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O que são falhas de mercado?

Até o início do século XX, a principal corrente econômica era o liberalismo (“laissez-faire”) . 
Ele partia do pressuposto de que o indivíduo, quando visava o benefício próprio, acabava por
beneficiar toda a sociedade, pois atendia à sua necessidade por determinados produtos e serviços.

De acordo com essa doutrina, a presença de alguns mecanismos na economia garantia o seu bom
funcionamento, coibindo os excessos:

 A concorrência;
 O livre movimento de bens e serviços;
 O sistema de preços.

Nas situações em que um ou mais desses elementos estavam ausentes, surgiam as falhas de
mercado, desequilibrando a relação entre demanda e oferta, e acarretando mais custos do que
bem-estar social.

Como forma de atenuá-las, foram criadas a autorregulação, conduzida pelos próprios agentes
econômicos, e a “regulação econômica”, de responsabilidade governamental.

Quais são as falhas de mercado mais comuns?


Os exemplos abaixo mostram como as falhas de mercado podem se manifestar:

Rent-seeking

No rent-seeking, um grupo econômico usa a sua influência junto ao governo para obter
vantagens, às custas dos demais agentes da sociedade.

A captura regulatória, onde os agentes públicos cedem à pressão de grupos de interesse, é uma
das consequências dessa prática.

Assimetria de informações
Quando maior o custo para se obter informações dos demais agentes na economia, maior o
problema de assimetria de informações, que leva ao risco moral e à seleção adversa, onde os
parceiros de negócios menos adequados acabam sendo escolhidos.

Monopólio

No monopólio, a presença de um único fornecedor gera falhas de mercado tanto totais (total
ausência de um produto) como parciais (a oferta não atende plenamente a demanda).

Monopsônio

Situação semelhante ao item anterior, no monopsônio é a presença de um único comprador que


causa problemas à economia.

Externalidades

São os fatores não diretamente relacionados a um determinado mercado mas que o impactam
positivamente (como a inovação, por exemplo) ou negativamente (é o caso da poluição).

Bens públicos

Bens de uso público, como iluminação pública, contam com 2 peculiaridades:

 Não-rivalidade: o uso por uma pessoa não reduz a sua disponibilidade aos demais;
 Não-exclusividade: ninguém pode ser impedido de usá-los.

Dito isso, só estão disponíveis de forma coletiva, ao contrário dos bens e serviços contratados
individualmente.  Assim, capturam os que não estão dispostos a pagar por eles, mesmo se
beneficiando dos mesmos (os chamados “caronas”).

Isso explica porque os bens públicos não atraem investimentos privados, permanecendo sob a
gestão do Estado.

Qual a relação entre falhas de mercado e falhas de governo?


Algumas atividades econômicas não se encaixam no conceito clássico de equilíbrio entre
demanda e oferta.  Como exemplo, temos os serviços de fornecimento de água e luz:

1. Eles se assemelham a um monopólio, dado que uma única empresa fica responsável pelos
serviços;
2. Eles atendem ao que determina o contrato de concessão, não podendo excluir
consumidores.

Isso faz com que sejam operações altamente regulamentadas, não só pelo governo, mas pelos
próprios órgãos responsáveis por fiscalizá-las.
Na interação entre regulador (governo) e agente regulado (empresa), é comum que surja o
problema da assimetria de informação.  Quando o governo não consegue endereçar
adequadamente as falhas do mercado, em função da falta de maiores informações sobre o agente
regulado, é que ocorrem as falhas de governo.

Por que outro motivo o governo atua na economia?


Independentemente da falha de mercado encontrada, a atuação governamental tem por finalidade
suavizar os ciclos econômicos.  Tal como defendido pelo Keynesianismo, a implementação de
políticas anticíclicas compensaria por qualquer desequilíbrio na atividade econômica.

É fato que o próprio Keynes, que presenciou os excessos que causaram a Grande Depressão de
1929, acreditava que a livre iniciativa e a concorrência alimentavam a máxima eficiência
econômica.

Assim, ao promover a propriedade privada do processo produtivo e o mecanismo de preços, ele


argumentava que a função do governo era reduzir a instabilidade e prover o bem-estar social.

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