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As Classes Hegemônicas

Por Samuel Pinheiro Guimarães1


Fonte: https://www.viomundo.com.br/politica/samuel-pinheiro-guimaraes-como-2-755-bilionarios-
controlam-o-planeta.html05/06/2021 - 18h48

“O desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e a mais


fatal doença das Repúblicas”. Plutarco (46-127 D.C.)
“Sim, há uma luta de classes e nós estamos vencendo”. Warren
Buffett, o sexto homem mais rico do mundo.

Em um primeiro artigo foi apresentada a questão mais importante


desta e das próximas décadas que é a firme disposição dos
Estados Unidos de manter sua hegemonia face à ascensão e
competição chinesa.
No segundo artigo foram apresentados os principais fenômenos do
sistema internacional em que se verifica o confronto entre a
República Popular da China e os Estados Unidos da América e as
principais visões do sistema internacional em que o confronto e
esses fenômenos ocorrem.
Os Estados nacionais são os principais atores em qualquer uma
das visões do sistema internacional que foram apresentadas
anteriormente. No presente artigo será descrita a formação das
classes hegemônicas que construíram e que controlam os Estados
nacionais.
Os aspectos principais da formação das classes hegemônicas nos
Estados Unidos da América, na República Popular da China e na
Federação Russa serão tratados em artigos específicos devido a:
a. serem os principais protagonistas do sistema e da política
internacional atual;
b. sua complexidade, no caso:
• dos Estados Unidos, pela sua característica de Federação e de sede
do Império;
• da Rússia, pela transformação radical da sociedade e do Estado que
sofreu em 1917, pela situação criada a partir de Gorbachev e Iéltsin e
depois em 1999 com V. Putin;
• da China, pela transformação radical com a vitória da Revolução em
1949 e da nova política econômica de Deng Xiaoping a partir de 1979.

1
Samuel Pinheiro Guimarães foi Secretário Geral do Itamaraty (2003-09) e Ministro de Assuntos
Estratégicos (2009-10).
A formação das classes hegemônicas no Brasil será tratada em
artigo específico.

A formação primitiva das classes hegemônicas


Em todos os Estados, sejam eles desenvolvidos ou
subdesenvolvidos, grandes Potências ou micro-Estados, países de
qualquer dimensão econômica e territorial, a delimitação do seu
território foi a etapa inicial para aqueles que viriam a integrar as
classes hegemônicas e a organizar a exploração dos recursos do
solo e do subsolo pela população que habitava aquele território.
Os conflitos entre as comunidades primitivas tinham sua causa nas
diferenças de localização geográfica; de dotação de recursos
minerais; de fertilidade do solo; de características das populações e,
portanto, de seu distinto potencial de geração de riquezas.
Nas lutas que levaram à delimitação de territórios tiveram papel
fundamental os indivíduos que, pela sua força, ou pela habilidade
no uso de armas, ou pela sua sagacidade, ou pela experiência, se
destacavam na defesa de sua comunidade contra agressores ou no
ataque a outras comunidades em busca de escravos, de terras, de
botins, e da submissão de populações para impor e receber tributos
periodicamente.
O núcleo original das primitivas classes hegemônicas era integrado
por “militares” que, por seu direito a uma maior parte dos botins, em
riqueza, terras e escravos, se tornavam os indivíduos mais ricos de
suas comunidades.
Os grupos armados de uma comunidade e seus chefes eram objeto
de especial consideração de parte dos demais segmentos sociais e
tinham direito a honrarias e à maior apropriação dos recursos
conquistados nas lutas contra as comunidades vizinhas.
Esses grupos armados viriam a constituir o núcleo inicial das
classes hegemônicas nas comunidades primitivas, que viriam a ser
os futuros Estados nacionais, e daí seu prestígio até hoje, em
especial na Metrópole do Império; nas ex-Metrópoles imperiais; na
Rússia e na China; e em Estados que estiveram envolvidos e que
até hoje estão em disputas, tensões, pressões e conflitos armados,
como é o caso da Índia, em relação à China e ao Paquistão.
Os grupos armados que vieram a se apropriar de terras e a
controlar trabalhadores, livres, escravos ou servos, organizaram a
exploração econômica do território e estabeleceram as normas de
convívio social em seu proveito, que por longo tempo foram
costumeiras e que foram aos poucos se tornando formais, legais.
Nesse processo de consolidação de seu domínio escolheram entre
si aqueles que deveriam ser os chefes de seu “grupo” militar e,
portanto, da comunidade.
Essa função passou, com o tempo, a se tornar hereditária e, com a
organização dos Estados, seus chefes supremos passaram a ser
denominados reis (ou designações semelhantes), com o apoio e
aceitação dos demais militares, agora intitulados nobres ou termo
equivalente.
As classes hegemônicas sempre foram uma ínfima minoria
numérica, porém maioria esmagadora em termos de poder
econômico e militar dentro de suas comunidades.
Seu domínio sobre a população tinha de ser justificado e
racionalizado, em especial depois de terem passado os períodos de
luta, de conquista e de consolidação do território.
Os fenômenos naturais incompreendidos pela população, tais como
a fertilidade do solo e dos animais; as estrelas, o sol, a lua; os
eclipses; as tempestades, com seus trovões e raios; as inundações
e secas e as epidemias, eram considerados divindades ou
manifestações de divindades que necessitavam ser invocadas em
socorro da comunidade ou apaziguadas e incensadas por rituais e
sacrifícios.
Surgiram os sacerdotes, indivíduos que a comunidade acreditava
serem capazes, pela realização de certas cerimônias e rituais, de
obter o auxílio da divindade ou de realizar a expiação pelas faltas
cometidas e assim promover a mediação entre a comunidade e as
entidades sobrenaturais, que passam a ser deuses, muitas vezes
antropomórficos, com direitos e poder sobre o destino dos seres
humanos.
As classes hegemônicas, por serem detentoras da maior parte da
riqueza da comunidade, podiam mais contribuir para a realização de
rituais capazes de aplacar a cólera e obter o beneplácito das
entidades divinas, de ter assim um papel de destaque nas
cerimônias de propiciação e expiação, de sustentar a classe dos
sacerdotes e deles receber apoio ideológico e político.
As classes hegemônicas viriam, assim, a ser objeto de especial
consideração das camadas mais pobres e oprimidas nas
sociedades primitivas e passaram a poder justificar sua hegemonia
também em decorrência de serem melhor vistas pelas divindades,
cabendo, portanto, a elas governar e à população oprimida
obedecer e reverenciar, ainda que pudesse odiá-las, como as
revoltas de escravos ao longo do tempo revelam.
As autoridades máximas das sociedades antigas eram muitas vezes
divinizadas, como os faraós, os imperadores romanos e os
potentados orientais.
Esta divinização, todavia, não impedia de virem a ser destronados e
mortos, em geral por grupos das classes hegemônicas de suas
sociedades que deixavam de reconhecer publicamente (pois nunca
haviam acreditado em privado) seu caráter divino, suas qualidades,
seus privilégios e seu direito de governar de forma absoluta.
Na Idade Média, que pode ser considerado como o período entre
476 D.C., em que ocorre a queda de Roma em 1492, com a
Descoberta das Américas em 1942, se verificam os choques entre
três civilizações: o Islã, que surge com a Hegira em 622 D.C. a
migração de Maomé para Medina e até hoje permanece; Bizâncio,
que surge com a mudança de capital do Império Romano por
Constantino em 330 D.C. e que desaparece com a conquista turca
em 1453; e a civilização que se formaria gradualmente nas regiões
da Europa ocidental.
A formação das classes hegemônicas em Bizâncio pequena
influência tem sobre o presente e a contribuição mais importante de
Bizâncio terá sido a conversão dos eslavos à ortodoxia grega, com
efeitos sobre a psique russa e mesmo sobre o sistema político e
social da Rússia de hoje.
No Islã, com todo o impacto que teve sobre Bizâncio e sobre a
Europa ocidental, os fenômenos mais importantes para a atualidade
foram a transmissão dos conhecimentos da civilização grega para o
Ocidente (Aristóteles é traduzido do árabe apenas em 1140 D.C.), o
ressentimento que permanece até hoje das Cruzadas e a sua
relação com Israel, talvez a Província mais importante para os
Estados Unidos, Metrópole do Império Americano.
Os países em que a formação das classes hegemônicas tem maior
interesse para o atual sistema e política internacional são a Grã-
Bretanha e a França e, marginalmente, por um breve período, a
Espanha e Portugal, que foram os Impérios que antecederam o
Império Americano.
A evolução política e econômica da França e da Grã-Bretanha foi
distinta, mas alguns traços gerais da Europa ocidental que a esses
países também se aplicam podem ser mencionados com proveito.
Houve na Europa uma revolução agrícola, com o uso de novos
instrumentos, como o arado pesado, novas técnicas como o uso de
cavalos, o rodizio dos cultivos e o uso de moinhos.
Esta revolução agrícola multiplicou a produção e tirou a população
da miséria, que era geral, e interessou os antigos nobres no aluguel
de terras.
Houve uma revolução urbana, com o crescimento das cidades, sua
independência, a manumissão dos servos, que com um ano e um
dia em uma cidade se tornavam livres, o surgimento das guildas de
mercadores e de artífices.
Houve uma revolução religiosa com o Papa Gregório VII, um
renovar religioso, e um impulso ao ensino em uma época em que o
analfabetismo era geral, inclusive entre a maioria dos nobres e
ricos.
Foram surgindo durante a Idade Média monarquias que viriam a ser
a base dos futuros Estados Nacionais, em especial na Grã-
Bretanha e na França.
Após a queda em 476 D.C. do Império Romano do Ocidente, com a
formação dos feudos na Idade Média e a conversão ao cristianismo
dos chefes bárbaros, surgiriam a teoria e a prática, no Cristianismo,
do direito divino dos reis.
A teoria do direito divino dos reis conferia a eles, os primus das
classes hegemônicas nos países cristãos do poder absoluto,
concedido pela Divindade, para governar os homens em nome de
Deus. Sua Santidade, o Papa, Vigário de Cristo na Terra, exercia
seu poder espiritual, e muitas vezes, temporal, sobre os reis, ao
consagrá-los (torná-los sagrados perante o povo) e assim legitimar
seu poder absoluto.
Em suas linhas gerais e com as peculiaridades da evolução
econômica, social e política de cada sociedade, a formação de
classes hegemônicas ocorreu nos primórdios das regiões onde
viriam a se constituir os Estados da atual Europa, da América do
Norte, do Oriente Médio e do Extremo Oriente.
Com a Descoberta das Américas e o enorme influxo de metais
preciosos para a Europa; com a expansão do comércio; com a
formação dos burgos e sua independência; com a formação dos
Estados Nacionais; com a organização de casas bancárias de
grande poder, como os Fugger; surgiram grandes comerciantes e
banqueiros.
Mais tarde, com a Revolução Mercantil e depois a Revolução
Industrial, surgiram novos grupos de grandes mercadores e
industriais que viriam a integrar as classes hegemônicas e que se
uniriam, por diversos vínculos, inclusive de matrimônio, às antigas
casas nobres.
Este fenômeno de “dourar os brasões” ocorreu até o século XX nas
alianças entre antigas famílias nobres inglesas e novos milionários
americanos.
Algumas datas são significativas neste processo de surgimento de
novos grupos, agora não mais vinculados à propriedade da terra e à
agricultura, que iriam se incorporar às antigas classes
hegemônicas:
 Início da Era das Navegações.
 Gutenberg inventa a tipografia.
 Tomada de Constantinopla pelos turcos e fuga de sábios para Florença.
 Cristóvão Colombo descobre o Novo Mundo.
 Vasco da Gama descobre o Caminho Marítimo para as Índias.
 Lutero afixa as 95 Teses, iniciando a Reforma Protestante.
 Conquista do México e do Peru (1533).
 São transportados 12 a 25 milhões de ducados por ano para a Espanha.
 A Casa Bancária Fugger financia a escolha de Carlos V para Imperador.
 Henrique VIII se proclama chefe da Igreja da Inglaterra.
 Início da Guerra dos 30 Anos, em que morrem oito milhões de pessoas.
 Ato de Navegação, de Oliver Cromwell.
 Watt aperfeiçoa a máquina a vapor.
 Hargreaves desenvolve o primeiro tear mecânico.
 Declaração de Independência americana.
 Queda da Bastilha dá início à Revolução Francesa.

As classes hegemônicas organizam a economia, a sociedade, o


sistema político e ideológico e criam as instituições que, em seu
conjunto são o Estado, em seu benefício.
Esta organização vai se transformando à medida em que avançam
os sistemas econômicos, tecnológicos e legais em cada sociedade
e economia, o que modifica as correlações de forças dentro das
classes hegemônicas e nas relações destas com as classes
oprimidas.
Em consequência, novos grupos, que se enriquecem com a
organização e exploração da mão de obra em novas atividades
econômicas, se vão incorporando às classes hegemônicas. Esses
novos grupos se entrelaçam por vínculos financeiros, comerciais e
de família com os segmentos anteriores das classes hegemônicas.
Em nível abaixo das classes hegemônicas se encontram os
pequenos e médios proprietários de bens de capital, que empregam
trabalhadores em suas empresas, mas que têm pequeno poder de
mercado e mínima influência política.
Em seguida se encontram os profissionais liberais, tais como
médicos, engenheiros, arquitetos, advogados que podem ser
autônomos e ter elevada renda ou serem empregados de
empresas, isto é, trabalhadores que recebem salário.
Em outro nível e situação mais abaixo, se encontram os
funcionários públicos, concursados ou nomeados, mas não
dirigentes de organismos, com tarefas administrativas e que
ocupam, por vezes, cargos de direção de nível hierárquico inferior.
Aí também se encontram os funcionários da burocracia dos
organismos empresariais e das entidades sindicais de
trabalhadores.
No outro extremo do arco de classes da sociedade, em oposição às
classes hegemônicas, se encontra a classe trabalhadora e as
classes marginais. Suas duas principais características são ter
como única fonte de renda e, portanto, de recursos para consumir
bens e serviços, o salário que recebem em troca da venda de sua
força de trabalho, e não possuir bens de capital ou o que recebem
por suas atividades marginais.
As origens das atuais classes trabalhadoras se encontram nos
antigos regimes de escravidão (não apenas africana); no regime de
servidão durante a Idade Média; na escravidão moderna africana
nas Américas; nos regimes de exploração de mão-de-obra indígena
no caso da América Latina e nos imigrantes para as Américas, em
especial no caso dos Estados Unidos.
Sua renda depende, portanto, do nível de produção, de capacidade
instalada, de empresas cujos proprietários são integrantes das
classes hegemônicas, ou são pequenas, médias e micro empresas
de indivíduos de classe média, como, por exemplo padarias,
escritórios de serviços, etc.
Sua situação varia de forma considerável de economia para
economia, de sistema político para sistema político. As
características mais relevantes são as que ocorrem nos países de
maior população onde as classes trabalhadoras são mais
numerosas.
A situação dos trabalhadores em pequenos, mini e micro Estados,
de pequena população e alto nível de renda, não deve ser
considerada em uma descrição geral.
A maior parte dos trabalhadores se encontra em países
subdesenvolvidos.
Uma característica fundamental das economias subdesenvolvidas é
a pequena dimensão de seu setor industrial e de serviços
sofisticados. A maior parte de sua população está empregada na
agricultura (de exportação; de subsistência; para o mercado interno)
e em serviços que requerem pequena capacitação técnica, tais
como guardadores de automóveis, cuidadores de idosos e de
crianças, empregadas domésticas.
Abaixo das classes trabalhadoras se encontra o lumpem
proletariado, composto por mendigos, pequenos assaltantes,
biscateiros e onde se poderia incluir os jovens que trabalham para o
tráfico de drogas, os proxenetas e a prostituição, feminina e
masculina.
Há uma migração permanente do campo para as cidades em todos
os países, desenvolvidos e subdesenvolvidos, e um fluxo de
migração permanente dos países subdesenvolvidos para os países
desenvolvidos, não apenas de trabalhadores rurais e urbanos mas
de indivíduos de classe média.
Foi a luta dos trabalhadores industriais, dos Cartistas na Inglaterra,
por condições de trabalho “humanas” que levaram à conquista das
atuais normas de proteção do trabalho, inclusive incorporadas às
Convenções da OIT, sobre horários, trabalho feminino, férias,
trabalho infantil etc.
Há um movimento de direita que luta para “reformar” a legislação
trabalhista, em realidade para anulá-la, argumentando ser ela
antiquada e inibidora do progresso tecnológico (e do aumento da
produção e dos lucros). Este movimento se iniciou nos tempos
modernos com Ronald Reagan (1981-1989), Margareth Thatcher
(1979-1990) e Helmut Kohl (1982-1998).
Em certas circunstâncias de crise, indivíduos das classes
hegemônicas ou altos funcionários do Estado, insatisfeitos com a
orientação dada pelas classes hegemônicas aos seus funcionários
no aparelho do Estado para enfrentar a crise, se revoltam.
Um exemplo desta situação foi a Revolução de 3 de outubro de
1930 no Brasil, resultado da insatisfação com os rumos da política
econômica da República Velha diante da Grande Crise de 1929,
quando o preço da saca de café caiu de 200 mil réis, em agosto de
1929, para 21 mil réis em janeiro de 1930.
As classes hegemônicas, em especial de São Paulo, nunca
aceitaram a radical reorientação da Revolução de 30 e sempre a
combateram e até hoje tentam destruir o Estado e as instituições
criadas por Getúlio Vargas, conforme teria declarado o Presidente
Fernando Henrique Cardoso e mais recentemente Jair Bolsonaro.
A sobrevivência no tempo da força das classes hegemônicas se
revelou em sua capacidade, com o auxílio de classes hegemônicas
de outros países, de recuperar propriedades que haviam sido
confiscadas pelo Estado Soviético, após a Revolução de 1917, que
as tinham derrotado.
Os Estados nacionais foram criados pelas classes hegemônicas
que, em lutas de longa duração, dominaram territórios e subjugaram
populações e neles organizaram o sistema econômico de produção,
o sistema político e as simples estruturas administrativas-políticas
das primeiras “agências públicas” cujo conjunto hoje se denomina
Estado.
Em cada um dos Estados membros da ONU existem classes
hegemônicas que organizam a sociedade e controlam o Estado, ou
ao menos suas principais agências, através de seus “funcionários”
políticos, militares, econômicos.
Os integrantes dessas classes hegemônicas são grandes
proprietários rurais e urbanos; donos de poderosas instituições
financeiras; proprietários de grandes empresas industriais e de
serviços; donos de influentes meios de comunicação; mega
rentistas; donos de megaempresas de tecnologia digital; os
bilionários.
No mundo, existiriam 2.755 bilionários. Muitos desses indivíduos,
pela força e influência de suas empresas e sua capacidade de ação
política, fazem parte das classes hegemônicas de suas respectivas
sociedades.

Warren Buffett e Bill Gates: o mundo aos seus pés. Reprodução


Os integrantes ativos, no sentido de que participam da política, das
classes hegemônicas modernas são alguns dos grandes
proprietários rurais e urbanos; dos donos de poderosas instituições
financeiras; dos proprietários de grandes empresas; dos donos de
megaempresas de tecnologia digital; dos proprietários de grandes
meios de comunicação; dos megarentistas; dos bilionários.
Os principais representantes (que são funcionários) das classes
hegemônicas nos Poderes do Estado são o Chefe de Estado
(Presidente da República ou cargo equivalente); o Chefe de
Governo; os Parlamentares; os Ministros de Estado; os Ministros do
Judiciário; os Generais; os Embaixadores; e, na sociedade, os
prelados; os altos executivos de megaempresas; os jornalistas
importantes e os acadêmicos influentes.
Os representantes (funcionários) das classes hegemônicas
somente representam essas classes enquanto exercem cargos
muito relevantes. Ex-Presidentes, ex-Primeiro Ministros, Generais
na reserva, Embaixadores aposentados, políticos sem mandato,
Ministros aposentados da cúpula do Poder Judiciário, importantes
ex-executivos, não são (com exceções) mais representantes e não
integram e nunca integraram as classes hegemônicas.
Em cada um desses grupos de “funcionários” se encontram
notáveis e honrosas exceções.
Há indivíduos que, apesar de integrar as classes hegemônicas (ou
de serem delas “funcionários”) seja por laços familiares, por
vínculos econômicos, por visões ideológicas herdadas, vêm a
defender os interesses das classes trabalhadoras e das classes
oprimidas e o desenvolvimento soberano, político e econômico de
sua sociedade como um todo. Há, de outro lado, muitos indivíduos
integrantes das classes trabalhadoras e oprimidas que, por
convicção ideológica, vêm a defender os interesses das classes
hegemônicas.
O sistema político, econômico e militar mundial se encontra
organizado de forma imperial, o Império Americano, cujo centro e
Metrópole se encontra em Washington.
Com exceção da Rússia e da China, que são Adversários do
Império Americano, e como tal declarados por Washington, os
outros 190 Estados membros da ONU são Províncias do Império
Americano cuja Metrópole são os Estados Unidos da América.
Neste Império, há Províncias desenvolvidas, como o Canadá, os
Estados da Europa Ocidental e o Japão, a Austrália, a Nova
Zelândia, e províncias subdesenvolvidas, como os Estados da
América Latina e da África.
Esses 190 Estados, cada um formalmente soberano, estão
integrados no Império Americano por uma rede entrelaçada de
acordos políticos, econômicos e militares e pela aceitação informal,
mas real, dos princípios organizacionais do Império Americano,
definidos pela sua Metrópole, os Estados Unidos da América, e
distintos dos princípios solenemente proclamados na Carta das
Nações Unidas.
Esses princípios são:
a. ter organização capitalista da economia;
b. reduzir ao mínimo a ação empresarial e regulamentadora do
Estado;
c. dar acesso às empresas estrangeiras à exploração de recursos
naturais;
d. dar acesso às empresas estrangeiras aos mercados de bens, de
serviços e financeiros;
e. exercer uma política de abertura comercial;
f. não-discriminar contra o capital estrangeiro em relação ao capital
nacional;
g. permitir a livre remessa de lucros pelas empresas estrangeiras a
seus acionistas no exterior;
h. dar acesso às entidades estrangeiras aos meios de comunicação
de massa e ao sistema de Internet locais;
i. dar liberdade de ingresso e de ação às ONGs estrangeiras;
j. ter um sistema político pluripartidário e com eleições periódicas;
k. não desenvolver indústria bélica;
l. não desenvolver indústria nuclear, ainda que civil;
m. aceitar a estrutura oligárquica do sistema político e econômico
mundial;
n. aceitar o oligopólio legal das armas nucleares, estabelecido pelo
TNP;
o. não se associar por acordos em especial militares aos Estados
Adversários do Império, a Rússia e a China, e as Províncias
“rebeldes”;
p. aceitar a liderança inconteste dos Estados Unidos e apoiar suas
iniciativas;
q. não confrontar, por si ou em associação com outros Estados
(Províncias), a influência e a hegemonia americana em sua região.

Sem formalidades, esses princípios devem ser, e são, aceitos pelos


Governos das Províncias e aplicados em maior ou menor escala
com variações. A Metrópole do Império, aceita, tolera, situações de
desvio de acordo com seus interesses estratégicos de momento.
Em caso de graves e reiterados desvios de conduta, a Metrópole
inicia operação de regime change contra o Governo da Província,
que se torna agora um rogue State, uma Província rebelde.
Esses 190 Estados, pela aceitação daqueles princípios definidos
pela Metrópole, integram política, econômica e militarmente, o
Império na situação de Províncias.
No sistema imperial, têm crucial importância para sua existência e
funcionamento, as relações das classes hegemônicas de cada uma
das Províncias com as classes hegemônicas do centro do Império e
das classes hegemônicas provinciais entre si.
É a partir dessa perspectiva e dessa visão que se pode melhor
compreender as relações do Brasil com a Metrópole do Império
Americano, com cada um dos Estados (Províncias), com os
Estados Adversários, seus limites, suas possibilidades e a dinâmica
geral das relações entre os Estados nacionais (Províncias) no
âmbito do Império Americano.
Ao melhor compreender a dinâmica da política internacional é
possível definir uma estratégia eficiente de política externa para um
país subdesenvolvido e desarmado, porém de grande potencial
como é o Brasil.
Os principais objetivos das classes hegemônicas de cada país, que
os implementam através de “funcionários” que exercem funções de
dirigentes das agências do Estado, são:
• ampliar a participação de seu país no Produto Mundial e a sua
participação no Produto Interno de seu país;
• “manter a paz” e a “ordem”, em especial no seio das classes
trabalhadoras e dos segmentos marginalizados da Sociedade;
• manter sua capacidade de organizar a economia e de definir as
normas que regem as relações políticas, econômicas e sociais entre
os diferentes segmentos, classes e setores da sociedade.

No caso das classes hegemônicas das Províncias, aos objetivos


acima se deve acrescentar os objetivos de:
• manter boas relações com as classes hegemônicas da Metrópole do
Império;
• procurar garantir, sem maior atrito, uma menor parcela de
transferência do Produto Interno de sua Província para a Metrópole;
• alinhar a ação internacional da Província com as iniciativas políticas
da Metrópole.

A política interna e a política externa dos Estados (Províncias)


periféricos são influenciadas e condicionadas pelas relações das
classes hegemônicas de cada Estado periférico com as classes
hegemônicas de suas ex-Metrópoles coloniais e demais Estados
desenvolvidos, e, em especial, com as classes hegemônicas da
Metrópole do Império atual, isto é, os Estados Unidos.
Por outro lado, o exercício da hegemonia pela Metrópole depende
da estreita aliança e da cooperação entre suas classes
hegemônicas (e seus “funcionários”) com as classes hegemônicas
(e seus “funcionários”) de cada uma das Províncias.
As classes hegemônicas das Províncias é que garantem a
existência e o funcionamento do Império e o fazem devido a sua
identificação ideológica, pela participação nos “benefícios” que
pretendem obter por participar do Império e pelo apoio que da
Metrópole recebem para manter seu domínio na esfera de sua
Província.
Com algumas exceções, em muitos Estados (Províncias), que são
capitalistas em diversos graus, ocorre tal concentração de riqueza e
renda que 1% da população chega a se apropriar de mais de 50%
do produto anual do país e de parcela muito superior a 50% de sua
riqueza nacional.
A concentração de riqueza e de renda e, em consequência, as
disparidades sociais, decorrem de fenômenos como a concentração
e centralização do capital; a globalização da economia; a
desregulamentação e oligopolização financeira; a utilização de
tecnologias poupadoras de mão de obra e seus efeitos, em especial
nas Províncias subdesenvolvidas do Império Americano.
A revolta das classes trabalhadoras e exploradas diante da notável
concentração de riqueza ocorre esporadicamente, como logo após
a crise de 2008. De outro lado, muitos de seus integrantes chegam
a aceitar, por ignorância, convicção, medo, desânimo ou
resignação, como justo ou inevitável, o sistema econômico, social
e político em que vivem, trabalham, procriam, sofrem e morrem.
As estratégias utilizadas pelas classes hegemônicas de cada
sociedade, através de seus representantes no sistema político, no
sistema econômico e no sistema ideológico, para lograr a aceitação
pela população da concentração de renda e de suas consequências
são:
• a intimidação e a violência policial quotidiana das populações
trabalhadoras e excluídas e até o uso da força militar quando ocorrem
rebeliões;
• a difusão da ideia de que, a despeito das disparidades crescentes
de renda e de riqueza, o sistema em que vive a maioria da população
é o melhor sistema econômico e social possível;
• o afastamento da maioria da população da atividade política e da
administração do Estado.
Quando a opressão de setores das classes dominadas, como
agricultores expulsos de suas terras por grileiros, trabalhadores
desempregados, excluídos sociais, grevistas atinge certos níveis e
ocorrem manifestações de protesto, as classes hegemônicas
acionam seus “funcionários” nos organismos do Estado para
debelar essas revoltas, ou mais correto, esses “funcionários” já
assim agem sem que haja necessidade de qualquer acionamento.
Esses exercícios de violência do Estado têm o objetivo de intimidar
a população oprimida para que aceite sua situação e se convença
da impossibilidade de mudar o sistema e não se rebele.
O tratamento quotidiano dado pela policia, em países como os
Estados Unidos e o Brasil, à população mais pobre e
afrodescendente e os elevados percentuais de população
encarcerada nesses países, são reveladores do papel da violência
do Estado na preservação da estrutura de privilégios.
Um fluxo constante de propaganda procura incutir a ideia de que o
sistema é benéfico e igualitário ao permitir o consumo pelas
grandes massas de todo tipo de bens e serviços antigos e novos
que produz e, de outro lado, oferecer a possibilidade a todos os
indivíduos de poderem vir a ser empresários e participar do
processo de enriquecimento.
O afastamento da maioria da população das atividades políticas,
através da redução do tempo de debate sobre as políticas
econômicas e sociais; de não participação na escolha de
candidatos a qual é feita pelas oligarquias partidárias; da pequena
possibilidade de participar nas eleições devido a redução do
período de campanha política; da não existência de sistema de
supervisão da atuação dos eleitos, é fundamental para preservar os
mecanismos legais de concentração de riqueza e renda.
Além desses mecanismos de exclusão do povo, esse afastamento
se faz também pela desmoralização e pela demonização da política;
o que é uma estratégia de eficiência maior do que o uso da
violência, da propaganda e da exclusão, ainda que utilize também
esses instrumentos.
Noite e dia os políticos são denunciados pela mídia como corruptos,
preguiçosos, exploradores, falsos e demagogos e se insinua que a
política é uma atividade corrompida e corruptora daqueles que nela
se envolvem, em especial aqueles que “têm pouca instrução” e que
“são pobres”.
A conclusão implícita na campanha midiática contra a política e os
políticos, sem distinção de indivíduos ou partidos, é que os “homens
de bem” devem se manter afastados da política e dos políticos e se
ocupar de seus interesses, do bem-estar de sua família, de sua luta
pela prosperidade individual e, no máximo, em procurar ser um
“bom vizinho”.
As relações sociais adquirem cada dia maior complexidade devido
ao progresso tecnológico e das comunicações, da expansão e
multiplicidade crescente das relações entre Estados; entre
economias; entre empresas; e entre empresas e trabalhadores, no
contexto de uma economia globalizada.
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A necessidade de regulamentar as relações políticas, econômicas e
sociais se torna cada vez maior. Essa regulamentação não pode
deixar de ser feita sob risco de permanentes conflitos na sociedade,
criando situações de insegurança e de anomia, em especial
perigosas para o domínio exercido pelas classes hegemônicas, que
desejam que seu domínio seja “pacifico” ainda que apenas na
aparência.
Essa regulamentação tem de ser feita por indivíduos escolhidos de
alguma forma. A regulamentação das relações sociais afeta a
todos, ainda quando se procure ocultar este fato, e ela reflete a
correlação das forças sociais do momento em que é feita.
As normas (leis) sobre propriedade; sobre família; sobre direitos
individuais; sobre trânsito e sobre transportes; sobre produção e
comércio de alimentos e remédios; sobre o sistema de ensino;
sobre imóveis e aluguéis; sobre bancos e a cobrança de juros;
sobre as relações de trabalho e os salários; sobre as atividades
agrícolas, industriais, comerciais e de serviços; sobre meio
ambiente; sobre segurança pública e polícia; sobre impostos; sobre
o volume e a utilização de recursos em programas públicos; sobre o
sistema político e sobre a competência e ação das diversas
agências do Estado, e tantas outras normas afetam a população e a
cada um de nós.
Em todos os regimes políticos, inclusive nas mais arbitrárias e
violentas ditaduras, há a necessidade de atribuir a certos indivíduos
a função de elaborar as normas que regem as relações sociais.
Em um regime democrático tradicional, em suas diversas formas,
quer seja a de governo presidencialista ou parlamentar, seja o
Estado unitário ou federativo, a população, através dos eleitores,
define quem são os cidadãos que devem exercer as funções de
elaborar normas.
A sociedade atual se caracteriza pela crescente concentração de
riqueza e de poder, pela rápida transformação tecnológica e seus
efeitos sobre o emprego, pela instabilidade social, pela ansiedade
e frustração individual, pelo fundamentalismo religioso e pelo
consumo de produtos que alteram a consciência, tais como o
álcool, a cocaína, o ecstasy, os opiáceos e outros psicotrópicos.
Em uma sociedade, seja ela desenvolvida ou subdesenvolvida, o
controle do Estado, isto é, o controle do sistema de elaboração de
normas e das instituições que definem e garantem as
características do sistema de produção e de distribuição e que
consagram privilégios econômicos, políticos e sociais, é essencial
para as classes hegemônicas.
No sistema democrático moderno, que é o resultado de lutas e de
conquistas dos setores oprimidos da sociedade, em especial os
trabalhadores industriais, a cada cidadão cabe um voto no processo
de escolha dos dirigentes do Estado.
Por outro lado, no capitalismo a cada unidade monetária
corresponde um “voto” no mercado. As decisões sobre o que
produzir, como produzir, como consumir e os benefícios que
decorrem dessas decisões se encontram concentradas nas
megaempresas, isto é, em seus principais acionistas-proprietários e
em seus delegados, ou melhor empregados, os chamados
executivos.
O desafio que têm de enfrentar os detentores do poder econômico e
principais integrantes das classes hegemônicas na sociedade de
regime democrático, em que a cada cidadão corresponde um voto,
consiste em como transformar poder econômico em poder político.
Esta transformação é essencial para as classes hegemônicas para
garantir a permanência das normas fundamentais do sistema
econômico, político e social e para promover, à medida que isto se
torna necessário, sua modificação controlada, reformista e não-
revolucionária, isto é, sem alterar as relações fundamentais de
propriedade e poder.
Nos primórdios da democracia liberal tal desafio não se colocava,
pois o regime político era censitário. Os indivíduos somente eram
cidadãos, isto é, tinham e exerciam direitos políticos, na medida em
que tinham certa renda, ou propriedade, ou pagavam certo
montante de impostos. Assim, a enorme maioria da população,
inclusive as mulheres, (que em geral, não tinham o direito de
possuir propriedade), estava excluída do processo político. Na
França, as mulheres somente puderam exercer o direito de voto a
partir de 1945. No Brasil, conquistaram este direito a partir de 1934.
A solução inicial para o desafio de transformar poder econômico em
poder político é financiar e assim lograr a eleição de indivíduos que
representem os interesses das classes hegemônicas para elaborar
a legislação; é eleger e indicar representantes fiéis para ocupar os
cargos mais elevados no Poder Executivo do Estado e aplicar essa
legislação; é promover a escolha de indivíduos sensíveis a seus
interesses para exercer os cargos mais elevados do Poder
Judiciário e assim estarem incumbidos de dirimir legalmente
disputas sobre a legislação e a ação do Estado.
Neste processo a primeira meta das classes hegemônicas em seu
objetivo de transformar poder econômico em poder político é afastar
a população das atividades do Estado e da política, a qual é a
atividade pela qual se controla o Estado, ou reduzir ao mínimo e
controlar a sua participação na política e no Estado.
Assim, é necessário difundir uma imagem negativa do Estado e da
política na sociedade, mas não entre os que compõem as classes
hegemônicas que conhecem bem a importância da política para o
exercício de sua hegemonia.
A imagem do Estado que se difunde na sociedade, em que
predominam os valores individualistas, exaltados pela mídia, pelo
sistema educacional e até pelas religiões, é que o Estado é a
origem de todo o Mal.
De acordo com essa visão, a cobrança de impostos extorsivos (por
menores que sejam em realidade) para alimentar uma burocracia
parasitária, que se compraz em elaborar milhares de regras
inúteis que estimulam a corrupção e tolhem a liberdade do
indivíduo, que é puro e feliz em sua natureza “original”, decorre da
existência de um Estado que, a cada momento, infringe a liberdade
individual e entorpece o desenvolvimento da sociedade.
No Estado do século XXI reinaria o Político, o homem do Estado, o
homem do Mal. Incompetente, é incapaz de enfrentar os males que
afligem a sociedade; mentiroso, ilude os cidadãos a quem
periodicamente atraiçoa; xenófobo, estimula os conflitos; corrupto,
defende os interesses estrangeiros; os interesses dos poderosos;
os interesses dos incompetentes que fracassaram na luta individual
pelo sucesso.
O desprezo e até horror pela atividade política (e pelos políticos)
são estimulados pelos meios de comunicação, que procuram fazer
crer aos integrantes das classes médias e trabalhadoras que a
atividade política não é digna de um “homem de bem”. O homem de
bem deve se dedicar exclusivamente à sua atividade, seja ele um
operário, um empregado, um técnico ou um profissional liberal, para
não correr o risco de se corromper.
Na execução da estratégia de estimular esse horror e desprezo
(com o objetivo de afastar as “classes inferiores” da tentação de
participar da política e do governo) é necessário desmobilizar essas
classes, desviar e distrair sua atenção, o que é tanto mais
importante quanto mais desigual e excludente for a sociedade,
maior a ostentação de riqueza e mais gritante a miséria.
A distração permanente em larga escala da atenção das massas
trabalhadoras e das classes médias, em relação à política, se faz
pela criação de novos cultos e pela promoção dos heróis desses
cultos.
A difusão desses novos cultos e a promoção desses novos heróis é
feita pelos meios de comunicação, em especial a televisão e a
Internet, e pela oferta maciça seja em forma de entretenimento
banal audiovisual, de espetáculos musicais, de folhetins, de
espetáculos esportivos, de anúncios publicitários. A sociedade é a
sociedade do espetáculo, onde tudo se transforma em espetáculo,
inclusive a política. O programa BBB (Big Brother Brasil), que existe
em muitos países, é um exemplo deste tipo de entretenimento.
O principal desses novos cultos é o culto do corpo, que se realiza
através do body building, da engenharia plástica e das dietas de
alimentação, e de seus heróis que são os atletas, os artistas e
modelos de moda, enquanto se deprecia o espírito, a ciência e a
cultura, mais pela omissão do que pelo ataque frontal.
O segundo culto é o culto do dinheiro. O empresário é o herói,
dinâmico, astuto, trabalhador incansável, honesto, em busca do
sucesso. A mídia procura convencer todos de que todos podem vir
a se tornar empresários bem sucedidos e ricos, bastando seguir as
estratégias descritas na literatura de auto-ajuda empresarial. O
empresário é o herói que enfrenta o político vilão, é vitima e
adversário do Estado, dá emprego às massas, é a favor da paz.
Os heróis desses dois novos cultos são os modelos para os jovens
e o escárnio dos idosos que já não podem ser atletas devido à
idade nem empresários, fracassados por não terem enriquecido e
cuja experiência não tem valor na sociedade do novo e da
obsolescência programada.
O mundo ideal, de onde estariam enxotadas as utopias,
ridicularizadas sempre que propõem enfrentar as desigualdades e
modificar as estruturas de Poder que as originam e mantêm, seria
um mundo sem governo, sem violência, sem drogas, sem normas,
sem impostos, onde todos seriam física e financeiramente bem
sucedidos, atletas e empresários, um mundo em que,
principalmente os políticos, a política e o Estado não existiriam.
O desenvolvimento da tecnologia da informação, a aquisição de
meios de comunicação de massa por grandes grupos empresariais,
a Internet e as redes sociais, o desenvolvimento das técnicas de
pesquisa e de fragmentação da população em grupos de
interesses, fez surgir técnicas eletrônicas para atingir de forma
maciça e seletiva grupos de interesse e mobilizá-los a votar em
candidatos que defendem “bandeiras” simples.
Essas bandeiras são extirpar a corrupção (dos políticos, jamais dos
empresários); reduzir a opressão do Estado; contra minorias e
imigrantes; contra o comunismo (e variantes); a favor da
“renovação”, do candidato “novo”; contra o “sistema” e a favor da
“mudança”.
A legalização e a liberalização em muitos países, a começar pelos
Estados Unidos da América, em nome da “liberdade de expressão”,
do uso de recursos privados para financiar campanhas políticas,
com ou sem a existência paralela de recursos públicos, permite às
classes hegemônicas super-financiar campanhas de candidatos que
representam seus interesses.
Aspecto recente da política interna como da política internacional,
tanto nos países desenvolvidos quanto nos países
subdesenvolvidos, é a utilização das redes sociais na Internet por
empresas especializadas, financiadas por milionários
conservadores, para a mobilização política com base em notícias
falsas (fake news).
Essas empresas fazem “bombardeio” de notícias através de
robôs e com a participação de organizações patrocinadas por
bilionários de direita, para a promoção de candidatos e para a
execução de golpes de Estado através da chamada guerra
híbrida. Esses golpes, através do Judiciário e da mídia, são
iniciados pela mobilização e agitação, inclusive por agentes
estrangeiros especialmente treinados, de setores conservadores
da sociedade em torno de programas econômicos neoliberais e de
programas sociais retrógrados.
Muitos desses programas apresentam ativistas como inimigos a
eliminar por combaterem a Direita; e se caracterizam pela
xenofobia; pelo antissemitismo; pela exploração do anticomunismo;
pela defesa de valores sociais ultrapassados e pelo combate ao
feminismo, à liberdade de orientação sexual, à igualdade racial, à
descriminalização de drogas.
Os adversários da política e defensores (ainda que apenas
ideológicos) dos interesses das classes hegemônicas, sejam eles
acadêmicos, especialistas, jornalistas influentes ou políticos,
apresentam propostas adicionais para superar os “males” da
política e garantir a sua hegemonia sobre os propósitos,
equivocados, da maioria da população.
A maioria do povo, inculto e crédulo, tende em eleições a se deixar
iludir por líderes populistas, nacionalistas, socialistas e comunistas
e chega a desafiar a concentração de riqueza e renda e o poder das
classes hegemônicas.
Uma primeira proposta é a redução da atividade política e da
representação do povo através da redução do tempo legal de
campanha política; da ausência de participação popular nos
partidos; da redução do número de parlamentares; do tempo de
debate nos Parlamentos.
A limitação da participação do povo nos debates e no processo
político pode ser feita também por artifícios inseridos nos
procedimentos e regulamentos de elaboração legislativa.
Uma segunda proposta para superar os “males sociais” que seriam
causados pela política e pelos políticos, seria confiar a
administração do Estado a técnicos, que, por serem especialistas,
seriam honestos, imparciais e científicos em suas ações, sem
esclarecer, entretanto, como seriam esses técnicos escolhidos.
Um mecanismo criado pelos defensores desta solução “técnica” são
as agências reguladoras no âmbito do Estado. Essas agências são
intrinsecamente antidemocráticas, pois definem normas sem que
seus integrantes sejam escolhidos pela sociedade, sem que
estejam sujeitos ao controle da sociedade e sem que suas decisões
sejam debatidas pela sociedade que virá a ser afetada.
Em geral, os dirigentes dessas agências são técnicos que
trabalharam como executivos, isto é, como empregados, em
empresas privadas que desenvolvem atividades na área de
competência da agência reguladora.
Muitos deles, após sua participação na administração de uma
agência reguladora, vêm a ser recrutados para serem executivos de
empresas privadas do setor por ela regulado e onde eles
trabalharam.
O objetivo, apresentado como virtude, das agências reguladoras é
reduzir a influência política, isto é, da cidadania, na regulação das
atividades econômicas e na disciplina do poder econômico, em
especial de megaempresas multinacionais que procuram se auto-
regular de acordo com seus interesses, que não são os interesses
da sociedade local, mas sim seus interesses como empresas
mundiais, e seu objetivo principal que é maximizar seus lucros
globalmente.
O Banco Central é a mais importante das agências reguladoras.
Muitos de seus diretores provêm do setor financeiro privado ou para
ele vão após seu serviço no Banco. Suas decisões, além de serem
influenciadas, até em sua prática diária, pelos bancos privados,
nacionais e estrangeiros, e por outras entidades financeiras, a quem
deveriam regular, afetam todas as atividades sociais.
Essas decisões definem a taxa básica de juros (e assim, em certa
medida, as demais taxas de juros), as políticas monetária e cambial
e influem sobre o nível de investimentos e, portanto, sobre o nível
de emprego na sociedade.
No Brasil, recentemente, o Congresso aprovou lei, sancionada pelo
Presidente Jair Bolsonaro, que coloca o Banco Central, na prática,
acima do Presidente da República.
Uma terceira proposta, para enfrentar os “males” da política seria
entregar a administração do Estado a empresários, escolhidos em
eleições, porém sem vínculos com partidos políticos, para colocar
em prática, na gestão do Estado, a experiência que teriam adquirido
na gestão de suas empresas. A experiência de Donald Trump nos
Estados Unidos revela o que isto pode acarretar.
Na realidade, a administração de uma empresa é radicalmente
distinta da administração pública. Uma empresa se especializa na
produção de um bem ou de alguns bens, e o empresário individual
pode demitir funcionários, mudar o ramo de atividade da empresa, e
assim por diante, com grande arbítrio em relação a seus executivos
e operários. Em geral, um empresário conhece sua empresa e não
necessariamente a economia, a sociedade e o Estado como um
todo.
Ao contrário de uma empresa privada, o Estado trata de múltiplos e
conflituosos interesses e atividades e não pode demitir a seu bel
prazer nem os seus funcionários nem deixar de prestar serviços à
população que demanda serviços e normas para reger seu convívio
social e suas atividades.
A quarta proposta para superar os males criados pela política
sugere entregar a administração do Estado a um segmento social
que, pelas características de sua formação e pela sua ideologia,
tivesse como objetivo a defesa e o bem do Estado e da população
em geral, acima de interesses menores e egoístas e dos conflitos
entre classes e grupos sociais, como empresários, trabalhadores,
latifundiários, camponeses e banqueiros.
Essa classe, esse segmento da sociedade, seriam os militares que,
por sua imparcialidade, poderiam governar de forma honesta,
organizada, hierárquica e disciplinada, pois, devido a sua formação,
reuniriam as condições necessárias para tal.
Todavia, os militares somente poderiam assumir o Poder em
consequência de golpe de Estado ou se viessem a ser eleitos, caso
em que a população elegeria um indivíduo e não toda uma
categoria profissional.
Por outro lado, assim como os técnicos, os militares, como
indivíduos e seres sociais, se vinculam, ainda que de forma
inconsciente, às visões de certas classes e a certos interesses da
sociedade e assim, na prática, não poderiam ser imparciais na
elaboração de normas e na gestão do Estado.
Essas quatro propostas, sempre presentes no imaginário e nas
ações das classes hegemônicas, emergem com força quando seus
líderes sentem (e os setores sob sua influência, como amplas faixas
da classe média e profissionais liberais) que a situação está
escapando a seu controle e ao controle que exercem sobre o
Estado e o sistema político e econômico.
Estados Unidos versus China e o Brasil: um ensaio2

Por Samuel Pinheiro Guimarães3

“Quando semeava uma parte das sementes caiu à beira do caminho…


outra entre as pedras… outra parte caiu no meio dos espinhos… outra
caiu em terra boa e deu frutos”. Jesus Cristo, Evangelho de São
Mateus 13:3-9
“A modernização da China necessita de paz internacional e de
estabilidade política doméstica”. Deng Xiaoping
“Eu não vim para construir nada. Eu vim para destruir”. Jair Bolsonaro
“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de
Alagoas fazem seu ofício”. Graciliano Ramos
“A realidade é a única verdade”. Juan Domingo Perón

Introdução
Com o Governo do Presidente Jair Bolsonaro, o Brasil vive um momento
terrível de sua História.
Este terrível momento, em que o Brasil é vítima de uma política de destruição
de seu Estado, de sua economia, de sua sociedade, executada pelo seu
próprio Governo, é o desfecho de um processo político nacional e
internacional.
Este processo se iniciou com a ascensão de Gorbachev, com a retirada das
tropas soviéticas da Europa Oriental, com a vitória tecnológica-militar dos
Estados Unidos na Primeira Guerra do Iraque, com a desintegração da URSS,
com a crise econômica russa e a adesão da Rússia ao capitalismo.
Em 1989, Francis Fukuyama, acadêmico americano, anunciou o Fim da
História, pois, segundo ele, teria ocorrido a vitória definitiva do capitalismo e da
democracia liberal. Em 1991, George Bush proclamou nas Nações Unidas uma
Nova Ordem Mundial, em cujo centro estariam os Estados Unidos como única
Superpotência.
Essa conjuntura internacional fez emergir na América do Sul governos
neoliberais, seguidores das políticas do Consenso de Washington e praticantes
de estreita cooperação com os Estados Unidos.
Esses Governantes foram Carlos Menem, na Argentina; Fernando Henrique, no
Brasil; Carlos Perez, na Venezuela; Sanchez de Lozada, na Bolívia; Jorge
Battle, no Uruguai; Patricio Aylwin, no Chile e Alberto Fujimori, no Peru.
As políticas neoliberais desses Presidentes fracassaram ao enfrentar a
realidade subdesenvolvida e em extremo desigual das sociedades de
seus países4. Esses Presidentes, eleitos na vaga otimista do neoliberalismo e
do “pensamento único”, terminaram seus mandatos com baixos índices de
2
https://www.viomundo.com.br/politica/samuel-pinheiro-guimaraes-eua-versus-china-e-o-brasil.html
3
Secretário Geral do Itamaraty (2003-09) e Ministro de Assuntos Estratégicos (2009-10)
4
Cabe aqui a observação que no contexto da teoria social da luta de classes esses governos foram bem
sucedidos na ampliação da riqueza e do poder pela classe dominante. Assim, nunca houve, por parte
desses governos, qualquer objetivo republicano com fundamentação no bem estar social.
popularidade e foram substituídos por Presidentes eleitos: Kirchner, Lula,
Chavez, Mesa, Tabaré, Frei, Toledo. Em diversos graus, esses Presidentes
tinham em comum políticas reformistas não revolucionárias, com base em
programas sociais, na recuperação do Estado e na afirmação da soberania.
A política externa do Presidente Lula despertara preocupações em Washington
ao se contrapor a ações e objetivos estratégicos americanos:
a. ao não apoiar a invasão americana do Iraque em 2003;
b. ao desenvolver entendimento político e econômico estreito com
a Argentina;
c. ao promover a criação da UNASUL, em substituição à OEA,
excluindo os Estados Unidos;
d. ao resistir à ALCA e levar a ALCA a seu fim;
e. ao fortalecer o Mercosul;
f. ao se aproximar de Cuba;
g. ao promover a CELAC – Comunidade de Estados Latino
Americanos e Caribenhos.
h. ao fortalecer o programa nuclear e o programa aeroespacial;
i. ao se aproximar, de forma autônoma, de países africanos e
árabes;
j. ao exercer equilíbrio em suas relações com Israel e a
Autoridade Palestina;
k. ao promover, com a Índia, Japão e Alemanha, a reforma do
Conselho de Segurança;
l. ao contribuir para a criação do BRICS, com a China, a Rússia e
a Índia;
m. ao fortalecer a Petrobrás e ao estabelecer o regime de parceria
para explorar o pré-sal;
n. ao implantar a política de “conteúdo nacional” na indústria;
o. ao promover a indústria de defesa, inclusive com a construção
do submarino nuclear;
p. ao negociar, junto com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã.

As iniciativas de política externa do Presidente Lula contrariavam, em maior ou


menor medida, os objetivos estratégicos permanentes de Washington para a
América Latina:
 impedir que Estado ou aliança de Estados reduza a
influência americana na região;
 manter e ampliar sua influência nos sistemas de
comunicação (imprensa, TV, cinema, internet) de cada
Estado;
 incorporar todas as economias da região à economia
americana;
 desarmar os Estados da região;
 manter o sistema da OEA de segurança e alinhamento
político;
 impedir a presença, em especial militar, de Estados
Adversários de Washington;
 impedir o desenvolvimento de indústrias autônomas em
áreas tecnológicas avançadas;
 enfraquecer os Estados da região;
 eleger lideres políticos favoráveis aos objetivos e
interesses específicos americanos.

Após a saída do Presidente Fernando Henrique e a partir da nova situação que


foi se criando nas relações Brasil – Estados Unidos a estratégia americana foi
iniciar um processo de regime change através de:
• mobilizar os meios de comunicação e coordenar sua ação
através do Instituto Millenium, fundado em 2005;
• articular a Operação Mensalão;
• financiar grupos de agitação como o MBL e Vem pra Rua;
• a partir do acordo de cooperação judiciária Brasil-Estados
Unidos, iniciar a Operação Lava Jato que contribuiria para a
preparação do impeachment posterior da Presidenta Dilma
Rousseff.

O Presidente Lula sobreviveu à operação judiciária-política de desestabilização


do Mensalão que atingiu José Dirceu, chefe da Casa Civil, seu provável
sucessor e lideranças do PT. Com crescentes índices de aprovação que
chegaram a 87%, elegeu como sua sucessora a Ministra Dilma Rousseff, de
filiação histórica ao PDT, sem experiência de vida política e de disputa eleitoral,
a quem Lula avalizou como administradora excepcional.
Durante o Governo da Presidenta Dilma ocorreram:
a. a dissolução da base parlamentar, com a chamada “faxina
ética”;
b. um relacionamento distante com parlamentares;
c. uma relação conflituosa com o Presidente da Câmara, Eduardo
Cunha;
d. a aprovação de legislação anticorrupção que a Oposição usaria
contra o Governo;
e. uma grande centralização, na Presidência, de decisões
administrativas;
f. uma política de cortes de gastos e contenção econômica;
g. a nomeação, contra a vontade do “mercado”, de A. Tombini
para o Banco Central;
h. a redução da taxa SELIC a 7.25% ;
i. a redução dos juros cobrados pelos bancos públicos;
j. um distanciamento em relação aos empresários;
k. a criação da Comissão da Verdade e velada reação militar.
A Presidenta Dilma Rousseff foi reeleita por pequena margem de votos em
2014 e seu adversário, Aécio Neves, iniciou forte campanha política e midiática
de impugnação das eleições e do mandato de Dilma.
As políticas e o estilo de relacionamento pessoal da Presidenta Dilma
impediram a construção de uma base parlamentar e social sólida e ampla e
seu impeachment foi votado em 2016.
O Governo do Presidente Michel Temer, a partir de agosto de 2016, adotou o
programa Ponte para o Futuro, elaborado por economistas neoliberais, de
formação em universidades americanas.
Sua principal medida foi a aprovação da Emenda Constitucional 95, que
estabeleceu um teto de gastos, a vigorar durante vinte anos, para as despesas
primárias, e o não contingenciamento do pagamento de juros da dívida pública.
O cumprimento do teto de gastos exige a execução de um programa
econômico, divorciado da realidade brasileira. Reduz a possibilidade de ação
do Estado para promover o desenvolvimento e o crescimento.
Agrava a concentração de renda ao cortar os programas sociais, ao privilegiar
as receitas dos portadores de títulos do Tesouro e dos bancos e seus
acionistas e ao não tributar as receitas com dividendos.
A Operação Lava Jato e a Lei da Ficha Limpa, que foi aprovada, apesar de sua
flagrante inconstitucionalidade, levou à prisão, após a condenação em segunda
instância do Presidente Lula, o que o impediu de competir nas eleições de
2018 e permitiu a vitória de Jair Bolsonaro.
Com um exercício planejado de diversionismo e frases de efeito que excitam
seus seguidores nas redes sociais e ocupam o noticiário, Jair Bolsonaro distrai
a atenção dos crimes que comete diariamente, contra o Estado, a economia e
a sociedade brasileira, entre eles:
a. ofende e agride as instituições;
b. defende a ditadura;
c. defende a tortura e exalta torturadores;
d. promove o armamentismo de toda a população;
e. agride a imprensa e jornalistas;
f. ofende as minorias;
g. tem comportamento e convicções contrárias ao conhecimento
científico;
h. minimiza a importância da COVID e as medidas de contenção;
i. zomba das vítimas do COVID-19;
j. promove a destruição ambiental;
k. ofende Estados importantes para o Brasil;
l. tem comportamento subserviente em relação aos Estados
Unidos;
m. tem comportamento indecoroso;
n. orgulha-se de sua própria ignorância.
Distraídos pela conduta histriônica e ofensiva do Presidente Jair Bolsonaro,
pensam muitos que não tem ele um plano para o Brasil. Tem ele, em verdade,
um plano simples como seu nível cultural e cognitivo. Este “plano” tem os
seguintes “princípios” como sua base:
a. a empresa privada pode resolver todos os problemas
brasileiros;
b. a empresa estrangeira é melhor que a brasileira;
c. a empresa privada ainda não resolveu todos os problemas
brasileiros porque o Estado a impediu.

Em consequência, seu programa de Governo, executado por seu Ministro


Paulo Guedes, é simples e se baseia, não na construção, mas na destruição:
a. privatizar por completo todas as empresas, organismos e
agências do Estado;
b. desregulamentar todas as atividades econômicas;
c. criar todo tipo de benefício para as empresas privadas;
d. desmontar a administração pública e privatizá-la.

Assim Bolsonaro nomeia para os cargos públicos indivíduos incompetentes,


desconhecidos e inexperientes desde que sejam contrários aos órgãos que vão
dirigir e dispostos a tudo privatizar, a tudo desregulamentar e em tudo
beneficiar empresas privadas.
No campo social, Jair Bolsonaro é contra qualquer ação do Estado e expressa,
de público, preconceito contra negros, mulheres, indígenas, LGBTS,
nordestinos, pobres. É contrário a toda e qualquer ação do Estado em defesa
de grupos minoritários.
A vitória, a posse e o Governo do Presidente Jair Bolsonaro é o coroamento de
uma operação de regime change e de redução do potencial brasileiro de
desenvolvimento político e econômico que envolveu:
a. a Operação Lava Jato que, através de procedimentos ilegais e
do conluio entre um Juiz de 1° instancia e o TRF-4, condenou,
sem provas, o Presidente Lula e o excluiu das eleições de 2018;
b. a intensa campanha anti-petista na grande mídia;
c. a criação de uma associação no imaginário popular entre o PT
e a corrupção;
d. a criação de uma associação no imaginário popular entre o PT
e o comunismo;
e. a articulação do apoio de seitas neopentecostais;
f. o uso das técnicas de fake news e de “bombardeio” de notícias;
g. a destruição das grandes empresas brasileiras, em especial de
engenharia;
h. a campanha contra a “política” e em favor de um candidato
antissistema, não político, popular.
Jair Bolsonaro é um Presidente de extrema-direita; violento; preconceituoso;
autoritário; antidemocrático; anti-trabalho; pró-capital; ignorante; inculto;
ordinário e incompetente; indiferente e hostil ao sofrimento alheio.
Se Jair Bolsonaro conhecesse psicanálise, saberia que seu comportamento é
paranoico; se conhecesse história, saberia ter comportamento nazista; se
conhecesse sociologia, saberia ser seu comportamento genocida.
É fundamental que, superando suas divergências, as forças democráticas se
unam para deter cada uma das medidas propostas por Jair Bolsonaro em sua
política de destruição da sociedade, do Estado e da economia brasileira e da
construção de um regime autoritário.
Em segundo lugar, é importante manter presente a relação entre os
acontecimentos internos brasileiros e a situação internacional, em que existe
um Império, cujo Metrópole é Washington, e “Províncias”, entre elas o Brasil,
sob o Governo reles, submisso e subserviente de Bolsonaro.
A situação interna brasileira pode ser melhor compreendida à luz do sistema
internacional em que o Brasil está profundamente inserido.
As relações entre Estados Unidos, China e Brasil se dão no contexto de uma
situação internacional caracterizada pela existência de um Império.
Este Império é o Império Americano, constituído por sua Metrópole, os Estados
Unidos, e suas “Províncias”, (entre elas o Brasil), que se confronta com
Estados Adversários, a República Popular da China e a República Federativa
Russa.

Impérios são organizações políticas, militares e econômicas de vastos


territórios em função de uma Metrópole, um Estado, que adquiriu maior
preeminência e hegemonia política, econômica e militar e que é construtor e
beneficiário do Império.
Os Impérios, desde aqueles da Antiguidade até os Impérios modernos, sempre
tiveram como objetivo o controle político e a organização da produção nos
territórios, conquistados pela força ou submetidos pela influência econômica,
política e ideológica, e a construção de mecanismos para transferir bens
acumulados e bens neles produzidos para as Metrópoles, isto é, para benefício
das classes hegemônicas de suas Metrópoles e, marginalmente, das demais
classes sociais.
Aqueles antigos mecanismos de transferência de tributos, de bens e de
riquezas correspondem hoje, na época do Império Americano, à remessa de
lucros das filiais de megaempresas americanas, que utilizam os recursos
naturais e a mão-de-obra barata das “Províncias” onde instalam fábricas; dos
lucros das empresas de serviços; dos rendimentos auferidos pelo uso de
tecnologia e da propriedade intelectual; pelo consumo de bens de
entretenimento (cinema, música, TV, Internet, shows), para seus acionistas na
Metrópole. Através dos impostos pagos pelas empresas ao Estado, o Governo
americano redistribui parte dos lucros para os segmentos mais pobres de sua
população sob a forma de programas sociais gratuitos.
As “Províncias” modernas não são como as Colônias do Império Romano e as
do Império Britânico.
Não são governadas diretamente por representantes de Washington.
São Estados formalmente independentes e soberanos, administrados por
funcionários das classes hegemônicas locais, em nome do Império, que devem
“obedecer” a certas “normas” informais que, quando desobedecidas, os tornam
Estados (“Províncias”) rebeldes, sujeitas a sanções unilaterais ou multilaterais,
impostas ou articuladas pelo Império.
As normas (informais) da Metrópole do Império Americano para as suas
“Províncias” (entre elas, o Brasil) são:
a. ter economia capitalista, aberta ao capital estrangeiro;
b. exercer mínima intervenção, empresarial e regulamentar, do
Estado na economia;
c. dar igual tratamento às empresas nacionais e às de capital
estrangeiro;
d. permitir às filiais de empresas estrangeiras remeter lucros
livremente;
e. dar acesso às empresas estrangeiras a recursos naturais, em
especial minérios;
f. dar acesso aos mercados internos de bens e de serviços;
g. dar acesso às vias de transporte, em especial às belonaves do
Império;
h. não exercer controle sobre os meios de comunicação, inclusive
a Internet;
i. dar acesso e liberdade de ação às ONGs estrangeiras;
j. ter regime político pluripartidário, com eleições periódicas;
k. respeitar os direitos humanos, civis e políticos;
l. exercer política de tolerância religiosa;
m. não organizar forças armadas autônomas em doutrina e
equipamento;
n. não desenvolver industrias nas áreas das armas de destruição
em massa;
o. não celebrar acordos, em especial militares, com os Estados
Adversários, Rússia e China;
p. não cooperar com as “Províncias” “rebeldes”;
q. apoiar às iniciativas dos Estados Unidos, em especial em
relação aos Estados Adversários e às “Províncias” “rebeldes”.

O Império pode tolerar, de acordo com sua conveniência e dependendo das


circunstâncias internas e externas de cada Estado (“Província”), o desrespeito
a algumas dessas normas, mas exerce pressão constante para forçar seu
cumprimento, tendo em vista a missão superior que se atribui de defender e
fazer cumprir os valores americanos que considera universalmente válidos e
incorporados a essas normas.
As características da inserção do Brasil como “Província” subdesenvolvida, de
grande potencial e desarmada no sistema internacional imperial é importante
para compreender sua situação interna e também para o futuro do Brasil a
médio e longo prazo: o longo prazo é, em realidade, construído dia a dia.
A partir desta visão, a questão do Conselho de Segurança das Nações Unidas
é central. O Conselho é o centro político-militar do sistema internacional.
Grupos econômicos como o G-7 e o G-20, apesar de sua relevância, não têm
capacidade jurídica e poder político e militar para impor sanções e usar a força.
Os Membros Permanentes estão fora do alcance da ação do Conselho já que
podem impedir, pelo poder de veto que detêm, o exame de qualquer tema e a
adoção de qualquer medida contra seus interesses. Estão, assim, de fato,
acima do Direito Internacional.
A capacidade do Conselho de Segurança de tomar decisões contrárias aos
interesses econômicos, políticos e militares de médio e longo prazo do Brasil
em relação a outros Estados mas também em relação ao próprio Brasil e a seu
entorno regional mais próximo, faz com que permaneça válido e permanente o
objetivo estratégico para o Brasil de ingressar no Conselho.
Portanto, uma ampla e persistente ação política, diplomática e econômica para
buscar o apoio de 2/3 dos Estados membros das Nações Unidas, e inclusive
dos Membros Permanentes, é necessária para emendar os artigos da Carta
que definem a composição do Conselho.
As características de território e população, de recursos de solo e subsolo, de
parque industrial, de mercado interno, de desenvolvimento científico e
tecnológico fazem com que o Brasil possa aspirar, caso assim decida a
vanguarda de suas classes hegemônicas, à situação política e econômica de
Grande Potência no sistema internacional.
As forças progressistas da sociedade e da política devem levantar este tema e
forçar as classes hegemônicas e seus representantes no Governo a promover
esta iniciativa estratégica que interessa mais ao conjunto da sociedade
brasileira do que apenas a suas classes hegemônicas, relutantes por
desejarem estar sempre em sintonia com as classes hegemônicas da
Metrópole do Império.
Todavia, a ascensão do Brasil à condição de grande Potência e, portanto, o
ingresso de mais um Estado no círculo privilegiado de decisão e ação de Poder
internacional não interessa ao Império Americano (a Washington).
Não é do interesse do Império Americano a emergência, em qualquer região do
mundo, de uma Potência que poderia vir a reduzir sua influência política,
militar, econômica e ideológica naquele Estado e na região e que venha a
poder reivindicar o ingresso no círculo privilegiado de Poder em que se
encontram os membros permanentes do Conselho de Segurança e que são
simultaneamente Estados legalmente portadores de armas nucleares, privilégio
a eles concedido pelo TNP.
Não interessa à França e ao Reino Unido, Membros Permanentes e Potências
nucleares, ainda que sejam, em realidade, “Províncias” do Império Americano,
o ingresso do Brasil no Conselho.
Sua influência se diluiria diante do potencial de longo prazo muito maior do
Brasil e abriria a porta à entrada de outros novos membros, e maior diluição de
sua influência.
Não é igualmente do interesse da Alemanha e do Japão a emergência do
Brasil como Potência. Esses dois Estados, que são duas Potências históricas,
e hoje duas das maiores economias do mundo, de grande dinamismo científico
e tecnológico (e de potencial militar) aspiram recuperar sua plena soberania e
seu status político no sistema internacional.
A emergência do Brasil tornaria mais difícil o processo de sua recuperação
política.
Igualmente não interessa à Rússia e à China, Estados Adversários do Império,
a emergência do Brasil pois antes, ou ao mesmo tempo, teriam de tratar da
“ressurreição política” do Japão e da Alemanha, ao que RPC e Rússia se
opõem e que poderia levar à reforma do Conselho de Segurança para incluir
dois Estados que foram seus ferozes inimigos na Segunda Guerra.
Não interessa aos Estados latino americanos, em especial ao México, à
Argentina e à Colômbia, a ascensão do Brasil à condição de Grande Potência,
pois esta ascensão consagraria a posição regional de preeminência do Brasil.
A oposição ativa que exerceram através do chamado Coffee Club na ONU
contra a expansão do Conselho e contra a concessão de uma cadeira para o
Brasil revela claramente esta atitude.
Assim, não é prudente e realista nutrir ilusões diante de eventuais
manifestações de apoio às pretensões brasileiras de ascender a esse círculo
de Poder privilegiado, que é o Conselho de Segurança.
A estratégia que o Brasil deve adotar para ingressar no círculo central da
política internacional vai além da ação diplomática mas não a exclui.
A situação do Brasil como “Província” subdesenvolvida do Império Americano,
as manifestações do Presidente Bolsonaro, e de seus Ministros, de
alinhamento, irrestrito, às políticas e iniciativas do Império durante o Governo
Trump, em relação a Israel; a Cuba; à China; a Direitos Humanos; à
Venezuela; uma percepção pessimista e egoísta das classes hegemônicas
brasileiras sobre as possibilidades e o destino do Brasil tornam difícil hoje, mas
não impossível, passado este momento terrível da História brasileira, elaborar e
executar uma estratégia consistente e eficiente de política externa e interna.
O Governo Democrata de Joe Biden definirá uma nova estratégia para
Washington e o Império Americano.
Qualquer que seja esta nova estratégia e táticas correspondentes, por longo
tempo a competição entre a China e os Estados Unidos permanecerá como o
tema central da política internacional, assim como a situação das “Províncias”,
entre elas o Brasil, e o que delas se exigirá neste embate.
Assim, o presente ensaio se dedica de início à competição entre Estados
Unidos e China e somente em seu capítulo final trata das circunstâncias do
Brasil neste cenário e da estratégia, política, econômica e militar interna e
externa que o Brasil poderia seguir, complexa e delicada, para conquistar
gradualmente as condições para sua ascensão internacional.
Artigo de Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da
Rússia, "The Law, the Rights and the Rules", Moscou, 28 de
junho de 2021
9644 visualizações27 de junho de 2021 64 comentários

https://www.mid.ru/en/foreign_policy/news/-
/asset_publisher/cKNonkJE02Bw/content/id/4801890

A conversa franca e geralmente construtiva que ocorreu na reunião


de cúpula de 16 de junho de 2021 entre os presidentes Vladimir
Putin e Joseph Biden em Genebra resultou em um acordo para
lançar um diálogo substantivo sobre estabilidade estratégica,
reafirmando a premissa crucial de que a guerra nuclear é
inaceitável. Os dois lados também chegaram a um acordo sobre a
conveniência de realizar consultas sobre segurança cibernética, o
funcionamento de missões diplomáticas, o destino de cidadãos
russos e americanos presos e uma série de conflitos regionais.
O líder russo deixou claro, inclusive em suas declarações públicas,
que encontrar um equilíbrio de interesses mutuamente aceitável
estritamente em base de paridade é a única maneira de entregar
em qualquer uma dessas faixas. Não houve objeções durante as
negociações. No entanto, em suas conseqüências imediatas, as
autoridades dos EUA, incluindo aqueles que participaram da
reunião de Genebra, começaram a afirmar o que parecia ser
dogmas perdidos, comentando que haviam "deixado claro" para
Moscou, "avisado e declarado suas demandas". Além disso, todas
essas “advertências” andavam de mãos dadas com ameaças: se
Moscou não aceitar as “regras de trânsito” estabelecidas em
Genebra em questão de meses, ficará sob nova pressão.
É claro que ainda não se sabe como serão as consultas para definir
formas específicas de cumprir os entendimentos de Genebra
mencionados acima. Como Vladimir Putin disse durante sua
coletiva de imprensa após as negociações, "temos muito o que
trabalhar". Dito isso, é significativo que a posição inerradicável de
Washington tenha sido expressa imediatamente após as
negociações, especialmente porque as capitais europeias
imediatamente deram atenção ao sentimento do Grande Irmão e
pegaram a melodia com muito gosto e prazer. A essência de suas
declarações é que eles estão prontos para normalizar suas relações
com Moscou, mas só depois que esta “mudar a maneira como se
comporta”.
É como se um coro tivesse sido pré-arranjado para cantar junto com
o vocalista principal. Parece que foi disso que se tratou a série de
eventos ocidentais de alto nível no preparo das conversações
Rússia-EUA: a Cúpula do Grupo dos Sete em Cornwall, Reino
Unido, a Cúpula da OTAN em Bruxelas, bem como a de Joseph
Biden reunião com o Presidente do Conselho Europeu Charles
Michel e a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
Essas reuniões foram cuidadosamente preparadas de uma forma
que não deixa dúvidas de que o Ocidente queria enviar uma
mensagem clara: está unido como nunca antes e fará o que
acredita ser certo nos assuntos internacionais, enquanto força
outros, principalmente a Rússia e a China, para seguir seu
exemplo. Os documentos adotados nas cúpulas da Cornualha e de
Bruxelas cimentaram o conceito de ordem mundial baseado em
regras como um contrapeso aos princípios universais do direito
internacional com a Carta das Nações Unidas como sua fonte
primária.
Ao fazer isso, o Ocidente evita deliberadamente enunciar as regras
que pretende seguir, assim como se abstém de explicar por que
elas são necessárias. Afinal, já existem milhares de instrumentos
jurídicos internacionais universais que estabelecem compromissos
nacionais claros e mecanismos de verificação transparentes. A
beleza dessas “regras” ocidentais reside precisamente no fato
de que carecem de um conteúdo específico. Quando alguém age
contra a vontade do Ocidente, ele imediatamente responde com
uma alegação infundada de que "as regras foram quebradas" (sem
se preocupar em apresentar qualquer evidência) e declara seu
"direito de responsabilizar os perpetradores". Quanto menos
específicos forem, mais livre terá a mão para continuar com a
prática arbitrária de empregar táticas sujas como forma de
pressionar os concorrentes. Durante a chamada “década de 1990
selvagem” na Rússia, costumávamos nos referir a essas práticas
como estabelecer a lei.
Para os participantes das cúpulas G7, OTAN e EUA-UE, essa série
de eventos de alto nível sinalizou o retorno dos Estados Unidos aos
assuntos europeus e a restauração da consolidação do Velho
Mundo sob a asa da nova administração em Washington. A maioria
dos membros da OTAN e da UE enfrentou esta reviravolta com
comentários entusiasmados, em vez de apenas um suspiro de
alívio. A adesão aos valores liberais como a estrela-guia da
humanidade fornece uma base ideológica para a reunificação da
"família ocidental". Sem qualquer falsa modéstia, Washington e
Bruxelas se autodenominaram "uma âncora para a democracia, paz
e segurança", em oposição ao "autoritarismo em todas as suas
formas". Em particular, eles proclamaram sua intenção de usar
sanções para "apoiar a democracia em todo o mundo". Para esse
efeito, eles aceitaram a ideia americana de convocar uma Cúpula
para a Democracia. Não se engane, o Ocidente escolherá a dedo
os participantes desta cúpula. Ele também definirá uma agenda que
dificilmente encontrará oposição dos participantes de sua
escolha. Fala-se de países exportadores de democracia que
assumem “compromissos reforçados” para garantir a adesão
universal aos “padrões democráticos” e concebem mecanismos
para controlar esses processos.
A revitalizada Carta Atlântica anglo-americana aprovada por Joseph
Biden e Boris Johnson em 10 de junho de 2021 à margem da
Cúpula do G7 também é digna de nota. Foi lançado como uma
versão atualizada do documento de 1941 assinado por Franklin D.
Roosevelt e Winston Churchill sob o mesmo título. Na época,
desempenhou um papel importante na definição dos contornos da
ordem mundial do pós-guerra.
No entanto, nem Washington, nem Londres mencionaram um fato
histórico essencial: oitenta anos atrás, a URSS e uma série de
governos europeus no exílio aderiram à Carta de 1941, abrindo
caminho para torná-la um dos pilares conceituais da Coalizão Anti-
Hitler e um dos projetos legais da Carta das Nações Unidas.
Da mesma forma, a Nova Carta do Atlântico foi projetada como um
ponto de partida para a construção de uma nova ordem mundial,
mas guiada exclusivamente pelas "regras" ocidentais. Suas
disposições são ideologicamente contaminadas. Eles buscam
ampliar o fosso entre as chamadas democracias liberais e todas as
outras nações, bem como legitimar a ordem baseada em regras. A
nova carta não menciona a ONU ou a OSCE, embora afirme sem
reservas a adesão das nações ocidentais aos seus compromissos
como membros da OTAN, vistos de facto como o único centro
legítimo de tomada de decisão (pelo menos é assim que o ex-
Secretário da OTAN - O general Anders Fogh Rasmussen
descreveu o papel da OTAN). É claro que a mesma filosofia
norteará os preparativos para a Cúpula para a Democracia.
Rotuladas como “potências autoritárias”, a Rússia e a China foram
apontadas como os principais obstáculos ao cumprimento da
agenda definida nas cúpulas de junho. De uma perspectiva geral,
elas enfrentam dois grupos de queixas, vagamente definidas como
externas e internas. Em termos de assuntos internacionais, Pequim
é acusada de ser muito assertiva ... Rússia é acusada de adotar
uma "postura agressiva" em várias regiões. É assim que tratam a
política de Moscou que visa combater as aspirações ultra-radicais e
neonazistas em sua vizinhança imediata, onde os direitos dos
russos, bem como de outras minorias étnicas, estão sendo
suprimidos e a língua, educação e cultura russas enraizadas
Fora. Eles também não gostam do fato de Moscou defender países
que se tornaram vítimas de apostas ocidentais, foram atacados por
terroristas internacionais e correram o risco de perder sua condição
de Estado, como foi o caso da Síria.
Ainda assim, o Ocidente reservou suas maiores palavras para o
funcionamento interno dos países “não democráticos” e seu
compromisso de reformulá-los para se encaixar nos moldes
ocidentais. Isso implica colocar a sociedade em conformidade com
a visão de democracia pregada por Washington e Bruxelas. Isso
está na raiz das exigências de que Moscou e Pequim, assim como
todos os outros, sigam as prescrições ocidentais sobre direitos
humanos, sociedade civil, tratamento da oposição, mídia,
governança e interação entre os poderes. Ao proclamar o "direito"
de interferir nos assuntos internos de outros países para promover a
democracia como a entende, o Ocidente instantaneamente perde
todo o interesse quando levantamos a perspectiva de tornar as
relações internacionais mais democráticas, incluindo a renúncia ao
comportamento arrogante e o compromisso de cumprir os princípios
universalmente reconhecidos do direito internacional em vez de
"regras".
Ao expandir as sanções e outras medidas coercitivas ilegítimas
contra Estados soberanos, o Ocidente promove o domínio totalitário
nos assuntos globais, assumindo uma postura imperial e
neocolonial em suas relações com terceiros países. Eles são
convidados a adotar a regra democrática sob o modelo da escolha
ocidental, e esquecer a democracia nos assuntos internacionais, já
que alguém decidirá tudo por eles. Tudo o que se pede a esses
países terceiros é que se calem ou enfrentem represálias.
Políticos lúcidos na Europa e na América percebem que essa
política intransigente não leva a lugar nenhum e estão começando a
pensar pragmaticamente, embora fora da visão pública,
reconhecendo que o mundo tem mais do que apenas uma
civilização. Eles estão começando a reconhecer que a Rússia, a
China e outras grandes potências têm uma história que remonta a
mil anos e têm suas próprias tradições, valores e estilo de vida. As
tentativas de decidir quais valores são melhores e quais são piores
parecem inúteis. Em vez disso, o Ocidente deve simplesmente
reconhecer que existem outras maneiras de governar que podem
ser diferentes das abordagens ocidentais, e aceitar e respeitar isso
como um dado. Nenhum país está imune às questões de direitos
humanos, então por que toda essa arrogância erudita? Por que os
países ocidentais presumem que podem lidar com essas questões
por conta própria, uma vez que são democracias,
As relações internacionais estão passando por mudanças
fundamentais que afetam a todos, sem exceção. Tentar prever
aonde isso nos levará é impossível. Ainda assim, há uma pergunta:
aspirações messiânicas à parte, qual é a forma mais eficaz de
governo para enfrentar e remover ameaças que transcendem
as fronteiras e afetam todas as pessoas, não importa onde
vivam? Cientistas políticos estão começando a comparar as caixas
de ferramentas disponíveis usadas pelas chamadas democracias
liberais e por “regimes autocráticos”. Nesse contexto, é revelador
que o termo “democracia autocrática” tenha sido sugerido, ainda
que timidamente.
Essas são considerações úteis, e os políticos sérios que estão
atualmente no poder, entre outros, devem tomar cuidado. Pensar e
examinar o que está acontecendo ao nosso redor nunca fez
mal a ninguém. O mundo multipolar está se tornando realidade.
As tentativas de ignorar esta realidade, afirmando-se como o único
centro legítimo de tomada de decisão, dificilmente trarão soluções
para desafios reais, ao invés de rebuscados. Em vez disso, o que é
necessário é um diálogo mutuamente respeitoso envolvendo as
principais potências e com o devido respeito pelos interesses de
todos os outros membros da comunidade internacional. Isso implica
um compromisso incondicional de cumprir as normas e princípios
universalmente aceitos do direito internacional, incluindo o respeito
à igualdade soberana dos Estados, a não ingerência em seus
assuntos internos, a resolução pacífica de conflitos e o direito à
autodeterminação.
Considerado como um todo, o Ocidente histórico dominou o mundo
por quinhentos anos. No entanto, não há dúvida de que agora vê
que esta era está a chegar ao fim, ao mesmo tempo que se apega
ao estatuto de que gozava e põe travões artificiais no processo
objectivo que consiste na emergência de um mundo
policêntrico. Isso resultou em uma tentativa de fornecer uma base
conceitual para a nova visão do multilateralismo. Por exemplo, a
França e a Alemanha tentaram promover o “multilateralismo eficaz”,
enraizado nos ideais e ações da UE e servindo de modelo para
todos os outros, em vez de promover o multilateralismo inclusivo da
ONU.
Ao impor o conceito de uma ordem baseada em regras, o Ocidente
busca deslocar a conversa sobre questões-chave para as
plataformas de sua preferência, onde nenhuma voz dissidente pode
ser represada. É assim que surgem grupos com ideias semelhantes
e vários “apelos”. Trata-se de coordenar prescrições e então fazer
com que todos os demais as sigam. Os exemplos incluem um
“apelo por confiança e segurança no ciberespaço”, “o apelo
humanitário por ação” e uma “parceria global para proteger a
liberdade da mídia”. Cada uma dessas plataformas reúne apenas
várias dezenas de países, o que está longe de ser a maioria, no que
diz respeito à comunidade internacional. O sistema ONU oferece
plataformas de negociação inclusivas em todos os assuntos
mencionados. Compreensivelmente, isso dá origem a pontos de
vista alternativos que devem ser levados em consideração na busca
de um compromisso,
Ao mesmo tempo, a UE desenvolve regimes de sanções horizontais
dedicados para cada um de seus “grupos com ideias semelhantes”,
é claro, sem olhar para trás para a Carta da ONU. Funciona assim:
quem adere a estes “apelos” ou “parcerias” decide entre si quem
viola as suas exigências numa dada esfera, e a União Europeia
impõe sanções aos culpados. Que método conveniente. Eles
podem indiciar e punir por conta própria, sem nunca precisar
recorrer ao Conselho de Segurança da ONU. Eles até propuseram
uma justificativa para esse efeito: como temos uma aliança dos
multilateralistas mais eficazes, podemos ensinar outros a dominar
essas melhores práticas. Para aqueles que acreditam que isso seja
antidemocrático ou em desacordo com uma visão de
multilateralismo genuíno, o presidente da França Emmanuel Macron
ofereceu uma explicação em suas observações em 11 de maio de
2021:
Não se engane: não há nada de errado com as regras em si. Ao
contrário, a Carta da ONU é um conjunto de regras, mas essas
regras foram aprovadas por todos os países do mundo, ao invés de
por um grupo fechado em uma reunião aconchegante.
Um detalhe interessante: em russo, as palavras “lei” e “regra”
compartilham uma única raiz. Para nós, uma regra genuína e justa
é indissociável da lei. Este não é o caso das línguas ocidentais. Por
exemplo, em inglês, as palavras “law” e “rule” não têm nenhuma
semelhança. Veja a diferença? “Regra” não é tanto sobre a lei, no
sentido de leis geralmente aceitas, mas sobre as decisões tomadas
por quem governa ou governa. Também é importante notar que
“regra” compartilha uma única raiz com “régua”, com os significados
deste último incluindo o dispositivo comum para medir e desenhar
linhas retas. Pode-se inferir que por meio de seu conceito de
“regras” o Ocidente busca alinhar todos em torno de sua visão ou
aplicar o mesmo padrão a todos, de modo que todos caiam em uma
única fila.
Ao refletir sobre linguística, visão de mundo, sentimento e a
maneira como variam de uma nação ou cultura para outra, vale a
pena lembrar como o Ocidente tem justificado a expansão sem
reservas da OTAN para o leste em direção à fronteira
russa. Quando apontamos para as garantias fornecidas à União
Soviética de que isso não aconteceria, ouvimos que essas eram
apenas promessas faladas e que não havia documentos assinados
para esse efeito. Há uma tradição secular na Rússia de fazer
acordos de aperto de mão sem assinar nada e manter a palavra
como sacrossanto, mas parece improvável que venha a se
estabelecer no Ocidente.
Os esforços para substituir o direito internacional por “regras”
ocidentais incluem uma política imanentemente perigosa de revisar
a história e os resultados da Segunda Guerra Mundial e dos
veredictos dos julgamentos de Nuremberg como a base da ordem
mundial atual. O Ocidente se recusa a apoiar uma resolução da
ONU patrocinada pela Rússia proclamando que glorificar o
nazismo é inaceitável, e rejeita nossas propostas para discutir
a demolição de monumentos para aqueles que libertaram a
Europa. Eles também querem condenar ao esquecimento os
acontecimentos importantes do pós-guerra, como a Declaração das
Nações Unidas de 1960 sobre a Concessão da Independência aos
Países e Povos Coloniais, iniciada por nosso país. As antigas
potências coloniais procuram apagar essa memória substituindo-a
por rituais elaborados apressadamente, como ajoelhar-se antes de
competições esportivas,
A ordem baseada em regras é a personificação de padrões
duplos. O direito à autodeterminação é reconhecido como uma
“regra” absoluta sempre que pode ser usado para uma
vantagem. Isso se aplica às Ilhas Malvinas, ou Falklands, a cerca
de 12.000 quilômetros da Grã-Bretanha, aos antigos territórios
coloniais remotos que Paris e Londres mantêm, apesar de várias
resoluções e decisões da Corte Internacional de Justiça da ONU,
bem como Kosovo, que obteve sua “ independência ”, em violação
de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. No entanto,
se a autodeterminação é contrária aos interesses geopolíticos
ocidentais, como aconteceu quando o povo da Crimeia votou pela
reunificação com a Rússia, esse princípio é posto de lado, embora
condene a livre escolha do povo e os castigue com sanções.
Além de invadir o direito internacional, o conceito de “regras”
também se manifesta em tentativas de invadir a própria natureza
humana. Em vários países ocidentais, os alunos aprendem na
escola que Jesus Cristo era bissexual. As tentativas de políticos
razoáveis de proteger a geração mais jovem da propaganda
LGBT agressiva são recebidas com protestos belicosos da
"Europa iluminada". Todas as religiões do mundo, o código
genético das principais civilizações do planeta, estão sob
ataque. Os Estados Unidos estão na vanguarda da interferência do
Estado nos assuntos da Igreja, buscando abertamente criar uma
barreira no mundo ortodoxo, cujos valores são vistos como um
poderoso obstáculo espiritual para o conceito liberal de
permissividade sem limites.
A insistência e mesmo a teimosia demonstrada pelo Ocidente em
impor suas “regras” são marcantes. Claro, a política interna é um
fator, com a necessidade de mostrar aos eleitores o quão dura pode
ser sua política externa ao lidar com “adversários autocráticos”
durante cada ciclo eleitoral, que acontece a cada dois anos nos
Estados Unidos.
Ainda assim, foi também o Ocidente que cunhou o lema “liberdade,
igualdade, fraternidade”. Não sei se o termo “fraternidade” é
politicamente correto na Europa de hoje de uma “perspectiva de
gênero”, mas não houve tentativas de usurpar a igualdade até
agora. Conforme mencionado acima, ao pregar a igualdade e a
democracia em seus países e exigir que outros sigam seu exemplo,
o Ocidente se recusa a discutir formas de garantir a igualdade e a
democracia nos assuntos internacionais.
Essa abordagem está claramente em desacordo com os ideais de
liberdade. O véu de sua superioridade esconde a fraqueza e o
medo de se engajar em uma conversa franca não apenas com os
sim-homens e aqueles que desejam entrar na linha, mas também
com oponentes com diferentes crenças e valores, não neoliberais
ou neoconservadores, mas aqueles aprendidos no colo da mãe,
herdados de muitas gerações passadas, tradições e crenças.
É muito mais difícil aceitar a diversidade e competição de idéias no
desenvolvimento do mundo do que inventar prescrições para toda a
humanidade dentro de um círculo estreito de pessoas que pensam
da mesma forma, livre de quaisquer disputas sobre questões de
princípio, o que torna o surgimento de verdade quase
impossível. No entanto, as plataformas universais podem produzir
acordos muito mais sólidos, sustentáveis e podem ser objeto de
verificação objetiva.
Essa verdade imutável luta para chegar às elites ocidentais,
consumidas como estão pelo complexo do excepcionalismo. Como
mencionei anteriormente neste artigo, logo após as negociações
entre Vladimir Putin e Joseph Biden, as autoridades da UE e da
OTAN se apressaram em anunciar que nada mudou na maneira
como tratam a Rússia. Além disso, eles estão prontos para ver suas
relações com Moscou se deteriorarem ainda mais, afirmaram.
Além disso, é uma minoria russofóbica agressiva que define cada
vez mais a política da UE, conforme confirmado pela Cúpula da UE
em Bruxelas em 24 e 25 de junho de 2021, onde o futuro das
relações com a Rússia estava na ordem do dia. A ideia expressa
por Angela Merkel e Emmanuel Macron de manter uma reunião
com Vladimir Putin foi morta antes de ver a luz do
dia. Observadores notaram que a Cúpula Rússia-EUA em Genebra
foi equivalente a um sinal verde para que os Estados Unidos
realizassem essa reunião, mas os Estados Bálticos, aliando-se à
Polônia, interromperam essa tentativa "descoordenada" de Berlim e
Paris, enquanto os ucranianos O Itamaraty convocou os
embaixadores da Alemanha e da França para explicar as ações de
seus governos. O que saiu dos debates na cúpula de Bruxelas foi
uma instrução para a Comissão Europeia e o Serviço de Ação
Externa da União Europeia para conceber novas sanções contra
Moscou sem se referir a nenhum “pecado” específico, por
precaução. Sem dúvida, eles vão inventar alguma coisa, caso seja
necessário.
Nem a OTAN, nem a UE pretendem se desviar de sua política
de subjugar outras regiões do mundo, proclamando uma
missão messiânica global auto-designada.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte está procurando
contribuir proativamente para a estratégia da América para a região
do Indo-Pacífico, claramente voltada para conter a China e minar o
papel da ASEAN em seus esforços de décadas para construir uma
arquitetura de cooperação inclusiva para a Ásia-Pacífico. Por sua
vez, a União Européia elabora programas para “abraçar” os
espaços geopolíticos de sua vizinhança e fora dela, sem coordenar
essas iniciativas nem mesmo com os países convidados. É disso
que se trata a Parceria Oriental, bem como um programa recente
aprovado por Bruxelas para a Ásia Central. Há uma diferença
fundamental entre essas abordagens e aquelas que orientam os
processos de integração com o envolvimento da Rússia: o CIS, o
CSTO, EurAsEC e o SCO.
Com sua atitude de desprezo para com outros membros da
comunidade internacional, o Ocidente se encontra do lado errado
da história.
Países sérios e que se respeitam nunca irão tolerar tentativas de
falar com eles por meio de ultimatos e discutirão quaisquer
questões apenas em pé de igualdade.
Quanto à Rússia, é mais que tempo de que todos entendam que
traçamos uma linha definitiva sob qualquer tentativa de jogar um
jogo de mão única conosco. Todos os mantras que ouvimos das
capitais ocidentais sobre sua prontidão para recolocar suas
relações com Moscou nos trilhos, desde que ela se arrependa e
mude de rumo, não têm sentido. Ainda assim, muitos persistem,
como que por inércia, em nos apresentar demandas unilaterais, o
que dá pouco, ou nenhum, crédito ao quão realistas são.
A política de fazer com que a Federação Russa se desenvolva por
conta própria, de forma independente e protegendo os interesses
nacionais, enquanto permanece aberta para chegar a acordos com
parceiros estrangeiros em uma base de igualdade, tem estado no
centro de todos os seus documentos de posição sobre política
externa, segurança nacional e defesa. No entanto, a julgar pelos
passos práticos dados nos últimos anos pelo Ocidente, eles
provavelmente pensaram que a Rússia não queria realmente dizer
o que pregava, como se não tivesse a intenção de seguir esses
princípios. Isso inclui a resposta histérica aos esforços de
Moscou para defender os direitos dos russos após o sangrento
golpe governamental de 2014 na Ucrânia, apoiado pelos Estados
Unidos, pela OTAN e pela UE. Eles pensaram que se aplicassem
um pouco mais de pressão sobre as elites e direcionassem seus
interesses, enquanto expandiam o pessoal, Com sanções
financeiras e outras setoriais, Moscou recobraria o juízo e
perceberia que enfrentaria desafios crescentes em seu caminho de
desenvolvimento, desde que não “mudasse seu comportamento”, o
que implica obedecer ao Ocidente. Mesmo quando a Rússia deixou
claro que vemos essa política dos Estados Unidos e da Europa
como uma nova realidade e seguiremos em questões econômicas e
outras partindo da premissa de que não podemos depender de
parceiros não confiáveis, o Ocidente persistiu em acreditar que,
no final do dia, Moscou “cairá em si” e fará as concessões
necessárias em prol da recompensa financeira. Permitam-me
enfatizar o que o presidente Vladimir Putin disse em várias
ocasiões: não houve concessões unilaterais desde o final dos anos
1990 e nunca haverá. Se você quiser trabalhar conosco, recupere
lucros cessantes e reputações de negócios,
É essencial que o Ocidente compreenda que esta é uma visão de
mundo firmemente arraigada entre o povo da Rússia, refletindo a
atitude da esmagadora maioria aqui. Os oponentes “irreconciliáveis”
do governo russo, que apostaram no Ocidente e acreditam que
todas as desgraças da Rússia vêm de sua postura antiocidental,
defendem concessões unilaterais para ver as sanções suspensas e
receber ganhos financeiros hipotéticos. Mas eles são totalmente
marginais na sociedade russa. Durante sua entrevista coletiva de 16
de junho de 2021 em Genebra, Vladimir Putin deixou bem claro o
que o Ocidente busca quando apóia essas forças marginais.
Esses são esforços disruptivos no que diz respeito à história,
enquanto os russos sempre demonstraram maturidade, senso de
respeito próprio, dignidade e orgulho nacional, e a capacidade de
pensar de forma independente, especialmente durante tempos
difíceis, enquanto permanecem abertos ao resto do mundo, mas
apenas em pé de igualdade e mutuamente benéfico. Assim que
deixamos para trás a confusão e o caos da década de 1990, esses
valores se tornaram a base do conceito de política externa da
Rússia no século 21. O povo da Rússia pode decidir como vê as
ações de seu governo sem receber nenhuma solicitação do exterior.
Quanto à questão de como proceder no cenário internacional, não
há dúvida de que os líderes sempre terão um papel importante, mas
eles devem reafirmar sua autoridade, oferecer novas ideias e liderar
por convicção, não por ultimato. O Grupo dos Vinte, entre outros, é
uma plataforma natural para trabalhar acordos mutuamente
aceitáveis. Reúne as principais economias, jovens e idosos,
incluindo o G7, bem como o BRICS e seus países com ideias
semelhantes. A iniciativa da Rússia de formar uma Grande Parceria
Eurásia, coordenando os esforços de países e organizações em
todo o continente, possui um poderoso potencial de
consolidação. Procurando por
Os esforços para trazer mais democracia às relações
internacionais e afirmar uma ordem mundial policêntrica
incluem reformar o Conselho de Segurança da ONU,
fortalecendo-o com os países asiáticos, africanos e latino-
americanos, e acabar com a anomalia com a representação
excessiva do Ocidente no corpo principal da ONU.

Para facilitar uma conversa honesta sobre as principais questões de


estabilidade global, o presidente Vladimir Putin sugeriu a
convocação de uma cúpula dos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU que têm responsabilidade especial
pela manutenção da paz e estabilidade internacional no planeta.
Independentemente de quaisquer ambições e ameaças, nosso país
permanece comprometido com uma política externa soberana e
independente, ao mesmo tempo em que está pronto para oferecer
uma agenda unificadora nos assuntos internacionais, levando em
consideração a diversidade cultural e civilizacional do mundo atual.
O confronto não é nossa escolha, não importa o motivo. Em 22 de
junho de 2021, Vladimir Putin publicou um artigo “Aberto, apesar do
passado”, no qual enfatizou: “Simplesmente não podemos nos dar
ao luxo de carregar o fardo de mal-entendidos, ressentimentos,
conflitos e erros do passado.” Ele também discutiu a necessidade
de garantir a segurança sem linhas divisórias, um espaço comum
para a cooperação eqüitativa e o desenvolvimento inclusivo. Essa
abordagem depende da história milenar da Rússia e é totalmente
consistente com o estágio atual de seu
desenvolvimento. Persistiremos em promover o surgimento de uma
cultura de relações internacionais baseada nos valores supremos
da justiça e permitindo que todos os países, grandes e pequenos,
se desenvolvam em paz e liberdade. Estaremos sempre abertos ao
diálogo honesto com qualquer pessoa que demonstre disposição
recíproca para encontrar um equilíbrio de interesses firmemente
enraizado no direito internacional. Estas são as regras que
seguimos.
-

64 COMENTÁRIOS
Larchmonter445 em 27 de junho de 2021 · às 18:38 EST / EDT

O Ministro das Relações Exteriores sem par:

O que você exige, vá socar areia. A Rússia nunca aceitou nem aceitará um status
secundário nas relações externas.

Suas regras não são boas. A Rússia obedece a leis, não a regras.

Ser vassalo não está no DNA russo. Respeitamos as nações soberanas, não os poodles e
cães de colo do Euro.

Você pode aprender a falar conosco, no G20 por exemplo.

Mas nossos assuntos domésticos não estão na ordem do dia.

Quanto à OTAN e agora seu interesse nos assuntos da Ásia-Pacífico, temos CSTO e SCO
e nossos militares, assim como a China, e temos nossas linhas vermelhas, então você não
tem chance de impor suas regras em nossa vizinhança.

Seu império acabou. Você teve 500 anos. Agora, o verdadeiro multilateralismo é a agenda
para leis internacionais com justiça, paz e liberdade.

A Rússia está pronta para o diálogo nestes termos, que são as nossas regras.

Lavrov é o Mestre em Diplomacia.

Sr. P em 27 de junho de 2021 · às 19:38 EST / EDT

Sim, concordo. E uma bela prosa também.

Mas ... Mas o que me interessa é o propósito e o momento.

E parece uma declaração à beira do precipício.

Parece um somatório de posições dadas em face de um ultimato, ou seja, em face


de um agressor.

A meu ver, o significado é que o tempo para a diplomacia se foi / está quase
acabando, pelo menos é assim que, ao que parece, os caras da loja de Lavrov
concluíram.

Dale F em 29 de junho de 2021 · às 18:55 EST / EDT

Essa foi a minha opinião. Ele acabou com a liderança sombra das potências ocidentais. Eu
me pergunto se o Reino Unido tentará tolamente enviar outro navio de guerra pelas águas
russas.

Col ... 'o agricultor da Nova Zelândia' em 27 de junho de 2021 · às 19h02 EST / EDT
A frase abaixo de Lavrov em seu parágrafo final prova categoricamente que todas as
conversas de qualquer natureza entre a Rússia e o tio $ am permanecem farsas e
totalmente inúteis ...

… ”Estaremos sempre abertos ao diálogo honesto com qualquer pessoa que demonstre
disposição recíproca para encontrar um equilíbrio de interesses firmemente enraizado no
direito internacional.”

... enquanto isso, contemplamos a enorme caixa de pólvora que está se desenvolvendo no
Mar Negro ... uma perspectiva verdadeiramente aterrorizante quando temos "líderes" da
terrível incompetência de nomes como Biden e Bojo e, claro, para completar, os
desmiolados Stoltenberg balbuciante jogado na mistura.

Fale sobre arrancar seus cabelos!


Coronel Col

Razor em 27 de junho de 2021 · às 19h08 EST / EDT

“Estas são as regras que seguimos”, então você pode colocar suas regras onde o sol não
brilha.

Que time. Putin, o último e notável estadista, sem dúvida a ser chamado de Vladimir o
Grande no futuro, Sergey Lavrov, o diplomata mais impressionante e sábio de nossos
tempos, Sergei Shogiu, Valery Gerasimov. Tenho certeza de que existem muitos
outros. Estes são claramente homens de grande caráter moral e convicção que
envergonham todos os nossos chamados líderes ocidentais.

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 10:43 EST / EDT

Cabeça e ombros acima do "melhor dinheiro pode comprar" doninhas criminosas traidoras
que comandam o caixa eletrônico do oeste.

Woogs em 27 de junho de 2021 · às 19:15 EST / EDT

Isso deve ser fixado ao lado do discurso de Putin em Munique. É o suporte de livro
moderno para ele.

Bawelisa em 28 de junho de 2021 · às 17:52 EST / EDT

Totalmente de acordo!

Menina sérvia em 27 de junho de 2021 · às 19:36 EST / EDT

Na primeira metade, ele espeta brilhantemente o Ocidente e afirma os contrastantes


valores espirituais, religiosos e políticos da Rússia.
Na segunda parte, há uma mudança marcante de tom e parece uma resposta a um
ultimato ... (!)

Não acho que ele ou qualquer outra pessoa realmente acredite que a UE não possa se
reconciliar com a Rússia por causa das objeções da Polônia, dos países bálticos, da
Ucrânia, etc. Esses países apenas fornecem um álibi para a atual política anti-russa da
UE. Os verdadeiros mediadores do poder são o tandem franco-alemão do profundo
estado. parece-me que Lavrov está falando com eles diretamente, dando-lhes uma
desculpa de última hora para salvar sua posição atual ... (ou seja, "sabemos que este não
é você, este não é quem você é" ... etc)

Há um tom sombrio neste artigo. Parece que o pessismo de Saker em relação ao


resultado da cúpula foi justificado.

Beverly on jun 29, 2021 · em 03:41 EST / EDT

Concordo ... A Polónia e os Estados Bálticos são problemáticos e nunca deveriam ter sido
admitidos na UE quando o foram. Eles nem mesmo atendiam aos requisitos econômicos e
fiscais. Tudo isso foi desconsiderado para apaziguar o expansionismo dos EUA na
Europa. Agora, tenho certeza, a Alemanha e a França lamentam sua adesão.

A Alemanha e a França estão engajadas em diálogos construtivos com a Rússia há


décadas. Muito dessa distensão tornou possível uma transição de poder pacífica na
Europa Oriental em 1989/90. Essa distensão também incluiu a venda de gás natural russo
que começou no início dos anos 70, considerando a atitude dos Estados Unidos em
relação ao North Stream 2. Hoje essas pequenas advertências estão em grande parte
esquecidas.

A Rússia sabe, por meio dessas interações construtivas, que os únicos parceiros sérios e
competentes na Europa são a França e a Alemanha. No entanto, o cenário político na
Alemanha mudou e os EUA estão exercendo muito mais interferência manipuladora,
dirigida especialmente no Partido Verde, que é preciso ser cauteloso. Lavrov, tenho
certeza, está ciente disso e tenho certeza de que adoraria ter como parceiro alemão Willy
Brandt ou Gerhard Schroeder.

amarynth em 27 de junho de 2021 · às 20:00 EST / EDT

Claro, Lavrov quintessencial.

Mas aqui está algo. Depois de muitos anos postando todos os discursos e acontecimentos
mais importantes do Kremlin ou do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, me
acostumei com o passo de uma lesma. Normalmente, acontecimentos longos e sérios
levam um ou dois dias para serem traduzidos.

Nunca vi o Ministério das Relações Exteriores da Rússia trabalhar nessas questões após o
expediente em Moscou.

Você pode dar uma olhada no carimbo de data / hora neste. São 13:01. Minha pergunta é
por que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia está trabalhando durante a noite,
em uma noite de domingo? Fiquei bastante surpreso ao encontrar uma notificação à meia-
noite.
Menina sérvia em 27 de junho de 2021 · às 8:11 pm EST / EDT

Grande observação Amarynth. É obviamente muito urgente ... talvez precisasse sair antes
do início dos exercícios da Marinha ..?

Sr. P em 27 de junho de 2021 · às 8:19 pm EST / EDT

Naturalmente, isso é uma indicação de urgência ... colocar a posição em uma linguagem
clara é o que as pessoas educadas fazem quando uma luta, em sua opinião, está prestes
a acontecer.

Sim, amigo Col, o caldeirão do Mar Negro. Também Havaí, Taiwan e Kaliningrado e
provavelmente Langley e pontos a oeste.

O site do irmão McGovern teve um simpósio de delírios de crianças governando a junta


imperial ... aqueles que os deuses iriam destruir, eles primeiro enlouqueceram, e tudo
mais. (Venho dizendo "delirante" há anos ... era óbvio.)

Às vezes, pessoas delirantes saem da janela e morrem.

aloha em 28 de junho de 2021 · às 9h09 EST / EDT

Não sei querida: p talvez Lavrov tenha um senso de humor como você não vai acreditar ...

1301 é 101
... significando o básico
... como biologia 101, ou história 101, como os cursos que fazemos na universidade
... tópico para iniciantes em qualquer área

poderia ser esse 'código'? Ha HA: D noty russos: p

bwbs

v mark em 28 de junho de 2021 · às 10:19 EST / EDT

Indo mais longe, também poderia ser uma referência à Sala 101, em Orwell's 1984, onde
todos enfrentamos nossos medos mais profundos.

Ou o Masonic 101, os dois pilares flanqueando um orbe, como as torres do World Trade
Center flanqueavam a escultura do globo.

Bianca em 29 de junho de 2021 · às 14:01 EST / EDT

Quando terminei o artigo, pensei: “O próximo passo só pode ser uma guerra”. Biden deu
um ultimato. Putin disse não. Em seguida, Gerasimov e os generais dos EUA falaram
sobre as regras de conduta da guerra que se aproximava. Então Putin escreveu (no Der
Spiegel) aos europeus para tentar evitar a guerra por meio da cooperação pacífica. A
França e a Alemanha responderam pedindo um diálogo com a Rússia. Na cúpula
europeia, as forças anti-russas (reforçadas pela provocação britânica no mar Negro)
venceram. Não haverá conversa. A Europa será o teatro da guerra. Em outras palavras, a
Europa é forçada a morrer pelo império financeiro do Reino Unido / EUA. A Índia está
preparada para fazer o mesmo contra a China. Veremos.

Arshan em 27 de junho, 2021 · às 8:00 pm EST / EDT

“Persistiremos em promover o surgimento de uma cultura de relações internacionais


baseada nos valores supremos da justiça e permitindo que todos os países, grandes e
pequenos, se desenvolvam em paz e liberdade. Estaremos sempre abertos ao diálogo
honesto com qualquer pessoa que demonstre disposição recíproca para encontrar um
equilíbrio de interesses firmemente enraizado no direito internacional. ” - A linguagem da
Lógica e da Sinceridade.

Tomsen em 27 de junho de 2021 · às 20h03 EST / EDT

A linha vermelha dos Estados Unidos da América é que a Rússia devolva a Crimeia ao seu
legítimo proprietário, o Pentágono, que pagou US $ 5 bilhões para se apossar do buraco
de merda.
Se a Rússia não fizer isso, todas as ferramentas estarão sobre a mesa com nossos
Aliados, e isso não é um ultimato. Esta é uma proposta amigável e pacífica para a própria
saúde da Rússia e seu inocente povo russo que não fez nada de errado, mas que tem um
regime agressivo e brutal e um governo que não sabe absolutamente nada sobre
liberdade.

Laurent em 27 de junho de 2021 · às 20h03 EST / EDT

Não sei como essa cúpula pode ser vista como positiva. Os EUA e seus fantoches não
mudaram sua abordagem, que ainda é basicamente fazer o que queremos ou então (o que
significa mais ameaças, sanções e assim por diante). Não estão prontos para negociar e
ainda querem dar ultimatos como sempre fazem.

No máximo, esta cúpula interromperá a escalada por algumas semanas ou meses.


Com o que aconteceu no mar negro com o HMS Defender nem tenho certeza disso.

Arshan em 27 de junho de 2021 · às 21:17 EST / EDT

Você tem que estudar a situação no contexto certo. Se o contexto estiver correto, então as
coisas serão claras, ou 'mais claras', se essa for uma palavra. Escaladas e provocações
por si mesmas não levam a lugar nenhum. Essa é a primeira coisa. 2º, se você definir o
contexto como um caso de "gigantes que caíram e provaram a terra pela primeira vez",
então essa interação mínima e cordial é necessária pelo menos até que ocorra uma
aclimatação intelectual especial ao novo ambiente e suas leis básicas são
compreendidos. Isso é natural e demorará algum tempo. A melhor política em todos os
casos, ou contextos, é dizer pouco e fazer muito.
Laurent em 28 de junho de 2021 · às 5:24 EST / EDT

A UE e os EUA mantêm a sua política de sanções e provocações. Basta olhar para as


novas sanções à Bielorrússia e a última provocação no mar Negro.
A russofobia na UE agora é talvez ainda mais forte do que há alguns anos.
Dizer pouco e fazer muito é uma política muito boa, mas eu diria que esperar o melhor e
se preparar para o pior é uma política ainda melhor.

cdvision em 27 de junho de 2021 · às 20:18 EST / EDT

Estou tentado a revisar minha opinião sobre Lavrov. Se ele realmente acredita nisso, que
existe a possibilidade de um diálogo igualitário e respeitoso com o Ocidente, então ele
perdeu suas bolas de gude e precisa se aposentar. Se houver pessoas realmente
importantes no governo russo, e eu incluo Putin, que perdem seu tempo - e pior, permitem
que essa ilusão influencie seus pensamentos, então eles perderam o enredo.

No entanto ... nem por um minuto acho que ele ou Putin acreditam nessa besteira. Mas eu
preferiria que eles declarassem isso categoricamente, com um lembrete de que qualquer
um que mexer no quintal da Rússia será destruído.

Jon em 27 de junho de 2021 · às 21:45 EST / EDT

Acho que é apenas uma característica russa. Existe um ditado sobre os russos. Eles são
todos muito sofredores, educados e dóceis e podem suportar muito sofrimento sem
reclamar ... e então há uma revolução. Nesse caso, o que exatamente você espera que
eles façam? Responder na mesma moeda? É claro que eles não esperam que o Ocidente
cumpra qualquer tratado, promessa ou gesto de boa vontade. Tudo o que o oeste faz e diz
é uma fachada para suas reais intenções. Bem, isso é tudo que eles fazem e dizem.

Marfa em 27 de junho de 2021 · às 22h22 EST / EDT

Veja, os EUA podem ser barulhentos, indisciplinados e rudes, mas se alguém fizer isso,
jogará areia na sua cara e dirá: “Já disse, eles são tão atrasados e malucos”. Esse é o
mundo em que vivemos. Goste ou não, ele tem que manter maneiras impecáveis à mesa.

Anônimo em 27 de junho de 2021 · às 22:41 EST / EDT

É claro que o "Ocidente" perdeu seus mármores e mergulhou ainda mais nas ilusões de
grandeza e arrogância. Está em um curso suicida.

Kevin Hester em 27 de junho de 2021 · às 8:33 pm EST / EDT


Sergey Lavrov continuando a ser a voz da razão, fazendo malabarismos com a diplomacia
com os psicopatas da Otan que nunca cumpriram sua palavra de não avançar para o
Leste.
A perseguição da Rússia pelo Complexo Militar do Congresso Industrial continua
inabalável.

Jason em 27 de junho de 2021 · às 21:25 EST / EDT

A elite financeira e tecnocrática do Ocidente está ficando desesperada porque vê seus


planos de dominação mundial se esvaindo, com a Rússia e a China não alinhando atrás
do que essas elites querem fazer. Existe apenas uma opção para eles - guerra.

Haverá guerra no outono e bloqueios nos países ocidentais que farão este último ano
parecer pura liberdade. A guerra levará à fome e à fome, pois as linhas de suprimento
serão desviadas para alimentar a máquina de guerra, e então a morte e a pestilência
seguirão rapidamente no mundo ocidental.

Marfa em 27 de junho de 2021 · às 22h23 EST / EDT

É o mesmo velho MO Vou gastar você e tirá-lo da estrada. Espero que VVP e SL tenham
um plano para financiar seu programa sem quebrar o banco ou vender terras.

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 4:38 EST / EDT

parece que você compra a todo-poderosa impressora pode fazer ... portanto, você também
deve subscrever a definição deles sobre o que eles dizem que é chamado de 'dinheiro'

olho de águia em 29 de junho de 2021 · às 18h04 EST / EDT

Não importa quantos dólares cheios de dívidas os ianques gastam em brinquedos militares
que não funcionam corretamente. O que importa é quem tem os sistemas de armas mais
eficazes e as pessoas mais comprometidas com eles. VVP e SL têm essa equação no
banco, que eles possuem, não alguns canalhas judeus.

Laodan em 27 de junho de 2021 · às 22h54 EST / EDT

Obrigado Saker por publicar o artigo de FM Lavrov. Este é um documento histórico que
será lembrado nas próximas décadas como o último empurrão da razão contra a
psicopatia ocidental.

Não poderia haver palavras mais rígidas para colocar a historicidade e a urgência do
momento presente nas relações internacionais do que as seguintes palavras de FM
Lavrov:

“Todas as religiões do mundo, o código genético das principais civilizações do planeta,


estão sob ataque. Os Estados Unidos estão na vanguarda da interferência do Estado nos
assuntos da Igreja, buscando abertamente criar uma barreira no mundo ortodoxo, cujos
valores são vistos como um poderoso obstáculo espiritual para o conceito liberal de
permissividade sem limites ”.

Sim, “o código genético das principais civilizações do planeta está sob ataque”… pelo
totalitarismo ocidental!

Deixe essas palavras penetrarem por um momento. O totalitarismo ocidental agora de


repente se torna a evidência, mas ... foi seu princípio ativo desde o início da
Modernidade. Sim, isso significa desde as cruzadas!

Meu novo livro é uma abordagem comparativa do “código genético das principais
civilizações do planeta”. Eu comparo o surgimento dos axiomas de civilizações chinês e
ocidental (minha terminologia pessoal para o “código genético” de FM Lavrov).

Os axiomas divergiram desde o início entre as civilizações e o Axioma Ocidental fundador


do dualismo ajudou a desencadear a Modernidade e “a razão que está em ação dentro do
capital” sobre a Europa Ocidental primeiro. Os europeus ocidentais imediatamente
impulsionaram uma expansão totalitária da Modernidade para todo o mundo. O momento
presente é o desfecho final e trágico dessa aventura totalitária ocidental.

Se estiver interessado, você pode baixar o “Coninuum do campo Cultural” .

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 12h32 EST / EDT

Sim, é de alguma forma intrigante que as pessoas não tenham percebido o que considero
o núcleo real da 'mensagem':

Além de invadir o direito internacional, o conceito de “regras” também se manifesta em


tentativas de invadir a própria natureza humana. Em vários países ocidentais, os alunos
aprendem na escola que Jesus Cristo era bissexual. As tentativas de políticos razoáveis
de proteger a geração mais jovem da propaganda LGBT agressiva são recebidas com
protestos belicosos da "Europa iluminada". Todas as religiões do mundo, o código
genético das principais civilizações do planeta, estão sob ataque. Os Estados Unidos
estão na vanguarda da interferência do Estado nos assuntos da Igreja, buscando
abertamente criar uma barreira no mundo ortodoxo, cujos valores são vistos como um
poderoso obstáculo espiritual para o conceito liberal de permissividade sem limites ...
É essencial que o Ocidente compreenda que esta é uma visão de mundo firmemente
arraigada entre o povo da Rússia, refletindo a atitude da esmagadora maioria aqui ”.

Sr. P em 28 de junho de 2021 · às 13:58 EST / EDT

Lembramos as experiências que Lutero teve em Roma. uma vasta casa de prostitutas é
minha impressão de sua visão ... e saque. Este é um alemão conservador ... e um pouco
como um escoteiro - direto como uma flecha. Sua reação foi simplesmente uma questão
de tempo e os caprichos do destino.

Em um aspecto, o conflito em curso é uma justaposição moral de dois ramos das tradições
religiosas, duas maneiras de “conhecer e ver” (como os boffins costumavam dizer).

E é claro que se preocupa naturalmente com a história de Sodoma ... o que é uma lição de
arrogância, eu acho, e vemos vastas perversões, mentiras, crimes ou qualquer outro tipo
imaginável - agora.
Que importa as expressões do Sr. P de Ray McGovern
em https://raymcgovern.com/2021/06/26/whom-the-gods-would-destroy-war-with-russia-
and-china-is-worse-than-mad /

Uma proposição interessante é que “o Ocidente” é basicamente onde eles costumavam


falar latim ... e eu acho que os “500 anos” liberais de Nosso Amigo Ministro Lavrov estão
quase certos ... Jared Diamond pode concordar.

O melhor a todos, e vamos rezar para que os deuses iluminem os loucos, o suficiente para
salvar a todos nós de uma solução final ...

Mas a escrita é Mene Mene Tekel Uparsin ... de acordo com minhas folhas de chá. (Eu vi
essa expressão clássica pintada em spray em pontes de rodovias.) É melhor as pessoas
puxando as cordas do sonolento acordar ...

Eles são "todo mundo lábio leporino em Bear Creek ... de outra forma ...

https://youtu.be/QSbPqin3L6E “Fiquem na corrida, rapazes”


/ https://youtu.be/ExUh8ZhYevg

Tendo "festejado" longtimeago com veteranos russos e sérvios "acampando" em "loci X",
concordo sobre suas penas culturais ou de caráter ... melhores amigos do mundo, mas
nunca exceda sua tolerância ... o que é surpreendente ... quando eles acenam para a
porta, um pessoal é melhor git. Caso contrário, ocorre um evento acidental lamentável. e
eles não perdem. O cara quer lutar, ele é inteligente para se juntar a eles, mas isso é mão
única. Sem covardes.

John Neal Spangler em 27 de junho de 2021 · às 23:16 EST / EDT

Um excelente discurso do Sr. Lavrov. Claramente, a equipe Biden é insana. O termo


“narcisismo messiânico” de Saker realmente define os liberais americanos. Fanaticamente
certos de que estão moralmente certos em todas as questões, eles avançam cometendo
atrocidades e crimes de guerra por todos os lados. Será necessário um esforço para
convencer Biden e a Europa de que eles não podem conquistar o mundo; na verdade, o
resto do mundo pensa que a “civilização” ocidental é um cadáver pútrido e
apodrecido.

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 12h18 EST / EDT

Embora o Sr. Lavrov tenha sido mais direto em seus discursos ultimamente, isso me
pareceu especialmente franco (a menção de ajoelhar-se). Para o ponto de amarynth sobre
o momento: no meu canto do mundo, PM Trudeau realizou reuniões privadas
hoje. Normalmente, o domingo é um dia pessoal para ele. Então, no final do dia, uma
leitura foi postada de sua conversa com o novo PM de Israel. É esse o problema, o
possível ultimato? Israel, Palestina ...?

Kevin Frost em 28 de junho de 2021 · às 12h45 EST / EDT

O endereço da discussão de Serge Lavrov é interessante. Ele não está falando com o
Ocidente. Ele está falando sobre o Ocidente. Com quem ele está falando? Eu arriscaria
que ele fala às nações (um tanto unidas) deste mundo que aderem às idéias de
independência soberana e liberdade de intromissão de grande poder. Qual é o subtexto
aqui? Acho que ele está dizendo: 'você não precisa mais aturar essa bobagem do Atlântico
Norte. Existe uma alternativa agora. Na verdade, é a velha alternativa - às potências
fascistas do Eixo dos anos 40 que provocaram a formação das Nações Unidas em
primeiro lugar. Estava lá e perdurou durante a Guerra Fria, mas depois recuou. Mas agora
está de volta. Isso porque a Rússia e a China estão de volta. Foram a Rússia e a China
que fizeram o trabalho pesado no tempo em que o Eixo estava sendo
combatido. Mas, por razões particulares, tanto diminuiu um pouco como às vezes não
desempenhou papéis de liderança no mundo das relações internacionais. Mas isso foi
então. Agora, o regime sucessor do Terceiro Reich é a Otan. E assim como Stalin,
Churchill, FDR e o general Chiang lideraram a guerra contra Hitler, Mussolini e Tojo,
agora Putin, Xi e Khamenei lideram a resistência em nome dos valores reais que
foram afirmados pelas Nações Unidas originais.

Esses impulsionadores da democracia. Eles protestam muito. Eles têm que aumentar o
volume quando mentem. A autoconsciência é normalmente uma marca de
fraqueza. 'Estamos de volta!' É assim mesmo? A América está 'de volta', como
dizem. Mas é isso? Não, na verdade não. E as únicas pessoas que realmente se
importam são essas mediocridades de classe política europeias, cujas carreiras
estão totalmente hipotecadas ao dinheiro atlantista. A verdadeira notícia é que a
Rússia está de volta e agora aliada a uma China que realmente se levantou e está mais do
que pronta para restaurar sua sorte em nosso mundo. A Rússia está de volta. A China está
de volta. Essa é a verdade; isso é real. Eles não anunciam o fato. A verdadeira confiança
dispensa a autoconsciência.

Lavrov é sempre uma lufada de ar fresco. Ele é um atirador estreito, mas nunca viola as
tradições da diplomacia. Representante competente de uma longa e orgulhosa
tradição. Caso contrário, a essência de sua discussão da recente cúpula justifica a tese do
'nothingburger'.

Historiador fora da lei em 28 de junho de 2021 · às 19:31 EST / EDT

Sim, a questão do público é bastante correta. Eu apenas comentei e criei um link para ele
para um público internacional, mas alfabetizado em inglês. E então irei fornecer um link na
página VK de pepe Escobar. Mas o meme geral que estou vendo e que também comecei a
usar na semana passada é o da realidade versus ilusão / ilusão, enquanto o Ocidente
tenta defender seu lugar no topo da montanha. Depois de refletir sobre a questão do
público por um tempo, decidi que era muito parecido com seus discursos da AGNU, já que
a Rússia e a China são parceiras de mais de 130 nações, sendo ambas membros
fundadores do Grupo da Carta dos Amigos da ONU. Uma lacuna interessante na
solidariedade OTAN / UE ocorreu mais uma vez na semana passada com a votação da
AGNU para condenar o embargo ilegal e desumano de Cuba pelo Império Outlaw US, que
mostra muito bem que o Império Outlaw US na realidade não tem amigos.

olho de águia em 29 de junho de 2021 · às 18h30 EST / EDT

É uma declaração e tanto. Lavrov é certamente um mestre em seu ofício, talvez “o”
mestre.

Kevin.

A diferença entre o fim do acordo ww2 entre Churchill, Stalin, FDR e Chiang e a situação
atual era que FDR e Churchill estavam seguindo a agenda de outra pessoa. Douglas Reed
escreveu sobre a influência que FDR e Churchill sofreram em detalhes consideráveis em
seu “The Controversy of Zion”. Demorou 80 anos para que isso passasse pelo sistema e
agora vemos um posicionamento mais genuíno dos jogadores. Aqueles sob as ordens de
outra pessoa, versus aqueles que agem em seus próprios interesses.

Talvez o próximo passo deva ser falar abertamente sobre as ordens de quem os líderes do
USUK estão seguindo?

Katerina em 28 de junho de 2021 · às 12h46 EST / EDT

Bem, pessoal, preparem-se para o confronto! Tanto o VVP quanto Sergei Lavrov se
dirigiram diretamente às potências ocidentais recentemente em uma última tentativa de
fazer alguém lá realmente ouvi-los. Sem sucesso. Caiu em ouvidos surdos, como era de
se esperar. A lendária paciência russa atingiu seu limite. O Urso está pronto para arrancar
a cabeça de qualquer um se eles fizerem o possível para tomar quaisquer medidas
ameaçadoras em direção a este, agora muito zangado, Urso Russo. Eles foram avisados ..

aloha em 28 de junho de 2021 · em 04:56 EST / EDT

sim Katerina… muito desprotegida! você fica seguro lá.

Parabéns USSA! Você conseguiu!


Você finalmente irritou o último e único diplomata mais gentil da terra e o deixou com raiva!
Agora você pode falar com o punho dos falcões de seus respectivos países.
Incrível ei! Excepcional (estúpido) e indispensável (isolado)
... tanto que você teve que reagrupar os meninos mais velhos para sentir o seu 'status'
auto-inscrito

bwbs

Perimetr em 28 de junho de 2021 · às 9h47 EST / EDT

Outro aviso explícito veio em 24 de junho, a Rússia avisa a Grã-Bretanha que


bombardeará navios na próxima vez

Larchmonter445 em 28 de junho de 2021 · às 12h53 EST / EDT

Tanto quanto as coisas são iminentes, ou a situação tem o mundo enfrentando o abismo,
até que você veja os filhos e famílias de oficiais russos e os bilionários voando para
Moscou em massa e com apenas um saco de coisas, o perigo não é urgente.

A estupidez é para sempre e a ilusão prevalece. Essa é a atmosfera agora.

O artigo de Lavrov é uma mensagem ao mundo de que a Rússia está calma, perto dos
telefones e dispositivos de mensagens e com vontade de ouvir conversas respeitosas de
qualquer pessoa importante.

A declaração de Lavrov é da maior importância porque vem da estimada escrivaninha de


Sergey Lavrov. Não deixa nenhuma ambigüidade. Mas é uma porta aberta, um convite,
mais uma noite com vinho ou uísque do que um escritório institucional gelado sentado
para um patife.

A Rússia se especializou historicamente em tempos limite para conversas em meio a


tiroteios balísticos e combates de todos os tipos. Eles preferem salvar vidas do que tirá-
las. É essa veia profunda de humanidade que nos torna queridos pelos russos. Você pode
ser respingado com o sangue deles, mas eles ainda gostariam que você abaixasse a
espada ou o machado e imediatamente o cortasse carne para os lobos. Se você escolher
a ação mais mortal, eles irão alimentar os animais da floresta com seus restos
mortais. Sua escolha.

Eles entendem a psique europeia e o fim do Império Ocidental muito bem. Seus vizinhos
ficaram esquizofrênicos, não compreendem realmente a vantagem da Rússia, muito
menos a mentalidade russa.

Putin não foi ouvido. Agora, Lavrov oferece palavras para eles considerarem. Veremos se
eles movem suas cabeças para a guilhotina e puxam a corda de liberação desafiando
Shoigu e Gerasimov no jogo final de “Dare”.

Espera. E olhe para os aeroportos europeus e americanos para os russos voando para
casa. Então você saberá que faltam um minuto para a meia-noite.

JJ em 28 de junho de 2021 · às 11h07 EST / EDT

Merkel, mesmo em derrota e ignomonia hoje, balbuciando aquela cúpula UE-Rússia está
encerrada, porque de muitas conversas sobre lutas internas, mas nenhuma ação ... ela
ainda propõe a elaboração de assuntos da agenda, etc. para formatar algum tipo de
diálogo com Pres Putin. Talvez perda de tempo ... ele talvez tenha coisas mais eficazes
para fazer que realmente levem a algum lugar.
Me pergunto quando ela realmente vai.
https://tass.com/world/1307999

White Whale em 28 de junho de 2021 · às 12h57 EST / EDT

Lavrov:
> Há uma tradição centenária na Rússia de fazer acordos de aperto de mão sem assinar
nada e manter a palavra como sacrossanto, mas parece improvável que venha a se
estabelecer no Ocidente. <

Nós vamos. Meu querido pai comprou terras e negócios. E décadas depois, vendeu
mesmo. Tudo com apenas um aperto de mão.
Mas isso foi há muito mais de meio século.
A perda de honestidade, integridade e confiança no Ocidente que tornou essas transações
possíveis é o que levou à nossa crise atual.

john mason em 28 de junho de 2021 · às 6h05 EST / EDT

Posso validar a sua declaração em relação ao 'aperto de mão'. Meu pai me disse que seu
pai foi levado como prisioneiro de guerra para a Rússia em 1945; ele era um engenheiro
que trabalhou nos aviões Messerschmitt. Ele esteve na Rússia por 11 anos. Enquanto ele
estava fora, os russos contrataram uma governanta que ajudou na criação dos filhos e na
esposa. Os russos nunca voltaram atrás em sua palavra. Quando foi solto, ele disse a meu
pai, anos depois, que não queria voltar. Ele afirmou que na Rússia se você mostrasse
potencial, mantivesse o nariz limpo, você ia a lugares e não importava sua formação. Os
russos o encontrarão no meio do caminho, mas não os cruze e confunda sua boa vontade
com fraqueza.
Tenho lidado com russos em um nível profissional e respeito-os por seus pontos de vista e
integridade e um 'aperto de mão' é tudo o que preciso para firmar um relacionamento.

nietzsche1510 em 28 de junho de 2021 · às 8:12 EST / EDT

Olá, baleia branca. E as assinaturas deles? Quase todas as suas contratações oficiais de
estado foram desprezadas, nos últimos 200 anos.

Rob em 29 de junho de 2021 · às 9h19 EST / EDT

“Lavrov:
> Há uma tradição de séculos na Rússia de fazer acordos de aperto de mão sem assinar
nada e manter a palavra como sacrossanto, mas parece improvável que algum dia se
estabeleça no Ocidente. <"

Bem, White Whale e qualquer funcionário do Ministério das Relações Exteriores da RF que
possa estar lendo aqui e talvez passasse esta pequena nota ao honorável Sr. Lavrov:

Posso assegurar-lhe, com anos de experiência própria, que, por exemplo, no interior da
França ('la campagne'), esta ainda é a forma tradicional de fazer negócios. Um aperto de
mão entre duas partes é vinculativo, e o ditado é 'Paris, c'est loin' (Paris fica longe).

Não precisa se firmar, em alguns lugares nunca foi embora. Um pequeno farol de
esperança.

Saúde, Rob

JW em 28 de junho de 2021 · às 2h20 EST / EDT

O Ocidente é um bando de governos ocupados; ocupados pelas elites financeiras dentro


deles, que agora obtiveram o controle da maioria das instituições domésticas. Esses
governos ocupados têm a atitude de Satanás para com todos os que se opõem a
eles. Eles são mentirosos e os pais da mentira e dos mentirosos, como já foi dito,
incapazes de acordo.

Eles são divulgadores de propaganda que serve apenas a um propósito - a conquista da


dominação mundial em nome do bom, do verdadeiro e do belo, mas não na prática
disso. Como tal, a diplomacia é uma espada cujo fio será constantemente embotado
quando usada contra argumentos como esses. Não há verdade em suas proposições e
nenhum desejo por qualquer verdade, então uma espada que representa a verdade não
pode morder.

Afaste-se, organize-se entre si, observe, ouça, planeje, prepare-se, mas não tente se
engajar seriamente. O envolvimento com essas pessoas só trará sua queda. Não é
cooperação que eles buscam, mas uma oportunidade de usar o engajamento para arruinar
seus inimigos anunciados.
Bankotsu em 28 de junho de 2021 · at 4:50 am EST / EDT

“Como um todo, o Ocidente histórico dominou o mundo por quinhentos anos.”

Isso não está correto. O Ocidente só dominou o mundo por cerca de 200 anos,
começando com a revolução industrial.

Não houve dominação ocidental da África, Ásia e Pacífico de 1500-1800.

A ideia de que o Ocidente “dominou o mundo por 500 anos” é propaganda ocidental e uma
visão eurocêntrica do mundo. Não existe tal coisa.

“… A principal fraqueza do volume aparece em sua estrutura cronológica, expressa no


título como“ do século XVIII ”.

No texto, esta se divide em uma sequência dupla (“Antes de 1815” e “Depois de 1815”),
que o autor chama de “primeira” e “segunda” expansão da Europa, com um período de
transição, 1763-1830, entre elas.

Esta periodização do assunto é suficientemente imprecisa para influenciar negativamente


o livro. A “primeira expansão da Europa”, é claro, foi a de 1100-1350, que culminou em
homens como Marco Polo; a segunda expansão da Europa foi de cerca de 1420 para
cerca de 1650 e foi seguida por uma longa retração da Europa, incluindo a retirada quase
completa da pressão europeia do Japão, China, África tropical, América do Sul tropical e
área do sul dos Estados Unidos.

Essa retirada da pressão europeia, que incluiu a cessação da intrusão russa na China pelo
Tratado de Nerchinsk (1689), é de alguma importância para a discussão do Sr. Fieldhouse,
mas ele não parece ver seu significado. Esta é uma das várias razões pelas quais a breve
seção sobre "O Império Russo na Ásia Central" (pp. 334-341) é a parte mais fraca do livro
... ”

http://www.carrollquigley.net/book-reviews/Back-of-Colonial-Empires.htm

“… Ele trata a expansão do Ocidente como um processo constante do Renascimento em


diante, quando essa expansão hesitou profundamente e até recuou no período de 1600-
1800, como marcado pela exclusão dos europeus do Japão e da China, o renascimento da
autonomia da Índia entre as intrusões portuguesas e britânicas, o longo atraso na
exploração tropical africana entre o século XVI e o século XIX e, sobretudo, o
abrandamento dos desenvolvimentos internos da Europa entre a “revolução dos preços”
do século XVI e a revolução agrícola do século XVIII ... ”

http://www.carrollquigley.net/book-reviews/The_Generalists_%20Past.htm

Johny Conspiranoid em 28 de junho de 2021 · às 6h20 EST / EDT

Lavrov está certo em apontar a diferença entre uma 'regra' e uma 'lei'. Uma lei é feita por
um processo que é reconhecido por uma sociedade como tendo o direito de fazer lei. Não
tenho dúvidas de que a palavra 'regra' em 'ordem baseada em regras' foi escolhida por um
comitê para evitar esse problema.

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 11h27 EST / EDT


'Regras' são como os bandidos chamam seus códigos de operação de gangues
criminosas.
Além da lei (Irish Pale) costumava ter conotações negativas - agora é apenas modus
operandi nos domínios em degeneração.

nietzsche1510 em 28 de junho de 2021 · às 8h05 EST / EDT

Somente o freio da Rússia poderia preservar o dinheiro “impresso” dos “eleitos”. E


prorrogaria, ainda, o prazo de validade do neoliberalismo dos banqueiros. Assim, os
fantoches judaico-trotskistas do Ocidente precisam de uma grande conflagração como
questão de sobrevivência de seu poder “absoluto”, de sua hora de “ser ou não ser”.

Sarcophilus em 28 de junho de 2021 · às 8:48 EST / EDT

Não sei ... O artigo de Putin no Die Zeit e agora este de Lavrov. Eles me parecem estar
escrevendo para o futuro. Como se dissesse: “Isso é o que defendemos”. Espero que não
seja o pessimismo o estímulo.

Jean Passant em 28 de junho de 2021 · às 9h10 EST / EDT

O discurso de Sergey Lavrov é o culminar de um longo processo, provavelmente desde a


queda da URSS.
É a afirmação de que acabou o tempo de dúvidas e procrastinação.

Diante da queda surgem sempre momentos de dúvida e questionamento, se estamos do


lado certo da história, se há motivos para defender uma cultura e os valores a ela
associados, principalmente diante de um adversário triunfante.

A falsa premissa dos países ocidentais é que “não há outra alternativa” determina todas as
suas ações. Esta falsa premissa chamada “messianismo” é totalitarismo no sentido de que
não oferece nenhuma alternativa, nenhuma escolha, nenhum livre arbítrio, diz (sem dizê-
lo) “nós somos os únicos a manter a verdade” e, por uma formidável reversão acusatória ,
considera o “resto” como uma espécie de mentira ou expressão de um totalitarismo, mas é
precisamente porque este “resto” oferece uma alternativa que o fazem guerra porque vai
contra a sua crença ser o farol que guia a humanidade, de sua “excepcionalidade”.

Na minha opinião, é isso que a Rússia em sua longa jornada entendeu e defende, a
possibilidade de viver e existir de acordo com sua cultura, seus valores e crenças,
respeitando a dos outros que é a própria definição soberania e livre arbítrio e
autodeterminação .

Jean Passant em 28 de junho de 2021 · às 10:59 EST / EDT

Eu me respondo, para acrescentar, que eles usam os direitos humanos e a democracia


como uma espécie de cavalo de Tróia para perfurar e atingir nossa consciência de seres
humanos e destilar dúvidas e conflitos ali por meio da pergunta "nós defendemos a
humanidade e não você", como se eles eram os únicos detentores de uma verdade
revelada.
jiri em 28 de junho de 2021 · às 10:43 EST / EDT

Lavrov fala o mais claramente que pode.

Infelizmente, aqueles que deveriam estar ouvindo não estão ouvindo e não irão ouvir.

Dias tempestuosos pela frente.

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 14h29 EST / EDT

Aqui está uma tradução dos comentários de Lavrov em linguagem clara para o Ocidente
Demoncrático:

Pegue seu pedido baseado em regras e enfie-o em seus traseiros de gênero não binários!

Anônimo em 28 de junho de 2021 · às 23:26 EST / EDT

Algumas questões precisam ser esclarecidas.

1. O chamado “Ocidente coletivo” tem quase a mesma realidade que a Fada do Dente.

Em geral, a própria ideia de "Ocidente" é como a "Comunidade Internacional" ou "Coalizão


dos que desejam / matam".

É um eufemismo goebbelsiano do qual os Estados Unidos se escondem para promover o


engano do consenso internacional.

O chamado “Ocidente” = o Império do Mal americano e seus vassalos.

2. E os chamados valores ocidentais como liberdade, democracia, direitos humanos ou a


Ordem Baseada em Regras também têm a mesma realidade que a Fada do Dente.

Esses valores são eufemismos goebbelsianos (ou mentiras) nos quais a América se
esconde para disfarçar seus instintos predatórios e caráter nacional.

Liberdade, democracia, direitos humanos e a ordem baseada em regras = a missão


civilizadora ocidental, o destino manifesto americano e o fardo do homem branco, todos
reunidos em um só.

Os verdadeiros valores da América são sobre a expansão da ditadura mundial da América


(também conhecida como ordem mundial unipolar americana) para esmagar todas as
nações que resistem a ela e, assim, tornar o mundo seguro ... para o capitalismo
americano e o imperialismo do dólar americano.

Como um vampiro que deve continuamente procurar novas vítimas para sugar o sangue, a
América deve procurar novos trabalhadores e mercados ao redor do mundo para explorar -
de modo a perpetuar o parasita American Way of Life. Além disso, os vassalos / aliados
dos EUA recebem, ou prometem, uma parte desse saque em troca de sua lealdade.

É por isso que os Estados Unidos travam várias guerras de agressão em todo o mundo -
Sérvia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, etc.
A América - autodenominada Líder do Mundo Livre - é, na verdade, a Líder do Mundo
Criminoso de Guerra.

Isso será verdade independentemente de qual regime americano seja o poder. Donald
Trump ou Joe Biden. Criminoso de guerra do estado vermelho vs. criminoso de guerra do
estado azul. Todos esses criminosos de guerra americanos merecem ser pendurados na
árvore mais alta.

Mais ameaçador do que tudo, a América tem uma crença fanática no Destino Manifesto
dos EUA para colonizar o mundo inteiro, assim como colonizou e atualmente ocupa o
continente norte-americano.

Essa ilusão messiânica é uma característica inata do DNA político e cultural dos
EUA. Basicamente, a América é um império cruzado.

Como tal, os (des) Estados Unidos da América são uma ameaça civilizacional e, portanto,
devem ser estilhaçados em um milhão de pedaços.

Killing Hope
Forças armadas dos EUA e intervenções da CIA desde a Segunda Guerra Mundial
https://williamblum.org/books/killing-hope

JJ em 29 de junho de 2021 · às 5:07 EST / EDT

28 JUN, 23:19 Merkel: Um possível diálogo com a Rússia não significa que serão
conversas amigáveis “Do contrário, o presidente Putin não nos verá tão a sério quanto
deveria. Acredito que temos bons motivos para criticar a Rússia ”, disse ela em BERLIM,
29 de junho. / TASS /. Um possível diálogo entre a União Europeia e Moscou não significa
que se tratem de conversas amistosas, mas sim de problemas nas relações bilaterais,
disse a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta segunda-feira. “Eu acho que há algum mal-
entendido. Quando digo que quero que a UE fale com [o presidente russo, Vladimir] Putin,
como o presidente dos EUA [Joe Biden] fala com Putin, na minha opinião, não se trata de
negociações amistosas ou de um sinal de que temos boas relações ”, disse Merkel. . “Mas
este é o reconhecimento de que nós, como Europa, seremos mais fortes se nos
mantivermos numa única posição e dissermos:“ Olha, aqui foi realizado um ataque
cibernético e aqui está uma guerra híbrida e ali a Rússia apóia partidos ultranacionalistas ”,
disse o chanceler. Segundo ela, a UE deveria dizer a Moscou que uma boa cooperação
exige a solução desses problemas. “Não acho que apenas o presidente dos EUA possa
fazer isso, na minha opinião, também somos fortes”, afirmou Merkel. “Mas nós [na UE]
temos alguma desconfiança uns dos outros. Devemos superar essa desconfiança para
podermos defender com eficácia nossos valores e interesses ”, destacou. “Do contrário, o
presidente Putin não nos verá tão a sério quanto deveria. Acredito que temos boas razões
para criticar a Rússia ”, disse Merkel. a UE deveria dizer a Moscou que uma boa
cooperação exige a solução desses problemas. “Não acho que apenas o presidente dos
EUA possa fazer isso, na minha opinião, também somos fortes”, afirmou Merkel. “Mas nós
[na UE] temos alguma desconfiança uns dos outros. Devemos superar essa desconfiança
para podermos defender com eficácia nossos valores e interesses ”, destacou. “Do
contrário, o presidente Putin não nos verá tão a sério quanto deveria. Acredito que temos
boas razões para criticar a Rússia ”, disse Merkel. a UE deveria dizer a Moscou que uma
boa cooperação exige a solução desses problemas. “Não acho que apenas o presidente
dos EUA possa fazer isso, na minha opinião, também somos fortes”, afirmou Merkel. “Mas
nós [na UE] temos alguma desconfiança uns dos outros. Devemos superar essa
desconfiança para podermos defender com eficácia nossos valores e interesses ”,
destacou. “Do contrário, o presidente Putin não nos verá tão a sério quanto
deveria. Acredito que temos boas razões para criticar a Rússia ”, disse Merkel.
A Rússia apóia partidos ultranacionalistas? Esta senhora é tão delirante. É por isso que a
Alemanha não vai contribuir para Minsk apoiar tanto a Ucrânia?

JJ em 30 de junho de 2021 · às 13:31 EST / EDT

A Alemanha tem grupos ultrarodernos se exercitando para retomar o poder quando


necessário.

https://www.dailymail.co.uk/news/article-9741043/March-Germanys-Neo-Nazis-Shocking-
new-evidence-far-right-troops-preparing-Day-X.html

nana em 29 de junho de 2021 · às 6h03 EST / EDT

Na Rosji ciąży odpowiedzialność za uratowanie ludzkości przed demoralizacją i zgnilizną


moralną. Brincadeira de poważne i ważne zadanie i każdy mądry człowiek je wspiera.
Polacy są zupełnie zdezorientowani, albo nawet brak nam rozumu por pojąć te ważne
sprawy. Tak zwane nowinki z zachodu są dla Polaka ważniejsze niż święta tradycja,
słowiańskie korzenie i więzy krwi z Braćmi Rosjanami. to ma swoje bolesne dla Polski
skutki i kto wie, czym się to skończy.
Natomiast zamiarem “zachodu” od zawsze było podbicie i skolonizowanie Wschodu, czyli
Rosji i krajów azjatyckich, um tam nikt normalny nie wyrazi przecież na to zgody.
Rosja nie tyle chce zajmować konsekwentne stanowisko, lecz musi. Gdyby tego nie robiła,
już de nie istniała.
Zaraza z zachodu ma w swojej tradycji zniszczenie Japonii - albo się podporządkują albo
ich zbombardują angielskie kanonierki, zniszczenie Chin - opiumowa wojna, zniszczenie
Indii - gdy kilkadziesiąt tysięcy brytyjskich żołdaków zniewoliło wielomilionowy i ogromny
kraj, nenhum i zniszczenie Rosji carskiej - I. Wojna światową, rewolucjami, wojną domową i
II wojną światową, a potem rozwalenie państw Układu Warszawskiego przy pomocy osła
trojańskiego, czyli Polski.
Para są poważne sprawy i mają poważne konsekwencje.
Dobrze, że Rosjanie mają światłego Przywódcę, Prezydenta Putina.

A Rússia tem a responsabilidade de salvar a humanidade da desmoralização e da


decadência moral. É uma tarefa séria e importante e toda pessoa sábia a apóia.
Os poloneses estão completamente confusos, ou mesmo não temos cérebro para
entender essas questões importantes. As chamadas novidades do ocidente são mais
importantes para um polonês do que a tradição sagrada, raízes eslavas e laços de sangue
com os irmãos russos. isto tem consequências dolorosas para a Polónia e sabe-se lá o
que acontecerá.
Por outro lado, a intenção do “Ocidente” sempre foi conquistar e colonizar o Oriente, ou
seja, a Rússia e os países asiáticos, e ninguém normal ali consentirá.
A Rússia não quer assumir uma posição consistente, mas deve. Se ela não o fizesse, ela
não existiria mais.
A praga do Ocidente tem em sua tradição a destruição do Japão - ou eles se renderão ou
serão bombardeados por canhoneiras inglesas, a destruição da China - a Guerra do Ópio,
a destruição da Índia - quando dezenas de milhares de soldados britânicos escravizaram
um Um país enorme e multimilionário, e a destruição da Rússia czarista com as revoluções
da Primeira Guerra Mundial, a guerra civil e a Segunda Guerra Mundial, e então a
destruição dos países do Pacto de Varsóvia com a ajuda do burro de Tróia, ou seja, a
Polônia.
Esses são assuntos sérios e têm consequências graves.
É bom que os russos tenham um líder esclarecido, o presidente Putin.
Guy Thornton em 29 de junho de 2021 · às 15h07 EST / EDT

Um pouco longo, mas excelente escrito ... é embaraçoso comparar com diplomatas
ocidentais como Karen Pierce, Nikki Haley, Samantha Power.

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