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Larissa Paula

ANÁLISE DE PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÃO TOMBADA COMO


PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ESTUDO DE CASO DO MUSEU ÉRICO
VERÍSSIMO

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo Científico

Cruz Alta - RS, 2022.


Larissa Paula

ANÁLISE DE PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÃO TOMBADA COMO


PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ESTUDO DE CASO DO MUSEU ÉRICO
VERÍSSIMO

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo


Científico – apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Universidade de Cruz Alta,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador(a): Prof.(a) Mariela Camargo Masutti

Cruz Alta - RS, junho 2022.


Universidade de Cruz Alta - Unicruz
Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCHS
Curso de Engenharia Civil

ANÁLISE DE PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÃO TOMBADA COMO


PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ESTUDO DE CASO DO MUSEU ÉRICO
VERÍSSIMO

Elaborado por:

Larissa Paula

Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo Científico


– apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Universidade de Cruz Alta,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Comissão Examinadora:

_____________________________________
Prof.(a) Titulação Nome
Universidade de Cruz Alta – Unicruz

______________________________________
Prof.(a) Titulação Nome
Universidade de Cruz Alta – Unicruz

______________________________________
Prof.(a) Titulação Nome
Universidade de Cruz Alta – Unicruz

Cruz Alta - RS, XX de junho de 2022.


ANÁLISE DE PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÃO TOMBADA COMO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ESTUDO DE CASO DO MUSEU ÉRICO
VERÍSSIMO1

Larissa Paula2
Mariela Camargo Masutti3

1 INTRODUÇÃO ou CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Segundo Silva (2007) a patologia das edificações se define “como o estudo da


identificação das causas e dos efeitos de problemas encontrados nas edificações elaborando
seu diagnostico e correção”. Procurando compreender quais são e como se originam as
principais manifestações patológicas nos prédios de patrimônio histórico, no município de
Cruz Alta, o presente projeto busca diagnosticar como se deu a evolução dessas anomalias no
prédio de patrimônio histórico, Museu Érico Veríssimo, em comparação aos levantamentos de
realizados nos anos de 2005, 2010 e 2022.
Baseado no desenvolvimento urbano que a cidade apresentou no decorrer das décadas
que sucederam a construção do Museu, houve o aumento do tráfego veículos nas vias que
circundam a edificação o que acabou por tornar suas fundações ineficazes atualmente (Silva,
2022). Além disso o escoamento de água pluvial no pátio interno da edificação infiltra no
subsolo o que também acaba fragilizando as fundações existes, a questão de as calhas dos
telhados estarem recorrentemente obstruídas por galhos e folhas acaba também amplificando
esse problema de infiltração.
Sabe-se que problemas apresentados durante o ciclo de vida de uma edificação podem
ser causados por diversos fatores, tanto pelo envelhecimento natural da construção, quanto
por acidentes decorridos do seu uso (SOUZA E RIPPER, 2009). Assim é necessário
conhecimento quanto a vida útil da edificação em estudo, seu desempenho e a durabilidade de
seus materiais. Durabilidade está relacionada às circunstâncias de aplicação de determinado
produto e sua exposição, no entanto não existem produtos com resistência vitalícia, tosos
estão sujeitos à trincas, fissuras e até rompimentos (THOMAZ, 1989).

1
Artigo desenvolvido como Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Engenharia Civil da
Universidade de Cruz Alta - Unicruz, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil. Apresentado em xx/xx/2021 para a Banca Examinadora composta pelo professor orientador3;
professor(a) Xxxxx Xxxxx, do curso de xxxxxxxx da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, titulação; e o
professor(a) Xxxxx Xxxxx, do curso de xxxxxxxx da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, titulação.
2
Acadêmico do curso de xxxxxxxx da Universidade de Cruz Alta – Unicruz. E-mail: xxxxxxxx.
3
Professor do curso de xxxxxxxx da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, titulação. E-mail: xxxxxxxx.
1
Questões estéticas, de segurança, higiene, funcionalidade e custos primários, são sim
pontos muito relevantes para projeto e execução de uma obra. No entanto, não se pode
descartar que deve-se levar em consideração os custos com manutenção e durabilidade das
construções (THOMAZ, 1989).
Assim, será feita a análise dos laudos patológicos desenvolvidos nos anos de 2005,
2010 e 2022, e realizada visitas in loco para comparação com a situação atual do imóvel.
Identificando as principais causas das manifestações patológicas apresentas nos laudos,
verificando, por meio de passo a passo, como se deu o desenvolvimento dessas anomalias e
presentar possíveis soluções, a médio e longo prazo, para conservação da edificação. Isso
seguindo as normativas que ditam quanto ao desempenho das edificações, suas formas de
manutenção, manuais de operação, recomendações de elaboração e reforças (NBR 15575,
ABNT 2013; NBR 5674, ABNT 2012; NBR 14037, ABNT 2014; NBR 16280, ABNT 2014).

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será abordado pontos importantes para o desenvolvimento da pesquisa,


contextualizando a relevância do patrimônio histórico e sua conservação, com ênfase na
edificação de estudo, Museu Érico Verissimo. Além de trazer importantes conceitos acerca
das manifestações patológicas, caracterizando a vida útil de um edifício, sua durabilidade e
desempenho, e as principais causas e meios de correção das anomalias.

2.1 Patrimônio histórico

A preservação do patrimônio histórico e cultural não busca apenas preservar um bem,


mas sim criar uma conexão entre memórias e identidade cultural, por meio da conservação de
aspectos que remetem a história afetiva de uma sociedade. Para tanto, é necessário conhecer o
bem a ser preservado, o seu significado histórico-social e apresentar sua importância cultural
para a sociedade (MELO E SILVA, 2020).
Na Constituição de 1934 foi onde, primeiramente, apresentou-se fomentação nacional
para a preservação dos bens históricos. Em 10 de novembro de 1937, a conhecida Carta
Polaca também incumbiu ao Estado a responsabilidade de promover a conservação dos bens
nacionais (MELO E SILVA, 2020). Também em 1937, é decretado a Lei n° 25/1937 que
prevê a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, surgindo assim o IPHAN –

2
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Assim seguiu-se intensificando o
fomento a preservação dos patrimônios nacionais até chegar à constituição atual de 1988.
O Decreto-Lei n° 25, de 30 de novembro de 1937, dispõe sobre quais pontos devem
ser atendidos para que um bem nacional seja considerado patrimônio histórico e artístico,
conforme demonstra seu primeiro artigo:

 Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens


móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

Também é apresentada a caracterização de o que é o patrimônio histórico, o qual além


de amparar bem materiais, também contempla monumentos naturais, que podem ou não
serem criados ou terem sofrido interferência humana, além de sítios e paisagens. Também é
apresentados as situações as quais não se aplica o tombamento da obra, esse caso geralmente
ligado a construções pertencentes ou construídas por estrangeiros, e qual a hierarquia no
direito de preferência. (COMO CITAR O DECRETO????)
Além disso, o decreto-lei classifica o patrimônio protegido em tombos, nomeados
como “Livros do Tombo”. Para melhor entender-se essa classificação é preciso entender
tombo significa registro e que tombamento significa registrar um patrimônio em livros sob a
tutela do Estado (MELO E SILVA, 2020). Para que um bem seja tombado ele deve encaixar-
se em um dos quatro Livros do Tombo, conforme cita o decreto:
 Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro
Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei,
a saber:
        1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas
pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e
bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º.
        2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de
arte histórica;
        3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou
estrangeira;
        4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na
categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
        § 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.

Podem ser tombados tanto bens públicos, pertencentes a União, ao Estado ou a


Municipalidade, quanto bens privados. No primeiro caso o tombamento se dá por meio de
uma notificação a quem pertence ou a quem estiver com a guarda do bem. Já no último caso,
o tombamento pode ser feito de forma espontânea ou impreterivelmente, quando for
obrigatoriamente é feito por meio de notificação, onde há a possibilidade de impugnação do

3
processo de tombamento e análise do órgão competente, seguindo os prazos estipulados pelo
Decreto de Lei n° 25/1937. (COMO CITAR O DECRETO????)
Quando se trata de um bem móvel que foi tombado, é proibida sua retirada do
território nacional, permitida apenas temporariamente em caso de intercâmbio cultural, e
quando não atendido esse requisito o proprietário sofrerá as consequências previstas na Lei.
Quando o patrimônio histórico for um bem imóvel, até as construções vizinhas a ele estarão
sujeitas a aprovação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, estando
limitadas a ampliações ou novas edificações, sendo permitidas apenas quando não reduzirem
ou impedirem a visibilidade do bem tombado. (COMO CITAR O DECRETO????)
A conservação do imóvel tombado é de suma importância, e quando o proprietário não
tem condições de fazê-la, ele deve fazer a solicitação dos reparos ao Serviço de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, estando sob pena de multa se não o fizer. No entanto caso não
seja atendido a solicitação, o proprietário pode requerer o cancelamento do tombamento do
imóvel. (COMO CITAR O DECRETO????)
Contudo, para que haja a real conservação da arquitetura dos prédios de patrimônio
histórico e cultural, é necessário que estes estejam sempre em dia com suas devidas
manutenções, não só em questões estéticas de seu exterior, mas também ao que se diz respeito
as questões estruturais da edificação. Visto que a grande maioria, por se tratar de prédios
históricos, são datados de uma época em que as questões estruturais não condizem com o
requisitado na atualidade.

2.2 O museu

O imóvel, originalmente comprado por Franklin Verissimo em 1893, foi o lar nos anos
de infância do escritor Erico Verissimo. Nascido em 17 de dezembro de 1905, e falecido em
28 de novembro de 1975, na cidade de Porto Alegre, Erico Verissimo foi uma das mais
proeminentes personalidades de Cruz Alta, e considerado um dos maiores escritores
brasileiros do século XX. Autor de mais de 30 obras, muitos de seus livros foram traduzidos
para várias línguas, denotando a importância do escritor ante ao panorama mundial.
(REFERENCIA)
Para melhor compreensão de como se deu as manifestações patológicas no edifício de
estudo, é preciso saber sua caracterização. O Museu possui atualmente uma arquitetura
eclética, tendo sido inicialmente construído em estilo colonial e em 1934, após reformas,
passa a ter um estilo neoclássico (MELLO, 2005). Os estilos arquitetônicos foram se
4
modificando no decorrer dos anos, conforme as necessidades da comunidade, Moreira (2014)
aponta:
O período de transição entre um e outro não esta ligado somente ás datas, mas a todo
um contexto, sendo que muitas edificações foram construídas no mesmo período e
possuem características totalmente diferentes (Moreira, 2014, pág. 18)
A edificação foi construída com suas paredes externas em alvenaria de tijolos
cerâmicos maciços assentados em argamassa mista, com base de cimento e cal, e estuque nas
paredes internas, conforme pode ser visualizado na Figura X. Possui pisos internos em tábuas
de 25cm de largura, assentadas sob vigas de madeira, e de ladrilho hidráulico, a parte externa
cota com pisos de tijolos. Suas esquadrias internas são de madeira, e foram todas substituídas
no ano de 1986. Suas fundações são superficiais, em arenito, o que posteriormente mostrou-se
um dos motivos das problemáticas (MELLO, 2005).
Figura X – Mostra das paredes internas de estuque

Fonte: Autora, 2022.

Tamanha a relevância deste escritor para a cidade, que o município comprou o prédio
em 1968, e o tornou um Museu voltado à obra e história de Erico Verissimo, sendo tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico em 1984, estando registrado no Livro do
Tombo Histórico n° 24, e em 1986 a edificação tornou-se oficialmente a sede do Museu Érico
Veríssimo. O museu abriga vários artigos pessoais do escritor, doados pela família, e é aberto
ao público. (REFERENCIA)
Para Cruz Alta, o museu serve como ponto cultural e estímulo ao turismo municipal. O
museu vem registrando suas visitações desde 1969, ano em que recebeu 496 turistas. Contou

5
com uma média de 3.310 visitas anuais entre os anos de 2009 e 2019, sendo que em 2020
tendo apenas 210 visitas e em 2021, 377 visitas, por conta das limitações impostas pela
pandemia do COVID-19. Em 2005, ano do centenário de Érico Veríssimo, o museu contou
com 12.395 visitantes de diversas cidades, contando com turistas de vários estados brasileiros,
além de estrangeiros vindo de países como Estados Unidos, Canada, Inglaterra, França, Itália,
Portugal, Filipinas, Suíça, Argentina, Portugal, entre outros. (INFORMAÇÕES DO MUSEU,
POR E-MAIL, COMO CITAR??)
Falar sobre a localização dele em cruz alta, como o clima influencia, como o tráfego
influencia. Quais os tipos de materiais e como ele foi construído na época (fundações e etc).

2.3 Patologias

Para melhor compreensão do presente projeto de pesquisa, é necessário entender o que


é patologia. Patologia vem do grego pathos – doença, e logos – estudo, ou seja, é o estudo de
determinada doença (FRANÇA; MARCONDES; ROCHA; MEDEIROS; E HELENE, 2011).
É importante ressaltar que patologia e manifestação patológica são conceitos diferentes,
manifestação patológica é o que se pode observar como indicativo de um problema, já
patologia é uma ciência que busca estudar esses problemas. Na construção civil, a patologia
busca estudar as anomalias presentes nos materiais, elementos ou em toda a construção,
apresentando diagnósticos com a causa e evolução (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019).
Conforme apresentado no gráfico a principal causa de patologias na construção civil é
má execução durante a obra, seguida por erros projetuais, utilização inadequada do imóvel,
materiais de baixa qualidade usados na construção, causas fortuitas, e por fim, problemas na
manutenção (GOMES, 2016). Através da análise dos laudos de 2005, 2010 e 2022 é possível
perceber que as principais manifestações patológicas presentes no Museu Érico Veríssimo são
oriundas de questões projetuais, que, por mais que para época a estrutura era adequada, não
foram previstos evoluções nas solicitação de cargas atuais, os materiais utilizados na época
também tornaram-se obsoletos para utilização atual, e por fim as questões de manutenção
também não veem suprindo a real necessidade do imóvel, por mais que os laudos, desde 2005,
veem apresentando as possíveis soluções para as problemáticas.
Gráfico 1 - Causas de patologias nas edificações do Brasil

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Fonte: Gomes (2016).

Os exemplos mais comuns de manifestação patológicas são: fissuras; manchas


superficiais, mudanças de coloração; desintegração; deformação; quebras; escorrimentos; e
desplacamentos (BOLINA; TUTIKIAN; HELENE, 2019). Como afirmam Souza e Ripper
(2009) ainda a muito a fazer para que se possa evitar essas anomalias:

(...) a progressão do desenvolvimento tecnológico aconteceu naturalmente, e,


com ela, o aumento do conhecimento sobre estruturas e materiais, em
particular através do estudo e análise dos erros acontecidos, que têm resultado
em deterioração precoce ou em acidentes. Apesar disto, e por ainda existirem
sérias limitações ao livre desenvolvimento científico e tecnológico, além das
ainda inevitáveis falhas involuntárias e casos de imperícia, tem sido constatado
que algumas estruturas acabam por ter desempenho insatisfatório, se
confrontadas com as finalidades a que se propunham (SOUZA E RIPPER, pag.
15, 2009).

Para entender como surgem e se desenvolvem as manifestações patológicas é


necessário compreender o que é a vida útil, desempenho e durabilidade das edificações.
Ripper e Souza (2009) trazem que se as propriedades do material estão acima dos limites
mínimos ele ainda está dentro de sua vida útil, já o desempenho é a performasse de cada
material, estrutura ou produto, ao longo das etapas de projeto, construção e manutenção da
edificação, por fim, durabilidade é o que relaciona as aplicações de características de
deterioração a uma determinada construção. A Figura X apresenta uma relação entre o
desempenho da edificação, seu tempo de uso, e as manutenções que ela deve receber.
Figura X: Desempenho de uma edificação ao longo do tempo

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Fonte: NBR 15575, ABNT 2013d
Questões socioeconômicas fizeram com que a construção civil no Brasil tomasse certe
rapidez onde não foi possível atentar-se a questões importantes como o controle de materiais e
serviços. Além de que, pela fata de valorização, a mão de obra acaba sendo escassa e de
pouca qualidade (THOMAZ, 1989). Isso acaba acarretando várias construções que ao longo
dos anos passam a apresentar diversas manifestações patológicas.
Em Portugal, por exemplo, houve um aumento nas construções de edifícios nos
últimos anos, no entanto tanto prédios mais recentes (datados a partir da década de 1970) até
os mais antigos veem apresentando indícios de deterioração. Essas problemáticas são oriundas
de falhas na gestão urbanística e políticas financeiras, as quais ao incentivarem essa
fomentação na construção civil não preverão ou priorizarão questões relevantes como um
bom método construtivo na execução, materiais de boa qualidade, além de acompanhamento
técnico competente e constante nas obras (SANTOS, 2017). Isso acarretou as manifestações
patológica que hoje podem ser observadas em diversas construções.
Dessa forma, torna-se necessário o desenvolvimento de metodologias para a
reabilitação das construções, buscando o aperfeiçoamento da capacidade tecnológica dos
mesmo por meio de uma metodologia concreta, baseada em conhecimentos extraídos da física
das edificações. Uma das principais causas de patologias é o procedimento incorreto e/ou
ineficiente quanto ao levantamento das anomalias, estas deveriam seguir-se de um
diagnóstico, com registro e identificação das patologias, com posterior diferenciação das
causas diretas e indiretas dessas problemáticas, isso propicia o conhecimento mais exato da
edificação (SANTOS, 2017).

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Quanto às construções mais antigas que caracterizam-se como patrimônio
monumental, o autor trás o seguinte:
(...) a abordagem nesta área não pode desprezar o valor cultural dos edifícios
enquanto património monumental, sendo exigida uma intervenção que preserve as
técnicas construtivas tradicionais, ao mesmo tempo que o caráter da intervenção
deverá ser mínimo, preservando a identidade do edifício e mantendo a utilização de
materiais compatíveis com os pré-existentes (Santos, 2017, p. 6).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo será apresentado os procedimentos metodológicos utilizados para


elaboração do projeto. O presente estudo será desenvolvido através de uma abordagem
indutiva, com uma pesquisa explanatória que busca apresentar uma visão geral acerca do
assunto em questão, trazendo dados qualitativos retirados dos laudos analisados e de visitas in
loco realizadas no prédio de estudo.
Assim, o trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre os tipos de manifestações
patológicas mais comuns presentes nas edificações, trazendo como que a determinação da
vida útil do imóvel é decisiva para que se evite o aparecimento dessas problemáticas. Além de
apresentar anomalias mais frequentes em construções históricas, quais suas causas mais
frequentes, e como, usualmente, pode ser feito sua manutenção.
Conforme Abreu (2013), as técnicas de diagnósticos de edifícios podem ser divididas
em categorias da seguinte forma: técnicas de percepção sensorial; técnicas de ação mecânica;
técnicas de propagação de ondas elásticas; técnicas de detecção e análise das vibrações;
técnicas de reações químicas e eletroquímicas; técnicas de propagação eletromagnética;
técnicas de inspeção hidrodinâmica dos materiais e estruturas; técnicas de efeitos elétricos e
magnéticos; técnicas de monitorização; e técnicas de inspeção higrotérmica. Sendo as técnicas
de percepção sensorial e de monitoração as mais indicadas para análise da edificação de
estudo, Museu Érico Verissimo.
A técnica de percepção sensorial é um método mais simples e menos tecnológico,
onde utiliza-se principalmente os sentidos humanos, como visão, audição e tato, para
realização das análises. Nessa técnica é de extrema relevância a experiencia prática do
analista, já que é um método com resultados subjetivos. Esse método subdivide-se em técnica
de deteção acústica de insetos xilófagos e técnica de inspeção direta com boroscópio (Abreu,
2013), sendo a última a técnica a ser utilizada para desenvolvimentos dos resultados da
pesquisa.

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Já a técnica de monitoração, trata-se do registro de informações do edifício, por um
curto ou longo período, essa técnica deve ser aplicada simultaneamente com a técnica de
percepção sensorial. Para seu desenvolvimento tem-se o auxílio do fissurômetro, um
instrumento utilizado para medição de fissuras e fendas presentes nas paredes ou qualquer
outro elemento da construção (Abreu, 2013). Essa técnica é de extrema relevância, pois é
através dela que pode-se identificar e mensurar as trincas, que servem como um aviso de
possíveis perigos para a estrutura, apontam o comprometimento do desempenho da
construção, além de causarem um coação psicológica aos usuários da edificação. Por esses
fatores ele é um dos mais importantes problemas apresentados nas construções, sejam elas
residenciais, comerciais ou industriais (THOMAZ, 1989).
Para real validação de um estudo patológico é necessário não só apresentar suas
manifestações, mas também suas causas e possíveis soluções. Para isso, Santos (2017)
apresenta uma metodologia para projetos de reabilitação, em seis fases:
1ª Fase – Elaboração de um estudo de diagnóstico – proposta de soluções e
estimativa de custos unitários;
2ª Fase – Definição por parte do Dono de Obra da estratégia de intervenção;
3ª Fase – Elaboração do projeto de execução;
4ª Fase – Consulta de empresas de construção e análise técnico-económica das
propostas;
5ª Fase – Contratação da equipa de fiscalização e adjudicação da obra;
6ª Fase – Execução da obra.

Essa metodologia, simplificadamente, pode ser dividida em três etapas: existência de


um problema; investigação do problema (patologia e diagnóstico); e proposta de reabilitação.
Embora, dada a complexidade da investigação do problema, essa parte passa por uma
subdivisão onde é necessário ir mais a fundo nas pesquisas históricas, registros.
levantamentos fotográficos, inspeções e planos de monitoramento (Cabredo, 2009).
Dentre as manifestações patológicas apresentadas nos laudos analisados, as que mais
apresentam urgência e relevância quanto suas soluções, são as presentes nas fachadas do
imóvel, que por tratar-se de um patrimônio histórico deve priorizar a conservação de suas
características primárias. O mapeamento de patologias nas fachadas pode ser desenvolvido de
diversas formas, dentre elas: através da observação visual direta; através de levantamento
fotográfico; com recurso a aplicações multimédia; através da termografia; com recurso à
fotogrametria digita; e através da técnica de varrimento laser 3d (Santos, 2017).
Lichetenstein (1985) apresenta que para solucionar uma problemática legada a
manifestações patologias, é necessário seguir um passo a passo de três etapas, onde é feito o
levantamento de subsídios, feito diagnóstico da situação e por fim é definida a conduta a ser

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seguida. Assim, para análise das manifestações patológicas os seguintes critérios serão
considerados durante a vistoria in loco:
a) Incidência, configuração, comprimento, abertura e localização da trinca;
b) Idade aproximada da trinca, do edifício e época em que foi construído;
c) Se a mesma aprofunda-se por toda a espessura do componente trincado;
d) Se trinca semelhante aparece em componente paralelo ou perpendicular
áquele em exame;
e) Se a trinca semelhante aparece em pavimentos contíguos;
f) Se trinca semelhante aparece em edifício vizinho
g) Se o aparecimento da trinca é intermitente ou se a sua abertura varia
sazonalmente;
h) Se a trinca já foi reparada anteriormente;
i) Se ocorreu alguma modificação profunda nas cercanias da obra;
j) Se no entorno da trinca aparecem outras manifestações patológicas, como
umidade, descolamentos, manchas de ferrugem e de bolor, eflorescências etc.
k) Se nas proximidades da trinca existem tubulações ou eletrodutos embutidos;
l) Se existem na obra caixilhos compridos;
m) Se as trincas manifestam-se preferencialmente em alguma das fachadas da
obra;
n) Se existem deslocamentos relativos (para fora ou para dentro) na superfície
do componente trincado;
o) Se a abertura da trinca é constante ou se ocorre estreitamento numa dada
direção;
p) Se a trinca é acompanhada por escamações indicativas de cisalhamento;
q) Se está ocorrendo condensação ou penetração de água da chuva para o
interior do edifício;
r) Se o edifício está sendo corretamente utilizado.

REFERÊNCIAS

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2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14037: Diretrizes


para a elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos
para a elaboração e apresentação dos conteúdos. ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-1:


Edificações habitacionais — Desempenho Parte 1: Requisitos gerais. ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 1628: Reforma em


edificações – Sistemas de gestão de reformas – Requisitos. ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5674: Manutenção


de edifícios – Requisitos para o sistema de gestão e manutenção. ABNT, 2012.

BOLINA, F. L.; TUTIKIAN, B. F.; HELENE, P. R. L. Patologia de estruturas. Oficina de


Textos. São Paulo – SP, 2019.

CABREDO, L.V., Patología de la Construccíon de una "obra en tres atos": problema,


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11
DUARTE, R. B. COINTEC Relatório técnico. Porto Alegre – RS, 2010.

FERREIRA, J. B.; LOBÃO, V. W. N. Manifestações patológicas na construção civil.


Ciências exatas e tecnológicas. Aracaju – SE, 2018.

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GOMES, A. Patologias na construção civil - principais causas. Janeiro de 2016.


Disponível em: https://www.unumarquitetura.com/post/2016-1-11-patologias-na-constru
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LICHTENSTEIN, N. B. Patologia das Construções. São Paulo – SP, 1985.

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FALTA REFERENCIAR O DECRETO IPHAN

12

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