TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CARGO 4: AUDITOR FISCAL DE CONTROLE EXTERNO

ÁREA: CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROVA DISCURSIVA
APLICAÇÃO: 06/03/2022

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO

1 No modelo IS/LM com câmbio fixo, sob a hipótese de perfeita mobilidade de capitais, a taxa de câmbio e a taxa nominal de
juros têm de satisfazer a condição de paridade dos juros, de tal forma que:
𝑖 𝑖∗ (1)
Em que:
i é a taxa de juros doméstica;
𝑖 ∗ é a taxa de juros internacional;
𝐸 é a expectativa de desvalorização da taxa nominal de câmbio;
𝐸 é a taxa nominal corrente de câmbio.
Se, para controlar a inflação, o Banco Central decide fixar a taxa de câmbio em determinado nível 𝐸 e, se os mercados
financeiros acreditam na capacidade da autoridade monetária de manter o câmbio fixo, de modo a validar o uso da âncora
e 
E
cambial, então a expectativa de sobre a taxa de câmbio futura t 1 , será E . Nessas condições, a paridade da taxa de juros
tornar-se-á:
i  i * (1a)
Com efeito, se os investidores acreditam na credibilidade da autoridade monetária, eles esperam que a taxa de câmbio
permaneça inalterada. Para tanto, eles exigirão que a taxa de juros doméstica seja exatamente igual à taxa de juros externa de
modo a respeitar a equação (1a).
Verifica-se, portanto, que a utilização de uma política monetária ativa pela autoridade monetária fará com que a taxa de
juros doméstica seja inferior à taxa de juros internacional. O resultado é a entrada saída expressiva de recursos no país, com
impacto severo sobre o balanço de pagamentos. A economia experimentará, dessa forma, queda das suas reservas internacionais
e, persistindo essa situação, evidenciar-se-á seu esgotamento com perda da capacidade do Banco Central de intervir no mercado
cambial.
Segue-se, portanto, que uma política monetária ativa que conduz a economia a uma situação de déficit permanente no
balanço de pagamentos é incompatível com a manutenção do regime de câmbio fixo. Assim, sob taxas de câmbio fixas, o Banco
Central abre mão da política monetária como um instrumento de política macroeconômica. Fixar a taxa de câmbio implica
respeitar a equalização das taxas de juros interna e externa. Nesse contexto, a oferta de moeda tem de se ajustar para manter tal
nível de taxa de juros compatível com a equação (1a).
Em complemento, no modelo IS/LM com âncora cambial, a equação da IS determina por si só o produto. A curva LM,
neste cenário, tem como função determinar a quantidade de moeda em circulação, ou seja, a eficácia da política monetária é nula.
A utilização de uma política de esterilização para realizar uma política monetária eficaz, em um regime de câmbio fixo,
só será factível se a autoridade monetária adotar:
a) controle à saída de capitais; ou se
b) o Banco Central possuir um expressivo volume de reservas internacionais; no entanto, mesmo essa situação possui limitações
temporais, uma vez que ela será dinamicamente inconsistente no longo-prazo, pois, uma vez esgotadas as reservas
internacionais, a autoridade monetária perderá a capacidade de controlar o nível da taxa de câmbio.
2 Quando a economia opera com câmbio flutuante, a expansão monetária provoca o aumento do produto, a redução da taxa
de juros e uma depreciação da moeda nacional. Com efeito, a expansão monetária faz com que a taxa de juros se reduza, o
que torna os títulos da dívida interna menos atraentes em relação aos seus pares externos. Como resultado, evidencia-se
depreciação cambial. Assim, taxas de juros mais baixas e moeda depreciada fazem com que a demanda e o produto
aumentem. Nesse caso, a taxa de câmbio exerce papel central na transmissão da política monetária, pois é por meio da taxa
de câmbio que a expansão monetária afeta as exportações líquidas e o crescimento do produto. A título de comparação, se
o câmbio, no entanto, fosse fixo, então ocorreriam perdas de reservas e a contração monetária exigida faria com que a
economia voltasse ao equilíbrio inicial. Em suma, com câmbio fixo, a política monetária é passiva e, com câmbio flutuante,
ela pode ser ativa e eficaz para elevar o nível de renda.
QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não discutiu a consistência da política econômica nem a factibilidade de uso da política monetária, ou o fez de forma
totalmente equivocada;
1 – Discutiu apenas a consistência da política econômica ou apenas a factibilidade de uso da política monetária, mas não
demonstrou a satisfação da condição de paridade dos juros por meio de equação;
2 – Discutiu a consistência da política econômica, demonstrando a satisfação da condição de paridade dos juros por meio de
equação, mas não discutiu a factibilidade de uso da política monetária;
3 – Discutiu a consistência da política econômica, demonstrando a satisfação da condição de paridade dos juros por meio de
equação, e discutiu a factibilidade de uso da política monetária, mas não apresentou as opções de eficácia dessa política;
4 – Discutiu, com propriedade técnica e teórica, a consistência da política econômica, demonstrando a satisfação da condição de
paridade dos juros por meio de equação, e discutiu a factibilidade de uso da política monetária, apresentando adequadamente as
opções de eficácia dessa política.

2.2
0 – Não discutiu o aspecto ou o fez de forma totalmente equivocada;
1 – Apenas abordou a influência da expansão monetária sobre a taxa de juros, mas não mencionou a influência sobre os títulos
da dívida interna em relação aos pares externos;
2 – Abordou a influência da expansão monetária sobre a taxa de juros, mencionou a influência sobre os títulos da dívida interna
em relação aos pares externos, mas não mencionou o seu resultado, ou seja, a depreciação cambial;
3 – Abordou a influência da expansão monetária sobre a taxa de juros, mencionou a influência sobre os títulos da dívida interna
em relação aos pares externos, mencionou o seu resultado, ou seja, a depreciação cambial, mas não mencionou que é por meio
da taxa de câmbio que a expansão monetária afeta as exportações líquidas e o crescimento do produto, nem estabeleceu
comparação com o câmbio fixo;
4 – Discutiu o aspecto especificado de forma completa e com a devida propriedade técnica e teórica.