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Lição

4
O dilúvio

VERSO PARA MEMORIZAR: “Assim como foi


nos dias de Noé, assim será também a vinda
do Filho do Homem” (Mt 24:37).

Leituras da semana: Gn 6:13–7:10;


2Pe 2:5-9; Gn 7; Rm 6:1-6; Sl 106:4;
Gn 8; 9:1-17

16BZ23

■ Sábado, 16 de abril Ano Bíblico: 1Rs 13, 14

“ O Senhor viu que a maldade das pessoas havia se multiplicado na


Terra e que todo desígnio do coração delas era continuamente mau”
(Gn 6:5). O verbo “viu” leva o leitor de volta a cada passo da criação origi-
nal; porém, o que Deus viu naquele momento, em vez de tov, “bom”, era
ra’, “mau”. É como se o Criador tivesse Se arrependido de ter criado o mun-
do, o qual estava cheio de ra’ (maldade).
Contudo, o arrependimento de Deus também contém elemen-
tos de salvação. A palavra hebraica para “entristecer-se” (nakham) [ou
­arrepender-se, ARA] é ecoada no nome de Noé (Noakh), que significa “con-
solo” (Gn 5:29). Assim, a resposta divina a essa maldade apresenta duas
funções. Contém a ameaça da justiça, que leva alguns à destruição, e ainda
apresenta a promessa de consolo e misericórdia, que leva outros à salvação.
Essa “função dupla” já havia estado presente na situação de Caim e
Abel/Sete e por meio do contraste entre as duas linhagens – de Sete (os
“filhos de Deus”) e de Caim (os “filhos dos homens”). No caso do dilúvio,
­apresenta-se novamente quando Deus diferenciou Noé do restante da
humanidade.

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■ Domingo, 17 de abril  Ano Bíblico: 1Rs 15, 16

Preparação para o dilúvio


1. L
 eia Gênesis 6:13–7:10. Que lição podemos aprender desse incrível relato
da história humana primitiva?
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Embora tenha se tornado tão mal que foi necessário eliminar quase
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todos, Deus mais uma vez tomou a iniciativa para Salvar e preservar
____________________________________________________________
a raça humana. "Deus é amor; suas misericórdias são a causa de não
sermos consumidos". I Jo 4:8; Lm 3:22

4 C omo Daniel, Noé foi um profeta que predisse o fim do mundo. A pala-
vra hebraica para “arca” (Gn 6:14) é tevah, a mesma palavra emprestada
do egípcio e usada para o “cesto” em que Moisés foi escondido e ­preservado
para salvar Israel do Egito (Êx 2:3).
Além disso, alguns observaram na estrutura geral da arca paralelos
com a arca do tabernáculo (Êx 25:10). Assim como a arca do dilúvio per-
mitiu a sobrevivência da humanidade, a arca da aliança, sinal da presen-
ça de Deus no meio de Israel (Êx 25:22), apontava para a obra divina de
salvação em favor de Seu povo.
A frase “conforme tudo o que Deus lhe havia ordenado, assim ele fez”
(Gn 6:22) conclui a seção preparatória. O verbo ‘asah, “fez”, referindo-se
à ação de Noé, responde ao verbo ‘asah, “faça”, na ordem divina que inicia
a seção e é repetido cinco vezes (Gn 6:14-16). Esse eco entre a ordem di-
vina e a ação de Noé sugere obediência absoluta do patriarca ao que Deus
lhe tinha dito que fizesse, ‘asah. É interessante que essa frase foi usada no
contexto da construção da arca da aliança (Êx 39:32, 42; 40:16).
“Deus deu a Noé as dimensões exatas da arca e instruções claras em
relação à sua construção em todos os detalhes. A sabedoria humana não
poderia ter concebido uma estrutura de tão grande resistência e durabi-
lidade. Deus foi o Projetista, e Noé o construtor-chefe” (Ellen G. White,
Patriarcas e Profetas, p. 66 [92]).
Novamente, o paralelo entre as duas “arcas” reafirma sua função redenti-
va comum. A obediência desse patriarca é, portanto, descrita como parte do
plano divino da salvação. Ele foi salvo porque teve fé para fazer o que Deus
lhe havia ordenado (ver Hb 11:7). Ele foi um dos primeiros exemplos da fé
que se manifesta na obediência, o único tipo de fé que importa (Tg 2:20).
Em suma, embora Noé tivesse encontrado “favor aos olhos do Senhor”
(Gn 6:8), foi em resposta a essa graça, já concedida a ele, que o profeta agiu
fiel e obedientemente às ordens divinas. Não é assim que todos nós de-
veríamos agir?
Leia 2 Pedro 2:5-9. Por que apenas a família de Noé foi salva? Que lição aprendemos
com a história de Noé a respeito de nosso papel em alertar o mundo sobre o juízo?
| 44 | Gênesis
■ Segunda, 18 de abril Ano Bíblico: 1Rs 17-19

O dilúvio

O verbo ‘asah, “fazer”, que se refere às ações de Noé, também é uma


­palavra-chave no relato da criação em Gênesis (Gn 1:7, 16, 25, 26, 31;
2:2). Os atos de obediência de Noé a Deus são como os atos divinos de cria-
ção. O que podemos deduzir dessa ligação é que o dilúvio não tem a ver
apenas com o juízo divino sobre a humanidade, mas também com a sal-
vação que Deus nos oferece.

2. L
 eia Gênesis 7. Por que a descrição do dilúvio lembra o relato da criação?
Que lições aprendemos com os paralelos entre esses dois eventos? 4
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1. As águas voltaram a cobrir toda a terra.
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2. O dilúvio tornou-se uma nova criação com a preservação da raça
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humana, dos animais, aves, peixes e demais criaturas vivas.
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3. Desta vez restaram não um casal, mas quatro famílias. Deus ansiava
por ver a terra povoada novamente sob sua nova aliança.
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Uma leitura atenta do texto sobre o dilúvio revela o uso de muitas pa-
lavras e expressões comuns à história da criação: “sete” (Gn 7:2, 3, 4, 10;
compare com 2:1-3); “macho e fêmea” (Gn 7:2, 3, 9, 16; compare com
Gn 1:27); “Segundo as suas espécies” (Gn 7:14; compare com Gn 1:11, 12,
21, 24, 25); “animais”, “aves”, “animal que rasteja” (ver Gn 7:8, 14, 21, 23;
compare com 1:24, 25); e “fôlego de vida” (Gn 7:15, 22; compare com 2:7).
Esses ecos dos relatos da criação ajudam a revelar que o Deus que cria
é igual ao Deus que destrói (Dt 32:39), mas também transmitem a men-
sagem de esperança: o dilúvio foi projetado para ser uma nova criação, a
partir das águas, que leva a uma nova existência.
O movimento das águas mostra que esse evento criativo na verdade
reverte o ato criativo de Gênesis 1. Em contraste com Gênesis 1, que des-
creve a separação das águas acima e das águas debaixo do firmamento
(Gn 1:7), o dilúvio envolve sua reunificação à medida que se rompem além
de suas fronteiras (Gn 7:11).
Esse processo carrega uma mensagem paradoxal: Deus teve que des-
truir o que havia antes para permitir uma nova criação depois. A criação
da nova Terra exigiu a destruição da antiga. O evento do dilúvio prefigura
a salvação futura do mundo no fim dos tempos: “Vi novo céu e nova Ter-
ra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não exis-
te” (Ap 21:1; compare com Is 65:17).

O que em nós precisa ser destruído para então ser recriado? (Veja Rm 6:1-6).
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O velho homem de pecado, para nascer o novo | 45 |
homem em Cristo Jesus.

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■ Terça, 19 de abril Ano Bíblico: 1Rs 20, 21

O fim do dilúvio

G ênesis 7:22-24 descreve o efeito avassalador e abrangente das águas:


“Assim, foram exterminados todos os seres” “e as águas prevaleceram
sobre a terra durante cento e cinquenta dias” (Gn 7:24). Foi nesse contexto
de total aniquilação e desesperança que “Deus Se lembrou” (Gn 8:1). Essa
frase se encontra no centro das passagens que falam sobre o dilúvio, uma
indicação de que essa ideia é a mensagem central do relato.

4 3. Leia Gênesis 8:1. O que significa a expressão Deus “Se lembrou de Noé”?
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Quando nós lembramos de algo ou alguém é sinal de que aquilo ou
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aquela pessoa é importante; que ela na sai de nossa cabeça e coração.
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_________________________________________________________

O verbo zakhar, “lembrar”, significa que Deus não havia Se esquecido;


é mais do que mero exercício mental. No contexto bíblico, o “Deus que Se
lembra” significa o cumprimento da promessa divina e, com frequência,
refere-se à salvação (ver Gn 19:29). No contexto do dilúvio, a expressão
“Deus Se lembrou” significa que a chuva “se deteve” (Gn 8:2) e que Noé em
breve poderia deixar a arca (Gn 8:16).
Embora não tivesse recebido ordem direta para sair, Noé tomou a ini-
ciativa e enviou primeiramente um corvo, e depois uma pomba, para tes-
tar a situação. Finalmente, quando a pomba não voltou, ele entendeu que
“as águas que estavam sobre a terra haviam secado. Então Noé removeu
a cobertura da arca e olhou” (Gn 8:13).
O comportamento de Noé é rico em lições práticas. Por um lado, ele
nos ensina a confiar em Deus, embora Ele ainda não houvesse falado di-
retamente; por outro lado, a fé não nega o valor de pensar e testar, e não
exclui o dever de buscar e ver se o que aprendemos é verdade.
No entanto, Noé só saiu quando Deus lhe disse que saísse (Gn 8:15-19).
Mesmo quando soube que era seguro sair, ele ainda confiou em Deus e es-
perou Seu sinal antes de deixar a arca.
“Havendo entrado por ordem de Deus, [Noé] esperou instruções espe-
ciais para sair. Finalmente um anjo desceu do Céu, abriu a pesada porta e
mandou o patriarca e sua casa saírem à terra e levarem consigo todos os
seres vivos” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 77 [105]).
Leia Gênesis 8:1; 19:29 e Salmo 106:4. O que significa a expressão “Deus Se lembrou”?
Como Deus lhe mostra que “Se lembra” de você?
| 46 | Gênesis
■ Quarta, 20 de abril  Ano Bíblico: 1Rs 22, 2Rs 1

A aliança: parte 1

A quele era o momento em que a aliança prometida deveria se cumprir.


“Com você estabelecerei a Minha aliança, e você entrará na arca, você
e os seus filhos, a sua mulher, e as mulheres dos seus filhos” (Gn 6:18).
Em contraste com a ameaça divina de destruir (Gn 6:17), essa aliança é a
promessa de vida.

4. Qual foi a primeira coisa que Noé fez ao sair da arca e por quê? Gn 8:20
____________________________________________________________
Construiu altar e ofereceu a Deus sacrifícios de animais e aves limpas.
___________________________________________________________ 4
A exemplo de Adão e Eva, que certamente adoraram a Deus no sába-
do logo após os seis dias da criação, Noé adorou logo após o dilúvio, ou-
tro evento da criação. Porém, há uma diferença entre esses dois atos de
adoração. Ao contrário de Adão e Eva, que adoraram ao Senhor de forma
direta, Noé teve que recorrer a um sacrifício. Nas Escrituras, essa é a pri-
meira menção de um altar. O sacrifício foi um “holocausto” (‘olah), o mais
antigo e frequente. Para Noé, era uma oferta de ação de graças (compare
com Nm 15:1-11) a fim de expressar sua gratidão ao Criador, que o salvou.

5. Leia Gênesis 9:2-4. Como o dilúvio afetou a dieta humana? Qual era o prin-
cípio por trás das restrições divinas?
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As águas destruíram todos as frutas e sementes, mas Deus proveu
_________________________________________________________
uma saída para alimentar o seu povo. O sangue é vida e aponta
para o Salvador.
Por causa do efeito do dilúvio, os vegetais não estavam mais disponí-
veis como antes. Portanto, Deus permitiu que os humanos comessem car-
ne animal. Essa mudança na dieta gerou uma mudança na relação entre
seres humanos e animais. No relato da criação, humanos e animais com-
partilhavam a mesma dieta vegetal e não ameaçavam uns aos outros. No
mundo pós-diluviano, a matança de animais para alimento acarretou uma
relação de medo e pavor (Gn 9:2). Sem dúvida, depois que começaram a se
alimentar uns dos outros, humanos e animais desenvolveram um relacio-
namento bem diferente do que haviam desfrutado no Éden.
A tolerância divina, no entanto, tinha duas restrições: nem todos os
animais eram adequados para alimento, fato implícito na distinção en-
tre animais “limpos e impuros”, que fazia parte da ordem da criação (ver
Gn 8:19, 20; compare com 1:21, 24); eles deviam se abster de consumir
sangue, pois a vida está no sangue (Gn 9:4).
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■ Quinta, 21 de abril Ano Bíblico: 2Rs 2, 3

A aliança: parte 2
6. Leia Gênesis 8:21–9:1. Qual é a importância do compromisso de Deus com
a preservação da vida? Como as bênçãos divinas cumprem esse compro-
misso?
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A promessa de Deus se cumpre, pois quem prometeu é fiel. Suas
___________________________________________________________
são verdadeiras e a misericórdia do SENHOR não tem fim.
____________________________________________________________
___________________________________________________________
4
O compromisso de Deus em preservar a vida foi um ato da graça, e não
o resultado de méritos humanos. O Senhor decidiu fazer isso apesar
da maldade humana (Gn 8:21). Gênesis 8:22 diz que, “enquanto durar a
Terra”, isto é, enquanto a Terra atual permanecer, as estações virão e pas-
sarão e a vida será sustentada. Deus não desistiu de Sua criação.
O texto seguinte, que fala sobre a bênção divina, nos leva de volta à
criação original (Gn 1:22, 28; 2:3). O Senhor, em certo sentido, estava dan-
do à humanidade uma chance de recomeçar.

7. L
 eia Gênesis 9:8-17. Qual é o significado do arco-íris? Como esse sinal da
aliança de Deus (Gn 9:13) se relaciona com o outro sinal da aliança, o sábado?
_________________________________________________________
Deus estabeleceu um sinal, uma aliança com o seu povo e com todo
_________________________________________________________
ser vivente, de não mais destruí-los quase que totalmente por causa
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de sua maldade. O Arco Iris é um lembrança perpetua deste pacto de
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amor. Assim como o sábado é um sinal entre Deus e o homem. (Ez
_________________________________________________________
20:12,20)

A frase “estabeleço a Minha aliança” é repetida três vezes (Gn 9:9, 11, 17),
marcando o clímax e o cumprimento da promessa inicial de Deus (Gn 6:18).
Após a seção anterior (Gn 9:1-7), paralela ao sexto dia do relato da cria-
ção, está a passagem paralela à seção que fala do sétimo dia do relato da
criação, o sábado. Dentro do texto, a repetição da palavra “aliança” por
sete vezes estabelece uma ligação com o sábado. Assim como o sábado, o
arco-íris é o sinal da aliança (Gn 9:13, 14, 16; compare com Êx 31:12-17).
Além disso, como o sábado, o arco-íris tem um alcance universal; isto é,
se aplica a todos. Da mesma forma que o sábado, como sinal da criação, é
para todos, em todos os lugares, a promessa de que nenhum outro dilú-
vio mundial virá é para todos, em todos os lugares.
Da próxima vez que você vir um arco-íris, pense nas promessas de Deus para nós. Por
que podemos confiar nessas promessas? Como o arco-íris nos ajuda nisso?
| 48 | Gênesis
■ Sexta, 22 de abril Ano Bíblico: 2Rs 4, 5

Estudo adicional

É instrutivo comparar a mentalidade e o comportamento das pessoas


e o estado do mundo antediluviano com as pessoas em nossos dias.
Com certeza, a maldade humana não é um fenômeno novo. Veja os para-
lelos entre as duas épocas.
“Os pecados que atraíram a vingança sobre o mundo antediluviano
existem hoje. O temor de Deus foi banido do coração das pessoas, e Sua
lei é tratada com indiferença e desprezo. O grande mundanismo daquela
geração é igualado ao da geração que vive atualmente [...]. Deus não con-
denou os antediluvianos pelo fato de comerem e beberem [...]. Seu pecado 4
consistia em tomar esses dons sem gratidão para com o Doador e se dege-
nerarem, condescendendo com o apetite sem restrições. Não era errado se
casar. O matrimônio estava dentro da ordem determinada por Deus; foi
uma das primeiras instituições que Ele estabeleceu. Deu instruções espe-
ciais sobre essa ordenança, revestindo-a de santidade e beleza. Contudo,
essas instruções foram esquecidas, e o casamento foi pervertido e utiliza-
do apenas para satisfazer os desejos carnais. Algo semelhante existe hoje.
Aquilo que em si mesmo é lícito é levado ao excesso [...]. Fraude, suborno e
roubo ficam impunes entre ricos e pobres. A mídia está repleta de notícias
de assassinato e crimes [...]. O quadro que a Inspiração nos dá do mundo
antediluviano retrata com fidelidade a condição à qual rapidamente a so-
ciedade moderna caminha. Mesmo agora, no século atual, e nos países que
professam ser cristãos, há crimes diariamente cometidos tão hediondos
como aqueles pelos quais os pecadores do antigo mundo foram destruí-
dos” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 73, 74 [101, 102]).

Perguntas para consideração


1. Q
 uais são os traços comuns do mundo pré-diluviano e do nosso? O que
nos ensinam sobre a graça de Deus?
2. A lguns dizem que o dilúvio foi um evento local. Qual é o erro dessa
ideia? Se isso fosse verdade, cada inundação local (e cada arco-íris) fa-
ria de Deus um mentiroso?
Respostas e atividades da semana: 1. Vemos a obediência irrestrita de Noé e a graça de Deus para conosco. 2.
Porque há palavras e expressões comuns à história da criação. Deus é misericordioso e não desistiu da humanidade;
mesmo o Seu ato de destruição transmite uma mensagem de esperança. 3. Deus não Se esquece de Suas promes-
sas e de Seu povo. 4. Ofereceu um sacrifício a Deus para expressar sua gratidão. 5. Os vegetais não mais estavam
disponíveis como antes. Por isso, Deus permitiu que os humanos comessem carne animal; as restrições resguardam
a saúde humana. 6. Esse compromisso revela a graça de Deus. O Senhor não desistiu de Sua criação, apesar da mal-
dade humana. 7. O arco-íris é um sinal da aliança que Deus fez com a humanidade de que não destruiria a Terra com
água novamente. Esse sinal se relaciona com o sábado, pois também tem alcance universal.

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RESUMO DA LIÇÃO 4
O dilúvio

TEXTO - CHAVE: Mt 24:37


FOCO DO ESTUDO: Gn 6–10; 2Pe 2:5-9

ESBOÇO

Introdução: Muitos questionam a historicidade do relato bíblico sobre o dilúvio, argumen-

4 tando que tal evento mundial é incompatível com as visões científicas modernas da história
natural. No entanto, há um registro de uma inundação colossal nas memórias culturais co-
letivas de muitos povos distantes uns dos outros, em todo o mundo, e não apenas no anti-
go Oriente Próximo, Mesopotâmia, Egito e Grécia. Narrativas do dilúvio são encontradas na
Índia, China, entre os antigos habitantes da Irlanda, entre os povos maias na Mesoamérica,
nativos americanos, povos antigos da América do Sul e da África e até mesmo entre tribos
aborígenes da Austrália. O fato de a ciência moderna não conseguir dar sentido ao fenôme-
no do dilúvio não é uma prova de que esse evento nunca tenha acontecido. O fracasso da ci-
ência moderna em explicar o dilúvio é simplesmente outra evidência dos limites da ciência,
especialmente quando se trata de um fenômeno tão sobrenatural como o dilúvio de Gênesis.
Nesta semana, não estudaremos a história bíblica desse evento cósmico para entendê-
lo de um ponto de vista científico. Não dispomos de todos os dados para compreender
esse fenômeno. À parte da discussão científica, uma série de questões serão debatidas.
A questão fundamental diz respeito ao próprio Deus: o que essa história nos ensina sobre
o Deus da Bíblia e Seu propósito? O filósofo gnóstico Marcião de Sinope (85 d.C.-160 d.C.)
e muitos outros cristãos depois dele usaram o dilúvio para demonstrar que o Deus do AT
era um Deus violento e cruel, ao contrário de Jesus, o Deus de amor. Em nosso estudo, ve-
remos que os atos de justiça de Deus também são demonstrações de amor e misericórdia.

COMENTÁRIO

Deus de justiça
Depois da criação perfeita, ocorreu a queda, e o pecado entrou no mundo. A desobe-
diência que começou com nossos primeiros pais aumentou até que o mundo se encheu
de corrupção e maldade. Desde a época de Caim e Abel, a humanidade se dividiu em dois
campos. É interessante que cada linhagem genealógica seja definida com base em seu
relacionamento com Deus. Enquanto a genealogia de Caim (Gn 4:17-22) é introduzida por
sua rejeição a Deus (Gn 4:16), a genealogia de Sete (Gn 5:1-32) é introduzida pela seme-
lhança de Deus (Gn 5:1). Esse contraste explica por que a linhagem de Caim é mais tarde
identificada como os filhos dos homens, enquanto a linhagem de Sete é identificada como
“os filhos de Deus” (Gn 6:1, 2). Não é de admirar que o Senhor tenha Se preocupado ao

| 50 | Gênesis
observar que as duas linhagens estavam se misturando, produzindo uma nova linhagem
genealógica em rebelião aberta contra Deus. A frase “tomaram para si” (Gn 6:2) sugere a
intenção dos “filhos de Deus” de substituir e contrariar a atuação divina no casamento,
conforme ilustrado pelas palavras “o Senhor Deus formou” a mulher e a levou para Adão
(Gn 2:22). Os “filhos de Deus” queriam tomar o lugar de Deus, atitude que se reflete na
frase “viram que [...] eram bonitas” (Gn 6:2). Em hebraico, a palavra traduzida como “bo-
nitas” é a mesma palavra tov, “bom”, usada para descrever a reação divina à criação: “viu
que isso era bom” (Gn 1:4, 10, 12, 18, 21, 25). Essa substituição de Deus levou os “filhos
de Deus” a cometer atos que não mais estavam de acordo com as leis divinas na criação,
mas em harmonia com seus próprios desejos pecaminosos.
Aliás, o uso do plural “mulheres” sugere a introdução da poligamia, e a frase “aque-
las que, entre todas, mais lhes agradaram” sugere atividades sexuais selvagens e des-
controladas fora da lei divina. A frase “tomaram para si mulheres [...] que [...] mais lhes 4
agradaram” (Gn 6:2) tem até a conotação de satisfação própria, violência e estupro (ver
Gn 39:14, 17). Todos esses atos sexuais não eram apenas uma rejeição a Deus, mas tam-
bém abuso de mulheres.
O texto bíblico relata que Deus viu a maldade (Gn 6:5). Essa é a segunda vez que as
Escrituras apresentam Deus como Aquele que “vê” (compare com Gn 6:1-4). Paralela-
mente ao relato da criação, o ato divino de ver segue imediatamente a palavra divina:
“O Senhor disse [...]” (Gn 6:3). “O Senhor viu que a maldade das pessoas havia se multiplicado”
(Gn 6:5). Esse verso é um segundo eco ao refrão da criação, “E Deus viu que isso era bom”
(Gn 1:10). Mas nesse caso o “bom” original (tob) da criação de Deus foi substituído pelo
que lhe é contrário: a maldade (ra’ah). O comentário divino seguinte foi uma avaliação
trágica da situação. O aumento da maldade não se referia apenas a algumas ações espe-
cíficas ou atos malignos ocasionais; descrevia uma condição completa e definitiva e di-
zia respeito à raiz, às motivações profundas do coração humano onde Deus encontrou o
mal arraigado. A humanidade havia atingido o ponto sem volta. Deus devia intervir com
um dilúvio mundial para preservar um remanescente da raça humana da degradação mo-
ral completa e, portanto, da extinção.

O Deus de amor
Nessa intervenção divina, a linguagem evoca a criação. Deus lamentou ter criado o ser
humano. O “arrependimento” divino está associado à tristeza divina. Deus “ficou triste […]
e isso Lhe pesou no coração” (Gn 6:6). O verbo hebraico ‘atsab (“entristecer”) é o opos-
to de alegria (Ne 8:10) e se refere à dor mental (Gn 3:16). A emoção divina tem a ver com
Seu amor pelos humanos. É significativo que o verbo hebraico nakham, traduzido como
“ficou triste” (Gn 6:6), contenha a nuance positiva de “graça” e “amor”. Portanto, essa tra-
dução para a palavra hebraica nakham não explica totalmente os sentimentos de Deus.
O fato de o Senhor ter ficado triste ou Se arrependido (Gn 6:6, ARA, ARC e NVI) não sig-
nifica que o Criador tivesse mudado de ideia; em vez disso, contém elementos de graça
e “conforto”. Assim, a palavra nakham aparece às vezes em paralelo com a palavra shub,
“mudar de ideia” (Jr 4:28; Jn 3:9).

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O uso da palavra nakham trouxe esperança ao cenário – a perspectiva de salvação por
meio do dilúvio. A emoção de Deus revelou Seu amor pelos humanos. No entanto, Ele ex-
pressou Seu amor por meio do juízo. A resposta divina à maldade por meio da destrui-
ção é um ato de amor. A palavra hebraica makhah, “destruir”, é apresentada em um jogo
de palavras com a palavra anterior nakham (“tristeza”, “conforto”), que evoca a tristeza
e a compaixão divinas para com a humanidade por meio de Noé. Enquanto nakham suge-
re a face positiva do juízo, makhah revela sua face negativa. Além disso, a palavra makhah
pertence à linguagem do juízo. Significa, mais precisamente, “apagar”. Esse “apagamen-
to” representa uma destruição física que opera na reversão da criação, desfazendo os atos
criativos de Deus. Mas, além da destruição física, esse ato de julgamento também se re-
fere a ser espiritualmente apagado do livro da vida (Êx 32:32, 33; Sl 69:28, 29). No pensa-

4 mento bíblico, amor e justiça estão juntos (Mq 6:8).

Deus de sabedoria
A combinação de amor e justiça é precisamente o que torna a sabedoria de Deus o
que ela é. O Senhor não salva apenas por meio de Sua boa vontade e amor. Os detalhes
da construção da arca (Gn 6:14-22), que permitiriam a sobrevivência de todos os que nela
entrassem, eram evidências tangíveis da séria atenção de Deus à realidade da vida. Es-
ses detalhes arquitetônicos minuciosos não apenas testemunharam a realidade histórica
da construção da arca; eles revelaram a preocupação divina com o sucesso da operação.
Deus deu instruções precisas para esse propósito. A madeira resinosa da árvore, usada
para construir a estrutura da arca, e sua seiva foram projetadas para tornar a arca imper-
meável por dentro e por fora. Uma janela deveria estar no topo da arca para proporcionar
uma passagem de luz e ar, situada a um côvado da borda do telhado. Provavelmente era
algum tipo de treliça construída ao longo da linha do telhado, trazendo luz de tal forma
que os diferentes aposentos dentro da arca eram iluminados e ventilados.
O Deus que cuidou da construção da arca é o mesmo que mais tarde deu instruções de-
talhadas para a vida religiosa e salvação espiritual por meio dos sacrifícios do serviço do
santuário. Na verdade, existem muitos paralelos entre as plantas apresentadas para a arca
e o tabernáculo. As dimensões da arca (Gn 6:15) foram dadas de acordo com o mesmo pa-
drão e com as mesmas palavras usadas para a construção da arca no tabernáculo (Êx 25:10).
Qual era o tamanho da arca? Se o côvado fosse igual a 18 polegadas ou 45 centíme-
tros, 300 côvados para o comprimento da arca seriam 450 pés ou mais de 137 metros;
50 côvados para sua largura equivaleriam a 75 pés, ou 22 metros; e 30 côvados de altura
teriam igualado a 45 pés, ou 13 metros. Essas medidas não têm significado especial, sim-
bólico ou espiritual; elas simplesmente sugerem a magnitude do tamanho da embarcação,
que era grande o suficiente para acomodar os animais e humanos a bordo. Mas os muitos
paralelos entre a arca e o tabernáculo têm um significado profundo: O Deus que salva es-
piritualmente, Jesus Cristo, é o mesmo Deus Criador que nos salva física e materialmente.
Pergunta para discussão e reflexão: Como as três dimensões divinas – justiça, amor e
sabedoria – se relacionam entre si teologicamente?

| 52 | Gênesis
APLICAÇÃO PARA A VIDA

Não matarás. A lição essencial do dilúvio é a afirmação da vida. Após a destruição


de Sua criação e a morte de todos os humanos fora da arca, Deus disse sim à vida. Nes-
se contexto, Ele ordenou aos humanos não apenas que se multiplicassem, mas também
que não tirassem a vida, pois a vida é sagrada. Esse princípio se aplica primeiro aos ani-
mais. Portanto, a tolerância divina para algum consumo de carne, considerando a situa-
ção pós-diluviana, caracterizou-se pelo mandamento de não comer carne com sangue,
pois o sangue representa a vida (Gn 9:4). Mas, no caso dos seres humanos, a aplicação di-
vina é absoluta. Visto que Deus criou os humanos à Sua imagem, seu sangue não deve
ser derramado (Gn 9:5, 6). Embora a vida dos animais seja sagrada, conforme indicado na
proscrição do sangue, é significativo que apenas a vida humana exija uma prestação de
contas perante Deus (Gn 9:5). 4
A língua hebraica possui vários verbos para se referir ao ato de matar. Todos se apli-
cam a humanos e a animais, exceto um, o verbo ratsakh, que se aplica apenas a humanos.
É interessante o fato de ser o verbo ratsakh, “matar”, “assassinar”, o verbo usado nos Dez
Mandamentos (Êx 20:13). A nuance desse uso não diferencia entre o caso de assassina-
to e outros casos, mas entre o objeto que é morto – humanos e animais. Portanto, o sex-
to mandamento não deve ser traduzido como “não matarás”, implicando apenas o caso
específico de um ato criminoso, mas “não matarás seres humanos” em sentido absoluto.
Pergunta para reflexão: Como você aplica esse princípio à situação do serviço militar
ou à questão da pena de morte?

Uma leitura
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Lição

4■ Sábado, 16 de abril
O dilúvio

Nos dias de Noé a raça humana ainda conservava muito de seu vigor
original. Apenas poucas gerações haviam se passado desde que Adão tivera
acesso à árvore que devia prolongar a vida, e a existência do homem ainda
se media por séculos. Se aquele povo longevo, com suas raras capacidades
para planejar e executar, tivesse se dedicado ao serviço de Deus, teria feito
do nome de seu Criador um louvor na Terra e correspondido ao propósito
pelo qual Ele lhes dera a vida. No entanto, deixaram de fazer isso. Havia
muitos gigantes, homens de grande estatura e força, famosos por sua sa-
bedoria, hábeis ao projetar as mais criativas e magníficas obras; porém,
sua culpa, ao se deixar levar pela iniquidade, era proporcional à sua des-
treza e habilidade mental.
Deus concedera a esses antediluvianos preciosos e variados dons; mas
usaram Sua generosidade para glorificar a si mesmos e a transformaram
em maldição, fixando suas afeições nos dons em vez de no Doador. Empre-
garam o ouro e a prata, as pedras preciosas e as madeiras de qualidade na
construção de habitações para si mesmos e se esforçaram para superar uns
aos outros no embelezamento de suas moradas, com a mais habilidosa mão
de obra. Procuravam apenas satisfazer aos desejos de seu orgulhoso coração
e se satisfaziam com momentos de prazer e maldade. Não querendo conser-
var Deus em sua memória, logo passaram a negar Sua existência. Veneravam
a natureza em lugar do Deus da natureza. Exaltavam o gênio humano, ado-
ravam as obras de suas próprias mãos e ensinavam seus filhos a se curva-
rem diante de imagens de escultura (Patriarcas e Profetas, p. 64, 65 [90, 91]).
Sobre os antediluvianos, lemos: “O Senhor viu que a maldade das pes-
soas havia se multiplicado na terra e que todo desígnio do coração delas
era continuamente mau. […] Então Deus disse a Noé: ‘Resolvi acabar com
todos os seres humanos, porque a Terra está cheia de violência por causa
deles. Eis que os destruirei juntamente com a Terra’” (Gn 6:5, 13).
Deus advertiu os habitantes do mundo antigo em relação ao que pre-
tendia fazer para purificar a Terra de sua impureza. Eles, porém, riam-se
com escárnio daquilo que consideravam uma predição supersticiosa. Zom-
bavam da advertência de Noé quanto a um dilúvio vindouro.
O Senhor, mediante Seus embaixadores, enviou-nos mensagens de ad-
vertência, declarando que o fim de todas as coisas estava próximo. Alguns
atenderão a essas advertências, mas a grande maioria as desprezará.

| 26 | Gênesis
Assim será quando Cristo voltar. Lavradores, comerciantes, advogados
e mercadores estarão inteiramente envolvidos em negócios, e sobre eles o
dia do Senhor virá como uma armadilha (Nos Lugares Celestiais [MM 1959,
2 de dezembro], p. 343).

■ Domingo, 17 de abril: Preparação para o dilúvio


Mais de uma centena de anos antes do dilúvio, o Senhor mandou um
anjo ao fiel Noé para fazê-lo saber que Ele não mais teria misericórdia da
raça corrupta. Mas não queria que ignorassem Seu desígnio. Instruiria
Noé e faria dele um fiel pregador para advertir o mundo da destruição imi-
nente, para que os habitantes da Terra ficassem sem desculpas. Noé devia
pregar ao povo e também preparar uma arca como Deus iria lhe mostrar,
4
para salvar a si mesmo e sua família. Não apenas pregar, mas seu exem-
plo em construir a arca convenceria a todos de que ele cria no que pregava.
Noé e sua família não estavam sozinhos em temer e obedecer a Deus.
Mas Noé era o mais piedoso e santo de todos sobre a Terra, e foi aquele
cuja vida Deus preservou para executar a construção da arca e advertir o
mundo de sua condenação por vir (História da Redenção, p. 46 [62, 63]).
Noé permaneceu como uma rocha em meio à tempestade. Estava cerca-
do por todo tipo de impiedade e corrupção moral; mas em meio ao desdém
e à zombaria popular, em meio à impiedade e desobediência universais, ele
se distinguiu por sua santa integridade e inabalável fidelidade. Enquan-
to o mundo que o cercava desrespeitava a Deus e condescendia com todas
as formas de desregramento extravagante, os quais levaram à violência
e a crimes de toda espécie, o fiel pregador da justiça declarava àquela ge-
ração que um dilúvio de águas inundaria o mundo por causa da excessiva
impiedade de seus habitantes. Ele os exortou a se arrepender e crer, refu-
giando-se na arca. […]
Suas palavras eram acompanhadas de poder, pois era a voz de Deus fa-
lando ao homem por meio de seu servo. A união com Deus o tornou forte
na fortaleza do infinito poder, durante os cento e vinte anos em que sua
voz solene e admoestadora atingiu os ouvidos daquela geração, alertando
para eventos que, tanto quanto a sabedoria humana podia conceber, pa-
reciam impossíveis. […] Quão simples e pura, em meio à descrença de um
mundo escarnecedor, era a fé de Noé. […] Ele deu ao mundo um exemplo
de crer exatamente no que Deus disse (Refletindo a Cristo [MM 1986, 4 de
novembro], p. 314).
É terrível tratar levianamente a verdade que convenceu nossa com-
preensão e tocou nosso coração. Não podemos rejeitar impunemente as
advertências que Deus em misericórdia nos envia. Uma mensagem foi
enviada do Céu para o mundo nos dias de Noé, e a salvação das pessoas

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dependia da maneira pela qual eles tratassem essa mensagem. Uma vez
que rejeitaram a advertência, o Espírito de Deus foi retirado da raça pe-
cadora, e ela pereceu nas águas do dilúvio. No tempo de Abraão, a mise-
ricórdia deixou de pleitear em favor dos habitantes de Sodoma e todos,
com exceção de Ló, sua esposa e suas duas filhas, foram consumidos pelo
fogo enviado do Céu. Assim foi nos dias de Cristo. O Filho de Deus decla-
rou aos incrédulos judeus daquela geração: “Eis que a casa de vocês ficará
deserta” (Mt 23:38). Olhando para os últimos dias, o mesmo infinito po-
der declara, com relação aos que “não acolheram o amor da verdade para
serem salvos”: “É por este motivo que Deus lhes envia a operação do erro,
para darem crédito à mentira, a fim de serem condenados todos os que
4 não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2:10-12).
Ao rejeitarem os ensinos de Sua Palavra, Deus retirou Seu Espírito e os
deixou entregues aos enganos que eles amavam (Primeiros Escritos, p. 45).

■ Segunda, 18 de abril: O dilúvio


O relato bíblico está em harmonia consigo mesmo e com o ensino da
natureza. Com relação ao primeiro dia empregado na obra da criação, há
o seguinte registro: “Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gn 1:5). E es-
sencialmente o mesmo é dito de cada um dos seis primeiros dias da sema-
na da criação. A Inspiração declara que cada um desses períodos foi um
dia formado por tarde e manhã [isto é, uma parte escura e uma parte cla-
ra], como todos os dias desde aquele tempo. Em relação à obra da própria
criação, diz o testemunho divino: “Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou,
e tudo surgiu” (Sl 33:9). […]
Antes do dilúvio, o desenvolvimento da vida vegetal e animal era supe-
rior ao que se conhece desde então. Por ocasião do dilúvio, a superfície da
Terra se fragmentou, ocorreram mudanças notáveis e, na remodelação da
crosta terrestre, foram preservadas muitas evidências da vida previamen-
te existente. As vastas florestas sepultadas na terra no tempo do dilúvio,
e desde então transformadas em carvão, formam extensas áreas carbo-
níferas e fazem o suprimento do petróleo que serve ao nosso conforto e
comodidade hoje. Essas coisas, ao serem descobertas, são testemunhas si-
lenciosas da verdade da Palavra de Deus (Educação, p. 89, 90 [129, 130]).
O amor de Deus para com o mundo não se manifestou porque Ele ti-
nha enviado Seu Filho. Na verdade, Ele amava o mundo e por isso enviou
Seu Filho, a fim de que a Divindade revestida da humanidade entrasse em
contato com esta enquanto a Divindade se apoderava da Divindade. Em-
bora o pecado houvesse cavado um abismo entre o ser humano e seu Deus,
uma bondade divina proveu um plano que lançasse uma ponte sobre esse
abismo. E que material Ele usou? Uma parte de Si mesmo. O resplendor

| 28 | Gênesis
da glória do Pai veio a um mundo manchado e endurecido pela maldição
e, mediante Seu caráter, mediante Seu corpo divino, estabeleceu a pon-
te sobre o abismo. […] As janelas do Céu se abriram e as chuvas da graça
divina, como fluxos curadores, caíram em nosso mundo entenebrecido
(Nossa Alta Vocação [MM 1962, 6 de janeiro], p. 10).
É necessário que muito tempo seja gasto em oração particular, em ín-
tima comunhão com Deus. Somente dessa forma as vitórias podem ser
conquistadas. Vigilância eterna é o preço da segurança.
A aliança do Senhor é com Seus santos. Cada um deve discernir os pró-
prios pontos fracos de caráter, guardando-se contra eles com vigor. Os que
foram sepultados com Cristo no batismo, sendo ressuscitados com Ele na
semelhança de Sua ressurreição, comprometeram-se a viver em novidade
de vida. “Portanto, se vocês foram ressuscitados juntamente com ­Cristo,
4
busquem as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
Pensem nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra. Porque vocês
morreram, e a vida de vocês está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a vida de vocês, Se manifestar, então vocês também
serão manifestados com Ele, em glória” (Cl 3:1-4; Conselhos aos Pais, Pro-
fessores e Estudantes, p. 258).

■ Terça, 19 de abril: O fim do dilúvio


À medida que a violência da tempestade aumentava, árvores, edifícios,
pedras e terra eram lançados para todos os lados. O terror das pessoas e dos
animais era indescritível. Por sobre o estrondo da tempestade, ouvia-se o
pranto de um povo que tinha desprezado a autoridade de Deus. O próprio
Satanás, obrigado a permanecer no meio dos elementos em fúria, temeu
por sua existência. […] Naquela terrível hora, viram que a transgressão da
lei de Deus determinara sua ruína. No entanto, ao mesmo tempo que pelo
medo do castigo reconheciam seu pecado, não sentiam verdadeira contri-
ção nem horror ao mal. Teriam voltado a desafiar o Céu, caso o juízo tives-
se sido removido. Da mesma forma, quando os juízos de Deus caírem sobre
a Terra, antes de seu dilúvio de fogo, os impenitentes saberão precisamen-
te onde pecaram e em que consiste seu pecado: o desprezo à Sua santa lei.
Contudo, não terão o verdadeiro arrependimento mais do que tiveram os
pecadores do mundo antigo. […]
O amor, não menos que a justiça, exigia que os juízos de Deus refreassem
o pecado. As águas vingadoras varreram o último abrigo, e os que despreza-
ram a Deus pereceram nas profundezas escuras (Patriarcas e Profetas, p. 71,
72 [99, 100]).
As águas estavam a cerca de 6 metros acima das montanhas mais altas.
O Senhor lembrou-se de Noé e, à medida que as águas diminuíam, Ele fez

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com que a arca descansasse no topo de uma cadeia de montanhas, que Deus
em Seu poder tinha preservado e fizera resistir durante toda aquela violen-
ta tempestade. Essas montanhas ficavam a apenas uma pequena distância
uma da outra, e a arca se movia e ficava sobre uma, depois sobre outra des-
sas montanhas, e não mais era empurrada para mar aberto. Isso deu um
grande alívio a Noé e a todos dentro da arca. À medida que as montanhas
e colinas apareciam, elas estavam irregulares e acidentadas, e tudo ao seu
redor parecia um mar de água turva ou lama (Spiritual Gifts, v. 3, p. 77).
“Pela fé, Noé, divinamente instruído a respeito de acontecimentos
que ainda não se viam e sendo temente a Deus, construiu uma arca para
a salvação de sua família. Assim, ele condenou o mundo e se tornou her-
4 deiro da justiça que vem da fé” (Hb 11:7). Enquanto Noé estava pregando
sua mensagem de advertência ao mundo, suas obras testificavam de sua
sinceridade. Foi assim que sua fé se aperfeiçoou e se evidenciou. Ele deu
ao mundo o exemplo de crer precisamente no que Deus diz. Tudo quan-
to possuía, empregou na arca. Ao começar a construir aquele imenso bar-
co em terra seca, vinham de todos os lados multidões para ver a estranha
cena e ouvir as palavras sinceras e fervorosas daquele distinto pregador.
Cada batida desferida na arca era um testemunho para o povo (Patriarcas
e Profetas, p. 67 [95]).
Ah, como é fácil nos esquecermos de Deus, sendo que Ele nunca Se es-
quece de nós! Ele nos visita com Suas misericórdias a toda hora (Nossa Alta
Vocação [MM 1962, 4 de novembro], p. 312).

■ Quarta, 20 de abril: A aliança: parte 1


Na alegria de seu livramento, Noé não se esqueceu Daquele por cujo
gracioso cuidado haviam sido preservados. Seu primeiro ato ao deixar a
arca foi construir um altar e oferecer de toda espécie de animal e ave limpa
um sacrifício, manifestando assim sua gratidão a Deus pelo livramento e
sua fé em Cristo, o grande sacrifício. Essa oferta foi agradável ao Senhor;
e uma bênção resultou não somente ao patriarca e sua família, mas tam-
bém a todos os que viveriam sobre a Terra. “O Senhor aspirou o suave chei-
ro e disse Consigo mesmo: Nunca mais vou amaldiçoar a Terra por causa
das pessoas” (Gn 8:21). […] Aqui havia uma lição a todas as gerações que
se sucedessem. Noé saíra para uma terra desolada, mas antes de preparar
uma casa para si, construiu um altar a Deus. Seu suprimento de gado era
pequeno e havia sido preservado com grande despesa; c­ ontudo, deu ale-
gremente uma parte ao Senhor, em reconhecimento de que tudo era Dele
(Patriarcas e Profetas, p. 77, 78 [105, 106]).
Ao serem criados, Adão e Eva tinham conhecimento da lei de Deus. Esta-
vam familiarizados com suas exigências, e seus princípios estavam escritos

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no coração do casal. Quando o ser humano caiu em transgressão, a lei não
foi mudada, mas foi estabelecido um plano que remediasse a situação tra-
zendo novamente o homem ao caminho da obediência. Foi feita a promes-
sa de um Salvador, e foram prescritas ofertas sacrificais que apontavam
para o futuro, para a morte de Cristo como a grande oferta pelo pecado. […]
Adão ensinou aos seus descendentes a lei de Deus, e esta foi transmitida
de pai para filho através de gerações sucessivas. Mas, apesar das graciosas
providências para a redenção do ser humano, houve poucos que a aceita-
ram e lhe prestaram obediência. Por causa da transgressão, o mundo ficou
tão degenerado que foi necessário limpá-lo de sua corrupção por meio do
dilúvio. A lei foi preservada por Noé e sua família, e Noé ensinou aos seus
descendentes os Dez Mandamentos (Patriarcas e Profetas, p. 309 [363]).
Quando Noé olhou para as poderosas feras predadoras que saíram
4
com ele da arca, temeu que sua família, constituída apenas de oito pes-
soas, fosse destruída por elas. Entretanto, o Senhor enviou um anjo ao
Seu servo com a mensagem de segurança: “Todos os animais da Terra e
todas as aves dos céus terão medo e pavor de vocês. Tudo o que se move
sobre a terra e todos os peixes do mar serão entregues nas mãos de vocês.
Tudo o que se move e vive servirá de alimento para vocês. Assim como
lhes dei a erva verde, agora lhes dou todas as coisas” (Gn 9:2, 3). Antes
desse tempo, Deus não havia concedido ao ser humano permissão para
comer carne; era Seu desígnio que a espécie humana se sustentasse ape-
nas com os produtos da terra; mas agora que toda vegetação tinha sido
destruída, permitiu-lhes comer a carne dos animais limpos que haviam
sido preservados na arca (Patriarcas e Profetas, p. 79 [107]).

■ Quinta, 21 de abril: A aliança: parte 2


Não é por causa de um poder inerente que a Terra produz ano após ano
sua abundância e continua em seu movimento ao redor do Sol. A mão de
Deus guia os planetas e os conserva posicionados em sua bem-ordenada
marcha através dos céus. É por meio de Seu poder que verão e inverno,
plantio e colheita, dia e noite seguem-se em sucessão regular. É por meio
de Sua palavra que a vegetação floresce, aparecem as folhas e desabrocham
as flores. Todas as coisas boas que possuímos, todo raio de sol, toda chu-
va, todo pedaço de pão, todo momento de vida, é um dom de amor.
Enquanto éramos ainda destituídos de amor e do que nos fizesse amá-
veis no caráter, “odiados e odiando-nos uns aos outros” (Tt 3:3), nosso Pai
celestial teve misericórdia de nós. “Quando se manifestou a bondade de
Deus, nosso Salvador, e o Seu amor por todos, Ele nos salvou, não por obras
de justiça praticadas por nós, mas segundo a Sua misericórdia” (v. 4, 5).
Uma vez recebido, Seu amor torna-nos, semelhantemente, bondosos e ternos,

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não somente para os que nos agradam, mas também para com os mais fal-
tosos e errantes pecadores (O Maior Discurso de Cristo, p. 53, 54 [74, 75]).
Ao olharmos esse arco, selo e sinal da promessa de Deus ao ser huma-
no, de que a tempestade de Sua ira não mais desolaria nosso mundo com
as águas de um dilúvio, contemplamos Aquele que outros olhos que não
os finitos veem acima dessa gloriosa visão. Os anjos se alegram ao olhar
esse precioso testemunho do amor de Deus pelas pessoas. O Redentor do
mundo o contempla, pois foi mediante Seu auxílio que esse arco apare-
ceu no céu, como um sinal ou aliança de promessa ao homem. O próprio
Deus olha esse arco nas nuvens e Se lembra da eterna aliança entre Ele e
o ser humano. […] O arco representa o amor de Cristo, o qual circunda a
4 Terra e alcança ao mais elevado Céu, ligando os homens com Deus, e li-
gando a Terra com o Céu.
Ao olharmos o belo quadro, podemos nos alegrar em Deus, certos de
que Ele está olhando esse sinal de Sua aliança, e que enquanto Ele olha,
Se lembra dos filhos da Terra, a quem esse arco foi dado. Suas aflições,
perigos e provas não Lhe estão ocultos. Podemos nos alegrar na esperan-
ça, pois o arco da aliança de Deus está sobre nós. Ele nunca Se esquecerá
dos filhos de Seu cuidado. Como é difícil para mente do ser humano fini-
to assimilar o amor e a ternura peculiares de Deus, e Sua incomparável
condescendência quando disse: “Eu o verei e Me lembrarei” de você (Nos-
sa Alta Vocação [MM 1962, 4 de novembro], p. 312).
Devemos mandar nossas petições através das mais escuras nuvens que
Satanás sobre nós possa lançar, e deixar que nossa fé as atravesse e vá até
ao trono de Deus, circundado pelo arco-íris da promessa – a garantia de que
Deus é verdadeiro, e que Nele não há mudança nem sombra de variação. […]
Devemos nos aproximar do trono da graça com reverência, lembrando-nos
das promessas dadas por Deus, contemplando Sua bondade e oferecendo
grato louvor por Seu amor imutável. Não devemos confiar em nossas finitas
orações, mas na palavra de nosso Pai Celestial, em Sua afirmação de que nos
ama (Nos Lugares Celestiais [MM 1959, 28 de abril], p. 125).

■ Sexta, 22 de abril: Estudo adicional


Spiritual Gifts, v. 3, p. 94, 95 (“Infidelidade disfarçada”).
Olhando Para o Alto [MM 1983], 15 de março, p. 82 (“Tempo para ação”).

| 32 | Gênesis

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