Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
● Versos 211-215:
POLIXENA
Mãe, por ti, desvalida,
choro com mui plangentes trenos,
mas minha vida, ultraje e ruína
não chorarei depois: para mim, morrer
ocorreu ser a melhor fortuna (EURÍPIDES, Hécuba, vv. 211-215).
● Versos 260-266:
HÉCUBA
É o dever de imolação humana que os conduz
ao túmulo, onde mais convém o sacrifício bovino?
Ou, querendo a seu turno matar os que mataram,
Aquiles, com justiça, aponta-lhe a morte?
Mas para ele essa não fez nada de mal.
Ele deve pedir Helena como vítima para o túmulo:
aquela, de fato, destruiu-o e para Tróia o conduziu (EURÍPIDES, Hécuba, vv.
260-266).
● Versos 309-320:
ODISSEU
Para nós, Aquiles é digno de honra, mulher,
após morrer belamente, como varão, pela Hélade.
Não é isto vergonhoso, se, quando vivo, como amigo
o tratamos, mas, quando morto, não o tratamos mais?
Pois bem: o que alguém dirá caso de novo surgir
um exército reunido e uma luta de inimigos?
Iremos combater ou prezaremos a vida,
vendo que quem morre não é honrado?
E para mim, enquanto vivesse, mesmo que pouco
tivesse no dia-a-dia, tudo seria suficiente;
mas o meu túmulo eu quereria que fosse visto
sendo honrado: de fato, a graça é duradoura (EURÍPIDES, Hécuba, vv. 309-320).
● Versos 346-371:
POLIXENA
pois por certo te seguirei, graças à necessidade,
desejando morrer; por outro lado, se eu não quiser,
parecerei vil e uma mulher que preza a vida.
Por que devo viver? Bem, meu pai era o senhor
de todos os frígios; isso era a prima coisa de minha vida.
Depois fui nutrida em meio a belas esperanças,
noiva para reis, causando uma emulação não pequena
pelas bodas àquele em cuja casa e fogo-lar eu entraria.
Eu, a desvalida, era uma senhora para as troianas,
chamativa entre as mulheres e as moças,
semelhante aos deuses, exceto, unicamente, pela morte.
Mas agora sou uma escrava. Primeiramente, o nome,
não sendo costumeiro, me faz desejar morrer.
Depois, talvez, senhores crus no espírito
eu obteria, um que por dinheiro me comprasse —
a irmã de Heitor e de diversos outros! —,
e, impondo-me a obrigação de cozer o pão em casa,
de varrer a casa e de pôr-me ao lado do tear,
me obrigasse a conduzir um dia dolorido;
minha cama um escravo algum dia comprado
sujaria, honrada, no passado, por soberanos.
Não mesmo: afasto dos meus olhos livres
este brilho, junto de Hades pondo meu corpo.
Leva-me, pois, Odisseu, e, levando, destrói-me:
nem oriunda da esperança nem de uma crença vejo
coragem junto a nós de forma que eu devesse ser feliz (EURÍPIDES, Hécuba, vv.
346-371).
● Versos 377-378:
POLIXENA
morto, porém, seria muito mais afortunado
que vivo: viver não belamente é uma grande aflição (EURÍPIDES, Hécuba, vv.
377-378).
● Verso 420:
POLIXENA
Morrerei como uma escrava, sendo de um pai livre... (EURÍPIDES, Hécuba, v. 420).
● Versos 415-416
POLIXENA
... sem noivo, sem um himeneu que eu devia ter obtido (EURÍPIDES, Hécuba, vv.
415-416). *
*De acordo com a nota do tradutor, Christian Werner (p. 14): “O número dos versos
indica a sequência em que eles aparecem nos manuscritos. Tal ordem, porém, é
alterada pela maioria dos editores modernos; optamos pela ordem adotada na edição
preparada por J. Digie”.
● Versos 432-438:
POLIXENA
Leva-me, Odisseu, tendo-me envolto a cabeça com peplos,
pois antes de ser imolada tenho meu coração fundido
com trenos e fundo o da mãe com gemidos.
Ó luz: é-me possível pronunciar teu nome,
e nada há exceto o tempo em
que caminho
até a espada e a pira de Aquiles. (EURÍPIDES, Hécuba, vv. 432-438).
● Versos 543-552:
TALTÍBIO
Depois, tomando pelo cabo, a espada dourada
puxou da bainha e para os jovens selecionados
do exército aqueu sinalizou que tomassem a virgem.
Mas ela, quando percebeu, anunciou tal palavra:
“Ó argivos devastadores da minha cidade,
morro de bom grado: que ninguém toque na minha
pele, pois oferecerei o pescoço com coragem.
Para que eu, pelos deuses, morra livremente,
matai-me deixando-me livre, pois entre os mortos
envergonho-me de ser chamada escrava, sendo rainha” (EURÍPIDES, Hécuba, vv.
543-552).
● Verso 608-613:
HÉCUBA
E tu, serva antiga, tendo tornado o vaso,
depois de imergir traze para cá da água marinha,
para que, com a última água lustral, minha filha,
noiva sem noivado, virgem sem virgindade,
eu banhe e ponha à vista (EURÍPIDES, Hécuba, vv. 608-613)