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Curso Online:

Português Básico
Gêneros Jornalísticos..........................................................................................2

Progressão Textual.............................................................................................7

O Texto Dissertativo-argumentativo...................................................................8

A Intertextualidade.............................................................................................12

Estrutura da Notícia e Pirâmide Invertida..........................................................15

Coerência e Coesão..........................................................................................17

Clareza, concisão, estilo e estrutura.................................................................18

Norma culta.......................................................................................................20

Funções da Linguagem.....................................................................................23

Referências Bibliográficas.................................................................................28

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GÊNEROS JORNALÍSTICOS

Técnica de redação é o nome que se dá à prática de escrever para


a imprensa ou veículos jornalísticos. A redação jornalística é o estilo de prosa
curta, utilizado em matérias jornalísticas e boletins noticiosos publicados
em jornais, revistas, rádio e televisão.

As últimas pesquisas na área de estudo de textos apontam para a necessidade


do debate sobre a questão do gênero textual não só no âmbito acadêmico, mas
principalmente no contexto do ensino de língua materna. De fato, não se pode
negar que a discussão sobre o trabalho com gêneros textuais apresenta,
atualmente, grande inserção no cenário escolar.

Todavia, é importante verificar de que maneira essas novas teorias sobre texto
estão sendo aplicadas nos materiais didáticos em circulação que, por muitas
vezes, lidam com essa gama de informações novas mais como uma forma de
atualizar a abordagem do que com uma estratégia de aplicar de maneira
coerente as teorias mais recentes sobre gêneros textuais.

Tipo ou gênero textual é o nome dado às formas mais ou menos


estáveis com que as pessoas podem se comunicar e interagir. (...) Os recados
nas secretárias eletrônicas são um bom exemplo dos gêneros mais novos. (...)
Dois grandes “gêneros” textuais parecem ser básicos e originar todos os
outros, que seriam “partes” ou combinações deles: narração e dissertação. (...)
A carta comercial pode ser enquadrada no gênero epistolar.(p. 161); Você pode
escolher o gênero: narração(...) ou dissertação (p. 174). [grifos nossos]

Mais adiante, apesar de algumas atividades serem interessantes – em


unidades como a que aborda as cartas, por exemplo – surge uma confusão de
terminologias e exemplificações, percebidas nos trechos a seguir (grifos
nossos):

“A carta como gênero discursivo” (p. 588); “A carta, além de ser um texto,
também apresenta um suporte de texto” (p. 591); “tipos de textos que
utilizamos na nossa vida de estudante” (p. 624), citando como exemplos

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resumo, quadro sinótico, aula, palestra, seminário (e, para cada um deles, há
um quadro em que se fala do “ponto de vista da maximização da atividade com
o gênero” – cf. p. 624-637); “gêneros jornalísticos (informativo,
interpretativo/crítico, opinativo, de entretenimento)” e “tipos de texto (crônica,
charge, editorial, lide, manchete, entrevista, notícia, cartas, propaganda...)” (p.
708-9). Ou seja, uma mistura de termos que, sem explicação devida e sem
qualquer referencial teórico no Manual do Professor, dificulta a compreensão e
a aplicação dos conceitos.

Muitas críticas são feitas aos PCN de língua portuguesa, mas as ideias
apresentadas nos Parâmetros, como já dissemos, não são tão novas: autores
como Fávero & Koch (1983), Travaglia (1996), Geraldi (1997), apenas para
citar alguns, já sugerem uma abordagem mais produtiva no ensino de língua
portuguesa há muito tempo e certamente influenciaram a elaboração dos PCN.
Da mesma forma, pesquisas por todo o Brasil mostram como se pode melhorar
a concepção dos alunos a respeito da própria língua e diminuir o preconceito
linguístico, com atividades simples, que privilegiam o uso, a reflexão, no lugar
de apenas dividir e classificar termos, orações etc. Da parte do governo, as
avaliações dos LDP vêm tentando melhorar a qualidade dos materiais
didáticos, com programas como o PNLEM.

Entretanto, no que se refere a TT e GT, os livros de ensino médio ainda têm


um longo caminho a percorrer. Os livros analisados nesta pesquisa, aprovados
no PNLEM/2009, servem como um panorama da confusa seara que tem se
tornado abordar TT e GT. Isso não compromete a qualidade dos LDP citados –
nem foi objetivo deste artigo discutir esse aspecto –, mas é digno de nota que,
embora seja possível perceber a preocupação do PNLEM em aferir a formação
de leitores e produtores críticos e competentes, com base numa abordagem
coerente dos GT e das TT, os LDP ainda demonstram certa instabilidade de
conceituação.

Como consequência, na escola há dificuldade para organizar o conteúdo


programático incluindo uma abordagem produtiva com gêneros textuais, que
demonstre que os produzimos em situações reais de interação. Muitas vezes o
problema acontece porque o professor não conhece teorias como Linguística
Textual e Análise do Discurso, que se apropriam das ideias de Bakhtin (1992
[1929]) sobre os gêneros e embasaram os PCN. Além disso, é comum o
professor considerar o livro didático, em especial o Manual do Professor, como
referencial teórico, mas nem sempre os autores desses manuais deixam claros
os objetivos do trabalho com gêneros ou definem corretamente os conceitos
básicos. Se os materiais didáticos apresentam falhas e os documentos oficiais
nem sempre explicitam definições, o professor acaba ficando sozinho na tarefa
de definir como trabalhar os textos em sala de aula.

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A reportagem é um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no
testemunho direto dos fatos e situações explicadas em palavras e, numa
perspectiva atual, em histórias vividas por pessoas, relacionadas ao seu
contexto. A reportagem televisiva, testemunho de ações espontâneas, relata
histórias em palavras, imagens e sons.

O repórter pode valer-se também de fontes secundárias


(documentos, livros, almanaques, relatórios, recenseamentos, etc.) ou servir-se
de material enviado por órgãos especializados em transformar fatos em
notícias (como as agências de notícias e as assessorias de imprensa).

Em diversas editorias do jornalismo diário (assim como


em rádio, TV e internet), é comum a figura do repórter setorista, ou seja,
especializado em cobrir um determinado assunto ou instituição.

Na editoria de Geral, por exemplo, existem os setoristas de polícia, saúde,


transportes, serviços públicos, do Instituto Médico Legal, etc. Em Política, há os
setoristas do palácio do governo, do parlamento, de cada ministério ou
secretaria, entre outros. Já na Economia, trabalham setoristas de mercado
financeiro, do Banco Central, de petróleo, de construção civil, e similares.

Por classificação, a reportagem é do gênero informativo, e não pode conter a


opinião do autor. Entretanto, muitas vezes é possível ver autores expressando
suas opiniões em uma reportagem, principalmente no jornalismo literário.

A reportagem, tal como a notícia, tem uma estrutura.

Essa estrutura é: manchete, título auxiliar, lead e corpo da reportagem.

No ensino colegial e nos vestibulares (exames de ingresso universitário)


do Brasil, o termo redação é aplicado a ensaios dissertativos, geralmente
argumentativos, curtos (no máximo uma página) exigidos para avaliação da

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habilidade verbal escrita dos estudantes. Redações são muito comuns nas
aulas de Português e Literatura.

No currículo escolar, existem três modos básicos de redação: descrever,


narrar, dissertar.

A descrição é uma caracterização: o redator apresenta características de


alguma coisa: de uma pessoa, de um objeto, de uma paisagem, de um bicho,
de uma planta, de um ser imaginário etc. - características percebidas que, com
o texto, levam o leitor a perceber. A redação descritiva trabalha com a
capacidade de percepção humana, enquanto sujeitos ao contato sensível com
o mundo.

A descrição deve, pois, ir além do simples retrato: deve transmitir ao leitor uma
visão pessoal ou uma interpretação do autor acerca daquilo que descreve, de
modo a, por meio dos sentidos, nos transmitir uma imagem singular, original e
criativa. Mesmo que, salvo a técnica ou científica, toda descrição revela, em
maior ou menor grau, a impressão do autor sobre aquilo que descreve.

Tradicionalmente, as descrições são classificadas pelo assunto que abordam.


Nessa classificação, dois tipos se destacam: a descrição geográfica e o retrato.
A descrição geográfica trata da aparência das coisas não humanas tal qual se
dão à percepção. O retrato trata das aparências do ser humano, enquanto
indivíduo ou tipo, tanto físicas como de caráter e ideologia.

Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são


apresentadas como realmente são, concretamente.

Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando


o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de quem
escreve.

Enquanto na descrição predominam os substantivos e adjetivos, a narração


enfatiza o verbo, pois sua função é contar, relatar um fato ocorrido, presente ou
por acontecer. A narrativa é uma descrição abstrata e complexa que substitui o
objeto estático pela dinâmica do acontecimento. Na narrativa, o objeto deixa de
ser concreto e único para se transformar na relação factual entre sujeito e
predicado.

A dissertação por sua vez, atinge uma complexidade lógica ainda maior, pois
seu foco abandona o mundo concreto para se concentrar no plano
dos significados. Nesse peculiar, a dissertação expressa uma opinião, um
ponto de vista, também chamado tese, um julgamento sobre o objeto descrito
ou sobre o fato narrado. Não se passa a dissertação no mundo extenso, mas
no foro íntimo do sujeito, a dissertação interpreta a realidade. A dissertação é o

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modelo de redação mais cobrado em provas de vestibulares no Brasil, sendo
referenciada como redação dissertativa (ou texto dissertativo). A saber, os tipos
mais comuns de dissertação escolar são:

Texto Dissertativo-Expositivo

Esse tipo textual apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber


teórico. Com isso, apenas se expõem informações sobre assuntos, informa-se,
reflete-se, explica-se e avalia-se uma ideia de modo objetivo. Nessas
circunstâncias, o texto expositivo apenas exibe pensamentos, juízos ou teses
sobre um determinado assunto, uma vez que sua principal intenção é informar,
esclarecer. Ex.: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos
expositivos de revistas e jornais, etc.

Exemplo:

Émile Durkheim considera o suicídio como fato social, quando esse ocorre em
conjunto, em uma determinada sociedade e em um certo período. Em sua obra
intitulada "O Suicídio", o filósofo conceitua três tipos desse ato: o egoísta, o
anômico e o altruísta. Nessas ocorrências, a sociedade exerce uma importante
influência na vida de um indivíduo, pois Durkheim considera que a causa do
suicídio estaria na ausência de atos da sociedade sobre os diferentes
indivíduos.

Texto Dissertativo-Argumentativo

Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou de um ponto de


vista do autor. O texto, além de explicar, também busca convencer o leitor,
objetivando induzi-lo a algo. Essa modalidade textual caracteriza-se pela
progressão lógica de ideias e, geralmente, utiliza linguagem denotativa. É tipo
predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, manifesto,
crítica, editorial de jornais e revistas.

Exemplo:

Em análise ao tema proposto, a “Educação Bancária”, termo utilizado por Paulo


Freire para tipificar e denegrir o ensino alienador contemporâneo, é um sistema
exaurido, demorado e pérfido que causa um desincentivo aos alunos, de
maneira a prejudicar, sobretudo, a sociedade, já que essa metodologia
inadmissível fomenta a manutenção da estratificação das classes sociais. No
que concerne a esse contexto, é preciso sobrelevar a obra “Educação para
quem?”, de Adorno e Horkheimer, uma vez que essa literatura é fundamental

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para a compreensão dos resultados ruins de um ensino alienador cujo objetivo
é formar indivíduos passivos e acríticos. Em síntese, é nítido que a
escolarização é um meio relevante para a formação de uma população ativa e
crítica, minimizando a incidência de sensos comuns e, por conseguinte, de
inconscientes coletivos que podem ocasionar flagelos, como a intolerância.

PROGRESSÃO TEXTUAL

Um texto, para ter encadeamento lógico e progressão, deve apresentar as


ideias adequadamente ligadas entre orações, períodos e parágrafos,
compondo um todo coeso e coerente. Por meio de diversos recursos
linguísticos, é possível conectar as partes de uma produção escrita ou falada.

Podemos estabelecer ligação com as informações anteriormente expostas por


meio de epítetos, termos ou frases que qualificam uma pessoa ou objeto.

Exemplo:

A presidenta recebeu Pelé no Palácio do Planalto. O "Rei do Futebol" foi falar


sobre a Copa.

Também podemos fazer isso por meio das nominalizações, isto é,


transformando um verbo da sentença em substantivo. Veja:

O filho desfeiteou o pai. A mãe fez uma interferência que desfeitas não são
atos dignos.

Repare que a coesão foi possibilitada em virtude do uso dos termos


"desfeiteou" e "desfeitas".

Outro importante recurso é o uso de pronomes para substituir um termo ou se


referir a ele, sobretudo os pronomes relativos.

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Especificamente, a redação jornalística deve ser inteligível para a maior parte
dos leitores em potencial, bem como ser instigante e concisa. Dentro destes
limites, matérias também pretendem ser compreensíveis ou satisfazer a
curiosidade dos leitores. Os jornalistas devem antecipar as dúvidas dos leitores
e respondê-las.

O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e convencer,


ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma
opinião crítica acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse
assunto através de uma argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos
verídicos e dados concretos.

A apresentação dos argumentos deve seguir uma sequência lógica. Pode


haver um argumento principal e argumentos auxiliares ou vários argumentos
fortes. O mais importante é que estes sejam objetivos e detalhados e que haja
conexão entre eles.

Os diversos argumentos deverão ser sustentados com exemplos e provas que


os validem, tornando-os indiscutíveis, como:

 fatos comprovados;
 conhecimentos consensuais;
 dados estatísticos;
 pesquisas e estudos;
 citações de autores renomados;
 depoimentos de personalidades renomadas;
 alusões históricas;
 fatores sociais, culturais e econômicos.

Estas estratégias argumentativas validam os argumentos, dotando-os de


autoridade, consenso, lógica, competência e veridicidade. Assim, os leitores
não só refletem sobre estes, como ficam obrigados a concordar com os
argumentos, sem hipótese de os rebater.

Além disso, diversos recursos de linguagem podem ser usados para captar a
atenção do leitor e convencê-lo da correção da tese, como a utilização de uma
linguagem formal, de perguntas retóricas, de repetições, de ironia, de
exclamações,…

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Na conclusão há a retoma e reafirmação da tese inicial, já defendida pelos
diversos argumentos apresentados no desenvolvimento. Pode ocorrer a
apresentação de soluções viáveis ou de propostas de intervenção. A conclusão
aparece como um desfecho natural e inevitável visto o pensamento do leitor já
ter sido direcionado para a mesma durante a apresentação dos argumentos.

Estrutura do texto dissertativo-argumentativo:

Uma redação dessa natureza, nada mais é do que um texto que tem como
objetivo defender uma tese e persuadir o leitor a concordar com ela. De modo
geral, os autores expressam a sua opinião sobre um determinado assunto e
usam argumentos para fundamentá-la.

A apresentação da tese e dos argumentos deve ser feita de forma clara e


objetiva, sempre levando em consideração a diferença entre um texto
informativo e um texto dissertativo. Ou seja, o objetivo não é informar o leitor, e
sim, convencê-lo a respeito de uma ideia.

De forma didática, divide-se a estrutura do texto dissertativo-argumentativo em


introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução Desenvolvimento Conclusão

O primeiro parágrafo do texto sempre é composto pela apresentação do


assunto que será tratado e da tese que será defendida. Nas provas de
concurso, processo seletivo e vestibular, geralmente o tema é fornecido pela
banca organizadora, que também fornece alguns fragmentos textuais de apoio.

Uma boa dica é apontar a situação geral daquela temática, explicando sua
relevância. Para mostrar o domínio do conteúdo, outra opção é sempre citar
alguma notícia recente ou acontecimento histórico que esteja relacionado ao
tema.

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Obs.: Estabelecida a tese, é hora de partir para o desenvolvimento, que será
baseado em argumentos consistentes.

Durante o desenvolvimento acontecerá a fundamentação dos pontos que


sustentam a tese. Literalmente, é a hora de brigar pela ideia lançada no
primeiro parágrafo. Mas e qual a melhor forma de fazer isso?

Não basta fazer a defesa usando justificativas soltas e contraditórias. É


necessário fazê-la de forma coerente, usando dados sólidos e argumentos
favoráveis e contrários à tese.

Para fundamentá-la é necessário lançar mão dos operadores argumentativos,


que são palavras que conectam os enunciados, conferindo coesão ao texto.
Entre as principais funções desse recurso, é possível citar o reforço,
exemplificação, reafirmação e comparação do argumento.

Algumas estratégias são essenciais para desenvolver bons argumentos. As


mais adotadas são a indicação de consequência, causas, efeitos e motivos,
além de exemplificar, enumerar e confrontar as ideias.

A apresentação desses argumentos sempre deve respeitar uma sequência


lógica, tendo a possibilidade de ter um ponto central e outros auxiliares que o
complementam, sempre observando a conexão feita entre eles.

Chegou a hora de dar um desfecho ao texto. O último parágrafo será composto


pela conclusão, que, de modo geral, tem entre cinco e seis linhas. Nela, será
retomada a tese do primeiro parágrafo que foi defendida durante todo o
desenvolvimento.

Principais categorias de argumentos:

Evidências: é um dos tipos mais aconselháveis, porém, é necessário explicar


de onde aquela informação foi retirada, ou seja, qual a sua fonte. As mais
comuns são pesquisas, relatórios, fatos comprováveis e informações científicas
oriundos de fontes confiáveis.

Fundamentação lógica: a argumentação é pautada em operações de


raciocínio lógico, como por exemplo, estabelecer causa e efeito, e
consequência, entre as ideias já apresentadas.

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Citações: as citações podem fazer parte do texto, desde que se faça as
devidas referências e que esteja explicitado que aquela frase não se trata de
sua autoria. Caso contrário, o corretor poderá apontar plágio e aplicar as
punições detalhadas no edital, que vão desde a retirada de pontos até a
eliminação do pleito.

Argumentos baseados no senso comum: por último, um exemplo do que


usar moderadamente em redações. Esse tipo de argumento diz respeito aos
conhecimentos compartilhados pelas pessoas. São aceitos universalmente,
sem necessidade de comprovação. Por isso, são pouco persuasivos e
facilmente refutáveis.

Diferente da narrativa, no texto dissertativo-argumentativo não há progressão


temporal. Assim sendo, os verbos devem ser usados no presente do indicativo
com valor atemporal.

Nunca ultrapasse a quantidade máxima de linhas estabelecidas pelo edital.


Dependendo dos critérios de avaliação, o candidato que fizer isso pode perder
muitos pontos ou ter a redação zerada.

Um texto dissertativo de qualidade conta com muitos conceitos genéricos. Por


consequência, ele precisa ter muitos substantivos abstratos.

Evite usar palavras difíceis, jargões, e regionalismos. Expressões complicadas


não são sinônimos de um texto de qualidade. Pelo contrário, se forem mal
empregadas elas podem deixar o candidato em desvantagem.

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A INTERTEXTUALIDADE

O termo intertextualidade, em si, transformou-se muitas vezes desde que foi


criado pela pós-estruturalista Julia Kristeva em 1966. Como o filósofo William
Irwin escreveu, o termo "passou a ter tantos significados, que os usuários,
desde aqueles fiéis à visão original de Kristeva até aqueles que simplesmente
o usam como uma forma elegante de falar de alusão e influência."

Por intertextualidade entende-se a criação de um texto a partir de outro pré-


existente. A intertextualidade pode apresentar funções diferentes, as quais
dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida, ou seja,
dependendo da situação.

Exemplos de obras intertextuais incluem:

 alusão,
 conotação,
 versão,
 plágio,
 tradução,
 pastiche e
 paródia.

Tipos de intertextualidade:

Obs.: Podemos destacar doze tipos de comandos.

Alusão ou referência - Na alusão, não se aponta diretamente o fato em


questão; apenas o sugere através de características secundárias ou
metafóricas.

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Bricolagem - são alguns procedimentos de intertextualidade das artes
plásticas e da música que também aparecem retomados na literatura. Quando
o processo da citação é extremo, ou seja, um texto é montado a partir de
fragmentos de outros textos, tem-se um caso de bricolagem.

Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas e geralmente


com o nome do autor deste. A Citação é um fragmento transcrito de outro
autor, inserido no texto entre aspas.

Crossover - é aparição ou encontro entre personagens que pertencem a


universos fictícios diferentes em determinados capítulos, episódios, edições ou
volumes de alguma obra artística.

Epígrafe - é um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título, que


apresenta outra criação, guardando com ela alguma relação mais ou menos
oculta.

Paráfrase - o autor recria, com seus próprios recursos, um texto já existente,


"relembrando" a mensagem original ao interlocutor.

Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo


retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela muitas vezes perverte o
texto anterior, visando a crítica de forma irônica.

Pastiche - é definido como obra literária ou artística em que se imita


abertamente o estilo de outros escritores, pintores, músicos, etc.

Plágio - é a cópia e/ou alteração indevida e não-licenciada de uma obra


artística, científica ou literária por alguém que afirma ser o autor original da
mesma.

Sample - são trechos "roubados" de outras músicas e usados como base para
outras produções.

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Tradução - a tradução é a adequação de um texto em outra língua, a língua
nativa do país. Por exemplo, um livro em turco é traduzido para o português.

Transliteração - técnica linguística que, tal como a tradução, ocupa-se de


adequar termos, nomes e expressões de uma língua para outra, entretanto
adaptando-as para um alfabeto que possui letras diferentes de seu original.

Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de


um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto,
música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra
ocorre a intertextualidade.

A intertextualidade consiste na influência e na relação que um texto exerce


sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de um texto, onde o
autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou implícitas
de outra obra.

A intertextualidade é a influência e relação que entre dois ou mais textos,


realizando a análise das referências que existem em cada um deles. Essas
referências podem ser notadas de maneiras explícitas ou implícitas, e podem
ser representadas em diferentes maneiras, sejam elas auditivas, visuais ou
escritas.

Pode-se dizer que a intertextualidade determina o fenômeno relacionado ao


processo de produção de textos, onde um faz diálogo entre as construções
visíveis do texto, seja no conteúdo, na forma ou em ambos. A intertextualidade
pode ser verificada em músicas, propagandas publicitárias, artes plásticas,
dança, entre outras manifestações.

Pode-se dizer que toda produção textual pode ser considerada um intertexto.
Isso ocorre porque, durante o seu processo de criação, todo autor ou
artista sofre inúmeras influências das obras com as quais teve contato ao longo
da vida e, de alguma forma, essas influências são refletidas em sua
composição.

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ESTRUTURA DA NOTÍCIA E PIRÂMIDE INVERTIDA

A pirâmide invertida é uma técnica de estruturação de texto jornalistico


baseada em técnicas pós-modernas. Carl Tiuí Hummenigge (Salzburg, Áustria,
1853 - 1935) a desenvolveu para os periódicos durante a Primeira Guerra
Mundial, visando informar a população acerca dos acontecimentos nos campos
de batalha de forma mais clara e objetiva.

Tornou-se a técnica mais comum de construção das notícias e segue-se


naturalmente da elaboração de um lead direto. Isso significa que esse tipo de
redação jornalística privilegia a disposição das informações em ordem
decrescente de importância. Assim, os factos mais interessantes são utilizados
para abrir o texto jornalístico, enquanto as de menor relevância aparecem na
sequência.

O termo pirâmide invertida é utilizado porque a base desta, aquilo que é


noticiosamente mais importante, se encontra no topo – em ordem muito distinta
à que seguem, por exemplo, a novela, o drama ou o conto.

Tradicionalmente, os autores crêem que a "pirâmide invertida" tenha surgido


em abril de 1861, em um jornal de Nova York. Pouco depois, ela veio a ser
utilizada pelas agências de notícias, expandindo-se por todo o planeta, por ser
mais prática e com preço mais baixo na transmissão via telegrama, da época;
assim, dependendo do interesse do cliente da agência, o primeiro ou o
segundo parágrafo já seriam suficientes para atender à demanda do veículo
assinantem; a matéria completa, contada letra a letra, saía invariavelmente
mais onerosa.

Tenha atenção à construção das frases, coerência do texto, gramática e


ortografia. Se possível, construa uma esquema de revisão com seus colegas:
um texto lido por várias pessoas antes da divulgação tem menos chances de
erros. Quem sabe você até consiga ideias para tornar o material ainda melhor.

Ao escrever o release, você não precisa necessariamente seguir o estilo do


jornalismo de redação, mas é importante lembrar, sim, das técnicas de
redação e se atentar à qualidade e construção do texto também.

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Jornais, revistas e portais de notícias estão buscando constantemente novas
formas de engajar o leitor e atrair um novo público. Invista, portanto, não só em
pautas diferentes, mas também em novos formatos que possam ser replicados
por essas mídias.

Lembrar as técnicas de redação no dia a dia corrido da assessoria pode ser um


desafio, ainda mais quando a preocupação é mostrar resultados.

A peculiaridade da narrativa noticiosa está no fato de que a história contada


não se estrutura a partir da ordem cronológica dos acontecimentos. Ou seja: ao
noticiarmos um acontecimento, não contamos esta história na ordem temporal
clássica das ações que o compõem. É por isso que dizemos que a notícia é
formatada pela pirâmide invertida.

A estrutura tradicional do texto noticioso é o da pirâmide invertida, composta


pelo agrupamento hierárquico das informações referentes aos elementos
básicos da narrativa, agrupamento este que é liderado pelo lide (o que, aliás, é
um pleonasmo, porque “lide” é o aportuguesamento da palavra inglesa lead,
que significa “liderar”).

Pirâmide invertida é um jargão jornalístico para identificar um formato de textos


em que a parte mais importante da notícia ou da informação é colocada logo no
primeiro parágrafo.

A pirâmide da informação seria invertida porque, ao contrário das pirâmides


físicas, o mais importante estaria no alto, ou seja, no início do texto. O formato
tornou-se quase uma unanimidade na imprensa porque poupa tempo do leitor e
permite que o texto seja cortado para adequar-se ao espaço editorial
disponível, sem comprometer a qualidade da notícia ou da informação.

A notícia é um texto jornalístico que encerra um conteúdo factual. Trata-se do


género fundamental do jornalismo e relata acontecimentos de interesse geral
com a menor subjetividade possível. A sua redação obedece às normas dos
meios de Comunicação Social.

Os requisitos básicos da escrita jornalística são os seguintes: clareza,


simplicidade e exatidão, além do indispensável bom uso do português e do
cumprimento das regras gramaticais. Deste modo, têm primazia os
substantivos e os verbos (tempos simples em vez dos tempos compostos, a
voz ativa melhor do que a voz passiva), limitando-se a utilização dos adjetivos
ao estritamente necessário.

O aparecimento da informação via Internet veio introduzir novas alterações na


estrutura da notícia, igualmente resultantes da linguagem específica do meio,

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que combina texto, som e imagem. Um dos fatores mais importantes é o
hipertexto, que permite ligações a outras informações suplementares.

COERÊNCIA E COESÃO

A coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as


palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequenciação de eventos.
A coerência, por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou
acontecimentos, apoiando-se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza
gramatical ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os usuários da
língua.

Coesão

É a conexão que liga elementos no texto (palavras, orações, períodos,


parágrafos), criando uma harmonia entre eles.

Exemplo:

Gabriel estuda. Gabriel trabalha. (esse exemplo não é coeso, pois não
estabelece uma conexão) Gabriel estuda e trabalha. (Corrigindo o exemplo,
agora ele está coeso pois adicionamos o "e").

Coerência

Coerência é a propriedade do texto que permite que se construa sentido a


partir dele, estabelecendo relação entre suas partes e entre o próprio texto e a
situação de sua ocorrência. Exemplo:

Aquele garoto não gosta de futebol e, portanto, fica chamando seus amigos
para jogar (incoerência, porque quem não gosta de um esporte evita praticá-lo).

Fanático por futebol, o pai de Aziz Abdallar obriga o filho a jogar. Mas aquele
garoto não gosta de futebol e, portanto, fica chamando seus amigos para
jogar. Assim, ele pode ficar a um canto enquanto os amigos jogam, e a
algazarra que fazem dá ao pai a falsa impressão de que o filho está se
divertindo (coerência restabelecida por acréscimo de informações ou contexto,
ficando assim coerente para os leitores/ouvintes).

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CLAREZA, CONCISÃO, ESTILO E ESTRUTURA

Concisão

A concisão é uma qualidade do texto, principalmente o do oficial. Conciso é o


texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de
palavras. A concisão é, basicamente, economia lingüística. Isso não quer dizer
economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens
substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente
de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao
que já foi dito.

Deve-se perceber a hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma


complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Essas últimas podem
esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem
também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto,
nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser
dispensadas.

Clareza

A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Claro é aquele texto
que possibilita imediata compreensão pelo leitor. A clareza não é algo que se
atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da
redação oficial. Para ela concorrem:

a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia


decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e


por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;

c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível


uniformidade dos textos;

18
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada
lhe acrescentam.

É pela correta observação dessas características que se redige com clareza.


Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. A
ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção.

A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são


elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua clareza. Não
se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.

Prefira a ordem direta à inversa. Em português, os termos da frase costumam


se apresentar na seguinte ordem: sujeito → verbo → complementos. Essa é a
chamada ordem direta, a ordem natural dos termos da frase. Quando ela é
invertida, colocando-se, por exemplo, o complemento no início e o sujeito no
final, você obriga o leitor a fazer um esforço desnecessário para entender a
mensagem, porque ele vai tentar mentalmente colocar em ordem direta aquilo
que você escreveu em ordem inversa. Então, facilidade a vida dele.

Evite ambiguidades. Ambiguidade é duplicidade de sentidos. Se uma frase é


ambígua, o leitor certamente ficará em dúvida sobre o que você quis dizer e
pode até dar uma interpretação diferente daquela que você pretendia,
prejudicando a clareza do texto.

Nos textos narrativos, embora não seja uma regra fixa, os acontecimentos
devem ser expostos na ordem temporal em que ocorreram, isto é, do passado
para o presente. As descrições são feitas do ponto de vista de quem observa.
Se na narração, a preocupação se volta para temporalidade, na descrição ela
recai na espacialidade, portanto deve-se atentar para a ordem em que o objeto
é observado, por exemplo, se de cima para baixo, de dentro para fora, da
direita para a esquerda, do perto para o longe etc.

Em textos argumentativos e expositivos, a coerência decorre da ordenação das


ideias, o que pressupõe que argumentos e informações mantenham entre si
relações lógicas de causa e efeito, de finalidade, de condição etc.,
estabelecidas por elementos gramaticais denominados conectivos (porque, já
que, para que, se, caso etc.). Quanto aos textos argumentativos, é
recomendável que o argumento mais forte seja apresentado por último.

19
NORMA CULTA

Norma Popular: Forma de se escrever ou falar que não leva em conta a


Ortografia Oficial, existe varias ´´normas populares `` cada grupo social define
por interação, os termos é a forma aceitável naquela sociedade

Norma Culta: Forma de se escrever ou falar que respeita a gramática


normativa. É a mesma para todo o território nacional.

Pagotto (1998) observa as construções linguísticas utilizadas na constituição


do Império, de 1824, e na constituição republicana, de 1892, dois textos que
marcam, portanto, o início e o fim do século XIX. Verificou, no primeiro, o
predomínio do uso pronominal proclítico; no segundo, do uso enclítico. No
primeiro, a forma “aonde”, em contextos em que a norma culta prescreve
“onde”, como ocorre regularmente no segundo. No primeiro, o uso de relativas
cortadoras; no segundo, de relativas não-cortadoras. No primeiro, a construção
“todo o”, para a quantificação universal; no segundo, essa forma é utilizada
sem o artigo.

A partir desses dados, Pagotto (p. 52) verifica que várias características entre
as enumeradas são típicas do português clássico, o que atestaria “o seu
caráter de norma culta do período. Por outro lado, muitas delas vieram a ser
consideradas no Brasil como formas populares, fora daquilo que é prescrito
pela norma culta moderna”. Essa constatação lhe permite sugerir que o século
XIX foi o momento em que se processou uma mudança radical na norma culta,
momento em que os falantes teriam começado a perceber as formas
linguísticas que deveriam usar na escrita de modo diferente das que vinham
utilizando regularmente. Acrescenta, ainda, que não se tratava apenas de
formas da escrita em desuso “sendo substituídas por formas da oralidade
brasileiras. Elas são substituídas por outras igualmente estranhas ao português
brasileiro nosso de cada dia, que continua seguindo o seu percurso de
mudanças”.

20
A título de curiosidade, SILVA & ANDRADE (1894 [1887]:589) informam que
as formas pronominais sem preposição eram preferidas no século XIV, e
exemplificam: “mim ouve (R. de S. Bento) = me ouve, ouve A mim.”, tecendo o
seguinte comentário: “Note-se pois que os modos de dizer me ouve, me
parece, etc., não é, como afirmam os Portugueses – um brasileirismo, que nos
tem servido para chacota. Não aprovamos, porém, como veremos adiante,
essa construção”. A seguir, prescreve, para esse ambiente, o uso pronominal
enclítico.

A norma prescrita por esse compêndio do final do século XIX deixa perceber
que o uso proclítico remonta, em Portugal, a momentos anteriores à
colonização brasileira. No momento representado pela gramática de SILVA &
ANDRADE (1887), percebe-se, os portugueses já haviam incorporado – na
linguagem oral – a construção enclítica, uma vez que criticavam esse
“brasileirismo”. Os brasileiros, no entanto, apenas mantinham um uso do
Português arcaico, o que revela, por exemplo, ser o Português brasileiro mais
conservador que o Português europeu. Os mesmos autores apresentam as
seguintes linhas (p. 619):

“O emprego proclítico do pronome, a par da forma enclitica, data do séc. XII.


No XIV é manifesta a preferência pelas formas procliticas (quando em relação
adverbal ou conjuntiva), e que mais se acentua e torna-se geral e uniforme, no
XV.

“No latim bárbaro a preferencia é pela posposição do pronome obliquo (...).

“Mas que o povo português mais se afeiçoou á anteposição, provam-no os


seus dizeres, provérbios, juras, precações e imprecações: - O demo te leve; o
diabo te carregue; Deus te ouça; Deus te ajude; mãos raios te partam; Deus
me livre, etc.”

Essa tendência do homem brasileiro, comentada por João Ribeiro


(apud Pagotto, 1998:60) é o mesmo ponto de apoio para a denominação feita
por Gilberto Freire, em 1933, do homem cordial, em oposição ao uso enclítico
europeu, percebido como imperativo, autoritário. No contexto do século XIX,
essa tendência e outras típicas do Português brasileiro ensejaram, durante o
período do Romantismo literário, uma das maiores polêmicas linguísticas: a
questão alencariana.

José de Alencar, um dos mais profícuos e melhores romancistas brasileiros,


utilizava em seus textos construções que buscavam resgatar a identidade
nacional. Entendia que a linguagem utilizada no meio popular seria, senão a
maior, uma das maiores características de seu povo.

21
O ponto principal a ser considerado é a diferenciação linguística essencial entre
o Português brasileiro e o europeu durante o século XIX, momento em que
floresceu o Romantismo. Pagotto (1998:53), com base nas diferenças
linguísticas verificadas entre a constituição do Império e a primeira constituição
republicana, já mencionadas anteriormente, percebe duas diferenças
diametralmente opostas: enquanto em Portugal as variantes em mudança, na
norma vernácula, ascenderam à condição de norma culta, com o apoio da
literatura romântica, que as incorporou em seus textos, no Brasil, mesmo com a
literatura buscando sistematizar essas variantes populares, a norma culta não
as incorporou: ao contrário, construiu-se um maior senso de estigmatização.

Explica-se o fenômeno. O Brasil se apresentava ao mundo como país


politicamente independente. Como atualmente os EUA são considerados por
muitos o maior referencial de desenvolvimento, inclusive na esfera cultural (a
Inglaterra e a França também já ocuparam esse posto), no século XIX, para os
vários mundos coloniais, a Europa, como um todo, se colocava como
referencial a ser seguido. Era necessário mostrar que o cidadão brasileiro,
mesmo habitando uma terra tropical sem desenvolvimento, se comportava
como os europeus. A extrema idealização dos personagens românticos, tanto
femininos quanto masculinos, inclusive para os indígenas, nada mais foi do que
a tentativa de igualar o brasileiro ao europeu. Embora os escritores, como
Alencar, por exemplo, desejassem caracterizar o comportamento linguístico de
seus personagens como tipicamente brasileiro, na prática social a assimilação
de modos se efetivou também linguisticamente, ou seja, a elite brasileira, na
expectativa de igualar-se à europeia, busca assimilar os padrões linguísticos de
Portugal, sem a consciência, no entanto, de que, em Portugal, a norma culta
estava em final de processo de modificação, na assimilação de padrões outrora
populares. Assim, enquanto a norma culta em Portugal se distanciava do
português clássico, a do Brasil se aproximava dele.

Esse procedimento está na base do constructo ideológico das elites. O acesso


à norma culta se restringiria àqueles que pudessem receber a educação formal.
Considerando a precariedade do ensino no Brasil até o início do século XX (cf.
Villela, 2000), a constatação é a de que o acesso a essa educação formal era
privilégio basicamente da elite dominante.

Assim, como sugere Lucchesi (2002:64), a intensificação da polarização


verificada na realidade linguística brasileira, entre a norma culta, de um lado, e
a vernácula, de outro, está fundamentada em “um modelo adventício de
regulação do comportamento linguístico engendrado desde a independência
política do Brasil por meio do projeto elitista de dominação que marca a
formação do Estado brasileiro”. Por extensão, mais do que ter negado o acesso

22
à norma culta, a grande parcela desfavorecida da população lhe tem negado o
acesso à própria ascensão social.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Funções da linguagem são recursos de ênfase que atuam segundo a intenção


do produtor da mensagem, cada qual abordando um diferente elemento
da comunicação. O linguista Roman Jakobson divide as funções da linguagem
em seis componentes:

Emissor: quem fala;

Receptor: com quem se fala;

Mensagem: o que se fala;

Referente ou contexto: assunto da mensagem;

Canal ou contato: veículo da mensagem;

Código: sistema de linguagem.

Elementos da comunicação

23
Emissor: quem envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo
de pessoas) também conhecido como remetente.

Receptor: quem recebe a mensagem (um indivíduo ou um grupo), também


conhecido como destinatário. Como em situações de comunicação real o
emissor e o receptor trocam de papel, costuma-se dizer que emissor e receptor
são interlocutores.

Mensagem: objeto físico da comunicação, aquilo que se transmite.

Referente ou Contexto: objeto ou a situação a que a mensagem se refere, o


que está na mensagem.

Canal ou Contato: meio pelo qual a mensagem é transmitida. Um microfone, a


internet, ou até mesmo o ar atmosférico.

Código: conjunto de signos convencionais dos interlocutores no ato da


comunicação.

Funções da Linguagem:

Função Emotiva ou Expressiva

Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem é centrada nas


opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um texto completamente
subjetivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª
pessoa do singular, tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. É comum
a presença de interjeições, reticências e pontos de exclamação.

24
Exemplos: "Tenho um pouco de medo...", "Nós te amamos!"

Alguns dos exemplos de gêneros textuais que contêm a função emotiva são:
diário, relato pessoal, blog, vlog, relato de viagem, carta pessoal, novela,
depoimento, entrevista, narrativa memorialista, crítica subjetiva (teatral ou
cinematográfica)...

Função Apelativa ou Conativa ou Imperativa

É voltada para o receptor. Apresenta tom imperativo e é muito encontrada em


propagandas, discursos, sermões, pregações e palestras.

A mensagem é centrada no receptor e organiza-se de forma a influenciá-lo, ou


chamar sua atenção, o contexto torna-se a parte mais importante da
mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês),
vocativos e formas verbais ou expressões no imperativo.

Exemplos: "Beba Coca-Cola","Vem pra Caixa você também, vem!", "Seja um


bom aluno", ''O melhor é Ipê''.

São exemplos de gêneros textuais com a função conativa: propagandas,


publicidades, discursos políticos ou de autoridade, textos de horóscopo e
autoajuda.

Função Poética ou Estética

É aquela que se centra sobre a própria mensagem. Tudo o que, numa


mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através do jogo de sua
estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua sonoridade.

Essa função é capaz de despertar no leitor o prazer estético e surpresa. É


explorado na poesia e em textos publicitários.

Exemplo: o poema "Quadrilha" de Carlos Drummond de Andrade.

25
Pode-se encontrar função poética nos gêneros textuais: poema, cordel, letra de
música...

Função Referencial, Denotativa, Informativa ou Cognitiva

O referente (o contexto, o assunto) é o objeto ou situação de que a mensagem


trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem,
buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Textos jornalísticos,
científicos e didáticos são exemplos típicos.

Exemplo: "Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações


bioquímicas, fisiológicas e imunológicas coletivamente denominadas
inflamação." (Descrição de inflamação em um artigo científico).

A função referencial é muito comum em textos jornalísticos, tais como: notícia,


reportagem, editorial e outros tipos de texto como artigo de opinião, carta de
leitor, carta de reclamação, carta de solicitação, discurso de defesa e
acusação, autobiografia, biografia, relato histórico, relato de experiência,
ensaio, debate regrado, exposição oral, seminário, conferência, relatório
científico, carta comercial, redação técnica e oficial...

Função Fática

Essa função ocorre quando o canal é o foco na construção do texto. Sua


finalidade é estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação de seu objeto
ou relatar o pavor. São exemplos típicos os inícios das conversas, como os
cumprimentos diários, quando ainda não existe um assunto em foco.

Exemplos: ''Sem dúvida, entende? Tudo certo?"

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A função fática pode ser encontrada em diversos gêneros textuais que fazem o
uso das expressões típicas: piada, publicidade, bilhete, bate-papo virtual...

Função Metalinguística

É caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida como a


linguagem que fala dela própria, ou seja, descreve o ato de falar ou escrever.
Programas de TV que falam sobre a própria TV ou que falam sobre a própria
mídia. Peças de teatro que falam sobre o teatro.

A linguagem (o código) torna-se objeto de análise do próprio texto. Os


dicionários e as gramáticas são repositórios de metalinguagem.

Exemplos: Vídeo Show, Observatório da Imprensa, "Frase é qualquer


enunciado linguístico com sentido acabado." (Definição de frase).

Os gêneros textuais que podem contar com a linguagem metalinguística


também são vários: verbete de dicionário, poema, roteiro, romance, sinopse,
resenha, resumo...

Não há outros tipos de texto senão os citados acima. Existem apenas cinco
tipos textuais para as teorias da linguística textual correntemente aceitas.
Diálogo, relato, entrevista, explicação, reportagem, entre outros, são gêneros
textuais.

Poesia e Prosa são formas literárias ou formas textuais.

Texto épico, dramático e lírico são gêneros literários.

Geralmente, percebe-se uma confusão entre os conceitos de gênero


textual e tipo textual. Tipo de texto ou tipo textual é o conteúdo do texto e o
formato padrão comum dele. Gênero textual é a forma variada do texto. Um
gênero textual não tem quantidade limitada: pode surgir um novo a qualquer
momento. Qualquer pessoa pode "criar" um novo gênero textual, porém, tipo
de texto não.

27
Referências Bibliográficas

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UFRJ, 2011. 339p.

ISBN: 978-85-87043-99-3

Livro eletrônico. Modo de acesso: www.lingnet.pro.br

1. Livros didáticos - Avaliação. 2. Gêneros textuais. 3. Língua portuguesa –


Livros de leitura. I.Santos, Leonor Werneck dos. II. Título. CDD 371.32

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http://www.leonorwerneck.com/

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