Você está na página 1de 57

1

Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

1.Definição de Economia Política

Os significados que se dão à expressão economia1 e termos derivados não se


afastam dos conceitos científicos que correspondem à Economia Política. Estes
significados giram em torno de uma ideia central de actividade tendente à
satisfação de certas necessidades humanas. A Economia, ou a Economia
Política estuda essa actividade, tem por objecto essa actividade.

A ideia do parágrafo acima apresentado nos dá a entender que podem-se


encontrar diversos conceitos de Economia Política, mas todos eles giram em
torno da ideia central de actividade tendente à satisfação de certas necessidades
humanas.

Segundo Lange (1991), Economia Política é a ciência que estuda as relações


sociais de produção, circulação, e distribuição de bens materiais que visam
atender as necessidades humanas, identificando as leis que regem tais relações.

A Economia Política é uma das Ciências Sociais. Estuda as Leis de produção


social e da distribuição dos bens materiais nos diferentes estágios de
desenvolvimento da sociedade humana. – Manual de Economia Política

As dificuldades de definição rigorosa do objecto da Economia levou os


estudiosos a preferirem abster-se de qualquer definição mais ou menos rigorosa,
tratando apenas de analisar determinadas questões económicas fundamentais
respeitantes à produção e à repartição dos bens, à moeda, à formação dos
preços, os cálculos dos rendimentos nacionais e o planeamento.

Por causa daquela dificuldade, dever-se-á referir, em termos prévios, as várias


concepções mais características sobre o Objecto da Economia. O seu confronto
permitirá, ao menos fixar os fenómenos que o consenso inclui naquela objecto.

1
Quando se diz, por exemplo, que determinada pessoa “vive com economia”, atribui-se-lhe um emprego
racional e moderado de bens económicos disponíveis. E a expressão “fazer economia” exprime a renúncia
à satisfação de necessidades económicas presentes e a constituição de reservas de bens destinados a
satisfazer necessidades económicas futuras.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


2
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

2. Concepções Subordinadas a um Princípio de Neutralidade

a) A neutralidade da Ciência Económica


Quando alguns autores tentaram, na segunda metade do Século XVIII,
enquadrar num corpo de doutrinas os conhecimentos económicos, sentiram-se
atraídos pelo rigor, ao menos aparente, atingido por diversas ciências
nomeadamente a Matemática, a Física e a Botânica. Os autores quiseram formar
uma ciência independente, neutral, como eram as Ciências Físicas2. À Ciência
Económica estaria reservado o papel de fixar o encadeamento natural, e causal,
de certos fenómenos, os fenómenos económicos, formulando meros juízos de
existência e não juízos de valor. A Ciência Económica seria também neutral,
indiferente, indiferente aos resultados, limitando-se a registar o encadeamento
dos fenómenos, daí o Princípio de Neutralidade da Ciência Económica.

b) A Economia como Ciência da Riqueza


Autores das Escolas Clássicas, inglesa e francesa, viram na Economia a Ciência
da Riqueza. Se todas as questões económicas se inseriam numa investigação
sobre a riqueza, como considerou Adam Smith, era porque esta era o Objecto
da Economia Política. Jean-Baptiste Say definiu expressamente a Economia
Política como a Ciência das Riquezas, ou das “riquezas sociais”, em oposição
às “riquezas naturais”.

Mas o critério de riqueza não parece satisfatório para a delimitação do âmbito da


Economia. A ideia de riqueza envolve todos os bens materiais. Ora a Economia
não estuda esses bens, a riqueza, em si mesmos, mas sim as posições
assumidas pelos homens em relação a essa riqueza, àqueles bens, a fim de
produzi-los ou de se apropriar deles, ou de usá-los, ou de consumi-los.

Circunscrevendo-se o objecto da Economia à riqueza, e sendo esta constituída


apenas pelos bens materiais, segundo entendimento comum, excluir-se-iam do
respectivo âmbito os serviços pessoais, que não cabem no conceito de riqueza
e, no entanto, ocupam uma posição de maior relevo no processo económico.

2
Ciência física é um termo abrangente para os ramos das ciências naturais e ciências que estudam
sistemas não vivos, em contraste às ciências biológicas. Entre esses ramos, podemos citar a Física,
a Química, a Astronomia e a Geologia.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


3
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

c) A Concepção Organicista da Economia


Por influência do princípio de neutralidade e a atracção das Ciências Físicas,
alguns autores tentaram construções orientadas no sentido de estudar os
fenómenos económicos à semelhança dos fenómenos fisiológicos. Essas
construções não excluem a visão da Economia como Ciência da Riqueza. Mas,
para eles, riqueza produz-se, circula e consome-se, nas sociedades, em
obediência a uma ordem semelhante à regularidade biológica, correspondendo-
lhes os respectivos órgãos propulsores. Já os fisiocratas3 apontaram para a
circulação da riqueza como símile da circulação do sangue. E, para alguns
sociólogos do fim do Séc. XIX, positivistas comtianos, que se preocuparam de
questões económicas, a Economia seria a ciência de estuda a função de nutrição
das sociedades.

d) A Definição da Economia Através da Ideia de Troca


São frequentes as definições da Economia como o estudo dos fenómenos de
troca (troca directa e troca monetária), ou dos preços, constituindo estes a
expressão monetária do valor. Com efeito, a troca domina, e não inteiramente, a
actual fase da vida económica. Mas épocas e regiões houve em que o processo
de repartição dos bens produzidos foi assegurado pela autoridade do poder
político e não pela troca. Assim acontece também actualmente nalgumas
sociedades. A produção, a repartição e o consumo dos bens podem ser
assegurados por meios autoritários e não pelo mecanismo de troca. Tanto
bastará para concluir que a troca não é da essência dos fenómenos económicos,
não obstante o seu relevo nas sociedades económicas dominadas por um
princípio de livre iniciativa e de relativa liberdade dos mercados. Mas mesmo
nessas sociedades produzem-se fenómenos económicos respeitantes a
pessoas que consomem os bens por eles próprios produzidos.

e) A Economia como Ciência do Valor


Alguns economistas apontam o valor como objecto da Economia. Acontece,
porém, que a expressão “valor” está longe de ser unívoca. A par dos valores
económicos, há valores morais, valores éticos e outros ainda. O conceito de valor

3
Fisiocracia é uma teoria económica desenvolvida por um grupo de economistas franceses do século
XVIII, que acreditavam que a riqueza das nações era derivada unicamente do valor de "terras agrícolas"
ou do "desenvolvimento da terra" e que produtos agrícolas deveriam ter preços elevados (já que para
eles a agricultura tinha um valor muito grande)

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


4
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

impõe-se ao espírito sempre que qualquer realidade é confrontada com um


padrão.

Acresce ainda que a noção de valor, embora ocupe uma posição central na
Economia, é das mais discutidas. Seria inconveniente definir a Economia através
de um conceito que a diversidade de opiniões tornou impreciso.

f) A Economia, Ciência do Bem-estar Material


Neste contexto a Economia é a Ciência do Bem-estar Material. Esta concepção
de Bem-estar Material, embora possa julgar-se, à primeira vista, ajustada à ideia
corrente dos fenómenos económicos, dificilmente abrangerá alguns deles. Para
tal concepção, a actividade do pedreiro, por exemplo, será de natureza
económica, porque contribui para o bem-estar económico, susceptível de
avaliação monetária. A actividade do médico também será, normalmente
económica. Mas poderá deixar de sê-lo, quando consista, por exemplo, numa
intervenção cirúrgica com fins meramente estéticos. Quanto à actividade do
advogado, poderá entender-se que seja económica quando prossiga interesses
materiais não o sendo quando vise interesses morais.

A economia também não deverá definir-se através da ideia de bem-estar


material, porque este respeita apenas a acertos fins das actividades económicas,
não envolvendo a respectiva essência.

g) A Economia Definida Pelas Opções Face à Raridade dos Bens


Os fenómenos económicos se caracterizam através das opções que pressupõe,
em razão da escassez, ou raridade dos bens suscetíveis de satisfazer
necessidades humanas.

A exigência de optar, essa sim, seria comum a todos os fenómenos económicos,


porque as opções não respeitam apenas àqueles que trocam bens, directamente
ou através da moeda, mas também os que consomem a sua própria produção.

A escassez, a raridade relativa dos bens susceptíveis de satisfazer


necessidades, obriga os indivíduos a constantes opções. Por exemplo: uma
dona de casa gostaria de adquirir um par de sapatos e um frasco de perfumes.
Dada, porém, a escassez relativa de bens, que se traduz no seu limitado poder
de compra para os adquirir, a dona de casa ver-se-á forçada a preferir ou o

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


5
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

perfume ou os sapatos. Um agricultor precisaria de comprar um trator novo e um


rebanho; mas acabará por optar por uma ou outra compra.

A concepção da Economia como Ciência das opções face à raridade dos bens
oferece vantagens várias. Coloca o Homem no centro da Economia, posto que
define esta como ciência dos comportamentos humanos; põe em relevo a
constante da raridade dos bens; foca o drama das opções que os sujeitos
económicos têm de enfrentar.

h) As Opções Económicas e a Teoria Estratégica dos Jogos


A Teoria Estratégica dos Jogos não difere fundamentalmente da concepção da
Economia baseada na raridade dos bens e nos consequentes comportamentos
optativos, quando visa os comportamentos económicos. A Teoria, à qual se
subordinam todos os jogos, domina também os comportamentos económicos ou,
ao menos, os comportamentos económicos integrados na vida de uma
sociedade. Porque o comportamento económico de cada indivíduo fica
dependente das recções dos outros, situa-se num complexo, numa estratégia.

No caso da Teoria em referência, os sujeitos económicos seriam como


jogadores. As suas decisões dependeriam de uma pluralidade de possibilidades,
sendo a escolha respectiva fixada umas vezes pelo acaso, outras vezes por uma
previsão meditada, outras ainda por uma combinação do acaso e da previsão
meditada.

I) A Economia como Ciências do Aproveitamentos das Condições Materiais


Frequentemente se tem procurado pôr em relevo a actividade do Homem, os
comportamentos humanos, nas tentativas da definição da Economia. Partindo
dessa ideia de comportamento humano, a actividade económica desenha-se
através da aproximação de dois termos, o Homem, por um lado, o meio, por
outro. O Objecto de estudo da Economia ficará circunscrito à acção de ordem
material exercida pelo homem sobre o meio. A Economia será a Ciência do
aproveitamento pelo Homem das condições materiais do Meio. Por exemplo:
para os habitantes das zonas de floresta é a venda de carvão, da lenha; para os
das zonas litorais é a venda de mariscos.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


6
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

3. Concepções Humanistas da Economia Política

a) As Ciências Humanas
Afastada a ideia de que a Economia possa ser apenas a ciência da riqueza, dos
bens materiais, apresenta-se na actualidade como mais ou menos pacífico o
entendimento de que se trata de uma Ciência Humana, no sentido de que se
ocupa de comportamentos humanos.

b) O Humanismo e os seus Equívocos


O qualificativo de humanistas, atribuído a algumas concepções, atribuído a
algumas concepções da Economia, aconselhará, por sentido da dignidade
científica, que se dissipem, alguns equívocos e ilusões, os que facilmente se
formam em torno de certos vocábulos. As concepções humanistas da Economia
não têm de ser, necessariamente, mais justas, mais generosas, ou mais
modernas, mais actualizadas, que as outras. Trata-se de visões próprias dos
fenómenos económicos, orientadas no sentido de afastar o estudo respectivo do
pressuposto da neutralidade e das analogias mecanicistas.

A expressão humanismo e derivados tem-se prestado a equívocos, derivados


dos vários humanismos (humanismo renascentista; humanismo cristão;
humanismo positivista; humanismo marxista) - Veja Martinez, (2005). Economia
Política, 10ª Edição, p.21.

Portanto, será preferível que, considerando as concepções humanistas da


Economia e dos seus contornos, se não acumulem equívocos semelhantes em
torno deles.

c) Economia como Ciência Ética e Normativa


Desligada a Economia, como as outras ciências humanas, dos quadros melhor
ajustados às ciências físicas, já se torna possível ver nela, em vez de uma
simples reconstituição do ser, também uma formulação do dever ser.

A Economia precisa de combinar o que é e o que deve ser. A Economia também


será, como o Direito, uma ciência ética, uma ciência normativa.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


7
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

4. Características do Fenómeno Económico


Sendo o Fenómeno Económico o Objecto da Economia Política, interessa
registar aquelas suas características geralmente reconhecidas em termos
pacíficos, por se incluírem no plano fulcral abrangido pelas diversas definições
do conceito e do objecto da Economia.

Entre a consciência humana da existência de uma necessidade a satisfazer e a


sua efectiva satisfação desenvolve-se um processo, uma sucessão, mais ou
menos prolongada no tempo, de factos ordenados logicamente – factos de
produção de bens, de circulação dos bens produzidos, e da repartição e
consumo desses mesmos bens. Tais factos, consistem, todos eles, Fenómenos
Económicos.

Trata-se em primeiro lugar, de factos humanos. As actividades de espécies


animais diversas da humana são alheias aos objectos da Economia. Ainda
quando essa actividades se assemelham aos comportamentos económicos dos
homens, como nos casos, frequentemente apontados, das abelhas, quando a
sua produção de cera e mel, e das formigas, quanto à constituição de reservas
de bens.

Além de humanos, mas como consequência dessa mesma característica, os


fenómenos económicos são também qualitativos e psicológicos, resultantes do
espírito humano, razão essa porque não são susceptíveis de análise meramente
quantitativa. Mesmo quando o economista abandona a observação dos
comportamentos individuais, ou individualizáveis (microeconomia) para fixar
atenção nos comportamentos globais, de massa, de grandes unidades
(macroeconomia), ele não pode esquecer a razão humana de todos os
movimentos económicos, que, consequentemente, são qualitativos.

Discute-se se o fenómeno económico é ou não um fenómeno social. A


generalidade dos economistas entende que sim. Mas também para o homem
isolado, como para aquele que se acha integrado, em sociedades, se impõe a
observância de regras e processos económicos. O homem isolado, sentindo
necessidade, vendo as possibilidades da sua satisfação limitada pela raridade
de bens, continua a ser um homem económico, produzindo, poupando,
consumindo, em obediência aos princípios da economia. Reconhecendo-se que

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


8
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

os fenómenos económicos normalmente se produzem no plano da vida social,


também se poderão acrescentar duas características comuns aos fenómenos
sociais. O fenómeno económico é também tradicional e obrigatório. Quer isso
dizer que os fenómenos económicos actuais se não apresentas desligados dos
fenómenos económicos anteriores. A característica tradicional abrange
igualmente os aspectos psicológicos e materiais. Cada nova geração encontra-
se na impossibilidade de criar inteiramente todo complexo de conhecimentos
económicos. É forçada a aceitar, em muita larga medida, os que lhes forem
transmitidos pelas gerações anteriores. Também no plano material os
fenómenos económicos são também tradicionais. Porque a actividade
económica actual assenta na formação de capitais e processos técnicos
recebidos de épocas anteriores.

A tradição do fenómeno económico e da interdependência dos interesses que


coexistem numa sociedade resulta também da sua obrigatoriedade. Cada
indivíduo integrado num maio social encontra-se perante um certo
condicionalismo económico, que tem, mais ou menos, de respeitar, ou aparentar
que respeita, sob pena se sanções pesadas. Essa obrigatoriedade explica os
insucessos a que quase são votados os inconformistas, especialmente
penalizados no plano económico.

5. Economia Política, Ciência Económica, Política Económica e História


Económica

Os termos acima mencionados têm sido correntemente usados com o mesmo


significado. Essa correspondência nota-se nos autores que, defendendo o
neutralismo tradicional, levam às últimas consequências, ocupando-se apenas
na formulação de leis económicas, estabelecidas pela natureza, e não cuidando
dos aspectos respeitantes à Política Económica, criação humana. Mas a mesma
correspondência entre os termos “Economia”, “Economia Política” e “Ciência
Económica” se mostra compatível com as visões humanistas, já sem se impor,
face a elas, a destrinça entre ordem económica natural e ordem económica
social. Assim, as três expressões referidas podem ser usadas com o mesmo
significado.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


9
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

De harmonia com a visão tradicional, a Ciência Económica corresponderá à


apreensão de ordem natural dos fenómenos económicos, enquanto a Política
Económica consistirá um acréscimo humano, orientado para a obtenção de
certos efeitos desejados. Pelo que respeita à História Económica, a orientação
comum vê nele o estudo dos fenómenos económicos ocorridos no passado.

6. Relação da Economia Política com outros ramos do conhecimento

a) A Economia Política e a Sociologia


A Sociologia é tida como a mãe das Ciências Sociais.

Mesmo sem excluir que a Economia Política envolva também o homem isolado,
sendo os fenómenos económicos as mais das vezes factos sociais e ainda com
reservas relativamente à autonomia científica da Sociologia, parece
compreensível que a Economia Política se socorra, frequentemente, de
conceitos e juízos elaborados sob epígrafes da Sociologia. Também tem sido
frequente que os sociólogos se ocupem de questões alheias à Sociologia Geral,
sobretudo de natureza puramente política de Economia Social, respeitantes à
repartição dos bens produzidos.

b) A Economia Política e a Biologia

Não encontra na actualidade ampla aceitação a tendência para aproximar a


Economia da Biologia. Mas essa tendência foi bem marcada nos fisiocratas do
Séc. XVIII e nalguns sociólogos positivistas discípulos de Comte, que, ainda no
Séc. XX, procuraram assentar a Sociologia e, com ela, a Economia Política, na
sua visão das sociedades como seres com vida própria, subordinada a leis
semelhantes às da Biologia.

c) A Economia Política e a Psicologia


As noções da Economia como Ciência Humana, como ciências de
comportamentos, ou como ciência das opções, hão-de impor ligações muito
estreitas entre a Economia e a Psicologia. Mas, na impossibilidade de analisar
os tipos individuais de reacções psicológicas de milhões, e biliões de pessoas,
que pelo mundo produzem bens, os repartem e os consomem, os economistas
sentiram a necessidade de, para efeitos de simplificação, adoptarem modelos de

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


10
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

comportamento psicológico, em face das opções económicas. E entre os


modelos psicológicos apresenta particular relevo o do “homo oeconomicus”, tipo
esquemático de homem dominado exclusivamente por interesses pessoais
respeitantes a satisfação económica e procura, por isso, apenas obter a maior
soma com dispêndio mínimo.

A influência da Psicologia na Economia é muito acentuada e exerce-se por duas


vias. Através das reacções psicológicas com reflexo na actividade económica.
Mas também através de teorias psicológicas. Assim, são estreitas as ligações
entre o sensualismo do Séc. XVIII, a fisiocracia e as escolas liberais.

d) A Economia Política e a Moral

A Economia Política analisa comportamentos humanos. E estes hão-de conter


sempre uma referência aos fins de ordem ética que domina a vida do homem.
De tal modo, que, por ser a Economia uma Ciência Humana, já sem tem
concluído também no sentido da sua natureza ética.

Num ponto estarão de acordo os autores. A Economia Política, ainda que


contenha referências éticas, não se integra na Moral. Esta tem por objecto
próprio a conduta do homem orientada para um fim último, o bem. Aquela tem
por objecto próprio a actividade do homem orientada para a satisfação de
necessidades, que não terá sentido final, mas sim instrumental.

De resto, as concepções que procuram separar a Economia da Moral não se


limitam a afirmar a independência daquela relativamente as normas éticas.
Apontam como base da vida económica redes de interesses nas quais as
preocupações marais não encontram cabimento; o mundo económico é
inteiramente dominado pelo egoísmo, individual ou tribal.

A questão das relações entre a Economia e a Moral, naturalmente solucionada


para quem adopte uma concepção da Economia como Ciência Normativa e
Ética, acha-se muito distanciada de quaisquer perspectivas de entendimento
pacífico. Mas, seja qual for a atitude assumida face à referida questão, não
deverá deixar de insistir-se em que, como simples dados de facto ou com outro
relevo, os preceitos marais que dominem uma sociedade têm de estar presentes
no espírito de quem queira estudá-la do ponto de vista económico. Os problemas

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


11
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

económicos da actualidade não serão analisados convenientemente por quem


omita o nível moral dos diversos povos.

e) A economia Política e o Direito

Os domínios do económico e do jurídico não se confundem. Mas são estreitas


as ligações entre si. Nas sociedades evoluídas, pelo menos, quase todos os
fenómenos económicos têm um revestimento jurídico.

Há ramos de Direito em que é mais nítida a influência da evolução económica.


São os casos de Direito Comercial, Direito Fiscal, Direito do Trabalho.

f) A Economia Política e a História

As ligações da Economia com a História resultam do carácter tradicional do


fenómeno económico, que nunca surge desligado de antecedentes históricos.
Por isso se tem dito que os economistas hão-de ter sempre vocação para a
análise histórica. Foi o caso de Adam Smith assim como Karl Marx. Ambos
basearam as suas construções económicas em estudos desenvolvidos de
antecedentes históricas.

O estudo de períodos mais ou menos distanciados oferece grandes vantagens


ao economista. Afastando-o das construções puramente abstractas, habitua-o
também a analisar os fenómenos económicos com objectividade, com a
serenidade, que só raros sabem manter em face das realidades do seu tempo.
O conhecimento da História Económica permite igualmente compreender a
mutabilidade de algumas instituições e a relativa imutabilidade de outras.

g) A Economia Política e a Tecnologia

A Tecnologia visa apenas aspectos materiais, de transformação do meio e dos


bens, por processos físicos e químicos. A Tecnologia procura os maiores
rendimentos, em quantidade e qualidade, dos objectos produzidos. A Economia
Política procura também os maiores rendimentos, mas traduzidos em
apreciações humanas, em valores económicos.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


12
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

7. A Metodologia Económica

a) Relevo das Questões Metodológicas


Entende-se por método o caminho a seguir na descoberta da verdade. É o
processo lógico que conduz não apenas à formulação de leis científicas, mas ao
estabelecimento de quaisquer relações entre os fenómenos.

A adopção do método melhor ajustado ao respectivo objecto põe-se em relação


a todas as ciências. Mas também para a Economia se levantam dificuldades
acrescidas em tal maneira em razão das dúvidas que se mantêm quanto ao
objecto e quanto a natureza deste ramo de conhecimento. Tais dúvidas
explicam, em larga medida, o chamado conflito tradicional dos métodos, que no
Séc. XIX, dividiu as escolas económicas.

b) Dedução e Indução na Economia

o conflito tradicional dos métodos dividiu os economistas durante o Séc. XIX,


quanto a saber se os problemas económicos deviam ser analisados por via
dedutiva ou por via indutiva. Entendiam uns que importava partir do geral para o
particular, deduzindo por princípios formulados conclusões individuais. Julgavam
outros que convinha continuar carreando matérias para, com base nelas, tentar
induzir princípios. Nesta divergência consiste, em síntese, o conflito tradicional
dos métodos que, tendencialmente, separa os economistas liberais das
correntes que se lhes opuseram. É compreensível. Tendo os liberais ou
clássicos, julgado que já tinham apreendido e formulado as leis naturais,
imutáveis no espaço e no tempo, universais, que regiam a vida económica,
pretendiam dessas leis extrair, dedutivamente, soluções individuais. Os que
duvidavam da existência dessas leis, pelo contrário, punham em relevo a
necessidade de constantemente auscultar a vontade e os sentimentos dos
grupos humanos, mutáveis ao sabor dos momentos e das latitudes, para desses
sentimentos e vontades e vontade induzir soluções.

c) Ecletismo metodológico na Análise Económica

Embora o conflito tradicional dos métodos ainda projecte a sua sombra sobre
todo o panorama da economia contemporânea, admite-se geralmente, na
actualidade, que se conjuguem a dedução e a indução nas investigações

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


13
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

económicas, embora com predominância de uma ou de outra, conforma os


temas especiais em análise.

A economia marxista, por exemplo, mostra-se eclética, o plano metodológico.


Embora assente em hipóteses (a hipótese materialista e a hipótese dialéctica),
o marxismo procurou realizar uma interpretação económica da História, na base
do estudo do homem segundo a função social que lhe teriam destinado os vários
tipos de relações de produção que se sucederam, através dos tempos.

d) Indutivismo da História e da Estatística

Os problemas metodológicos da Economia Politica não se circunscrevem a optar


entre os processos dedutivo e indutivo visto que estes processos admitem mais
de um método.

Entre os métodos indutivos constam dois que muito interessa à Economia


Política. Um é o método histórico, outro o estatístico.

A Economia Política, nas investigações do tipo indutivo tem de socorrer-se, umas


vezes, do método histórico, outras, do método estatístico, conforme a natureza
do problema e dos fenómenos a analisar. Sendo o método histórico de base
qualitativa, deverá ser usado relativamente àqueles tipos de comportamentos de
difícil ou impossível expressão numérica, e não adequáveis em movimentos de
massas, não subordinados a leis dos grandes números. Quando, pelo contrário,
se trate de obter dados facilmente quantificáveis, correspondendo a fenómenos
que, embora individuais, se diluem numa massa global, deverá ser o método
estatístico preferido pelos economistas.

A utilização de dados estatísticos pelos economistas há-de pressupor uma


ampla capacidade crítica relativamente aos processos pelos quais esses dados
foram obtidos.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


14
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

8. Os Conceitos Económicos Fundamentais

8.1. Necessidades Económicas


a) A noção económica de necessidade

As necessidades humanas constituem a causa de toda actividade económica.

Designa-se por necessidade um estado psicológico de insatisfação, consciente


quanto à existência, e quanto à acessibilidade, de um meio adequado a fazer
cessar aquele estado e orientado para obter esse meio. Assim, no conceito
económico de necessidade integram-se quatro elementos essenciais: 1)
insatisfação psicológica; 2) conhecimento de existência de um meio susceptível
de fazê-la cessar; 3) acessibilidade desse meio; 4) determinação em possuí-lo.

Também poderá definir-se a necessidade económica como o desejo de alcançar


o meio de fazer cessar uma sensação desagradável, ou de provocar uma
sensação agradável.

b) As Classificações das Necessidades Económicas

Quanto a ordem de prioridade ou importância as Necessidades classificam-se


em primárias e secundárias.

Necessidades Primárias, também ditas Essenciais, Fundamentais ou de


Existência – são aquelas que resultam da natureza do organismo humano. A sua
satisfação é indispensável para evitar grandes perturbações naquele organismo,
ou até a morte. Exemplos: comer, beber, usar vestuário (em ambientes de baixas
temperaturas).

Necessidades Secundárias – São aquelas que devem ser satisfeitas somente


depois de satisfeitas as primárias, pois a sua não satisfação não ameaça, de
imediato, a avida das pessoas. Não resultam da própria natureza do organismo
humano, dizem-se também necessidades de civilização. Exemplos: necessidade
de transporte, vestuário, de cultura.

Mas esta destrinça entre necessidades primárias e secundárias não se mostra


tão simples como poderá inferir-se no enunciado das duas categorias. Há
necessidades que são primárias para uns e secundárias para outros. O homem
bem constituído só precisará de vestuário, para sobreviver, quando a

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


15
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

temperatura baixar acentuadamente. O homem débil, doente, envelhecido, há-


de carecer de vestuário para preservar a própria vida, logo que a temperatura do
ambiente desça abaixo do normal. Também certas formas de satisfação de
necessidades primárias correspondem a satisfação de necessidades
secundárias. Assim, a necessidade de comer é primária; mas quem procure
satisfazê-la consumindo alimentos em quantidade e qualidade que excedam as
exigências do equilíbrio do próprio organismo, estará transformando uma
necessidade primária numa necessidade secundária.

Quanto ao número de pessoas que as sentem as Necessidades classificam-se


em individuais e colectivas.

Necessidades Individuais – são aquelas que dizem respeito a própria pessoa,


quando considerado isoladamente, portanto, dependem da condição humana.
Pertence a esta categoria, por exemplo, a necessidade de comer.

Necessidades Colectivas – dependem da integração social. Pertence a esta


categoria, por exemplo, a necessidade de usar vestuário de certas
características.

Outra classificação separa as Necessidades Económicas em Positivas e


Negativas

Necessidades Económicas Positivas – satisfazem-se pela obtenção de


sensação de prazer.

Necessidades Económicas Negativas – satisfazem-se pela remoção de


sensações dolorosas.

Mas nem sempre a separação entre Positivas e Negativas é nítida. A satisfação


da necessidade de beber provoca prazer. Mas também evita, ou remove, a
sensação dolorosa da sede.

c) As Características Gerais das Necessidades Económicas

As necessidades económicas são extensivas e ilimitadas. Será impossível


determinar o número presente de necessidades económicas. Ou prever o
número das necessidades económicas futuras.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


16
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

As necessidades económicas são também saciáveis. A sua intensidade baixa à


medida que lhes é dada satisfação, até se extinguirem, ao ser atingido o ponto
de saciedade. Consequentemente, o emprego do meio adequado à satisfação
de uma necessidade, para além do referido ponto de saciedade, poderá
determinar até uma sensação dolorosa. Assim, a absorção de líquidos,
adequada à satisfação da necessidade de beber, para além dos limites da
necessidade, constituirá um meio de tortura – o suplício da água.

Reflectindo este princípio da saciabilidade, foi enunciada, no Séc. XIX, a primeira


lei de GOSSEN, do nome de um economista alemão que a formulou. Segundo
essa lei, as necessidades decrescem à medida que recebem satisfação, até ser
atingida a saciedade. O meio de satisfação de uma necessidade é geralmente
divisível em doses. E o emprego sucessivo dessas doses vai reduzindo a
necessidade, até fazê-la desaparecer.

As necessidades económicas apresentam-se também, normalmente, como


substituíveis. Na generalidade dos casos, uma mesma necessidade pode ser
satisfeita utilizando-se meios diversos. A necessidade de beber satisfaz-se pelo
consumo de líquidos vários. A necessidade de distração faz-se pela assistência
de espetáculos de diversa natureza, pela leitura, pela prática do desporto, etc.

8.2. Bens Económicos


a) Conceito de Bens Económicos

A Economia Política designa por bens os meios julgados aptos e disponíveis


para a satisfação de necessidades. Assim, bem económico será todo o objecto
que seja adequado à satisfação de uma necessidade. Desde que seja acessível,
disponível e raro. A acessibilidade ou disponibilidade, pressupõe que o bem seja
susceptível de apropriação. Os bens económicos são, por essência,
relativamente raros. É a sua raridade que os distingue dos bens livres.

b) Os Bens Económicos e os Bens Livres

Quando os objectos adequados à satisfação de uma necessidade existem em


quantidade e em condições tais que cada indivíduo os possa obter sem esforço,
não se trata de bens económicos, mas de bens livres. Portanto, contrariamente

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


17
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

aos bens económicos, os bens livres existem na natureza em quantidades que


excedem as necessidades; não sendo propriedade de ninguém, toda a gente
pode utilizar gratuitamente, daí designar-se também bens não económicos. É o
caso do ar atmosférico, da água do mar, do calor, florestas virgens.

c) Bens Imateriais ou Serviços

Nem sempres os meios adequados à satisfação de necessidades constituem


objectos físicos, com certa forma, certas dimensões, certo peso.
Frequentemente, as necessidades são satisfeitas por serviços, também
designados por bens imateriais. Eles se traduzem em prestações dos homens
com vista à satisfação das necessidades dos outros homens, com auxílio ou não
de bens materiais. É o caso da intervenção do cirurgião, que satisfaz a
necessidade de preservar a vida, ou de restituir a saúde, ou de evitar a dor. É o
caso do conselho do advogado, ou a licção do professor, do motorista de táxi,
do empregado de mesa.

A inclusão dos bens imateriais na Economia foi controversa. Actualmente não


oferece dúvidas. Entende-se até mesmo que, relativamente aos próprios bens
materiais, o que lhes interessa, do ponto de vista económico, não será a sua
materialidade, a sua realidade física, mas os benefícios de deles se extraem. E
que igualmente são extraídos dos bens imateriais ou serviços.

d) Os Bens Naturais e os Bens Produzidos

São bens Naturais aqueles cuja produção e cujo emprego não pressupõe
qualquer actividade humana. É o caso da água que prota de uma nascente. É o
caso dos frutos silvestres. Os Bens produzidos já resultam de uma acção
exercida pelo homem.

e) os Bens Directos e os Bens Indirectos

* Noções Gerais

Os bens podem ser utilizados directa ou indirectamente. No primeiro caso dizem-


se bens directos ou bens de gozo. No segundo caso são bens indirectos ou bens
de produção.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


18
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Os bens directos ou de gozo podem ser utilizados imediatamente na satisfação


de uma necessidade. Ou porque são naturalmente utilizáveis – caso dos bens
naturais – ou porque atingiram a ultima fase do processo de transformação
tendente a torná-los utilizáveis. Ex: a água, o pão, o automóvel.

Os bens indirectos ou de produção não podem ser utilizados imediatamente na


satisfação de necessidades. Ou porque carecem de ser transformados, antes de
utilizáveis, ou porque desempenham funções instrumentais. Ex: o trigo, o
petróleo bruto, as alfaias agrícolas, os mecanismos de uma fábrica, também são
bens indirectos porque são instrumentos destinados à produção de outros bens.

Alguns bens funcionam, alternativamente, como directos ou indirectos. Depende


do destino que se lhe dê. O leite será bem directo se for utilizado como alimento.
Será bem indirecto se for utilizado, por exemplo, na produção de lacticínios ou
na produção do queijo. As uvas e as azeitonas que se comem são bens directos.
Mas são bens indirectos as uvas destinadas a produção do vinho e as azeitonas
destinadas a produção do azeite.

* Bens de Uso ou Bens Duradoiros e de Bens de Consumo ou Bens não


Duradoiros

Os bens directos ou de gozo ainda se classificam em bens de uso e bens de


consumo. Os bens de consumo satisfazem necessidades através da sua própria
destruição. É caso da água, dos alimentos. A utilização dos bens de uso não
implica essa destruição. Perduram, através da própria utilização. Só lentamente
acabam por desaparecer, através de uma utilização mais ou menos continuada.
Exemplos de bens de uso: um livro, uma peça de vestuário.

*Matérias-Primas e Bens Instrumentais

Também os bens indirectos ou de produção se repartem por duas categorias: as


matérias-primas ou bens potenciais – têm de ser transformados para se tornarem
aptas à satisfação de necessidades, é o caso dos cereais, o petróleo bruto, os
metais, a borracha. Os bens instrumentais nunca chegam a satisfazer,
directamente, necessidades. Servem para produzir outros bens. É o caso dos
maquinismos, das ferramentas, dos combustíveis, dos lubrificantes.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


19
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

f) Os Bens Sucedâneos e os Bens Complementares

Bens sucedâneos são aqueles que podem ser usados no lugar de outros bens
para satisfazer necessidades sem que lhes altere a respectiva função. Ainda que
permitam um menor grau de satisfação. Exemplo: a margarina e a manteiga.

Bens complementares são os adequados à satisfação de necessidades apenas


quando empregados conjuntamente com outros bens. Em consequência, a
complementaridade é relativa. Um bem será complementar em relação ao outro.
Um automóvel não proporcionará satisfação que dele normalmente se espera se
não se dispuser de gasolina.

8.3. Utilidade Económica

a) A Noção Económica de Utilidade

Utilidade é a susceptibilidade dos bens económicos satisfazerem necessidades.

Diz-se correntemente que um objecto é útil quando ele proporciona certas


vantagens materiais, morais, intelectuais, a um indivíduo, ou a uma sociedade.

Nesse sentido se afirma que o pão é útil, o livro de História também é. Nesse
mesmo sentido se pretende que o tabaco, os estupefacientes e os filmes
pornográficos não são úteis, mas nocivos. Ora, a noção económica de utilidade
apresenta-se geralmente alheia aos efeitos, úteis ou prejudiciais do emprego de
um bem. Em sentido económico, aponta-se a cocaína, mesmo quando
empregado para satisfazer vícios e não com fins medicinais, como úteis, visto
serem desejados, terem procura. Isto não significa que o economista tenha que
aplaudir a circulação e o consumo de produtos nocivos, do ponto de vista
fisiológico, ou do ponto de vista ético.

b) Utilidade Marginal e Teorias Marginalistas

segundo a característica da saciabilidade das necessidades, a intensidade


destas tende a diminuir à medida que são aplicadas à respectiva satisfação
doses sucessivas dom bem a essa mesma satisfação adequado. Este princípio

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


20
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

de saciabilidade, traduzido pela lei de GOSSEN, acha-se na base do conceito


de Utilidade Marginal.

Importará fixar a noção de utilidade marginal:

Supondo um bem disponível em várias doses, que um sujeito económico vai


aplicando, sucessivamente, na satisfação de uma necessidade, poder-se-á
representar o emprego daquelas doses e as variações das intensidades nas
necessidades a satisfazer, através do gráfico que seguidamente se apresenta:

b d
a e
f
g
H
i
j
k
l
m
X
n
o
p
q

Fonte: Martinez (2005:107)

No eixo dos YY foram assinaladas as intensidades sucessivas da necessidade.


E no eixo dos XX o emprego sucessivo das doses aplicadas. Como acontece,
frequentemente, no decurso da satisfação de uma necessidade, as primeiras
doses do bem plicadas tornam a necessidade mais intensa ainda. Em
consequência, a utilidades de cada dose foi também crescente (c>b>a). Mas, a

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


21
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

partir do emprego da terceira dose, segundo o exemplo considerado, a


intensidade da necessidade e, portanto, a utilidade das doses sucessivas
empregadas, passaram a ser decrescentes (d>e>f>g….) até se atingir o ponto
de saciedade, ou seja, aquele ponto a partir do qual a necessidade deixou de
ser sentida. Se, depois de ser atingido esse ponto de saciedade, continuarem a
ser empregadas novas doses do bem, o sujeito económico passará a
experimentar, em vez de uma sensação de prazer, uma sensação dolorosa, que
se irá acentuando. Tendo-se representado o ponto de saciedade ao nível do eixo
dos XX, as doses aplicadas para além desse ponto corresponde uma
representação negativa, abaixo daquele nível. Exprime-se, assim, a natureza
negativa da utilidade dessas doses.

Designa-se por utilidade total de um bem o somatório das doses empregadas


até atingir o ponto de saciedade. Assim, no gráfico apresentado, a utilidade total
seria a+b+c+d+e+f+g+h+i+j+l+m.

Mas, porque os bens económicos são limitados, são raros, na maior parte dos
casos o sujeito económico considerado não poderá dispor da utilidade total, não
poderá atingir o ponto de saciedade. E, desde que não se alcance a saciedade,
a última dose empregada terá ainda uma utilidade positiva. Essa última dose
empregada designa-se por dose marginal, final ou limite. Poderá, pois, definir-se
a utilidade marginal como sendo a utilidade da última dose de um bem
empregado na satisfação de uma necessidade. Ou a utilidade da última dose de
um bem disponível para satisfação de uma necessidade.

Supondo, de acordo com o exemplo do gráfico apresentado, que a última dose


disponível ou empregada, era a dosa h, esta seria a dose marginal, e a
respectiva utilidade a utilidade marginal.

9. A PRODUÇÃO

9.1. Noção Técnica e Noção Económica de Produção

Do ponto de vista técnico, produzir consiste em transformar um bem. A produção,


em sentido técnico, corresponde uma série de operações físicas que modificam
certos caracteres dos objectos. Produz-se um móvel de madeira abatendo uma

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


22
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

árvore cortando-a em pranchas, unido essa pranchas, aplainando—as e polindo-


as. Todos esses actos de produção, em sentido técnico, visam, normalmente,
tornar os objectos úteis, ou mais úteis. Visam, afinal, uma produção em sentido
económico.

Não obstante a vocação do processo produtivo técnico para realizar uma


produção económica, casos há em que aquela vocação sofre frustrações. Seria
os casos de os móveis de madeira deixarem, por completo, de serem utilizados,
pela concorrência dos móveis de metal ou de plástico, etc. Em tais casos, ter-
se-ia cumulado uma produção em sentido técnico de móveis, de grãos, de
farinha, sem se obter a produção em sentido económico, porque a noção
económica de produção implica a utilidade dos bens produzidos. Assim, em
sentido económico, constituirá acto de produção todo aquele que torne um
objecto útil, ou aumente a sua utilidade.

9.2. Factor de Produção Trabalho

9.2.1 Conceito Económico de Trabalho

A natureza, na generalidade dos casos, não oferece os seus produtos por forma
a serem directamente utilizados. Torna-se indispensável que os homens
apliquem o seu esforço sobre os factores naturais, sobre as riquezas naturais,
para os tornarem utilizáveis, ou para aumentar a sua utilidade. É àquele esforço
que corresponde ao factor de produção designado por trabalho.

Não coincide o conceito económico de trabalho com a noção da Física. A noção


da Física abrange o trabalho dos animais e das máquinas. Em sentido
económico só se concebe o trabalho do homem, como esforço consciente.
Poderá ser voluntário ou forçado. Quem desenvolve a actividade designada, em
sentido económico, por trabalho, há-de ter consciência de que o esforço
desenvolvido se destina à criação de utilidades.

Os dois elementos através dos quais se caracteriza o trabalho, como factor


produtivo, assenta na tendência para tornar os bens mais úteis, ou utilizáveis, e
na circunstância de a acção desenvolvida ser sempre mais ou menos dolorosa,
penosa, traduzindo-se num custo, consciente, em menor ou maior grau, quanto

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


23
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

ao fim visado, embora frequentemente atenuada pela espectativa dos resultados


a obter, pelo gosto do cumprimento do dever.

9.2.2 Formas de Trabalho

a) O Trabalho Intelectual e o Trabalho Manual

uma análise muito superficial levaria a separar o trabalho intelectual do trabalho


manual na base da circunstância de as actividades respectivas consistirem
apenas num esforço intelectual; ou apenas num esforço muscular. Mas muito
raramente o trabalho, qualquer que seja, deixa de existir, cumulativamente,
algum esforço intelectual e algum esforço muscular. Terá de adoptar-se, por isso,
um critério de predominância de esforço. Quando o esforço desenvolvido é
predominantemente de espírito, o trabalho diz-se intelectual. Quando o esforço
desenvolvido é predominantemente muscular, trata-se de trabalho manual. No
entanto, também a predominância, se torna, frequentemente, difícil de apurar.
Por vezes inserem-se na destrinça critérios imprecisos, de ordem social e
cultural. Não será fácil, muitas vezes, concluir quanto à natureza do trabalho da
dactilógrafa, do empregado que apõe carimbos em papéis, do mecânico de
automóveis, do cirurgião que realiza certos tipos de intervenção, do escultor, do
polícia, etc. Aliás, a evolução dos últimos anos tem-se processado em termos de
esbater a destrinça entre trabalho intelectual e trabalho manual. O Séc. XIX,
sobretudo, ligou a esta a ideia de trabalho fisicamente sujo, que deixava marcas
da sujidade no trabalhador, mesmo para além do período de trabalho. As
melhores condições das fábricas, os novos hábitos de higiene e as dificuldades
atravessadas pelas classes médias, privadas de alojamentos amplos e de
pessoal doméstico, contribuíram muito para esbater a separação entre o
trabalhador de facto-de macaco e o trabalhador de colarinho branco. No entanto,
importa ainda mantê-la presente, na base do referido critério de predominância.
Ao menos para efeitos económicos.

Porquanto, geralmente, é mais longa a preparação do trabalho intelectual, factor


que deve ser tido em conta. Porque costumam ter efeitos mais graves os erros
cometidos pelos trabalhadores intelectuais, o que justifica também um mais
rigoroso apuramento das capacidades e responsabilidades.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


24
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

b) Os Trabalhos de Invenção, de Direcção e de Execução

segundo um critério de hierarquia de actividades, poderá distinguir-se um


trabalho de invenção, um trabalho de direção e um trabalho de execução.

O trabalho de invenção visa a realização de aperfeiçoamentos, no plano técnico


como no plano económico. Poderá, designadamente, respeitar a novos
processos orientados para a conquista de mercados. Trata-se do trabalho mais
altamente qualificado, pois exige capacidade criadora, inovadora, que não é
comum. No entanto, não deverá circunscrever-se o trabalho de invenção às
actividades dos sábios, ou dos investigadores, em sentido restrito. Na vida
corrente, aparecem com bastante frequência operários dos mais modestos que
sugerem novas formas de organizar as empresas e de aproveitar as técnicas. O
trabalho que permite formular essas sugestões entra na categoria de trabalho de
invenção.

Quando ao trabalho de direcção, é inseparável das tarefas comuns. Sempre que


vários indivíduos se juntam, com vista a um certo empreendimento, torna-se
indispensável coordenar os esforços de todos. Essa coordenação implica
directivas.

Às tarefas menos complexas corresponde o trabalho de execução. No entanto,


o trabalho de execução exige, muito frequentemente, faculdades intelectuais ou
de destreza, situados a um nível muito elevado. Admite-se mesmo que alguns
trabalhos de execução seja inseparáveis de qualidades excepcionais, de
elevada cultura, geral ou especializada, e de perfeito domínio de determinadas
técnicas.

c) Os Trabalhos Independentes e Subordinados, Individuais e Colectivos

É trabalho independente aquele cujo sujeito económico realiza sem submissão


a ordens de outrem, a uma direcção alheia. É trabalho subordinado o
dependente de uma orientação estranha ao próprio trabalhador.

O carácter subordinado de quase todos os trabalhos, na vida contemporânea,


acha-se na origem de um ambiente de mal-estar que envolve as mais diversas
actividades. Quase todos os homens têm ideias próprias sobre o seu próprio

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


25
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

trabalho. Muitos discordam da forma como executam, em obediência a


comandos alheios. Daqui resulta de desinteresse pelo trabalho, que caba por ser
considerado como mera fonte de rendimento.

Normalmente o trabalho individual é também independente, mas pode deixar de


sê-lo. Um indivíduo que exerça determinadas tarefas isoladamente, percorrendo
todas as fases da produção de um certo bem, ou grande parte deles, poderá,
não obstante, ter de subordinar-se a uma direcção alheia. É o que acontece com
os tarefeiros, trabalhando isolados, frequentemente no próprio domicílio, ou na
própria oficina, mas segundo a orientação de quem lhes encomendou as tarefas.
Em tais casos, o trabalho será individual, mas subordinado. Geralmente, porém,
o trabalho individual é também um trabalho independente. Já será difícil de
conceber que o trabalho colectivo seja independente. Não é possível que o seja,
pelo menos, em relação a todos os membros do grupo de trabalho.

9.2.3 Rendimento e Produtividade do Trabalho

* Condições que Influenciam no Rendimento e na Produtividade do Trabalho

O rendimento e a produtividade do trabalho dependem, em larga medida, dos


condicionalismos que o envolvem. Assim, no rendimento e na produtividade do
trabalho influencia o meio físico. o trabalho de um mesmo indivíduo não terá igual
rendimento, nem igual produtividade, exercendo-se num clima de tipo europeu
ou num clima tropical.

O rendimento e a produtividade do trabalho dependem também dos instrumentos


de que o trabalhador dispõe. Não será o mesmo o rendimento obtido por quem
utiliza instrumentos de trabalho primitivos e aquele que se obtenha utilizando
maquinismos aperfeiçoados. Mas também essa dependência do rendimento e
da produtividade dos instrumentos empregados se situa no plano do factor
capital. Posto que esses instrumentos têm a natureza de bens capitais.

As qualidades pessoais do trabalhador também influenciam no rendimento e na


produtividade. Destas qualidades, algumas são inatas. Derivam de uma
sucessão genética. Há quem nasça com propensão para certas actividades.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


26
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Outras qualidades pessoais do trabalhador são adquiridas, por educação, por


formação cultural, por aprendizagem técnica, ou especialização.

Resultam também de condicionalismos actuais. Entre eles, o bom ambiente dos


locais de trabalho que, quanto aos aspectos materiais, se conduz o factor capital
(salas amplas, arejadas, bem iluminadas, etc.). O teor de vida do trabalhador há-
de reflectir-se também na potencialidade do seu trabalho. Assim, essa
potencialidade poderá melhorar em função do nível de salários.

9.2.4 Divisão do Trabalho

A divisão do trabalho acompanhou sempre a vida humana. Na própria sociedade


familiar se terá sempre observado uma divisão do trabalho, baseada na
diversidade de aptidões, dependentes dos sexos e das idades. No entanto, a
divisão do trabalho, que, em todas as épocas, terá dominado a vida económica,
só muito tarde foi estudada pelos economistas. O autor que pôs particularmente
em relevo a divisão do trabalho foi Adam Smith4, na sua obra “A Riqueza das
Nações”. O mesmo economista partiu de um princípio geral de divisão de
trabalho para concluir no sentido de uma tendência cada vez mais acentuada
para a especialização de tarefas na vida das nações.

A fim de demonstrar o desenvolvimento dos processos da divisão do trabalho,


Adam Smith ofereceu o exemplo frequentemente citado do fabrico de alfinetes.
Esse fabrico exigia 18 operações diferenciadas, cada uma delas envolvendo
especialização dos trabalhadores. E assim se conseguiria, segundo o exemplo

4
Adam Smith (1723-1790) foi um filósofo e economista britânico nascido na Escócia.
É o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo económico. Autor
de Uma Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações, a sua obra mais conhecida, e
que continua sendo usada como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar
que a riqueza das nações resultava da actuação de indivíduos que, movidos inclusive (e não apenas
exclusivamente) pelo seu próprio interesse, promoviam o crescimento económico e a inovação
tecnológica.
Adam Smith acreditava que a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma
intervenção governamental. A competição livre entre os diversos fornecedores levaria não só à queda do
preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas, no afã de baratear o custo de
produção e vencer os competidores.
Ele analisou a divisão do trabalho como um fator evolucionário poderoso a propulsionar a economia .

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


27
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

de Adam Smith, uma produção diária de 5000 alfinetes por operário, produção
essa impossível de atingir se cada operário tivesse de realizar todas as diversas
tarefas por que se decompunha o fabrico de alfinetes.

Compreende-se bem que elevadas produções reclamam uma acentuada


divisão do trabalho, sem ela, cada operário teria, dentro do dia de trabalho, de
modificar a técnica empregada, de alterar o ritmo dos movimentos, de adaptar-
se a maquinismos diversos. Especializando-se numa determinada actividade, o
seu rendimento de trabalho é muito superior.

Consequentemente, da divisão do trabalho resultam efeitos benéficos. Melhora


a produção, tanto quantitativa como qualitativamente. Ela permite uma melhor
conservação dos instrumentos de trabalho, utilizados apenas por operários
especializados no emprego respectivo. Contribui para reduzir os períodos de
aprendizagem. Essa seria bastante mais longa se cada trabalhador tivesse de
adquirir os conhecimentos próprio de uma multiplicidade de técnicas de
produção. Ela desenvolve a interdependência social. Em consequência dela,
todos os membros de uma sociedade se sentem dependentes do trabalho alheio
e tomam consciência de que os outros precisam do seu próprio trabalho. Assim,
para o sociólogo francês Émile Durkheim, a divisão do trabalho seria um dos
factores de solidariedade social.

Da divisão do trabalho, porém, não resultam apenas vantagens. Ela dificulta a


fluidez das actividades. Quando um operário se achava habilitado para a
realização de diversas tarefas, esse operário tinha facilidade de mudar de ramo
de actividade, fugindo ao desemprego ou melhorando de condição. Desde que
a aprendizagem é curta e o operário se orienta apenas para a produção de certos
artigos, ou para a realização de certas operações, ele desconhece as técnicas
de outras operações.

Mais grave, porém, é o inconsciente resultante dos excessos da divisão do


trabalho no plano psicológico do trabalhador. Ocupando-se horas seguidas,
durante anos, da pequena fracção de uma peça, a integrar em complexa
engrenagem, repetido sempre os mesmos movimentos, acionando uma
alavanca, vigiando a temperatura de um forno, o operário acha-se
completamente desligado dos próprios objectos para cuja produção concorre. É

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


28
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

assim nas actividades industriais como nas actividades burocráticas. Há


funcionários que, durante anos, carimbam papéis, por vezes tendo apenas de
distinguir as respectivas cores, empilhando-os, sem consciência da origem nem
o destino desses papeis. Apenas tende carimbá-los.

A especialização excessiva acaba por causar uma completa perda do sentido


das tarefas realizadas. Parece ser esse um dos grandes males dos tempos
modernos. O artífice que acompanha as diversas fases de produção de um
objecto pode ter consciência da sua contribuição para que ele seja bem
construído, bem acabado. O seu trabalho tem uma objectivação e um sentido.
Para o operário inserido num grande complexo fabril essa possibilidade nem
sequer é aflorada. Quando vê os automóveis saírem da fábrica, não os olha
como obra sua, pelo facto de ter limpado peças – sempre das mesmas natureza
e estrutura – ou de ter fixado parafusos – sempre os mesmos também.

9.2.5 Racionalização do Trabalho

A racionalização do trabalho consiste na organização do mesmo em bases


cientificas. Nesse conceito se há-de incluir a mecanização do trabalho, que
poderá definir-se como o movimento tendente a substituir o esforço muscular do
homem pelo movimento das maquinas, reservando ao trabalho uma função de
orientação dos maquinismos.

Além da mecanização, inclui-se na racionalização do trabalho a sua


normalização, ou seja, a substituição de extrema diversidade de artigos
produzidos por um certo número de tipos “standard” de produção. Daí falar-se
também de estandardização.

Relativamente à racionalização do trabalho, cumprirá referir o taylorismo,


expressão por vezes usada em termos de abranger a toda a organização do
trabalho em bases científicas.

O taylorismo consiste numa tentativa de supressão de todos os movimentos do


operário que se mostrem inúteis, ou mal adaptados. Observando que a pena do
trabalho é agravada por esforços alheios às exigências da produção, Taylor
pretendeu que, em vista a melhores rendimentos e produtividade, se evitasse

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


29
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

todos os dispêndios inúteis de energia humana e, para isso, se disciplinassem


os movimentos do trabalhador. O trabalho do homem aproxima-se, assim, da
regularidade e da precisão dos movimentos mecânicos. Segundo Taylor, a
adopção do seu sistema traria grandes vantagens sociais. Porquanto, permitindo
maiores rendimentos e produtividade, aumentaria também os lucros das
empresas e, consequentemente, os empresários poderiam pagar salários mais
elevados aos trabalhadores.

É compreensível que a mecanização dos operários aumente a produtividade,


aumente os lucros dos empresários e facilite a estes a elevação dos salários.
Mas resta saber se será possível, e desejável, aproximar o trabalho humano do
ritmo da maquina. À redução do esforço muscular pelo Taylor corresponde um
aumento de desgaste nervoso do trabalhador. E, normalmente, a perda do
interesse que ainda possa conservar pelo seu trabalho.

9.2.6 Humanização do Trabalho

As tentativas de racionalização do trabalho, não obstante todos os seus


admissíveis benefícios, têm constituído mais um factor para a desumanização
do trabalho.

Assim, a concepção liberal do trabalho, como mercadoria, ganha novo relevo


através da preocupação de racionalizá-lo. O operário tende, através dessa
racionalização, a ser reduzido à condição de maquina, do qual o empresário
procurará extrair o maior rendimento possível. Ainda que, por essa via, também
possa remunerar melhor o trabalho.

As excelências do taylorismo só foram notadas em relação a operários muito


jovens. E é de recear não apenas que a racionalização se projecte
desfavoravelmente na capacidade futura desses operários como também nas
gerações que lhe sucedam.

Tem-se procurado encontrar meios de diminuir a fadiga física e nervosa dos


trabalhadores, restituindo-lhes o gosto das tarefas que realizam. É às tentativas
empreendidas nesse sentido que se tem feito corresponder a ideia de
humanização do trabalho.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


30
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

O acentuado desgaste nervoso provocado pelo trabalho industrial, desgaste de


recuperação difícil e lenta, tem aconselhado o estabelecimento de mais
frequentes períodos de repouso a meio do trabalho, assim como a redução do
número de horas de trabalho diário, nalgumas tarefas. Mas essa redução já tem
suscitado questões respeitantes ao mau emprego das horas livres, o qual poderá
agravar ainda mais os males que se pretende sejam resolvidos.

Relativamente ao trabalho intelectual tem-se reconhecido que as respectivas


condições reclamam especialidades, admitido, muitas vezes, o prolongamento
do número de horas de trabalho diário, com correlativas compensações, através
de repousos mais frequentes. É em relação ao trabalho intelectual, sobretudo,
que se justifica o descanso de fim-de-semana.

As férias escolares, judiciais, parlamentares, em princípio, nem correspondem a


fantasias nem privilégios. Encontram ampla justificação.

A humanização do trabalho tem de implicar a reconquista do gosto pelo trabalho.

9.3 FACTOR DE PRODUÇÃO CAPITAL5

9.3.1 Noção de Factor de Produção

Factor de Produção é o conjunto de elementos indispensáveis a um processo


produtivo, seja de um bem ou de um serviço.

Há duas classes de factores de produção: os originais e os derivados. Os


originais são aqueles que não são produzidos por nenhum outro, como a terra e
o trabalho. Os derivados são o capital e a tecnologia.

9.3.2 Noção Económica de Capital

Em Economia, o Capital é qualquer bem económico que pode ser utilizado na


produção de outros bens ou serviços. – Ferreira (1986)

5
Distinguem-se três tipos de Capital: 1 – Capital físico – formado pelos elementos materiais e tangíveis.
Ex: prédios, polgoes; 2 – Capital humano – que se refere à educação ea formação profissional de
empresários e trabalhadores; 3- Capital financeiro – o dinheiro necessário para fundar uma empresa e
mantê –la em atividade.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


31
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Na economia Capital é um dos quatro factores de produção, junto com o


trabalho, a terra e a tecnologia. Em geral, o termo é usado para designar uma
quantidade de dinheiro que pode ser emprestado ou investido. A essa noção se
acrescentam o conceito jurídico e o conceito contabilístico.

9.3.3 Capital em sentido Jurídico e em sentido Contabilístico

Dada a pluralidade de sentidos da expressão “Capital”, tornou-se conveniente


estabelecer as destrinças. Para mais, por vezes, os significados jurídico e
contabilístico de capital facilitam o entendimento de alguns espectos da teoria
económina.

O capital em sentido jurídico abrange os bens que, por força das instituições
sociais, permitem obter rendimentos não provenientes do trabalho. Estes
rendimentos obtidos sem trabalho respeitam a um trabalho actual, imediato. Não
excluem um trabalho passado, que se tenha projectado em poupança, em
aforros, levando a criação do próprio capital. O conceito jurídico de capital inclui
não apenas os bens intermediários (bens manufacturados ou matérias primas
empregados na produção de outros bens intermediários ou de produtos finais),
abrangidos pelo capital em sentido económico, mas também os bens naturais,
que tenham sido objectos de apropriação.

Em sentido contabilístico o capital será constituído por um conjunto de bens cujo


valor se mantem constante através de respectiva amortização6.

Adam Smith, considerado pai da economia moderna, conceituou o capital


como “Parte do estoque do qual se espera produzir retorno”. Em seguida, o
economista enumerou que o capital de um país ou empresa pode ser:

 - máquinas e instrumentos que facilitem o trabalho

 - imóveis (não meras acomodações, mas os que podem ser considerados


instrumentos de negociações, como lojas)

 - melhorias na terra capazes de aprimorar o cultivo

 - dinheiro

6
Amortização é um processo de extinção de uma dívida através de pagamentos periódicos, que são
realizados em função de um planeamento, de modo que cada prestação corresponde à soma do
reembolso do capital ou do pagamento dos juros do saldo devedor, podendo ser o reembolso de ambos,
sendo que os juros são sempre calculados sobre o saldo devedor

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


32
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

 - provisões em posse dos produtores ou comerciantes, dos quais se espera


lucro após sua venda

 - artigos fabricados, ainda que incompletos, em posse dos produtores ou


comerciantes

9.3.4 Capitais fixos e capitais circulantes

Entende-se por capital fixo aquele que é utilizável em mais de um acto de


produção. É capital circulante o que se destrói através da própria utilização.
Assim, os maquinismos de uma fábrica constituem capitais fixos. São utilizados,
servem, continuamente, durante o período da respectiva duração. Mas os
combustíveis e os lubrificantes necessários ao funcionamento daqueles
maquinismos constituem capitais circulantes. Esgotam-se, logo que são
utilizados. Igualmente é capital circulante o destinado ao pagamento de salários
e outras remunerações. Esgota-se logo que é utilizado.

Esta destrinça entre capitais fixos e capitais circulantes tem o maior interesse na
análise económica. O valor de capitais circulantes, geralmente adquiridos a curto
prazo, tem de ser reintegrado também rapidamente pela empresa ou pela
sociedade, através dos rendimentos próximos. Em relação aos capitais fixos,
porque utilizáveis em vários actos de produção, importará determinar quantos
sejam esses actos e qual a sua produtividade. A fim de calcular as respectivas
taxas de amortização. Desta dependerá a reserva, a poupança, de parte dos
rendimentos, suficiente para assegurar a substituição dos capitais fixos, ao fim
de um período previsto para o esgotamento da sua capacidade produtiva.

Os prazos de amortização variam conforme os tipos de capitais. O prazo de 20


anos tem sido considerado comum em relação a muitos maquinismos. Mas,
quanto aos outros, poderá demasiado longo, ou demasiado curto. Há empresas
que amortizam mal, mantendo em funcionamento capitais fixos para além dos
períodos normais de utilização. Os rendimentos costumam ressentir-se disso. É
uma das formas de descapitalização, frequentemente em sociedades
decadentes, do ponto de vista económico. Outras empresas não extraem o
rendimento possível dos capitais fixos, pela falta de uso regular e continuado,
deixando-os envelhecer antes de terem produzido o que deles havia de esperar.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


33
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

9.3.5 Formação do Capital

* O Capital, a Poupança e o Investimento

O Capital é um factor de produção derivado, ao contrário dos factores naturais e


do trabalho. Por isso, para se formar o capital, tem de se desenvolver uma certa
actividade humana, orientada nesse sentido.

O Capital resulta de uma poupança, de um aforro, seguido de um investimento.

É mais fácil distinguir a poupança de investimento em estruturas económicas


evoluídas. Constituída uma empresa, não se obtém imediatamente rendimentos
suficientes para cobrir as respectivas despesas de constituição e de
funcionamento. Ora, há colaboradores da empresa que não têm possibilidade de
esperar que os rendimentos se produzam. Têm necessidade imediata a
satisfazer e não dispõem de reservas que asseguram a sua satisfação. É
geralmente, o caso dos operários. Torna-se indispensável pagar-lhes salários,
antecipadamente, em relação aos rendimentos previstos. Também os
fornecedores de matérias-primas hão-de pretender ser pagos imediatamente, ou
a curto prazo. Não querem esperar pelos resultados da exploração. Estes
pagamentos a trabalhadores e a fornecedores, imediatos, anteriores à venda dos
bens cuja produção se acha em curso, não seria possível se o empresário não
dispusesse de capitais. E os capitais de que o empresário dispõe foram obtidos
de actos de poupança ou aforro, próprios ou alheios.

Na vida económica moderna, grande parte dos investimentos assentam na


actividade dos bancos, nos quais numerosas pessoas depositam as suas
poupanças, os seus aforros, recebendo, por isso, um certo juro. Os empresários
geralmente, precisam dessas poupanças centradas nos bancos. E estes cedem-
lhes, mediante certas garantias e fixando juros superiores aos que pagam nos
depositantes, a fim de beneficiarem da diferença. Utilizando essas poupanças,
frequentemente oferecidas pelos bancos, os empresários pagam salários,
matérias-primas, etc. Estes capitais acham-se, assim, na base dos actos de
poupança realizados por aqueles que depositam nos bancos as suas economias.
Outras vezes, foi o próprio empresário que realizou esses actos de poupança,
em cujo caso acumula as posições de empresário e de capitalista. Outras vezes
ainda, a poupança coube a um particular junto do qual o empresário contraiu um

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


34
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

empréstimo. O capital, seja qual for o tipo de estrutura, não se formam senão na
base de constituição de aforros, de poupanças.

Poupar consiste na renúncia ao consumo imediato de bens que se acham


disponíveis. A poupança traduz-se no sacrifício de uma necessidade presente à
satisfação de uma necessidade futura.

A noção de poupança é suficientemente ampla para abranger três fins diversos


que ela poderá visar. Se o sujeito económico considerado sacrifica a satisfação
imediata reservando bens que, no futuro, utilizará de necessidades do mesmo
tipo, a poupança orienta-se no sentido do consumo. Trata-se de um consumo
diferido. Quando o sujeito económico, por avareza ou por providência reserva
bens indefinitivamente, em regra sob forma de numerário, a poupança visará o
entesouramento, embora este seja de difícil caracterização rigorosa. Se entre as
necessidades sacrificadas e as necessidades a satisfazer se situa um ou mais
actos de produção realizados pela utilização da reserva constituída, a poupança
serve de base de um investimento. Só nesse último caso se constituirão bens
instrumentais.

Portanto, consumo, entesouramento e investimento poderão ser considerados


três destinos admissíveis da poupança.

*A Poupança Voluntária e a Poupança Forçada

Diz-se poupança voluntária a que resulta de uma livre abstenção de consumir de


um sujeito económico. Apesar da designação de voluntária, esta poupança acha-
se condicionada por diversos factores, designadamente, pela intensidade das
necessidades do sujeito económico considerado, pelo nível do seu próprio
rendimento, pelas representações acerca da reprodutividade dos bens a poupar,
etc.

Frequentemente, porém, a opção de poupar não cabe a quem realiza a


poupança. Assim acontece no caso de a poupança ser forçada. Esta é imposta,
geralmente pelo Estado pelas organizações para-estatais, de segurança social
e outras.

Um dos largamente usado para a realização de poupanças forçadas é o imposto.


Através deste, o Estado inibe alguns sujeitos económicos de orientarem

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


35
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

integralmente os seus bens no sentido do consumo. A imputação de rendimentos


e dos patrimónios operada pelo imposto não corresponde, no entanto, sempre e
necessariamente, a uma poupança e o investimento subsequentes. Porque os
Estados também orientam as receitas dos impostos no sentido de consumo.
Quando o Estado, utilizando o produto dos impostos, satisfaz necessidades
imediatas, destinando-o, por exemplo, a um aumento de vencimento de
funcionários públicos, o imposto não funcionará como instrumento de poupança.
Tratar-se-á apenas de uma transferência de bens, dos particulares para o
Estado, orientada para o consumo.

Certas medidas de racionalização de bens, adoptadas, sobretudo, em tempos


de guerra, tendem a criar também poupanças forçadas. Tendo de restringir o
consumo de certos bens, os indivíduos poderão orientar o seu poder de compra
no sentido de constituição de reservas, de poupança. Mas não será assim
necessariamente. Por vezes as medidas de racionamento, restringindo certos
consumos, levam ao acréscimo de outros. forçados a restringir os gastos em
alimentação, por exemplo, muitos poderão transferir as disponibilidades
sobrantes para espetáculos, diversões, etc. Impossibilitados, pelo racionamento
de combustíveis, de usar veículos automóveis, alguns comprarão cavalos, por
exemplo. Em tais casos, racionamento não resultarão em poupança.

As desvalorizações monetárias constituem, na actualidade, o factor mais


poderoso de poupanças forçadas. Porquanto, reduzindo o poder de compra da
moeda, aquelas desvalorizações operam, na realidade, uma redução de
rendimentos. Trata-se de impostos invisíveis. E podem, efectivamente, as
desvalorizações monetárias contribuir decisivamente para a criação de
poupanças forçadas.

10. A MOEDA

10.1 Divisão do Trabalho e Economia de Troca. Inconveniente da Troca


Directa

A moeda pressupõe uma economia de troca. Em estruturas nas quais cada um


limita o consumo da própria produção, a moeda não tem razão de existir. Em

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


36
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

estruturas económicas baseadas na troca, haverá de distinguir a troca directa e


a troca indirecta ou monetária.

As mercadorias produzidas por um e que se destinam a ser usadas por outro


podem trocar-se directamente pelas mercadorias produzidas por este, mas que
se destinam a ser consumidas por aquele. Assim, o caçador trocará um certo
número de peças de caça abatidas por certa quantidade de peixe alcançada pelo
pescador, etc. Esta troca directa suscita dificuldades múltiplas, como de
avaliação dos bens trocados e, sobretudo, de coincidência de produções e
necessidades entre indivíduos postos em contacto. Na base da troca directa,
quem, por exemplo, produzisse trigo para alem das suas necessidades, mas não
possuísse peles para se vestir, precisaria encontrar alguém que não só tivesse
abatido animais e lhes tivesse aproveitado a pele como também sentisse a
necessidade de adquirir trigo. Num regime económico deste tipo aconteceria
muitas vezes que o possuidor de trigo, para além das suas necessidades de
consumo, encontrasse um indivíduo que quisesse adquirir o trigo, mas não
possuísse as mercadorias de que carecia o primeiro. A troca entre os dois já não
seria possível.

Tais dificuldades situariam os homens perante a necessidade de utilizar um


instrumento geral de troca. E como tal surgiu a moeda7. Foi para o desempenho
da função de instrumento geral de troca que historicamente apareceram todas
as moedas. A moeda como instrumento geral de troca apresenta-se como
consequência da divisão do trabalho.

Na actualidade, poucas pessoas podem produzir, elas próprias, uma


percentagem elevada dos bens que consomem. Esta circunstância impõe
numerosíssimas trocas de bens e de serviços, que geralmente tornam
indispensável a moeda.

A moeda veio resolver aquelas dificuldades. Estando todos ou quase todos


dispostos a recebê-la em troca de bens ou de serviços, não é, contudo, aceite
em pagamento porque dela se necessita directamente para consumo próprio,

7
A expressão deriva de “Moneta”, sobrenome da deusa Juno, em cujo templo eram cunhadas as moedas
romanas. Aquele sobrenome provinha, por sua vez, de monere que significa advertir, anunciar porque
Juno Moneta era a deusa que advertia aos mortais, anunciando-lhes os acontecimentos futuros.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


37
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

mas porque é um instrumento geral de aquisição dos bens ou de serviços que


se pretende obter. Qualquer pessoa está disposta a ceder um bem que possui,
ou a realizar determinados trabalhos, em troca da moeda, a ceder os bens, ou a
prestar os serviços, de que ele careça.

10.2 Funções da Moeda: instrumento geral de troca; medida comum de


valores; reservatório de valores

Tem-se geralmente reconhecida a dificuldade em definir a moeda. Parece


preferível aparecer a respectiva noção através das funções que a moeda
desempenha.

A moeda tem de ser entendida pelas suas funções e não pela sua substância.
Tem servido como moeda objectos muito diversos. Além das placas metálicas e
das actuais notas de banco, muitos outros objectos funcionam, funcionaram e
poderão vir a funcionar ainda, como instrumentos monetários. Tempos houve em
que as cabeças de gado foram utilizadas como instrumento geral de troca, como
moeda. Nos séculos XVI e XVII, no território que constitui hoje o Estado
americano da Virgínia, o tabaco funcionou como instrumento geral de troca.
Também o sal e o marfim, em África, o chá na China, as tâmaras na Pércia etc.

Não podendo, pois, caracterizar-se a moeda pela sua substância, importa


caracterizá-la pelas suas funções, que são: instrumento geral de troca; medida
comum de valores; reservatório de valores.

A moeda é utilizada geralmente como contraprestação de um bem ou de um


serviço, daí dizer-se que a moeda é um instrumento geral de troca. Na sua
generalidade, as transações realizam-se através de meios monetários. Mas
desta função de instrumento geral de troca derivam outras funções, entre elas,
a medida comum de valores. Desde que as várias transações se efectuem
utilizando a moeda como intermediária, o valor de cada objecto que se troca
passa a ser expresso em moeda. A esta expressão do valor dos bens dá-se o
nome de preço. E precisamente porque a moeda é um instrumento geral de
unidades monetárias). Também, sendo a moeda aceite como instrumento geral
de trocas, passou automaticamente a desempenhar a função de padrão de

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


38
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

valores, o que quer dizer que o valor dos diversos bens e referido em unidades
monetárias.

Da função da moeda como instrumento geral de trocas resulta também a de


reservatório de valores. Deste que a moeda constitui um potencial perante a
troca, suscetível a ser utilizado em qualquer momento e em relação a todos os
bens negociáveis, ela pode constituir também uma reserva de valores, sempre
e imediatamente disponível para quaisquer transações. Assim, a moeda
representa, como se tem sustentado na construção de algumas teorias
modernas, um traço de união entre o presente e p futuro, porque através dela se
mantem uma poupança líquida constituída da previsão de necessidades futuras.

Cada sujeito económico na posse de certas quantidades de moeda, sabe que, a


todo o momento, poderá adquirir os bens que necessita, mais facilmente do que
se tivesse à sua disposição uma poupança constituída por mercadorias de mais
diversa natureza. Porque a moeda, instrumento geral de troca, é mais facilmente
aceite em quaisquer transações do que outros bens.

10.3. A Moeda Metálica.

* A preferência pelos metais preciosos para amoedação

As actuais instituições monetárias constituem como produto de uma longa


evolução, iniciado quando, nalgumas sociedades rudimentares, a divisão do
trabalho e as dificuldades de troca directa impuseram a adopção de um
instrumento geral de troca que servisse simultaneamente de medida comum de
valores.

Começaram a usar-se como moeda diversas mercadorias. Mas os metais, pela


sua resistência e pela sua relativa inalterabilidade, revelaram-se melhor
adaptados às funções monetárias. Assim, passaram a usar-se como moedas o
ferro, o chumbo, o cobre, a prata e o ouro. Rapidamente os metais preciosos
acabaram por ser os preferidos pela sua relativa raridade e pela circunstância de
serem muito procurados em função das suas qualidades próprias.

Uma das razoes que levaram a amoedação dos metais preciosos foi a relativa
raridade, conjugada com a elevada procura. Mas também contribuiu para a sua

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


39
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

amoedação a facilidade de transporte, derivada do seu valor específico, visto


eles concentrarem um elevado valor em volume e pesos moderados. Assim
como a facilidade de conservação, pois os metais preciosos não de deterioram
rapidamente.

10.4 Moeda-papel

* As origens da moeda-papel

A raridade dos metais preciosos determinou, por vezes, em épocas remotas, a


utilização esporádica da moeda-papel. Já no decurso do Séc. XVII se utilizaram
nas transações títulos de crédito que desempenharam funções monetárias. E em
territórios coloniais, quando as espécies monetárias escasseavam, os governos
emitiam títulos de crédito que, por vezes, circulavam como moeda, para realizar
pagamentos aos fornecedores e aos funcionários. Mas, logo que os governos
coloniais dispunham de novo de quantidades de moeda metálica suficientes,
esses títulos eram retirados da circulação, apresentando, assim, um carácter
excepcional. Também circulavam, por vezes, temporariamente, títulos emitidos
pelas casas de moeda, quando a cunhagem do metal, entregue pelos
particulares, era demorada.

Importa distinguir três espécies de moeda-papel: a moeda-papel representativa,


a moeda-papel fiduciária e o papel-moeda.

*A moeda-papel representativa

A moeda-papel representativa circula porque tem atrás de si, como cobertura,


igual quantidade de moeda metálica. As formas da moeda-papel têm origem no
hábito de realizar depósitos de ouro e prata em estabelecimentos ourives e em
cartórios notariais, com receio de roubos e das próprias liberalidades. A fim de
movimentar a moeda depositada, os seus depositantes, por vezes, dirigiam
ordens de pagamento aos depositários. E essas ordens de pagamento, quando
dadas por escrito funcionavam, nalguns casos, como moeda-papel. Tais
contratos de depósito eram diversos dos realizados, posteriormente, junto dos
banqueiros. Em vez de ser o depositário a pagar o depositante em juro sobre o
capital depositado, era, pelo contrário, o depositante que pagava uma certa

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


40
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

quantia àquele que guardava os seus valores monetários. Justifica-se que assim
fosse, porque os depositários, em regra, não movimentavam os valores
depositados, não colhendo, pois, do depósito, qualquer benefício que não fosse
a remuneração pela guarda dos valores.

As vantagens da moeda-papel resultam da sua impressão ser muito menos


dispendiosa do que a cunhagem da moeda e da sua utilização se tornar mais
cómoda, por aquela moeda ser menos pesada e menos volumosa do que as
moedas metálicas. No entanto, apresenta a moeda-papel, em contrapartida, o
inconveniente de facilmente se transformar de representativa em fiduciária e de
fiduciária em papel-moeda, de que resultam amplas possibilidades de
instabilidade do seu valor. Acresce ainda que as falsificações de moeda-papel
são relativamente mais fáceis que as da moeda metálica.

*A moeda-papel fiduciária

A moeda-papel começou a ser uma moeda representativa. Os títulos que


circulavam correspondiam rigorosamente às quantidades de ouro depositadas
junto das entidades que os emitiam.

A moeda-papel deixa, assim, de ter carácter representativo, passando a ter a


natureza de moeda-papel fiduciária porque já não representava os valores
efectivamente existentes no banco, circulando apenas na base da confiança que
o banco emissor inspira.

*O papel-moeda, a inconvertibilidade e o curso forçado

O regime de moeda-papel representativa pressupunha um encaixe de ouro,


sendo o sistema de monometalismo áureo, de valor igual ao da moeda-papel
emitida. Mas os bancos, a partir de certo momento, começaram a emitir moeda
mantendo um encaixe, uma cobertura metálica, apenas parcial. A moeda-papel
assim emitida, sem base num encaixe integral, tornou-se fiduciária, assentando
a sua circulação na confiança inspirada aos respectivos portadores.

O elemento confiança é responsável pela circulação de qualquer moeda. No


entanto, quando a moeda corresponde integralmente a valores reais, esse
elemento não apresenta particular relevo. Quando, porém, a moeda é reduzida
a papel, desprovida de cobertura integral, o elemento fiduciário torna-se mais

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


41
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

importante. É para exprimir esse maior relevo que se designa a moeda-papel


não correspondendo totalmente a uma cobertura metálica moeda-papel
fiduciária.

A moeda-papel fiduciária abriu caminho a grandes abusos. Efectivamente, os


bancos emissores não resistiram à tentação de esquecer regra do terço e, em
períodos de excessivo optimismo, mantiveram uma cobertura metálica inferior a
um terço do valor da moeda-papel em circulação. Ora aconteceu que, em
determinados momentos, grande número de portadores de notas procurou
converter essa notas em metal, não sendo possível os bancos dar-lhes
satisfação, ao menos imediatamente, pelo reduzido encaixe metálico. Os bancos
emissores, porém, quer públicos quer privados, tinham assumido tamanho
relevo, desde que a circulação da moeda-papel se generalizou, que os Estados
não podiam permitir nem a sua falência nem o seu completo descrédito. Mas
também os Estados não se achavam em condições de fornecer os valores
indispensáveis ao reembolso dos depositantes. E então, em circunstâncias de
alarme relativamente a um previsível levantamento dos valores metálicos
depositados, alguns governos decretaram a inconvertibilidade da moeda.

Em regime de convertibilidade, quer se trate de moeda representativa quer de


moeda fiduciária, os portadores de notas de banco podem exigir o seu reembolso
em metal correspondente ao respectivo estalão monetário.

Quando em certos períodos, houve motivo para recear que os bancos emissores
não dispunham do encaixe necessário para manter o regime de convertibilidade,
o Estado veio, geralmente, em auxílio, exonerando-os da obrigação de
reembolso em metal os portadores de notas de banco. Quando se entra nesse
regime de inconvertibilidade, a moeda passa a designar-se por papel-moeda.

Diz-se a moeda inconvertível, ou papel-moeda, que ela tem curso forçado. É


indiferente falar de inconvertibilidade ou de curso forçado da moeda. Realmente,
desde que os bancos emissores são facultados a possibilidade de não
assumirem a obrigação de converterem as notas em espécies metálicas, os
particulares, sem curso forçado, imposto por acto de Governo, recusariam essas
notas em pagamento.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


42
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

10.5 Desmetalização da moeda. Moeda bancária ou moeda escritural

Da evolução da moeda extrai-se uma tendência no sentido da sua


Desmetalização.

Efectivamente, as moedas primitivas eram mercadorias – peles de animais,


cabeças de gado, etc. – correspondiam um certo valor material, eram
susceptíveis de, por si próprios, satisfazer necessidades. No entanto, a procura
do ouro ou da prata, mesmo alheia à troca monetária, não visa necessidade de
consumo, como as das cabeças de gado ou peles de animais. Ainda quando
desligada da ideia de obtenção de meios de pagamento, parece aproximar-se,
ao menos, da função da moeda de reservatório de valores. Assim as
mercadorias nas quais a moeda metálica se incorpora têm, sobretudo, valor
monetário. Mas, se na moeda metálica se encontra já uma certa tendência de
desmetalização, na moeda-papel essa tendência é mais acentuada, pois o papel
no qual a moeda é estampada oferece escasso valor como mercadoria. Contudo,
a moeda-papel ainda apresenta certa materialidade, que tende a desaparecer,
ou desaparece completamente, na moeda escritural ou moeda bancária.

Há três espécies de depósitos bancários que resultam da moeda bancária ou


escritural: depósitos a ordem, a prazo e com pré-aviso. No caso dos depósitos à
ordem, os depositantes podem a todo o momento levantar os respectivos saldos.
Ora, a moeda escritural é constituída por esses saldos ou por uma percentagem
deles.

Os saldos dos depósitos a prazo e com pré-aviso não constituem moeda,


porquanto através deles, os depositantes não mantêm uma reserva monetária,
líquida, imediatamente e a todo o tempo disponível para a realização de qualquer
pagamento. Quem deposita a prazo e com pré-aviso só passado algum tempo
pode dispor do saldo da sua conta. Em relação a esses depósitos fala-se de
quase-moeda. A moeda é um reservatório líquido, disponível, de valores. E essa
liquidez, essa disponibilidade, não é oferecida pelos depósitos a prazo e com
pré-aviso. Mas tal disponibilidade, tal liquidez verifica-se nos depósitos à ordem,
precisamente porque os seus saldos podem a todo o tempo serem
movimentados pelos depositantes.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


43
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Quem dispõe de um deposito à ordem e quer fazer um pagamento em benefício


de outra pessoa, que disponha também de um depósito bancário, dá uma ordem
de pagamento, geralmente pela utilização de um cheque. Recebida a tal ordem
de pagamento, o banqueiro debita a importância respectiva na conta de um e
credita na conta de outro.

Em tais casos, a moeda não é constituída pelo próprio cheque. A entrega deste
nem se quer tem efeito liberatório para o devedor, o que bem se compreende,
até porque o cheque pode não ter provisão, ou não ser pago por falência do
banco sobre o qual foi sacado. A moeda bancária é constituída pelos saldos dos
depósitos à ordem e não pelos depósitos à ordem, porquanto os depósitos
realizados são em parte absorvidos por cheques sucessivos. Não se julgue
também que a moeda escritural representa apenas a moeda-papel de que
alguém já dispunha e depositou num banco. Não é assim. Até porque o saldo de
um depósito pode não ter a sua origem numa entrega de notas de banco. Será
o caso de ele depender da concessão de um crédito pelo banqueiro. Com efeito,
há depósitos bancários primários, originados em entrega de moedas pelos
depositantes, e depósitos bancários derivados, baseados em concessões de
crédito. Uns e outros dão lugar a moeda escritural. E, de resto, a moeda escritural
tem existência autónoma, porque aos bancos utilizam parte das importâncias
depositadas. E, assim, a moeda escritural corresponde a um acrescentamento
da massa monetária em circulação.

Com efeito, os banqueiros, no pressuposto de que nem todos os depositantes


levam ao mesmo tempo os seus depósitos, emprestam parte das importâncias
depositadas. De tal modo, os saldos dos depósitos à ordem, sendo movimentado
pelos banqueiros, são utilizados por entidades que obtiveram empréstimo
bancário.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


44
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

11. OS PREÇOS

11.1 Noções de Preço e de Mercado

Não se entenderia o que é preço sem saber o que seja moeda. Nem o que é
valor da moeda sem se esboçar uma noção o de preço. Porquanto o preço é o
valor dos bens expresso em unidades monetárias, é a expressão monetária do
valor dos bens.

Em economias monetárias, o valor dos bens é geralmente expresso em moeda.


E as vantagens desta, como instrumento geral de trocas, são inseparáveis das
vantagens dos preços, isto é, da definição dos valores dos bens em unidades
monetárias. São os preços que, pela sua elevação advertem a raridade de certos
bens, levando a restrição do consumo. É através dos preços que, na base das
solicitações dos compradores, a produção dos bens aumenta ou diminui.

Mas, em determinadas condições anormais, mostra a experiência que o livre


mecanismo dos preços não assegura o equilíbrio da produção e do consumo.
Daí certas medidas de distribuição autoritária de bens, tais como as de
racionamento e de tabelamento de preços.

A definição dos valores dos bens em unidades monetárias visa a troca desses
bens por moeda. Quando um bem não se destina a ser vendido não há
necessidade de definir o seu valor em termos monetários. A venda só será
possível quando o valor atribuído a um bem pelo vendedor coincidir com o valor
atribuído ao mesmo bem pelo comprador. Daí que o preço pressuponha um
encontro de vendedores e compradores, no sentido de um ajustamento das suas
avaliações, por forma a tornar possível a venda dos bens. Esse encontro realiza-
se através dos mercados, posto que o mercado é ponto de encontro de
vendedores e de compradores em ordem à fixação de preços.

A esse ponto de encontro começou por corresponder necessariamente a uma


localização geográfica, topográfica. Vendedores e compradores encontravam-se
anualmente em feiras realizadas em certas cidades e vilas, vendedores e
compradores encontravam-se semanalmente, mensalmente, diariamente, em
mercados. A estes mercados correspondia quase sempre uma localização real,
porque não havia possibilidade de encontro entre vendedores e compradores

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


45
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

senão num determinado local. Mas, com os modernos sistemas de


comunicação, o ponto de encontro deixou muitas vezes de ser real, geográfico.
O mercado pode ser um ponto ideal abstracto, de encontro ente vendedores e
compradores respeitantes à fixação do preço de determinados bens. Em relação
a certos produtos, transacionados em determinadas condições, não há um lugar
geográfico onde se encontrem, fisicamente vendedores e compradores. É o caso
de mercados internacionais (da cortiça, do açúcar, algodão, do petróleo, do
cobre, etc.) e de muitos mercados nacionais, envolvendo já um número elevado
de vendedores e de compradores achando-se em locais afastados uns dos
outros e que, na actualidade, não têm necessidade de se deslocarem para
realizar as suas transações.

11.2 Regime de Concorrência Perfeita

a) A concorrência perfeita, a fluidez e a atomicidade dos mercados

o estudo da formação dos preços assenta geralmente na hipótese de


concorrência perfeita, embora se reconheça que a concorrência perfeita constitui
uma pura abstração. Mas foi daquela hipótese que partiram as primeiras teorias
de preços; e tem de reconhecer-se que ela ainda oferece o esquema lógico
básico mais adequado ao estudo dos mercados.

Há quem tenha caracterizado a concorrência perfeita pela abstenção do Estado


em interferir nos mercados. É a posição dos primeiros liberais, em reacção contra
a regulamentação. Desde que o Estado, desde que os poderes públicos, não
impusessem preços, nem os limitassem, nem fixassem as quantidades de bens
a transacionar, o regime seria de concorrência perfeita. Em tal sentido, a
concorrência perfeita não terá sido, no passado, de muito difícil verificação. Mas
alguns autores, já mais exigentes, e dispostos a experiência do funcionamento
das estruturas liberais, fizeram depender a concorrência perfeita da abstenção
não apenas do Estado, do sector público, mas também de qualquer coligação de
particulares. A teoria económica moderna tornou-se, porém, neste ponto, mais
exigente ainda. Para ela, não haverá concorrência perfeita sem fluidez e sem
atomicidade dos mercados.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


46
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

A fluidez de um mercado reclama que se verifiquem condições várias: liberdade


de fixação de preços, liberdade de fixação de quantidades de bens a
transacionar, liberdade de negociação das transações, homogeneidade de
produtos. Não haverá fluidez de mercado se o Estado fixar limites máximos ou
mínimos de preços; ou se entre vendedores ou entre compradores se tiverem
estabelecido entendimento quanto ao nível de preços ou quanto ao volume das
transações. Também não haverá fluidez de mercado quando os bens estão
racionados. Nem quando vendedores e compradores não têm possibilidades de
estabelecer relações uns com os outros. Nem quando os produtos lançados no
mercado se apresentam em condições diversas, ou quanto às suas quantidades
ou quanto as condições de venda. Pelo que respeita à possibilidade de
estabelecimento de relações entre vendedores e compradores, ela não fica
assegurada apenas pelo afastamento do mercado de qualquer intervenção do
Estado, ou de coligações de particulares. Para além da regulamentação estadual
e dos compromissos assumidos no sentido de vender a determinados
compradores, ou a comprar a determinados vendedores, há outros obstáculos
ao livre estabelecimento de relações nos mercados. Entre eles, a rotina, a
ignorância, a falta de tempo, as ligações sociais. Por motivo de tais obstáculos,
que actuam, sobretudo, em relação a não-comerciantes, muitos indivíduos
continuam a comprar um artigo a um preço superior àquele pelo qual poderiam
adquiri-lo, porque não estão dispostos a mudar de fornecedor, porque
estabelecem que o artigo sendo vendido mais barato, porque não têm tempo
para se informar sobre preços fixados, porque preferem continuar a comprar o
artigo a um amigo, a um conterrâneo, ou a um correligionário.

A extrema diversidade de condições de vida torna difícil que se verifiquem


condições de fluidez. Assim, a maior parte dos mercados, porque não fluidos,
dizem-se rígidos ou viscosos, conforme sejam maiores ou menores as quebras
de fluidez. Em relação a elas não se verifica a hipótese de concorrência perfeita.

Mas a concorrência perfeita não depende apenas da fluidez dos mercados.


Também depende da sua atomicidade. Um mercado é qualificado como
atomístico quando as suas condições se mostram independentes da conduta
isolada de qualquer vendedor ou de qualquer comprador. O preço não subirá
nem baixará porque um vendedor ou um comprador se retirou do mercado; ou

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


47
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

porque mais de um vendedor ou mais de um comprador a ele ocorreu. Para que


o mercado seja atomístico é preciso, pois, que o número de vendedores e de
compradores seja mais ou menos extenso; e que as quantidades dos bens
vendidos ou comprados por um só deles não tenham influência ao nível do preço.
Assim, se o mercado do vinho, por exemplo, só se encontrarem produtores
relativamente modestos, de tal modo que a retirada de um deles não faça
aumentar o preço, e retalhistas também modestos, de tal modo que a retirada de
um deles não faça baixar o preço, esse mercado será atomístico. Mas não o
será, por exemplo, o mercado do urânio, minério adquirido por grandes potências
militares. Porquanto, as reacções de uma delas nesse mercado hão-de
influenciar as respectivas condições, por se tratar de um grande comprador. Nem
o será também, por exemplo, o mercado do petróleo, por serem pouco numeroso
os produtores.

11.3 Mercados de concorrência imperfeita. Oferta e procura moleculares e


monolíticas. Mercados viscosos e rígidos

O regime de concorrência perfeita é definido através das ideias de atomicidade


e de fluidez. Assim, quando uma dessas características desaparece, os
mercados não são de concorrência perfeita.

A característica da atomicidade deixa de se verificar quando um ou alguns


vendedores ou compradores, se tornam suficientemente poderosos para, pelas
variações da sua oferta ou da sua procura individuais, influenciarem na fixação
do preço. Se se tratar de alguns compradores ou vendedores, a procura ou a
oferta, diz-se molecular; se se tratar de um comprador ou de um vendedor, a
procura e a oferta diz-se monolítica.

A característica da fluidez deixa de verifica-se por falta de homogeneidade dos


produtos transacionados, por falta de liberdade, por desconhecimento das
condições do mercado, por falta de tempo, por rotina, por incapacidade de reagir
racionalmente em relação às condições do mercado. E sempre que o mercado
não é fluído, diz-se que ele é viscoso. Num mercado viscoso ainda subsiste uma
certa mobilidade de compradores e vendedores. Quando ela desaparece por
completo, o mercado torna-se rígido.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


48
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

12. Crescimento e Desenvolvimento Económico, Produto Interno Bruto


(PIB), Produto Nacional Bruto (PNB), Renda Per Capita

Crescimento e desenvolvimento económico são termos bem comuns quando o


assunto é economia. No entanto, é importante ressaltar que crescimento é
diferente de desenvolvimento.

Enquanto o crescimento económico significa que durante um ou vários períodos,


ocorreu um aumento sustentado de uma unidade económica, o desenvolvimento
económico vai além, impactando directamente a qualidade de vida das pessoas
e a sociedade em geral.

12.1 Crescimento Económico

O crescimento económico acontece quando ocorre um aumento da produção e


consumo de bens e serviços. Esse aumento pode ser medido através de índices
como o Produto Interno Bruto (PIB) ou Produto Nacional Bruto (PNB).

Para que seja possível alcançar o crescimento económico, a economia deve


apresentar um resultado integrado, consistindo em um aumento desde os
sectores primários (a extracção de matérias primas), passando pelos
secundários (a indústria ou transformação) até os terciários (venda de serviços
e bens imateriais) - (sectores da economia - considerados estágios pelos quais
os produtos, materiais ou imateriais, passam dentro do ciclo económico do
capitalismo).

12.2 Diferença entre Crescimento e Desenvolvimento Económico.

Apesar de muitas vezes serem citados juntos numa mesma frase, crescimento
e desenvolvimento económico tem algumas diferenças bem evidentes.

Crescimento é quando a produção quantitativa cresceu, gerando


enriquecimento, mas sem necessariamente afectar a melhoria das condições de
vida da sociedade. Como já citado, é possível medir isso através do Produto
Interno Bruto (PIB) por exemplo.

Já o desenvolvimento económico afecta a qualidade de vida da sociedade e é


possível medir por meio de indicadores como a educação, saúde, renda,
pobreza, entre outros. Actualmente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


49
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

é o índice mais explorado para realizar comparações de desenvolvimento de


diferentes economias e períodos.

12.3 As principais fontes de crescimento económico.

Actualmente, as principais fontes de crescimento económico são capital físico,


capital humano e tecnologia. Cada um pode ser definido da seguinte maneira:

Capital físico: são os activos não humanos, feitos por humanos e que são
utilizados na produção, como por exemplo as ferramentas, máquinas e
estruturas físicas usadas nas empresas e instituições. Entram nessa lista as
máquinas, os prédios da companhia, infra-estrutura, como transportes, energia,
comunicações e tecnologia.

Capital humano: são as actividades que resultam em um custo no período


corrente e que proporcionam um crescimento na produtividade no futuro. Em
outras palavras, as características adquiridas pelo cidadão que melhoram sua
performance. Quanto maior for o nível médio de habilidade e conhecimento das
pessoas, mais fácil será aplicar esse conhecimento em prol do progresso
técnico, consequentemente aumentando o padrão de vida do país.

Tecnologia: o desenvolvimento da tecnologia é outra fonte primordial, que é


considerada a força motora principal do crescimento económico. Historicamente
o desenvolvimento tecnológico proporciona um aumento da produtividade do
trabalho, tornando-se fundamental para o crescimento económico.

12.4 Cálculo do crescimento económico de um país

O crescimento económico é possível ser calculado por meio do PIB, que é a


soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período.
É importante ressaltar que entra na conta do PIB os bens e serviços finais, desta
forma, a matéria-prima utilizada na fabricação não entra no cálculo. Para deixar
mais claro, o pão que se come diariamente entra na conta, mas a farinha de trigo
utilizada para fazer o pão, não.

Diversos factores influenciam directamente a variação do PIB. Os principais são:

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


50
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Consumo da população: quanto mais as pessoas gastam, maior será o


crescimento da economia e mais o PIB cresce. Por outro lado, quanto menor for
o consumo, mais o índice do PIB vai reduzir.

Investimentos das empresas: esse é outro factor fundamental para o


crescimento económico. Quanto mais as empresas crescem, ou seja, gastam
com máquinas, expandem suas actividades ou contratam novos trabalhadores,
mais elas ajudam a movimentar a economia e o PIB.

Gastos do governo: as movimentações do governo também influenciam


directamente no crescimento económico. Neste caso, quando o estado realiza
novas obras, contrata novos funcionários e gasta com produtos.

Exportações: quanto mais dinheiro entra no país e é utilizado para gastar em


investimentos e consumo, mais o PIB cresce.

Existe uma fórmula de cálculo do PIB para chegar a um número exacto:

PIB= C+I+G+(X-M)

Sendo que:

C: consumo privado

I: total de investimentos realizados no período

G: gastos do governo

X: volume de exportações - M: volume de importações (balança comercial)

12.5 Renda Per Capita

Renda per capita é o nome de um indicador que auxilia o conhecimento sobre


o grau de desenvolvimento de um país e consiste na divisão da renda nacional
(produto nacional bruto) pela sua população.

No original em latim, a expressão "per capita" significa "por cabeça", portanto


trata-se de uma renda por cabeça, ou seja, considerando-se membros da
população em particular e sua participação na renda total do país.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


51
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

12.5.1 Cálculo da Renda Per Capita

A renda per capita é calculada pela divisão do valor do produto nacional bruto
(PNB) pela população. O PNB é a soma do valor total de tudo que foi produzido
no país por durante um ano. Ou seja, a renda per capita ou renda média para
cada habitante de um país, estado ou região, calcula-se dividindo a Renda total
acumulado pelo número de habitantes do país.

Embora seja um índice muito útil, por se tratar de uma média amplamente
utilizada na literatura económica em geral, tal coeficiente esconde várias
disparidades na distribuição de renda. Um país, por exemplo, pode ter uma boa
renda per capita, mas um alto índice de concentração de renda e
grande desigualdade social. Também é possível que um país tenha uma baixa
renda per capita, mas não haja muita concentração de renda, não existindo
assim grande desigualdade entre ricos e pobres. Actualmente, os países com a
mais alta renda per capita são, em primeiro lugar Luxemburgo, segundo
Noruega, e em terceiro os Estados Unidos.

A quantidade total de bens e serviços produzidos num país durante um ano


constitui o Produto Interno Bruto (PIB). O PIB refere-se apenas à produção
interna, isto é, realizada dentro do país.

Levando em consideração os bens e serviços produzidos no país, os recursos


que entram e que saem, temos o Produto Nacional Bruto (PNB) medido por ano
em cada país.

Portanto, o PNB é igual à produção interna mais os recursos vindos do exterior


menos os que saem do país. Na prática, contudo, salvo raríssimas excepções,
a diferença em valor entre o PIB e o PNB de um país é pequena.

PIB = toda a produção anual de bens e serviços ocorrida dentro do território do


país.

PNB = PIB + renda (dinheiro) vinda do exterior - renda (dinheiro) que saiu para
o exterior.

Tanto o PIB quanto o PNB são índices bastante utilizados para medir o grau de
riqueza de um país. Normalmente, os países ricos têm PIB e PNB altos, e os
pobres têm PIB e PNB baixos.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


52
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

A renda per capita mostra a renda média da população. Normalmente os países


desenvolvidos têm PIB e renda per capita maiores que os dos países
subdesenvolvidos.

12.5.2 Renda per Capita Familiar

A renda per capita familiar é a renda per capita que considera todas as pessoas
que vivem em uma mesma casa. Para fazer o cálculo basta dividir o valor da
renda total da família pelo número de pessoas que moram na casa.

12.5.3 Para que serve a renda per capita familiar?

O valor da renda per capita familiar é um indicador da condição financeira de


uma família. Esse indicador é usado como medida para a concessão de alguns
benefícios ou programas sociais do governo.

12.5.4 Desvantagens do cálculo da renda per capita

O maior problema apontado no cálculo do valor da renda per capita é o fato de


que ela pode não reflectir a realidade social de um país.

Isso acontece porque o cálculo é feito apenas através da divisão do valor do PNB
pelo número de habitantes do lugar, sem levar em consideração outras questões
como a distribuição de renda em um determinado lugar ou em uma camada
social.

O cálculo da renda per capita não considera a forma como é feita a distribuição
de renda no país e também não considera as desigualdades sociais de um lugar.

Por isso, ainda que seja um dado muito usado para avaliação de
desenvolvimento económico, nem sempre revela a realidade da distribuição de
renda do país.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


53
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

13. Principais Problemas Económicos


O maior problema a ser resolvido, na área económica, envolve duas questões
principais:

• Necessidades humanas ilimitadas;

• Recursos produtivos necessários para a produção de bens e serviços


escassos.

Sabe-se que nem todo mundo conseguirá satisfazer plenamente suas


necessidades, isso porque tendo em vista a escassez dos recursos, faz-se
necessário que cada sociedade determine quais serão suas prioridades, para
depois ter condições de escolher quais serão as necessidades primeiramente
satisfeitas.

Esse conjunto de questões, em economia, é denominado “Problemas


Económicos Fundamentais” e está compreendido em três diferentes aspectos:

1- O que e quanto produzir: Quais os tipos de mercadorias, bens e serviços que


terão de ser produzidos. Qual será a preferência: artigos de luxo ou artigos de
primeira necessidade?

2- Como produzir: Corresponde à escolha das tecnologias e técnicas que serão


utilizadas na produção. Quais insumos poderão ser utilizados? As técnicas
produtivas serão intensivas em relação à mão de obra ou ao uso de capital?

3- Para quem produzir: As mercadorias são destinadas a qual público? As


classes sociais mais ricas ou as mais carentes? Ressalta-se que, em regra, os
produtos e serviços são produzidos para quem tem verba suficiente para realizar
o pagamento referente a cada um deles.

Portanto, O problema económico é explicado pela pergunta “como é que vamos


satisfazer desejos ilimitados com recursos finitos?”

13.1 Principais Problemas Económicos Mundiais

Existem diversas ferramentas inventadas por economistas que geraram inclusive


prémios Nobel. Cálculos, fórmulas e teorias que tentam definir como funciona a

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


54
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

economia mundial para fazer previsões, sair de crises, antecipar os problemas e


aumentar o lucro não apenas das empresas como também das populações
pobres em termos macro e microeconómicos.

A: Distribuição da Riqueza Mundial

Estatísticas apontam que as riquezas do mundo estão nas mãos de no máximo


dois por cento da população. Países como o Paraguai possui oitenta por cento
das propriedades privadas restritas na mão de seis por cento da população.
Brasil está entre as grandes potências mundiais e ao mesmo tempo também está
entre os líderes na baixa distribuição de renda per capita.

Se a riqueza dos milionários fosse diminuída em quinze por cento, este facto
tornaria o mundo mais igual? Ou existem outros problemas dentro do ciclo
económico que não pode trazer a certeza de igualdade?

B: Câmbio Negro

O câmbio negro é considerado como sector económico com maior fluxo de


dinheiro. Dentro do ciclo são contabilizados o dinheiro de actos ilegais e
dinheiros não declarados de forma correcta, aproximadamente. As duas grandes
fontes de renda da área, tráfico de drogas e de armas, movimentam trilhões ao
longo do mundo.

Milhares de famílias são dependentes da renda gerada no mundo ilegal. Os


grandes traficantes possuem influência política e controlam corporações de
grande porte que de certa maneira sustenta o sistema financeiro.

C: Corrupção

Corrupção pode incluir diversas actividades, incluindo suborno e peculato.


Ocorre quando um titular de cargo ou governamental actua em capacidade oficial
para o próprio ganho pessoal. Também acontece nas grandes corporações,
quando directores corrompem gerentes de confiança para roupar ou aplicar
golpes.

Corrupção sistêmica acontece por causa das fraquezas de organizações ou do


processo. Contrastada com agentes individuais que actuam dentro do sistema.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


55
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

Factores que incentivam a prática e atrasam o ciclo económico para a


colectividade incluem:

Incentivos conflitantes, poderes discricionários, poderes monopolistas, falta de


transparência, baixos salários e cultura de impunidade. Pode ser centralizada e
descentralizada, dependendo do nível.

A corrupção pode ocorrer em diversos sectores da economia, seja público,


privado, indústria ou ONGs. No sector público é uma das formas mais perigosas
por causa dos efeitos generalizados.

Corrupção judicial refere-se à má conduta relacionada com o comportamento


dos juízes através de receber ou dar propinas, sentença indevida aos criminosos
condenados, parcialidade em audiência, julgamento de argumentos, má
conduta, entre outros.

Quando as empresas e entidades empresariais crescem às vezes o volume de


negócios monetários segue para pequenos países, onde existe maior a ameaça
de corrupção nos negócios, na organização, relações com outras organizações
e com o governo.

Os sindicatos foram formados para proteger e promover os direitos dos


trabalhadores por meio de negociação colectiva. No entanto, como com outras
entidades, a corrupção tem sido conhecida a acontecer dentro das organizações.
Além disso, alguns foram infiltrados e associados aos grupos de crime
organizado.

D: Oferta e Demanda

O problema económico, chamado às vezes de problemática básica, central ou


económico fundamental, representa ponto fundamental das teorias económicas
no funcionamento de qualquer economia.

Os recursos finitos disponíveis são insuficientes para satisfazer as necessidades


humanas. O problema está em determinar o que deve ser produzido e como os
factores de produção (como o capital e trabalho) precisam ser alocados.
Economia gira em torno de métodos e possibilidades a resolver problemáticas.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


56
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

F: Sistema Económico

O problema económico fundamental gira em torno da ideia de escolha, o que em


última análise deve responder o problema. Devido aos limitados recursos
disponíveis, os produtores devem determinar o que produzir primeiro para
satisfazer a demanda. Os consumidores são considerados os maiores influentes
desta escolha e os bens que eles querem também devem caber dentro dos
orçamentos e de paridade de poder de compra. Diferentes modelos colocam
escolha em mãos diferentes.

O Socialismo afirma que os produtores (trabalhadores) devem ter controle sobre


as decisões que afectam o bem-estar no local de trabalho e nível governamental
que formula planos económicos para as decisões económicas sobre a atribuição
e utilização de bens de capital.

O Comunismo se refere ao estágio de desenvolvimento em que as forças


produtivas são avançadas a tal ponto resolve o problema económico, na medida
em que as necessidades estão em causa. Sistema comunista é desenvolvimento
máximo do socialismo e não anarquismo, como certos pensadores expõe nos
pensamentos. Propriedade produtiva em autonomia comum e fim do Estado e
dos custos gerados pela máquina pública.

O capitalismo defende sistema em que as empresas privadas tomam decisões


económicas sobre investimento, níveis de produção e distribuição produtiva,
onde, o papel do governo é proteger os direitos de propriedade, fornecer o
quadro institucional e de infraestrutura para o desenvolvimento de economia de
mercado e prestação de programas sociais do governo.

Mercado livre na economia sem excesso de restrições do governo no campo


salarial e controles de preços. Defensores do capitalismo de mercado
argumentam que os recursos são alocados do modo automático para que a
sociedade se valorize.

Se um bem ou serviço é supervalorizado o excedente vai obrigar os provedores


do bem ou serviço a reduzirem os preços ou a realocar a capacidade de produzir
menos ou mais.

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022


57
Economia Política Para estudantes dos Cursos de História e de Direito

13.BIBLIOGRAFIA
AMARAL, João Ferreira do et al (2007). Introdução à Macroeconomia, 2ª Edição,
Escolar Editora.

BRAVO, Orlando (1987). Economia 10º Ano de Escolaridade, 1ª Edição, Porto,


Porto Editora.

LANGE, Oskar (1991). Economia Política. In: Economia. (Org. Lenina Pomeranz,
Coleçao Grandes Ciências), São Paulo.

Manual de Economia Política. Academia de Ciencias da URSS. IN:


https://www.marxist.org/portugues/tematica/livros/manual/01.htm. Acessado no
dia 28 de Dezembro de 2016, pelas 10:23 minutos

MARTINEZ, Soares (2005). Economia Política, 10ª Edição, Coimbra, Livraria


Alemedina.

http://www.ipea.gov.br/pub/td/1998/td_0609.pdf - Página do IPEA - Renda e


pobreza - Medidas per capita versus adultopequivalente
http://brasiliavirtual.info/tudo-sobre/renda-per-capita/ - Página Brasil Virtual -
Tudo sobre renda per capita.

https://www.significados.com.br/renda-per-capita/

https://www.capitalresearch.com.br/blog/investimentos/crescimento-e-
desenvolvimento-economico/

https://www.portaleducacao.com.br/...problemas-economicos/29776

http://economia.culturamix.com/mercado/principais-problemas-economicos-
mundiais

Elaborado por: Dr. Janotas Nativo UniLicungo 2022

Você também pode gostar