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Entende-se como adolescência a fase compreendida entre a infância e a idade adulta, durante a qual
se definem os caracteres sexuais secundários e se evidenciam as qualidades específicas do
indivíduo. Nas sociedades simples e homogêneas, como as comunidades rurais, o período de
preparação do adolescente para a vida adulta é mais curto e menos conflitivo do que nas sociedades
complexas. A longa fase de dependência, que na civilização contemporânea se estende por
aproximadamente dez anos, entra em choque com o desenvolvimento parcial alcançado pelo
adolescente e determina uma etapa crítica e repleta de contradições.
Todas essas novidades relativas ao corpo são perturbadoras para o adolescente, sobretudo porque
não ocorrem sempre da mesma maneira, ou na mesma idade. É mais comum, por exemplo, que a
menina apresente a menarca (primeira menstruação) entre os dez e os 14 anos, mas o fenômeno é
muito variável em função de determinações genéticas, socioeconômicas ou emocionais.
Características psicossociais. As transformações físicas por que passa o adolescente têm forte
repercussão psíquica, que se revela em comportamentos típicos e transitórios. A consciência recém-
adquirida da masculinidade ou feminilidade desperta a necessidade de auto-afirmação, que se
manifesta em primeiro lugar como um anseio de liberdade em relação à família. O núcleo familiar,
que durante a infância funcionou como fonte de proteção e segurança, na adolescência se torna
opressivo. O ambiente doméstico se transforma em palco de conflitos que podem dar margem a
graves sentimentos de rejeição.
A aprendizagem formal pode ser prejudicada pelo fato do indivíduo estar especialmente voltado
para si mesmo e para o objeto de seu desejo sexual. Nessa etapa, em que as emoções impedem um
exercício intelectual disciplinado, pode ocorrer pela primeira vez o fracasso escolar, agravado pela
atitude desafiadora e crítica que o adolescente costuma manter para com os educadores e qualquer
adulto investido de alguma autoridade.
A percepção do desejo sexual e os comportamentos agressivos são responsáveis pelo surgimento do
sentimento de culpa, que se atenua quando o adolescente descobre um objeto amoroso. Os
romances na adolescência, no entanto, podem conduzir a grandes frustrações, para as quais o
indivíduo não se encontra ainda preparado. Nesse caso, estará sujeito a estados alternados de
depressão e euforia. A integração a um grupo de jovens que compartilhem os mesmos interesses
pode ser uma boa alternativa para contrapor as frustrações e substituir, em alguns aspectos, a
família, em cujo seio o adolescente já não se sente à vontade.
Teorias sobre a adolescência. Os especialistas têm estudado o comportamento dos adolescentes sob
diversos enfoques. De modo geral, a psicologia moderna reserva ao adolescente um espaço próprio,
do qual estão afastadas as atitudes autoritárias e repressivas.
Teoria de Spranger. A teoria de Eduard Spranger fundamenta-se na filosofia da cultura, para a qual
as leis que regem a natureza não são aplicáveis às ciências humanas. Assim, o crescimento físico e
as transformações sexuais sofridas pelo adolescente não constituem o essencial de seu estado. A
consciência da sexualidade é o que importa, não o fenômeno fisiológico que ocorre
independentemente da consciência. Spranger distingue erotismo de sexualidade. O erotismo não é
uma função da sexualidade, mas esta é decorrente do erotismo. Ambos constituem uma totalidade
de vivências. O desenvolvimento da personalidade na adolescência depende de uma estruturação
psíquica que se dá principalmente pela aquisição da consciência de si mesmo. Os conflitos são
produto do choque de valores sociais, éticos e religiosos. O sistema de valores depende do meio em
que o adolescente vive e se integra.
Teoria de campo. Para Kurt Lewin a adolescência é uma fase marginal, que não se situa no campo
definido do adulto nem da criança. O aumento da perspectiva temporal é intenso na adolescência: o
adolescente integra o passado e vive em função dos objetivos situados no futuro. Tal como acontece
com os que pertencem às minorias, o adolescente procura apoio em seu próprio grupo e se revolta
contra os outros. As diferenciações somáticas são relevantes na adolescência e produzem efeitos na
auto-imagem, um de seus valores predominantes, assim como o modo como é visto pelo grupo. A
teoria de campo mostra que a adolescência é um período transitório, de aspecto altamente dinâmico,
entre o espaço de vida da criança e o da maturidade.