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Conjuntos finitos e Princı́pio da Adição

Exercı́cios - Professor Paulo Maia


15 de maio de 2022

1 Teoria: Conjuntos finitos e Princı́pio da Adição


Exercı́cio 1.0.1 Para cada conjunto A definimos um novo conjunto A+ , cha-
mado de sucessor de A, da seguinte maneira A+ = A ∪ {A}.
Sabendo que para todo conjunto A temos que A ∈/ A. Mostre que #(A+ ) =
#A + 1. Isto é, a quantidade de elementos do sucessor de A é justamente o
sucessor da quantidade de elementos de A.

Exercı́cio 1.0.2 Sejam A e B conjuntos com B ⊂ A. Demonstre as seguintes


afirmações:
1. Se A é finito, então B é finito.

2. Se B é finito, não necessariamente A é finito.


3. Se A é finito e A 6= B, então #B < #A.

Exercı́cio 1.0.3 No exercı́cio anterior você demonstrou que se A é um conjunto


finito e B está contido propriamente em A, então #B < #A.

Mostre que se A não for finito, isso não é verdade.

Dica. Mostre conjuntos A e B tal que B está contido propriamente em A,


porém #B = #A.

Considere A = N∗ e B = A − {1}. Tem-se que #A = #B, basta verificar


que a função f : A → B definida por f (n) = n + 1 é uma bijeção.
Exercı́cio 1.0.4 Sejam A e B conjuntos com #A = p e #B = q. Mostre que
#(A ∪ B) ≤ p + q.

Exercı́cio 1.0.5 Generalize o exercı́cio anterior:


Sejam 3 , · · · , An conjuntos com #Ai = mi para todo i ∈ In . Mostre
Sn A1 , A2 , AP n
que #( i=1 Ai ) ≤ i=1 mi .

1
 i ∈ In , os seguintes conjuntos:B1 = A1 , e se i > 1:
Defina, para cada
Bi = Ai − ∪i−1 A
k=1 k .
Perceba que para cada i ∈ In tem-se que Bi ⊂ Ai . E que Bi ∩ Bj = ∅ para
todo i 6= j. S  S 
S20 S20 20 20
Além disso, k=1 Ak = k=1 Bk .Donde, # k=1 A k = # k=1 B k .
Como Bi ⊂ Ai , temos que #Bi ≤ #Ai . Como Bi ∩ Bj = ∅ para todo i 6= j,
pelo princı́pio da adição:
n
! n
[ X
# Bi = #Bi
k=1 k=1
S 
20 Sn Pn Pn
Logo, # k=1 Ak = # ( k=1 Bi ) = k=1 #Bi ≤ k=1 #Ak .

Exercı́cio 1.0.6 Sejam A1 , A2 , . . . , An conjuntos finitos. Denotamos por


#(Ai ) a cardinalidade do conjunto Ai , isto é, a quantidade de elementos de Ai ,
no caso de Ai ser finito.
Desta maneira, assinale Verdadeiro, se a afirmação for verdadeira para
quaisquer conjuntos finitos A1 , A2 , . . . , An ou Falso, caso exista algum con-
junto finito A1 , A2 , . . . , An que não a satisfaça.
1. #(A1 ∪ A2 ) = #A1 + #A2 . Falso.
2. #(A1 − A2 ) = #(A1 ) − #(A2 ).Falso.
3. Se (A1 ∩ A2 ) ∩ A3 = ∅, então #(A1 ∪ A2 ∪ A3 ) = #(A1 ) + #(A2 ) + #(A3 ).
Falso.
4. Se A1 ⊂ A2 , então #(A2 − A1 ) + #(A1 ) = #(A2 )Verdadeiro.
5. Se A1 ⊂ A4 , A2 ⊂ A4 e A3 ⊂ A4 , então #(A1 ∪A2 ∪A3 ) ≤ #A4 .Verdadeiro.
Sn
6. Se B é um conjunto finito tal que i=1 Ai ⊂ B, então
n
X n
\
#(B) ≤ #(B − Ai ) + #( Ai ).
i=1 i=1

Verdadeiro.
7. Se A1 − A2 = A2 − A3 = ∅, então #(A3 ) = #(A1 ∪ A2 ∪ A3 ).Verdadeiro.
Para as questões a seguir admita o seguinte fato: Se A é um con-
junto com #A = n, então #P(A) = 2n .

Exercı́cio* 1.0.7 Seja um conjunto S tal que #S = n. Prove que:


Se A é uma coleção de subconjuntos de S tal que para todos i, j tem-se
Ai ∩ Aj 6= ∅, então #A ≤ 2n−1 .

2
Dica: Use o fato que se A está na coleção, então S − A não está.
Seja S um conjunto com n elementos e A uma coleção de subconjuntos de
S satisfazendo tal propriedade.
Assim, A ⊂ P(S).
Defina uma nova coleção de conjuntos B da seguinte maneira:

B = {S − X ∈ P(S) : X ∈ A}.

Note que se algum X ∈ A, então S − X ∈ / A. E se algum X ∈ B, então


S − X ∈ A.
Isto é, A ∩ B = ∅ e a função f, de A em B, definida por f(X) = S − X é uma
bijeção.
Desta maneira: A ∪ B ⊂ P(S) e A ∩ B = ∅, logo,

#A + #B = #A ∪ B ≤ #P(S) = 2n

Assim, utilizando que #A = #B tem-se que 2 · #A ≤ 2n ⇒ #A ≤ 2n−1 .


Exercı́cio* 1.0.8 Seja um conjunto S tal que #S = n. Prove que:
Se A1 , A2 , · · · , Am são subconjuntos distintos de S tal que para todos i, j
tem-se Ai ∪ Aj 6= S, então m ≤ 2n−1 .
Dica. Utilize que (X ∪ Y )C = X C ∩ Y C .
Dica :Se Ai ∪ Aj 6= S, então S − (Ai ∪ Aj ) 6= ∅, logo, (S − Ai ) ∩ (S − Aj ) 6= ∅
e utilize o exercı́cio anterior.
Exercı́cio* 1.0.9 Foi mostrado em um dos exercı́cios passados que para um
conjunto S com #S = n, qualquer coleção A de subconjuntos de S tal que para
todos i, j tem-se Ai ∩ Aj 6= ∅, segue que #A ≤ 2n−1 .
Desta maneira, se S = {1, 2, 3, 4, 5} qualquer coleção A satisfazendo a pro-
priedade mencionada anteriormente teria uma quantidade de elementos menor
ou igual a 16.
Construa para o caso do S = {1, 2, 3, 4, 5} umaTcoleção A de subconjuntos
de S tal que para todos i, j tem-se Ai ∩ Aj 6= ∅, # ( A) = 1 e #A = 16. Basta
pegar a coleção formada por todos os subconjuntos de S tal que 1 está nele.
Construa para o caso do S = {1, 2, 3, 4, 5} uma coleção
T A de subconjuntos
de S tal que para todos i, j tem-se Ai ∩ Aj 6= ∅, # ( A) 6= 1 e #A = 16.
Basta pegar a coleção formada por todos os subconjuntos de S com mais de 2
elementos.

2 Prática: Princı́pio da Adição e Princı́pio da


Inclusão e Exclusão
Exercı́cio 2.0.1 Quantos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 são divisı́veis por 7?

Resposta: Como 1000 = 7 · 142 + 6, os multiplos de 7 entre 1 e 1000 serão


{7 · 1, 7 · 2, 7 · 3, · · · , 7 · 142}.
Portanto, 142 inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 são divisı́veis por 7.

3
Exercı́cio 2.0.2 Quantos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 são divisı́veis por 5 e
7?
Dica. Os inteiros que são divisı́veis por 5 e 7 são os inteiros que são di-
visı́veis por 35. Na verdade, os inteiros que são divisı́veis por p e q são os que
p·q
são divisı́veis por .
mdc(p, q)
Resposta: Sejam
D5 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 5;
D7 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 7;
D35 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 35.
Pela dica, D5 ∩ D7 = D35 , logo, #(D5 ∩ D7 ) = #(D35 ) = 28.
Exercı́cio 2.0.3 Quantos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 são divisı́veis por 5 ou
7?
Resposta: Sejam
D5 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 5;
D7 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 7.
Pelo princı́pio da Inclusão e Exclusão:
#(D5 ∪ D7 ) = #D5 + #D7 − #(D5 ∩ D7 ) = 200 + 142 − 28 = 314.
Exercı́cio 2.0.4 Quantos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 são divisı́veis por 3, 5
ou 7?
Resposta: Sejam D3 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são
divisı́veis por 3;
D5 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 5;
D7 o conjunto dos inteiros k com 1 ≤ k ≤ 1000 que são divisı́veis por 7.
Pelo princı́pio da Inclusão e Exclusão:
#(D3 ∪ D5 ∪ D7 ) = #D3 + #D5 + #D7 − #(D3 ∩ D5 ) − #(D3 ∩ D7 ) − #(D5 ∩ D7 ) + #(D3 ∩ D5 ∩ D7 )
= #D3 + #D5 + #D7 − #(D15 ) − #(D21 ) − #(D35 ) + #(D105 )
= 333 + 200 + 142 − 66 − 47 − 28 + 9 = 543.

Exercı́cio 2.0.5 Em uma cooperativa de agricultores no interior do estado,


todos cooperativados produzem feijão ou arroz.
Sabe-se que 21 dos cooperativados produzem feijão e 15 produzem arroz. Se
10 cooperativados produzem tanto feijão quanto arroz, quantos cooperativados
existem nesta cooperativa?
Resposta: Sejam
F o conjunto dos agricultores que produzem feijão;
A o conjunto dos agricultores que produzem arroz.
Pelo princı́pio da Inclusão e Exclusão:
#(F ∪ A) = #F + #A − #(F ∩ A)
= 21 + 15 − 10 = 26.
Como todos cooperativados produzem feijão ou arroz, a quantidade de coope-
rativados será #(F ∪ A) = 26.

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Exercı́cio 2.0.6 Em uma escola de idiomas são oferecidos 3 tipos de cursos:
Inglês, Frances e Espanhol.
30 alunos cursam Inglês ou Espanhol e 10 alunos cursam tanto Inglês quanto
Espanhol.
4 alunos cursam apenas Frances e 19 alunos cursam apenas 1 idioma.

ˆ Quantos alunos cursam Inglês ou Espanhol mas não os dois?


Sejam
I o conjunto dos alunos que cursam Inglês;
E o conjunto dos alunos que cursam Espanhol;
F o conjunto dos alunos que cursam Francês.
Alunos cursam Inglês ou Espanhol mas não os dois:

I4E = (I ∪ E) − (I ∩ E).

Logo, #(I4E) = 30 − 10 = 20.


ˆ Quantos alunos tem nessa escola?
#(I ∪ E ∪ F ) = #(I ∪ E) + #(F − (I ∪ E)) = 30 + 4 = 34.
ˆ Quantos alunos cursam pelo menos 2 idiomas? 19.

Exercı́cio 2.0.7 Cada passagem entre as Cidades representadas na figura abaixo


custa 1 ponto. Por exemplo, para ir da cidade A para F gasto 1 ponto e assim
por diante.
De quantas maneiras eu posso sair da cidade A para a cidade B gastando
no máximo 3 pontos?

Maneiras começando por F : 2.


Maneiras começando por H: 2.
Maneiras começando por D: 2.
Pelo Princı́pio da Adição: 6 maneiras.

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Exercı́cio* 2.0.8 Estou diante de uma escada e a cada passo só posso subir
ou 1 ou 2 degraus por vez. De quantas maneiras posso subir uma escada com 9
degraus?

Exemplo com 3 degraus:


Se a escada tem 3 degraus posso subir das seguintes formas:
1 degrau, 1 degrau, 1 degrau.
1 degrau, 2 degraus.
2 degraus, 1 degrau.
Portanto, existem 3 maneiras de subir uma escada com 3 degraus subindo 1 ou
2 degraus por vez.

Dica. Modele o problema formando conjuntos disjuntos que unidos dão todas
as maneiras possı́veis. Utilize o Princı́pio da Adição várias vezes.
55 maneiras.

Exercı́cio* 2.0.9 Determine o número de quadrados com todos os vértices per-


tencendo ao tabuleiro 10 × 10 de pontos definidos como na figura abaixo. (Os
pontos estão igualmente espaçados)

825 maneiras.

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