2. Os Fatos
Não somente a Escritura, como a simples observação inteligente dos fatos nos
traz esta plena convicção bíblica. Deus mostra aos Seus filhos aquilo que Ele
revelou na Palavra. Com efeito, basta o cristão olhar à sua volta para perceber
que ninguém mais tem hoje os dons de línguas, profecias ou curas milagrosas.
Tudo o que se vê na atualidade são arremedos grosseiros desses dons – teatros
227
cuja artificialidade pode ser percebida por qualquer criança. Essas encenações
blasfemas e heréticas só servem para prejudicar a Igreja de Cristo, lançando-a em
total descrédito diante da população pagã.
Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e
outros dons de sinais em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas
afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não
somente seus discursos, como também suas práticas não são iguais àquilo que
nos é apresentado no livro de Atos e em 1 Coríntios. Eles não usam o suposto
dom de línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer com que
um grupo de doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo
com respeito às curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles
que foram curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário, pois
se tratava de um sinal para confirmar a Palavra aos incrédulos. Aliás, os
verdadeiros crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois eles
a receberam como sendo a Palavra de Deus (1Ts 2.13). É também importante
notar que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl
103.3). Ou seja, a cura milagrosa tratava-se de um sinal dirigido especialmente
àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, mostrando que é Ele quem irá, no
futuro, trazer as bênçãos do reino sobre a terra; e que Ele Se encontra agora
ressuscitado à destra do Pai, e que essas obras de poder eram feitas em nome
dEle (At 4.9,10).
No reino de mil anos de Cristo sobre a terra, chamada de “dispensação da
plenitude dos tempos”, haverá duas esferas distintas de bênção das quais o
Senhor será o centro (Ef 1.10). Haverá a esfera celestial à qual pertence à Igreja
(2Co 5.1; Cl 1.5; 1Pd 1.3,4) e haverá a esfera terrenal a qual pertence à
Jerusalém, cuja nação será o centro na terra (Is 4.3-5; 65.18). Nós, a Igreja,
somos o povo celestial de Deus e aguardamos o momento da Sua vinda para nos
arrebatar nos ares, quando seremos transformados e teremos nossos corpos
glorificados, isto é, à imagem do corpo glorioso de Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto
isso, neste “tabernáculo”, ou seja, nesta morada que é o nosso corpo físico,
"gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2Co
5.2).
Dito isto, sejamos responsáveis e muito cuidadosos ao consultarmos a Bíblia a
respeito das doenças mencionadas entre os crentes nas epístolas, ou seja, as
doenças que acometeram o povo celestial de Deus nesses registros apostólicos.
Em Romanos 8.23 lemos o seguinte: "nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo". Note que não há aqui nenhuma referência à cura, mas
sim ao ato de esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito, enquanto
228
isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades" - cf. versão inglesa). Essa
passagem não diz que o Espírito de Deus remove nossas doenças, mas que Ele
nos ajuda em nossas enfermidades.
230
QUANDO DEUS USA AS NOSSAS ENFERMIDADES PARA
CUMPRIR SEUS PROPÓSITOS
1 Coríntios 11.30 nos dá uma demonstração inata de como Deus usa uma
enfermidade humana em Seus desígnios governamentais, sem nada perguntar a
ninguém. Deus permitiu que os coríntios ficassem “fracos e doentes” por não
terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente e irresponsável. Isso
aconteceu em Coríntios por causa do pecado não julgado entre eles.
Deus pode e usa nossas doenças para fins que Ele estabeleceu de antemão, para
nosso bem, não para nosso mal. Embora o cristão esteja eternamente seguro no
que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios
governamentais de Deus, e Deus às vezes utiliza a doença para tratar com os que
são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos
aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha
tornado prontos para o céu. Isso não significa que toda doença seja uma punição,
pois ela pode ser apenas parte da nossa natureza caída, uma vez que nosso corpo
geme após a queda de Adão, como também pode ser um modo de Deus estar
disciplinando alguém por meio desta ou daquela enfermidade, como quando se
poda uma videira para que produza mais fruto – o que era exatamente o caso de
Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.
231
O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa
divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1Co 6.19) e Se encontra também na
casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo 14.16,17),
dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem por Sua
vinda em cujo tempo eles seriam "do alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em
Corinto, não foi dito aos crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles,
mas que deveriam usar os dons do Espírito, os quais Deus lhes havia dado,
inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme
fossem guiados pelo Espírito (1Co 12.4-11). O Espírito e a Palavra não podem
ser separados sem que se caia no misticismo e na perdição. Por outro lado, o
mesmo acontece no racionalismo quando separamos o Espírito da Palavra.
Além de inútil, é perigoso aguardar por um segundo derramamento adicional do
Espírito Santo em nós, além daquele que temos. Somos habitados pelo Espírito
de Deus e a Palavra diz que isso nos basta.
O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de
poder que não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e, portanto, não
são pelo Espírito de Deus. Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e
as ditas "línguas" estão com freqüência associadas à má doutrina acerca da
Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, como também ligadas a outras práticas
macabras e heréticas, pois Satanás se transfigura em "anjo de luz" (2Co 11.13-
15); ele é como um "leão que brama ao nosso derredor, buscando a quem possa
devorar" (1Pe 5.8,9). Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a
obra consumada de nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, e o movimento
carismático é uma de suas maiores armas hoje.
232
com o Espírito encontra-se sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito
são temperança e equilíbrio próprio (Gl 5.22,23 – Almeida Versão Atualizada).
Onde o Espírito de Deus está verdadeiramente guiando, aí há liberdade e serviço
racional, inteligente e bíblico.
Deus quer que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da verdade"
(1Tm 2.4). O caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e
verdadeiramente feliz, e neste caminho não existem desapontamentos e nem
esperanças perdidas. Os caminhos da sabedoria "são caminhos de delícias, e
todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17).
A Palavra de Deus não nos ordena a buscar por um segundo Pentecostes, jamais.
O que a Bíblia nos ordena a fazer é observar como devemos agir e como
devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência (Mt 18.20),
numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos para
honra, outros, porém, para desonra" (2Tm 2.16-26).
233
João, os sinais que identificavam os apóstolos como mensageiros da revelação
divina já haviam se tornado questionáveis (2Co 12.12).
2. Como já fora testificado aqui, o dom de línguas tinha como objetivo ser um
sinal para o Israel incrédulo. Também significava que Deus havia começado uma
nova obra que incluiria os gentios (nações fora de Israel). O Senhor se
comunicaria agora com todas as nações em suas próprias línguas por meio do
evangelho de Cristo. O dom de línguas simbolizava tanto a maldição divina sobre
a nação desobediente como também a benção de Deus sobre indivíduos do
mundo todo. Com o estabelecimento da Igreja, Deus começou a se revelar aos
povos espalhados pelo mundo e em todas as línguas. Contudo, uma vez que a
Sua revelação fosse comunicada por completo, tal sinal milagroso já não era mais
necessário. O povo de Deus, a partir do fim da era apostólica, viveria da fé na
Palavra revelada e nunca confiaria em nada fora dela.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus nos ensina que hoje não há necessidade de um sinal para
comprovar que Deus está em constante tratamento com Seu povo à partir de uma
única nação – ISRAEL – a fim de lidar com nações do mundo inteiro. Israel é a
nação escolhida por Deus como um canal de Sua eterna misericórdia para com o
povo escolhido, o qual é composto por indivíduos do mundo todo. Não há
absolutamente nenhuma ordem normativa para a prática do dom de línguas. Em
contrapartida, ao perceber a fixação dos cristãos pelo dom, o apóstolo Paulo
rapidamente os repreendeu sob a base de que o dom de línguas não era a
credencial do verdadeiro cristão, mas sim os frutos do mesmo.
234
A partir de três pontos sabemos identificar o verdadeiro cristão hoje:
2. Os cristãos devem buscar por sinais? A Bíblia diz que “os judeus pedem sinais
e os gregos buscam sabedoria, mas que nós, cristãos, pregamos a Cristo
crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co
1.22,23).
235
A FARSA DO CONTINUÍSMO
236
chamado “pastor” ou por algum crente que alegue ter o “dom de cura”. Em um
país infectado por seitas pentecostais espalhadas em cada esquina, todas elas
continuístas e cheias de crenças pagãs com práticas estranhas ao evangelho, você
ficará perplexo ao ver que não há um cego sequer que tenha sido curado nelas,
mesmo naquelas que estão funcionando há décadas. O continuísmo é, na prática,
uma piada de mau gosto que desemboca na mesma heresia pentecostal – uma
crendice ingênua e, em muitos casos, uma prática de heresia para fins lucrativos,
sem qualquer relação com as Escrituras e com os fatos.
O Pentecostalismo e seu filho caçulo, o continuísmo, têm causado um grande
impacto negativo sobre a Igreja dos santos. Todavia, a verdadeira doutrina e
espiritualidade da Igreja de Deus deve ser o foco do nosso trabalho em Cristo
Jesus, mesmo debaixo de ataques, calúnias e rancores por parte da maioria.
Devemos estar dispostos a desmascarar tais fábulas insanas e proclamar a todos o
evangelho puro e sem mácula, centrado na salvação e na santificação do pecador,
longe de sonhos, visões e curas imaginárias.
237
Os pentecostais e outros movimentos carismáticos oriundos acreditam que existe
uma explicação “sobrenatural” para a glossolalia, associando essa prática ao dom
de línguas descrito no Novo Testamento. Eles acreditam que o falar em línguas é
a manifestação sobrenatural necessária para legitimar o batismo que receberam
do Espírito Santo, que passou a habitar neles por meio dessa manifestação, como
no dia de Pentecostes (At 2) e na igreja de Corinto (1Co). Porém, muito longe
das línguas idiomáticas expressadas no Novo Testamento, a glossolalia é um
grande instrumento nas mãos de Satanás para um engano em massa. Trata-se de
uma ferramenta muito útil nas mãos do diabo, o qual facilmente provoca um
contágio colossal de histeria nas denominações religiosas pentecostais. E isso
acontece numa escala cada vez maior.
Tudo o que se ouve nessas falas mirabolantes durante os cultos carismáticos é
uma profusão de engano, confusão e barulho. Por uma questão de lógica, nenhum
cristão verdadeiro – que nasceu de novo – pode declarar que estamos de fato
“ouvindo as revelações de Deus por meio do dom de línguas, cada um na nossa
própria língua em que somos nascidos" (At 2.8), como ocorrido na festa de
Pentecostes em Jerusalém, onde a Igreja de Cristo foi inaugurada, e em outras
situações isoladas durante o período de Atos, bem como nas manifestações
sobrenaturais que encontramos em 1 Coríntios.
Simplificando, a prática da glossolalia não é o dom de línguas bíblico. Paulo
ensinou claramente que o principal objetivo do dom de falar em línguas era servir
de sinal para os incrédulos [judeus] que não criam no evangelho da graça, bem
como espalhar a boa notícia, o evangelho de Cristo (1Co 14.19,22). Conforme
nos testifica Atos 2, tal dom espiritual consistia na capacidade concedida pelo
Espírito Santo de realizar a pronúncia de línguas estrangeiras sem nunca tê-las
estudado. Isso ocorreu para que os apóstolos pudessem evangelizar as nações do
mundo numa velocidade incrivelmente inesperada, fazendo com que a
mensagem do evangelho da graça se espalhasse por toda a terra em questão de
décadas.
238
A glossolalia pode ser observada em praticamente toda parte do mundo.
Religiões pagãs por todo o globo são obcecadas por línguas. Algumas delas são
os Xamãs no Sudão, o culto Xangô da Costa Oeste da África, o culto Zor da
Etiópia, o culto Vodu no Haiti e os aborígines da América do Sul e Austrália.
Murmurar ou falar sons ininteligíveis que soam como uma compreensão mística
profunda por homens religiosos é uma prática antiga.
Existem basicamente dois aspectos para a glossolalia: O primeiro é falar ou
murmurar em sons que se parecem com linguagem. Quase todo mundo é capaz
de fazer isso, até mesmo crianças antes de aprenderem a falar podem imitar a
linguagem real, embora de forma ininteligível e desconexa. Não há
absolutamente nada de extraordinário nisso. O outro aspecto da glossolalia é o
êxtase ou a demonstração de euforia em transe. Também não há nada de
incomum nisso, embora seja mais difícil fazê-lo intencionalmente do que
meramente proferir sons que se parecem com linguagem.
240
O PERIGO DA PRÁTICA ENGANOSA DA GLOSSOLALIA
Em seu livro “Fogo Estranho”, John MacArthur esclarece:
“Na realidade, as expressões modernas de glossolalia são enganosas e perigosas,
oferecendo apenas uma pretensão de espiritualidade genuína. Pentecostais podem
dizer que é Deus falando através deles, mas não há absolutamente nenhuma
evidência que confirme a noção de que a glossolalia moderna vem do Espírito
Santo ou o auxilia em seu trabalho de produzir santidade. Por outro lado, há
muitas boas razões para evitar tal prática. Ela é, de fato, comum em várias seitas
e falsas religiões e entre seus seguidores – desde os curandeiros do Vodu
Africano e monges místicos do budismo até os fundadores do Mormonismo.
Historicamente, o discurso irracional e extático tem sido associado apenas a
grupos marginais heréticos, dos montanistas aos jansenistas e irvingitas. A
mesma experiência espiritualmente vazia é essencialmente idêntica à prática
carismática moderna. Os evangélicos hoje, em grande parte, desconhecem a
história da prática (...); pensam na glossolalia como algo praticado na época
apostólica da Igreja. Isso é um terrível engano.
Na longa história da Igreja, depois dos dias dos Apóstolos, onde quer que o
fenômeno da glossolalia surgisse, era encarado como uma heresia. A glossolalia
foi, sobretudo, confinada aos séculos XIX e XX. Mas, independentemente de
onde e como surgiu, ela nunca foi aceita pelas igrejas históricas da Cristandade.
Foi universalmente repudiada pelas igrejas cristãs como uma aberração
doutrinária e emocional’” (John MacArthur / Livro: Fogo Estranho).
Em suma, essa prática herética dos pentecostais é uma falsificação que, sob
qualquer aspecto, fica aquém do dom de línguas descrito no Novo Testamento.
Os praticantes dessa aberração afirmam ter recebido o dom bíblico de falar em
línguas, mas, no final, não possuem outra saída senão reconhecer que as falas
confusas deles não possuem nenhuma das características de uma língua real.
Podemos resumir o falso dom de línguas dos pentecostais por meio de duas
características:
1. As assim chamadas "línguas estranhas" manifestadas nas reuniões da seita
evangélica pentecostal são um comportamento aprendido que consiste em sílabas
incompreensíveis, repetitivas, gaguejadas e sem significação.
2. Em contraste com isso, o dom de línguas no Novo Testamento consistia na
habilidade sobrenatural de falar precisamente em uma língua estrangeira que o
falante jamais havia aprendido ou sequer estudado.
241
Conclusão: Embora os pentecostais possam apoderar-se da terminologia bíblica –
dom de línguas – para descrever a prática dessas expressões malucas e sem
nexo, tal comportamento fabricado não tem nenhuma relação com o genuíno dom
de línguas da Bíblia.
242
Com incrível ousadia, todas essas figuras alegam receber revelações inéditas por
parte de Deus, isto é, além do que está escrito na Bíblia. Eles afirmam com
veemência que Deus lhes fala diretamente, sem que para isso eles precisem
consultar as Escrituras para saberem o que de fato é ou não correto em suas ditas
igrejas. À semelhança dos pontífices medievais, esses indivíduos das mais
variadas instituições religiosas evangélicas não aceitam que suas opiniões e
condutas sejam questionadas por ninguém e em nenhum grau. Outrossim, à
semelhança dos papas renascentistas, tais facínoras exploram a boa-fé dos crentes
que os seguem fielmente, amontoando tesouros para si, vendendo objetos inúteis
os quais eles dizem ser santos e dotados de poder. Tudo isso acontece numa
escala tão grande hoje, que fica fácil concluir que os papas medievais, em termos
de engano e estelionato, teriam muito o que aprender com os pequenos papas que
reinam soberanos nas assim chamadas igrejas da cristandade.
243
mata, e do espírito (graça), que vivifica: “E, se o ministério da morte, gravado
com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não
podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual
era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? (2
Coríntios 3.7,8). Esse é o contexto. Aqui o apóstolo está dizendo que o ministério
do espírito (Novo Testamento – evangelho da graça) é superior ao ministério da
morte (lei), pois a lei veio para matar, mas o Espírito veio para vivificar.
Porém, para os ineptos pentecostais, nesse texto, Paulo, justamente o apóstolo
mais estudioso do Novo Testamento (At 26.24), reprovava o dedicado estudo da
Palavra de Deus! Quanta estupidez! Quanta barbárie!
Tudo isso resulta em uma óbvia preguiça intelectual e dá ensejo para que homens
sem nenhum preparo teológico sejam ordenados pelas suas assim chamadas
igrejas. Por conta da ausência do estudo responsável das Escrituras, esses homens
seguem as imaginações de seu próprio coração e chamam tudo o que lhes vêm à
mente de “revelação”. Consequentemente, eles ensinam aos seus seguidores
absurdos que vão desde as tolices mais ingênuas até as heresias mais deploráveis
e maléficas. Na verdade, esses fatos se mostram tão evidentes hoje, que qualquer
cristão com conhecimento básico das Escrituras sabe que é mais fácil encontrar
um dente na boca de um torcedor corintiano do que uma frase de alto valor
doutrinário na boca de um “pastor” pentecostal.
Poucas vezes na história houve uma fábrica de heresias tão produtiva como o
Pentecostalismo. Nem Márcion, o arqui-herege do século 2, nem os montanistas,
nem os defensores da cristologia heterodoxa que ameaçou a Igreja nos séculos 4
e 5, nem os cátaros, nem o catolicismo medieval, nem os radicais da época da
Reforma, nem as seitas pseudocristãs mais depravadas da atualidade superaram o
Pentecostalismo na criação de doutrinas blasfemas e preceitos antibíblicos. Sem
dúvida, um genuíno cristão, nascido em Cristo Jesus, se sentiria mais à vontade
numa missa dirigida pelo Papa Inocêncio III do que em um “culto de libertação”
realizado por pentecostais. Mas, claro, sabemos ser um erro fazer qualquer uma
das duas coisas.
244
PENTECOSTALISMO
A FILHA FEITICEIRA DO ARMINIANISMO
"E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera
naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que
era uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até ao
maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já
desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas (...), E Simão, vendo que
pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre
quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu
dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança
por dinheiro" (Atos 8.9-20).
De todas as seitas arminianas que envergonharam o testemunho da Igreja até
hoje, o Pentecostalismo é o mais danoso e também o mais bem elaborado. Ele
agrega elementos que podem ser encontrados em todas as religiões contrárias aos
princípios da Bíblia. Fica fácil concluir esta premissa quando o histórico do
movimento, bem como suas crenças e práticas, oriundas dos mais obscuros
rituais espiritistas e umbandistas, são analisadas sob a autoridade da Santa
Escritura. Em matéria de superstição, heresia, engano e estelionato, os papas
renascentistas teriam muito o que aprender com os mestres da “igreja”
pentecostal.
Na passagem citada no início, observamos a expressão inata dos falsos apóstolos
de hoje. Simão era um homem que fazia "milagres e prodígios" semelhantes aos
que vemos hoje, tais como profecias, curas e “línguas estranhas” (o termo
“estranhas” não consta na tradução original – grego koiné). A narrativa nos
mostra também que este homem, ao contrário dos verdadeiros apóstolos, adquiria
grande lucro financeiro com o povo de Samaria através de suas magias [v.18].
Sua proeminência e autoridade por meio da persuasão são notórias no texto
bíblico, e o povo de Samaria o apontava como sendo um homem com virtude de
Deus [v. 9,10].
245
NÃO EXISTEM MAIS APÓSTOLOS
Simão, o mago, pensava poder adquirir os dons apostólicos por conta própria,
sem ter sido vocacionado por Deus entre os doze. A ilusão e devaneio dos falsos
mestres pentecostais consistem no fato de que eles não apresentam as credenciais
necessárias para o apostolado, ainda que isso fosse possível após a consumação
da revelação escriturística (que era a finalidade crucial do apostolado e dos sinais
da era apostólica).
Vejamos quais são os requisitos para se ser um apóstolo e operar milagres:
1. Não ser colocado na função apostólica por homem algum (Gl 1.1,11-12).
2. Não ser nomeado apóstolo por si mesmo (Rm 1.5; 2Co 11.13; Ap 2.2).
3. Ser colocado por Deus numa posição de desprezo, miséria e sofrimento (1Co
4.9-13).
246
era dos apóstolos (Atos 2). Ora, se existe algum neo-apóstolo (homem dotado do
dom de cura) em uma congregação, presumo que, por dever de ofício, ele deva
provar que é dotado de tais poderes milagrosos por meio das seguintes
credenciais de Marcos 16.18, direcionadas somente aos doze: (1) Pegar em
serpentes sem sofrer nenhum dano; (2) ser imune a bebidas venenosas; (3) e
curar qualquer enfermidade instantaneamente, por meio da imposição de mãos,
sem nenhum método de apelo ou intervenção medicinal.
247
distintivos próprios de Satanás (2 Coríntios 11.13-15). Não foi Deus quem
prometeu riquezas e bens para ser adorado; foi Satanás quem fez tal promessa
(Mt 4.8-9). Satanás detém [por ora] todos os reinos deste mundo e a glória deste
mundo. Tais falsos profetas do movimento pentecostal e carismático, com suas
cavilações e magias concedidas por demônios, levam milhões de pessoas
incautas, mortas espiritualmente, a acreditarem que por meio do "dízimo e
oferta" alcançam bençãos do "Espírito Santo" e até mesmo compram sua
salvação.
248
"E, quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo" (João 16.8).
A verdadeira fé vem acompanhada de doutrina e não de dons espirituais, pois o
Espírito não fala de si mesmo, mas daquilo que está revelado e selado na Bíblia
(Jo 16.13). Cristo, ao prometer o Espírito, declarou que o Espírito não falaria de
si mesmo, mas lembraria e instilaria nas mentes o que Ele havia transmitido
através da Palavra. Portanto, o Espírito, prometido a nós, não tem a tarefa de
inventar novas e inauditas revelações, ou de forjar um novo tipo de doutrina para
nos afastar da doutrina recebida do evangelho, mas de selar nossas mentes com
essa mesma doutrina que é revelada pelo evangelho.
Arrependimento significa uma mudança de mente. Visto que Deus é aquele que
concede arrependimento, isso significa que não é a pessoa quem muda a sua
própria mente, mas é Deus quem muda a mente de uma pessoa. Ao que Ele muda
a sua mente? Paulo diz que o arrependimento leva a “um conhecimento da
verdade”. Novamente, isso se resume a uma questão de doutrina. Esta é a forma
como devemos reconhecer o verdadeiro arrependimento. Não existe nenhum
arrependimento a menos que a pessoa passe a afirmar as doutrinas verdadeiras.
Se ela não afirma as doutrinas verdadeiras, então ela não se arrependeu e ainda
permanece em seus pecados. Só tem o Espírito Santo aquele a quem foi dado
antes o conhecimento da Sã Doutrina dos apóstolos e de sua própria depravação
total.
Leiamos novamente: "E, quando ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo
do pecado, e da justiça e do juízo" (João 16.8).
Por que Jesus disse "conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará" (João
8.32), ao invés de "conhecereis o amor, e o amor vos libertará"? A resposta para
tal é que Cristo está dizendo nesse verso que sem a doutrina é impossível amar
como Ele amou. Em termos mais amplos, você pode fazer mil tipos de obras
caridosas e distribuir milhares de "abraços grátis" pelo mundo afora, e, mesmo
assim, estará caminhando para o inferno se não tiver ciência e convicção do
pecado, da justiça e do juízo.
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
Voltemos à pergunta: qual o papel do Espírito Santo na Igreja dos santos?
Convencer o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Esse é o papel do Espírito
Santo. Agora olhe para as sinagogas pentecostais e veja as pregações que são
feitas e os frutos delas. Você não vê pessoas chorando por causa do pecado. Você
vê pessoas chorando [emotivas] porque foram convencidas de que seu "dízimo"
249
lhes dará a casa própria. Você não vê pessoas convencidas do pecado, pois, de
outra maneira, não estariam buscando pela casa própria (esse papel cabe a Deus,
se assim o desejar), mas sim pelo Reino de Deus e Sua Justiça.
O que mais se busca numa seita pentecostal? Prosperidade. Mas a Bíblia ordena:
"Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis
inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai
sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas" (Lucas 12.29-31).
A genuína Igreja de Deus não busca por comida, nem por bebida, nem por
roupas, nem por casas, nem por carros. A autêntica Igreja de Deus busca pelo
Seu Reino. O papel de prover o sustento é do Senhor; o papel do escravo é fazer
a vontade de Seu Senhor.
Observe, por exemplo, algumas das "profecias" de um homem chamado Silas
Malafaia em suas pregações na seita pentecostal: "Quanto mais você ofertar [dar
dinheiro], mais será abençoado e cheio de Deus na sua vida"... "faça uma
proposta com Deus: Tire tal porcentagem de seu salário durante um ano, e Deus
lhe concederá a sua casa própria"... "Quem não dá oferta não sairá daqui
abençoado"... "Eu não vou deixar de usufruir do que é meu porque eu sei o preço
que paguei... etc”.
Agora note o que diz a Escritura e faça a comparação:
● O preço foi pago por Cristo com Seu sangue: "O qual se deu a si mesmo em
preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo" (1 Timóteo
2.6).
● Os eleitos não foram comprados por dinheiro. O preço da redenção é
caríssimo; ninguém pode pagar. Não fomos comprados por “dízimos” e ofertas:
"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso
corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6.20)...
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos
pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado" (1 Pedro 1.18,19).
● Quem busca por prosperidade não é filho de Deus, mas de Mamon, e o seu
coração está fixado no dinheiro e na solução de seus problemas terrenos: "Não
ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6.19-21).
250
● Ironicamente, a carta de Paulo à Timóteo é endereçada especialmente àqueles
que foram vocacionados a cuidarem das ovelhas de Cristo. E ela nos diz respeito
sobre muitas coisas relacionadas ao perigo da busca pelo enriquecimento, que é
consequência de uma falsa doutrina de homens que desviaram-se da fé. Vejamos:
"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a
piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,
perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é
grande lucro a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este
mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e
com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser
ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e
nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao
dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram
da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de
Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência,
a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas
testemunhas" (1 Timóteo 6.3-12).
Como se pode notar na epístola de 1 Timóteo, os “pastores” da Teologia da
Prosperidade deviam se atentar melhor a essas normas [leis] imutáveis antes de
saírem por aí ensinando doutrinas de demônios enquanto somente eles prosperam
e o rebanho de Cristo continua pobre e ignorante, bem como os seguidores da
Teologia do Pacto continuam na avareza, na blasfêmia e a passos largos em
direção ao inferno.
Ainda a respeito da Teologia da Prosperidade, voltemos a refletir sobre Simão, o
mago. Como vimos no início deste artigo, ele era um adivinhador, uma espécie
de cartomante ou espiritista da época. Mas Simão não pára por aí. Ele também foi
um dos precursores da Teologia da Prosperidade. Esse facínora acreditava que,
por meio do dinheiro [oferta], ele podia adquirir poder de batizar as pessoas com
o Espírito Santo através da imposição de mãos, dom este que fora dado somente
aos apóstolos e a ninguém mais [como já fora provado neste artigo].
E desde então muitos Simões têm surgido no meio do povo cristão, já preparados
para a perdição, e que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens
ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus (Jd 1.4-19; Mt 24.11,24;
2Pe 2.1; 1Co 5.11-13; 2 Co 6.14-18; 2 Jo 1.10-11; 1Tm 6.3-5; Tt 3.10-11; Gl 1.7-
10; Ef 5.11; Sl 1; Am 3.3; Ap 3.15,16).
251
Cuidado! Não brinque de ser crente. Acautele-se dos "falsos profetas... que
introduzirão encobertamente heresias de perdição em vosso meio" (2Pe 2.1). Se
você pertence a uma seita pentecostal, saia o quanto antes de lá e procure uma
igreja onde os irmãos já aprenderam sobre a ordem de Deus de como se deve
congregar e se reunir somente ao nome de Jesus (conferir cap. 1 – artigo: “O que
é a Igreja?”) Faça cultos domésticos, estude e examine as Escrituras tendo como
guia o Espírito Santo, em comunhão com outros irmãos que possuem o dom do
ensino. Mensageiros fiéis devem alertar as ovelhas perdidas que se encontram em
meio aos hereges e os identificar pelo nome. Todavia, há de se dizer que isso não
é suficiente para tornar sua identidade amplamente conhecida, pois a maioria
dessas jovens ovelhas, desgarrada e sem instrução bíblica, não entende tal perigo
e muitas vezes não quer entender, pois não lhes foi dado ouvidos para ouvir –
elas simplesmente não podem crer nessas grandes verdades porque não são
ovelhas de Cristo (Jo 10.26). Essas ovelhas não têm medo da mentira, mas sim da
verdade. É isso que tem causado tanta destruição de rebanhos conduzidos pelos
lobos do Pentecostalismo.
252
CAPÍTULO 8
DISCIPLINA NA IGREJA
“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser
julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não
sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes
a esta vida?” (1 Coríntios 6.2,3).
Julgar é uma ordem e não um pecado. A Escritura determina que um dos deveres
primordiais dos santos neste mundo é JULGAR. Mas, como, quando e a quem
julgar? Vejamos o que a Bíblia responde:
253
além do que já vos tenho anunciado, seja MALDITO. Assim, como já vo-lo
dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja AMALDIÇOADO” (Gálatas 1.8,9).
● Julgar [e condenar] as obras das trevas:
"E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
CONDENAI-AS publicamente" (Efésios 5.11).
● Julgar os pregadores:
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os ‘espíritos’ (homens) são
de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1 João
4.1).
Além dos textos supracitados, há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no
Velho Testamento como no Novo Testamento, que nos estabelece uma das
ordens mais enfáticas de Deus ao Seu povo: JULGUE! Sendo assim, eu poderia
facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.
Mateus 7.1-5: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos
254
hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu
irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu
irmão” (Mateus 7.1-5).
Esse é o contexto! Jesus está aqui nos ensinando que não devemos julgar um
pecador se nós nos encontramos na mesma prática pecaminosa que ele. Do
contrário, seremos os “hipócritas” do verso 5! Note que Jesus começa dizendo:
"... por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a
trave que está no teu olho? ". Jesus está chamando este – que deseja tirar o cisco
do olho do outro – de hipócrita, pois seu julgamento não é reto nem sensato, visto
que o sujeito que está julgando permanece na mesma prática pecaminosa do que
está sendo julgado, seja em um nível menor ou maior. Sendo assim, o ato
condenado por Cristo aqui está direcionado ao indivíduo que, no afã de julgar
alguém, não vê que no seu próprio olho tem uma trave gigantesca! O
ensinamento é este: que não julguemos alguém se estivermos na mesma prática
que este alguém comete, e não que não devemos julgar as pessoas. Muito pelo
contrário: É nosso dever julgar todas as coisas.
Note que o que Jesus ensinou em Mateus 7.1-5 é o mesmo que Paulo resume em
Romanos 2.3: “E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que,
fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” (Romanos 2.3). Ou seja, só
podemos julgar alguém ou várias pessoas se estivermos numa posição digna de
julgá-los. Esse é o ensino.
255
saberemos que ele é um cachorro devido a sua reação de pisar as pérolas, visto
que um cachorro não distingue pérolas de pedras. Isto é, ao ouvir as verdades do
evangelho, o pecador intitulado como “cachorro” por Cristo interpreta seus
ensinamentos como pedradas, ou seja, como uma ofensa. Igualmente, é assim
que se sucede a um porco: Ambos, cão e porco, ao receberem as “coisas santas”,
reagem como se estivessem sendo agredidos, pisoteiam as “pérolas” e nos atacam
com a finalidade de nos espedaçar. As pessoas que rejeitam o evangelho que
pregamos ficam com raiva das coisas que estamos dizendo, pois o que estamos
dizendo vem da Palavra de Deus e elas odeiam os preceitos de Deus, por mais
que não admitam. Elas podem não admitir, mas a irritação delas diante das
grandes verdades do evangelho mostra quem elas são: cães e porcos.
256
- "criaturas irracionais" (2Pe 2.12);
- "injustos" (2Pe 2.13);
- "devassos" (2Pe 2.13);
- "malditos" (2Pe 2.14)...
257
contra as crenças e práticas dos doutores da lei era tão intrépido que Ele os
colocava em uma situação de vergonha, expondo-os ao ridículo.
Jesus não era “simpático” com os doutores e mestres conforme algum padrão
pós-moderno que conhecemos, nem lhes estendia a falsa cortesia acadêmica. Ele
não convidava esses ditos “doutores” para uma conversa particular sobre seus
diferentes “pontos de vista”, pois, para Jesus, não era uma questão de ponto de
vista, mas da Verdade contra a mentira. Cristo não exprimia suas falas com
eufemismos a fim de não ofender aqueles que o estavam ouvindo; não tentava
suavizar sua repreensão contra os hereges. Ele não se importava em transformar
seus ensinamentos em discursos totalmente impessoais para evitar que os
sentimentos dos ouvintes fossem feridos; Ele não se importava em fazer nada
para diminuir a rigidez de suas críticas, nem se preocupava em amenizar o caráter
repreensivo de suas severas palavras contra o erro, e muito menos tentava
minimizar o constrangimento público dos fariseus quando estes eram
repreendidos por Ele. Cristo deixava o mais claro possível que desaprovava a
religião desses assim chamados “doutores” e “mestres”. Toda vez que Ele
mencionava esses lobos em pele de cordeiro, parecia totalmente insensível à
vergonha e frustração deles diante de Sua sinceridade. Sabendo que estavam
buscando razões para serem insultados, Jesus muitas vezes fazia e dizia as
mesmas coisas que sabia que os deixariam ainda mais ofendidos.
Sem dúvida, é significativo que a abordagem que Jesus usava para lidar com o
engano religioso é nitidamente diferente dos métodos usados pelas ditas igrejas
do nosso século.
Será que essa personalidade excêntrica e polêmica de Jesus ganharia a admiração
dos acadêmicos e doutores em teologia hoje? Consideremos, pois, o modo como
Jesus tratava seus adversários. Admitamos que seu proceder na terra é, na
verdade, uma repreensão séria à Igreja da nossa geração. É necessário que nos
atentemos cuidadosamente ao modo como o nosso Mestre Jesus Cristo lidava
com falsos mestres, ao que Ele pensava a respeito do engano religioso, ao modo
como Ele defendia a verdade, a quem Ele reconhecia como sendo de Deus e a
quem Ele julgava como herege e condenado – e a como Ele, na verdade, não se
encaixava no estereótipo meigo que hoje tão frequentemente os crentes lhe
impõem.
258
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E
CITAR SEUS NOMES
Não tenha medo de expor os falsos mestres que nos rodeiam, porquanto isso não
somente nos é lícito, como nos é expressamente ordenado a fazer, como bons
soldados de Cristo. A Bíblia nos admoesta a expor os erros dos que se dizem
mestres, profetas, apóstolos, etc., mas que são protótipos do Anticristo que há de
vir. Você não somente deve denunciá-los, como também deve citar seus nomes.
A Bíblia diz que para os falsos mestres há maior condenação (Ez 13.3). Nunca
foi correto tolerar falsos mestres. Eles devem ser julgados pela Palavra de Deus e
expostos à Igreja. É claro que aqueles que querem desobedecer a Palavra de Deus
irão buscar todos os meios para evitar esse ensino (1Jo 4.1; Is 8.20).
No mais, segue abaixo um compêndio de atitudes que devem ser tomadas para
com os falsos mestres e hereges:
A Escritura determina que um dos deveres primordiais dos santos neste mundo é
JULGAR: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o
mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas
mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as
coisas pertencentes a esta vida?” (1Coríntios 6.2,3).
Há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no Velho Testamento como no
Novo, que nos estabelece uma das ordens mais enfáticas de Deus ao Seu
povo: 'JULGUE e CONDENE o erro, a tempo e fora de tempo'. Sendo assim, eu
poderia facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.
260
No entanto, um movimento pseudo-piedoso cresce em oposição ao evangelho.
Eu costumo chamá-lo de "Seita dos Não-Julgueis". O que os membros dessa
falsa religião fazem? Eles julgam você pelo seu ato de julgar, e geralmente o
fazem com uma agressividade pobre de argumentos e sob a base de uma lista de
xingamentos que não caberiam neste comentário. Os tagarelas defensores do
"silêncio" são as pessoas mais hostis que podemos imaginar no campo
ideológico, religioso e político. Além de não possuírem fundamentos para suas
premissas claramente paradoxais, ainda te condenam por você tentar ensiná-los
sobre qualquer assunto em que se deva estabelecer um julgamento justo. São
analfabetos funcionais que passam a vida apontando os cinco dedos para os
santos de Deus, embora, contraditoriamente, eles sejam contra o ato de julgar em
qualquer sentido. Criam todo um estereótipo sensacionalista sob o nome de "paz
e amor", mas não dormem enquanto não conseguem estigmatizar aqueles que, de
bom grado, só tentaram alertá-los de seus erros.
Essa incoerência colossal em massa se estende na medida com que os defensores
do "Silêncio" são os primeiros a se pronunciar contra o protesto. Eles nunca
dizem nada contra o erro porque, dizem eles, isso deve ser discutido de "boca
fechada". Agora veja onde a coisa vai parar: a heresia, segundo esses falsos
piedosos, deve ser debatida às escuras (tente imaginar Jesus pensando dessa
forma de frente para os fariseus de sua época); mas, paradoxalmente, encontram
razões para nos atacar publicamente por causa do nosso prognóstico, e
geralmente o fazem por meio do "ad hominem", isto é, por meio de ataques
contra a nossa vida pessoal, e não contra a ideia discutida.
Ora, se esses mansos e amorosos "cristãos”, inimigos do protesto contra a
heresia, se opõem ao ato de julgar publicamente, por que abrem a boca para
estabelecer julgamentos hipócritas contra os que combatem o erro?
Guarde bem isto: Todo "cristão de vitrine", ou seja, falso cristão, que repudia o
ato de julgar e que se emudece diante da profanação, com discursos de amor e
piedade, pode ser facilmente detectado por falar frívola e inconsequentemente
sem nada trazer de edificação. O falso piedoso é detectado por falar muito sem
nada dizer de importante. Ele jamais irá estragar a festinha dos falsos mestres; ao
contrário, ele irá censurar os que julgam retamente.
"E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos
cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Asia, e
DISPUTAVAM com Estêvão. Mas o Espírito de Deus dava tanta sabedoria a
Estêvão, que ele ganhava todas as DISCUSSÕES" (Atos 6.9,10).
261
“Abre a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à
destruição. Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos
necessitados” (Provérbios 31.8,9).
262
CAPÍTULO 9
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO
2 Coríntios 6.14-18
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso"
(2 Coríntios 6.14-18).
263
mundo ao mesmo tempo. Mesmo com tantas exortações bíblicas, a impressão é
que esses ditos cristãos nunca leram sequer uma linha das Escrituras ou, no
mínimo, não enxergaram o que está ali. Por todos os lados vemos misturas
profanas, alianças ímpias e jugos desiguais. Muitos cristãos professos parecem
estar tentando descobrir quão perto do mundo podem andar e ainda ir para o céu.
264
Em Romanos 16.17 é dito para nos desviarmos daqueles mundanos que se
infiltram entre nós: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões
e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Em 2 Timóteo 2.20-21 nos é comunicado: “Ora, numa grande casa não somente
há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra,
outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas,
será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra” (2 Timóteo 2.20,21). O termo “grande casa” significa a
cristandade professa num todo, onde devemos estar preparados para nos purificar
do que é sujo e nos separar daqueles que são “vasos para desonra”.
Em 2 Timóteo 3.2-5 temos a ordem clara de nos separarmos dos “homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos
de Deus, os quais, tendo aparência de piedade, negam a eficácia dela”. E a
passagem termina com um sonoro “Destes afasta-te” (v. 5).
O comando para a Igreja em 2 Tessalonicenses 3.14 é: “se alguém não obedecer
à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele”.
Certamente que a ordem de Deus em 1 Coríntios 5.11 é uma das mais radicais na
Escritura: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que,
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou
beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”. Isto é, a ordem de Deus é
para que, quando detectarmos um falso irmão entre nós, alguém que nos chama
de irmão, mas não o é, devemos nos separar dele.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa sempre foi e continua sendo a
palavra de Deus para o Seu povo hoje: Não permanecer sozinho, mas em um só
corpo como Igreja, longe da intimidade com o mundo e seu sistema.
UM MANDAMENTO ESQUECIDO
“Não vos prendais a um jugo desigual” (v. 14).
Uma das maiores inquietações que tenho sofrido em meu espírito é com o total
descaso para com este mandamento, pois se trata de um mandamento, mas tem
sido tratado como uma mera “sugestão” ou “questão secundária”, largamente
responsável pelo baixo nível espiritual que agora prevalece entre os cristãos
professos. Não me admira, pois, que o pulso espiritual de muitos crentes bata tão
265
debilmente. Não me admira que as suas reuniões de culto, adoração e ministério
estejam tão mal frequentadas. Não me admira que as suas reuniões de oração
estejam ainda mais contaminadas por falsos crentes. Os cristãos que estão em
jugo desigual não têm coração para a oração, pois a desobediência nesse ponto
traz desdobramentos para a devoção real do coração a Cristo. Ninguém pode ser
um seguidor desacorrentado do Senhor Jesus Cristo e, ao mesmo tempo e de
alguma forma, preso aos Seus inimigos.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é a ordem dada aos verdadeiros
cristãos piedosos; aqueles que realmente amam a Deus e estão dispostos a
deixarem família e até a própria vida para segui-lO.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é uma ordem que se aplica
primeiramente às nossas relações no âmbito da Igreja. Quantos cristãos são
membros das chamadas “igrejas” (quando na verdade são membros de seitas
denominacionais), onde muita coisa está acontecendo de errado e que eles sabem
que está acontecendo em desacordo direto com a Palavra de Deus? O falso
ensino nos púlpitos, as atrações mundanas usadas para atrair os ímpios e os
métodos mundanos utilizados para financiá-las; ou o recebimento constante em
sua membresia por parte daqueles que não dão nenhuma evidência de ter nascido
de novo. Os crentes em Cristo que permanecem em tais “igrejas” estão
desonrando o Seu Senhor, começando pelo fato de se afiliarem ao
denominacionalismo religioso, entrando em total contraste com a ordem simples
de Jesus de que deveríamos nos reunir somente ao Seu nome (Mt 18.20). Essas
pessoas respondem: “Mas todas as “igrejas” são iguais, e se as renunciarmos, o
que poderíamos fazer? Temos de ir a algum lugar aos domingos...!”. Pobres
bestas! Essa linguagem mostra claramente que eles estão colocando seus próprios
interesses acima da glória de Cristo. Os cristãos precisam aprender com urgência
que a Bíblia nos ordena a nos apartar de toda a confusão criada pelas várias
denominações de homens, e que melhor é ficar em casa e aprender a Palavra de
Deus ali do que ter comunhão com aquilo que Sua Palavra condena. A propósito,
foi assim que a Igreja deu início às reuniões para culto ao Senhor – reunindo-se
em suas próprias casas – e assim continuou desde então, substituindo aquele
velho sistema de reunião dos judeus no Templo (1Co 16.5, 19; Cl 4.15; Fm 1.2).
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Indubitavelmente que essa ordem se
aplica à separação de membros de Ordens Secretas, como no caso da Maçonaria.
Eu nem preciso dizer a magnitude perversa que a seita maçônica alcançou na
cristandade professa, em especial nas ditas “igrejas evangélicas”, tanto
tradicionais como modernas. E isso certamente se aplica a nós, que temos
insistido em imitar essa relação ecumênica, mesmo fora das denominações. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma “loja maçônica”
266
estão unidos em juramento solene e em uma aliança com os seus membros
“irmãos”. Os companheiros-membros dessa seita não dão nenhuma evidência de
terem nascido de novo, mas continuam em nosso meio. Eles podem acreditar em
um “Ser Supremo”, mas qual o amor que eles têm pela Palavra de Deus (Bíblia)?
Qual é a sua relação com o Filho de Deus? “Porventura andarão dois juntos, se
não estiverem de acordo?” (Amós 3.3). Pode aqueles que devem o seu tudo a
Cristo, tanto para o tempo presente quanto para a eternidade, ter comunhão com
aqueles que “desprezam e rejeitam” a Ele? Portanto, que todo e qualquer leitor
cristão que esteja em jugo desigual saia debaixo dele sem demora.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se aplica à escolha de um cônjuge
para o casamento. Cuidado com a sua escolha, pois, uma vez casado com uma
mulher mundana, não poderá se separar jamais, até que a morte os separe. Há
apenas duas famílias neste mundo: os filhos de Deus e os filhos do diabo (1 João
3.10). O sofrimento por parte do cristão em um casamento misto é inevitável
nessa relação, visto que é a única relação da qual ele não pode se livrar até que a
morte lhe sobrevenha (Rm 7.2-3). Embora a graça de Deus lhe sustente durante o
casamento indissolúvel, o fardo de uma esposa ímpia no relacionamento é quase
impossível de se suportar. Trata-se do amargo colher da semeadura. Em todo
caso, é o pobre cristão que sofre. Atente-se para as histórias inspiradas de Sansão,
Salomão e Acabe, e veja por si mesmo as consequências de suas alianças
profanas com mulheres ímpias. Assim como o peso de um chumbo nas costas de
um homem que espera chegar a um lugar distante, semelhantemente é um cristão
no seu progredir espiritualmente ao lado de uma esposa mundana. A vigilância
em oração é crucial antes da escolha de um cônjuge, pois, desta aliança só se
pode livrar de duas maneiras: no arrebatamento do Senhor Jesus ou na morte de
um dos dois.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se refere também a parcerias de
negócios. A desobediência do mandamento neste sentido tem destruído o
testemunho cristão de muitos e traspassando-os com muitas dores. Não estamos
falando aqui de viver isolado dentro de uma caverna, mas de um afastamento
radical daqueles profissionais ou sócios em negócios que se mostram claramente
ímpios e que não irão se converter. O que quer que possa ser obtido deste mundo
na busca incessante por riqueza e prestígio social, apenas compensará a miserável
perda de comunhão com Deus. E isso pode ser comprovado em Provérbios 1.10-
14. Cristo chamou os Seus para não somente entrar por uma porta estreita, como
também trilhar um caminho apertado, e se um cristão deixa esse caminho
apertado para se aventurar em uma estrada mais larga, isso significará castigos
severos, perdas de partir o coração, e, talvez, o resultado inevitável de um não
eleito. O cristão é chamado a “guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).
267
Nessa passagem é dito que essa é a “religião pura e imaculada para com Deus e
Pai” (v. 27ª).
E quanto à 2 Coríntios 7.1?: “Ora, amados, pois que temos tais promessas,
purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a
santificação no temor de Deus”. Se qualquer ocupação ou associação com os
mundanos nos tira a atenção para com a Palavra de Deus, dificulta nossa
comunhão com Ele e tira o nosso prazer para com as coisas espirituais, então ela
deve ser abandonada. Cuidado com a “lepra” nas vestes (Levítico 13.47).
“Porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a
luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem
o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? (vv
14-16).
As palavras ditas nessa passagem são explícitas e enfáticas demais para serem
ignoradas ou distorcidas por hereges e falsos mestres que desejam continuar em
sua comunhão com as trevas, em especial aqueles que possuem grandes “igrejas”
(empresas nas quais o lucro pessoal ou de uma membresia denominacional é o
que importa). Não há argumentos sensatos que possam negar a ordem direta de
separação nessas linhas do texto sagrado. Quão minuciosos são os termos desta
exortação e a razão pela qual ela está ali: “Sociedade, comunhão, concórdia,
parte e consenso” são termos tão simples que não necessitam de intérprete,
embora sempre apareçam os assim chamados “doutores em teologia” para dizer:
ó, não, isso é algo referente àquela cultura ou época; tudo bem andarmos todos
juntos numa grande e fraterna irmandade!”.
Todo tipo de união, aliança, parceria e envolvimento íntimo com os incrédulos
está expressamente proibido ao cristão. Essa é a ordem de Deus. É impossível
encontrar, dentro de toda a Escritura Sagrada, uma linguagem mais simples sobre
qualquer assunto do que nós temos aqui: Justiça e injustiça; luz e escuridão;
Cristo e Belial – o que eles têm em comum? Que ligação há entre eles? Os
contrastes apresentados são muito pontuados e meticulosos. “Justiça” é certo
fazer, “injustiça” é errado fazer. O infalível e único padrão de ação correta é “a
palavra da justiça” (Hebreus 5.13). Unicamente por isso são reguladas a vida e o
caminhar do cristão com Deus. Mas o mundano O despreza e O desafia. Então,
que “comunhão” pode haver entre aquele que está em sujeição à Palavra de Deus
com quem não está? “Luz” e “trevas”. “Deus é luz” (1Jo 1.5) e Seus santos são
“os filhos da luz” (Lucas 16.8). Mas os filhos do diabo são “trevas” (Ef 5.8).
Que comunhão, pois, poderia haver entre membros de famílias tão antagônicas?
“Cristo” e “Belial” – que concórdia pode haver entre aquele para quem Cristo é
tudo e aquele que O despreza e O rejeita?
268
A ORDEM, A RAZÃO DA ORDEM E A RECOMPENSA
“Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e
entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo [Por isso saí
do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu
vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz
o Senhor Todo-Poderoso” (vv 16-18).
Esse é o final do texto de 2 Coríntios 6.14-18. Que benção inefável encontramos
no fim da passagem! Em primeiro lugar, temos a ordem direta: “Não vos
prendais a um jugo desigual”. Em segundo lugar, Deus nos dá a razão pela qual
devemos obedecê-lO: “porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?”.
Em terceiro lugar Ele nos dá o incentivo. Trata-se da promessa para todos os que
O obedecem e se separam do mundo. E essa promessa, na verdade, são sete
promessas compiladas em uma só:
1) “Neles habitarei”;
2) “entre eles andarei”;
3) “E Eu serei o seu Deus”;
4) “e eles serão o meu povo”,
5) “e Eu vos receberei”;
6) “e serei para vós Pai”;
7) “e vós sereis para mim filhos e filhas”.
269
separação do mundo irá fornecer a demonstração dos frutos de que realmente
somos Seus “filhos e filhas”.
Sem dúvida, se obedecermos à ordem de separação que nos foi dada em 2
Coríntios 6.14-18, encontraremos um caminho cercado de dificuldades e
certamente despertaremos a hostilidade de todos. Assim, se nossos olhos não
estiverem fixos no nosso Deus Todo-Poderoso, é certo que não suportaremos o
peso com que o diabo, o mundo e a nossa própria carne nos acometem. Não
poderemos suportar tamanha pressão e certamente desfaleceremos se não
obedecermos à esta ordem do nosso Deus, o qual tem nos “chamado para fora”
(esse é o significado da palavra “Igreja” – vide artigo “O que é a Igreja?” – cap.
1).
Ao obedecermos a este grande mandamento de nos separarmos do mundo,
devemos estar com nossos olhos fixos em Deus e na eternidade que nos espera.
Todavia, note que o coração que se apodera do incentivo abençoado descrito no
final da exortação torna nossa conduta mais fácil e agradável; afinal, não é em
vão que Cristo nos prometeu: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as
vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.27-
30).
A obediência à ordem de se separar do mundo se tornará leve como uma pena no
momento em que você crer que Cristo cumpre com Sua promessa de carregar
todo o peso por nós.
2 JOÃO 1.10-11
APARTE-SE DOS FALSOS MESTRES
271
Certamente que a mulher para quem João escreveu estava, por qualquer motivo e
em nome da “comunhão cristã”, recebendo falsos mestres em sua casa. Naquele
caso os falsos mestres procuravam justamente pessoas compassivas e bem-
intencionadas como essa mulher, descrita na carta. Em 2 Timóteo 3.6 lemos
sobre o assunto: “Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e
levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias
concupiscências”.
Sem anciãos ou outros homens cuidadores na Igreja para estarem atentos a esses
perigos, as mulheres eram mais suscetíveis ao engano naquela época. Tendo se
estabelecido em casas, os falsos mestres esperavam, eventualmente, "rastejar"
para dentro da Igreja. O mesmo acontece hoje. O falso ensino insidiosamente
invade casas cristãs através da televisão, rádio, internet e literatura. E isso sem
mencionar que a mulher continua sendo mais suscetível ao engano (1Tm 2.11-
14).
Os emissários de Satanás são ameaçadores e não perdem tempo em seu serviço.
A ordem de Cristo por meio de João consiste até mesmo em não saudá-los, pois
aquele que os saúda tem participação em suas obras más. Mais uma vez o
historiador Irineu nos apresenta outro caso em seu livro “Contra as Heresias”,
que é sobre um servo de Deus que se negou a cumprimentar um herege muito
conhecido em sua época. Irineu registrou que Policarpo, chamado “pai da igreja”
no século II, quando de frente para o notório herege Márcio, reagiu da forma que
todo cristão deveria, em algum nível, reagir. Policarpo, ao ser perguntado pelo
notório herético Márcio: "Você me conhece?", respondeu: "Eu conheço você – o
primogênito de Satanás" (“Contra as Heresias”, 3.3.4).
Portanto, a passagem de 2 João 1.10-11 não está limitada somente aos hereges
viajantes daquela época, como querem afirmar os ecumenistas dos nossos dias.
Essa passagem não está limitada ao tempo em que a mensagem fora escrita, nem
reduzida a admoestar os crentes a rejeitarem somente gnósticos ou pessoas que
negam a humanidade e divindade de Cristo, mas aponta para um princípio
normativo para a Igreja em toda a sua era. Assim, a Igreja não deve se submeter
ao proselitismo com falsos mestres que deturpam o evangelho da graça em algum
nível ou aspecto.
Relativistas teológicos têm argumentado que a fala de João em 2 João 1.10-11
está restrita somente ao grupo gnóstico ao qual ele se refere naquela ocasião, o
que entraria em total desacordo com a Doutrina da Separação bíblica expressa de
forma ainda mais severa em outros textos da Escritura, tais como 2 Coríntios
6.14-18 e Gálatas 1.6-10. O princípio da hermenêutica irrefutável exige que a
passagem de 2 João 1.10-11 seja, de fato, uma ordem de separação bíblica à
272
Igreja de Deus, que implica não somente aos hereges gnósticos daqueles tempos,
como também a qualquer grupo ou líder que tente persuadir a Igreja com
qualquer doutrina que se oponha ao verdadeiro evangelho, o qual não é outro.
Qualquer ponto do evangelho que é distorcido, minimizado ou acrescentado faz
da sã doutrina “outro evangelho”, não tendo nenhuma relação com o verdadeiro e
único evangelho (cf. Gl 1.6-10).
273
CAPÍTULO 10
SEITAS
274
Concordo com as palavras ditas acima. E é por essa razão que, diante de algumas
perguntas importantíssimas, iremos inclinar nossa atenção para a Bíblia católica
em busca de respostas.
276
3. PODEM MARIA, UM “SACERDOTE” OU OS SANTOS
SEREM NOSSOS MEDIADORES DIANTE DE DEUS?
Quando abrimos a Bíblia católica, lemos: "Há um só Deus e um só Mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2.5). Portanto, se há
apenas um Mediador – pois é isso que Deus diz – não pode haver dois. A Bíblia
católica afirma que há apenas um Mediador e este é Jesus Cristo.
Em 1 João 2.1-2 lemos: "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propiciação pelos nossos pecados".
Quem é, portanto, o nosso Advogado? Maria? Não. Jesus Cristo. Quem é a nossa
propiciação? Maria? Não. Jesus Cristo. Vemos que não há nenhuma menção à
Maria como intercessora em nenhum lugar das Escrituras.
Em contrapartida, vemos Maria se colocando no mesmo papel que os demais
santos de todas as eras, isto é, o de serva do Senhor: “A minha alma engrandece
ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; porque atentou
para a insignificância de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações
me chamarão bem-aventurada” (Lucas 1.46-48).
Alguém pode alegar que o versículo 48 indica que ela está sendo colocada num
papel de “Senhora de alguém” por ter sido chamada “bem-aventurada”. No
entanto, a Bíblia católica, assim como as demais Bíblias, nos ensina que todos
aqueles que ouvem a Palavra de Deus e fazem a Sua vontade são igualmente
bem-aventurados e até mais do que a própria Maria, como Jesus salienta em
Lucas 11.27-28:
“E aconteceu que, dizendo Ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão,
levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos
em que mamaste. Mas Ele disse: ANTES bem-aventurados os que ouvem a
palavra de Deus e a guardam” (Lucas 11.27,28).
Sendo assim, não se pode inferir um sentido que não existe em Lucas 1.48, pois
ali não diz que Maria seria a única bem-aventurada. E mesmo que fosse a única,
seria impossível tirar qualquer conclusão de que ela fosse um tipo de intercessora
após a morte. Interpretações como essas são aberrativas, e o argumento de que
ela seja a única santa com base nesse versículo é extremamente evasivo e
antibíblico. O sentido de santo na Bíblia é que todo aquele que é nascido de
novo, em Cristo Jesus, é santo (santificado). Na Bíblia, santo não significa
“perfeição”, mas “Justificação”.
277
Pergunto ao leitor: Não seria melhor imitarmos Maria, entregando todo o nosso
ser ao Único e Suficiente Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo? Pois
essa foi a posição de Maria enquanto esteve viva: O de “serva do Senhor”, e não
de “Senhora de alguém”.
4. O QUE É UM SANTO?
Um dos maiores enganos promovidos pela tradição católica em oposição à Bíblia
está no significado da palavra "santo". Segundo o que lhes foi ensinado fora da
Bíblia, um santo seria aquela pessoa que vive ou viveu uma vida exemplar.
Todavia, a Bíblia NUNCA usou o termo “santo” nesse sentido. A Escritura
Sagrada usa o termo “santo” para descrever todos os crentes, isto é, todos aqueles
que verdadeiramente se converteram a Cristo – até mesmo aqueles em Corinto,
que eram notórios por suas divisões e carnalidade (1Co 3.1-4). Os crentes que se
encontravam em Corinto estavam associados ao mal moral (1Co 5) e alguns
chegaram ao ponto de professar uma má doutrina que atacava os próprios
fundamentos do cristianismo (1Co 15). Não existe um grupo de cristãos na Bíblia
que estivesse em uma situação mais precária do que os coríntios. Talvez os
Gálatas possam ser comparados, mas isso não será discutido agora. Mesmo
assim, apesar de todo o fracasso dos coríntios, a Palavra de Deus os chama de
"santos" (1Co 1.2)! Sendo assim, percebemos facilmente que a Bíblia aplica à
palavra "santo" um sentido totalmente diferente do que as pessoas costumam
pensar atualmente.
As pessoas costumam pensar que ser santo é algo mais que ser cristão. Isso é um
terrível engano e vai contra o que a Bíblia nos ensina a respeito das duas
terminologias. Na verdade, um cristão é algo mais do que um santo! Aqueles que
desconhecem a Bíblia podem se escandalizar com esta doutrina porque a maioria
das pessoas, pelo menos na América, é considerada cristã, porém, pouquíssimos
em todo o mundo são considerados santos. Talvez nenhum destes seja visto
assim até chegar ao céu. Não obstante, a Bíblia ensina o contrário: Um cristão é
um santo e muito mais do que isso.
Nas palavras de Bruce Anstey, “santo é alguém "santificado". Ser santificado,
posicionalmente falando, é ter sido "colocado à parte" ou "separado" por Deus
para bênção. Isso acontece quando nascemos de novo. Aqueles que são nascidos
de Deus foram colocados à parte ou SEPARADOS da massa da humanidade que
caminha rumo à destruição. Todos os crentes desde o início dos tempos são
santos. Por isso podemos chamar de "santos" aqueles que viveram nos tempos do
Antigo Testamento (Dt 33.3; 1Sm 2.9; 2Cr 6.41 etc.). Todavia, eles não eram
cristãos. Apenas os crentes a partir de Pentecostes até o Arrebatamento estão
278
nessa posição diante de Deus. Um "cristão" é alguém que creu "no evangelho da
vossa salvação" e, por conseguinte, foi selado com o Espírito, tendo assim sido
feito parte da Igreja (Ef 1.13). Ele foi deste modo colocado em uma posição
muito mais abençoada (estando ligado a Cristo, a Cabeça da igreja) do que um
santo do Antigo Testamento. O cristão é um santo, mas é muito mais que isso –
ele é membro do corpo de Cristo (1Co 12.12-13) e filho de Deus (Rm 8.14-15;
Gl 4.5-7; Ef 1.5). Estas são coisas que os santos do Antigo Testamento não eram.
(Existe também a santificação prática, que tem a ver com o aperfeiçoamento da
santidade na vida do crente – que significa tornar nossa vida praticamente
consistente com nossa posição – Jo 17.17; 1Ts 4.3-4; 5.23; Hb12.14; 2Co 7.1)”
(Trecho de “A Ordem de Deus” – Bruce Anstey).
280
guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e
louvor, como quem fala por toda a assembleia.
Evidentemente entendemos que não somente desempenhamos nosso sacerdócio
nas ocasiões em que estamos congregados em uma assembleia. A qualquer
momento um cristão pode entrar na própria presença de Deus em oração e
adoração e desempenhar seu papel de sacerdote. Todavia, no contexto deste
ponto em específico, estamos falando de cristãos reunidos em uma assembleia
para adoração e ministério.
Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos
têm como parte do Corpo e Noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma
casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente
incompatível com isso (Ef 2.13; 5.25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma
classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como
sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática, isso destrói os
privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos
nos leva de volta para aquele nível.
Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um
clérigo com o título de "Sacerdote” (dando a entender que os demais naquela
denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina
seu clérigo como "Pastor", “Reverendo”, "Ministro", etc. Nesse caso não há
muita diferença, pois uma posição assim na igreja não está de acordo com a
verdade das Escrituras. Trata-se de uma função puramente inventada pelo
homem.
282
8. ALGUÉM VAI PARA O “PURGATÓRIO” APÓS A MORTE?
Quando consultamos a Bíblia católica, da primeira à última palavra, não
encontramos nela um único versículo sobre a doutrina do purgatório. Não há
absolutamente nenhum ensino sobre isso nas Escrituras. Essa doutrina é,
portanto, uma invenção humana, pois Deus não a menciona na Bíblia. Por outro
lado, a Bíblia católica afirma que os filhos de Deus (os eleitos), ao partirem desta
vida, vão direto para a presença de Cristo. Vejamos:
“Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor” (Filipenses 1.23).
Perceba que quando partirmos desta vida não iremos para um “purgatório”, pois
esse lugar não existe. Nós, os “salvos antes da fundação do mundo” (Ef 1.4),
vamos direto para a presença gloriosa de Jesus. Iremos para onde Ele está! Se
houvesse purgatório, partir desta vida não seria “incomparavelmente melhor” do
que ficar aqui. “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e
habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).
No momento em que deixarmos o corpo, estaremos na presença do SENHOR.
Esse ensino é claro e inegável na Bíblia católica. Isso significa que o salvo jamais
terá de sofrer a pena dos seus pecados. Seu julgamento já é passado. Veja o que
diz a Bíblia católica em João 5.24 (que Deus ilumine a sua mente para esta
verdade!): “Quem ouve a minha palavra e crê nAquele que me enviou tem a
vida eterna, e não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.
Preste atenção na conjugação “passou da morte para a vida”. No momento da
conversão, o crente passa de um estado de perdição para a vida eterna, e não
entrará em condenação jamais. Sendo assim, o purgatório não existe. A
propósito, porventura aquele ladrão na cruz não foi diretamente para o paraíso
com Cristo, no momento da crucificação? A promessa de Jesus para ele foi: “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Jesus não disse
a ele que ele estaria em uma espécie de purgatório, mas sim no paraíso. Se o
ladrão na cruz não precisou sofrer por seus pecados após arrepender-se e voltar-
se para Cristo, por que, então, você teria de sofrer pelos pecados dos quais foi
perdoado de uma vez por todas naquela Cruz? Não, você não vai para o
purgatório, pois tal lugar não existe. Se você é um salvo, irá para a presença de
Cristo. Se você não é um salvo, está condenado e por isso não crê, nem ouve (Jo
3.36).
Se você já é salvo, seu destino é ir direto para o céu e estar com Cristo. Jesus
suportou todo o sofrimento necessário pelos escolhidos de Deus. Ele pagou o
preço do pecado por você [se você é um salvo], pois o seu sofrimento não
283
adiantaria de nada. Suas obras não podem salvá-lo da ira de Deus, a qual
permanece sobre os réprobos eternamente (Jo 3.36). É o sangue de Jesus que nos
lava dos pecados, não o nosso sofrimento ou boas obras (1 João 1.7). Não há
nada que você possa fazer para libertar os seus queridos do “purgatório”, pois tal
lugar nem sequer existe. Aqueles que morrem no SENHOR “descansam” e são
“bem-aventurados” [felizes], conforme diz Apocalipse 14.13. Como poderiam
estar assim se estivessem sofrendo em um purgatório?
284
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a igreja”.
“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem dos
lábios do próprio Pedro. O que ele diz? Pedro diz que a salvação está no nome de
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro “santo”.
“Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer que seja a
denominação (seita) em que alguém esteja inserido por pura ignorância. Pedro
declara que a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que
não nos voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia católica diz que Ele é
quem salva e não a Igreja?
286
Ele nunca rejeitou ninguém dentre os que O buscam da maneira bíblica. “O que
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6.37). Venha, então, e ore
para que Ele lhe conceda a verdadeira fé, pois “é Deus quem opera em vós tanto
o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2.13). Por
que continuar rebelde? Por que continuar tentando a Deus, uma vez que Ele se
revelou de forma tão simples?
287
CAPÍTULO 11
TRINDADE
288
um Ser infinito poderia quitar a dívida dos nossos pecados por toda a eternidade.
A Bíblia nos ensina que Jesus é o Salvador, o Messias, o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Todo e qualquer posicionamento não-bíblico
da divindade de Cristo desemboca inevitavelmente em uma heresia grave sobre a
obra da salvação.
Uma das marcas patentes das seitas “cristãs” que negam a divindade de Cristo é o
ensino herético de que o homem necessita adicionar suas “obras” ao sacrifício
vicário de Cristo para que as pessoas possam se converter e ser salvas. Porém, o
que lhes restará, senão que suas vãs filosofias que com astúcia espalham virem
fumaça ao refutarmos suas cavilações sob a base da Palavra de Deus?
Não se pode compreender a Trindade intelectualmente, nem mesmo entendê-la
de forma exaustiva, pois não nos foi dado entendimento para isso. Deus
simplesmente ordena que creiamos e confiemos em Jesus Cristo como Deus
encarnado e Salvador daqueles que Deus predestinou para a salvação.
O Trinitarianismo é uma doutrina sustentada pela Palavra de Deus de forma
determinativa. A Bíblia não faz sugestões ao homem, como se ele pudesse
descrer na Trindade e ser salvo ao mesmo tempo. A Bíblia determina que ele não
será salvo sem crer nessa estupenda verdade e ponto final. Somos salvos pela
graça, mediante a fé em Jesus Cristo, nosso Salvador (Ef 2.8-10; Jo 3.36; 1Tm
2.5-6). Se cremos em um Cristo que não é Deus, logo não estamos crendo no
verdadeiro Cristo, mas num falso Cristo. Em suma, a Bíblia ensina que Deus,
sendo somente Um, é Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai é Deus, Jesus é Deus e o
Espírito Santo é Deus.
A PALAVRA “TRINDADE”
A palavra “Trindade” não aparece na Bíblia. Esse termo foi elaborado para dar
nome ao conceito bíblico irrefutável de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
Um mesmo Deus. Sabemos que há só um Deus (Is 44.6). Não existe outro deus
além dEle. Como já fora dito anteriormente, esse Deus se manifesta por meio de
três pessoas:
O Pai –– O Deus Pai é a origem de todas as coisas. Todos os Seus eternos
decretos estão expressos na Pessoa do Pai (Mc 13.32). Sua soberania, bondade,
ira, santidade e juízo sobre todo o mundo são conceitos expressos com detalhes
descritivos em toda a Escritura.
O Filho –– O Filho é a manifestação visível de Deus: Jesus Cristo. Jesus é Deus
em forma humana, o qual conseguimos ver e compreender (Jo 1.14). Por meio de
289
Jesus Cristo, Deus trouxe a salvação aos Seus escolhidos somente (Rm 8.30).
Jesus é o único acesso ao Pai (1Tm 2.5-6) e somente Ele, por meio de Seu
sacrifício na cruz, cobre os pecados dos eleitos de Deus (Jo 15.16; 17.9).
O Espírito Santo –– O Espirito Santo é o Espírito de Deus agindo em nós. Deus
passa a fazer morada em nosso espírito por meio do Seu Espírito Santo (Mc 1.8;
Jo 3.5; 1Co 2.11-12). O Espírito Santo veio ao mundo para habitar nos santos
espalhados no mundo, a fim de glorificar a Cristo. É o Espírito Santo que nos faz
entender os ensinamentos de Cristo. É o Espírito Santo que nos leva a seguir os
caminhos de Cristo. É o Espírito Santo que nos capacita a ser como Cristo, e
somente Ele, o Espírito Santo, nos convence de toda a Verdade revelada na
Palavra, que é Cristo (Jo 16.13). Sendo assim, o papel do Espírito Santo na Igreja
jamais é o de enaltecer a si mesmo ou falar de si mesmo, mas o de enaltecer a
Cristo, falar da pessoa de Cristo e esclarecer tudo quanto Cristo nos ensinou.
291
CAPÍTULO 12
OS DEZ MANDAMENTOS
292
catolicismo romano proibia a leitura da Bíblia, impedindo as pessoas de irem
conferir o que dizia o texto original das Escrituras.
A divisão correta dos dez mandamentos fica mais fácil de se entender se
considerarmos que os cinco primeiros mandamentos são de responsabilidade
vertical, enquanto os cinco últimos são de responsabilidade horizontal. Ou seja,
os cinco primeiros correspondem à responsabilidade do homem para com quem
está acima dele, o que se enquadra melhor ao verbo "honrar". Desta maneira você
inclui toda uma cadeia de comando que chega até Deus. Já os cinco últimos
mandamentos estão associados ao relacionamento com as pessoas, independente
do grau de parentesco.
O quinto mandamento não nos fala exatamente de como devemos tratar as
pessoas, mas está predominantemente ligado ao ato de reconhecer uma
autoridade (alguém acima de nós, como é requerido nos quatro primeiros). Por
esta razão que “honrar pai e mãe” não depende de quem seja o pai e a mãe ou de
como eles se comportam.
Há quem alegue que este mandamento não deve ser obedecido quando se trata de
pais que maltratam os filhos ou abusam dos mesmos. Porém, isso é um engano.
Se aplicarmos o mesmo raciocínio ao lidar com os textos que falam das outras
autoridades, a obediência e honra às potestades superiores ficará a nosso critério,
fazendo com que essas autoridades estejam submissas ao juízo que fazemos
delas. Todavia, a Bíblia é consistente quanto à subordinação às autoridades
postas por Deus no mundo. Considere o que escreveu o apóstolo Paulo:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação
de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos 13.1-
2).
Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio
de Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava
falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente
corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo
da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo
sabendo que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi
o reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha
muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder para
soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a resposta de
Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não tivesse sido dado do
alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente injustiçado por uma autoridade
293
que podia livrá-lo com apenas uma defesa de Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se
submeter a essa autoridade e sofrer o dano da injustiça.
Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades
não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos.
Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens,
temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é
Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu
devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da sujeição
aos homens. É muito importante entender isso.
Portanto, devemos reconhecer que o quinto mandamento tem muito mais a ver
com os quatro primeiros do que com os cinco últimos que condenam o pecado do
assassinato, do adultério, do furto, da mentira e da cobiça. Esses cinco últimos
não possuem qualquer relação com a obediência, honra ou sujeição à autoridades
superiores, que é o que vemos nos primeiros cinco mandamentos. Por isso há
mais sensatez em que os dez mandamentos de Êxodo 20 sejam divididos em 5 e
5, sendo os primeiros relacionados a Deus (fonte de toda autoridade) e os últimos
relacionados ao próximo.
294
CAPÍTULO 13
PODE OU NÃO PODE?
Sim. O cristão pode ouvir boas músicas feitas por pessoas que não são
necessariamente convertidas. Aliás, muitas das músicas seculares são mais
bíblicas do que as que se dizem “gospel”. Ao mesmo tempo que uma música
gospel pode se mostrar ímpia, profana e blasfema, uma música secular pode se
mostrar inteiramente bíblica. Não encontramos na Bíblia uma separação entre
“músicas do mundo” e músicas que seriam “sagradas”. Essa é uma separação
inventada pelos homens e até mesmo recente. É claro que existe diferença entre
as músicas que ouvimos como forma de entretenimento e o louvor, que consiste
em se direcionar somente a Deus para adorá-lo com nossos lábios (sem
instrumentos adicionais). Músicas seculares são para entretenimento; são para
relaxar, se divertir, etc. Louvor é para ser direcionado somente a Deus, não para
diversão e barulho.
É evidente que não são todas as músicas que nos convém ouvir, mas de nenhuma
forma a Bíblia nos proíbe de ouvir músicas que não se enquadrem em um padrão
criado por homens que classificaram certas músicas como sacras ou gospel e
outras como “não sagradas” e profanas.
Temos inteira liberdade para ouvir músicas que não contrariam as verdades da
Palavra de Deus. Elas certamente podem ser ouvidas sem problema. Na Bíblia é
dito que os judeus não somente louvavam ao Senhor, como também cantavam e
dançavam respeitosamente as canções oriundas da nação de Israel.
Como já fora tratado neste livro, no culto a Deus não é permitido instrumentos
musicais, nem danças, nem qualquer representação não estabelecida por Ele
mesmo para culto e ministério. Em contraste, para os judeus o corpo físico e a
demonstração externa de adoração era extremamente importante, e estava
intimamente ligado à religião. No Antigo Testamento, a dança era uma
manifestação de adoração a Deus e comumente utilizada após vitórias militares e
durante celebrações ou festividades. Partindo-se do princípio que Jesus era judeu
295
e sua pregação estava fortemente ligada aos princípios designados a Israel,
logicamente que Ele também participava de todas as cerimônias judaicas.
O que devemos saber também é que não somente as letras das músicas que
ouvimos devem ser analisadas minuciosamente, como também seus ritmos, visto
que existem ritmos que incitam naturalmente à sensualidade e devem ser evitados
e até mesmo abominados, como no caso do “funk brasileiro”, “axé”, etc. Se uma
música possui uma letra digna de aceitação por parte da Palavra de Deus, mas
seu ritmo leva pessoas em direção ao pecado, é o mesmo que ouvir músicas com
letras satânicas. Da mesma forma, se o ritmo não te leva ao pecado, mas a letra é
profana e pecaminosa, dá no mesmo. Isso é pecado e ponto.
Assim como devemos analisar tudo sob a autoridade máxima das Escrituras
Sagradas, com a música não é diferente. Todo cristão deve aprender a ser seletivo
com relação a tudo em sua vida, e não somente à música, separando o que não é
de Deus daquilo que não é de Deus.
Não se trata somente de música. A regra serve para todo tipo de arte (livros,
filmes, peças, televisão e também músicas ditas “gospel”). Existem muitas coisas
que prejudicam a nossa vida espiritual e que não nos edificam. Essas coisas
devem ser rejeitadas para nossa saúde espiritual, seja música, seja filme, seja
programa de TV ou outra qualquer coisa.
Existem músicas chamadas “músicas do mundo” que são lindas e puras e que não
se enquadram no rótulo “gospel” ou evangélica”, pois o que existe de profanação
no denominacionalismo evangélico hoje não se pode contar nos dedos. Há muitas
músicas seculares que falam da natureza, do amor, do romance entre casais
casados, dos vários sentimentos da nossa alma, da sociedade e de muitas outras
coisas boas e dignas. Não há pecado algum em ouvi-las.
A Bíblia diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Filipenses 4.8). Isso significa que é mais do que justo e normativo que
busquemos pensar e fazer coisas que nos façam sentir bem durante a nossa
peregrinação na terra. Ora, é a própria Bíblia quem nos diz isso.
Uma coisa que devemos notar é que vários dos poemas bíblicos não falam
diretamente sobre Deus, mas contém sabedoria e poesia inspiradoras que, no fim,
acabam apontando para a grandeza de Deus. Não há pecado em trazê-las para
dentro de nossos ouvidos.
Paulo ensina que o tipo de separação que os ignorantes fazem entre coisas puras e
impuras nem sempre é correta quando é feita fora do que a Palavra de Deus
296
ensina: “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão
corrompidas” (Tito 1.15).
À parte da reunião dos crentes para adoração e ministério, bem como dos
princípios que regulam o culto, a música pode servir para:
● Se acalmar (1 Samuel 16.23);
297
Finalmente, para lidarmos com essas decisões diárias sobre o que trazemos para
dentro de nós e o que rejeitamos, fica a seguinte passagem:
“Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de
mal” (1 Tessalonicenses 5.21-22).
FUMAR É PECADO?
Antes de mais nada, é necessário comunicar ao leitor de que o meu objetivo neste
capítulo é expor a sã doutrina dos apóstolos em sua pureza e condenar a heresia e
o julgamento hipócrita contra hábitos que a Bíblia jamais condenou. Meu alvo
neste trabalho é o Gnosticismo moderno disfarçado de “igreja santa”,
desfazendo-me de qualquer posição baseada no senso comum. Também é
necessário ressaltar que este artigo não é um estímulo ao fumo – um pequeno
299
exemplo que escolhi como peça-chave para falar sobre o consumo de qualquer
substância química em geral. Ou seja, cada leitor em particular deve inclinar sua
ótica ao texto com base no uso moderado ou exagerado de uma determinada
substância digerível que seja considerado relevante na discussão teológica.
Particularmente, sou abstêmio, embora não veja nenhum pecado em quem bebe
com moderação, visto que a Bíblia não o faz. Por outro lado, hoje sou um
fumante moderado de palheiro, e, da mesma forma, não me condeno naquilo que
aprovo (Rm 14.22). Antes dou graças a Deus por tudo (1Ts 5.18), e tudo que faço
com consciência limpa, o faço para a Sua glória (1Co 10.29-31).
Por razão de zelo pelos que não têm consciência, digo que, por mim, ninguém no
mundo fumaria ou beberia, nem faria qualquer outra coisa que possa escandalizar
o seu irmão (1Co 10.32), uma vez que busco sempre pelo proveito do próximo e
não o meu próprio, embora eu não possa alcançar a todos (1Co 10.33).
FUMAR É PECADO?
As Escrituras não estabelecem qualquer restrição ou proibição direta ao consumo
do cigarro, do cachimbo ou do charuto. Todavia, isto não significa que a mesma
Escritura não contenha uma resposta quanto à pergunta. Ela responde a várias
questões não tratadas de maneira direta por Deus, mas de forma a apontar
costumes e práticas que constituem a mesma natureza.
Para começar, devemos entender que a Bíblia é quem determina o que é pecado,
e não o homem. Da mesma forma, os hábitos viciosos do ser humano não são
pecaminosos pelo fato de serem viciosos. A Palavra de DEUS é quem estipula se
uma prática viciosa é ou não pecado. A Palavra de Deus também apresentará ao
leitor a diferença entre restrição e proibição, como no caso da bebida alcoólica,
frequentemente causadora de males incontáveis no período testamentário, mas
que no entanto não é proibida de forma exaustiva por Deus. A mesma Bíblia que
nos adverte sobre os perigos do vinho (Pv 20.1) também diz que o mesmo vinho
é recomendado em doses equilibradas para fins de tratamento estomacal e para
várias outras enfermidades (1Tm 5.23). E agora? Será que a Bíblia é – como
dizem alguns insensatos – contraditória? Não. Quando a Bíblia trata deste
assunto, ela aplica regras de como lidar com qualquer tipo de substância natural
que Deus, em sua infinita sabedoria, proporcionou ao homem para que ele
usufrua com equilíbrio e sabedoria (Gl 5.22). Na verdade, isso é tão fácil de
entender que basta raciocinar no fato de que os medicamentos mais simples que
ingerimos no dia a dia são mais danosos ao corpo do que o cigarro e a bebida
juntos. Para ser mais franco, uma simples análise dos componentes do adoçante
300
(produto muito bem visto pela cultura atual) fará com que os leitores humildes
admitam que condenar um homem que fuma um charuto para relaxar não faz
sentido algum, além de ser antibíblico.
Antes de darmos início ao exame das Escrituras Sagradas, vamos observar alguns
pontos interessantes da história do Cristianismo com relação ao fumo:
Em primeiro lugar, até poucas décadas atrás o cigarro nunca foi considerado um
mal pelos cristãos ortodoxos. Na verdade, o fumo começou a ser apontado como
pecado por alguns ramos do protestantismo na metade do século XX, somente
quando descobriram os malefícios da nicotina. Ainda assim, até hoje se espera de
tais religiosos um argumento plausível que faça do fumo em si um pecado diante
de Deus.
Considerado como uma prática indiferente, no passado era comum ver cristãos
piedosos, claramente fieis a Deus e à Sua Palavra, fumarem seus cachimbos e
charutos pelas ruas. Isso porque os cristãos mais instruídos estavam atentos ao
que de fato era pecaminoso, como por exemplo o uso de roupas íntimas em
público. Para quem não sabe, quando o biquíni foi inventado, as empresas
tiveram que contratar prostitutas para propagarem seus produtos, uma vez que as
mulheres da época, mesmo as não-cristãs, ficaram chocadas e se negaram, por
muitos anos, a ficarem seminuas em qualquer lugar público. Mas o mundo é
mesmo muito louco. A falta de pudor e modéstia, severamente condenada na
Bíblia sob o nome de lascívia e prostituição, é vista pelas igrejas contemporâneas
como algo normal. Enquanto isso, os fumantes que fazem uso moderado do
cigarro são vistos como monstros, mesmo Deus nunca tendo proferido qualquer
julgamento contra eles.
Não obstante, muitos argumentam dizendo que fumar é pecado por várias razões
sem nexo. Tais argumentos são tão circulares e repetitivos que chegam a clamar
por inteligência. Vejamos alguns desses argumentos e respondamos a eles com a
Palavra de Deus.
Esta passagem, muitas vezes usada para afirmar que Jesus nos proíbe de julgar o
erro, na verdade é uma denúncia contra um tipo de julgamento específico. Aqui,
o Senhor Jesus condena o julgamento hipócrita, que é quando julgamos alguém
por algo que nós mesmos praticamos. No caso em questão, qualquer pessoa que
tenha vícios (seja em televisão, em celular, em doces, em refrigerantes ou café)
está julgando sem a reta justiça requerida por Cristo na passagem e, portanto, está
em pecado.
302
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos?" (1 Coríntios 6.18,19).
Mais uma vez, o julgamento contra o fumo em si é herético. Tal postura farisaica
não condiz com a genuína Palavra de Deus e deve ser considerada como um falso
evangelho, isto é, maldito (Gl 1.6-10). Neste caso, até que se prove o contrário,
quem está condenado ao inferno são aqueles que traçam um prognóstico
desprovido da reta justiça e contrário às leis de Cristo. Tais indivíduos devem se
arrepender de fazerem julgamentos hipócritas e se converter de seus maus
caminhos.
EQUILÍBRIO PRÓPRIO
“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai de sua
boca, isto o torna impuro...” (Mateus 15.11).
“Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Eis aí um glutão
e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Todavia, a sabedoria é
comprovada pelas obras que são seus frutos” (Mateus 11.18,19).
304
Conclusão:
Pergunto aos fariseus da nova era: Jesus pecou? Ou, como costumam afirmar os
liberalistas teológicos, a Bíblia entra em contradição consigo mesma? Como
alguém, sendo no mínimo alfabetizado, pode afirmar que tomar vinho ou
qualquer outro tipo de bebida com álcool, de forma moderada, santa e agradável
diante de Deus, é pecaminoso? Se a bebida alcoólica, que possui componentes
que podem alucinar um homem devido ao seu mau uso, como poderíamos
condenar um ato tão demasiadamente menos ameaçador como o fumo?
Mas, se alguém ousa repetir as velhas queixas baseadas em seus próprios
pensamentos e tradições humanistas, inúteis para a vida espiritual, o que lhes
restará senão que suas vãs filosofias virem fumaça quando o Filho do Homem
vier para julgar todos os que viveram de fato no pecado, incluindo o ato de julgar
sem a reta justiça (Jo 7.24)? Visto que a lei e o testemunho são os alicerces do
julgamento justo, como escaparão do inferno (Is 8.20)?
Mas, aos que ouvem a palavra da verdade e se vêem livres dos velhos hábitos,
digo: O fruto do equilíbrio próprio produz no homem a vontade e a aplicação de
uma vida longe de hábitos exacerbados, quer no comer, quer no beber ou no
fumar. A temperança o leva a evitar toda a espécie de excessos, inclusive de
medicamentos prescritos por médicos vocacionados por Deus para esta tarefa (o
apóstolo Lucas era um). A Escritura alerta o tempo todo sobre aqueles que, em
estado de embriaguez ou por gosto imoderado de qualquer coisa, estão pecando
contra aqueles por quem Cristo se sacrificou e pondo em risco a segurança de
todos à sua volta, tornando-se culpados por suas quedas.
306
“O açúcar é oito vezes mais viciante que a cocaína e seu consumo diário é a
causa de 95% de todas as doenças existentes” (David Permulter – Phd
americano – autor do livro A Dieta da Mente).
307
A LIBERDADE CRISTÃ E SEUS ASPECTOS
As cartas de Paulo são as mais enfáticas sobre a liberdade cristã e como nós
devemos vivê-la com autoridade, não dando ouvidos ao que o próprio apóstolo
denomina como “fábulas judaicas” e “doutrinas de homens”. Também é
necessário uma busca pela maturidade espiritual a fim de que nossa liberdade não
seja confundida com “liberalismo teológico”, o que está longe de ser sinônimo de
liberdade em Cristo. O liberalismo desemboca na irresponsabilidade e falta de
consciência para com a vida do próximo, além de nos afastar das leis de Cristo.
Por outro lado, a liberdade cristã resulta em uma completa emancipação de
inibições e tabus religiosos sem ferir nenhum princípio bíblico. Ou seja, o cristão,
quando entende e desfruta dessa libertação, tem uma consciência limpa porque
sabe o que é pecado e o que não é. Isso é bem diferente de ser “liberal”.
Não sendo conivente com qualquer padrão antibíblico, o apóstolo Paulo se
adaptava facilmente a qualquer ambiente com a finalidade de apresentar Cristo
(1Co 9.22). Longe dos métodos liberalistas do ecumenismo religioso, o qual tem
a pretensão de apresentar um evangelho que se adapte ao gosto do pecador, Paulo
tinha como alvo apresentar o verdadeiro Cristo a estas pessoas de diferentes
lugares pagãos, sem, contudo, tentar retirar o fio da navalha do evangelho.
Da mesma forma, ao desfrutar da liberdade cristã com ousadia e intrepidez, o
mesmo Paulo sabia que muitos cristãos não eram completamente libertos na
consciência como ele. E essa deve ser nossa postura diante dos “fracos na fé”.
Estamos agora falando da nossa conduta diante de pessoas que [ainda] estão em
fase de crescimento espiritual. Elas simplesmente não estão preparadas para lidar
com a liberdade concedida por Cristo em termos de ambientes, circunstâncias e
culturas variadas. Nas palavras de Paulo, são bebezinhos espirituais e ainda se
alimentam de leite, não de alimento sólido, porque ainda são incapazes de ingeri-
lo.
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como
a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não
podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Coríntios 3.1,2).
308
OS FRACOS
A palavra grega para “fraco” é astheneo, que indica “fraqueza”, “indigência”,
“impotência”, “falta de força por variados motivos”. No Novo Testamento, o
termo é usado pelo menos quarenta vezes para designar doentes físicos. Desta
forma, fica fácil perceber que o autor inspirado aponta para um tipo de “fé
enferma”, ou, como eu prefiro chamar, “processo de amadurecimento na fé”.
Sendo assim, o que falta ao fraco não é a fé em si, mas a liberdade de
consciência. O fraco na fé vê pecado em tudo. Ele ainda não se libertou das
correntes do legalismo religioso. Tudo é impuro aos seus olhos porque ele se
acostumou assim... e, por mais que ele tenha dificuldades para aceitar que certas
práticas são insignificantes aos olhos de Deus, ele precisa ser ensinado e
admoestado com mais tato.
Mas, afinal, quem são os fracos mencionados nesse contexto? Examinemos as
possibilidades com base na carta em questão:
309
eles não a comecem. É por isso que os cristãos judeus tiveram tanta dificuldade
para deixar esse vão costume, uma vez que a abstinência de alimentos no
cristianismo é totalmente inútil e, às vezes, pecaminoso.
OS “FORTES”
A palavra grega para “forte” é dynatos, e significa “alma forte”, “capaz de
suportar calamidades com coragem e paciência, firmes nas virtudes cristãs”.
Embora todo homem seja fraco por natureza (Rm 3), aqui o termo indica um
cristão maduro na fé e no trato com o próximo, pois Cristo concedeu a ele essa
força, enquanto que para outros não.
Por dever de ofício, devo esclarecer ao leitor que esses “fortes” na fé não são
fortes por serem valentes em si mesmos, nem por serem mais espirituais que os
fracos aqui mencionados. Nesse sentido, devo lembrar-vos de que “quando estou
fraco é que sou forte” (2Co 12.10). Todavia, aqui nós estamos a tratar de uma
força no sentido de que o crente está amadurecido espiritualmente para lidar com
ambientes e circunstâncias que não interferem mais em seu caráter cristão,
embora ele deva vigiar em todo o tempo a fim de se manter de pé (1Co 10.12).
Com a Igreja atual não é diferente. Assim como a igreja em Roma, o cenário da
igreja de nossos dias revela sua inegável similaridade. Existem fracos e fortes na
fé. É nosso dever orar sem cessar para que os poucos cristãos que ainda prezam
pelo evangelho santo e puro saibam lidar com essas pessoas debaixo do temor a
Deus e com conhecimento.
310
sabiam exatamente o que fazer e o que não fazer quando se deparavam com
questões frívolas da vida, tais como: “posso comer isto? Posso beber aquilo?
Posso usar isso? Posso tocar naquilo?”... etc.
Mais uma vez, com a Igreja atual não é diferente. O problema da falta de pureza
na consciência ainda insiste em corromper a Igreja de Cristo e a levar muitos a se
apostatarem da fé (uns por causa do legalismo, outros devido ao liberalismo). Ao
questionarem os assim chamados “pastores” e “líderes” a respeito do uso do
fumo, da bebida, da tatuagem e de outros hábitos alvos do farisaísmo secular, os
membros são alienados pelos mais variados tipos de respostas malucas que visam
prendê-los debaixo de um jugo cruel e inútil para a vida espiritual. Isso é tão
sério, que pessoas por toda a parte, pensando servir a Deus, se afastam de Sua lei
para dar ênfase a essas listas de regrinhas que lhe foram impostas pelo sistema
religioso com relação aos hábitos, usos e costumes que a Bíblia jamais condenou
em si mesmos.
De volta às passagens bíblicas, sabendo que os cristãos maduros entenderiam
melhor esse conflito, o apóstolo da graça direciona a eles duas ordens práticas em
relação aos imaturos – enfermos na fé: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé,
recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Romanos 14.1). Imaturos e
enfermos na fé são aqueles que vêem pecado em tudo: no comer, no beber, no
fumar, etc.
1. Recebam de forma genuína e de boa mente aos que são débeis na fé, porquanto
não estamos, agora, lidando com ímpios irredutíveis, mas com homens
claramente tardios em compreender o que vocês já compreendem. Eles são lentos
no entendimento, mas não estão regredindo, nem se apostatando. Antes, mesmo
devagar, estão crescendo em graça e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, recebamos esses queridos irmãos com amor não fingido.
2. Não entrem em contendas duvidosas com esses crentes; não os recebam com o
objetivo de discutir opiniões frívolas e inúteis para a salvação. Não entrem em
conflito envolvendo a consciência individual.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Coríntios 10.23).
311
Fazer greves e outras manifestações
políticas, ainda que sejam atos legais, é
uma atitude cristã?
312
cristão maduro tem ciência de que não deve desejar que o mundo viva segundo
os padrões estabelecidos por Deus. Isso jamais irá acontecer e Jesus deixou tudo
isso muito claro, especialmente nas epístolas. E é pelo mesmo motivo que vemos
ditos cristãos depredando templos católicos e de outras religiões pagãs mundo
afora. Tais cristãos nominais amam o mundo e as coisas do mundo, e por isso
querem, à força, transformá-lo em um lugar saudável para eles. E eles o fazem
sob as mais absurdas justificativas que jamais serão encontradas na Palavra de
Deus.
313
sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de
consciência. Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de
Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito,
respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13.1-7).
Então, aquelas velhas queixas aparecem, tais como: “Mas e se a autoridade for
má? E se os impostos forem abusivos?” A minha resposta a tal queixa é que eu
duvido bastante que você tenha vivido sob um governo pior do que o de Pilatos
ou Nero, e foi debaixo da autoridade desses governantes que estiveram o Senhor
Jesus, os apóstolos e também os cristãos da metade do século I. Contudo, o
Senhor Jesus Cristo, Criador do Universo, se submeteu aos cruéis desígnios de
Pilatos, reconhecendo que sua autoridade vinha, não dele mesmo, mas de Deus
(Jo 19.11). Portanto, um cristão genuíno deve sempre olhar para uma autoridade
– seja ela boa ou má – reconhecendo que Deus está acima dela e que foi Ele
mesmo quem a colocou ali, para Sua glória e para cumprir Seus eternos decretos.
A razão pela qual a Igreja permanece nesta posição pode ser colocada através de
pelo menos nove princípios irrevogáveis:
1 – Nós, cristãos, não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos celestiais (Fp
3.20).
2 – Possuímos a Palavra de Deus como regra de fé e conduta. O que é certo e
errado é decidido à luz da Palavra de Deus e não dos homens (Gl 1.6-10).
3 – Somos habitados pelo Espírito Santo, o qual intercede por nós e não tem o
papel de falar de si mesmo, mas de transmitir tudo o que Cristo nos ensina por
meio da Palavra (Jo 16.13).
4 – Nosso exemplo de conduta vem do Senhor Jesus Cristo e não dos homens.
Assim, tudo o que decidimos na mente, bem como o que falamos e o que
fazemos, é com base no comportamento de Cristo (1Co 11.1).
5 – Nós, cristãos, somos livres em Cristo, mas não livres de Cristo. Somos
escravos dEle e, portanto, estamos sujeitos a Ele como nosso SENHOR (Ef 6.6).
6 – Ao mesmo tempo em que devemos estar sujeitos às autoridades humanas por
serem ministros de Deus para castigar o que faz o mal (Rm 13.1-7), também
sabemos que quando essas autoridades exigem que contrariemos as leis de
Cristo, expressas na Palavra, é nosso dever desobedecê-las em sujeição primária
a Deus. Se iremos tomar uma decisão envolvendo nossas autoridades
314
governamentais, o faremos sob a base do que a nossa autoridade máxima
(DEUS) diz, e não o inverso (2Co 10.4,5).
7 – Como cristãos genuínos, não carregamos conosco uma lista de regrinhas
medíocres e gnosticistas do tipo “pode ou não pode?”, como os pentecostais e
“testemunhas de jiová” (Cl 2.20-23).
8 – Nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).
9 – Jesus nos ensina a como prosseguir diante de governos ímpios:
"E, observando-o, mandaram espias, que se fingissem justos, para o apanharem
nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente. E
perguntaram-lhe, dizendo: 'Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e
retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com
verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não?' E,
entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: 'Por que me tentais? Mostrai-me uma
moeda. De quem tem a imagem e a inscrição?' E, respondendo eles, disseram:
'De César'. Disse-lhes então: 'Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus'. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e,
maravilhados da sua resposta, calaram-se" (Lucas 20.20-26).
Portanto, cristãos que se preocupam e se envolvem no combate às injustiças da
política ainda não entenderam a sua cidadania celestial. Eles pensam que este
mundo deveria ser um lar cristão, quando, na verdade, Jesus deixou bem claro
que não temos um lar aqui, e que este mundo está com data de validade. Não há
esperança nenhuma para este mundo. Ele já está condenado. Então, eu pergunto:
Por que os ditos cristãos da atualidade se intrometem no que não é da sua conta?
315
Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se,
fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para
isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o
exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na
sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e
quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente” (1 Pedro 2.13-23).
Na vida profissional, se o cristão é autônomo, ele tem um vínculo moral com o
cliente, e se trabalha em qualquer tipo de empresa, ele cria esse mesmo vínculo
com seu patrão e se compromete a atender seus serviços de forma honesta e bem
feita. O cliente ou patrão são pessoas usadas por Deus para prover nosso sustento
– independente se o patrão é ou não um homem justo diante de Deus. Um
verdadeiro cristão, portanto, não deve de modo algum desapontá-lo ou deixar de
atendê-lo com reta justiça.
E então pessoas me convidam para uma greve (seja por impostos abusivos,
corrupções para todo lado e tudo que temos visto no país). E essa greve irá afetar
diretamente a vida daqueles que o próprio Deus instituiu para pagar meu salário,
o qual será para sustento da minha família. Sim, caro leitor, é DEUS quem
instituiu essas autoridades para colocar a comida em nossa mesa, independente se
você reclama de estar comendo somente arroz com feijão (e ainda se diz cristão).
Então eu pergunto: tal ato é justo diante da Palavra de Deus? Tudo isso está em
concórdia com a doutrina de Cristo? Cristo está comigo nessas paralisações
políticas em favor de um “mundo melhor”? É esse o objetivo de um cristão
bíblico? Foi isso que Jesus nos ordenou a fazer? Onde? Quando? Em qual
epístola?
Entenda: Se um grupo de pessoas decide promover uma greve contra seus
patrões e um cristão concorda em participar porque está insatisfeito com o seu
salário, esse cristão estará desobedecendo a Deus. Por que? Porque Deus nos
ordena que obedeçamos aos nossos patrões independentemente de qualquer
injustiça que os mesmos estejam cometendo contra nós. A menos que seu patrão
o mande fazer algo que entre em conflito com a lei de Deus, a ordem de obedecer
a autoridade constituída por Deus para seu sustento está na Bíblia e não irá sair
de lá. O que está escrito permanece.
316
COMO REAGIR DIANTE DE AUTORIDADES PERVERSAS E
INJUSTAS?
É muito comum vermos ditos cristãos se rebelarem contra as autoridades,
pensando, assim, que estão fazendo um bem maior. Essas pessoas parecem se
sentir como os super-heróis dos cinemas. Mas, será que é correto falar mal das
autoridades? Seria correto desobedecê-las por mera vingança pessoal? Será que
estamos sendo cristãos ao nos intrometermos nos negócios deste mundo? Será
que é biblicamente lícito que eu saia por aí “combatendo a carne e o sangue”,
como se eu fosse uma espécie de “Rambo”? É correto ao cristão escrever livros e
gravar vídeos com o propósito de levar as pessoas à desobediência e rebelião? Eu
estou sendo um homem fiel a Deus quando chego ao ponto de sonegar impostos
ao governo e influenciar os outros a fazerem o mesmo? A resposta para todas
essas perguntas é “não”.
Para provar este ponto, faço um desafio àqueles ditos “cristãos” que sempre
desejam fazer justiça com as próprias mãos: Tente repetir as passagens abaixo em
voz alta enquanto segura um cartaz em uma manifestação que tem efeito negativo
sobre seus senhores segundo a carne, e, ao mesmo tempo, se tiver coragem, diga
para si mesmo diante do espelho: ‘Eu sou um CRISTÃO’.
“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os
homens”(Romanos 12.14).
“Evitai que alguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns
para com os outros, como para com todos” (1 Tessalonicenses 5.15).
“Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,
bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança
alcanceis a bênção” (1 Pedro 3.9).
“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo
só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de
coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o
galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo
receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Colossenses
3.22-25).
“É necessário que lhe estejais sujeitos [às autoridades], não somente por causa
do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos 13.5).
Se você é, de fato, um cristão, entenda de uma vez por todas que as dificuldades,
aflições e tribulações estarão sempre com você. Se você abrir a Bíblia e os livros
317
sobre a história dos pais da Igreja, verá que nada disso era estranho aos cristãos
primitivos. Por que? Porque eles entenderam o que Jesus disse aos seus: “No
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (Jo 16.33).
318
“assassinar”, "matar sem motivo” ou “matar fora da lei", e não “Harag”, que
significa “matar alguém”. Ou seja, uma melhor tradução do texto sagrado seria:
“Não assassinarás” (hebraico “Rasah”). Esse é o sentido original que o
hebraico nos apresenta nesse mandamento. Sendo assim, o sexto mandamento do
SENHOR em Ex 20.13 é “Não assassinarás”, que indica um crime e também
um pecado. Portanto, esta lei não significa a proibição de toda morte, como por
exemplo na sentença penal.
O próprio Senhor Jesus usou o termo “Rasah” em Mateus 5.17, 21,22, quando
disse:
”Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim
para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Rasah –
assassinarás); e: quem matar (assassinar) será réu de juízo (pena de morte
segundo a lei – Ex 20.13, Dt 5.17). Eu porém, vos digo que todo aquele que,
‘sem motivo’, se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento (pena de
morte)”. [ênfase minha].
“Rasah” é o tipo de crime ao qual a Lei está enfatizando em Mateus 5.21,22. De
acordo com esse versículo, podemos concluir que outra interpretação da Lei
seria: “Não matarás sem motivo!” (v. 22).
Sendo assim, a proibição do sexto mandamento é contra o assassinato ou a
vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo
governo instituído por Deus.
Quando os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher que havia sido pega em
adultério e perguntaram a Ele se ela deveria ser apedrejada, Jesus respondeu:
“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a
pedra” (João 8.7). Esse versículo não deve ser usado para indicar que Jesus
rejeitava a pena de morte daquela adúltera, nem em qualquer outra situação.
Jesus estava simplesmente expondo a hipocrisia dos fariseus. Os fariseus queriam
fazer com que Jesus violasse a lei civil do Antigo Testamento. Eles realmente
não se importavam com o fato de a mulher ser apedrejada, pois a lei exigia que o
adúltero devia estar junto com a adúltera para serem ambos punidos pelo crime
(onde estava o homem que adulterou com ela?).
LEGÍTIMA DEFESA
“Se alguém derramar o sangue do homem (assassinato), pelo homem se
derramará o seu (legítima defesa e pena capital); porque Deus fez o homem
segundo a Sua imagem” (Gênesis 9.6).
319
"Se alguém matar à espada, esse alguém deve ser morto à espada (pena de
morte). Aqui está a paciência e a fé dos santos" (Apocalipse 13.10). [Grifo meu].
Matar em legítima defesa não é pecado; é cumprir a vontade de Deus. Homicida
ou assassino é aquele que intenciona tirar a vida de alguém para obter lucro ou
vantagem indevida sobre o inocente. Aquele que obsta tais iníquos age como
magistrado contra o mal. Alguém que, podendo defender a si, aos seus, ou
outrem contra o mal, não o fazendo, é cúmplice desse mal. Sua covardia em não
agir em defesa do bem o iguala ao criminoso. Somente alguém sem nenhuma
dignidade deixa de proteger o inocente para preservar o criminoso iníquo. É isso
que a Bíblia está nos ensinando.
320
infinito e tem ira em um grau infinito, e tudo isto se mantém em perfeito
equilíbrio.
Segundo, nós devemos reconhecer que Deus deu ao governo humano a
autoridade de determinar a pena de morte quando ela tiver que ser aplicada (Gn
9.6; Rm 13.1-7). Não é bíblico afirmar que Deus se opõe à pena de morte. Nós
não temos o direito de nos rebelar contra o governo quando este tiver de executar
os autores dos seus crimes, pois estaríamos lutando contra o próprio Deus que o
instituiu, além de estarmos desobedecendo uma autoridade posta por Deus para o
nosso bem, não para o nosso mal. É claro que, em contrapartida, os cristãos
jamais devem comemorar quando a pena de morte é empregada. O fato é que não
é bíblico ir contra a pena de morte.
"Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque
ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz
o mal". (Romanos 13.3-4).
"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se
alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a
paciência e a fé dos santos". (Apocalipse 13.9-10).
321
CAPÍTULO 14
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS
MULHERES NA IGREJA
PASTORADO FEMININO?
324
sistema de doutrina, e não no Velho Testamento. Joguemos no lixo todo o
pensamento baseado em tradições humanas. Vamos, agora, procurar nos
versículos bíblicos do Novo Testamento a base para sabermos quais os papeis
que podem e devem ser desenvolvidos pelas irmãs na Igreja de Deus.
1 – As Mulheres serviam a Jesus e aos Seus discípulos no Seu Ministério:
"... andava de cidade em cidade, pregando e anunciando... e os doze iam com
Ele, e algumas mulheres, que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades; Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios, e
Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes e Suzana, e muitas outras que O
serviam com as Suas fazendas” (Lucas 8.1-3).
2 – Exercem o Ministério da Hospitalidade:
“E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de
Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que
estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa,
nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em
minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso” (Atos 16.14-15).
3 – Devem educar os filhos na Palavra:
“E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor” (Efésios 6.4).
4 – Devem cooperar na expansão do Evangelho:
4.1 – Ensinando as outras mulheres a orarem e a tratarem das coisas divinas
com uma cobertura na cabeça, em sinal de reverência aos seus maridos e
para servir de exemplo aos anjos, os quais as observam:
“... toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua
própria cabeça, porque é como se estivesse rapada (...). Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos” (1 Coríntios 11.5,10).
4.2 – Servindo ao Senhor em geral:
A igreja em Roma tinha um bom grupo de cooperadoras. Paulo saúda OITO
delas no capítulo 16: Priscila, “cooperadora em Cristo” (v. 3), Maria, “que
trabalhou muito por nós” (v. 6), “Trifena e a Trifosa, as quais trabalhavam no
Senhor” (v.12a) e também “Pérside, a qual muito trabalhou no Senhor” (v.
12b). “Júlia, a Nereu e a sua irmã, e a Olimpas” (v. 15). As irmãs filipenses
eram zelosas cooperadoras de Paulo: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que
sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro,
que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com
325
Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da
vida” (Filipenses 4.2,3).
5 – Ensinam doutrina às mulheres mais novas e lhes ensinam a como se
portarem:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como
convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem;
para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos,
a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a
seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Ao explicar que há um padrão de idade para que a mulher seja considerada viúva,
Paulo exorta a Igreja a observar os seguintes requisitos nas mulheres para que
sejam aceitas como sendo irmãs em Cristo. Esses requisitos estão descritos em 1
Timóteo 5.9-10:
• Mulher de um só marido, pois o casamento só acaba com a morte de um dos
cônjuges (conferir o capítulo 5 – Casamento, Divórcio e Novas Núpcias),
• Tendo testemunho de boas obras,
• Se criou os filhos (Educação bíblica, disciplina, etc),
• Se exercitou hospitalidade,
• Se lavou os pés aos santos,
• Se socorreu os aflitos,
• Se praticou toda a boa obra.
6 – Devem ser caridosas:
“E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas.
Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” (Atos 9.36).
7 – Devem ter pudor e modéstia; sua vestimenta deve ser a boa obra e não a
sensualidade; elas jamais devem ser sensuais:
“... as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com
tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a
mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (1 Timóteo
2.9,10).
8 – Devem dar testemunho prático de suas boas obras:
“Tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade,
se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra”
(1 Timóteo 5.10).
9 – Devem instruir as mulheres mais novas na sã doutrina dos apóstolos:
326
As irmãs experientes possuem a responsabilidade de serem "Mães na Fé" para
instruir as mais novas. Mulheres novas, vindas do paganismo em Éfeso, Creta e
outros lugares na época em que Paulo escreveu a Tito, precisavam da melhor
instrução possível para uma vida cristã exemplar. Essa necessidade é a mesma
hoje! O campo de ensino das mulheres para com suas irmãs compreende todos os
níveis e aspectos da vida. Com isso em mente, temos DOZE requisitos que
estipulam as regras que compõem a ortopraxia impecável da mulher cristã:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam (1) sérias no seu viver, como
convém a (2) santas, (3) não caluniadoras, (4) não dadas a muito vinho, (5)
mestras no bem; para que ensinem as mulheres novas a serem (6) prudentes, (7)
a amarem seus maridos, (8) a amarem seus filhos, a serem (9) moderadas, (10)
castas, (11) boas donas de casa, (12) sujeitas a seus maridos, a fim de que a
palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Perceba o que a Bíblia está dizendo: A Palavra de Deus está sendo blasfemada
quando qualquer uma dessas exigências são descumpridas pela mulher cristã.
Isso indica, inexoravelmente, que as normas aqui estabelecidas não se tratam de
cultura e época, mas de um princípio imutável para toda a era da Igreja de Deus.
Nessa passagem (Tt 2.3-5) encontramos os principais deveres da mulher no
Reino de Deus: Deveres sociais, conjugais, diários, domésticos, educadores e
pedagogos.
10 – Em 1 Pedro 3.1-6 encontramos mais um compêndio de regras para que
as mulheres cristãs sejam exemplos de conduta, servindo de testemunho
prático da vida cristã de uma mulher que serve a Deus.
“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos;
para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas
mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em
temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de
jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração;
no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que
esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara
obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o
bem, e não temendo nenhum espanto” (1 Pedro 3.1-6).
A passagem de 1 Pedro 3.1-6 nos ensina que:
• A mulher cristã está sempre sujeita ao seu marido;
• A mulher cristã não ganha o marido com palavras. Ela ganha seu marido com o
seu modo de se comportar, SEM usar palavra alguma.
• A mulher cristã é casta (Tem pureza de alma e de corpo, é recatada, se veste
327
com pudor e modéstia).
• A mulher cristã é temente a Deus.
• A mulher cristã não se preocupa com o enfeite externo, mas sim com o interno
– “que é o seu marido encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito
manso”. Essa é a preocupação dela.
• A mulher cristã se espelha nas santas mulheres antigas, que assim se adornavam
no espírito.
• A mulher cristã se apoia no exemplo de Sara, a qual obedecia a seu marido
Abraão, chamando-lhe de senhor.
• A mulher cristã faz o bem e não o mal.
• A mulher cristã não teme nenhum espanto, pois confia no Seu Senhor.
11 – Servem na obra da Oração:
“... se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela,
não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher
descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam
imundos; mas agora são santos” (1 Coríntios 7.13,14).
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as
mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Atos 1.14).
“E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por
sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam” (Atos 12.12).
Embora a mulher não tenha autoridade para exercer nenhuma autoridade sobre o
homem, seja na congregação ou no lar, ela possui muitos dons dados por Deus
para serem exercidos na Igreja. Assim como os homens, toda mulher tem um
dom que precisa ser identificado e colocado em prática, para a edificação do
Corpo de Cristo. Diferentemente do negativismo e do feminismo criados por
tradições e interpretações estapafúrdias das mulheres rebeldes e perniciosas que
temos visto por aí, a mulher cristã tem muito a fazer pelo Reino de Deus.
328
UM CHAMADO DE DEUS
ÀS ESPOSAS E MÃES
Eu quero iniciar esta pequena exortação com um trecho do livro "A Mulher
Puritana", de David Lipsy. O autor descreve os puritanos do século XVII da
seguinte forma:
“Talvez alguém possa responder que algumas esposas e mães são também, ao
mesmo tempo, mulheres com profissão de tempo integral. A puritana típica
(cristã), com uma mistura de grave preocupação e suave espanto, perguntaria em
resposta: ‘Como seria possível que cristãos, de todos os povos, ousassem revirar
a ordenança da própria criação de Deus e Seus planos para as mulheres de cabeça
para baixo, pedindo-lhes que sacrifiquem um tempo precioso e energia de seus
chamados primários dados por Deus e desviá-las para fazer aquilo que Deus dá
normalmente para os homens?”.
Depois de ensinar como mulheres não casadas deviam trabalhar para seu próprio
sustento, John James comenta que “no casamento... o marido deve ganhar com o
suor de seu rosto, não apenas seu próprio pão, mas o de sua família”. Na
sociedade puritana era bem-estabelecido que um dos deveres fundamentais do
homem no casamento era prover sua esposa e família com roupas e alimento
adequados. Para ele, pedir que sua esposa faça isso, exceto em circunstâncias que
o privem de assim o fazer, era considerado paganismo. A justiça até mesmo
reconhecia este sustento como parte essencial de dívida à mulher como virtude
do casamento.
É possível, amigos, que nós realmente precisemos considerar se de fato estamos
prestando atenção suficiente, tanto em casa como nos círculos da igreja como um
todo, ao tipo e quantidade de preparação que nossas moças recebem para aquele
chamado que a maioria delas um dia ocuparão: aquele de esposa e mãe? Nossas
escolas estão fazendo isso? Elas fazem isso o bastante? Como pais, nós estamos
impingindo em nossas moças e senhoras uma alta consideração para com o
abençoado lugar que Deus designou para a maioria das mulheres: o de esposa e
mãe?” (A Mulher Puritana – David Lipsy).
O principal motivo pelo qual as mulheres casadas e mães não podem optar por
terceirizar seu ministério familiar é a Lei da Criação. A lei da criação não pode
329
ser rejeitada como limitada culturalmente. Isso seria um enorme relativismo
teológico e uma genuína blasfêmia contra Deus e Suas ordens para a Igreja.
Para provar este ponto, lembremo-nos de como o Novo Testamento faz
referências à ordem criada quando lidando com muitos outros aspectos além
deste. Por exemplo, a homossexualidade não está em harmonia com a vontade de
Deus porque é “contrária à natureza humana” (Rm 1.26); ou seja, esta prática
viola o que Deus pretendia quando fez seres humanos macho e fêmea – homem e
mulher (Gn 1.26-27). Semelhantemente, Cristo ensina que o divórcio e o
adultério do novo matrimônio com terceiros não são de procedência divina desde
que, na criação, Deus tenha feito um homem e uma mulher para que “ambos
sejam uma só carne até que a morte os separe”, significando que o divórcio e o
segundo casamento de divorciados são expressamente proibidos por Deus com
base na lei da criação (Gn 2.24; Rm 7.2,3; Mt 19.3-12 – Confira o cap. 5). Um
terceiro exemplo é que toda comida deve ser recebida com ação de graças desde
que o mesmo seja um dom da mão criadora de Deus (1Tm 4.3-5).
Tudo isso concorda com o que descobrimos sobre casamento e/ou família no
Novo Testamento. Os esposos possuem a responsabilidade inicial da liderança e
as esposas são chamadas a submeterem-se à liderança de seus esposos (Ef 5.22-
33; Cl 3.18-19; 1Pe 3.1-7). O chamado à submissão para a esposa não está
fundamentado em meras normas culturais, pois ela é chamada a submeter-se a
seu esposo assim como a Igreja é chamada a submeter-se a Cristo (Ef 5.22-24).
Paulo designa o casamento como um “mistério” (Ef 5.32), e este mistério é que
o casamento reflete o relacionamento de Cristo com a Igreja, não deixando
qualquer espaço para os que relativizam o evangelho a fim de argumentar que o
ministério da mulher seja algo cultural e transitório.
É crucial observar que um papel diferente para as mulheres não significa a
inferioridade delas. Homens e mulheres foram igualmente criados à imagem de
Deus (Gn 1.26-27). Eles têm igual acesso à salvação em Cristo (Gl 3.28) e,
juntos, são herdeiros da grandiosa salvação que é nossa em Jesus Cristo (1Pe
3.7). Os escritores bíblicos não lançam calúnias sobre a dignidade, inteligência e
personalidade das mulheres. Vemos isso ainda mais claramente quando
reconhecemos que, assim como Cristo submete-se ao Pai (1Co 15.28), as esposas
devem em tudo submeter-se aos seus esposos (Ef 5.24), educarem seus filhos
segundo a sã doutrina de Cristo (Dt 6.6,7; Pv 22.6; Ef 6.4; 2Co 12.14b) e
dedicarem tempo integral ao seu lar, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada (Tt 2.5).
Portanto, mulher, se você foi chamada para ser Esposa e Mãe, não se rebaixe a
ponto de ser rainha em qualquer lugar do mundo. Se as mulheres do mundo
330
vituperam sua missão e debocham de sua divina carreira, lembre-se que este é o
sinal de que o Criador dos céus e da terra está com você e não com as mulheres
do mundo, porque do mundo são (1Jo 4.5); e você não é do mundo, assim como
Cristo também não é (João 17.16).
Se seu filho estivesse com câncer terminal, o que você faria? Você
provavelmente deixaria o emprego profissional, se colocaria ao lado dele em
tempo integral e não perderia sequer um segundo do tempo que lhe resta com ele;
e você mesma prepararia o REMÉDIO diário para mantê-lo são e consciente
enquanto fosse possível, e certamente daria início a ORAÇÕES ininterruptas
para que Deus o salvasse das tormentas daquela dor. Acertei?
Pois bem, o fato é que você negligencia algo infinitamente mais importante do
que a saúde física de seu filho. Está a condená-lo a um sofrimento terrivelmente
maior do que um simples câncer, e, se você recebeu filhos de Deus para cuidar e
um LAR para governar, você não tem o direito de revirar as normas da Escritura
de cabeça para baixo no intuito de satisfazer seus desejos profissionais e alcançar
interesses próprios. Você não tem o direito de jogar no lixo as leis estabelecidas
por Deus à mulher casada e mãe. Você está condenando seu filho ao inferno
quando abre mão de sua responsabilidade de dedicar-se à doutrinação bíblica
integral de sua prole. Sob pretextos mundanos e com base em suas necessidades
financeiras, você lança seu pequenino em uma creche ou nas mãos de parentes
como se a soberania de Deus estivesse debaixo das suas necessidades terrenas.
Seja lá quem mais for o indivíduo ao qual você confiou "a herança que Deus lhe
deu" (Sl 127.3), você prestará contas pela alma de seu filho um dia, o qual lhe foi
concedido para ser educado, disciplinado e encaminhado por você e por mais
ninguém.
Seu filho não nasceu com câncer. Ele nasceu MORTO (Rm 3). E para ter vida ele
necessita de alimento espiritual (Doutrina Bíblica), remédio (Cristo), oração
incessante e atenção multiplicada. E esta responsabilidade foi dada aos pais, não
às creches, escolas, parentes ou amigos. Seu filho caminha a passos largos para o
inferno enquanto você relativiza as Escrituras e diz: "As mães dos tempos
bíblicos viveram em outra cultura e em outra época". Não, as mães bíblicas
viveram na mesma cultura sórdida que você; porém, não trataram a Palavra de
331
Deus como algo mutável e ultrapassado, mas sim como princípios imutáveis,
santos, perfeitos e eternos.
Alguém poderia perguntar: “Mas como sustentaremos nossos filhos se não
trabalharmos fora de casa?”. A resposta para isso está em Salmos 127:
“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o
SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois é o
SENHOR quem dá o sustento aos Seus, ainda que estejam dormindo. Eis que os
filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas
na mão de um homem poderoso, assim são os filhos que um homem tem na sua
juventude. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão
confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta” (Salmos 127.1-5).
Você confia de fato nessas palavras? Você é uma cristã? Você crê no que Deus
diz acerca do sustento que Ele dá aos que Lhe pertencem? Não espere ouvir essas
palavras nas ditas “igrejas” atuais. Talvez alguém tenha a sorte de ouvi-las e
acatá-las em uma congregação pequena, onde os anciãos prezem pela pregação
pura da Palavra de Deus e conservem suas ovelhas na Sã Doutrina dos
Apóstolos. Todavia, eu não contaria com isso nos dias tenebrosos em que
vivemos, exceto ao considerar o remanescente da Igreja que já entendeu a ordem
de Deus de como congregar ao Seu nome e não em instituições religiosas que se
dizem “igrejas” (cf. cap. 1 – artigo: “O que é a Igreja?”). Raramente você ouvirá
de um “pastor” moderno que você, ao deixar os filhos aos cuidados do Estado ou
de outras pessoas para fazer aquilo que foi destinado aos pais, está em pecado. A
maioria dos ditos “pastores” e outros tipos de líderes de hoje não têm
consideração para com o abençoado lugar que Deus designou para a maioria das
mulheres: o de ESPOSA e MÃE. Mas a Palavra continua viva e mais cortante
que uma espada de dois gumes (Hb 4.12).
Isto é uma ORDEM e não uma sugestão:
"Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e
não dêem ocasião ao adversário de maldizer; porque já algumas se desviaram,
seguindo à Satanás. Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e
não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são
viúvas" (1 Timóteo 5.14-16).
“Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e
seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem
bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada” (Tito 2.4-5).
332
As passagens acima nos ensinam que quando uma esposa, seja ela mãe ou estéril,
desobedece a tais mandamentos, ela se torna blasfema e contrária à Palavra de
Deus. Ela faz tropeçar milhares de jovens que a observam. E isso é algo que a
maioria dos cristãos professos da atualidade jamais irá entender.
Sei que palavras como essas se encontram na contramão do Sistema. Ora, se
estivesse de acordo com os pensamentos e filosofias do mundo, não seria o
Evangelho. Todavia, o futuro de nossos filhos dirá quem está com a razão. Não
tenho medo de afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante
das dificuldades financeiras (ainda que passemos fome) do que uma vida farta
com o filho desequilibrado e longe do Senhor.
Um pregador certa vez disse: "Se por um lado essa geração tem sofrido com
homens omissos, que deixaram de ser machos em virtude da lobotomia sofrida
pelo marxismo cultural, por outro, encontramos a masculinização das mulheres,
que em nome de uma pseudo-liberdade abandonaram a doçura e a feminilidade,
tão necessárias à educação dos filhos". É exatamente essa a nossa realidade.
A mulher profissional é completamente incompatível com a mulher que faz
profissão de esposa e mãe. A mulher solteira pode (e deve) trabalhar pelo seu
sustento e buscar sua autonomia profissional e outras necessidades que, para uma
casada e mãe, são tarefas secundárias que não devem tomar sequer um segundo
de seu ministério - o de ESPOSA e MÃE.
A ESPOSA e MÃE de um Lar tem como principal papel a árdua tarefa de formar
cidadãos espirituais – verdadeiramente servos do Altíssimo – e inaugurar o Reino
de DEUS em seu lar; tarefa esta que, sob a lei da criação, tem um valor
infinitamente superior ao do profissionalismo terreno. O marido é o líder e
provedor do lar. A esposa é a governanta desse lar. O marido trabalha para prover
alimento e vestes decentes à esposa e filhos. A mulher trabalha para manter a
ordem e educação dos filhos quando o marido está fora ou à trabalho. Esta é a
ordem natural de DEUS para a Família. Os bons frutos de um lar que assim
procede são nítidos e claros como o meio-dia. O resultado desse procedimento
santo é a estupenda presença do Espírito de Deus e a formação impecável do
caráter dos filhos, levando-os a uma conduta irrepreensível diante dos pagãos.
Seu filho(a) nasceu morto(a) em delitos e pecados (Rm 3). A pergunta é: O que
você fará a respeito disso? Você serve a Deus ou a si mesma? A resposta para
esta pergunta estará na sua reação ao ler este texto.
333
O USO DO VÉU
334
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a
cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a
mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria
cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre
com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se
ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque
é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o
homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o
homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos. Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no
Senhor. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem
provém da mulher, mas tudo vem de Deus. Julgai entre vós mesmos: é decente
que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza que é
desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido
lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1 Coríntios 11.3-
15).
Dentro da ordem que Deus estabeleceu, o homem que cobre a cabeça quando ora
desonra sua cabeça, que é Cristo. A mulher que não cobre sua cabeça quando ora
desonra sua cabeça que é o homem (1Co 11.3-5). O homem é a glória de Deus e
a mulher é a glória do homem.
335
Por outro lado, no cristianismo a mulher representa a glória do homem. Ali
diz: "O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da
mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio [autoridade], por causa dos anjos" (1Co
11.7-10). O cabelo da mulher é um sinal da glória natural do primeiro homem. O
cabelo é seu véu permanente de beleza e glória (1Co 11.15). O apóstolo ensina
que o cabelo da mulher deve ser coberto quando estiverem sendo tratadas as
coisas divinas, por causa do que o cabelo representa. Quando as irmãs usam uma
cobertura na cabeça, elas estão proclamando o fato de que não reconhecemos o
primeiro homem como tendo qualquer lugar no cristianismo. Trata-se de uma
confissão de que o homem e sua glória não têm lugar nas coisas divinas” (Bruce
Anstey – “A Ordem de Deus”).
Por meio desse ensino, a Escritura nos mostra que os cristãos são um
espetáculo divinamente preparado: Os anjos estão aprendendo a sabedoria de
Deus em Seu agir entre os cristãos na terra (1Co 4.9; Ef 3.10).
Essa é a beleza do cristianismo: Temos um "culto racional" (Rm 12.1). Quando
entendemos a razão de Deus nos dar uma ordem, nossa obrigação é obedecer a
Sua Palavra, e podemos fazer isso de forma inteligente e com um propósito. Isso
se contrapõe completamente ao culto que era oferecido pelos judeus sob a Lei; os
israelitas não entendiam muito daquilo que faziam em seu culto a Deus.
336
em nosso meio através do mesmo subterfúgio usado pelos relativistas que alegam
que o uso do véu é uma questão de cultura, circunstância e/ou época.
Em 1 Coríntios 11, ao falar do véu ou cobertura da cabeça da mulher quando ela
ora ou “profetiza” (fala das coisas de Deus), a Bíblia diz:
"Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos” (1 Coríntios 11,10).
Fica claro que a Bíblia não diz que essa ordem seria somente para a época dos
apóstolos. Se essas coisas fossem apenas para aquela época, ficaria difícil para
um “teólogo relativista” explicar a razão pela qual a Igreja observou esse
mandamento – de cobrir a cabeça – desde o princípio até cerca de 50 anos atrás.
São 1900 anos! Será que a Igreja agiu de maneira errada todo esse tempo?
DUAS PALAVRAS-CHAVES
No grego koiné, que é a tradução original do Novo Testamento, a palavra
"cobrir", nos versículos 4 a 6, é diferente da palavra usada no versículo 15. No
versículo 15 a palavra original é “peribolaiou” e indica o cabelo enrolado em
torno da cabeça. Na linguagem moderna seria o equivalente a um penteado ou
337
algo semelhante. Portanto, o cabelo da mulher é um véu (ou cobertura) de glória
e beleza que a natureza lhe concedeu.
Todavia, a palavra que aparece do verso 4 ao 6 não é “peribolaiou”, e sim
“katakalupo”, que indica uma cobertura artificial para o cabelo – algo como um
chapéu, lenço etc. É por essa razão que não existe fundamento para a ideia de que
a mulher não precisa usar uma cobertura sobre a cabeça quando ora ou trata das
questões de Deus, seja em público ou em particular.
Alguns argumentos são levantados por pessoas sinceras e outros são levantados
por pessoas que querem fazer a sua própria vontade; e são exatamente esses
argumentos (do segundo grupo) que acabam se mostrando ridículos a tal ponto
que nem mesmo merecem ser levados a sério. A ideia de que o próprio cabelo da
mulher satisfaz a ordem de cobri-lo é um exemplo disso. Se o cabelo é a
cobertura a qual a passagem se refere, então os homens também trariam, por
natureza, uma cobertura, pois eles têm cabelo tanto quanto as mulheres!
Para dificultar ainda mais a coisa, vale uma pergunta que deixará qualquer
“metido à teólogo” de cabelo em pé: Se o cabelo das irmãs já representa, por si
mesmo, a cobertura para a cabeça em 1 Coríntios 11, como poderiam os irmãos
orarem e profetizarem em obediência à Palavra de Deus se estiverem impedidos
de ministrar a Palavra com a cabeça coberta? (1Co 11.4). Será que Paulo
desejava que todos os irmãos que ministram a Palavra na reunião tivessem a
cabeça raspada? É óbvio que aqueles dentre os opositores do “uso do véu” que
forem sinceros dirão que isso não faz qualquer sentido. Mas aqueles que se
mostram irredutíveis diante da ordem de Deus irão ranger seus dentes e não
darão o braço a torcer, embora não possuam nada para argumentar, senão os
velhos xingamentos de sempre. Que tal mais uma pergunta para os embaraçar
ainda mais? Se os opositores do “uso do véu” acreditam que o cabelo seja um
véu, por que não raspam a cabeça? Eu nunca presenciei sequer um grupo de
cristãos que faça isso. Evidentemente, não é de cabelo natural que a passagem
está tratando ao falar do véu.
338
deste livro, onde falamos sobre a Igreja e a falha em seu testemunho, a história é
bem diferente de acordo com a Escritura. O testemunho da Igreja falhou, assim
como aconteceu com Israel na antiga dispensação.
O problema disso – e de muitos outros assuntos que tratamos neste livro – é que
os cristãos não querem levar o vitupério ou a vergonha que está associada à
prática do cristianismo bíblico. Como consequência, eles inventam todo tipo de
desculpas para não seguirem as simples ordens da Palavra de Deus, as quais, em
sua maioria, não precisam que um “expert” em hebraico ou grego interprete para
nós.
Aqueles que atenderem à exortação "saiamos, pois, a Ele fora do arraial" irão
levar "Seu vitupério", "vergonha", "rejeição" (Hb 13.13). Não há como
escapar disso; não há atalhos para seguir a Cristo do modo como está
expressamente ordenado na Santa Escritura. O cristianismo normal é assim.
Devemos, por temor e tremor diante de Deus, estar preparados para aceitar e nos
submetermos aos Seus mandamentos. Se por um lado podemos ser
envergonhados por causa do nome do Senhor Jesus, por outro teremos também
um senso de Sua aprovação em nossa alma. Isso porque existe um gozo na senda
de se fazer a vontade de Deus, gozo este que só é conhecido daqueles que
caminham nela: "Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus meu" (Sl 40.8; Jr
15.16).
"Se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus" (1 Coríntios 11.16).
Maior parte dos cristãos professos hoje lê os versos sobre a mulher cobrir a
cabeça (e o homem descobrir) quando ora ou fala da Palavra de Deus, e não
concorda, concluindo erroneamente que as igrejas de Deus da era apostólica não
tinham esse costume de as mulheres cobrirem a cabeça (e os homens
descobrirem).
Mario Persona comenta sobre essa confusão interpretativa:
339
“Essas pessoas olham para 1 Coríntios 11.16 e pensam que a palavra "costume"
se refere a cobrir (ou descobrir) a cabeça. Ali diz: "Mas, se alguém quiser ser
contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". É fácil
perceber a que "costume" Paulo se referia se você trocar a expressão "ser
contencioso" por "cuspir no prato". Então ficaria assim: "Se alguém quiser cuspir
no prato, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". De que "costume"
então o apóstolo estaria falando? De homens não cobrirem a cabeça e mulheres
cobrirem, ou de "ser contencioso"?
O mesmo apóstolo Paulo, chamado de machista por alguns, escreveu:
"Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, MUITO MAIS AGORA NA MINHA AUSÊNCIA, desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Fazei tudo sem
murmurações NEM CONTENDAS, para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra
da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem
me esforcei inutilmente” (Fp 2:12-16).
Nesta passagem é possível ver seu uso da palavra "contendas" associado à não
obediência da doutrina que lhe foi dada pelo Espírito Santo. Portanto, não faria
sentido ele falar tudo aquilo sobre o homem orar com a cabeça descoberta para
chegar no final e dizer que não havia esse costume nas igrejas de Deus. Ah, me
desculpe! O assunto era a mulher cobrir a cabeça. Mas aí, se era desse "costume"
que Paulo estaria falando não ter, como ficaria o ensino sobre o homem descobrir
a cabeça quando ora ou profetiza? Seria isso também um costume que nem ele e
nem as igrejas de Deus teriam? Ou será que o "não temos tal costume" estaria
associado ao "contender"?
Basta consultar uma professora de português para ela dizer a você que a frase
"nós não temos tal costume" está diretamente relacionada ao que o apóstolo disse
imediatamente antes, "se alguém quiser ser contencioso" (1Co 11.16). Ou seja,
“como cristãos não temos o costume de sermos contenciosos” (Mario Persona –
O que Respondi – “A mulher que ora sem véu ou sem cobrir a cabeça está
salva?”).
Vamos fazer o seguinte para facilitar ainda mais essa questão da frase “não
temos tal costume” de 1 Coríntios 11.16. Abaixo eu tecerei vários trechos de
passagens bíblicas que deixam isso tão claro que fica impossível um cristão
honesto negar o que fora exposto a respeito do assunto:
340
"Andemos honestamente, como de dia, não em contendas (Rm 13.13)... Ora,
quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas
(Rm 14.1)... me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre
vós (1Co 1.11).... pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não
sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? (1Co 3.3)...
desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas (1Tm 1.6)... É soberbo, e
nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras (1Tm 6.4)...
Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade (1Tm
6.5)... ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras,
que para nada aproveitam" (2Tm 2.14).
Sendo assim, não faria qualquer sentido a Bíblia nos ensinar tudo o que está do
versículo 1 ao 15 de 1 Coríntios 11 só para chegar à conclusão de que não temos
o costume de as mulheres cobrirem a cabeça no momento da oração e culto a
Deus. A propósito, se a frase "não temos tal costume" tivesse qualquer
associação com o que ele discorreu com tantos detalhes anteriormente, teríamos
de incluir nisso a ordem estabelecida no versículo 3, ou seja, "Cristo é a cabeça
do homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo". Ora,
porventura somos ordenados a rejeitar o fato de que Cristo é a cabeça do homem,
o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo?
Outra coisa interessante é que a história, mais uma vez, condiz com as Escrituras,
pois ficaria sem sentido algum os séculos de "costume" de cristãos do gênero
masculino que tiravam o chapéu na hora de orar, expressando respeito à ordem
estabelecida por Deus em Sua Palavra. Aliás, ainda podemos ver esse “costume”
sendo praticado em muitos lugares, em especial nas ocasiões em que se põe a
comida na mesa. Muitos homens (alguns deles nem são cristãos) descobrem a
cabeça no momento da refeição, o que vai de encontro com a Ceia do Senhor –
com o partir do pão entre os irmãos em uma assembleia. Se para a mulher fosse
indiferente orar com a cabeça coberta ou descoberta, então o mesmo deveria
valer para o homem. Essa é a conclusão lógica de tudo o que temos aprendido
sobre o uso do véu para as mulheres cristãs.
Tenho certeza que a maioria dos ditos cristãos de hoje não darão a mínima
importância para o que foi falado aqui. Todavia, o texto sagrado mostra que Deus
dá tanta importância ao assunto que Ele não resumiu essas coisas da forma que
os opositores da verdade resumem, dizendo que isso é coisa de outra época... de
outros povos... para outros fins. Deus poderia simplesmente ter dito: "Todo
homem ou mulher que ora ou profetiza, faça do jeito que achar melhor, porque é
indiferente cobrir ou não a cabeça". Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, poderia
ter escrito simplesmente isso e as árvores teriam agradecido a economia de papel
de bilhões de Bíblias com quase trezentas palavras a menos. Mas o que vemos é
341
bem diferente. Deus dá tanta importância a esta ordem que Ele fez questão de nos
revelar os detalhes de como colocá-la em prática.
Lembremo-nos de que a salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo e no Seu
sacrifício consumado no Calvário. Mas não se engane – a verdadeira fé da qual
estamos falando resulta em obediência, não em rebeldia e arrogância.
Aqui está mais uma ordem de Deus para as mulheres cristãs, que é se vestir como
cristã. A desobediência nesse ponto trata-se de um dos maiores escândalos da
Igreja do século XXI: a falta de “pudor e modéstia”. Não estamos tratando da
vestimenta interna, mas da externa, pois ela é consequência da primeira. Não
adianta usar o velho jargão: “O que importa é o interior e não o exterior”, visto
que uma mulher cristã, quando convertida, sabe muito bem que o seu corpo agora
pertence a Cristo; e provavelmente Cristo não se agrada de vestimentas que
estimulam o pecado. Roupa não leva ninguém para o Céu, mas, certamente,
quem é do Céu sabe o que vestir. Lembremo-nos de que a primeira coisa que
Deus fez quando o pecado entrou no mundo foi cobrir Adão e Eva (Gn 3.21).
Será que Ele fez isso sem nenhuma razão? Deus faria algo em vão, sem nenhum
propósito?
Algumas mulheres podem alegar que Deus não faz diferenciação entre vestes
cristãs e vestes mundanas, mas a verdade é que Ele faz sim: “E eis que uma
mulher lhe saiu ao encontro com vestes de prostituta, e astúcia de coração”
(Provérbios 7.10). Perceba no verso que não somente a veste é pecaminosa, como
tudo está relacionado à má intenção de quem está por trás da veste despudorada.
Faça uma pergunta a si mesma: Você tem glorificado a Deus através do uso deste
decote ou tem dado espaço para Satanás? “Ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1
Coríntios 6.19,20).
Portanto, a nível de introdução, já sabemos que a Bíblia ensina que existem
vestes de cristãs e vestes de prostitutas, e que o nosso corpo não pertence a nós
mesmos, e que devemos glorificar a Deus em nossos corpos ao invés de incitar o
próximo a pecar.
342
É verdade que a primeira vestimenta que se manifesta no genuíno servo de Cristo
é interna e espiritual. O verdadeiro cristão já está a arrancar os panos sujos do
pecado e retirando os maus pensamentos da sua mente. O servo de Deus está em
constante mudança interna, substituindo as velhas roupas sujas do pecado por
novas roupas de santidade e entendimento da vontade de Deus (Cl 3.1-16). Ele
está procurando, a cada dia, ser mais parecido com o Senhor Jesus Cristo e se
esforça para desenvolver as atitudes piedosas que Cristo ensinou e demonstrou
(Mt 5.1-12).
Todavia, por mais que muitos afirmem estar praticando essas coisas, essas
pessoas não demonstram estar aplicando nada disso quando olhamos para suas
vestes externas. Não há pudor; não há modéstia (1Tm 2.9). Temos que ter em
mente que qualquer transformação interna sempre irá modificar o
comportamento externo. Por exemplo, no caso do ladrão ou do mentiroso, ele
não irá mais roubar nem mentir, como as pessoas do mundo (Ef 4.25-29). Todos
os aspectos da vida do cristão são colocados sob o controle de Deus. E esse Deus
a quem você alega servir é Santo (1Pe 1.13-16).
As pessoas que não se interessam em saber como devem se vestir dizem servi-lO,
quando, na verdade, estão servindo a Satanás. Mulheres que mostram seus sutiãs
ao vestirem uma “blusinha” dizem servir a Deus, mas não servem. Mulheres que
usam calças apertadas nas nádegas pensam servir a Deus, mas não estão servindo
a Deus, e sim a Satanás. Mulheres que usam decotes pensam que servem ao
Altíssimo, mas não estão servindo ao Altíssimo, e sim a Satanás. Mulheres que
mostram as pernas, as costas... e fazem de tudo para que seus corpos sejam vistos
ao invés da esplêndida presença de Cristo não servem a Cristo; elas servem ao
diabo. Essa é a verdade. Essas mulheres pecam e fazem os homens pecarem, e
depois dizem: “Servimos a Deus”.
"O caminho da mulher adúltera é assim: ela come, depois limpa a sua boca e
diz: Não fiz nada de mal"! (Provérbios 30.20).
É assim que as mulheres ditas cristãs de hoje agem. Elas não se importam com o
que está acontecendo do outro lado – aos olhos dos homens e de Deus –, mas
Deus dá tanta importância para isso que nos deixou mandamentos a serem
seguidos em Sua Palavra. De igual modo, o homem é atraído pela lascívia
quando a mulher, de forma astuciosa, coloca seu corpo à mostra.
Mas alguém poderá argumentar dizendo que isso apenas se trata de quando a
mulher é tocada por um homem. A resposta para isso está na Bíblia, pois o
adultério não se trata apenas do toque, mas do olhar provocado pela mulher
adúltera: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que OLHAR para uma mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho
343
direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que
se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno"
(Mt 5.27-29). Portanto, toda vez que você se apresenta em um lugar com vestes
que incitam o homem a pecar você está adulterando.
“O preço de uma prostituta é um pedaço de pão, mas a adúltera sai à caça de
vidas preciosas” (Provérbios 6.26).
Alguém ainda poderá dizer: “Mas a culpa é do homem que está me olhando, e
não minha”. Porém, a Bíblia diz o contrário: “É impossível que não venham
escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem
ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar
um destes pequenos” (Lucas 17.1,2). E agora, qual desculpa você dará para se
vestir como uma prostituta?
E o que dizer dos clubes de piscina? Seria um ambiente saudável para uma cristã
ou cristão? Seria possível imaginar Jesus em um ambiente assim? Qual seria a
Sua reação ao ver uma geração de cristãos que ficam seminus em um clube
aquático? Qual a diferença entre sutiã, calcinha e biquíni? Certamente esse tipo
de ambiente sensual, promíscuo e perverso não agrada a Deus, visto que Ele é
Santo e “tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal” (Hc 1.13). E se
Deus não pode contemplar o mal, de que modo você acha que Ele olha para
aqueles que praticam tais abominações?
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, tome cuidado para que não caia” (1
Coríntios 10.12).
Uma das características mais marcantes de uma prostituta são as calças marcando
as nádegas. Mas a coisa não pára por aí. Vestidos ou saias curtas que impedem de
se abaixar ou de levantar os próprios braços, bem como vestidos ou saias que
marcam o corpo, levam homens a quererem saber o que vem dentro. Vestidos ou
saias que contornam as nádegas são tão pecaminosos quanto um biquíni. A
propósito, foi assim que o biquíni veio a ser fabricado. As mulheres da década de
60 se negavam a vesti-lo para fazer a propaganda, e as empresas tiveram que
contratar prostitutas profissionais para que o produto viesse a ser vendido.
Para que ninguém ouse dizer que este artigo se trata de mais um machista no
mundo, vejamos o comentário de uma mulher cristã, chamada Letícia Fernanda
da Silva:
344
“Muitas mulheres e moças atualmente perderam seu próprio valor e muitas
mulheres cristãs não têm se dado conta disso - o que acaba por as levar se
vestindo conforme o mundo tem ditado; isto é, a moda. Por que digo isso? Tenho
notado o quanto muitas mulheres e moças têm se iludido ao pensarem que é
bonito usar vestimentas que mostram todas as suas curvas, tais como: roupas
justíssimas delineando seu corpo, shorts e saias curtas e blusas decotadas. Mas,
se fosse para ser assim, Deus não teria vestido Adão e Eva como diz na Bíblia:
"E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu"
(Gênesis 3.21). Na Palavra também está escrito: "Que do mesmo modo as
mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças,
ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos. Mas (como convém a mulheres
que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras" (1 Timóteo 2.9-10).
Noto ainda que muitas mulheres e moças usam roupas indecentes com a intenção
de chamar a atenção do público masculino. Então, questiono a vocês, mulheres,
moças: Por que se iludem em achar que para conquistar um homem é necessário
usar roupas justíssimas delineando seus corpos, shorts, saias curtas e blusas
decotadas, ou, então, se alegram e se sentem bem quando os homens as olham e
as desejam?
"A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as riquezas"
(Provérbios 11.16).
O que significa guardar a honra? É se valorizar (mas sem ser sensual), evitar que
falem mal de você (suas roupas devem refletir sua postura cristã), guardar seu
corpo para seu esposo ou futuro esposo, pois somente ele tem ou terá o direito de
te desejar e saber como é seu corpo. Mulheres e moças que fazem os homens
terem pensamentos impuros (pecar) devido ao seu modo de se vestir, um dia com
certeza serão cobradas pelo Senhor.
“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham
escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem” (Mateus 18.7).
Creio que toda a mulher sonha em ser amada, respeitada e valorizada por um
homem. Por isso quero lhes dizer que, para isso acontecer, você deve guardar sua
honra, pois no momento que você não a guarda, acaba perdendo o que você mais
gostaria de ter por parte de um homem: amor, respeito e valor. Não é se vestindo
com trajes vulgares que irá conquistar verdadeiramente um homem; talvez você
até o conquiste, mas é por um pequeno tempo - ou seja, até o tempo de seu corpo
permanecer bonito, e isso infelizmente será por poucos anos. Se assim você agir,
não poderá reclamar se for deixada, pois você o "conquistou" apenas com seu
corpo bonito, e não com o seu caráter; afinal, no momento em que a beleza
externa deixa de existir, esse tipo de "amor" perece. Todavia, se você conquistá-
345
lo com seu caráter e ele realmente gostar de você por seres uma mulher virtuosa e
com temor ao Senhor, então ele te amará até que a morte os separe, pois o caráter
prevalece pela vida toda, mas a beleza é apenas por um determinado tempo.
"Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR,
essa sim será louvada" (Provérbios 31.30).
Por acaso as mulheres de antigamente usavam roupas indecentes como as de
hoje? E seus casamentos eram duradouros. Quem antigamente usava roupas
curtas, decotadas e justas? Perdoem-me, mas nem preciso dizer quem eram essas
mulheres.
Pergunte, portanto, a um homem de Deus, qual mulher ele escolheria para ser sua
esposa: aquela que se veste com roupas justíssimas delineando seu corpo, shorts
e saias curtas e blusas decotadas ou aquela que guarda seu corpo para seu futuro
esposo. Creio que um homem verdadeiramente de Deus escolheria aquela que se
valoriza e guarda sua honra.
Algumas perguntas para nossa reflexão:
● Com que intuito tenho me vestido?
● Será que com essa roupa nenhum homem vai me olhar e pecar?
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo
para glória de Deus" (1 Coríntios 10.31).” (Comentário por Letícia Fernanda Da
Silva – Blog 2Tm 3.16).
Lembremo-nos aqui que esta mensagem não se aplica somente à mulher, mas ao
homem. Um homem sem camisa ou de sunga em público é tão depravado quanto
uma mulher com decote, short curto ou costas à mostra. Sendo assim, que o leitor
esteja atento para o fato de que eu não preciso mencionar o gênero masculino
para falar de pudor e modéstia, pois isso está implícito e seria totalmente
redundante.
A lascívia no homem funciona um pouco diferente do que na mulher. O homem é
mais propenso ao que vê. Quando um homem quer cometer lascívia, a primeira
346
coisa que ele faz é apontar os olhos para o corpo da mulher. Quando uma mulher
quer cometer lascívia, a primeira coisa que ela faz é direcionar o seu corpo para
os olhos de um homem. A mulher lasciva não olha, mas deseja ser olhada. O
homem incontinente usa os olhos. A mulher incontinente usa o corpo. O homem
deseja; a mulher quer ser desejada. O homem ímpio é atraído pelo que vê. A
mulher ímpia é atraída pelo toque, e, ao desejar ser tocada, ela antes apresenta o
produto na vitrine. É claro que tudo isso pode ocorrer de modo inverso, mas a
predominância é inegável.
Uma mulher não usa decote atoa, ou, ainda, para levar pessoas a Jesus Cristo. A
menos que eu seja convencido pela Escritura de que eu estou errado, a mulher
que usa decote o faz para atrair os olhos dos homens e levá-los a desejá-la.
Igualmente, um homem não olha para o corpo de uma mulher em vão, mas sim
com um objetivo em mente: Tocá-lo.
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação,
impureza, lascívia (...)" (Gálatas 5.19).
"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências" (Gálatas 5.24).
"Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a
impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é
idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas" (Colossenses
3.5-7).
O pecado da lascívia tem entrado na vida dos crentes de uma forma muito
natural. Isso acontece devido à velha natureza pecaminosa que insiste em
sobreviver e, sobretudo, devido à relativização teológica e liberalismo da Igreja.
A lascívia apresenta-se nas pessoas que, levadas por sentimentos diversos,
pensamentos impróprios e sem uma genuína conversão, deixam-se moldar pelos
costumes comuns aos ímpios. Essas pessoas se conformaram com o presente
século e não atentaram para a ordem de "não se conformarem com as coisas do
mundo, mas antes serem transformadas pela renovação do seu entendimento"
(Romanos 12.2). Elas ignoram o fato de que a verdadeira Religião Cristã consiste
em "APARTAR-SE DA CORRUPÇÃO DO MUNDO" (Tiago 1.27) e tornam-se
adeptas de roupas inadequadas aos servos de Deus. Tornam-se sensuais e
incontinentes, reprovadas por Deus.
“Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos
apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos
tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias
concupiscências (desejos carnais). Estes são os que a si mesmos se separam,
347
sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós
mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a
vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo para a vida eterna” (Judas 1.17-21).
"Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus" (1 Coríntios 10.32).
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
"Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os
que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito" (Romanos 8.5).
Não é pecado ser bela. A mulher de Deus passa desapercebida aos olhos
mundanos. Sua beleza reflete tanto Cristo, que ela desaparece. Você se veste para
atrair primeiramente os homens ou a Cristo? Todavia, "como jóia de ouro no
focinho de uma PORCA, assim é a mulher formosa que NÃO TEM
DISCRIÇÃO" (Provérbios 11.22). Como podemos ver, o pecado não está em
"ser bela", mas no querer mostrar seu corpo.
"Educa a criança no caminho em que deve andar; para que, quando ela
envelhecer, não se desvie dele"
(Provérbios 22.6).
Seus filhos precisam saber quem é o Deus verdadeiro; o Deus das Escrituras; o
Deus que predestina um número limitado de homens para a salvação e o restante
deles para a perdição (Rm 9.13-24). Enquanto você apresentar um deus emotivo
e débil aos seus filhos, cujo o caráter do mesmo constitui-se um conto de fadas
onde só existe amor e todos são salvos porque fizeram “boas obras”, seus filhos
continuarão caminhando para o inferno. Um deus que ama a todos, que deseja
348
salvar a todos, que implora a aceitação dos homens e não sabe o que será do
futuro de suas criaturas por causa do inviolável “livre-arbítrio” do homem NÃO é
o Deus das Escrituras. Esse deus que você apresenta aos seus filhos não é o Deus
que criou o céu e a terra.
Deus não ama a quem Ele não salva, e Ele não tem por inocente o culpado.
Quando Deus olha para a humanidade, o que Ele vê é DEPRAVAÇÃO (Rm 3).
Muitas coisas que você põe para o seu filho assistir, Deus odeia. Ele sente
repulsa. O Deus das Escrituras é um Deus Santo, de olhos tão puros que não pode
sequer contemplar o mal (Hc 1.13), em nenhum nível e em nenhum gênero.
Um número infindável de conteúdo ateísta e entretenimento marxista é
impingido na mente das crianças, todos os dias, em todo lugar e em todo o
momento; e você prestará contas a Deus por cada segundo que você encharcou a
mente de seus filhos com "Xuxa", "Fada Madrinha", "Coelhinho da Páscoa" e
"Papai Noel".
Seus filhos precisam saber que Deus é um Deus que se ira todos os dias (Sl 7.11)
e odeia a todos que praticam a maldade (Sl 5:5).
Conte aos seus filhos que Deus ama somente aos que O amam (Pv 8.17), e que
Cristo nunca sequer rogou pelos que não pertencem ao Senhor (Jo 17.9). Conte a
eles que, ao desconhecerem a Bíblia e ficarem enojados com a Palavra aqui
exposta, eles estão desconhecendo e se enojando do próprio Deus da Palavra (Mc
12.24). Jesus é a Palavra (1Jo 5.7). Se alguém não tem interesse e não ama a
Palavra, esse alguém não se interessa nem ama a Cristo. Esse alguém criou um
deus em seu próprio coração e pensa que esse é o verdadeiro deus. E não é por
menos, pois sabemos que o coração do homem é enganoso e perverso, mais do
que todas as coisas (Jr 17.9).
A primeira coisa que uma criança precisa aprender na vida é a TEMER a Deus,
porquanto o verdadeiro conhecimento vem acompanhado de TEMOR a Deus. Se
seus filhos dizem amar a Deus, mas não se interessam por Sua Palavra e nem O
temem, eles estão no caminho da loucura e da perdição.
"O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a
sabedoria e a instrução" (Provérbios 1.7).
Se você diz para os seus filhos que o Espírito Santo está presente onde o
conhecimento das Escrituras é nulo, você está completamente enganado ou é um
mentiroso. Onde a Escritura (em sua interpretação única) não se faz presente, não
há resquício da presença do Espírito Santo (1Jo 5.7). Se eu perguntar aos pais
que estão lendo este texto quais são os atributos de Deus e suas implicações, 95%
349
deles não saberão responder, e muitos nem mesmo fazem ideia do que significa a
palavra "atributo".
"Ouvi agora isto, ó povo insensato, e sem coração, que tendes olhos e não
vedes, que tendes ouvidos e não ouvis" (Jeremias 5.21).
“Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa
estranha” (Oséias 8.12).
"Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está
perto" (Isaías 55.6).
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a
ele" (João 14.21).
"Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar
a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas
palavras para detrás de ti" (Salmos 50.16,17).
350
CAPÍTULO 15
ACONSELHAMENTO
351
os bancos de suas sinagogas ocupados no intuito de garantir o sucesso requerido
pela diplomacia ecumênica.
Concílios, reuniões e conferências ecumênicas de todos os lados do âmbito
denominacionalista têm sido frequentes nos últimos tempos, tanto pelo lado
carismático quanto pelo lado “ortodoxo” (a palavra Tradicional cabe melhor
aqui), a fim de elaborarem palestras sofísticas sob o pretexto de que os jovens
têm se "rebelado" contra Deus ao se oporem aos sistemas de lavagem cerebral
criados pelas grandes empresas evangélicas. Inúmeras convenções se desesperam
em estabelecer novas regras alienantes com o intento de persuadir as mentes
fracas a "voltarem seus olhos para a igreja" e "fugirem do meio virtual" porque -
dizem eles - a internet causa divisões entre pessoas ao invés de uni-las como
irmãs.
Mas, será que Cristo - o verdadeiro Cristo - sugere que Suas palavras possuem o
objetivo de unir o mundo e transformá-lo em uma grande "irmandade"? Será que
o Cristo da Bíblia convida os homens a se submeterem às aberrações teológicas
de seus líderes sincretistas para que a paz seja mantida em detrimento da
Verdade? Será que o Cristo da Escritura, em algum nível ou aspecto, recomendou
que permanecêssemos unidos em nome do "amor", mesmo que isso custe a
anulação total de Suas severas ordens de separação do pecado e da heresia? Será
que o mandamento de Cristo consiste em manter a paz e unidade terrenas em
lugar da doutrina pura e imaculada, ainda que isto resulte em uma guerra pela
Verdade? Será que o Cristo da Palavra concordaria com os sorrisos largos e
batidinhas hipócritas nas costas dos que, se dizendo irmãos, são inimigos inatos
da Verdade? Será que o Cristo do evangelho está de acordo com todas essas
definições antibíblicas de "amor" quando Suas palavras são lançadas no mar do
esquecimento em prol de uma união cujo o emblema é a "paz e harmonia acima
da obediência a Deus"?
A resposta para as perguntas acima está no capítulo 9 – A Doutrina da Separação.
Para aqueles que estão lendo este livro via internet, segue abaixo os links de dois
artigos desse capítulo:
2 Coríntios 6.14-18 – Um Chamado à Separação:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-corintios-614-18-um-chamado-
separacao.html
2 João 1.10-11 – Aparte-se dos falsos mestres:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-joao-110-11-aparte-se-dos-
falsos.html
Antes da internet, as ovelhas eram alimentadas com as mensagens pútridas da
mídia católica romana e pentecostal-carismática. Há vinte anos atrás, sem o
352
Facebook, as pessoas não faziam ideia do que se trata "depravação total",
"eleição incondicional", "expiação limitada", "graça irresistível" e "perseverança
dos santos". Por décadas, o Brasil foi catequizado pelos falsos profetas do
Pentecostalismo americano. Assim como na era de Lutero, uma nuvem negra e
carregada de heresias papistas, espiritistas e gnósticas cobria os céus do Brasil.
Irmãos espalhados pelo continente africano e asiático desconheciam as
verdadeiras doutrinas da graça.
Mas o SENHOR tinha um plano: Criar um meio de comunicação independente e
de alcance global enquanto a festa sincretista ocorria nos anos 80. Tudo parecia
perdido e silencioso, mas a internet estava em processo de aperfeiçoamento e
criação de novos programas. Através de um jovem programador e empresário,
chamado Mark Elliot Zuckerberg, juntamente com alguns colegas da
"Universidade de Harvard", trouxe em 2004 o que conhecemos como Facebook.
A respectiva rede social, por meio de seu sistema alternativo de comunicação,
expandiu o verdadeiro evangelho, sem laços com denominações religiosas
criadas por homens, com uma força e velocidade nunca antes vistas pelos cristãos
dos séculos passados.
No ano de 2012, um bilhão de usuários já tinha acesso ao verdadeiro evangelho,
desconhecido pela sociedade pós-moderna. A maior rede de comunicação do
mundo, em toda a história humana, neste exato momento divide nações e tribos
por meio da Escritura Sagrada, sob o manuseio dos santos escolhidos e
vocacionados à escrita. Outros fazem vídeos... outros montam blogs... etc.
A sã doutrina dos apóstolos, que teve início no "dia do Pentecostes" em Atos 2,
quando o Espírito Santo concedeu aos apóstolos o dom sobrenatural de falar em
várias línguas para que todas as nações ouvissem o evangelho de Cristo, agora é
continuada pelos dedos que correm sobre as teclas. Ao teclar de um "Enter", a
Palavra de Deus, santa e imaculada, atinge os quatro cantos da Terra.
Portanto, cada vez que você, internauta escritor, blogueiro ou editor, for insultado
por causa do dom que recebeu de Cristo para a evangelização, alegre-se e
regozije-se nisto, pois, jamais, em toda a história da civilização, uma pequena
porção de cristãos verdadeiros foi tão privilegiada como a nossa. E tampouco o
"dom de línguas" da era apostólica (o qual cessou juntamente com o fim do
tempo dos apóstolos) supera o esplendor e eficácia dos que foram vocacionados a
usarem os teclados.
353
Charles Haddon Spurgeon, um conhecido pregador do século XIX, diz o seguinte
à respeito dos dons concedidos aos santos para a glória de Deus:
354
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos. Amém" (Mateus 28:19,20).
Jovem internauta, se o seu dom é com as teclas, vá e escreva nesse dia de
batalha! Se tiver que se gloriar, glorie-se no Senhor e nas afrontas suportadas!
Não é você quem deve aparecer, mas sim a Palavra.
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Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor
Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo
em sinceridade. Amém.
(Efésios 6:23,24)
357
358