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503
Ariel Maurício Torrico Rojas (1); Roberto Caldas de Andrade Pinto,Ph.D. (2)
Palavras Chaves: Concreto de Alto Desempenho, Normas Internacionais, CAD, ACI, CEB, EUROCODE.
Resumo
A utilização do Concreto de Alto Desempenho em projetos estruturais vem sendo cada
vez mais freqüente no Brasil e no mundo. Entretanto, as propriedades mecânicas do
Concreto de Alto Desempenho são geralmente bastante diferentes das propriedades dos
concretos convencionais. Assim, há a necessidade de uma revisão dos critérios de
cálculo, hipóteses e limitações para efeitos de projeto estrutural. Equações e parâmetros
relacionados às propriedades do material aplicáveis no projeto de estruturas geralmente
são baseados em estudos e ensaios com concretos convencionais, não podendo
necessariamente ser generalizados para os concretos de alto desempenho.
Este trabalho pretende apresentar comparativamente algumas disposições para concreto
de alto desempenho presentes em normas e procedimentos internacionais.
1 Introdução
1.1 Histórico
A evolução do concreto foi muito lenta num princípio, um século transcorreu para que
fosse implementada a utilização de novos componentes adicionais aos inicialmente
considerados (água, cimento, agregado miúdo e agregado graúdo). Somente com o
surgimento dos primeiros aditivos químicos em 1938 é que foi possível sua incorporação
ao concreto modificando suas propriedades mecânicas. (HELENE,1997).
Nas décadas de 60 e 70, uma série de fatores implicou num desenvolvimento acelerado
da industria do concreto:
• Boa trabalhabilidade;
• Alta resistência;
• Grande Durabilidade.
Essa resistência, atingindo valores superiores a 100 MPa, tem feito com que o concreto
de alto desempenho venha sendo especificado nos pilares de edifícios muito altos,
destacando-se as Torres Petronas em Kuala Lumpur um edifício com mais de 100
pavimentos.
Tabela 1 – Edifícios executados com concreto de alta resistência (FIP/CEB,1990; DAL MOLIN, et al. 1997)
fck
EDIFÍCIO LOCAL ANO No Pav. (MPa)
MASP São Paulo 1963 45
Lake Point Tower Chicago 1965 70 52
Water Tower Place Chicago 1975 79 62
River Plaza Chicago 1976 56 62
Columbia Center Seattle 1983 76 66
Interfirst Plaza Dallas 1983 72 69
311 South Wacker Drive Tower Chicago 1989 79 83
Grand Arche de la Défense Paris 1988 65
Two Union Square Seattle 1989 58 115
Pacific First Center Seattle 1989 44 115
Scotia Plaza Building Toronto 1988 70
One Wacker Place Chicago 1990 100 80
CNEC São Paulo 18 60
225 W. Wacker Drive Chicago 1989 31 96
Melbourne Central Tower Melbourne 1990 55 80
Cond. Emp. Previnor Salvador 18 60
Suarez Trade Salvador 1993 31 60
First Republic Bank Plaza Dallas 1986 72 69
One Peachtree Center Atlanta 1991 95 83
No CAD, dada uma menor diferença entre os comportamentos elásticos das fases (pasta,
agregados), o comportamento do concreto é mais linear com uma tendência de redução
da microfissuração.
4
x 10
5
4.5
3.5
Ec [M Pa]
2.5
MC-90
AS-3600
2
ACI-363
EC-2
NS
1.5
0 20 40 60 80 100 120
fck [M Pa]
Figura 1 – Módulos de elasticidade
2.2.1 MC 90
A norma australiana permite uma variação de 20% para mais ou menos nos valores
estimados.
2.2.4 EC 2
E cm = 9500(fck + 8 )
0.33
(Módulo secante) (Equação 6)
fck em MPa
2.2.5 NS
E = 9975(f ' c )
0. 3
f’c em MPa (Equação 7)
Os parâmetros que influenciam a resistência à tração dos concretos são os mesmos que
influenciam a resistência à compressão, sendo que há evidências de que a resistência à
tração do concreto é mais afetada pelas condições de cura do que a resistência à
compressão. (ACI 363R-92).
2.3.1 MC 90
0. 6
⎛ f + ∆f ⎞
fctm = fctko,m ⎜⎜ ck ⎟⎟ (Equação 8)
⎝ fcko + ∆f ⎠
onde:
fctko,m = 1.80 MPa
fcko = 10 MPa
∆f = 8 MPa fck em MPa
2.3.2 AS 3600
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 VI.496
IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0015 - pg. VI.492 - VI.503
2.3.4 EC 2
fctm = 0.3(fck )
0.67
fck em MPa (Equação 11)
11
MC-90
AS-3600
10
ACI-363
EC-2
9
7
fct [M Pa]
1
0 20 40 60 80 100 120
fck [M Pa]
Figura 2 – Resistência à tração
2.5.1 MC 90
40
fc [M Pa]
30
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
1000 ec
Figura 3 – Diagrama tensão – deformação para concreto em compressão do MC-90
A forma das curvas tensão – deformação são obtidas através das seguintes equações:
⎧⎪ ⎡ ⎛ ε ⎞⎤ n ⎫⎪
σ cd = 0.85fcd ⎨1 − ⎢1 − ⎜⎜ c ⎟⎟⎥ ⎬ para εc < εc1 (Equação 12)
⎪⎩ ⎣ ⎝ ε c1 ⎠⎦ ⎪⎭
onde:
ε c1 = 0.002 + 0.5(fck − 50 )10 −5 (Equação 14)
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 VI.498
IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0015 - pg. VI.492 - VI.503
⎛ f ⎞
ε cu = 0.0025 + 0.002⎜1 − ck ⎟ (Equação 15)
⎝ 100 ⎠
n = 2 − 0.008(fck − 50 ) (Equação 16)
fck em Mpa
80
70
60
50
fc [M Pa]
40
100 MPa
90 MPa
80 MPa
30
70 MPa
60 MPa
50 MPa
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
1000 ec
Figura 4 – Diagrama tensão – deformação para concreto em compressão do ACI-363
⎡ ⎛ε ⎞ ⎛ εc ⎞
2
⎤
fc = 0.85 f ' c ⎢2⎜⎜ c ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ para 0 < εc < εo (Equação 17)
⎢⎣ ⎝ ε o ⎠ ⎝ εo ⎠ ⎥⎦
onde:
2(0.85 f ' c )
εo = (Equação 19)
Ec
f’c em Mpa
2.5.3 EC 2
As curvas estão em função da seguinte expressão:
46º Congresso Brasileiro do Concreto - ISBN: 85-98576-02-6 VI.499
IBRACON - Volume VI - Projeto de Estruturas de Concreto - Trabalho CBC0015 - pg. VI.492 - VI.503
⎡ kn − n 2 ⎤
σ c = 0.85fcd ⎢ ⎥ para 0 < εc < εc1 (Equação 20)
⎣1 + (k − 2)n ⎦
onde:
εc
n= (Equação 22)
ε c1
k=
(1.1E cm )ε c1 (Equação 23)
fck
⎛ f ⎞
ε cu = 0.0025 + 0.002⎜1 − ck ⎟ (Equação 25)
⎝ 100 ⎠
fck em Mpa
Observa-se que os limites para as deformações, εc1 e εcu, são similares aos do Código
Modelo.
60
50
40
fc [M Pa]
30
20
100 MPa
10 90 MPa
80 MPa
70 MPa
60 MPa
50 MPa
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
1000 ec
Figura 5 – Diagrama tensão – deformação para concreto em compressão do EC-2
50
40
fc [M Pa]
30
20
10
MC-90
ACI-363
EC-2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
1000 ec
Figura 6 – Diagrama tensão – deformação para fcd ou f’c igual a 70 Mpa
das diferentes Normas Internacionais
Observa-se que as curvas dadas pelo CEB e EC 2 são bastante parecidas, já que o
Eurocódigo está baseado no Código Modelo.
3 Comentários Finais
O CAD é um material frágil, que quanto maior a resistência maior a sua fragilidade,
portanto para cada nível de resistência de concreto deve ser utilizada curvas tensão-
deformação diferentes. Há uma necessidade de quantificar estes parâmetros para efetuar
um dimensionamento seguro.
Observa-se que os diagramas E x fc dados pela Norma ACI apresentam uma maior
linearidade em comparação com os diagramas dados pelas outras internacionais.
4 Referências
COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990. London,
Thomas Telford, 1993.
PRIYAN MENDIS. Design of High Strength Concrete Members: State of the Art.
National Library of Austrália; 2001.