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DESAFIO 5
Modelo de organização curricular
Discente:
Nelito Zinenda
Beira
2020
i
DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA E PEDAGOGIA DIFERENCIADA
DESAFIO 5
Modelo de organização curricular
Discente:
Nelito Zinenda
Beira
ii
2020
iii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
1.1. Contextualização................................................................................................................1
DESENVOLVIMENTO..................................................................................................................2
2. Modelos de organização curricular.......................................................................................2
2.1. Modelo Baseado em Disciplinas........................................................................................2
2.2. Modelo Baseado em Núcleos de Problemas/Temas Transdisciplinares............................5
2.3. Modelo Baseado em Situações e Funções Sociais.............................................................7
2.4. Modelo Centrado no Educando.........................................................................................9
3. Reflexão do Modelo Centrado no Educando.......................................................................13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................14
5. BIBLIOGRÁFIAS..................................................................................................................15
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
No que se refere à organização curricular, Zabalza (1992 cit. por Gaspar & Roldão, 2008) fala
dos seguintes modelos: academicista (escola centrada nas disciplinas e aprendizagens formais),
humanista expressivo (escola centrada na criança), tecnológico (escola centrada na eficácia) e
crítico (escola centrada na mudança social).
A maioria dos currículos dos vários sistemas educativos correspondem ao modelo disciplinar
academicista, com incorporação de aspetos dos outros modelos, que procuram integrar nesta
matriz outras áreas como seja, áreas interdisciplinares, áreas de projetos, dos temas transversais,
que pretendem introduzir alguma ruptura na lógica quadrícula disciplinar colocando a ênfase na
adequação dos tópicos aos interesses das crianças a par da orientação para competências
transversais, que se filia num modelo cruzado de eficácia e de mudança social, (Gaspar &
Roldão, 2008).
O que tem sido mais tradicional na história curricular é o modelo de abordagem das disciplinas
em que estas surgem, segundo D‟Hainaut (1980,pp 112-113) como “um conjunto de factos, de
conceitos, de relações, de estruturas e de métodos que pertencem a uma mesma categoria de
fenómenos e ligados por princípios organizadores deduzíveis uns aos outros”.
A organização do currículo por disciplinas implica que o professor é responsável por uma só
disciplina, com uma função educativa especializada que levanta barreiras para professores que
pertencem a grupos disciplinares diferentes.
DESENVOLVIMENTO
As características e pontos de vista expressos pelos proponentes deste modelo podem sintetizar-
se nas seguintes afirmações:
O tempo de ensino é dividido em blocos para cada disciplina, cuja gestão pelo professor e
utilização pelo aluno devem ser maximizadas, dentro dos limites disponibilizados.
a) É discutível que a organização lógica das disciplinas represente a melhor estrutura para a
aprendizagem dos conteúdos curriculares, tendo presente que o processo de aprendizagem de
uma matéria pelos alunos não segue, necessariamente, a lógica de transmissão de um saber já
previamente completo e estruturado segundo critérios exclusivos do especialista dessa matéria;
c) Pode evidenciar um conflito difícil de sanar entre a formação geral do aluno e a acção
especializada - concebendo o aluno como «miniatura» do especialista de uma disciplina e
formando-o num estilo de pensar específico desse domínio - designadamente no contexto de uma
educação básica alargada;
d) Pode afastar-se dos problemas sociais e situações reais, ou dos interesses e experiências dos
alunos, em virtude da orientação «académica», de uma certa complexidade conceptual e de um
tratamento pouco funcional que parecem presidir a este modelo bem como da natureza
pluridisciplinar, ou mesmo interdisciplinar, dos problemas sociais e reais a resolver;
e) Levanta a questão de saber como integrar num currículo já bastante «congestionado» novas
disciplinas ou áreas disciplinares que, por força das transformações sociais, culturais e
tecnológicas, se vão afirmando também com potencial formativo e estatuto académico-científico,
para não falar já de actividades ou experiências práticas de desenvolvimento pessoal e social
dificilmente «enquadráveis» na organização rígida de disciplinas curriculares (RIBEIRO, 2012).
2.2. Modelo Baseado em Núcleos de Problemas/Temas Transdisciplinares
Esta estrutura curricular apresenta, entre outras, as seguintes características que exprimem, aliás,
as perspectivas dos que a propõem:
a) Representa uma ruptura clara com o currículo estruturado por disciplinas quer se trate de
disciplinas isoladas, correlacionadas e fundidas ou de áreas disciplinares alargadas, eliminando as
divisões entre elas e aproximando-se dos problemas actuais e relevantes, do ponto de vista
sociocultural ou outro;
Atenta e evidente dificuldade de execução adequada mas reconhecendo as vantagens que advêm
deste modelo transdisciplinar - em termos de integração de conhecimentos vários, de relevância
pessoal ou social e dos efeitos educativos de tal tipo de aprendizagem - esta modalidade de
organização curricular não deve ser proposta como modelo macrocurricular mas, de preferência,
ser ensaiada e adoptada em segmentos curriculares mais «manejáveis», como aliás acontece em
outros sistemas educativos; a reserva de «espaços» curriculares com tal finalidade e estrutura
justifica -se, sem sombra de dúvida, não falando, obviamente, da sua adopção legítima e
aconselhável em unidades microcurriculares, a nível de programas escolares estabelecidos,
sempre que seja possível reunir as condições apropriadas para esse efeito (RIBEIRO, idem).
Esclarece-se que este modelo estrutural se pode, em princípio, aplicar tanto a currículos focados
na transmissão/compreensão de conteúdos ou matérias como aos que se centram mais na análise
de, ou intervenção em, situações e problemas sociais, onde, aliás, encontra um terreno de
aplicação propício, como seguidamente se refere.
Desde logo, as evidentes dificuldades de implementação deste modelo estrutural não aconselham
a sua aplicação em grandes segmentos curriculares; ele tem-se concretizado em programas de
Estudos Sociais, Educação Cívica e de participação em actividades da comunidade, onde, de
facto, se revela bastante pertinente, salvaguardadas as limitações apontadas.
Um exemplo célere deste modelo foi proposto por Stratemeyer para a educação básica, fundado
na seguinte afirmação (STRATEMEYER et al., 1977:210) citado por (RIBEIRO, 2012): «Um
currículo em que se relacionem o aluno e a sociedade é aquele em que as preocupações
quotidianas de crianças e jovens são vistas como elementos de situações permanentes de vida
com que todos os membros da sociedade têm de ser capazes de lidar».
Este sumário dá ideia dos objectivos, conteúdos, experiências e correspondente relacionação que
presidem ao desenvolvimento de um currículo como o proposto, centrado em funções sociais ou
quadros de vida permanentes.
Ainda com RIBEIRO (2012), diz que este modelo de organização curricular tem apresentado
modalidades diversas, a que correspondem designações diferentes: currículo baseado em
«actividades» e experiências da criança (designadamente em programas de educação pré-escolar
e de ensino básico nos ciclos iniciais), movimento da, «escola e classe abertas» e a vários tipos de
«educação informal» (a vários níveis do sistema educativo, inclusive o superior).
Apesar dessa diversidade de tipos curriculares e programáticos, tenta-se uma descrição genérica
do modelo nas suas características comuns e mais salientes.
O modelo assenta no princípio de que as componentes do currículo devem ser estabelecidas em
função das necessidades e interesses imediatos dos educandos que se desenvolvem e aprendem
mediante a interacção e o envolvimento activo com o seu meio. A justificação reside na
adequação a diferenças individuais de desenvolvimento e de situação concreta bem como na
necessidade de atender a todos os aspectos da formação e à relevância pessoal do que se propõe.
As matérias de ensino e os conteúdos disciplinares mais não são do que meios, mediante os quais
os alunos prosseguem actividades e experiências, envolvendo-se nelas em função dos seus
interesses.
Depreende-se, portanto, que tal modelo de organização curricular se tenha de caracterizar por
grande flexibilidade na definição de programas de ensino, tornando extremamente difícil a sua
estruturação sistemática assim como as condições de execução (sem esquemas rigidamente
estabelecidos).
Uma planificação prévia e rígida não se afigura possível, embora se torne necessário prever
formas e recursos que favoreçam o envolvimento dos educandos na determinação de objectivos e
na selecção de experiências e actividades, encorajando a sua autonomia de aprender e visando,
em última instância, a capacidade de aprender sempre e em qualquer contexto.
Convém esclarecer como é que este modelo estrutural lida com algumas componentes básicas do
currículo.
No concernente aos objectivos, a tendência vai no sentido de não os especificar previamente, uma
vez que resultam da negociação professor -aluno ou da selecção dos alunos (se possível) e não se
podem estipular resultados pré-determinados para todos os alunos, até porque o acento reside em
objectivos de «processo» (experiências educativas em que se envolvem) e não tanto nos
«produtos» concretos de aprendizagem.
Os conteúdos são seleccionados com base nas actividades, projectos e interesses em jogo, dentro
do pressuposto de que a sua aprendizagem só é significativa quando cada educando os organiza
por si próprio em resposta a solicitações problemáticas.
Não interessa tanto o âmbito de conteúdos a (abranger, a sua estrutura em disciplinas estanques e
até a sua sequência, como sobretudo a sua aprendizagem integrada e pessoalmente significativa.
Convirá não esquecer que existem alguns limites pare a auto-aprendizagem por descoberta,
em que este modelo se baseia:
c) Baseando-se em contactos e experiências directas, ditadas por interesses, não deixa de correr-
se o risco de cair em experiências desconexas e sem sentido.
Assinale-se, por fim, que esta estrutura curricular tem sido aplicada, sobretudo, ao nível da
educação pré-escolar e nos primeiros níveis de escolaridade, onde, aliás, conta com uma longa
tradição e um interesse sempre renovado.
No entanto, em outros níveis do sistema educativo, ela não deixa de ter viabilidade como forma
de estudos e projectos individuais em segmentos curriculares apropriados ou em «espaços» para
actividades de complemento curricular.
Vale destacar que, o ser humano é considerado único, tanto no que diz respeito à sua vida interior
quanto às suas percepções e avaliações sobre o mundo. Está em contínuo processo de descoberta,
com o objetivo último de autorrealização e pleno uso das potencialidades e capacidades.
A realidade é um fenômeno subjetivo, produzido e interpretado individualmente. O
conhecimento é construído pelo indivíduo através da experiência subjetiva de vivenciar essa
realidade. A educação deve ser, portanto, centrada na pessoa, criando condições para o
crescimento pessoal, interpessoal e intergrupal.
Segundo Carl Rogers, ensinar é mais que transmitir conhecimento – é despertar a curiosidade, é
instigar o desejo de ir além do conhecido. É desafiar a pessoa a confiar em si mesmo e dar um
novo passo em busca de mais. É educar ao longo da vida e para novos relacionamentos.
Portanto, segundo Rogers, a situação educacional ideal é a que elimina a ameaça e oferece às
pessoas uma percepção diferente da realidade. É ampliar o horizonte, gerar reflexões e orientar o
aluno adulto para o autoconhecimento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se também que o modelo mais ideal subponto de vista particular na realidade
moçambicana é o modelo centrado no desenvolvimento pessoal e na realização autónoma do
educando no qual o professor negoceia com os alunos os objectivos e meios de formação, estando
a sequência e o ritmo de progressão dependentes dos alunos;
5. BIBLIOGRÁFIAS
Akesson, G. (1992). School-Books and Buying Power. A study of schools and prescibed books in
the rural áreas of Mozambique. Estocolmo: education Division Documents/SIDA