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Princípios básicos de toxicologia

Toxicologia

É a ciência que tem como objecto de estudo o efeito adverso de substâncias químicas sobre os
organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja,
estabelecer o uso seguro destas substâncias químicas.

A toxicologia se apoia, então, em 3 elementos básicos:

 O agente químico (AQ) capaz de produzir um efeito;


 O sistema biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para produzir o efeito;
 O efeito resultante que deverá ser adverso para o SB.
 Agente Tóxico (AT), Xenobiótico, Toxicante
 Qualquer substância química (ou agente físico, para alguns cientistas) que, interagindo
com um organismo vivo, é capaz de produzir um efeito tóxico seja este uma alteração
funcional ou a morte.
 No entanto, desde a idade média, já se sabe que :Todas as substâncias são venenos, não
há uma que não seja. A dose correta é que diferencia um veneno de um remédio
( PARACELSUS-1493-1541).

Assim, intimamente relacionado com o conceito de agente tóxico, existem dois outros conceitos
de extrema importância: o de Toxicidade e o de Risco.

Toxicidade

É a capacidade inerente a um agente químico, de produzir maior ou menor efeito nocivo sobre os
organismos vivos, em condições padronizadas de uso. Uma substância muito tóxica causará dano
a um organismo se for administrada em quantidades muito pequenas, enquanto uma substância
de baixa toxicidade somente produzirá efeito quando a quantidade administrada for muito
grande.

Intoxicação
É um conjunto de efeitos adversos produzidos por um agente químico (ou físico), em decorrência
de sua interacção com o sistema biológico. É, em outras palavras, o desequilíbrio orgânico ou o
estado patológico provocado pela interacção entre o agente químico e o organismo, sendo, via de
regra, revelados clinicamente por um conjunto de sinais e sintomas tóxicos.

Os tóxicos podem entrar no organismo por diferentes vias, sendo as mencionadas a seguir as
mais importantes:
 Ingestão, como nas intoxicações alimentares;

 Inalação, sobre tudo nas intoxicações por gás;

 Via tópica, por absorção do tóxico através da pele;

 Via parenteral, como nas picaduras de insectos.


Dependência e tolerância

E a necessidade psicológica ou física de continuar consumindo a substancia, a dependênciafísica


e caracterizada pela síndrome de abstinência e pela tolerância: ou seja, a necessidade de
consumir a substancia para evitar a síndrome de abstinência.

A administraçãorepetida ou pronlogada de alguns medicamentos resulta em tolerânciauma


resposta farmacológica diminuída. Tolerância ocorre quando o corpo adapta-se a contínua
presença da droga.

PICADAS E MORDEDURAS DE ANIMAIS: CLASSIFICAÇÃO E MANEJO

Tanto insectos como muitos animais vertebrados podem atacar e picar ou morder os seres
humanos. Picadas e mordeduras podem-se classificar segundo o tipo de animal que faz o ataque
em:
 Artrópodos, como pulgas, mosquitos, aranhas ou escorpiões;

 Répteis, como cobras, ou mambas;

 Outros vertebrados, como cães, gatos, ratos, macacos, e alguns pássaros como o
papagaio;
 Seres humanos.
Mordeduras e picadas provocam uma série de problemas que precisam de cuidados clínicos,
como:
 Lesão dos tecidos a causa dos destroços produzidos pela mordedura.

 Hemorragias que podem ser graves, dependendo dos vasos sanguíneos afectados.

 Infecção por bactérias ou outros patógenos, como o vírus da raiva.

 Introdução de veneno no caso de mordeduras por determinados animais, como cobras,


escorpiões ou aranhas.
 Introdução de outras substâncias irritantes, que produzem inflamação e prurido.
A conduta a seguir perante uma mordedura deve ser:
 Lavar e limpar a ferida, se possível utilizando iodo povidona;

 Não suturar a ferida, pois a sutura pode aumentar as possibilidades duma infecção pós-
mordedura.

 Verificar se possível o estado de vacinação anti-tetánica do paciente, e no caso de


dúvidas administrar imunoglobulina anti-tetánica.

 Começar profilaxia empírica com antibióticos, geralmente com amoxicilina, doxiciclina


ou metronidazol.

As mordeduras por mamíferos podem transmitir o vírus da raiva. Neste caso, é recomendado
verificar o estado de vacinação do animal, se possível. Caso contrário, deve-se prender o animal
e mantê-lo em observação durante 10 dias para verificar se ele desenvolve sintomas e sinais de
raiva (espuma na boca, espasmos, conduta agressiva, auto-mutilação). Se o animal consegue
fugir, é recomendável realizar profilaxia contra a raiva.
Em caso de mordedura de répteis venenosos, referir imediatamente o paciente para tratamento
num hospital, onde pode estar disponível o antídoto contra o veneno. Para realizar a referência,
deve-se ter em conta o seguinte:
 Manter o paciente em repouso, evitando que se agite.
 Não administrar analgésicos. Aplicar compressão ligeira 2-3 cm por cima da mordedura,
para diminuir a circulação sanguínea sem interrompe-la por completo.

As picadas de insectos não costumam ser perigosas para a vida, salvo em caso de reacções
alérgicas graves. Não é preciso tratamento, apenas administrar anti-histamínicos como
clorfeniraminaou difenidramina se ocorrer uma reacção inflamatória e/ou o prurido muito
intensos.
As mordeduras humanas apresentam o perigo de infecções provocadas pela flora bacteriana oral,
e também de transmissão de doenças como HIV ou hepatite.
ANTÍDOTOS
Um antídoto é uma substância que tem a capacidade de impedir os efeitos nocivos de venenos,
tóxicos e outros compostos químicos prejudiciais para o organismo.
Os antídotos têm um papel muito importante no tratamento das intoxicações, já que o seu uso
apropriado permite diminuir de maneira considerável os efeitos nocivos dos tóxicos sobre o
organismo e em muitos casos acelerar a eliminação dos tóxicos.

Considerando o seu mecanismo de acção, existem cinco tipos diferentes de antídotos:

 Substâncias que impedem ou diminuem a formação de produtos metabólicos tóxicos. Por


exemplo, o etanol diminui o efeito tóxico de outros álcoois, como o metanol.

 Substâncias que impedem a acção do tóxico por concorrência com um receptor


específico. Por exemplo, a atropina bloqueia o efeito de alguns insecticidas
(organofosforados) e gases tóxicos.

 Substâncias que actuam corrigindo o efeito prejudicial do tóxico. Por exemplo, o ácido
folínico diminui o efeito tóxico de antibióticos que inibem a síntese de ácidos nucleicos
como trimetoprim e pirimetamina.

 Substâncias que formam complexos químicos com o tóxico e facilitam a sua eliminação.
Por exemplo, o EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) cálcico liga-se a metais como
ferro e mercúrio, formando compostos que são eliminados do organismo sem provocar
toxicidade.
 Substâncias que actuam por mecanismos imunológicos. Por exemplo, os antídotos contra
o veneno de répteis.
O uso dos antídotos deve ser feito em simultâneo com as medidas de suporte vital e tratamento
de sinais e sintomas que são indicados para os casos de intoxicação.

Elaborado por:
dr. Nagi Barbosa

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