Você está na página 1de 265

Viajando pela história de Jericó

CLAUDIZON DE SOUSA GALVÃO

VIAJANDO
PELA HISTÓRIA
DE JERICÓ

2006

1
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
VIAJANDO PELA HISTÓRIA
DE JERICÓ

- 2006 -
CLAUDIZON DE SOUSA GALVÃO

REVISÃO:
Professora Eunice Hercília de Sousa

FOTOS:
Francisco Almeida dos Santos (Galego de Santina)
e
Arquivo pessoal do autor

DESENHOS:
Claudizon de Sousa Galvão
e
Belmonte

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:
Gráfica e Editora Real
Rua Benedito Gomes de Sousa, 49 – Centro
Fone: (83) 3531-3290 / 93153290 – Cajazeiras - PB

2
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
AGRADECIMENTOS
A minha esposa e aos meus filhos que estiveram
comigo em cada instante, contribuindo a cada quadro, para a
concretização deste trabalho.
Ao Tabelião e Oficial do Registro de Imóveis da
Comarca de Pombal (Primeiro Cartório), Francisco Nóbrega
Queiroga, que nos permitiu acessar aos velhos arquivos
escriturários daquela repartição, que se constitui no maior acervo
conservado da história destes sertões. Bem como ao escrevente
Elias Nóbrega Queiroga, que debruçado sobre os velhos livros
empoeirados, procurou e extraio, pacientemente, traslados
completos de escrituras, de cartas de alforrias e de sesmaria dos
velhos registros escriturários do termo de Caiporas, manuscritas
em português arcaico, numa tarefa de verdadeiro decifrador.
Ao Prefeito Rinaldo de Oliveira Sousa, que não
mediu esforços, na difícil tarefa de angariar recursos, para tornar
possível esta publicação.
A todos aqueles que, voluntariamente,
contribuíram positivamente fornecendo fotos ou dados
reveladores que muito enriqueceram este trabalho, como: João
Neto de Freitas, Raimundo Mesquita, Sesefredo Lopes (in
memoriam), Sílvio Pereira (in memoriam), Sidrônio Galvão (in
memoriam), Natália Rosado, Solange Silva, ao servidor da
Câmara Municipal, Jarbas Rosado, as Professoras Aldenira
Ferreira (Babá), Salete Lima Almeida, Francisca Cardins,
Sivanilda Galvão e Eunice Hercília, aos escritores e
pesquisadores pombalenses Jerdivan Nóbrega e José Romero,
bem como aos catoleenses Sergio Lucas de Freitas – Diretor da
Câmara Municipal e a Professora Maria das Graças da Silva.

3
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

4
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Dedicatória

Ao meu pai, Sidrônio de Sousa Galvão, que contribuiu


fundamentalmente, tornando possível este livro, pois foi a minha
principal fonte, minha âncora e meu maior incentivador (in
memoriam).

Sidrônio de Sousa Galvão


* 22-11-1912 † 13-12-2004

5
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

6
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

Palavras do Prefeito
com muita

É
que,
honra
satisfação
como
e

prefeito desta
bela cidade,
apresento a todos
a obra “Viajando
pela história de
Jericó”, do
pesquisador e
historiador
Claudizon de
Sousa Galvão, o
que me é muito
gratificante,
porque faz com
que me sinta
ainda mais filho
desta terra, pois
minhas raízes
brotaram desse
solo e meu
coração é deste povo.
Conhecedor profundo da história de nosso povo, o escritor
Claudizon de Sousa Galvão, que entre a suas varias contribuições
à nossa cidade, valendo-se ressaltar o Hino do nosso município, a
nossa Bandeira e o Brasão Municipal, transcreve em seu livro
Viajando pela história de Jericó, numa linguagem clara e simples,
toda a história vivenciada pela nação jericoense.
Já no prólogo o autor antecipa a grande contribuição histórica
que nos presenteia com o conteúdo de sua obra. Ele exprime por
palavras fortes e carregadas de sentimentalismo sobre a conquista
do oeste da Paraíba, notadamente do primitivo território de Catolé

7
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
do Rocha e principalmente da área que correspondeu ao município
de Jericó, Mato Grosso e Bom Sucesso; o caboclo e seu chão; os
religiosos e suas obras; o primeiro cemitério; a primeira igreja,
além de relembrar o Grupo Escolar Francisco Maia; o Ginásio
Comercial N. S. dos Remédios e a primeira iluminação do
lugarejo.
O livro descreve ainda passagens marcantes da vida do povo de
Jericó, desde os primitivos habitantes do Vale das Caiporas, viaja
pelas tradições folclóricas da região, suas manifestações culturais,
a música e a literatura popular, suas comidas típicas, passando
pela sua Emancipação Política, em 1959, até chegar aos dias
atuais.
A presente obra constitui-se na mais importante fonte de
pesquisa para o nosso professorado e seus alunos que só agora
passam a conhecer a verdadeira e rica história de Jericó.
No capítulo Trajetória Política, Claudizon retrata de forma
fidedigna, numa cronologia administrativa e governamental, toda a
história política da região. Além dos relatos reveladores de nossa
história, o autor faz uma descrição memorável de todos os
governantes do estado e do município, desde os administradores
de Pombal, fazendo com que o leitor possa se situar no tempo,
possibilitando uma relação tempo/fato da nossa história com a do
nosso estado. O livro aborda desde o período colonial, o tempo
dos capitães-mores, do domínio holandês, do regime militar até a
administração de cada prefeito, inclusive ressaltando, embora
ainda apenas no início, o meu trabalho à frente da prefeitura de
Jericó. Notoriamente, uma grande honra para mim, não só como
político, mas como cidadão.

Rinaldo de Oliveira Sousa


Prefeito de Jericó

8
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

APRESENTAÇÃO
Privilégio é o que atribuo a minha pessoa, de ter sido
lembrada, entre tantas, para apresentar o 1º livro do nosso primeiro
e autêntico escritor jericoense, Claudizon de Sousa Galvão.
Este jovem, apaixonado por sua terra, soube projetar-se
através do que ouviu, do que leu, do que catalogou e para zelar
pelos seus princípios de sinceridade, honestidade e precisão em
seus escritos, não dispensou esforços em suas buscas nos cartórios
de Catolé do Rocha e Pombal, bibliotecas, sebos e nos importantes
arquivos do Instituto Histórico da Paraíba, em João Pessoa.
Cuidou com carinho de sua obra, buscando a verdade
histórica e retificando informações surgidas no passado de
maneira vaga e indefinida, pois bem sabemos que os depoimentos
relacionados à história de Jericó sempre foram os mais polêmicos.
De um lado tínhamos as informações que se divulgavam, tidas
como certas, e do outro, as de velhos repositórios das tradições
históricas do lugar, pessoas simples e idôneas como Silvio Pereira,
José Amaro e outras mais, e entre elas o seu próprio genitor,
Sidrônio Galvão que, apesar de não ser letrado, era portador de
uma brilhante memória e gozador de grande credibilidade diante
de suas explicações, relacionadas à história de nossa terra e que se
tornou no seu grande aliado.
Preocupado em esclarecer de vês essas controvérsias, o autor
mergulha numa incansável busca por documentos reveladores que
por fim encontrados, trazem a tona importantes partes da realidade
dos nossos primeiros dias, confirmando-se o que repetidas vezes
se ouviu dos antigos moradores deste chão, que contestavam com
veemência a história ate então contada e tida como oficial.
Estou certa de que não foi tão fácil ao nosso autor compor
todos os quadros de nossa história e por fim esclarecer os seus
mais polêmicos fatos, como por exemplo, a data de fundação e o
nome do verdadeiro fundador de Jericó.
Portanto, de agora em diante, nós educadores jericoenses
temos em mãos a fonte dessa rica publicação que, alem corrigir
distorções e erros históricos cometidos, nos permite mostrar aos
nossos alunos como viveram os nossos antepassados e o quanto
9
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
sofreram, conforme nos revela os números da escravidão em
município, que só agora temos conhecimento do quanto foi intensa
entre os nossos ancestrais, segundo podemos ler nas escrituras de
compra e venda e de alforrias de escravos aqui publicadas.
Muitos assuntos estão contidos nesta obra, que sem dúvida
servirão para o aprofundamento dos conhecimentos: educacional,
cultural, religioso, geográfico, social, político e econômico de
nosso município e por que não dizer, também do nosso estado.
As suas ilustrações, compostas de desenhos do próprio autor e
fotos de pessoas e momentos de nossa história, nos fazem recordar
acontecimentos e personagens que já não fazem parte do nosso
convívio, mas que muito representaram para nosso cenário
histórico.
O autor traça um perfil biográfico de diversas personalidades
conterrâneas com as suas respectivas contribuições para o
progresso de nossa terra.
Por questionar algumas informações já tidas como certas a
respeito de nossa história, o escritor está consciente de que haverá
críticas e polêmicas a respeito destas e embora suas afirmações
sejam baseadas em documentos reais, abre espaço para as
contestações que se possam provar.
Estou convicta de que somente a honestidade e paixão pelo
seu torrão natal fizeram com que o nosso autor se projetasse,
deixando-nos envaidecidos com o lançamento do nosso primeiro e
autêntico escritor.
Resta-nos tão somente agradecermos a este nosso querido
conterrâneo pela sua valiosa e profunda contribuição, a qual irá
proporcionar-nos a oportunidade de melhor conhecermos a nossa
própria história.
Muito obrigado por tão importante obra e ficamos aguardando
a sua próxima, que sem dúvida virá.
Jericó/PB, em 18 de fevereiro de 2006.

Eunice Hercília de Sousa

10
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

C
om este trabalho que é fruto de persistentes e incansáveis
pesquisas, onde busquei por documentos reveladores; por
fatos que nos ajudasse a rememorar um pouco da realidade
dos nossos antepassados; por documentos que resgatassem a
verdadeira história dos primeiros dias de nossa aldeia. Com este
trabalho que escancara de vez a minha teimosia em tentar
remontar, quadro a quadro, um pouco do muito já perdido na
bruma do tempo e do esquecimento; do cenário dos dias de luz e
das noites mais tenebrosas dos nossos ancestrais, é que espero ter
contribuído, embora julgue ser tão pouco, para perpetuação da
memória histórica de nossa terra e de nossa gente.
Perpetuar nossa história e sua cultura, cujo conhecimento
adquirido só viaja no tempo através das suas tradições ou pelos
registros documentais é tarefa do hoje para o enriquecimento de
nossa história futura. E só revirando o muito já esquecido é que
redescobriremos quantos tesouros estão perdidos na poeira de um
passado de riquezas.
Partindo dos relatos de velhos contadores de histórias de
nossa gente. Velhos repositórios de nossa história oral, que já
recontavam o que ouviram dos seus ancestrais é que me destinei a
encontrar documentos que respaldasse, ou suplantasse de uma vez,
os seus relatos sobre a fundação de Jericó.
Tais documentos, por fim encontrados, eclodem dando
completa cobertura a tudo quanto eles nos contavam. O bom êxito
dessa garimpagem do passado foi decisivo para aprimorar nossa
compreensão dos fatos bem como corrigir a forma oficiosa e
fictícia que prevalecia até então. Foi essa garimpagem que me
permitiu reuni alguns retalhos, neste conciso e singular registro, da
história de Jericó.
A fundação de Jericó tem seu marco oficial plantada em data
de 24 de setembro de 1705, data de registro do requerimento das
Sesmarias das Caiporas, muito embora se saiba que esta já vinha
sendo habitada desde a fundação de Pombal (1698), ou pouco
antes disso. Esse requerimento está mais bem descrito no traslado
que faço dos originais, no capítulo “Seguindo os primeiros
passos”, através do qual podemos concluir que o fundador de
11
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Jericó foi o Capitão José Fernandes da Silva, Capitão de cavalos
que foi da companhia de Teodósio de Oliveira Ledo.
Pela falta ou pela dificuldade de localização dos títulos de
concessão de sesmarias, convencionou-se entre os historiadores
que a data de fundação de uma cidade seria a data constante na
escritura de doação das terras para formação do patrimônio do seu
padroeiro. Essas terras eram comumente doadas ao santo protetor
e padroeiro da povoação e onde, em seguida, se erguia uma
capela.
Em minhas persistentes buscas, feitas nos cartórios de Catolé
e Pombal, encontrei escrituras das doações que constituíram os
primeiros patrimônios das matrizes de todas as cidades de nossa
redondeza. Contudo não foi possível localizar a de doação do
termo de Jericó, o que me leva a crer que nunca existiu ou se
existiu não foi registrada em Cartório. Mas a falta desse
documento não deixou a desejar visto que tivemos a grata
satisfação de ter podido encontrar o título de concessão de
sesmaria das datas das Caiporas, documento inequivocamente
bem mais antigo e valioso e que nos trás a real data de fundação
de nossa povoação, ou seja, a data do início de seu povoamento.
Foi, portanto, no entorno da sede da Fazenda das Caiporas de
Cima que surgiu a nossa cidade, que conta hoje com mais de
trezentos anos de fundação.
Espero que as falhas que aqui se notarem sirvam de motivo
para novas pesquisas por outros no futuro e que as críticas
relutantes sejam vistas como prova dos meus esforços porque a
minha vontade sempre buscou a direção do acerto.
Que a leitura lhes seja proveitosa e que possa perdoar minha
pouca cultura ao abordar tão diferentes assuntos, isso só revela a
minha diminuta inteligência nunca a boa vontade.

O Autor.

12
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO I

Os primitivos habitantes do vale das


Caiporas – Vestígios arqueológicos

A
Chegada do homem ao continente Americano datava de,
segundo se suponha, a pelo menos 12 ou 14 mil anos
atrás, provenientes da Ásia. Teriam chegado por via
terrestre através de um “subcontinente” chamado Beríngia,
localizado na região do estreito de Bhering, no extremo nordeste
da Ásia, mas pesquisas mais recentes datam a sua presença nos
sertões do nordeste a mais de 60 mil anos.
Hoje muito já se conhece sobre o povoamento do nosso
continente e muito se tem estudado sobre as formas de vida dos
diversos povos que o habitaram.
A confirmação da presença do homem primitivo nos
interiores brasileiros esta cada dia mais evidenciada, mediante os
novos e constantes achados arqueológicos. Tais descobertas, feitas
em diferentes localidades do país, inclusive nos sertões, datam de
épocas tão antigas quanto às encontradas na África e Europa.
Esses achados são estudados e corroborados por pesquisadores de
crédito internacional que vêm catalogando provas contundentes
dessas presenças em data cada vez mais remota, obrigando os
paleontólogos e estudiosos da área a repensarem o contar da
história de nossa pré-história.
Sem dúvida os sinais encravados na rocha bruta, na vizinha
Serra do Cabeço, são provas firmes de suas estadas em nossa
região e por tanto de uma ocupação humana pretérita.
O vale das Caiporas segue margeando o Quixó-ponto (hoje
Riacho São Bento), desde a sua nascente até sua foz no Rio das
Piranhas. Corre de norte a sul, separando, já próximo a seu
termino, a serra do Moleque da serra do Cabeço, deixando esta
última a sua direita e sendo, daí em diante, a parte mais estreita de
todo o vale.

13
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Com a ajuda de um mateiro e seguindo informações de velhos
moradores da região, rumamos em busca à Gruta do Padre e ao
Paredão das Mãos de Sangue, que ficam no singular, mas não
menos importatne, sítio arqueológico da serra do Cabeço. O sítio
fica no sopé do grande escarpado de rocha granítica, que desponta
sobranceiro no cume de sobredita serra a quem dá nome.
O local é sem dúvida ermo e inabitável, conservando,
despercebido ao tempo, marcas de uma época que remonta a um
passado muito distante, que retrata o registro da presença
inequívoca do homem pré-colombiano ou dos primitivos
habitantes destes sertões (o ameríndio) a milhares de anos.
Os registros consistem em seguidos desenhos de mãos, feitos
com um preparado primitivo, de pigmento avermelhado indelével,
(daí o nome Mãos de Sangue) espalhados pela rocha numa
espécie de arte rupestre.
Antigos moradores da região acreditavam que aquele local
fora usado por um povo primitivo, que morava no vale e que ali
faziam oferendas as suas divindades, com sacrifícios de animais e
inimigos capturados em guerra e que os pajés, banhados no sangue
das vitimas oferendadas, oravam aos seus deuses postados frente a
grande pedra onde deixaram as marcas das suas mãos
ensangüentadas.
Crendices aparte, ficamos convencidos que aqueles sinais são
sem dúvida, provas inegáveis da presença do homem nômade ou
residente naquelas cavernas, em data que antecede em centenas ou
milhares de anos a chegada dos primeiros colonizadores desses
sertões, pois quando esses aqui chegaram já os encontraram ali.
Existem várias locas ou grutas no entorno do grande cabeço,
de tamanhos variados, que provavelmente serviram de abrigo para
esses povos. A mais conhecida delas é a Gruta do Padre que
serviu de morada, por vários anos, a um frade eremita.
Devido a grande proximidade entre as duas serras vê-se da
serra do Cabeço, com privilégio, a grande pedra do moleque que
se impõe majestosa sobre a serra de mesmo nome e que, pela sua
imponente beleza e proximidade da sede do município, já deu
nome, no passado, à cidade de Jericó.

14
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

A Pedra do Moleque (acima) e as mãos de sangue (abaixo) Fotos: Francisco Almeida Santos.

15
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Pegada gigante encontrada na Serra do Moleque. Segundo o mateiro que nos levou ao local,
acreditavam os nativos da região, pertencer essa pegada ao gigante de pedra – Itacambá)

(Existem no sítio arqueológico de Serra do Cabeço algumas formações rochosas – lajedos – com
pequenos buracos arredondados, supostamente utilizados pelos primitivos habitantes deste vale na
confecção de armas de caça ou na trituração de alimentos)

16
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO II

Os nativos

O
s índios foram os
primeiros
habitantes desta
terra e, portanto os únicos
brasileiros de sangue puro.
Espalhados por todo o
território dividiam-se em
diversas etnias, com
características, costumes e
dialetos próprios.
No litoral Paraibano viviam
as tribos dos Tabajaras ao
sul e os Potiguares ao norte,
ambas da grande nação
Tupi que se espalhava por
todo o litoral brasileiro.
Nos sertões dominavam os Cariris, subdivididos em Sucurus,
Paiacus, Goiacus, (na Borborema), Ariús (em Campina Grande –
trazidos do sertão das piranhas por Teodósio em 1697), Panatis
(em Patos), Coremas (em Boqueirão), Pegas (em Pombal) e os
Icós-Pequenos (em Sousa). Povos muito rudes pertencentes a
grande nação dos Tapuias que ocupava todo o interior. A grande
maioria era antropófaga e nômade. Condicionados as intempéries
e aos rigores do clima da região, viviam de um lugar para outro
fugindo das estiagens e quando não das grandes secas que os
arrastava em busca da água e do alimento, quase sempre escasso,
uma vez que eram coletores e dependiam da caça e da coleta de
raízes e frutas nativas para sobreviverem.
Pela descrição de Elias Herckmans, holandês que governou a
Paraíba no período de 1636 a 1639, em sua ‘Descrição Geral da
Capitania da Paraíba’, Os Tapuias formavam um povo que
habitava no interior e não tinha lugar certo ou aldeia onde
17
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
morarem; vagueavam, ora demorando-se em um sítio, ora em
outro. Regiam-se pelas estações do ano para procurar o seu
alimento. Na estação do caju, de outubro a janeiro, desciam às
praias para pega-los porque no interior não se encontrava
nenhum ou quase nenhum.
Os Tapuias eram robustos e de grande estatura, de ossos
grossos e fortes, de cabeça grande e espessa, cor atrigueirada,
cabelos pretos, grossos e ásperos e pendentes sobre o pescoço,
cortado na frente por igual até a altura das orelhas.
Andavam inteiramente nus,
exceto nas festas ou quando iam
as guerras quando cobriam o
corpo de penas de arara,
maracanãs, papagaios e
periquitos, que entre eles eram
muito formosos. Os homens
puxavam a pele sobre o membro
viril e o prendiam com um atilho,
de modo que ficasse todo metido
no corpo.
Não usavam barba nem traziam cabelo em alguma parte do
corpo.
Eram homens incultos e
ignorantes que acreditavam em
espíritos que eram guiados pelos
seus feiticeiros a quem tinha
grande consideração.
Eram muito submissos aos
seus chefes e inteiramente
obedientes às suas ordens,
sobretudo quando saiam para
combater o inimigo. Como
andavam nus, a distinção do rei
para os demais era feita pelos
cabelos da cabeça que esse trazia cortado em forma de uma coroa
e pelas unhas dos polegares que eles traziam compridas.

18
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Eram exímios corredores e muito certeiros com suas azagaias
e flechas e carregavam consigo uma borduna feita de pau-brasil
com a qual tocando em alguém esse não se levantaria do chão.
Levavam uma vida inteiramente descuidosa. Não semeavam,
não plantavam nem se esforçavam por fazer alguma provisão de
víveres. Comiam tudo, sem guardar coisa alguma para o dia de
amanhã. Quando estavam em lugar onde havia abundância, um
homem comia tanto quanto seis dos nossos; e quando pelo
contrário estando em lugares escassos, também podiam jejuar
quatro ou cinco dias, apertando o ventre com certas cascas de
árvores, o que lhes fazia esquecer um tanto a fome, até que
viessem a comer outra vez.
As mulheres eram indistintamente, pequenas e mais baixas de
estatura do que os homens. Eram também de cor atrigueirada,
muito bonitas de cara, e usavam compridos os seus cabelos
negros. Também andavam nuas, encobrindo suas vergonhas
adiante e atrás com folhas verdes e eram muito serviçais e
submissas aos seus maridos.
Não suportavam o adultério e gostavam muito da fidelidade.
Os homens que quisessem casar-se deveriam antes mostrar que
tinham um coração varonil, seja por feitos da arma contra seus
inimigos, ou em casa provando sua força carregando grandes
toras de madeira. Conseguido a patente lhes era dado uma mulher
e como sinal do seu casamento eram abertos dois buracos nas
faces onde lhes metiam dois pauzinhos brancos.
Terminado o casamento eles podiam tomar as mulheres que
quisessem, chegando o rei a possuir vinte e cinco mulheres.
Eram antropófagos e comiam tanto os seus inimigos como os
seus parentes que morressem até mesmo mordidos de cobra, sem
que isso lhes fizesse mal algum.
Em geral atingiam uma idade muito avançada chegando
alguns a viverem mais de 150 anos e quando não mais podiam
andar eram carregados em redes e eram tidos em grande
consideração, pois quanto mais velhas mais honras lhes
tributavam.
Em suas terras não havia gado ou outros animais que lhes
servisse de alimento, salvo os porcos selvagens, veados e caças
menores.
19
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Os Tapuias viveram assim, gerações após geração,
importunados apenas por seus inimigos naturais até meados do
século XVII, quando são descobertas as primeiras minas de metais
e pedras preciosas nos sertões do Brasil.
Despertado o alvissareiro sonho daqueles que atravessaram o
Atlântico em busca de riqueza, começou a ser encomendado o fim
de uma nação que até então se multiplicava completamente
ambientada às veredas das caatingas sertanejas.
As dificuldades para transpor a Borborema e o conhecimento
da ferocidade dos Tapuias e dos seus hábitos antropofágicos
haviam mantido os colonizadores portugueses afastados do
interior, limitando-os, nos primeiros 150 anos, na exploração da
faixa litorânea, no extrativo do pau-brasil e no plantio da cana-de-
açúcar.
Mas o interesse da coroa em povoar os interiores, que para
isso passou a distribuir terras a quem as povoasse e garimpasse a
descoberta de pedras e metais preciosos nos sertões, levaram os
sedentos por fortuna fácil a se aventurarem na conquista dessas
desconhecidas terras. A partir daí as tribos do interior paraibano,
uma a uma, foram capturadas, escravizadas e vendidas no litoral
ou aldeadas nos locais que posteriormente deram lugar às novas
vilas e cidades do sertão. Os que foram rebanhados às missões
foram convertidos à fé cristã, pelos religiosos catequistas que
vieram nas companhias. Mas a grande maioria preferiu a morte a
se submeter à humilhação da submissão. Só pouquíssimas tribos
ou elementos isolados conseguiram se refugiar nas encostas das
serras ou fugindo para as matas do Norte e Centro-Oeste do país.
Na maioria das vezes, para cada dez índios capturados, outros
tantos eram mortos em combate ou friamente quando julgados
incapazes. Teodósio O. Ledo, em carta ao representante do rei na
Paraíba, confessa que, “na difícil tarefa de fundar um arraial nas
Piranhas, 32 índios foram mortos em combate, 72 foram
aprisionados e outro tanto mandei matar por serem incapazes”.
Foi dessa forma que se chegou ao aniquilamento total dos
nossos nativos. Os que sobreviveram aos combates foram feitos
escravos e desses a grande maioria morreu por doenças contraídas
dos brancos ou por não se adaptarem as duras lidas a eles
imputadas, as quais não estavam acostumados, visto que o
20
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
trabalho pesado, por tradição entre aqueles, era destinado às
mulheres.
Os índios jamais gozaram as prerrogativas humanas que lhes
reconheciam os decretos de Dom Sebastião (1570) ou o de Dom
Felippe II (1605), que determinavam, em Lei, o respeito à
liberdade dos nativos, com exceção dos antropófagos e
prisioneiros de guerra.
O interesse pela escravidão vermelha era tanto que o rei
Felippe III em 1611, depois de ter assinado uma Lei garantindo a
liberdade dos índios, teve de revogá-la, levianamente, para atender
aos repetidos apelos que vinham da colônia.
Os Coremas, a última tribo do sertão.
Graças ao grande número de sua gente, que contavam com
mais de três mil homens ferozes e guerreiros e a vasta extensão de
seus domínios, os Coremas foram os últimos selvagens dos
sertões da Paraíba submetidos à rendição. Sua rendição foi
conseguida por meios diplomáticos, depois de mais de três anos de
luta sangrenta, por Manoel de Araújo Carvalho, através de um
tratado de paz e amizade.
Em seu auge contavam as tribos cariris da Paraíba com mais
de dez mil flechas ou homens prontos para a guerra (não erram
contabilizados nesse contingente nem mulheres nem crianças).
Quando do descobrimento existiam no Brasil mais de seis
milhões de índios que foram trucidados sem piedade e sem dó. Os
que restam estão restritos as densas matas dos estados do Mato
Grosso e do Amazonas ou nas reservas indígenas demarcadas pelo
governo federal onde, ainda assim, são molestados pela cobiça
insaciável do branco.
A população indígena brasileira sofreu baixa incomensurável
nos primeiros quatro séculos de colonização, mas vem aos poucos
se recuperando, principalmente nos últimos cem anos, contando
hoje com mais de trezentos e cinqüenta mil indivíduos de diversas
etnias divididos em todo território nacional, falando mais de
duzentos dialetos.
Das tribos dos sertões das piranhas nenhuma restou. Mesmo
das que foram aldeadas em Patos, Coremas, Sousa e Pombal, nada
nos restou de nenhuma, a exceção de alguns elementos
remanescentes cafuzos e caboclos.
21
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Dos índios herdamos o hábito de dormir em rede, de tomar
banho diariamente, de comer certas raízes como mandioca e seus
derivados, macaxeira, inhame, cará, amendoim e batatas, sem falar
numa grande quantidade de palavras que se somaram a nossa
língua.

22
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO III

A conquista do oeste da Paraíba

D escoberto o Brasil, partem os portugueses para a difícil


tarefa de apossamento do seu vasto território, que nas
primeiras quinze décadas limitou-se ao litoral, restando o
imenso interior ainda totalmente desconhecido e
inexplorado.
Após 1660 as procuras por metais
e pedras preciosas levam grandes
empresas a se aventurarem por
terras nunca antes visitadas. As
notícias de que os espanhóis
deitam e rolam nas riquezas dos
incas e maias, do outro lado do
continente, mantém acesas as
esperanças dos nossos
colonizadores que, por fim,
encontram os primeiros veios nas
minas gerais, em 1693. A partir
daí, fazendeiros e comerciantes
afortunados da época, passam a
organizar grandes colunas e
marcham rumo aos interiores, guiadas por indivíduos de grande
coragem que conduzem os seus comandados com mão de ferro.
Esses empreendimentos, custeados por particulares, receberam a
denominação de bandeiras e os seus integrantes de bandeirantes.
Por trás dessas empresas havia um grande interessado no êxito
dessas colunas que era à coroa portuguesa, que queria sua colônia
sempre mais e mais produtiva. O interesse da coroa era tanto que
formou ou ajudou a formar, com grande participação, várias
dessas empresas, custeando alimentos, armas, pólvoras, enviando
soldados e dando a essas colunas um certo tom de oficialidade,
mas que na verdade agiam completamente a margem da lei,
23
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
praticando atos em tudo desumanos e sem nenhum pudor contra os
indefesos índios. Essas colunas receberam o nome específico de
entradas.
Essas bandeiras ou entradas embrenhavam-se sertão adentro
por longos períodos, conduzindo animais de montaria e bestas de
carga; animais domésticos e sementes e quando chegava o
inverno, acampavam em local adequado e aproveitavam para
plantar legumes de subsistência e, enquanto aguardavam a
colheita, faziam o reconhecimento dos arredores, explorando e
mapeando o entorno num raio de vinte léguas de circunferência.
Essas expedições eram formadas por grande número de brancos,
mestiços, índios tupis domesticados que eram usados como
batedores e intérpretes na comunicação com as tribos capturadas,
escravos, soldados, religiosos e pouquíssimas mulheres.
Buscavam encontrar ouro e pedras preciosas, mas a captura de
nativos selvagens, que eram vendidos como escravo no litoral
ajudava a custear as altas despesas dessas empresas que
carregavam consigo, além de armas, pólvora, munição e víveres,
um grande número de pessoas.
Mesmo não encontrando o tão
sonhado metal, foi a partir do que viram
esses desbravadores que a coroa ficou
sabedora da boa qualidade das terras dos
sertões, próprias para a agricultura e do
seu grande potencial para a criação de
gado, nos seus vastos campos de
abundantes pastagens. Isso fez com que,
a partir de então, o reino passasse a
oferecer terras às famílias portuguesas e
seus descendentes que quisessem vir
habitar e explora-las, passando então a
distribuir títulos de sesmarias (título que
outorgava aos seus possuidores a posse
de uma propriedade com seis léguas
quadradas de terra) e foi desse modo que
o rei conseguiu convencer os seus
súditos a intensificarem a colonização dos sertões do Brasil.

24
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Os primeiros a cruzarem as terras do sertão paraibano foram
os bandeirantes paulistas e os baianos do vale do São Francisco
pertencentes à opulenta e poderosa fazenda da Casa da Torre.
Aquela fazenda, conhecida como a Casa da Torre, fundada
por Garcia D’Ávila, destinava-se exclusivamente a criação de
gado e em nome da povoação dos sertões, seus possuidores,
geração após geração, continuaram descobrindo, requerendo e
apossando-se das melhores faixas de terras, transformando-a no
maior feudo do nordeste.
A presença dos seus colonos nos sertões da Paraíba parece ter
sido mais resistente e duradoura na parte mais a sudoeste, que hoje
corresponde ao vale do rio do peixe até a Fazenda Bom Sucesso
(hoje cidade). Dessa parte encontramos, ainda hoje, nos velhos
registros escriturários do cartório de Pombal, muitos
arrendamentos de terras feitos por Teodósio e seus parentes e por
vários outros integrantes de sua bandeira, feitos após 1700 àquela
casa, dando claros sinais de que quando aqui chegaram já
encontraram aquelas terras desbravadas e habitadas. Outra prova
vem dos vários requerimentos de sesmarias das fazendas
confinantes dos sertões das piranhas com aquela região, até
mesmo dos que foram feitos após 1750, onde citam os limites com
os Garcia D`ávila e/ou com a Casa da Torre:
“12 de fevereiro de 1752 – Capitão José Pereira da Costa,
senhor de uma fazenda de gados no sertão das Piranhas chamada
do Bom Sucesso, diz que nas ilhargas da dita sua fazenda em um
olho d`água chamado de Brejinho da serra Barriguda (hoje
Alexandria), donde emana um riacho que vem até as porteiras da
fazenda do supplicante e ainda que o dito olho d`água fica dentro
da comprehensão de sua mesma terra. Para se livrar de contendas
o quer haver por sobras pelo pé da serra que fica da parte do
norte e contesta pela parte do rio do Peixe com terras de Garcia
D`ávila até atestar com as terras do Sabiá e Caiporas que foram
do defunto Capitão José Fernandes da Silva, contestando pelas
mesmas partes com a dita terra do supplicante e o sítio
Carneiro...”
“20 de outubro de 1752 – Capitão-mór Francisco de Oliveira
Ledo, diz que está de posse a muitos annos por si e seos
antepassados do logradouro de sua fazenda Bom Sucesso, logar
25
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
que sempre foi de habitação da maior parte de sua gadaria, quer
haver por sesmaria três léguas de comprido entre as serras
Branca e serra Negra, buscando o rio do Peixe pelo riacho de
José de Abreu, assim chamado de riacho do Catolé, confrontando
pela parte do norte com os providos do Rio Grande e para o
nascente com a Casa da Torre...”
Vários outros requerimentos atestam à posse e permanência
da Casa da Torre naquela parte do sertão paraibano.
Todo o restante das terras das Piranhas, que ficava a leste da
fazenda Bom-Sucesso (hoje cidade e limite entre as terras do Rio
do Peixe e as das Piranhas) permanecia intocado e já a partir de
1700 começaram a ser requeridas pelos integrantes da companhia
de Teodósio O. Ledo (1700 – Acauã e várzeas de Sousa; 1705 –
Caiporas de Cima [Jericó]; 1706 – Catolé...) e parece ter sido,
aquela, a única faixa de terra do antigo município de Catolé
colonizada pela a Casa da Torre. As evidências vêm de uma série
de fatores, o principal é que não existe requerimento ou
apossamento naquela faixa de terras após a chegada dos Oliveira
Ledo nos sertões das piranhas (1695); os requerimentos das
fazendas confinantes com aquela citam como limitante no lado
oeste os Garcia D’ávila ou a Casa da Torre e principalmente pelo
fato da existência de uma escritura de arrendamento à Casa da
Torre de citada propriedade, em 1732, por Constantino de O.
Ledo, que também era legítimo possuidor do sítio Pau Ferro,
recebido por sesmaria, desde 1724. Considerando-se o fato de que
para se conseguir a concessão de uma sesmaria era preciso que se
descobrisse, desbravasse e habitasse a terra, convencemo-nos que
citada fazenda já vinha sendo trabalhada pela Casa da Torre
quando da chegada da companhia de Teodósio por aqui, enquanto
que o restante estava inteiramente intocado, a partir da Fazenda
Pau Ferro.
O restante das Piranhas continuava realmente completamente
despovoado e intocado, a prova vem dos seguidos requerimentos
de sesmarias, e não de arrendamento, feitos ao representante da
Coroa na Província, a partir da chegada dos Oliveira Ledo nas
Piranhas, mas que foi completamente trilhada e apossada logo nas
primeiras seis décadas que se seguiram as suas chegadas.

26
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Apesar dos requerimentos de apossamento de terra, no sertão
das Piranhas, só terem começado após 1700, é bem verdade que
aqueles conquistadores já trilhavam por essas plagas desde 1695,
quando aqui chegaram juntamente com Teodósio de Oliveira.
Em 1705 o Capitão de Cavalos José Fernandes da Silva
requer as sesmarias das Caiporas, as quais dariam lugar, no futuro,
a jovem cidade de Jericó, conforme melhor detalhamos no
capítulo seguinte, e dá início a colonização de todos os seus
logradouros. (O Capitão de Cavalos era o comandante da tropa
montada ou da cavalaria que seguia fazendo a defesa, na
vanguarda e retaguarda da bandeira ou entrada).
Em 1706 são requeridas as terras do riacho Ogon e uma de
suas fazendas dá lugar, posteriormente, a prospera cidade de
Catolé, onde em 1752, o Capitão Francisco da Rocha de Oliveira,
atestando que sempre morou naquele sertão das Piranhas, pede
terras do riacho Timbauba que são vizinhas as de sua avó Anna de
Oliveira. Anna, irmã de Teodósio, chegou por aqui juntamente
com os primeiros colonizadores e aqui criou toda a sua
descendência. Esse Francisco da Rocha adquiriu ou recebeu por
herança o sítio Catolé, um dos vários sítios que tinha essa
denominação, como: o Catolé de Bento de Araújo Barreto, o
Catolé de Francisco de Oliveira Ledo, o Catolé de Clara Espínola,
entre outros. O certo é que para distingui-lo dos demais passaram
a chamar o lugar de Catolé do Capitão Francisco Rocha, ou
simplesmente de Catolé do Rocha. Em 1773 esse colonizador faz
uma doação, registrada no cartório de Pombal, para formação do
patrimônio de N. S. dos Remédios. No ano seguinte constrói uma
pequena igreja. Foi no entorno dessa igrejinha, no lugar Catolé do
Rocha, que floriu aquela hospitaleira cidade.
A doação de um patrimônio em terras e a construção de uma
igreja era o ponto de partida para a formação de uma cidade
porque todos os portugueses e seus primeiros descendentes eram
católicos e suas esposas, por conseguinte, muito fervorosas. As
distancias entre os sítios e fazendas de uma igreja eram enormes,
quando consideramos que para onde se fosse era a pé ou a cavalo.
Assim se as terras do patrimônio da igreja eram “da Santa”, eram
consequentemente de todos. Cada fazendeiro da região fazia então
uma casa nas proximidades da capela para quando para lá se
27
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
dirigissem, nos dias de domingo, missas, batizados e casamento, lá
tivessem um ponto de apoio, para se arrumarem e para descanso.
Foi a partir dos colonizadores da bandeira de Teodósio que
tudo começou em nosso sertão. Partindo da capital e trilhando
novos caminhos, saíram os Oliveira Ledo, numa bandeira
puramente paraibana e respaldada pela coroa portuguesa, mas
formada, em sua grande maioria, por elementos originários da casa
da torre, ou seja, que nasceram nos seus arredores, no vale do São
Francisco, que foi o maior berço nordestino de mestres de campo.
Apesar de não encontrarem por aqui o vil metal, seguiu tal
bandeira apresando bugres e apossando-se das terras descobertas,
mediante seguidos requerimentos de sesmarias.
No encontro de Manoel Garro, que rumava ao sonhado ouro
dos Coremas, com Teodósio de Oliveira Ledo, que se dirigia ao
litoral já levando consigo os índios Ariús capturados nos sertões
das piranhas, Coriolano de Medeiros em ‘Manaira ou nas trilhas
da conquista do sertão’, romanceando, nos mostra como estes
pensavam e agiam -- “A mina, aqui, é descobrir terras para a
criação de gado e escravizar bugres para vendê-los no litoral.
Olhe: nesta minha viagem explorei dois terços do planalto que
pisamos, cheguei mesmo a transpor a serra; pisei areias do
Piranhas e volto, agora, com uns oitenta cativos e os
apontamentos necessários para obter uma meia dúzia de
sesmarias. Preparo o senhorio de umas quarenta léguas de terra,
que tanto servem para a industria pastoril como para a
agricultura. Isto, por enquanto, porque pretendo adquirir
dezenas e dezenas de sesmarias, para vendê-las mais tarde, como
está fazendo o Garcia D´Avila. Associa-se comigo. Vamos nos
assenhoreando destes campos, enquanto estamos sós. Isto de
minas não compensa”.
E foi assim que realmente aconteceu, os Oliveira Ledo
adquiriram verdadeiros latifúndios nos sertões. Juntos chegaram a
possuir quase metade de todo o território da capitania da Paraíba e
apesar de quase terem levado ao extermínio os nossos nativos é a
esses valorosos desbravadores que devemos a ampliação de nossas
fronteiras bem como a definição dos limites de nosso estado.
A grande maioria dos bandeirantes agiu assim, de forma
especulativa, recebendo da coroa portuguesa as terras requeridas
28
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
por sesmarias e vendendo-as em seguida. Mas os compradores e
seus herdeiros, e alguns dos primeiros sesmeiros, criaram raízes
nos seus redutos e transformaram os sertões no palco da primeira,
mais rica e poderosa indústria: a indústria pastoril.
A criação de gado, que foi quem realmente fixou o homem no
sertão, logo transformou a caatinga numa terra de grandes
fazendeiros patenteados de majores e coronéis da época do
“quero, posso, mando”, que conduziam as suas gentes e seus
redutos na linha do ferro e da chibata, que geriram os destinos dos
seus agregados por longas décadas e deram ao sertão o requinte de
ser conhecida como uma terra próspera, “a terra do couro”, que
em muito ajudou a manter a coroa portuguesa com a contribuição
do “quinto real”.
A indústria pastoril foi a primeira e a mais importante
atividade econômica e comercial que alavancou o povoamento e
possibilitou a integração dos mais longínquos recantos sertanejos
com os grandes centros e pólos produtores de outros bens de
consumo indispensáveis à permanência e a vida do homem no
sertão.
Os primeiros intercâmbios comerciais da região giraram em
torno da criação do gado bovino. Os criadores da região
compravam os novilhos desmamados vindos do Piauí, a boiadeiros
e atravessadores na cidade de Goiana em Pernambuco e
engordavam no sertão para em dois ou três anos revendê-los em
Campina Grande. Ali também se vendia o couro, a sola para
calçados (alpercatas de rabicho e currulepes), vestuário (mantas e
gibões), montaria (selas e arreios) e utilitários (alforjes, bruacas,
malas e baús), a carne de sol e o queijo, que eram produtos
encontrados com grande abundância nos sertões.
Dos brejos e do cariri traziam o açúcar, a rapadura e a farinha.
De Mossoró traziam o sal e os demais produtos industrializados
que chegavam pelo Porto de Areia Branca, entre estes os tecidos, o
querosene, as ferramentas, armas, munições e outros mais.
A necessidade desse intercâmbio deu origem à primeira
empresa de transporte que em suas primícias chamava-se de
comboieiro ou tropeiro. Trafegava do sertão para o litoral, com
extensas tropas de burros enfileirados, com grandes bruacas,

29
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
levando em seus lombos o que se vendia e trazendo o que se
comprava.

O comboieiro ou tropeiro foi o grande elo do sertão com o


litoral durante as décadas da indústria pastoril, durante a faze da
indústria da cera e durante toda a rica faze do algodão, o “ouro
branco” dos sertões, só vindo a desaparecer com a chegada do
automóvel.
Nos trajetos de curta distância, principalmente na condução
das cargas de maior peso da labuta das fazendas, era confiado ao
carreiro, com vara de ferrão ao ombro, o transporte da cana, da
lenha, do legume, da vara, da estaca... Ele conduzia seu carro de
boi, sem precisar de caminho, sempre seguido por aquela cantoria
sofrida - o canto de uma nota só – tirado das cunhas e cantadeiras
que apertavam o eixo mestre dos velhos carros de madeira.

30
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO IV

O caboclo e seu chão

O
s sertanejos dessa parte noroeste da Paraíba descendem
dos bravos desbravadores da companhia de Teodósio de
Oliveira Ledo, fundador de Pombal, que foi o primeiro
assentamento urbano e centro de irradiação de todo o sertão das
piranhas. Com ele vieram os indivíduos que originaram as
primeiras povoações deste sertão, espalhados pelo vasto vale que
ia da serra da Borborema a Jardim e Patú no Rio Grande do Norte
e Iço no Ceará.
Neste aprazível recanto do estado, pertencente ao antigo
município de Catolé, cuja área original corresponde hoje a micro
região 89, que abrange atualmente os municípios de São Jose do
Brejo do Cruz, Belém do Brejo do Cruz, Brejo do Cruz, São
Bento, Catolé do Rocha, Brejo dos Santos, Bom Sucesso, Jericó e
Mato Grosso, seguramente, os primeiros brancos a pisarem esses
solos com intenção de fazer pousada duradoura por aqui foram os
integrantes de sua bandeira. Os quais se tornaram em pouco tempo
sesmeiros de El Rei, apossando-se, desbravando e fundando as
primeiras fazendas e núcleos originadores das primeiras
aglomerações populacionais. É destes, dos seus escravos (afro ou
ameríndio) e dos seus agregados que descende o nosso povo.
Para que o pioneiro recebesse o título de posse da terra por ele
desbravada e povoada, tinha que cumprir certa exigência real que
determinava que cada sesmeiro construísse, dentro do prazo de um
ano, uma casa e um curral de gado a cada légua de terra doada
para então receberem a carta de sesmaria. Essas cartas, em
princípio davam aos seus requerentes, posse de seis léguas de terra
quadrada, que posteriormente foram reduzidas para cinco, quatro,
três e por fim duas, sendo, no entanto mantido o título chamado de
sesmaria.
Quando do requerimento das sesmarias de nossa região,
estava em vigor a carta régia de 7 de dezembro de 1697, que

31
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
fixava as sesmarias em três léguas de comprimento. Cada légua
quadrada de terra denominava-se de logradouro, sítio ou data.
A grande maioria dos sesmeiros, temendo a fúria dos índios
tapuias, não dirigiu pessoalmente suas fazendas nos primeiros
tempos. Essa dura tarefa fora confiada aos seus vaqueiros.
Com a dizimação dos canibais tapuias é que eles vieram fixar
residência em suas fazendas e, da casa grande, conduziam à
direção das suas posses, dos vaqueiros, agregados e escravos.

São portando das famílias desses vaqueiros, agregados,


escravos e índios catequizados que descende a maioria de nossa
população e, dos reais sesmeiros e descendentes é que descende a
maioria das famílias tradicionais que conduziram os destinos dos
nossos antepassados.
A falta de mulheres brancas nos longínquos aldeamentos
espalhados pelo sertão forçou a miscigenação dos nossos
colonizadores com as índias, nascendo dessa união os primeiros
mestiços brasileiros, os mamelucos ou caboclos e mais tarde, com
a entrada do negro africano um novo elemento foi agregado a
nossa composição racial, nascia ai o mulato. Dos índios com os
negros nasceram os cafuzos. Dessa mistura inter-racial nasceu o

32
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
nosso principal povoador, o caboclo sertanejo, o homem forte do
sertão.
Os antigos escravos vindos da África e seus descendentes
deram uma grandessíssima contribuição para a formação de nossa
língua, costumes, folclore e, em síntese, a nossa raça. Essa
inegável contribuição se fez ainda mais presente em virtude da
enorme riqueza cultural dessa gente, da disposição física superior
dos seus indivíduos e ao grande número desses que ingressaram
no nosso chão nas décadas anteriores a abolição da escravatura.
Em 1850 a população de Catolé, que foi o município de
maior introdução negreira na província da Paraíba, incluindo os
povoados de Belém, Caiporas (hoje Jericó) e Brejo do Cruz, era
de 7.243 almas, sendo 6.135 pessoas livres e 1.108 escravos.

(Leilão de escravo na Praça da Vila de Pombal)

Nos registros escriturários dos velhos livros do cartório do 1º


ofício de Pombal, um grande número de escrituras, ali existente,
dá conta de um intenso comércio de escravos nesses sertões, tido
como normal e legal. Ali encontramos registros dessas transações
de compras e vendas, onde os escravos são tratados como meras
propriedades dos seus senhores. Era comum, quando da venda de
um sítio, relacionarem as pertenças do imóvel transacionado,
citando: Um sítio com tantos animais vacum e cavalar e tantas
33
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
escravas com tantas crias. Também era comum a venda de parte
de escravo, geralmente recebido por herança, como é o caso da
escritura do anexo II, onde o Sr. Manoel de Sousa Mattos,
residente no sítio Gangorra, deste município de Jericó, vende parte
do escravinho JOSÉ, de nove anos, filho da escrava JOANA, em
data de 1861.
Provas inegáveis de um passado maculado.
Contudo foi aqui onde primeiro se ouviu um grito de
liberdade, onde germinou os primeiros rebentos abolicionistas.
Dezenas de escrituras contam das alforrias. Já em 1725, o
sargento-mor João Nogueira concedia carta de alforria e liberdade
a uma escrava, sua filha, de 7 anos de idade. Em 1726 o capitão
Constantino de Oliveira Ledo, que era leal sesmeiro de El-Rei e
legítimo dono das datas dos Sítios Pilar e Pau-ferro (hoje
pertencentes aos atuais municípios de Bom Sucesso e Jericó), no
livro de escrituras de 1725, passa carta de alforria de uma escrava.
Em 1775 Vicente Soares Ferreira, Preto Forro (alforriado/liberto),
morador no sítio Mato Grosso (hoje cidade) do antigo município
de Jericó, que também foi de Catolé e naqueles dias era do
município de Pombal, liberta a escrava Francisca Ferreira, do
gentio de Angola, sua esposa, que arrematara numa execução na
Praça da Vila de Pombal.
Abaixo transcrevo parte do teor de citada carta de alforria.
“Saibam quantos este publico instrumento de escritura de
alforria e liberdade ou como em direito melhor nome haja, virem
que sendo no ano do Nascimento de Nossa Senhor Jesus Cristo,
de mil setecentos e setenta e cinco, aos seis dias do mês de
setembro do dito ano, nesta Nova Vila de Pombal de N. Senhora
do Bom Sucesso, Capitania da Paraíba do Norte, no meu
escritório, apareceu Ventura Soares Ferreira, preto forro,
morador no sítio Mato Grosso, que vive de plantar suas lavouras
de mim reconhecido pelo próprio do que se trata, do que dou
minha fé e por ele me foi dito em presença das testemunhas
abaixo nomeadas que ele era senhor e possuidor de mansa e
pacífica posse de uma escrava do gentio de Angola, por nome
Francisca Pereira , que a houve por arrematação que dela fez na
praça pública desta Vila, na execução que contra a senhora da
dita, corria o Coronel João Dantas Rothéa, cuja senhora era Ana
34
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Teodora dos Anjos e porque a dita escrava era sua mulher, que
tinha recebido em face da igreja, por tal razão ele a libertou a
forro como de fato logo a forrou e lhe deu liberdade a execução
do cativeiro deste dia para sempre, sem clausula nem condição
alguma e poderia a dita liberta usar de sua liberdade e ir para
onde muito lhe parecer, sem que pessoa alguma a possa impedir ,
como faz os libertos que nascem forros do ventre de sua mãe...”
Em 1860, a viúva Dona Forinda Maria dos Santos, moradora,
no sítio Gangora, concede a liberdade do escravinho Antonio, de
idade de seis anos, o qual recebeu por meação no inventário
amigável, por falecimento do seu segundo esposo, José Joaquim
Pereira e seu filho Claro José Pereira (ver escritura do anexo III).
Também era comum que além de outrem o próprio escravo
compasse a sua liberdade. Também havia alforria com imposição
de condição, como é o caso da escritura do anexo IV, em que o Sr.
Joaquim Alves dos Santos, também morador no Sítio Gangorra,
deste município, vai ao Cartório de Pombal levar uma carta, do
seu patrão, para que seja lançado no livro de notas. Em citada
carta o Sr. Pedro José de Mattos, morador no sítio Gangorra,
concede alforria a sua escravinha mulata de nome Constância, de
idade de cinco anos, filha de sua escrava Benedita, com a condição
de que o acompanhasse enquanto ele vivo fosse.
As alforrias, deste termo, continuam até bem próximo da
promulgação da lei áurea, em 1888. Uma das últimas escrituras,
do termo de Jericó, que encontramos, foi de 1875, do sítio Pau-
ferro, em que era concedida liberdade a um escravo numerado, de
bom porte físico e que havia sido comprado por uma grande soma
em dinheiro, por ter uma dentadura impecável.
A Lei Nº 2.040 de 28 de setembro de 1871, determinava o
registro do nascimento dos filhos livres de escravos, ocorridos na
freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, hoje Pombal, a
partir daquela data.
Os povoadores do sertão, que contaram com esse suporte
escravagista, a pesar de rudes, eram homens práticos, destemidos e
dedicados à labuta roceira e aos afazeres da criação, que souberam
enfrentar com determinação e obstinação o clima tórrido e seco
dessa região que em tudo dependia da chuva.

35
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Com a chuva vinha o alimento, pois no sertão, estar vivo ou
morrer, era só uma questão, chover ou não chover.
As primeiras chuvas, que refrescavam a terra ressequida,
despertavam o homem e a caatinga, fazendo ressurgir a paisagem
encantadora da região. Com ela vinha a fartura gerada pela vida
que rebrotava nos campos e nos roçados, trazendo o verde a toda
aquela paisagem antes cinzenta e com ramagem sombreada
limitada às baixadas e margens dos rios e riachos que
congregavam uma vasta mata bem formada.
O alimento do sertanejo quase não mudou, continuando
muito singelo e energético, o que o faz um homem muito forte. É
composto basicamente de arroz, feijão, milho, mandioca, batata-
doce, rapadura, mel de abelha, leite e seus derivados e carnes.
Desses alimentos ele extrai toda energia de que precisa para
enfrentar o calor e todas as intempéries próprias desse clima
abrasador.
As fazendas de gado, espalhadas pelo vale das piranhas, que
ficaram centralizadas nas mãos de alguns poucos sesmeiros do
Rei, eram verdadeiros latifúndios e, mesmo divididas em
sucessivas heranças, formaram grandes fazendas de criação de
gado. Foram essas fazendas os palcos dos destemidos vaqueiros
encourados do sertão que eternizaram o seu jeito de ser. O aboio
e suas lidas diárias foram incorporados ao nosso calendário festivo
e folclórico como as ferras, apartações e principalmente as
vaquejadas.
A ferra consistia-se na captura do novilho no campo de
carrascal e mata fechada para ser ferrado com a marca do
fazendeiro, seu patrão. Montado em seu cavalo e vestido em seus
trajes de couro que era composto de chapéu, jaleco, luva, bota,
peitoril, gibão e perneira de couro. Utilizava-se, ainda, além dos
apetrechos de arreamento do cavalo, de corda de laço e chibata de
couros crus, chocalhos e esporas de metal.
A apartação era a separação de um ou mais animais do
rebanho para um fim desejado. Era também chamada de apartação
a captura do boi arredio.
Após o bezerro ser desmamado esse era solto no campo ou na
data, como era comumente chamado, para engordar e muitos
ficavam erados sem nenhum contato com o homem, uma vez que
36
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
não existiam cercas, a exceção das velhas cercas de pedra que
dividiam as propriedades e as cercas dos currais, feiras de pau a
pique. Muitos só eram descobertos quando chegava à época da
seca e desciam as sacadas das serras para virem beber água nos
açudes das fazendas, que geralmente ficavam próximos da casa
grande, e era desse ponto que os vaqueiros davam início a peleja
da captura desses bois conhecidos como barbatões.

A vaquejada surgiu das lidas de feras e apartações ou de


ambas onde se reunião muitos vaqueiros da redondeza para a
captura desses touros barbatões. A pratica exigia grande destreza
dos cavaleiros para a derruba do boi. Esse trabalho, apesar de
muito perigoso, era feito com muita animação, pois o êxito trazia a
consagração dos que conseguiam mostrar melhor o seu valor. A
princípio essas tarefas eram realizadas em plena caatinga e só
depois foi que os vaqueiros passaram a perseguir e retirar o boi da
mata e conduzi-lo para o pátio da casa grande para então fazerem
a derriba e apresamento do animal de forma que o patrão pudesse
ver. A euforia do evento contagiava os vaqueiros e passou a ser
muito apreciada pelos fazendeiros da época que reuniam
familiares, vizinhança, autoridades e pessoas a eles importantes,
em data marcada, para assistirem as festividades que eram sempre
37
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
seguidas de corridas de prado e argolinha. Era ai onde podiam ver
e mostrar os feitos dos indômitos condutores de seus rebanhos.
Tempos depois, estando o evento já tradicional, foram criados
locais próprios para a realização dos festejos que hoje são
chamados de parques de vaquejadas.

A vaquejada é, portanto uma festividade de origem pura e


tipicamente nordestina.
Em Jericó, data de julho de 1966 a primeira vaquejada, feita
para angariar recursos para a construção do Ginásio Comercial N.
S. dos Remédios e foi montado o parque onde hoje se encontra o
próprio Ginásio. A festa tornou-se tradicional, com evento
realizado anualmente. Posteriormente, em 1984, com a construção
da sede da ADECOJE a festa foi transferida para o novo parque
que recebeu o nome de João Rosado de Oliveira.
O caboclo vaqueiro é, inegavelmente, o homem do sertão que
mais tem a cara desse torrão. Sua coragem e tenacidade são fruto e
herança de vidas que fizeram a nossa história nos lavrares desta
que já foi intitulada à terra do couro.
A mistura do branco com o índio deu origem ao primeiro
mestiço e esse tipo foi o que melhor se adaptou a dura lida que
envolvia o trato do gado nesses sertões a esmo, onde não existiam
38
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
cercas nem campos desmatados. Os escravos africanos não se
adaptaram a esse traquejo e foram mais bem aproveitados na
agricultura e nos serviços domésticos das casas dos seus senhores.
O vaqueiro é antes de tudo aquele que madruga e amanhece
na porteira do curral; que ordenha a vaca coiceira na poeira do
estrume seco ou na lama do inverno; que cura o boi doente e a
bicheira do bezerro mamão; que alimenta a vaca magra nas cías;
que assa xiquexique para sustentar o gado nos anos de estiagem;
que amansa o burro xucro da lida diária; que captura o boi
assombrado na lenha braba da caatinga espinhosa; é aquele
homem honesto que tem a confiança do patrão, mas que nem
sempre teve reconhecido o seu valor.
Reconhecendo que, verdadeiramente, foram esses bravos que
abriram caminhos, caminhos de espinhos, para que possamos estar
hoje aqui sentindo orgulho do que temos e somos, abro uma
lacuna para homenagear os vaqueiros de minha aldeia, citando,
dentre tantas outras, uma das primeiras e principais famílias desses
bravos incansáveis, que trouxeram no sangue a herança de serem
vaqueiros. Em nome de todos aqueles, para quem tiro o meu
chapéu, exalto à família do velho Primo e seus filhos, todos
vaqueiros por tradição e devoção e dentre eles Saturnino Vaqueiro
que conheci mais de perto, desde a minha meninice. Homem
simples e manso por natureza, mas de coragem desmedida na
captura de touros brabos, os famosos barbatões, na lida do rebanho
e por isso muito respeitado na sua arte.

39
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

40
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO V

Seguindo os primeiros passos

O
s primeiros colonizadores a palmilharem os sertões das
Piranhas foram os bandeirantes da Casa da Torre, em
data não certa, posterior a 1667, e por esses foi iniciado o
seu povoamento. Mas esses pioneiros que insistiam em expandir
os seus domínios, não resistiram aos ataques dos índios tapuias,
que se viram invadidos e muito lutaram pela defesa de suas terras.
Pelos mapas e descrições da conquista do sertão das Piranhas,
vê-se que os primeiros a pisarem essa parte noroeste do estado,
correspondente ao antigo município de Catolé do Rocha, foram
inegavelmente os bandeirantes integrantes da companhia de
Teodósio de Oliveira Ledo.
Em 1694 Teodósio fora nomeado Capitão-mor das Piranhas e
logo depois recebeu a incumbência do governador da Paraíba de
fundar um arraial naquele sertão, que estava despovoado.
Chegando aqui, para onde veio com todo a sua família e grande
companhia, não demorou a se povoar esses sertões com casas de
currais, suas gentes e seus rebanhos de gados vacum e cavalar.
Fincada a base de apoio no sertão das piranhas, com a
fundação do Arraial do Piancó (Pombal), que foi iniciado em 1695
e concluído em 1698, Teodósio e companhia parte para o
reconhecimento e mapeamento de todos os rios, riachos, serras,
vertentes, olhos d’água e campos do entorno do aldeamento.
As dificuldades eram inúmeras, mas não venceram a
determinação daqueles bravos bandeirantes, que não
desperdiçaram esforços na demarcação e apossamento das
melhores faixas de terra do vasto vale.
Já em 1700 eram requeridas 20 léguas de terra nas planícies
dos Icós-pequenos (Sousa), de Acau-an a Vaca Morta e dividida
entre dez dos graduados daquela companhia. Entre aqueles estava
o comandante da cavalariça, o capitão de cavalos José Fernandes
da Silva, que viria a ser o fundador de nossa povoação.

41
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Cinco anos após o requerimento acima ele já se encontrava
desbravando as intocadas e completamente selvagens terras das
Caiporas de Cima, sua fazenda principal, e das Caiporas de Baixo.
Após minucioso reconhecimento da bacia, dos afluentes, das
nascentes, da identificação dos nomes originais no idioma dos
nativos, são fundados aqui vários sítios e construídas as primeiras
casas de currais onde foram situados seus gados, que contavam
mais de duas mil cabeças. O capitão José Fernandes da Silva,
dois irmãos e um filho, a 24 de setembro de 1705 requeriam e
recebia a concessão de quatro datas de terra no riacho Quixó
Penoso. O requerimento que cobria toda a bacia do riacho, ou
seja, doze léguas de extensão foi o primeiro do município de
Catolé do Rocha e tinha o teor seguinte (mantido a grafia original):
Capitão Jose Fernandes da Silva, Pedro de Faria, Tenente
Francisco Fernandes da Silva de Faria e Manoel Fernandes da
Silva, dizem que com todos os seos gados em o sertão desta
capitania, donde alguns delles são moradores, depois da guerra
dos gentios bravos os primeiros povoadores, servindo em dita
guerra como foi o capitão José Fernandes da Silva, capitão de
cavallos sem mercê alguma, e nem possue terras para situar seos
gados; com risco de sua vida, de seus escravos e familiares tem
descoberto em o riacho que pela língua do gentio se chama
Quixo-Ponto, que nasce de umas vertentes de água do pé de uma
serra, chamada a dita vertente em a sobredita língua Coitá, no
qual riacho entra outra vertente chamada na mesma língua
Queixerobebe, o qual riacho corre do norte para o sul e vae fazer
barra no rio das Piranhas, frontelro á barra do Pinhão, pouco
mais ou menos, uma terra que está devoluta, sem nunca ser
povoada; lhes é necessário dose legoas de terras de comprido e
uma de largo”, tocando á cada um três de comprido e uma de
largo, pelo dito riacho acima da Parahyba, povoação de uma e
outra banda do dito riacho tanto para uma e para outra parte,
começando de sua primeira povoação, não incluindo terra inútil e
falta d’água, fazendo, sendo necessário, o comprimento na
largura e esta no comprimento.
Opinou o provedor que as datas deveriam principiar das
testadas dos últimos providos e não da primeira povoação e
deveriam ser successivas e não salteadas pelo rio acima.
42
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Foi feita essa concessão no governo de Fernando de Barros
e Vasconcellos.
Juntamente com seus filhos, escravos e agregados instalou-se
o Capitão José Fernandes ao longo dos fogões que margeavam o
Riacho Quixo-Ponto e com o requerimento acima iniciava a
colonização e povoamento de todas essas querências.
Foram aqueles os dias de delineamento dos primeiros passos
que nortearam o tracejar das primeiras linhas de nossa história.
Naquela data era fincada a pedra fundamental, o marco de
apossamento e hasteamento de nossa bandeira.
O aludido Riacho Quixo-Ponto era sem duvida o nosso São
Bento, que assim era conhecido pelos índios Tapuias (das tribos
Panatis, Coremas, Icós Pequenos e principalmente pelas tribos
Arius e Pegas) que habitavam a nossa região, que ao longo dos
tempos e de acordo com a localidade por onde ele passava foi
chamado por diversos nomes como: Riacho da Caiçara, do Bom-
Sucesso, do Carneiro, das Caiporas, de Jericó e Riacho São
Bento, que o designa atualmente de uma forma geral.
Queixerobebe, na língua do gentio, era o desígnio da ave
símbolo do entardecer no sertão. O sabiá é, sem dúvida, o mais
belo canto da natureza a alegrar as tardes invernosas de nossas
matas. A abundância dessa ave na região definiu o nome do
principal afluente do São Bento, que ainda hoje é conhecido como
o Riacho do Sabiá, o qual nasce na Serra do Comissário,
município de Lagoa – PB.
Apesar de ter residência fixa na ribeira do Rio do Peixe
(região de Sousa), o capitão José Fernandes teve uma forte atuação
nas duas primeiras datas requeridas no Riacho Quixo-Ponto,
desbravando e colonizando com sua gente, casas de currais e
muito gado “vacum e cavallar”. O Capitão José Fernandes além
de muito conhecido na região era muito influente, como se pode
ver, nos diversos requerimentos de sesmarias e datas
circunvizinhas, e mesmo após a sua morte, nas quais se faz alusões
constante ao seu nome e aos seus lugares, que receberam os nomes
de Caiporas de Cima e Caiporas de Baixo. Esta última sesmaria
pertencia ao seu filho, o Dr. Manoel Fernandes da Silva, que era
sacerdote do hábito de São Pedro e morava na cidade de Olinda,

43
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
em Pernambuco e que, pela sua ausência, era administrada pelo
seu pai.
As duas datas que ficavam riacho acima, em busca do Bom-
Sucesso, concedidas aos irmãos do capitão, não foram povoadas
por aqueles e conseqüentemente, pelo abandono, foram mais tarde
reivindicadas por outros que as receberam por sesmarias,
conforme podemos ver nos enumerados requerimentos que cito a
seguir.
Alem das datas citadas, o capitão José Fernandes era
possuidor de um sítio no Cariri Velho, chamado Poço Verde, no
riacho de nome Porteira que deságua no Rio Paraíba. O mesmo foi
adquirido por compra em data anterior a 1716 e vendido em 9 de
janeiro de 1740. Tal sítio ficava vizinho ao do seu irmão o tenente
Francisco Fernandes de Faria, que morava na cidade de Goyanna,
Capitania de Itamaracá, hoje Pernambuco.
Em 1723 o Capitão José Fernandes requereu e recebeu a
concessão de mais uma sesmaria com três léguas de comprido no
riacho da Cobra que deságua no Rio Seridó. Mas, por não ter
povoado com seus gados tal propriedade, em 1735 o Coronel
Lourenço de Góes e Vasconcellos as requereu para si e recebeu,
alegando que já estava prescrita, devoluta e sem povoação, a
concessão feita ao Capitão José Fernandes.
Entre 1729 e 1730 dois filhos do capitão, um de mesmo nome,
e outro de nome José da Silva Fernandes, requereram e receberam
a concessão do logradouro Sabiá. Tal logradouro vinha sendo
povoado e ocupado com seus gados desde 1705. O mesmo havia
ocorrido com a data de Riachão, que se liga com as Caiporas de
Baixo e Sabiá, a qual foi igualmente ocupada, mas que só em
1752, após a morte do capitão, é que o seu filho, Padre Manoel
Fernandes requereu e recebeu a concessão de citadas terras,
conforme transcrito a seguir (mantido a grafia original):
Em data de 20 de dezembro de 1752, o Doutor Manoel
Fernandes da Silva, sacerdote do habito de São Pedro, morador
na cidade de Olinda, diz que seu pae José Fernandes da Silva,
capitão-mor que foi da capitania de Itamaracá pelos serviços que
fez a Sua Majestade nas guerras dos gentios bravos dos sertões
deste governo da Parahyba e Pernambuco, sendo um dos
primeiros descobridores e povoadores dos sertões e capitão de
44
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
cavallos nas ditas guerras, sustentando a sua companhia a sua
custa, e com grande despesa e risco de sua vida e de seos
escravos e familiares, que os acompanharam nas guerras e nella
falleceram alguns como se mostra na narrativa que fez para
alcançar do governo a carta de sesmaria que alcançou em seu
nome e de seos irmãos Pedro e Francisco Fernandes de Faria, e
do reverendo suplicante seu filho, pela qual se concedeo em nome
de Sua Majestade doze léguas de terras pelo riacho chamado pelo
gentio de Quixo-Ponto, hoje vulgarmente conhecido por Caiporas,
três léguas de comprido e uma de largo para cada um hereo pelo
dito riacho acima, e logo tomou o pae do supplicante posse
judicial e corporal das terras doadas, povoando dois sítios um
chamado Caiporas de cima, que tomou para si e outro chamado
Caiporas de baixo que povoou em nome do reverendo supplicante
e não se preencheram as doze léguas por se introduzirem nellas
outras differentes pessoas pedindo por devolutas e ficaram os
hereos tios do supplicante perdendo a mercê nas terras que na
data se lhes concedeu, ficando o pae do supplicante e este na
posse dos sítios Caiporas de cima e Caiporas de baixo, e nelles se
conservaram mansa e pacificamente, cada um com todos os seos
pertences e logradouros, bem como os logradouros do Riachão e
do Sabiá até o presente, a quarenta e sete anos, e correndo o
tempo e estando o pae do supplicante auzente na Bahia onde
falleceu, por se supor estar o logradouro Sabiá fora da terra
doada , a pediu a este governo um irmão do supplicante chamado
também José Fernandes da Silva, em seo nome e de outro José da
Silva Fernandes e delles se lhes mandou passar carta de sesmaria
em um dos meses do ano de 1729 ou 30, e na posse daquellas
terras suas pertenças e logradouros sempre se conservou o meu
irmão até o tempo do fallecimento, e depois delle e do pae do
supplicante ficou este na posse das terras como herdeiro universal
dos defuntos seo pae e irmão, e como proximamente tive notícias
que algumas pessoas ambiciosas e malévolas pretendem tirar
carta de sesmaria do logradouro Riachão, de cuja posse se acha o
supplicante desde o tempo da data junta, e para se livrar de
duvidas e de vizinhos mal inclinados, quer alcançar pelos mesmos
serviços que seu pae fez a S. M. e também por não se ter
preenchido as doze léguas concedidas na data junta, a mercê de
45
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
lhe mandar passar carta de sesmaria das terras do logradouro
Riachão pegando as sobras dos sítios das Caiporas e do Sabiá,
com todos os seus pertences, vertentes e logradouros, até
encontrar com as testadas das terras circunvizinha. Foi feita a
concessão, no governo de Antonio Borges da Fonseca.
O José da Silva Fernandes que requereu juntamente com seu
irmão as terras do Sabiá em 1729 ou 30 era filho ilegítimo do
Capitão e por isso não teve direito na herança do seu pai e irmãos
nas terras das Caiporas de Cima (onde morava), Riachão e na
outra metade do Sabiá, ficando de posse apenas da parte que lhe
coube no requerimento feito mais seu irmão José Fernandes da
Silva (filho legítimo do Capitão-mor).
Como já dito, o Capitão Jose Fernandes da Silva morava nas
várzeas de Sousa, perto de Acauã, onde tinha uma grande fazenda,
requerida em 1700. Teve ele dois filhos legítimos, o Padre Manoel
Fernandes e outro com nome igual ao seu, os quais morreram sem
deixar herdeiros. O Capitão, estando doente, foi se tratar na Bahia,
aonde veio a falecer em data incerta, anterior a 1750. Após a
morte do Padre Manoel, herdeiro universal do Capitão e de seu
irmão, ficou todas essas terras devolutas e por não haver um
herdeiro direto, coube então ao filho ilegítimo a tarefa de cuidar de
todas as posses deixadas por sua família de sangue. Contudo, sem
um documento que respaldasse os seus domínios, as terras foram
passando de pai para filho sem inventários e sem registros
cartoriais de venda. Foi desse José Fernandes da Silva, que ao
contrário dos irmãos teve vários filhos, que nasceram muitas das
famílias tradicionais de Jericó, Lagoa e Pombal, como os
Fernandes da Silva e os Rodrigues Fernandes (Pombal e Lagoa),
os Fernandes Carneiro (Lagoa e Riacho dos Cavalos), os
Fernandes de Melo (em Jericó) e outras.
Os Fernandes de Melo detiveram a posse das terras do
entorno de Jericó por quase duzentos anos, sendo os últimos a
assinarem com o nome da família os irmãos Pedro Cláudio e Jose
Fernandes de Melo que moravam na Várzea dos Pedro. Mas a
falta de documentos comprobatórios de suas heranças possibilitou
que grande parte de seus campos inexplorados fosse habitada por
estranhos, e esses posseiros posteriormente as requereram para si,
como é o caso das fazendas Caibeiras, Jatobá, Fortuna, Alto
46
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Alegre e São Francisco que foram apossadas por Inocêncio
Capistano de Oliveira, por volta de 1870. Inocêncio manteve a
posse dessas terras na base do rifle, sem que houvesse contestação
por parte dos verdadeiros donos, os Fernandes de Melo, porque
aqueles nada possuíam de documento para comprovar que eram
eles os legítimos senhores e herdeiros dessas terras.
O sítio Riachão citado no requerimento acima não é o
Riachão pertencente ao atual município de Mato Grosso, mas sim
o que fica na estrada que vai para Sousa, entre o sítio Triângulo e
o sítio Mofumbo, o qual ficava ligado às datas do Sabiá e Caiporas
de Baixo pelo lado sudoeste.
Acredito que o que levou o Capitão José Fernandes (possuidor
das terras das Caiporas de Baixo e Caiporas de Cima, que juntas
tinham seis léguas de comprimento) a estender o seu domínio para
as terras do Sabiá e Riachão, além do fato de estarem devolutas,
deva-se ao fato de ficarem no caminho de casa, já que este morava
no vale do Rio do Peixe (região de Sousa), e por onde sempre
transitava. Quanto ao fato de ter abandonado as outras duas
sesmarias (Carneiro e Bom Sucesso) que foram doadas a seus
irmãos pela coroa portuguesa no mesmo requerimento, riacho
acima, não se tem um motivo concreto já que se tratava de terras
de excelente qualidade, tanto é que logo foram povoadas por
outros. Entretanto, acredito que o fato da Casa da Torre já vir
criando seus gados há vários anos em parte da fazenda Bom
Sucesso tenha sido motivo de contendas e de possíveis
desentendimentos, levando-o a abandonar metade do que lhe foi
concedido, ou seja, duas propriedades com três léguas de
extensão, cada.
A sesmaria do Bom Sucesso, apesar de ter sido incluída na
carta de concessão de 1705, feita ao Capitão José Fernandes, seu
filho e dois irmãos, tendo ou não posse legal, continuou sendo
dominada pela Casa da Torre e posteriormente por seus
arrendatários.
A sesmaria do Carneiro, por ter sido abandonada pelos
sesmeiros de 1705, foi requerida posteriormente, fatiada em
pequenas fazendas, em datas posteriores, como a do Pau Ferro em
1724 e as do Sítio Saco e do Riacho Seco em 1743.

47
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em 23 de novembro de 1791 Domingos Fernandes Carneiro
requer e recebe a concessão das terras dos sacos das Serras do
Gonçalo, do Mato Grosso, do Espinho, do Moleque e do Jatobá.
Nesta data as terras do Riachão e Caiporas de Baixo já pertenciam
ao Capitão João Ribeiro da Costa Monteiro, adquiridas,
provavelmente por compra ao Padre Manoel Fernandes, antes de
sua morte, pois após este fato o seu irmão ilegítimo passou a
administrar todas as terras que pertenciam as Caiporas de Cima e
as da data do Sabiá.
A criação dos sítios e o povoamento do nosso território foram
assim sendo feitos à medida que iam sendo requeridas e
concedidas às cartas de sesmarias ou pouco antes.
Os requerimentos das sesmarias da vizinhança foram feitos na
seguinte ordem:
 Em 1705 o Quixó-Ponto (Jericó) – Capitão Jose
Fernandes da Silva, seu filho, Pe. Manoel Fernandes da Silva e
seus irmãos, Pedro de Faria e o Tenente Francisco Fernandes.
 Em 1706 o Ogon ou Hiagó (Catolé do Rocha) – Conde
de Alvor, Manoel da Cruz Oliveira, Bartholomeu Barbosa Pereira,
D. Clara Espíndola de Vasconcellos e Bento de Araújo Barreto.
Este último requereu em 1716 uma sesmaria que ia da sua fazenda
Bom Jesus, na cachoeira do riacho Ocon ou Bestas Brabas até o
riacho Curralinho, incluindo terras do sítio Catolé. Em 1717 D.
Clara requer, tomando estado de honra por ser moça donzela, o
sítio Catolé que ficava entre o riacho das Bestas Brabas e o riacho
Hiagó, tornando sem efeito parte do requerimento de Bento
Barreto. A concessão foi confirmada pelo Rei de Portugal em 6 de
maio de 1719. (Ocon, Hiagó e Ogon são variantes da escrita da
palavra Ogó, material muito parecido com o ouro que tanto foi
procurado pelos nossos colonizadores. O ogó, apesar de conter
elementos de valor, também era conhecido como ouro de tolo).
 Em 1724 o riacho do Pau-ferro – Sargento-mor André de
Souza de Pereira, seu filho Luiz Pereira de Miranda e o Capitão
Constantino de Oliveira Ledo. Correndo dito riacho entre o sítio
Bom-Sucesso de Jorge Pacheco e o sítio Pilar de Constantino de
O. Ledo, desaguando no riacho da Caiçara (hoje Bom-Sucesso).
Após comprar a parte pertencente ao Capitão Constantino, o
Sargento-mor André Pereira vendeu juntamente com sua espora
48
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Izabel Vieira de Sousa, ao Alferes Miguel da Silva Xavier,
conforme escritura do ano de 1731, existente no Cartório Cel. João
Queiroga de Pombal, no livro de notas do mesmo ano.
 Em 1729 o Sabiá – José Fernandes da Silva e José da
Silva Fernandes (o primeiro era filho legítimo do Capitão José
Fernandes e o segundo era ilegítimo).
 Em 1732 a Malhadinha – (essa sesmaria só foi registrada
no Cartório de Pombal em 1775, ver teor completo no Anexo I)
Manoel de Brito Silva. A data ficava entre a serra que divide o
sítio Ribeira da Várzea Grande buscando o poente até a serra -
vermelha e do sítio Timbauba até os sertões das Caiporas de Cima.
 Em 1735 o riacho Pedra Branca - José da Costa Lima.
Dito riacho deságua no riacho Carneiro.
 Em 1743 o Riacho Seco - Diogo Nogueira Leitão,
incluindo o sítio imburanas. Limitando-se ao norte com o sítio
Bom-Sucesso e ao sul com o sítio Carneiro.
 Em 1743 o sítio Saco – Dona Antonia de Carvalho Maciel.
Limitando-se ao sul com a serra do Carneiro, ao norte com os
providos do sítio São Pedro do reverendo Pe. Pedro Bizzerra e
pela parte do leste com o riacho das Lages.
 Em 1748 o Brejo dos Cavallos ou Timbaubinha (Brejo
dos Santos) – Reverendo Padre Pedro Bizzerra de Brito. Do sítio
do Mendonça até o sítio S. Pedro do suplicante e do sítio Pilar ao
sítio Pau-Ferro e Diogo Nogueira.
De Santo Antonio e Bom-Sucesso não nos foi possível
localizar as datas dos requerimentos das sesmarias, visto que essas
terras já vinham sendo povoadas pela Casa da Torre. Contudo há
referências a tais fazendas, constando os nomes dos seus primeiros
possuidores ou arrendatários nos requerimentos das sesmarias
circunvizinhas e nas citações de limites, a partir de 1700.
Bom-Sucesso foi a fazenda que atingiu maior índice de
crescimento nas primeiras sete décadas, em virtude dos seus
atrativos naturais, tais como: terras boas para o cultivo da cana de
açúcar, que davam boa produção de melaço e rapadura, que eram
artigos muito requisitados nos sertões daquela época e pelas suas
águas abundantes e constantes, proveniente das suas nascentes,
que tornavam boa parte do riacho São Bento perene por todo ano.

49
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Com o cultivo da cana de açúcar surgiram vários engenhos
nos arredores de Bom-Sucesso, que conseqüentemente trouxeram
uma grande concentração de renda aos Senhores daquelas terras.
Para tocar toda aquela agricultura, centenas de escravos africanos
foram adquiridas para o trabalho no entorno e isso muito
contribuiu para que Catolé fosse considerado, até 1850, o
município de maior infiltração negreira da Paraíba.
Os caminhos abertos e trilhados pelos nossos desbravadores
são as mesmas estradas ainda hoje utilizadas. Por estes a vida
seguiu a curtos passos, tal qual o povoamento de nosso município
que, como em grande parte do alto sertão, ocorreu de forma muito
lenta e gradativa.

50
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO VI

Os Nomes de Jericó

A
ntigos moradores, dentre eles o meu pai que era grande
conhecedor da história do nosso lugar, davam a existência
de cinco nomes: Quixó-Penoso, Floresta, Caiporas,
Jericó, Itacambá e por fim, novamente Jericó. Mas é bom que se
registre que em nenhum documento, escritura ou livro em que
pesquisei, foi encontrado algum registro ou referência ao nome de
Floresta bem como ao de Quixó-Penoso. Desse último, o mais
próximo que encontrei foi o registro do nome indígena dado ao
nosso riacho, que era conhecido como Quixó-Ponto.
A palavra quixó é originaria da língua Tapuia (nação indígena
que habitava os interiores) e quer dizer armadilha para caça de
pequenos roedores como preás e mocós e quixó-ponto (ou ponto
do quixó, quixó-penute ou quixó-penoso) devia ser uma referência
ao local de melhor caça para aqueles índios que viviam da pesca,
da coleta de raízes e frutos e da caça de animais de pequeno porte.
Quixó-Ponto era, portanto, como os tapuias chamavam o
nosso riacho e Quixó-Penoso (tradução portuguesa) foi o primeiro
nome dado, por nossos colonizadores, ao riacho e suas
adjacências. Mas logo passou a chamar-se o lugar de Caiporas, já
a partir do requerimento das datas de sesmarias em 1705, ficando
apenas uma minoria (provavelmente os descendentes dos índios)
usando o nome de Quixó-Ponto, Queixó-Penute ou Quixó-Penoso.
Já a palavra caipora (ou caapora = homem do mato ou
caipira) quer dizer morador do mato. Ente fantástico da mitologia
Tupi (nação que habitava o litoral), defensor da fauna e da flora. É
representado de diversas formas, de acordo com a região, sendo a
mais comum a de um índio montado em um porco-do-mato, que
habitava as densas matas e que só permitia a passagem das pessoas
estranhas que lhes deixasse fumo de corda para aplacar a sua ira.
Num contexto atual caipora corresponde a ecologia.
Tendo sido, outrora, os nossos baixios extensos e largos,
recobertos por uma densa vegetação nativa majestosa, alta e
51
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
fechada, formada de frondosas oiticicas, canafistulas, pau-darcos,
aroeiras, angicos, etc. entrelaçadas com mofumbais adensados que
escureciam o seu interior e infestada de porcos selvagens (porcos
do mato) que assustavam com suas arrancadas e roncos, e que
certamente provocavam medo nos que por ali passavam. Isso
provavelmente despertou a crendice peculiar aos nossos
precursores, que passaram a acreditar na existência de índios
caiporas no local, que assustavam as pessoas que trafegavam por
aquelas paragens. Também é provável que tenham ouvido falar na
lenda Caipora, logo que aqui chegaram. Tal lenda fazia parte das
crendices dos nossos nativos, que com a sua dizimação,
juntamente com tudo o que lhes pertenceu, foi aos poucos se
perdendo no tempo (veja o capítulo “Manifestações Folclóricas –
A lenda da Nação Caipora”).
Criou-se o mito da existência de tais índios invisíveis logo nas
primeiras entradas de reconhecimento e daí em diante passaram a
chamar o lugar de Data das Caiporas de Cima, Sítio das
Caiporas e mais tarde povoação de Caiporas.
O lugar ficou assim chamado por quase duzentos anos. E só
quando em 1875, durante o sermão de inauguração da igreja
matriz, construída pelo reverendo missionário celebrante
Hermenegildo Herculano Vieira da Costa, é que, sabedor da
multiplicidade de nomes do lugar e principalmente do incidente
ocorrido com o reverendo Ibiapina, pediu ao povo para que não
mais chamasse a povoação por tantos nomes e notadamente de
Caiporas. Segundo ele esse nome também significava coisa
azarada e agourada e poderia trazer atraso para tão bela comuna.
Notando não haver consenso entre os habitantes para
aceitação ampla de um dos nomes já existentes, tomou a liberdade
de relatar que havia ele mesmo pesquisado os arredores da
povoação e estava convicto de que o nome que melhor
representaria esta localidade seria o de JERICÓ, considerando-se
as peculiaridades que ele pessoalmente encontrara e que em muito
tinham a ver com esse nome.
A primeira foi que Jericó era o nome bíblico de uma cidade
da Palestina, a qual conhecera, que era rodeada de montanhas e
que em muito se parecia com esta. Uma cidade com mais de 4.000
anos de vida e de uma história belíssima, por onde Jesus havia
52
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
passado e feito milagres. Tida como a cidade da bem aventurança.
Portanto uma cidade realmente santa.

(Erva Jericó na estação do inverno)

53
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Erva Jericó na estação da seca – hibernação)

O outro fator que levou o missionário a escolher o citado


nome, fator este que foi preponderante, convincente e decisivo,
decorre do fato de existir nos arredores da povoação grande
abundância da Erva Jericó, cujo nome científico é Selaginela
Convoluta. Este selagineláceo que seca sem morrer, ocorre
exclusivamente na caatinga nordestina e cujas folhas gozam da
propriedade de, durante a estação da seca, enrolar-se em bola,
abrindo-se de novo ao chegarem às chuvas. Apesar de não
produzir flores, consegue se reproduz por meio de esporos
situados em esporângios.

(Derrubada das muralhas de Jericó ao som das trombetas)

54
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
A Erva Jericó, como a Rosa-de-Jericó que é natural dos
desertos da Arábia, é, pois, espécie que seca, parecendo como
morta, e revive mais tarde.
Partindo o nobre obreiro desse princípio, não podia ter
escolhido nome melhor para nosso torrão, uma vez que sendo
JERICÓ o nome de uma planta puramente nordestina, tipicamente
sertaneja e completamente adaptada à caatinga que nos rodeia, era
este sim, o nome que melhor representaria este povo. Povo este
que é, inegavelmente, tão jericoense e sertanejo como o próprio
sertão, que com sua resistência consegue se transpor frente às
agruras próprias à caatinga, seu bioma natural e que ao mesmo
tempo se encontra ávido a rebrotar na primeira neblina, a reerguer-
se com força rejuvenescedora implacável ao primeiro limiar, sem
jamais esmaecer.
Felizes com a representativa escolha feita pelo respeitado
pastor a partir daí a grande maioria da população passaram a se
identificar já como jericoenses enquanto uma minoria relutava em
chamar o lugar de Caipora. Havia também uma reduzidíssima
parcela ainda a alcunhava de Quixó-Penoso.
Por outro lado existia um grupo de pessoas que odiavam
essas denominações antigas e também não aceitaram a sugestão do
missionário. Esses continuaram a chamar, como já o chamavam
por ter sido sugerido por Padre Ibiapina, ou seja, pela
denominação de Floresta.
Essa última denominação, bem característica, era fruto duma
realidade vivida no passado, e vista ainda nos dias de Ibiapina, em
que tudo isso, realmente, mais parecia uma grande floresta. O
nome Floresta foi dado em conseqüência da exuberância daquela
mata que recobria todos esses baixios, a qual sumiu
completamente frente às seguidas derrubadas.
Se assim o chamássemos hoje, seria não só pelo seu passado
verdejante, pois hão de convir que se nossos baixios foram
desnudados completamente de seu manto, o contrário tem ocorrido
com nossa cidade que é hoje, inegavelmente a mais verde dos
sertões e que muito positivamente tem contribuído para atenuação
do nosso clima, tornando-a ainda mais aprazível e deleitável.
Os dois grupos de carrancistas, outrora existente, fora uma
minoria que aos poucos cedeu e findou por aceitar a decisão da
55
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
maioria e o sugerido logo caiu na boca do povo, que em sua
totalidade aclamou o nome de Jericó.
Mas esse nome ficou somente até a década de 40 do século
seguinte, ou seja, até 1944.
A frente da presidência da República do Brasil o Dr. Getúlio
Dornelles Vargas, nomeia um servidor especializado em línguas
indígenas para visitar todos os lugares do país que se julgasse estar
com a nomenclatura imprópria ou em desacordo com os anseios
populares, para dar nomes a esses de acordo com as características
ou acidentes geográficos pitorescos e predominantes nos seus
arredores.
Chegando aqui o Dr. Érico Clerô, logo justificou que a cidade
de Jericó na Palestina teve as suas muralhas derrubada e fora
amaldiçoada por Deus e que a daqui nada tinha de comum que
justificasse esse nome.
Perguntando antes pelos nomes anteriores, visitou os
arredores do distrito encontrando grande beleza e admiração no
formato arredondado da Serra Lisa. Mas ficou encantado mesmo
foi com os traços que a natureza, utilizando-se da ferramenta da
erosão do tempo, deu a famosa pedra que desponta majestosa
sobre a Serra do Moleque, que tem o formato de uma cabeça
humana e decidiu que o distrito passaria a se chamar, daí em
diante, de Itacurumi ou Itacambá.
A sua definição pelo segundo nome baseou-se no critério
seguinte. O primeiro elemento da junção proposta era a palavra
“Ita” que em tupi queria dizer pedra. Para a escolha do segundo
prevaleceu à definição de que a palavra “curumi” referia-se mais à
criança e “cambá” era o termo que melhor definia a palavra
moleque e assim sendo optou por Itacambá e como tal foi
oficializado.
Acontece que esse nome não despertou o gosto do povo e
criou-se logo um clima de insatisfação muito maior no seio da
população que comungava pelo retorno do nome de Jericó.
Na época, era vigário na região, o famoso e polêmico Padre
Manoel Otaviano Moura Diniz, que sabedor do descontentamento
popular local, agarrou a causa e saiu em defesa da bandeira
jericoense. Fez discursos no rádio e até no plenário da Assembléia
do Estado, alegando, com fundamentos justos, que a pedra que
56
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
estava dando nome ao lugar, apesar da proximidade, ficava no
vizinho município de Pombal (hoje pertencente à Lagoa) e que a
vontade popular era algo incontestável.
Contava o meu pai que na época existia na casa do
comerciante Belísio Neves, um rádio, o primeiro das paragens,
que fora comprado numa sociedade feita pelos concidadãos mais
afortunados do lugar, o qual era palco duma cativa roda de
ouvintes que diariamente se reunião para escutarem o noticioso.
Acontece que, próximo à data de um pronunciamento do afamado
tribuno, arriaram as pilhas daquela encantadora invenção de
Marconi. E essas baterias só se adquiriam em Campina Grande.
Mas como isso não era problema que uma pitada de boa vontade
não resolvesse, enquanto os ouvintes faziam silêncio absoluto,
Hospírio de Melo, com a mão por traz da orelha e colado no rádio,
escutava atentamente ao pronunciamento, cheio de eloqüência e
sinônimos de nosso defensor e vez em quando dizia: o doutor ta
apanhando do padre!
Somente após os discursos e votações é que Hospírio pode
retransmitir aos presentes tudo o que realmente acabara de ouvir e
anunciar a derrubada do nome de Itacambá e a aprovação da volta
definitiva do nome de Jericó, ao que se segui uma demorada salva
de palmas, abraços e muitos gritos de alegria.
A 7 de janeiro de 1949, através da Lei nº 318, é restabelecido
o topônimo de Jericó.
De certo ficou que o Pe. Manoel Otaviano muito fez por
merecer o reconhecimento e a gratidão do povo jericoense, pelo
mérito de ter retornado, a nossa terra, o nome de JERICÓ.

57
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Hospírio de Sousa Melo – Comerciante – pai do primeiro médico de Jericó, Dr. Gilson)

58
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO VII

Religiosos e suas obras


O 1º CEMITÉRIO

59
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

C
elso Mariz, no seu livro Ibiapina: Um apóstolo do
Nordeste relata que: Pe. Jose Antonio Maria de Ibiapina,
foi um servo de Deus que doou grande parte de sua vida,
obsequiosa e dedicada, a causa dos pobres, dos doentes, dos
órfãos e dos velhinhos. Toda sua vida sacerdotal foi dedicada à
pregação dos ensinamentos bíblicos do amor ao próximo e da luta
diária por um mundo melhor. Por onde passou, nos sertões do
Ceará, Rio G. do Norte, Pernambuco, Piauí e Paraíba, ele deixou
uma obra: um hospital; um convento; uma casa de caridade; um
leprosário; um orfanato; um centro educacional para moças e
meninas pobres; uma capela; uma igreja; um açude; uma
cacimba comunitária ou um cemitério.
Ibiapina foi advogado, deputado e juiz e por causa de uma
desilusão amorosa abandonou uma carreira de sucesso só vindo a
encontrar resposta e sentido para suas angustias no seio dos
excluídos. Possuidor de grande inteligência e poder de persuasão
mobilizava verdadeiras multidões nos sermões e pregações que
proferia pelos sertões afora. Logo o seu nome correu por todos os
recantos. Onde houvesse um cristão já se sabia de Ibiapina, de
sua fama e até dos seus milagres.
Ibiapina era incansável e trabalhava com a multidão
hipnotizada em festa de fé e glória pelas realizações. Sempre
doutrinando, ensinando, curando, batizando, casando,
aconselhando, harmonizando e construindo. Construindo obras
que era feita em poucos dias, por maior que fosse com a
participação de todos, da criança ao ancião.
Um cemitério naquele tempo era uma obra vista como notável
e piedosa. Mas aqui não existia um para acolher as gerações que se
findavam. Os indigentes eram enterrados nos tabuleiros dos
arredores da povoação e apenas alguns, mais ricaços, eram levados
para serem sepultados em Catolé.
No início de 1872 ele chega a nossa povoação. Conclama o
povo a edificar um cemitério que é feito em poucos dias, apesar
dos poucos recursos do povo da época. Contribuíram uns com
gado, legumes e dinheiro e outros com os seus serviços ou
cedendo os seus escravos, e foi, principalmente, com a inegável
contribuição da mão de obra dos escravos que fizeram os serviços
mais pesados e perigosos de nossa matriz.
60
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Foi então feito em pedra e cal e com grande beleza estética
acompanhando os padrões da época. O principal colaborador foi o
fazendeiro Inácio Alves (do Saquinho), pai de Chico Adelino, que
foi Alferes da guarda nacional.
No sermão de inauguração ele planta a semente da
necessidade de se construir uma igreja para culto e obra do senhor
e que deveria ser construída próxima ao velho cruzeiro, que já
existia e que ficava onde hoje se encontra a Praça de Frei Damião.
Era pretensão de Ibiapina que essa obra fosse logo iniciada, bem
como que o povo passasse a adotar para o lugar um único nome.
Foi então que ele sugeriu que se passasse a chamar o lugar
somente pelo nome de Floresta, porque um lugar tão verde e tão
belo como este só podia ter um único nome, e aquele era o que
melhor o representaria.
Acontece que essa sugestão foi mal vista por alguns
fazendeiros radicais da época e principalmente pelo chefe político,
o subdelegado Domingos Pires de Carvalho, que manifestou de
imediato a sua oposição e juntos se afastaram do conselho da
irmandade que haviam constituído para a edificação das obras
eminentes obras religiosas.
Esse fato causou grande desgosto ao reverendo missionário
que aborrecido foi embora para nunca mais voltar e no dia de sua
partida, após atravessar o riacho, tirou as alpercatas e bateu-as
dizendo: Fica-te ai Caipora, que disto nunca hás de passar.
Testemunhou esse seu desabafo o saudoso conterrâneo
Balbino de Sousa, que o acompanhou como pajem até Santa Cruz.
Temerosos que as palavras do poderoso e milagreiro padre se
tornassem realidade, três anos depois, a grande maioria da
população aclamou de bom grado a sugestão feita por Frei
Herculano e mudaram o nome para JERICÓ.
Esse fato lamentável, que trousse tanto desgosto ao
revolucionário missionário, ocorreu por influencia de mentes do
passado que, apesar de estarem extintas, deixaram marcar e que
ainda hoje restam provas dessas velhas sementes de desunião.
Num exemplo desses resquícios do passado, bem parecido,
temos uma localidade no extremo sul do município que seus
moradores, ainda hoje, não comungam de um nome só. Uns
chamam o lugar de Açude, outros de Deus Querendo, alguns
61
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
outros de Bom Jardim e outros, por fim, de Cornélios, sem falar
que existem duas casas, uma de um lado e outra do outro do citado
sítio (ou citados) que seus proprietários chamam de Alto da
Palmeira e Várzea do Romão.
IBIAPINA foi, portanto, a primeira pessoa a prestar serviço
gratuito a nossa comunidade, numa obra de interesse coletivo.
A Primeira Igreja

Igreja de N. S. dos Remédios – Matriz de Jericó

Hermenegildo Herculano Vieira da Costa foi outro


sacerdote que viveu na mesma época de Ibiapina que, senão de
igual talento e poder místico, foi também um esforçado pregador e
construtor de igrejas, cruzeiros e cemitérios.
Plantada a semente por Ibiapina, não foi difícil para Frei
Herculano congregar o nosso povo para a grande tarefa da
edificação de nossa igreja matriz, para a qual foi escolhida como
padroeira a virgem dos Remédios, a exemplo da matriz de Catolé.
Três anos após a rica estada do Pe. Ibiapina em nosso meio,
portanto em 1875, chega a nossa querência o idealizador de nossa
casa de oração. Na mesma época ele edifica as igrejas de Catolé e
Pombal. A daqui foi construída no mesmo molde e tamanho que
ainda é hoje, só que com os patamares frontal e lateral esquerdo

62
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
muito íngreme, como ainda é o do lado direito e com o teto bem
baixinho.
No sermão de inauguração ele, novamente, a exemplo de
Ibiapina, sugere a mudança do nome da povoação, mas desta vez,
para evitar discórdias e descontentamento, propôs que se chamasse
o lugar de Jericó e a sugestão foi logo acatada pela população.

OUTRAS OBRAS
A igreja foi construída só que ficou com o teto muito
baixinho, tanto que os meninos tiravam os ninhos de andorinhas,
no frechal subindo nos ombros uns dos outros e somente no ano de
1912 é que com o empenho mobilizador do Pe. Vicente Ferreira
Rodas é que foi feita a primeira obra de modificação do prédio, na
qual subiram um dos oitões, deixando as empenas nas alturas em
que estão hoje, mas só vindo a ser concluída, completamente, em
1922, novamente sob a orientação do Pe. Vicente Rodas.
Antes da reforma de 1922 as criações de bode do Sr. Antonio
Pereira, que era um católico fervoroso, tocador do sino e que
acolhia a todos os padres em sua casa, subiam pela parede do
muro da casa paroquial, que ficava na parte de traz da igreja, e iam
parar na cumeeira. Tinham tardes que havia mais de cem cabeças
de criação de bode berrando e saltando nas alturas. Elas criavam
ares de entardecer únicos, peculiares e próprios daquele pequeno
arruado.
Certa vez caiu, durante uma noite de chuva tempestuosa, um
raio, na cumeeira da igreja, que arrancou parte do frontão e o
cruzeiro que nunca mais foi encontrado. No acidente morreram
mais de trinta criações de bode do Sr. Antonio Pereira que se
protegiam da chuva recostadas à parede.
O conselho paroquial na época do Pe. Vicente Rodas era
formado por mulheres que, de forma curiosa, tinham nomes com
finais muito parecidos. Eram elas: Raquelina; Santina; Jovilina;
Erundina; Flausina e Maria Delfina.
A construção da torre e a troca do telhado de telhas de barro
por telhas de amianto bem como o forro de gesso aconteceram na
gestão do Padre Martinho Queiroga Salgado, juntamente com a
reforma dos patamares frontal e lateral esquerdo.

63
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Os padres que ministraram em Jericó foram, nos primeiros
dias, os catequistas de Pombal (23 ao todo) até 1835 quando foi
criada a freguesia de N. S. do Rosário, posteriormente consagrada
a N. S. dos Remédios, da Vila de Catolé. A partir daí atendiam a
capela os vigários da Matriz, que ao todo foram 28 vigários e 5
cooperadores no período que foi de 1835 a 1961 quando então foi
à capela de Jericó elevada à condição de Paróquia. Depois vieram
os Padres: Jerônimo Munhoz (07/65 a 10/67) construiu o Ginásio;
Pe. João Andriola (04/68 a 09/69) fez a ampliação do Ginásio; Pe.
Martinho Q. Salgado (03/71 a 04/79) construiu a torre, os
patamares e trocou o telhado da Igreja; Monsenhor Amílcar (04/82
a 03/87) adquiriu um carro, restaurou o Centro Comunitário,
reformou a casa paroquial e organizou a vinda e permanência das
irmãs franciscanas (04/07/85 – Natalia, Madalena e Virgínia). A
partir daí as irmãs tomaram conta dos trabalhos catequéticos,
organizacionais e financeiros da paróquia.

O Grupo Escolar Francisco Maia


O Prefeito Francisco Rosado Maia (Rosadinho, 1947 a 51),
conduz em sua gestão, a adoção de várias medidas importantes
para a organização da futura cidade e uma das primeiras foi a
construção da primeira escola, já que no distrito não existia
nenhuma e o ensino, até então, era feito em casas de professores.
Em 1949 ele inaugura o Mercado Público Municipal e o
Grupo Escolar que recebe o nome do Cel. Francisco Maia.
O Coronel Francisco Hermenegildo Maia de Vasconcelos
(1836 a 1935) foi figura importante na condução do domínio
político de Catolé no período marcado pelo final do Império e
início da República. O Coronel Francisco Maia, carinhosamente
chamado de Papai Maia, nasceu em 06 de agosto de 1836, em
Aguiar/PB, filho de Manoel Antônio Maia de Vasconcelos e de
sua prima e esposa Maria Olímpia do Amor Divino, casou-se em
primeiras núpcias com Ermina Vasconcelos Maia, em 1855, com
quem teve 12 filhos, a saber: Horácio, Ermino, Manoel, Américo,
Sérgio, Francisco e Antônio H. Maia de Vasconcelos e Francisca,
Júlia, Ana, Maria e Laura Ermina Maia de Vasconcelos,
posteriormente casou-se com Guilhermina Francisca Maia, que
não deixou descendência, e, por último, contraiu matrimônio com
64
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Idalina Francisca Rodrigues Maia, viúva do seu sobrinho João
Agripino Maia de Vasconcelos, tendo com ela dois filhos, Elvira e
Chiquinho, mortos com 18 e 15 anos, respectivamente. Dominou a
política na região de Catolé do Rocha ao longo da segunda metade
do século XIX e foi considerado uma das figuras mais notáveis do
sertão paraibano, embora nunca tenha efetivamente exercido
nenhum cargo político, a não ser o de Comandante do Quartel do
Comando da 13ª Brigada da Guarda Nacional. Preocupava-se
bastante com o ensino, empenhando-se na construção de escolas,
razão pela qual foi considerado o responsável pelo preparo da
geração, composta por filhos, sobrinhos e enteados, que
posteriormente, viriam a dominar a política e a economia da
região. Faleceu perto de completar 100 anos, em 04 de junho de
1935.
Em 1981 o Grupo Escolar, que até então lecionava somente
até a 4ª Série é estadualizado com o nome de Escola Estadual de
1º Grau Francisco Maia, implantando-se ali mais quatro séries,
passando os seus educandos a concluírem a 8ª Série e,
posteriormente, em 1986 foi elevado à condição de escola de 1º e
2º Graus. Hoje, após nova reforma no sistema educacional, vem
denominado como Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Francisco Maia.
Antecipando-se à campanha eleitoral de 1950, Américo Maia,
no finalzinho de 49, envia cartões natalinos às famílias jericoenses
com a fotografia da recém inaugurada escola.

65
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

O Cel. Francisco Maia acima, Américo Maia no


discurso de inauguração da escola, à esquerda e
alunos da 4ª série de 1963, abaixo.

O Ginásio Comercial N. S. dos Remédios

(Antigo Ginásio Comercial N. S. dos Remédios – Hoje Centro Comunitário)

66
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em defesa da cultura e da melhoria das condições de ensino,
irrompendo o grito preso na garganta dos pais dos estudantes
pobres daquela época, levanta-se decidido, um grupo, que viam as
pretensões de elevação do nível cultural dos seus filhos esbarrando
no descaso dos políticos da época, que persistiam em manterem-se
surdos aos clamores da jovem cidade.
Em defesa da abertura de um novo caminho, que os levaria a
um futuro melhor, reúnem-se ao redor da tenacidade do Padre
Jerônimo Munhoz, recém-empossado na condição de primeiro
vigário residente, valorosos cidadãos de minha aldeia.
Contava a cidade naquela época, apenas com o Grupo Escolar
Francisco Maia, construído em 49, que ministrava apenas da 1ª a
4ª série primária.
No início de 1966 é criada a nova escola que funciona durante
todo aquele ano, à noite, nas salas do Francisco Maia.
Em 10.05.1966 é feita, por João Rosado de Oliveira - o maior
bem feitor desta terra, à mitra diocesana de Cajazeiras, a doação
do terreno para construção do Ginásio Comercial N. S. dos
Remédios (5ª a 8ª série) e para angariarem os primeiros recursos
é idealizada, no mesmo ano, a primeira vaquejada de Jericó. Para
organização do evento reuniram-se: Sesefredo Lopes; Francisco
Lopes Neto; José Lopes de Sousa; José Costa; Eduardo Mathias;
Francisco de A. Sousa Silva (Tizinho de Augusto); Enoque
Bernardino; Braulino Oliveira; Otacílio Vieira e outros mais. Com
a renda do evento são construídos a secretaria e os dois primeiros
salões. Já em 67 a escola funciona em suas próprias instalações.
Dado o primeiro passo, envia o Pe. Jerônimo aos católicos da
Alemanha, um pedido de verba para termino do educandário.
Nesse período Jerônimo volta para a Espanha e assume a paróquia
o Pe. João Andriola que recebe os recursos pedidos e constrói
mais três salões em 1968.
Em 69 Jerôrimo volta a tempo de participar, com grande
alegria, da formatura da primeira turma concluinte.
O ensino público e gratuito ministrado no Francisco Maia
trousse a decadência ao velho Ginásio, que logo fechou suas
portas, vindo a ser posteriormente transformado em Centro
Comunitário e utilizado pelas irmãs franciscanas para encontros
religiosos e pequenas festas e reuniões da comunidade.
67
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Sob a supervisão da Diocese de Cajazeiras e Direção de
Francisca de Oliveira Cardins, o Ginásio Comercial bem serviu a
educação de nossos jovens até 1981.

(Primeira turma concluinte – 1969)

(Pe. Jerônimo em repouso na Casa Paroquial) (Pe. Jerônimo e Evandro na festa de conclusão)

(Jerônimo e família em sua residência em Salamanca na Espanha – 1994)

68
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO VIII

O primeiro governador a visitar


nossa povoação

E m 1860 sai em excursão ao interior da Província, Luiz


Antonio da Silva Nunes, o primeiro Presidente da Paraíba
a conhecer o sertão. Os seus antecessores limitaram-se no
reconhecimento das cidades próximas a capital.
Numa comitiva, a cavalo, visitaram as principais cidades,
fazendas, engenhos, vilas e povoados da época para ver e sentir de
perto as necessidades de seu povo.
O Sr. Silva Nunes hospedou-se por duas vezes, em
localidades diferentes do território de Jericó. Primeiro na fazenda
Pau Ferro, quando ia de Sousa para a vila de Catolé e depois na
povoação de Caipora, quando ia de Catolé para a vila de Pombal.
O historiador Wilson Seixas, no livro “Viagem através da
Província da Paraíba” nos mostra, com riqueza de detalhes, como
tudo aconteceu.
“Às 5 horas e trinta minutos da tarde do dia 2 deixou S. Exa.
a cidade de Sousa, em caminho à vila de Catolé do Rocha, com
igual acompanhamento da entrada, devendo pernoitar na fazenda
Timbauba, propriedade do sr. Miguel Pereira de Andrade, onde
chegou S. Exa. às 9 e três quartos da noite, tendo vencido a
distância de seis léguas.
Nesta Fazenda teve S. Exa. e a comitiva agasalho, comida e
boa hospedagem.
Às 3 horas e meia da madrugada, de 3 do corrente, deixou S.
Exa. o pouso da noite, a fazenda Timbauba, em continuação da
viagem, com destino a descansar na fazenda Pau Ferro,
propriedade do sr. Joaquim Vieira Torres, onde chegou S. Exa. e
sua comitiva às 8 horas menos 5 minutos da manhã, tendo
conseguido, nesse espaço de tempo, transpor a distância de 8
léguas.

69
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O almoço foi servido às 10 horas, comparecendo a mesa duas
sras., uma filha a exma. Sra. D. Leopoldina, e outra neta do
fazendeiro, dignando-se a primeira servir as pessoas presentes,
com amabilidade e agrado, tendo feito as honras da mesa com
muito desembaraço, o que sucedeu ao jantar, continuando a
exma. Sra. D. Leopoldina a mostrar-se obsequiosa.
Nas ocasiões em que se dirigiram a mesa, e na da chegada de
S. Exa. subiram ao ar porção de foguetes.
Deixou S. Exa. a fazenda Pau Ferro grato aos obséquios das
sras. e a bondade do sr. Torres que acompanhou a S. Exa. até a
vila do Catolé do Rocha, onde chegou o sr. Dr. Silva Nunes às 7
horas da noite, tendo vencido cinco léguas”.
A inusitada forma de recepcionar e servir aos visitantes,
prestada pela filha do nobre fazendeiro de tão longínqua paragem,
encantou a todos da comitiva a ponto de merecer registro
significativo. O fato causou surpresa a todos porque, no comum,
as mulheres da época e principalmente as moradoras da zona rural,
eram recatadas e tímidas ou, porque não dizer, beradeiras;
enquanto que Sra. Leopoldina mostrou-se educada, desinibida e
dominadora da etiqueta que a ocasião exigia.
“A meia noite partiu S. Exa. para a vila de Pombal.
Às 4 horas e três quartos da manhã do dia 5, depois de feito
caminho de seis léguas, chegou S. Exa. a povoação de Caipora,
onde descansou, em casas de residência do sub-delegado
Domingos Pires de Carvalho, em redes preparadas para esse fim.
Não obstante a hora adiantada foi servida uma mesa
suficientemente provida.
Deixou S. Exa. a casa do sub-delegado Carvalho às 5 horas e
dez minutos da manhã, em direção à vila de Pombal”.
Em 16 de maio do mesmo ano havia sido criado o distrito de
subdelegacia com o nome de - Caipora -, no termo de Catolé do
Rocha, comarca de Pombal. Seus limites eram: da Malhada da
Pedra a Santo Antonio, compreendendo os lugares Jenipapeiro,
Catinga, Pombal, Várzea Grande, Timbauba, Lages, Aroeira, Pau
Ferro de Cima, Bom Sucesso, Caiçara e o mesmo território e
nomeado para o meritório posto o senhor Domingos Pires de
Carvalho, que era a pessoa de maior influência na povoação.

70
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O subdelegado Domingos era fazendeiro e senhor de escravos
e, apesar de ter casa de residência na povoação e comercio em
Pombal, morava no sítio logradouro onde ficou famoso pela
dureza e pelos exageros que cometia no trato com seus escravos
nos quais batia, religiosamente, todos os dias.
Um fato curioso aconteceu no dia de sua morte.
Contava o meu pai que diziam os velhos de sua infância que
ia o cortejo levando o corpo do finado para ser enterrado em
Catolé, quando, nas imediações do sítio Malhadinha, de repente,
saíram de dentro do mato quatro homens negros, novos e fortes e
marcharam para os condutores do cadáver. Pegaram um em cada
uma das quatro pontas da escada de madeira, que era o utilitário da
época nos cortejos de longa distância, e um deles disse:
Baiba pru bachu
Pegui ai mai Cartachu;
E Mateu
Pegui aqui mai eu.
Dito isso, pegaram a escada onde levavam o cadáver de
charola e apressaram o passo, a ponto das pessoas que iam ao
cerimonial, que já vinham cansadas, não conseguirem acompanhá-
los e logo os perderem de vista. Mediante o ocorrido, alguns
quiseram voltar, mas decidiram por continuar e quando chegaram
ao lugar chamado por grota funda, de longe avistaram a rede do
velho, presa numa ponta de galha, no cume de um grande angico.
Aproximaram-se, procuraram e não encontraram o corpo do velho
e então foram correndo para Catolé e lá contaram o ocorrido ao
delegado e ao juiz que reuniu grande quantidade de soldados e
paisanos e vieram ao local onde fizeram uma varredura completa
em busca do cadáver, mas nada encontraram.
A rede do velho puiu-se ao labor do vento e da chuva e nunca
mais se teve notícia do que realmente aconteceu ao corpo do
subdelegado Domingos, ficando o local dado como mal
assombrado por muito tempo.

71
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

72
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO IX

Os cangaceiros e a invasão de Jericó

(Invasão de Jericó por Ulisses Liberato e seu bando)

As precárias condições para sobrevivência do homem no


sertão, onde quem mandava era dono de tudo e quem obedecia
sempre foi quem passou fome, sem dúvida, foi um dos elementos
indutores de levas de pessoas a ingressarem nos bandos de
cangaceiros, mas o grande berço desses foi, sem dúvida, o
apadrinhamento protecionista de alguns fazendeiros com
aspirações políticas de mando não só sobre os seus, mas
principalmente sobre os seus desafetos ou sobre aqueles que
teimavam em não se submeter ou baixar a cabeça as suas ordens.
Começaram esses núcleos agindo em particular sob a ordem
dos seus senhores, em favor de suas proteções ou de seus
benefícios, mas logo adquiriram vontade própria e passaram a agir
sob as ordens dos ‘chefes de bando’, tambem cangaceiros, que os
conduziram por toda a região. Praticavam todo tipo de atrocidade

73
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
imprópria as normas da lei e dos encinamentos bíblicos que regem
a nossa sociedade.
Vários desses bandos ficaram famosos e imortalizaram os
seus chefes como verdadeiras escórias da humanidade. Entre
outros tantos estão: Sinhor Pereira e Ulisses Liberato (que
esteveram aqui em 1922), Antonio Silvino (que esteve em 1914),
Curisco e Zazá e o lendário Lampião (que graças a Deus nunca
pisaram aqui).
O sertão foi o palco dessa estirpe.

Alguns desses passaram por aqui sem deixar rastos de


moléstia a nossa comuna, mas em fevereiro de 1922, na manhã do
dia 24 (ou 25), a nossa paz foi ameaçada por um bando de
cangaceiros formado por cerca de mais ou menos 22 homens
fortemente armados e municiados, chefiados por Ulisses Liberato

74
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
e Sinhô Pereira. O bando agoureiro ia destinado a assaltar a
fazenda Dois Riachos do potentado Valdevino Lobo, de onde
conseguiram levar grande quantidade de dinheiro, jóias, ouro e
prata.
Os meliantes procediam do Barro, da Zona do Navio (Riacho
do Navio), vale do Pageú cearense, berço nativo dos mais célebres
bandoleiros, e pela linha que traçaram, Jericó estava apenas no
caminho que rumavam.
Pela velha trilha que ligava as povoações de Jericó e Lagoa,
subia o bando, a passos largos, rumo a Jericó pela antiga vereda,
que hoje serve de acesso à fazenda dos herdeiros do Major Raul
Rodrigues, sem que soubesse que eram vigiados, de longe, por um
desconhecido vaqueiro caçador.
No sopé da Serra do Sabiá existia uma grande umburana onde
o bando abrigou-se por alguns instantes. A sombrosa árvore ficou
como testemunha, marcada que foi por aquela funesta horda, que
por ali passava, por lhes ter dado pouso e descanso. Em seu grosso
tronco esculpiram desenhos do Símbolo de Salomão (cruz de
Davi) à ponta de punhais e o alvejaram com seguidas rajadas de
tiros, formando letras de seus nomes. Os tiros assombraram o
caçador que presenciava o grupo macabro ainda no deleite do
sombreado. Vendo que rumavam à indefesa povoação entendeu
que iam tomar de assalto à mesma e correu na frente para avisar da
próxima chegada do bando nefasto. Os moradores, às pressas, se
reuniram e decidiram rechaçar os indesejáveis visitantes.
Na época era subdelegado do distrito o valente e destemido
Sr. João Belarmino de Oliveira (Seu Paizinho) que contava com
um reduzido contingente policial de apenas três policiais, dos
quais um estava muito doente. Sabendo que os forasteiros
contavam com mais de trinta homens, reuniu as presas, um
pequeno grupo de concidadãos paisanos, os quais resolveram
receber os cangaceiros à bala. Eram eles: Antonio Felipe, João
Bento, Sargento João Ferreira, Cabo Delmiro Pereira da Silva,
Cícero Antonio, Rozendo Calado e Zé Herculano e seus seis
filhos: Elias, Adalberto, Luiz, Peixinho, Aníbal e Valeriano que
formaram a linha de frente no fogo defensivo. Mas o poderio de
fogo dos residentes fora insignificante em relação ao daqueles que,

75
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
a princípio, recuaram, mas logo retomaram a artilharia e em pouco
tempo deram cabo à represália.
Acabando a munição dos defensores não lhes restou
alternativa senão refugiarem-se, escondendo-se no mato e
deixando a mercê daqueles indivíduos uma população de velhos,
mulheres, mocinhas e crianças indefesas.
Enfurecidos com a receptividade, os meliantes invadiram as
casas de residência e despojaram os seus moradores dos seus
pertences mais valiosos, bateram, humilharam e até estupros
cometeram.
As poucas lojas existentes no pacato comércio do vilarejo
foram saqueadas. Na farmácia de Zé Herculano balançaram as
prateleiras até quebrarem todos os frascos de remédio existentes.
Quebram tudo na mercearia de Valeriano. Da loja de Manoel
Vieira tiraram os tecidos melhores para eles e os ordinários
levaram para um lajedo que existia em frente, derramaram uma
lata de querosene, atearam fogo e comemoraram com grande
algazarra e seguidas rajadas de balas dos seus papo-amarelo.
O catoleense Alicio Barreto, em seu livro “Solos de Avena”,
conta o episódio com mais minúcias:
‘Em 1922, ano em que me casei pela primeira vez, corria a
notícia de que um bando de malfeitores rumava para Catolé do
Rocha e que seus habitantes preparavam-se para recebê-los com
tiros.
A horda avançava com rapidez, praticando roubos, desordens
e depredações, até que afinal chegaram à vila de Jericó, onde
foram recebidos a tiros do delegado Paizinho, que se mostrou com
muita disposição, preparando os dois únicos soldados do reduzido
destacamento, para receber a tiros o bravo grupo de Ulisses
Liberato. Havia um terceiro soldado que estava doente e que não
tomou parte na resistência.
Subiram a um sótão, donde dominavam melhor a entrada dos
cangaceiros e romperam fogo contra os invasores, que notando de
onde partiam os tiros, se aproximaram, procurando envolver os
repelentes. O velho Paizinho, percebendo a manobra, passou pela
janela do sótão para o telhado vizinho e procurou fugir, antes que
fossem cercados, levando consigo o soldado doente que se valeu
do delegado para que o levasse, pois sabia que seria morto se
76
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
fosse encontrado pelos cangaceiros embriagados e perversos que
se aproximavam aos gritos.
Fugiram a final levando o pobre doente que deixaram à meia
légua do povoado, escondido em casa dum amigo.
Ficou a vila indefesa e a disposição dos bandidos. Foi
saqueada e roubada. Quebraram as portas das lojas principais e
das casas. Numa delas encontraram os enxovais dum noivo e
noiva, com véu e capela. Vestiram dois cangaceiros com os trajes
e percorreram as poucas ruas da vila, acompanhados a sanfona,
pois havia entre ele um sanfoneiro, erguendo vivas aos noivos e
ao povo da vila.
O chefe do bando, satisfeito com a renda do roubo, distribuía
com a pobreza, o restante dos tecidos ordinários, que não
interessava levar. Cada bandido levava três ou quatro chapéus de
feltro, dos melhores que havia, uns por cima dos outros. Outra
parte do bando percorria os casebres dos arredores do lugarejo,
forçando as pobres e incautas donzelas, que eram obrigadas a
aceita-los como amantes. ’
Apesar das barbáries sofridas, nenhuma pessoa da povoação
foi ferida por bala ou arma branca, saindo, entretanto um dos
cangaceiros ferido no rosto o qual andava pelo arruado sangrando
e que depois se soube que veio a falecer antes de chegar ao seu
pressuposto destino.
Apesar de não terem matado ninguém, o que era prática
comum entre aqueles e sempre com requinte de perversidade,
deixaram marcas profundas no seio daquela gente simples, visto
que agiram no limite da covardia humana quando, apoderando-se
do uso da força e do momento de medo, abusaram sexualmente de
várias mocinhas do lugar.
Uma das vítimas foi uma irmã de meu pai, de nome Maria que
tinha na época 18 anos de idade, a qual estava escondida
juntamente com os seus irmãos menores num sótão da casa de
meu avô (hoje casa de Diogo) e foi arrastada por um dos bandidos
que a despiu, na frente dos menores e abusou dela com grande
violência. A vítima indefesa, com quem o bandido se debateu
longamente, inutilmente gritava e esmurrava-o tentando se libertar
daquele destino infeliz, mas de nada adiantou.

77
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Tia Mariinha, como a conhecia carinhosamente, morreu
solteira aos 80 anos de idade. Viveu uma vida reclusa dedicada ao
trabalho e a oração. A ela e a aquelas pobres crianças que
testemunharam tamanha barbárie restaram uma negra mancha em
suas memórias dos tempos de meninice.
Outra vítima foi uma filha do Senhor Izidro de Sousa, também
de nome Maria, que saiu grávida de um menino, o qual recebeu o
nome do avô e que conhecíamos por Neto Izidro. Homem pacato
que nada herdou da conduta do seu genitor e que em sua prole
gerou filhos que são verdadeiros exemplos de moral e boa
conduta.
Quando este fato ocorreu o Senhor Izidro de Sousa há muito
havia deixado a Guarda Nacional onde serviu como Alferes por
muitos anos e onde prestou relevantes serviços, tendo feito,
inclusive, parte da famosa força policial que destruiu o arraial de
Canudos, em sua última batalha. Essa batalha foi à única de que
não guardava orgulho, pois julgava ter sido um trucidamento.
Não havendo mais resistência as suas indesejáveis presenças,
aos poucos voltou à calmaria no arruado, a exceção de alguns
cangaceiros que bebiam em malocas na calçada da igreja, os quais
logo foram rodeados pela meninada curiosa, a quem fizeram larga
distribuição de presentes. Aos moleques deram o que eles haviam
confiscado e que achavam de pouca serventia ou porque não
podiam levar, uma vez que evitavam ao máximo o excesso de
peso, pois só conduziam valores ou o estritamente necessário.
Meu pai, que na época tinha apenas 10 anos de idade, foi um
dos contemplados, ganhando dois cortes de pano para calça e
camisa, com duas varas de comprido e dois chapéus.
Vários desses objetos foram, depois, devolvidos aos seus
legítimos donos, inclusive os que ficaram com meu pai, já que
pertenciam ao Sr. Manoel Vieira, o qual só aceitou de volta os de
maior valor como um dos chapéus que era da marca Ramezon. Os
demais ele deixou que ficasse com meu pai.
Os dois chefes do bando foram vistos, depois, almoçando na
casa de D. Virgínia de Zé Mendes. A anfitriã era filha adotiva do
Sr. Francisco Liberato, pai de Ulisses, de quem era, portanto, irmã
de criação e com quem passou junto toda a infância entre as
fazendas Mofumbo e Estrelo no vizinho município de Pombal.
78
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O bando de meliantes andava parte a pé e outros a cavalo e
saíram daqui à tarde indo dormi na fazenda Santana de Antonino
Saldanha próximo a Riacho dos Cavalos, no caminho assaltaram
várias outras fazendas onde arrecadaram mais de cem contos de
reis, além de jóias de ouro e prata.
Chegando à grande fazenda Dois Riachos, do Coronel
Waldevino Lobo Ferreira Maia, ele, que fora um dos homens mais
rico desses sertões e reverenciado, no auge de sua ação político,
como um deus pequeno, não se encontrava. Como vinham
destinados a recolher todo o cabedal do velho octogenário,
começaram pela cozinha da casa grande, recolhendo conchas e
colheres de ouro e talheres com cabos em ouro maciço.
Ainda segundo Alicio Barreto,... em casa não ficou ninguém,
além da velha e uma negra, que sofreu vários empurrões para
descobrir onde estava a chave do escritório. Convencidos que a
chave estava realmente com o velho que estava no campo, de
posse de um machado, arrombaram a porta e quebraram as
trancas dos baús de pregaria donde retiraram roupas antiquadas
do coronel, inclusive a farda da Guarda Nacional que foi logo
vestida por um gaiato que também empunhou a espada e saiu
fazendo esgrimas a toda sorte, motivando gargalhadas dos
comparsas. Depois que retiraram um fundo falso que tinha um
desses grandes baús, contemplaram satisfeitos e admirados o
formidável tesouro ali guardado há muitos anos. Abriram os
pequenos caixões e despejaram no cimento uma quantidade
formidável de moedas e jóias, afora uma pequena saca de couro
de veado, onde estavam as moedas de prata. Encheram os alforjes
e as caronas que expiravam confiança para suportar todo o peso,
não ficando um só objeto de valor que não fosse rapinado...
No regresso o bando tomou outra direção, mas a população de
Jericó, recém achacada, temendo o retorno desses a povoação, por
muito tempo dormiu nos matos e muitos até foram embora daqui
como é o caso de Zé Herculano e seus seis filhos.
Érico de Almeida no seu livro “Lampeão – Sua história”,
escrita por encomenda do então presidente do estado da Paraíba, o
Dr. João Suassuna e subsidiada pelo então deputado e chefe
político de Princesa, “coronel” Jose Pereira Lima, nos conta que:

79
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Caracterizada a terrível seca do ano de 1919 que dizimou de
modo assustador os sertões do nordeste, Lampião e irmãos são
incorporados ao bando de Sebastião Pereira da Silva (Sinhô
Pereira) e Luiz Padre e rumam para Alagoas.
Em princípio de 1920, já Sinhô Pereira e seus companheiros
de crime haviam regressado ao Pageú, ficando os irmãos Ferreira
no sertão alagoano chefiado os bandidos capitaneados pelos
terríveis irmãos Antonio e Manoel Porcino que haviam se
afastado do crime.
Pelos meados de fevereiro do ano de 1922, espalha-se por
todo o sertão, a alvissareira notícia de haver o Padre Cícero
Romão Batista, com o prestígio de seu nome, conseguido a
retirada de Sinhô Pereira para o Estado de Goiás,
recomendando-o a um seu amigo ali residente.
Efetivamente, aquele cangaceiro dispensara dois terços do
seu pessoal, batendo a linda plumagem em direção aos sertões do
longínquo estado central, acompanhado de 10 bandidos
selecionados do aguerrido grupo.
Nos primeiros dias do mês de abril, irrompe no Pageú, a
figura vesga do bandoleiro Lampião, não mais como subalterno
do bando de Sinhô Pereira, porém, como chefe novo de uma nova
falange de celerados, destinados a explorar a proveitosa indústria
do crime e do latrocínio.
Ainda em 1922, um grupo de 8 praças apenas, enfrenta e
repele com bravura o inimigo cinco vezes superior em número.”
Os bandidos deixaram no campo da luta, José Dedé, que
acodia pelo nome de guerra de Baliza, e Antonio Cachoeira,
conduzindo gravemente feridos Cícero Costa e outros.
Essa descrição vem esclarecer o porquê de Lampião, que era
elemento integrante e subalterno da horda de Sinhô Pereira, não
ter estado junto com seus celerados, quando da passagem destes
por Jericó. E mais:
- Que o bando de Sinhô era realmente de cerca de pouco mais de
30 bandidos quando aqui esteve.
- Que pouco mais de 30 dias após a sua estada em nossa povoação,
foi embora, levando consigo boa parte da fortuna de Valdevino
Lobo (já que o maciço da rapina havia ficado com o coiteiro que

80
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
distribuiu mimos a cada sicário), e com a ajuda de Padre Cícero
ele retira-se da cena do crime.
- Que Lampião assumiu logo depois a condição de chefe do bando
(abril de 1922), capitaneando os vinte ou mais elementos deixados
por Sinhô Pereira quando de sua retirada.
- Que o famoso José de Sousa Ferraz ou José Dedé, o Baliza, que
era elemento do bando de Sinhô, foi incorporado, em seguida, ao
bando de Lampião, quando Sinhô abandonou o cangaço e que foi
morto ainda em 1922 em fogo amigo, após o massacre de
Belmonte. Foi ele o responsável pelo estupro da filha do Sr.
Izidro, reconhecido pela jovem Maria em recortes de jornais da
época que publicavam as conquistas do governo.
Segundo Frederico Pernambucano de Melo em seu livro
“Guereiros do Sol”, bem como, segundo Alicio Barreto em “Solos
de Avena”, Ulisses Liberato de Alencar fora chefe de cangaceiros
dos mais celebrados na área de fronteira entre os Estados da
Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte entre os anos de 1918 e
1922. Desfrutando por esse tempo – tal como Sinhô Pereira – da
proteção do grande coiteiro major José Ignácio de Souza, do
Barro, Ceará. Era de família tradicional pombalense e filho natural
daquele município sertanejo, onde nasceu na fazenda Estrelo no
ano de 1894, filho legítimo de Francisco Liberato de Alencar,
fazendeiro e almocreve que se não chegava propriamente a ser
rico, dispusera de recursos suficientes para educar os filhos, todos
alias mais que alfabetizados. Tendo passado parte da sua
mocidade em São Paulo, Ulisses falava razoavelmente o inglês e o
francês, ficando muito conhecido pelo muito que se contava dos
seus feitos no mundo do crime como por suas qualidades no
manuseio das armas e de suas façanhas como cangaceiro, mas o
que mais se comentava era do seu alto nível cultural visto que fora
o único cangaceiro poliglota de que se tem notícia. Dançava
impecavelmente e possuía palestra ágil e interessante, qualidades
que se viam sublinhadas por um porte físico de tipo atlético.
Encontrava-se em missão de observação na localidade Alagoinhas,
do município de Lavras da Mangabeira, Ceará, sem o bando,
quando foi preso a 11 de setembro de 1922 e conduzido à cadeia
da cidade de Crato a fim de responder inquérito. Anos depois foi
recolhido à velha cadeia de Pombal onde foi assassinado a mando
81
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
de um célebre coronel da região que fora seu senhor no passado,
provavelmente como queima de arquivo.
Poucos bandoleiros das caatingas granjearam a notoriedade
que Ulisses Liberato de Alencar desfrutou em sua curta carreira de
tropelias pelos sertões de quatro Estados.
Detalhes impressionantes de suas lutas foram narradas, pelo
próprio, quando do seu interrogatório na cidade do Crato, Estado
do Ceará.
“Aos vinte e quatro dias do mês de Janeiro de mil novecentos
e vinte e três (1923) às dezoito horas, nesta cidade do Crato, no
Paço da Câmara Municipal, presentes o primeiro suplente de
delegado de polícia em exercício, major Raimundo de Moraes
Brito, comigo escrivão de seu cargo, abaixo nomeado, os
senhores capitão José dos Santos Carneiro e o tenente Antônio de
Mattos Dourado, ai compareceu, em virtude de Portaria nesta
data, desta delegacia, o indivíduo Ulisses Liberato de Alencar, de
vinte e nove anos de idade, natural do município de Pombal,
Estado da Paraíba, filho legítimo de Francisco Liberato de
Alencar, almocreve; sabe ler e escrever, casado. Interrogado
pelos diversos motivos porque se acha preso, respondeu: “Que
residia na fazenda “Estrelo” do município de Pombal, Estado da
Paraíba, tendo se retirado daí no mês de outubro do ano de mil e
novecentos e dezoito (1918), por motivo de questões com o chefe
do município, doutor José Queiroga, vindo residir na fazenda
“Trapiá”, município de Milagres, neste Estado, debaixo da
proteção do “major”José Ignácio; que residiu no “Trapiá”, até o
mês de outubro de mil novecentos e dezenove (1919); que durante
o tempo que esteve na companhia de José Ignácio, nunca tomou
parte em combates ou ataques a pessoa alguma, a não ser ter ido
deixar a importância de quatrocentos mil réis (400$000), enviada
por José Ignácio a ser entregue a Luiz Padre e Sebastião Pereira,
no lugar São Francisco, no Estado de Pernambuco; que ao
chegar a São Francisco, no dia seguinte ao da sua chegada, foi o
grupo atacado pela força de Pernambuco, morrendo nessa
ocasião nove (9) soldados; que de São Francisco, voltou ao
“Trapiá”; que assistiu ao tiroteio, que determinou a morte de
João Flandeiro, sendo autores desse assassinato Sebastião
Pereira, Tiburtino, filho de José Ignácio e José Nogueira; que não
82
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
sabe se atirou, mas conduzia no seu bornal sete caixas de balas e
que no final do tiroteio, restavam-lhe trinta balas; que estavam
presentes neste tiroteio Sebastião Pereira, Tiburtino, José Ignácio
de Sousa, Raimundo Agostinho, Raimundo Tabaqueiro, Raimundo
Patrício, Patrício de Tal, filho de João Raimundo, Cornélio -
vulgo Chico Caixão, ou ainda Parafuso, José Nogueira Deodato -
vulgo Rouxinol, Satyro, vulgo Meu Primo, Manoel Vaqueiro,
Manoel Sant’Ana, Firmino Miranda, Manoel Benedito, Antônio
Dino - vulgo Pilão, José de Genoveva, José Pedro, tendo ainda a
presença dele, respondente; que relativamente ao fogo de Coité,
tem a dizer que, estando no “Barro”, assistiu a saída para Coité,
de quarenta e oito homens chefiados por Sebastião Pereira,
Tiburtino e José Nogueira; que o fim principal era, atacando
Coité, seguirem depois pelo município de Milagres e nos lugares
circunvizinhos àquele município, forçando assim a força pública a
sair de Milagres, para atacar o “Barro” aproveitando-se o grupo
da ocasião, e atacar Milagres; que no “Barro” existiam duzentos
e sessenta (260) homens, todos em armas, prontos a agir contra a
força pública; que a ordem sobre o ataque de Coité era
determinação de José Ignácio de pegarem o Padre Lacerda,
obriga-lo a dar trinta mil contos de réis (30:000$000); que ele,
respondente, não assistiu ao tiroteio por estar doente; que do
Coité o grupo dirigiu-se à fazenda “Queimadas” sendo ali
atacado pela força, morrendo o “Pitombeira”; que isto soube por
Sebastião Pereira; que dois dias depois mais ou menos depois do
fogo de “Queimadas”, veio até “Barreiros” o “major” José
Ignácio, acompanhado dele, respondente, e mais outros
companheiros; que estiveram em casa do doutor Floro
Bartolomeu da Costa, regressando ao “Barro” no mesmo dia, e
que no caminho José Ignácio disse a ele, respondente, que devido
ao acordo havido entre o doutor Floro e Manuel Chicote, ele,
José Ignácio, baixava as armas; que já no “Barro”, José Ignácio,
estando ele, depoente, em casa de Almindo Lourenço, no lugar
“Carnaúba” perto do “Barro”, foi convidado por José Ignácio a
fim de ir até a Paraíba, acompanhando outros companheiros, a
fim de, no modo de dizer de José Ignácio, tirar ali as despesas da
questão; que depois de dizer que não podia ir à Paraíba devido
aos motivos atrás alegados, resolveu satisfazer o pedido de José
83
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Ignácio seguindo em companhia de Sebastião Pereira e mais vinte
companheiros, à Paraíba, levando a ordem de José Ignácio, que
era a seguinte: que deviam atacar Valdevino Lobo, Adolfo Maia e
Rochael Maia, residentes, o primeiro em Dois Riachos, município
de Catolé do Rocha; o segundo e o terceiro noutras fazendas,
perto do primeiro; quando o respondente e seus companheiros ao
chegarem perto de Jericó, foram atacados por autoridades do
lugar, forçando o grupo a entrar no povoado, fazendo roubos,
depredações, etc.; que nesse lugar seguiram para a casa de
Antônio Saldanha, no município de Catolé do Rocha, fazenda
“Santana” dormindo ali; que no dia seguinte seguiram fim de
atacar a casa de Valdevino; que chegando adiante uma légua
distante da casa de Antonino, Sebastião Pereira disse a ele,
respondente, que a ordem de José Ignácio era fazer o que Santa
Cruz havia feito anteriormente, merecendo isto a aprovação dele,
depoente; que ao chegarem na casa de Valdivino, roubaram,
conforme declaração de Sebastião Pereira, cerca de dois mil e
oitocentos contos de réis (2:800$000) e cento e vinte (120) libras
esterlinas, cometendo toda a sorte de depredações; que ele,
respondente, nada tirou desta casa; que sendo separados, dois
grupos, ficando em casa de Valdivino, Sebastião Pereira, a fim de
seguir atrás, ele, respondente, seguiu por uma vereda com o plano
de passar na casa de Adolfo Maia, de passagem; que ao chegar
em frente da dita casa já encontrou Sebastião ali, onde já haviam
depredado tudo, não sabendo quanto roubaram desse senhor; que
ainda garantiu a vida de Adolfo Maia, que não chegaram a ir à
casa de Rochael Maia, resolvendo o grupo voltar ao “Barro”;
que ali chegando no dia seguinte José Ignácio o recompensou
com a importância de duzentos mil réis (200$000); que não sabe
avaliar a quanto montou o roubo na Paraíba, sabendo porém que
todo o produto adquirido na viagem, foi todo entregue a José
Ignácio, que, depois de tudo, refugiou-se em Juazeiro onde passou
cerca de dois meses...”
FONTE: Alencar, U. L. – 1923 – A sinistra autobiografia de
um sicário. Correio do Ceará, Fortaleza, (2424), (Edição de 04 de
abril de 1923). Acervo de José Romero.

84
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
“Sobre a possível passagem de ANTÔNIO ULISSES (Ulisses
Liberato de Alencar) por Caraúbas, Estado do Rio Grande do
Norte, vejamos fragmentos das anotações do diário do Coronel
Telêmaco Cícero” (Raimundo Soares de Brito).
1921 – 8 de outubro – Um rapaz de nome Antônio Ulisses,
sobrinho de Argemiro de Pombal, juntou-se com os filhos do
finado Sátyro do Jordão e andam armados jurando matarem os
Bandeiras com quem os rapazes do Jordão tinham uma intriga.
1921 – 7 de novembro – O Antônio Ulisses anda com três
cabras armados e ameaçando de roubar os fazendeiros. É contra-
parente e amigo dos filhos do finado Sátyro onde tem decidido
apoio.
1922 – 24 de fevereiro – Chegou um telegrama de Pombal
para Chico Fernandes, avisando que vinham uns cangaceiros em
número de 38, chefiados pelo Antônio Ulisses ou Antônio
Argemiro, como era mais conhecido, atacar e roubar a todos nós
de Caraúbas e Catolé do Rocha, Patu e outras partes onde
encontrassem fraqueza.
1922 – 25 de fevereiro – Alarmou-se o povo com esta notícia
e os pais de famílias foram com elas refugiar-se dentro de
Caraúbas, onde reuniram cabras para combater os bandidos, a
minha família já estava em Caraúbas desde a morte de Dona
Mariquinha que teve lugar no mesmo dia 25 e lá ficou por mais
dias, eu, porém fiquei em casa onde estive me preparando com
gente armada a espera dos bandoleiros, broquiei a casa e comprei
munição e cá não vieram, apesar de nos mandar recados foram
fazer estragos na freguesia de Catolé do Rocha, roubando o Cel.
Valdivino, Adolfo Maia e Rochael Maia.
1922 – 5 de março – Voltamos de Caraúbas, receberam
telegrama de Pombal dizendo que os cangaceiros tinham ido para
o Barro do José Ignácio aonde eram bem recebidos, digo,
acolhidos; dizem que levaram três cargas prevenidas de fazenda e
objetos que roubaram no Jericó, em casa do Cel. Valdivino e do
Sr. Rochael; e fizeram presentes ao José Ignácio e aos filhos deste
de vários objetos de valor e muitas moedas de ouro que o José
Ignácio ficou com elas. Isto é horroroso.
Sebastião Pereira da Silva, o Sinhô Pereira, segundo Frederico
Pernambucano, era natural da cidade de Serra Talhada,
85
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Pernambuco, onde nasceu no dia 20 de janeiro de 1896, sendo
seus pais Manoel Pereira da Silva e Constança Pereira da Silva.
Sinhô rivaliza em fama com Antonio Silvino, ambos logo abaixo
de Lampião na galeria dos maiores cangaceiros de século XX.
Mas não teve nas armas muita coisa em comum com esses dois
grandes do cangaço além da valentia e da inteligência. No cangaço
desde 1915 e já tendo morto inúmeros inimigos – notadamente o
valente entre valentes, Antônio da Umburana – em dezembro de
1918, juntamente com Luiz Padre, seu primo, amigo inseparável e
chefe adjunto do seu bando por muito tempo. Em 1922, abandona
em definitivo o cangaço, seguindo para São José do Duro, Goiás,
município não muito menos violento à época do que aqueles que
deixara para trás. Não há divergências nos registros existentes
sobre sua atuação guerreira no que tange à inexcedível coragem
pessoal e ao sentido elevado e justiceiro da sua conduta. Lampião
e os irmãos Antonio e Levino fizeram um bom aprendizado de
dois anos em sua companhia, mas não foi seguramente nessa
escola nobre e comedida que aprenderam a seqüestrar, castrar e
estuprar. Sebastião Pereira da Silva, o Seu Rodrigues, como
também era chamado pelos cabras, faleceu faz poucos anos na vila
de Lagoa Grande, distrito de Presidente Olegário, Minas Gerais.

86
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Os cordéis ajudaram a imortalizar a vida dos cangaceiros.
Eis alguns dos muitos versos cantados pelo povo da época, sobre o
lendário lampião.

No ano de vinte e sete


Já quase no mei do ano
Pelo norte brasileiro
Penetrei a todo pano
Jurando sob ameaça
De transformar em fumaça
O sertão paraibano

Logo que fui penetrando


No solo da Paraíba
Fui dizendo dessa feita
Não vejo quem me proíba
Até mesmo o Presidente
Ou corre, ou morre
Ou arriba

Quando estive em Juazeiro


Disse lá pessoalmente
Que da velha Paraíba
Não me sobrava à semente
Provando que sô izato
Desta vez vou ver se mato
Quem travessa-se na frente

Soldado dessa provínça


Não se faça de maluco
Não sendo meus camarada
Como arguns de Pernambuco
Eu digo, juro e sustento
Daquele estado nojento
Só deixarei o cumbuco

(Cabo Delmiro Pereira –1932)

87
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

Grande parte do bando que esteve em Jericó, com Sinhô e Ulisses.

88
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO X

A questão do limite sul

E m 1936 reuni-se no distrito de Jericó, a mando do então


Prefeito de Pombal, Francisco de Sá Cavalcanti, uma
comissão chefiada pelo seu secretário, o Sr. Antonio José
de Sousa. Na ocasião encontravam-se representando a cidade de
Catolé do Rocha o Deputado Américo Maia e o Senhor Prefeito
Natanael Maia e como representante do distrito, o Senhor João
Belarmino de Oliveira (Seu Paizinho). Na oportunidade foram
traçados os limites entre os dois municípios e ficou delimitado que
a divisa, no lado sul de Catolé, seria o sítio Extrema.
Acontece que, na época, havia uma antiga briga, por limites
de propriedades, entre Paizinho, que era chefe político e
representante do grupo Maia no Distrito, do partido da UDN e seu
vizinho de propriedade e líder político da oposição, o Senhor
Rozendo Ferreira Calado que, juntamente com Sousa Mathias
(Manoel de Sousa Pedrosa) chefiavam o PSD, do grupo Suassuna.
A briga era por conta de uma herança de terra, pertencente à dose
herdeiros, de cujas partes Rozendo havia, por compra, adquirido
onze e Paizinho uma. Essa questão vinha de longa data e já tinha
gerado muita intriga. A maioria dos residentes do sítio Várzea dos
Calados, pertencentes à família Calado, temendo um final trágico
para o caso, já haviam ido morar em Pombal.
Em 1940 assume a Interventoria no Estado o Dr. Ruy Vieira
Carneiro, que nomeia vários interventores municipais para Pombal
e Catolé nos cinco anos que se seguem.
A ascensão de Ruy Carneiro ao governo trás de volta todos os
que haviam emigrado do Sítio Várzea dos Calados. E é
comemorada com grande alegria por Rozendo, Sousa e seus
correligionários, que entram no Distrito em passeata, soltando
folguedos, vindo um dos rojões a cair no telhado da casa de
Paizinho, que teve de se conter e dissimular o momento eufórico
dos comemorantes.

89
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
A partir daí, Rozendo e Sousa passam a gozar de grande
prestígio junto às esferas superiores e conseguem, com toda à
custa paga pelo erário público estadual, o desígnio de um
advogado para resolver a questão.
Foi designado então o Bel. Ernany Sátiro, de Patos, que optou
por abreviar a solução do conflito. A solução encontrada por ele
foi alterar os limites intermunicipais, pois sabia do poder que os
Maias detinham em seu território, mesmo estando sem o governo.
Para evitar que reabrissem o caso posteriormente, passaram então
os Sítios Várzea dos Calados, São Francisco e Extrema da
jurisdição de Catolé para o município de Pombal, território dos
Carneiros, onde os Maias não gozavam de influência. Assim foi
feito, e para compensar essa perda foi agregada ao território de
Catolé uma faixa de terras do outro lado da Serra do Moleque,
próxima aos atuais limites com o vizinho município de Paulista e
cuja faixa pertence hoje ao atual município de Mato Grosso,
pondo fim, portanto, a questão de limites entre os nossos lideres.

(Roseno Ferreira Calado – 1975) (João Belarmino de Oliveira – Paizinho)

90
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XI

A primeira iluminação

O
tipo de iluminação que predominou, até bem poucos dias,
nos sítios da nossa zona rural e nas primeiras casas do
arruado primitivo de Jericó, foi sem dúvida, à velha e
precária lamparina, o candeeiro ou lampião, nas melhores casas.
Quando as primeiras ruas começaram a se delinear, seguindo
exemplo das vilas mais antigas, as pessoas de melhor condição
financeira colocavam na parede externa de suas casas um cabide
de madeira onde penduravam um candeeiro. Essas lamparinas
usavam pavio de algodão untado com cera de abelha ou carnaúba
ou mergulhado em óleo de baleia, óleo de ovos de tracajás,
azeites, resina ou óleo vegetal, e nos últimos tempos o moderno
querosene, que acendiam diariamente para jogarem conversa fora
até que chegasse o sono.
Os crepúsculos vespertinos sertanejos foram assim iluminados
por muitos anos.
Quando surgiram as primeiras administrações esses
candeeiros passaram a ser mantido pelo erário público e a contar
com um funcionário que acendia, abastecia e apagava essa
primitiva iluminação pública.
No início do governo do prefeito José Sérgio (1952) veio à
primeira iluminação com lâmpada elétrica, distribuída por um fio
que conduzia a energia de um gerador movido por uma caldeira a
vapor, que era aquecido a carvão. Essa iluminação, apesar de
proporcionar uma luminosidade mais intensa, era ainda muito
precária e problemática, além de só iluminar as duas ruazinhas
principais, com pouco mais de trinta casas.
Para fazer a manutenção de tal novidade, foram contratados
dois funcionários pela prefeitura de Catolé. Eram eles: Sílvio
Pereira, como chefe de manutenção, e como auxiliar, Francisco
Paiano, carinhosamente conhecido por todos como Lelê.
A boa claridade das lâmpadas dependia da rotação do gerador
e esse, por sua vez, dependia da velocidade de impulsão da
91
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
caldeira. Essa dependia da pressão do vapor, que dependia da
queima de carvão, que por fim, dependia do auxiliar Paiano.
Avocado nome. De tão freqüente, a súplica tornou-se um
bordão. Volta e meia às luzes começavam a apagar e o povo logo
gritava: Carvão Lelê! Carvão Lelê!
Essa velha caldeira foi, alguns anos depois, trocada por um
motor a óleo diesel, que funcionou até a chegada da luz elétrica
em 1969.

92
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XII

O sobrado

O
prédio do sobrado foi à primeira edificação de Jericó a ser
construída com dois pavimentos. Com grande beleza
estética e riqueza de detalhes na sua fachada feita em
estilo barroco colonial, é ainda hoje uma obra que se destaca pela
sua imponência.

(O sobrado de Feliciano Nunes)

93
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Foi edificado no ano de 1922 por Feliciano Nunes, que veio
de Catolé do Rocha para se estabelecer comercialmente aqui com
um negócio de compra de algodão, legumes e couro.
Ele estava de casamento marcado, mas antes de contrair
núpcias construiu o sobrado, sendo um pavimento para o comercio
e outro para residência.
Quando os cangaceiros entraram aqui no início daquele ano,
já existiam as rumas de tijolos espalhados no local.
O terreno ele havia comprado a viúva de um preto velho
rezador, que morava aqui, conhecido por Damásio. No local já só
existiam as forquilhas da velha casa de taipa do velho rezador e
contador de histórias.
Para que fosse possível montar o piso do segundo pavimento,
saiu daqui o Sr. Terto Preto, conduzindo dez carros de bois com
duas boiadas cada, ao todo quarenta bois, para as várzeas de
Mossoró para pegar 40 carnaubeiras maduras e aprumadas que
serviriam de linhas de sustentação do segundo piso. Levaram ao
todo 30 dias para ir e voltar.
No dia do casamento de Feliciano com Fransquinha, filha de
Henrique Belvelho da Várzea da Roça, houve um grande baile no
sobrado. Eram dois sanfoneiros tocando fole, Cleodon e Jaca do
Mato grosso. Um baile em cima e outro em baixo.
Muitos anos depois seu Feliciano adoeceu de hanseníase e
como, na época, essa doença não tinha cura, foi embora para João
Pessoa em busca de um melhor tratamento e lá morreu em um
leprosário.

94
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XIII

Carvalho, o profeta do sertão

H ouve entre os nossos antepassados um preto cativo, de


coração bondoso, simples nos seus gestos e atitudes, de
humildade incomensurável que era visto pelas pessoas
daquela época como dotado de poderes extraordinários ou de dons
sobrenaturais nunca visto em outra pessoa, a exceção dos bíblicos
profetas.
É sobre esse personagem real, que se transformou num mito
de nossa gente, ainda em vida, ficando muito conhecido nas
últimas décadas da escravatura e nas primeiras pós-abolição, que
nos ativemos em resgatar retalhos da história dessa vida, fruto da
maravilhosa fauna de Deus e nativo dessas plagas jericoenses.
Antonio Carvalho de Merense nasceu na serra do
Comissário, junto com a independência do Brasil e foi vendido a
um fazendeiro daqui, para onde veio morar e trabalhar, ainda
menino, e aqui viveu até sua morte em 1912, aos 90 anos de idade.
Durante a sua extensa vida terrena pode presenciar vários
anos de grandes secas e outros tantos de plena abundância.
Era solteiro e morou, por muitos anos, mais duas irmãs
fiandeiras, no sítio Lagoa Grande deste município. Vivia do
trabalho roceiro e sua única fraqueza resumia-se no fato de gostar
de aguardente. Contudo jamais cometeu atos impróprios que se
atribuísse ao seu vício. Foi cativo, mas recebeu alforria do seu
senhor por mérito do seu dom.
Contava meu pai que contavam os velhos de sua infância que
certa vez, dentre muitas outras histórias do velho profeta que,
chegando este em casa de Zeferino da Soledade, no final de um
ano de extensa estiagem, estavam muitos homens trabalhando na
cavação de uma cacimba, já muito profunda, no porão de um
velho açude seco. Centenas de cabeças de caprinos, ovinos e
bovinos agonizavam a falta d’água naquele sertão. Já era final de
tarde e, aproximando-se daqueles obstinados procuradores do
líquido vital, Carvalho anuncia que todo aquele trabalho era em
95
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
vão, que ali não havia mais água e que ela estava vindo, não
daquela terra seca, mas dos céus. Os trabalhadores riram daquela
proposta, que se não era indecorosa, no mínimo era cômica.
Naqueles dias, ou meses, não se via uma ponta de nuvem
sequer nos céus daquele sertão, que sinalizasse uma promessa de
chuva.
O velho fazendeiro sertanejo, que esperançoso observava
impacientemente os seus serviçais, ouvira tudo que o preto velho
havia dito. Sabedor dos seus dons proféticos interpelou-o dizendo
que: se o que ele havia dito, de fato acontecesse, o seu rebanho
não mais morreria de sede e se assim fosse ele lhe daria o que ele
quisesse. No mínimo o melhor animal do seu curral lhe seria dado
de presente. Revigorado com a boa nova, convida o andante para
pernoitar em sua casa e determina aos serviçais que parem.
Antes de irem para casa, Carvalho pediu que recolhessem as
ferramentas que estavam no porão do açude, que reunissem as
mulheres e os que gostassem de rezar para acompanhá-lo numas
orações para aplacar a fúria do vento que antecederia a chuva.
E assim foi feito. Logo após a ceia as mulheres iniciaram os
cânticos de adoração e seguiram rezando até tarde e só depois
foram deitar. Terminada a reza os homens saíram para o alpendre
da casa grande e viram o primeiro relampejar, no nascente, na
cabeça de um pequeno torreame.
As nuvens cresceram rapidamente naquela noite de lua. Não
demorou e o vento chegou e foi logo destelhando o capote da casa.
A chuva grossa veio em seguida. O vento passou, mas a chuva
torrencial continuou noite adentro. A pedido de Carvalho, alguém
foi, ainda na chuva, ver o açude e logo voltou correndo pra avisar
que já estava sangrando, mas o sangradouro estava tampado de
garranchos e folhas secas e a água estava crescendo no balde,
ameaçando arromba-lo. Outros mais se apressaram e impediram o
desastre. Ninguém dormiu naquela noite.
No outro dia, bem cedo, o velho Zeferino, cheio de alegria,
ordenou a Carvalho que entrasse no curral e tirasse os carneiros de
sua preferência. Agradecido ele atende sua ordem. Entrou no
curral e escolheu no meio de dezenas de enormes carneiros erados,
um pequeno burrego de marca. Saiu para o pátio e agradeceu a

96
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Deus e ao velho fazendeiro dizendo: - O couro dá marca e terei
carne pra comer por muitos dias. E foi embora.
Noutra feita veio ele tomar cachaça no velho arruado de
Jerico, na bodega de João Careta e depois de embriagado, quando
ia embora, caiu na passagem do riacho, enroscado nas raízes das
oiticicas e de lá aboiou o grito, pedindo às pessoas que fossem
tirá-lo de lá, que senão, a enchente iria carregá-lo.
As pessoas, de início, deram pouco caso ao seu incessante
pedido de socorro e se limitaram a comentar, dizendo: - A cachaça
comeu o miolo de Carvalho. Onde já se viu enchente no riacho no
mês de setembro!
Já tarde, resolveram ir buscá-lo. Não tardou e a chuva chegou
e no outro dia o velho São Bento amanheceu de barreira a barreira.
No seu livro “RETALHOS DO SERTÃO”, de 1956, Alício
Barreto resgata outra, das muitas histórias do nosso profeta:
A GLÓRIA DE CARVALHO
— CARVALHO, quando chove?
— Meu Branco, Deus é quem sabe!
Era esta a resposta singular e indiferente, para quem assim o
saudava.
O preto velho Carvalho, que viveu longos anos em sua
humilde choça, nas proximidades do povoado Jericó, da Vila de
Catolé do Rocha, tinha o dom de advinhar chuvas e predizer
acontecimentos, duma maneira tão acertadamente que o
alcunharam de PROFETA.
Verdadeira sombra negra, adepto da cachaça e do menor
esforço, perambulando pelas estradas e cidades visinhas, a pedir
níqueis. Eram admiradas por todos as suas predições acertadas,
talvez seu único ideal ou sua única glória.
Filho de pais escravos, trajava ainda à maneira da antiga
senzala. Grosseiras roupas de algodão, chapéu velho e desabado,
quase sempre dádiva de alguém e rústicas alparcatas calçavam
seus negros pés empoeirados das estradas que transpunha,
monologando futilidades, levando ainda às costas, um grande
bornal, onde conduzia seu cachimbo, fumo, isqueiro e outras
banalidades que julgava indispensáveis às suas consecutivas jor-
nadas. Um cacête de jucá, de superficie bastante repolida, pelo
uso de longos anos a fio, seirvia-lhe de bordão e companheiro
97
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
inseparável, como uma arma de defesa em suas longas ca-
minhadas.
Do peito entreaberto de sua grosseira camisa, sobressaia um
avolumado rosário de sementes de capim (ornamento religioso
muito comum naquelas regiões), que sustinha fanáticamente uma
grande medalha do CORAÇÃO DE JESUS, recebida, segundo
afirmava o mesmo, das próprias mãos do FREI IBIAPINA.
Ao chegar às cidades, cercavam-no os curiosos, que lhe
perguntavam repetidas vezes, quando choveria, mas se mostrava
taciturno e indiferente a todos. Respondendo raras vezes, DEUS É
QUEM SABE.
Mais tarde, depois que tomava sua “pinga”, ficava algumas
vezes expansivo, e dizia reservadamente a quem repetisse a
‘‘bicada’’, o que pensava das chuvas futuras.
Carvalho nunca perdeu uma profecia, assim afirmavam seus
partidários, e alargavam sua fama, citando assombradores
exemplos, como duma feita em que, estando o profeta em casa
dum amigo, imprevistamente o convidou para sairem as pressar
com a família, assegurando-lhe com firmeza, que a casa iria cair
dentro de poucos minutos. Obedeceram-no cegamente e saíram às
pressas para o terreiro, donde viram, logo após, o desabamento
duma parte do teto em consequência de uma linha que se partiu
estrondosamente.
Comprovando estas verdades conhecidas alí por todos,
finalizou sua triste existência num desses povoados que sempre
visitava, depois de haver esmolado pelas ruas, uma minguada
importância que depositou em mão de um comerciante seu amigo,
afirmando com serenidade e resignação ser para o custeio de sua
mortalha e funerais, no dia seguinte, quando fechou para sempre
os olhos, o desventurado profeta. Justificando ainda seu fino tato
de previdência em 24 de dezembro de 1904, quando o sol semi-
oculto nas serras do poente daquela pacata vila demonstrava a
poesia natural de nossas tardes sertanejas, chegou a Catolé do
Rocha, naquela véspera de Natal, o grande PROFETA
CARVALHO, que foi logo cercado por inúmeros curiosos,
procurando informações sobre o inverno do futuro ano.
O aspecto de pouca animação, daquela NOITE DE FESTA
sertaneja, bem justificava que o ano havia sido seco, muito
98
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
embora os botequins, semeados pelas praças expuzessem seus
doces secos, aluás e bolos regionais, ouvindo-se ainda os estouros
dos mijões queimados pelas crianças, enquanto nas tabernas a
matutada bebia vinho e fumava grossos cigarros de “fumo de
corda”, aguardando religiosamnete a “Missa do Galo”.
A alviçareira notícia da chegada de Carvalho espalhou-se
pela vila chegando até aos ouvidos do abastado José Italiano,
comerciante local, que havia empregado grande parte do seu
dinheiro em compras de gado magro, aproveitando o baixo preço,
motivado pelas aperturas da seca.
O rico napolitano, lembrando-se mais dos seus rebanhos
magros do que das belezas e glórias de sua pátria distante,
apressou-se logo em mandar vir à sua loja o humilde profeta,
para uma consulta imediata acerca do tempo.
Achavam-se presentes diversos amigos, que já aguardavam
anciosos a chegada do preto. Este apareceu com verdadeiras
semelhanças de pagé, acompanhado de grande cortejo e assim
falou para o estrangeiro:
- Pronto seu moço. Pra que quer o preto véio?
- Olá, Carvalha. Como tem passado?
- Bem, meu Branco e voimince?
- Olha Carvalha, eu manda te chamare, pra tu dizere se
chuva inda custa munta!
- Sinhor Branco perdeu seu tempo. O nego véio num é Deus
pra saber quando chove.
- Olha Carvalha, não te faz de rogada. Eu paga bem paga.
Basta dizere se chuva está perta ou longe. Eu tem munta garrota
magra com sede.
Assumindo uma atitude estranha o preto velho saiu à calçada,
percorrendo com a vista as profundidades do abismo azul,
convergindo naquele momento os olhares curiosos que
atentamente o seguiam e o admiravam, esperando anciosos uma
decisão quando este voltou com o chapéu debaixo do braço e
dirigiu a palavra ao italiano, que fumava alegremente seu
“cachimbo de cereja”.
- Meu Branco, se a chuva num custá munto, quanto vai ganhá
o preto véio?
- Carvalha, se chove inda esse mês tira pra tu uniforme novo
99
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
e cem bagaróte. Pode dizere sem meda, tuda isto tistimunha, e
(apontando com o canudo do cachimbo, descrevendo uma curva,
o grande círculo de espectadores).
O profeta calou-se por alguns momentos, tomando aires de
verdadeiro pagé em êxtase. Olhava o chão, como que con-
centrando o pensamento, atraindo cada vez mais os curiosos que
se apinhavam em torno do mesmo, ansiosos pela resposta quando
o profeta, com a fisionomia completamente mudada, assim falou
prosseguindo:
— Carvalho chama-se já ganhou, meu Branco. A chuva tá
nos ouvindo.
— Pode dizere Carvalha. Dinheira está no bolsa. Pode dizere
— Voimincê sabe dizer a hora da Missa?
— Dissero que padre celebrava primera Missa aqui, às três
horas do madrugada.
— Pois moço, meu branco, preste atenção, às palavras do
nego véio: “Quem chegá inté a meia noite asseste à Missa, e quem
não chegá inté essa hora não asseste mais”.
— Por que, Carvalho? ( Perguntaram diversos a um só
tempo).
- Móde chuva e riachos cheio, tomando estrada.
Estas palavras do humilde negro velho causaram muito riso a
quem não lhe acreditava e muita satisfação aos que lhe
acreditavam cegamente. Agricultores e criadores que se encheram
de esperanças lhe prometeram avultadas gratificações, se assim
sucedesse.
As trevas invadiram aquelas plagas, assim como as estrelas
invadiram a órbita celeste, enquanto as luzes fumarentas das
lamparinas de querozene iluminavam deficientemente os
botequins esparços pelas ruas sinuosas do pequeno vilarejo ser-
tanejo, dando àquela noite um aspecto de alegria e excenticidade.
A chuva de Carvalho emprestára-lhe alguma coisa da quela
alegria, pois estava sendo o assunto predileto, pelas tabernas e
pelos bazares.
Os estouros dos festejos estavam mais frequentes, ouvindo-se
ainda música de sanfonas e baiões, demonstrando mais animação,
enquanto pelos recantos abscuros os campônios aguardavam
respeitosamente a hora da Missa.
100
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O brando sopro da brisa incomodava pouco as luzes
fumarentas que bruxoleavam na iluniação dos botequins ao ar
livre, onde trasitavam moreninhas esbeltas e matutos dos bigodes
grandes.
Através daquela azafama dos baiões maguados das violas, do
tilintar dos copos de vinho “Rocha Leão”, das músicas das
sanfonas e dos estalos dos traques, a festa bailava com seu
aspecto de noite de Festa Regional, enquanto os capônios
descuidosos, no trocadinho de assuntos banais, aguardavam
ainda com apcência a hora da Missa, há tantos dias comentada e
almejada, pelas fazendas e pelos sítios.
Ninguém se lembrava no entanto do pobre Carvalho que
áquela hora talvez, já estivesse bêbedo ou cochilando, nalgum
recanto escuro de taberna. Mas, as dez horas da noite, a briza
macia e perfumada das serras transformou-se aos poucos, em
ventos impetuosos, e os relãmpagos fuzilaram no espaço,
anulando as luzes dos bazares.
A chuva surpreendêra a festa e, dentro em pouco, do espaço
escuro e sobrecarregado de nuvens pesadas, caia fartamente em
grossas bátegas, desorganizando-a por completo.
Às três horas da manhã não mais chovia. E o sino, do alto do
campanário, alegre e festivo, badalava a chamada da Missa,
propagando melhor suas ondas sonoras, pelo espaço húmido,
misturado-as harmoniosamente com a música das águas que
escoavam pela escura madrugada.
Quem estava na cidade assistiu à santa cerimõnia da Missa,
elevando ao senhor suas péces de agradecimentos e louvores e
quem não estava, deixou de assistir porque os riachos
transbordavam com enchetes muito além da proficia do negro
velho, levando impetuosamente, em suas águas espumosas e
cheias de poesia, cêrcas e trocos arrancados, naquela Noite de
Festa jamais esquecida em Catolé do Rocha.
Assim, cumpriu-se a professia do misterioso Carvalho que,no
dia seguinte, recebeu, não só das mãos do italiano jubilado, como
de muitos outros fazendeiros, diversos mimos e quantias,
regressando em seguida à humilde choça, com o coração repleto
de glórias.

101
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

Carvalho tomava cachaça


Mas tinha grande ciência
Pois o dom da providência
Aonde vai nunca fracassa
Viveu no meio da massa
Mostrando os feitos seu
Que a providência lhe deu
Até quando expirou
Foi tanto que adivinhou
O dia que ele morreu
(Belarmino de França)

102
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XIV

Fatos e pessoas
A FEIRA SEMANAL, AS LATADAS E O MERCADO

E m 03/04/1972, através da Lei Nº. 146/72 a feira semanal,


que até então acontecia aos domingos, foi transferida para a
segunda-feira (Projeto do então vereador Jose da Silva
Oliveira).

(Feira livre na segunda latada)

A primeira latada para feira semanal ficava no lado sul do


atual quarteirão que fica no pátio frontal da igreja matriz, defronte
ao atual Colégio João Rosado e a Avenida João Belarmino de
oliveira. Em suas imediações, foi construído posteriormente, no
governo de Rosadinho, um chafariz público.
A segunda latada foi feita mais a norte, em substituição à
primeira, de tamanho maior, no local onde hoje estão às casas da
Rua Francisco Basílio e a Praça Frei Damião e abrigou a feira
semanal até 1924 quando foi incendiada.

103
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Elias Pereira, que foi um jovem muito amoroso a sua terra e
muito preocupado com o seu progresso, vivia dizendo que aquela
latada devia ser queimada e que Jericó merecia um mercado de
tijolo.
Certo dia Chico Dantas, que foi o 1º telegrafista de Jericó, fez
um pavio grande e entregou a Pedro Mendes, que botou fogo na
velha latada. Forquilhas, cobertura de ramos secos de oiticica,
mesas e bancos de madeira viraram cinza em poucos instantes.
Haviam visto Elias, pela manhã, perto da latada retirando um
couro de bode que seu pai havia espichado lá e somando-se ao fato
dele viver clamando o fim da desengonçada latada, foi acusado
formalmente de cometer o delito e condenado a reconstruir o
barracão.
Cumprindo a injuriosa sentença imputada ao seu filho, o sr.
Antonio Pereira construiu um pequeno mercado, desta feita com
pilares de tijolo e coberta de telha nas imediações do início da Rua
Jose Mesquita, defronte a atual bodega de Pedro Calado e a
Padaria dos irmãos Anterino. Cinco anos depois é construído nas
suas proximidades, entre a Rua Jose Mesquita e a travessa
Laurentino Melo, no governo de Manoel V. de Freitas, o 1º
açougue e mais embaixo, defronte a despoupadeira de Enoque, o
abatedouro que foi demolido no governo de Raimundo Nobre.
O pequeno espaço para feira semanal funcionou até 1949,
quando Rosadinho construiu o atual mercado público.

104
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
AS FARMÁCIAS
A primeira farmácia de Jericó foi instalada na antiga Rua de
Baixo por Cícero Amaro, cuja rua recebeu depois o seu nome. Era
uma farmácia de manipulação, que vendia medicamentos
homeopáticos do tipo Beladona, Alcônica, Grande Saúde e outros
fármacos da época.
A primeira farmácia a vender medicamentos químicos, com
envasamento direto dos laboratórios pertenceu a Zé Herculano,
que veio de Misericórdia (hoje Itaporanga) e funcionava onde hoje
é a atual Rua Padre Jerônimo Munhoz, vizinho a casa de Rozeno
Calado, que ficava ligada com o sobrado de Feliciano.
A Segunda farmácia pertenceu a Godô, filho de Natanael
Maia do Riacho Seco, pai do Dr. Natanael Maia Filho (Dr. Ioio)
que foi Prefeito de Catolé do Rocha. Natanael Maia foi também
uma das primeiras pessoas a instalar em sua propriedade uma
bolandeira de descaroçar algodão.
A terceira farmácia pertenceu a Antonio Emídio que por sua
vez vendeu ao Sr. Eduardo Mathias.

OS CORREIOS E O TELÉGRAFO

(Agencia local dos Correios)

O Correio foi efetivamente, a primeira instituição


representativa do Governo Federal em nossa comunidade. A
agência local foi criada em 1906 e instalada em 1909. Em 1910
veio de Pombal, Dona Erundina, que ficou até sua aposentadoria
em 1940. Em seguida foi contratada Dona Eulália, filha de

105
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Antonio Emídio e esposa de Zé Izidro, que se aposentou em 1970.
Depois dela vieram Dona Maria Jose Guerra (esposa de Seu Dé,
de Brejo do Cruz); Jose Pereira de Lima (Zé Baião); Josafa Pereira
de Lima (Josa Baião) e Claudizon de Sousa Galvão que ingressou
na empresa em 1981.
O Telégrafo foi instalado em 1922 atendendo ao pedido de
Elias Pereira que enviou um telegrama, juntamente com o Dr.
Irineu (1º juiz filho de Jericó), ao Presidente da República, que
atendeu
prontamente
enviando um
aparelho MOS
e contratando
Francisco
Dantas (Chico
Telegrafista) de
Pombal, para a
função de
telegrafista.
Em 1969 o
Departamento
de Correios e o
Departamento
de Telégrafos
foram extintos e
unificados os
dois em uma só
empresa. Era
então criada a
Empresa
Brasileira de
Correios e Telégrafos. (Dr. Irineu, sua esposa Sinhá e seus filhos
Milton, Alcina, Adalgiza e Antônio)

106
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
AS MERCEARIAS E LOJAS DE FAZENDA
Uma das primeiras mercearias (ainda do tipo bodega)
pertenceu ao Sr. João Careta, que também era oleiro e foi quem
bateu as telhas da igreja matriz. Era estabelecida na casa que foi,
por muito tempo, de seu Tibúrcio, (a casa da velha tamarineira)
onde também funcionou, por muitos anos, a partir da sua
instalação, a primeira agência dos Correios. Depois se instalaram
comercialmente, entre outros mais: Manoel Vieira, Valeriano,
Antonio Emídio, Antonio Alencar, Hospírio de Melo, Zé Izidro,
João Lopes, Zé Bernardo, Cazuza Bernardino e a sociedade de
Donato mais Pedro Calado, que ainda existe.

A INDÚSTRIA DO ALGODÃO
O algodão foi sem dúvida o elemento propulsor dos destinos
da gente sertaneja nos últimos tempos e veio alavancar o
progresso e trazer novos dias, com cara nova, ao sofrido sertão.
O auge dessa cultura se deu, sobretudo depois dos altos preços
alcançados no tempo da guerra da Secessão na América do Norte
(1860-65). Nos EUA, que era o maior produtor mundial da pluma,
a produção despencou e foi ai que se redescobriu o sertão.
Os baixios do São Bento, de Jericó a Bom Sucesso, logo se
transformaram nos maiores produtores de algodão e junto com
esse impulso na economia surgem homens idealistas que instalam
as primeiras indústrias do município.

AS BOLANDEIRAS
Foram elas as primeiras maquinas de descaroçar algodão que
eram movidas a boi e descaroçavam duas sacas de 70 kg por dia.
As primeiras bolandeiras instaladas em Jericó pertenceram a Jose
Antonio (na rua) e Natanael Ferreira Maia (no sítio Riacho Seco).

OS VAPORES
As bolandeiras foram depois substituídas por máquinas a
vapor, também conhecidas por LOCOMOVES, que descaroçavam
oito sacas de 70 kg por dia. Os principais aqui instalados foram os
de: Doca Crispim e João Pinheiro Dantas (Bom Sucesso) este
último mudou-se posteriormente para Catolé; Antonio Serafim
(Mato Grosso); Cícero Escarião - de Malta (na vila); Francisco
107
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Henrique de Sá - Chico Salvino (no Alto Alegre) e João Bento (na
Malhadinha). A produção na década de 50 era de 20.000 fardos de
70 kg nos anos normais.
O progresso trazido pelo algodão, que durou até a década de
oitenta do século passado, quando chegou por aqui à praga do
bicudo, que dizimou por completo a sua cultura, alavancou outras
indústrias rurícolas que visavam o aprimoramento no
beneficiamento de certas culturas.

AS CASAS DE FARINHA
Faziam o beneficiamento da mandioca que era moída, torrada
e transformada em farinha, beijus e fécula.
Todo o trabalho era manual, lavar, descascar, moer, prensar e
torrar. Um conjunto de atividades rústicas que envolvia homens,
mulheres e meninos. Toda a produção das casas de farinha de
nosso município era destinada ao consumo local.

OS ENGENHOS

(Engenho de madeira movido a boi do sítio Saco do André)

Através da prensagem da cana entre as suas moendas, era


extraído o caldo da cana de açúcar, com o qual se fazia o mel, a
rapadura, alfenins e o melaço. Os primeiros engenhos eram
movidos a boi, depois por motores a vapor (caldeiras) e por último
por motores a diesel e elétricos. Aqui existiram vários, dentre eles
108
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
os de: Zé Bernardo (Recanto); Sousa Mathias (Saco do André);
Doca Crispim (Olho Daguinha e Bom Sucesso); João Paz (Bom
Sucesso); Abidom Pichico (Bom Sucesso); Venâncio Mileno
(Boqueirão) e dos Aladinos (Carneiro). Hoje, no município de
Jericó, existe apenas um único engenho em funcionamento
pertencente à Neném Alves no sítio Umburana.

(Sousa Mathias sentado ao centro e equipe de moagem em volta)

OS MESTRES E AS PRIMEIRAS LETRAS


Aprender a ler e escrever no passado, foi obra e graça pra
poucos que tiveram esse privilégio. A tabuada e as primeiras
sílabas foram declamadas, em voz alta, na base da palmatória.
Os primeiros professores, particulares, de que se tem notícia,
que ministraram as primeiras letras em nosso município, foram
professores leigos notáveis como: Prof. Polidório Seixas; Prof.
Terto (foi professor de Hospírio e Delmiro Pereira); Prof. Guerra;
Prof. Ioio Pacífico de Almeida (pai de D. Maria Julia) e a
Professora Jovilina de Almeida (da Santana).
Na década de vinte, Elias Pereira mandou um telegrama ao
governador Sólon de Lucena, que por sinal achou o pedido
excelente, pedindo um professor para Jericó, porque aqui as
crianças só aprendiam as primeiras letras. Veio de Alagoa Grande
à primeira professora diplomada, a Senhorita Maria das Neves que
chegou aqui juntamente com seu pai, o Sr. Francisco Xavier, que

109
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
era mestre de música e foi quem fundou a primeira banda de
música de Jericó, que funcionou por muitos anos e que tinha mais
de trinta músicos. O mestre Xavier também incentivou a formação
de uma banda de pífano, que animava diversas encenações
folclóricas como reisado, congado, bumba-meu-boi, autos e várias
danças tradicionais.
Depois destes tivemos notadamente mais duas brilhantes
professoras que enalteceram os primeiros degraus de nossa
cultura, que foram: Obidúlia Dantas e Francisca Rosado. A partir
daí seguimos a passos largos acompanhados de perto por muitos
outros notáveis professores filhos do nosso pago.

(Professor Rumão Guerra de Brito) (Professora Francisca Rosado de Oliveira)

110
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XV

Tradições folclóricas e manifestações


culturais
MANIFESTAÇÕES POPULARES

O
saber de um povo está fundamentado no poder de
perpetuação das suas tradições, nos conhecimentos
anônimos ou crenças populares expressas nos contos,
canções, lendas e costumes rememorados e transferidos de geração
a geração.
O hibridismo racial nordestino é a grande fonte
enriquecedora, é a nascente de derivação do nosso folclore que
está alicerçado nas culturas européias (portuguesa, francesa e
holandesa); culturas africanas, especialmente dos povos de língua
banto e culturas indígenas ligadas as tribos dos tupis/guaranis e
aos cariris da grande nação tapuia.

111
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O grande legado se reduz às tradições religiosas e as
manifestações inspiradas na natureza, retratando os seus
movimentos e sua relação com a vida do homem e sua labuta.
No passado as tradições folclóricas em Jericó foram
riquíssimas e vividas em quase todas as suas formas de
manifestação. Dessas apenas algumas encontraram força para
chegar aos dias de atuais.
O fator preponderante para o abandono da prática local dessas
tradições está ligado diretamente a seca. Essas tradições são
geralmente praticadas em família e conduzidas por seus líderes e
no nosso caso tivemos a pouca sorte de perder o convívio com
aqueles varões folcloristas que migraram para outras regiões em
busca de dias melhores sem que nos deixassem os seus seguidores.
As formas de folclore, tradições e costumes mais vividos no
passado foram:
CORRIDA DE ARGOLINHA, REISADO, ESPONTÕES,
BUMBA-MEU-BOI, CAMALEÃO, QUADRILHA, DANÇA DA
ARARUNA, DANÇA DE SÃO GONÇALO, LEILÃO,
CORRIDA DE PRADO, MALHAÇÃO DO JUDAS,
CASAMENTO MATUTO, PAPAMGUS, LITERATURA
POPULAR DE CORDEL (CANTORIAS DE VIOLA), COCO
DE RODA, COCO DE EMBOLADA, XOTE, CIRANDA E A
VAQUEJADA.

COMIDAS TÍPICAS
A culinária do sertanejo jericoense é muito rica em
diversidade, combinações variadas e sabores marcantes que lhes
são peculiares. As principais são: arrubacão, mungunzá,
comboieiro, canjica, pamonha, tapioca, rapadura, feijão, arroz
branco e vermelho, arroz de leite, arroz doce, buchada, costela,
pirão, cabeça de galo, picado e buchada de bode, paçoca, cuscuz,
bolo de milho, bolo de batata, torresmo, polenta, pipoca, farofa de
farinha, angu e diversos tipos de doces de frutas nativas.

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
A era eletrônica em que vivemos tem afastado as nossas
crianças dos brinquedos e brincadeiras que tanto alegraram e
ajudaram a criar todas as gerações passadas. Vídeo games,
112
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
controles remotos e computadores têm dominado o mundo
futurista de crianças e adolescente.
Num passado não muito distante, no imaginário dos
saudosistas ou talvez esquecidos num cantinho do tempo,
repousam nossos humildes brinquedos e brincadeiras singelas.
Peguemos então carona num velho carro de boi que passa entoado
seu canto de uma nota só e rememoremos.

Brinquedos

CARRAPETA; PIÃO; PIÃO SOADOR; CORRUPIO; PETECA;


BILA ou gude; CORUJA, papagaio ou pipa; BALIEIRA, bodoque
ou baladeira; CAVALO DE PAU; PERNA DE PAU;
ROLADEIRA; BOLA DE MEIA; BONECA DE PANO...

Brincadeiras

GARRAFÃO; BARRA-BANDEIRA; LICA ou pega-pega;


BIZURICO ou esconde-esconde; CAI NO POÇO; DANÇA DE
RODA; PASSA O ANEL; ADIVINHAÇÕES; BISCA BURACO;
CURRAL; CINTURÃO QUENTE; CACO; CASTELO, mão
cheia ou tiro ao alvo; PAU NA LATA; CABRA SEGA;
AMARELINHA ou academia.

A LENDA DA NAÇÃO CAIPORA – O povo encantado do


Quixauê-Penute.
Contava Damásio de uma velha de descendência indígena que
fora dada como louca ainda em sua juventude e que após a morte
dos seus pais vivera por muitos anos, sozinha, na casa grande da
fazenda Saquinho e que só muito tempo depois um parente seu,
embora em grau distante, resolvera acolhe-la, levando-a pra ir
morar lá pras bandas do Bom Sucesso.
Contava ele que aquela índia, nos seus momentos de
serenidade, gostava de cantar belos cantos em um dialeto não
conhecido que acreditavam ser na língua dos seus ancestrais e que
também costumava contar, mesmo quando ninguém estava por
perto, histórias muito intrigantes que os que ouviam ficavam sem

113
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
entender onde começava a lucidez ou terminava a loucura daquela
remanescente índia.
Uma dessas histórias que contava, ouvida e recontada por
Damásio, me chamou a atenção, pois acredito ser essa a
verdadeira lenda dos índios caiporas, ou pelo menos um elemento
que nos leva a pensar, embora num passado remoto, na existência
dessa nação, habitando este vale a quem deram nome.
Essa história fora ouvida por meu pai, quando ainda era
criança, do preto velho, rezador e contador de histórias, que
gostava de contar principalmente das profecias de Carvalho. O
velho rezador criava algumas cabras, todas pretas, sem nenhum fio
branco de cabelo e enquanto pastoreava o rebanho nos arredores
da povoação, costumava permanecer por horas, à sombra de
pequenos arvoredos, de cócoras, batendo no chão com seu cajado.
A meninada, aproveitando a sua ociosidade, o rodeava para ouvi-
lo contar histórias. Segundo meu pai o velho contava boas
histórias, mas, em particular, para ele, essa não era uma das suas
favoritas por que ele achava que falava de uma coisa sem sentido.
A verdade é que aquela era a história de uma “lenda
indígena” que nos traz a tona uma outra verdade, a verdade de que
temos uma lenda verdadeira que é puramente nossa e a qual tenho
o prazer de poder vos contar, resgatando assim, parte do perdido.
Contava a velha índia que existiram muitas luas antes do
nascimento do seu avô, um povo encantado que morava aqui nas
matas do riacho do quixauê-penute, cujo habitat se estendia desde
a barra do pinhão até a serra do Coitá.
Aquele pequeno riacho, de grande abundância d água, era
formado por duas nascentes que nunca secavam e que, por assim
ser, era muito procurado por toda a natureza de ser vivente de
toda aquela redondeza, uma vez que todo aquele oásis se
encontrava em plena caatinga, no mais tórrido sertão.
Ali vivia soberana a nação dos Caiporas que tinha pra mais
de mil homens fortes e guerreiros e que costumavam esconderem-
se, disfarçados entre as ramagens da mata sem serem percebidos,
o que os levou a serem tidos como encantados.
Os Caiporas eram por demais devotados na proteção de toda
aquela exuberante natureza, da qual mantinham vigilância
permanente, não permitindo a invasão do seu vasto território.
114
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Mesmo o povo mais guerreiro daquele sertão não se
aventurava em pernoitar por aquelas paragens temendo o ataque
dos pequenos guerreiros montados em seus porcos selvagens que
subiam e desciam serra em grande velocidade e que faziam alvos
certeiros, com suas flechas de pontas com dardos tranqüilizantes,
aqueles que se aventurassem em invadir os seus domínios. Nem
mesmo durante o dia alguém andava por ali sozinho.
Era freqüente a necessidade dos povos distantes retornarem
a aquele paraíso dado a sua abundância em água, frutos e caças.
Mas sempre que se aproximavam daquele lugar ou mesmo quando
estavam apenas de passagem, como que a título de oferenda,
deixavam nas proximidades dos lugares onde armavam os quixós
de caça, ou dos caminhos por onde passariam, cachimbos
entupidos de fumo. Isso era sinal de que vinham em paz e somente
assim conseguiam permissão para passar ou caçar naquele
território. Mas a caça ali só era permitida a tribos estrangeiras,
exclusivamente, nos anos de grande estiagem.
Num dia de grande alegria, encontrava-se reunida na grande
oca central toda a nação caipora e ao centro o conselho de honra
dos anciões para a coroação do jovem príncipe Cambá.
Dias antes havia morrido o grande chefe pai de Cambá, que
em dias de sua longa vida de mais cento e cinqüenta anos, havia
transferido todo o seu legado de conhecimentos ao jovem príncipe
o qual se tornaria no futuro o herdeiro do trono e líder dos
destinos de toda aquela gente de pouca estatura.
Antes de sua morte, numa revelação importantíssima, havia
deixado o jovem príncipe já como detentor do misterioso segredo
do povo caipora, do qual jurou cambá guardar segredo e dar
continuidade no seu místico e vital ritual.
O cacique supremo usava um grande cachimbo de barro, que
quase não tirava da boca, mas que mantinha constantemente
aceso. Enquanto fumegava lançava uma nuvem de fumaça
esverdeada que misteriosamente mantinha invisível toda aquela
aldeia, não permitindo a sua localização dentro da mata por
povos estranhos. Trazia na sua chama acesa o grande segredo da
vida daquele povo o qual se um dia apagasse traria um trágico e
desconhecido fim para todos os seus protegidos.

115
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Toda a aldeia esperava pacientemente reunida na grande
tenda para a coroação do jovem príncipe, enquanto ele
despercebido e esquecendo-se da eminente necessidade de sua
presença em tão importante cerimônia, vigiava a aproximação de
uma bela e jovem índia caçadora de uma tribo distante. A jovem
de formosura incomensurável serenamente tentava se aproximar,
de cabaça na mão, para pegar água por uma íngreme barreira no
Poço da Água Fria. Tentava não ser percebida, quando de
repente ouve-se o estalido da galhada em que ela se apoiava e a
água abril e fechou.
O jovem vigilante ao ver a índia debater-se sem êxito e
temendo testemunhar ali o seu fim, involuntariamente atirou-se na
água para salvar a bela donzela, conduzindo-a segura para a
margem em seus braços. Reconfortado por ver tão formosa
criatura viva e sorridente em seus braços, salva do até então
eminente e trágico fim é tomado inesperadamente por uma
sensação estranha que começa a tomar conta de seu corpo. Nesse
momento, olhando para o lado é que vê o seu cachimbo encantado
apagado a margem do grande poço.
Desesperado, recordando-se do que lhe havia confidenciado
seu pai e certo de ter colhido ali o fim de sua gente, levanta-se e
sai correndo, como que tentando salvar seu povo inocente, vítima
de sua imprudência e tenta se esconder na grande serra ali
vizinha. Enquanto isso a jovem índia, sem nada entender do que
ali se passava, tenta acompanha-lo quando então percebe que
aquele belo índio que acabara de salvar sua vida estava se
agigantando, crescendo assustadoramente e que enquanto crescia
mudava de cor. Sua pele começava a adquirir um aspecto
estranho, como se estivesse ficando coberta de lama.
Nisso ela houve uma seqüência de gritos. Virando-se para o
outro lado vê uma grande oca de palha emergindo de dentro
daquela floresta e que à medida que crescia adquiria a forma de
uma grande pedra arredondada. Novamente voltando seu olhar
para o jovem índio vê então que esse havia se transformado
completamente num gigante de pedra e que por fim tomba sobre a
encosta da grande serra, demolindo-se completamente. Só quando
a poeira baixa é que ela percebe que todo aquele grande corpo

116
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
havia se despedaçado complemente e do qual só restara intacta
apenas sua grande cabeça de pedra.
Depois do ocorrido é que a linda jovem descobre que junto
com aquele que a salvara, toda a nação caipora também havia
sucumbido e passou então a venerar, pelo resto de sua vida,
aquele grande ídolo de pedra.
Quando os primeiros portugueses desbravadores e
colonizadores deste sertão chegaram por aqui, certamente já não
mais existia a nação caipora, mas os índios remanescentes da tribo
daquela jovem índia, que aqui moravam, ainda contavam da
existência daquele povo que habitara um dia todo este território.
Pelo respeito e admiração que transmitiam em suas narrativas é
que, já a partir do requerimento das primeiras sesmarias de
apossamento deste vale, feitos a partir de 1705, constaram os
nomes destas terras como sendo as Datas das Caiporas de Cima e
Caiporas de Baixo. O nome da povoação de Caiporas
permaneceu até 1875 quando mudou para Jericó.
Em homenagem a Serra do Moleque, em cujo cume a grande
cabeça de pedra desponta majestosa, teve a povoação de Jericó o
seu topônimo modificado, no período de 1944 a 1949, para
Itacambá que quer dizer pedra do moleque ou homem de pedra.
A Serra Lisa, que segundo a lenda fora originada da grande
oca caipora, é hoje figura expressiva de nossa bandeira e simboliza
a força e a resistência de nosso povo.
A forma inusitada em que acreditava aqueles índios de como
havia terminado a nação Caipora é sem dúvida própria da natureza
ingênua daquela gente, gente que dependia e acreditava cegamente
nos fenômenos de sua mãe natureza e em tudo de belo que ela
criava. Mas, apesar de improvável, constitui-se num elemento que
subsidia fascinantemente, alimentando o nosso imaginário com a
possibilidade da existência, embora num passado encantado
Caipora muito distante, dessa primitiva civilização: o povo.
Num contexto atual o termo Caipora corresponde à ecologia.
FESTAS POPULARES TRADICIONAIS
A maioria de nossas festas tradicionais tem origem de cunho
religioso e resistiram ao tempo sem muitas modificações, contudo

117
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
receberam inovações, em diversos aspectos, genuinamente
sertanejas.
Em Jericó temos as festas da Padroeira (09 de setembro), a
festa do Dia da Cidade (emancipação política – 08 de maio), o
novenário de Maria (mês de maio), Vaquejadas e as festas de São
João e do Natal, que são as principais.

O Natal
A comemoração do nascimento de Cristo pelos cristãos é uma
tradição que chegou até nós pelos religiosos portugueses e aqui em
Jericó remonta ao início singular de nossa povoação. Mesmo antes
da edificação da nossa igreja matriz o povo já se reunia nas
imediações do velho cruzeiro e na noite de natal realizava missa
festiva, seguida de festa profana à moda sertaneja.
Após a edificação da igreja matriz no final do século XIX essa
festa ganhou um grande impulso no aspecto religioso e
conseqüentemente no lado profano. A festa tornou-se tradicional e
passou a congregar pessoas de outros municípios e paróquias que
vinham de carro, a cavalo e os mais de perto a pé, transformando
aquela rotina anual numa grande romaria de católicos para as
festividades natalinas entre nós.
Nos primórdios, nos tempos do escurinho, as noites do
natalício de Jesus Cristo em Jericó eram alumiadas por lamparinas
e candeeiros que clareavam precariamente as bancas de café, bolo
e tapiocas; as bancas de frutas e o tradicional caminhão de
abacaxi; os botecos com pinga de conhaque e aguardente; o velho
carrossel de madeira e o tradicional forró com fole de oito baixos.
Com o passar dos anos veio à luz elétrica e, por muito tempo,
o forró foi realizado no mercado público, tocado por Diassis de
João de Cicinho e banda. Na década de oitenta o forró foi
substituído por grandes festas gratuitas animadas por bandas
famosas, patrocinadas pela prefeitura. Dentre outras, algumas de
nossa terra como: Banda Xiss, Século XX, Licor com Mel ou
Perfume de Mulher, originárias do lugar. Esses shows reúnem
verdadeiras multidões de jovens, mas o forró de Diassis ainda
resiste, como um mito de nossas origens que só mudou de lugar,
todo natal ele ta lá, na casa de Lirinha, correndo os dedos na sua
velha “scandalle”.
118
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Arvore natalina gigante, acendendo e apagando em forma de cascata)

Com o advento das grandes festas as ruas ficaram estreitas. Já


não é mais possível dar voltas no mercado como antigamente.
Grandes parques de diversões infantis fazem à alegria da garotada,
inúmeras barracas de bijuterias, alimentação e jogos de azar
chegam uma semana antes da noite da festa e as pessoas se
reúnem, religiosamente, nos bares para tomar aquela cervejinha.
Um grande show de iluminação tornou-se a maior atração da
ornamentação natalina. Piscas que vislumbram os olhos dos
nossos visitantes correm nas avenidas principais, acedendo e
apagando em forma de cascata, em arvores natalinas gigantes que
encantam a quem as vê. Tudo isso graças ao gênio inventivo do
mecânico Genaldo Galvão, que com suas “engenhocas”, consegue
ano a ano efeitos luminosos magníficos, compatíveis com a
melhor engenharia eletrônica computadorizada da atualidade, e
tudo isso feito com todo esmero e carinho, próprio daqueles filhos

119
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
amorosos a sua terra e que de tudo fazem pelo seu
engrandecimento.
A festa de Natal em Jericó é hoje, antes de tudo, um grande
encontro das famílias do lugar, com todos aqueles filhos ausentes
que convergem todos os anos, cheios de saudades dos amigos e
parentes que aqui deixaram.

O São João
A festa de São João é uma comemoração religiosa que se
transformou numa das mais belas manifestações folclóricas de
nosso povo e que agregou a sua forma traços do caboclo
brasileiro. No nordeste os elementos mais visíveis e marcantes são
a sanfona, o cangaceiro e o matuto. A tradição da fogueira foi
agregada diversas manifestações muito fortes como: as quadrilhas;
os quadrilheiros; as músicas (cantigas de roda e xaxado); o
vestuário; os balões e rojões; as bebidas e comidas típicas e o
casamento matuto.

120
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

Quadrilha Junina Mirim da Escolinha O Pequeno Grande

(Quadrilha do Arraia do Miará)

(Quadrilha da Brega e Chic)

121
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Quadrilha do Mesquitão)

Até 1989 essa festa, em nosso município, restringia-se aos


forrós realizados anualmente nos sítios, a luz de lampião, no velho
estilo de festa na roça. Na noite de véspera de São João a cidade
ficava deserta. Os jovens iam todos para os forrós.
Atendendo ao apelo do Prefeito Adonay de Freitas, em 1990,
a direção da ADECOJE formada por Claudizon Galvão, Jerrivaldo
Almeida, Jorge Barbosa, Joselita Diniz e Genebaldo Formiga
assume o desafio de trazer a alegria das festas juninas para a
cidade. Naquele mesmo ano foi feito um arraial em frente aos
Correios e os casados levantaram poeira. No ano seguinte a Brega
e Chic e o Arraial do Milharal já brincavam animadamente. Em 92
acontece o primeiro evento, com apresentação pública
disputadíssima. A partir daí o nosso São João vem se superando e
cada vez mais ficando melhor.

(Casamento matuto da Brega e Chic – Laurindo Ferreira como juiz casamenteiro)

122
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
A MÚSICA E A LITERATURA POPULAR
Apesar do nosso empenho, não nos foi possível resgatar
nenhum registro de nossas manifestações populares, vividas e tão
presentes a partir do início do século passado, como é o caso de
nossa primeira banda de música, do Maestro Francisco Xavier,
que veio para cá acompanhando a sua filha, a jovem Maria das
Neves, que foi a primeira professora diplomada de Jericó. O
mestre Xavier fundou além da banda de música, que tinha mais de
trinta jovens músicos instrumentistas, uma banda de pífano e com
ambas manteve viva, por quase duas décadas, várias
manifestações folclóricas de nossa região, como reisados,
encenações de autos e alegrando disputadíssimas corridas de
argolinhas, que envolviam grande número de pessoas dos cordões
azul e vermelho.
Quando esse daqui foi embora deixou nossas tradições na
orfandade, as quais só ressurgiram na segunda metade daquele
século, quando por aqui chegou o primeiro vigário residente, o
padre Jerônimo Martins, que incentivou a criação de corais e
bandas de músicas, que objetivavam integrar a juventude.
A primeira banda de música criada, que na época era
conhecida como “Conjunto
Musical”, foi “Os
Invencíveis” em 1968.
Nesse mesmo período
surge “Diassis e Banda”
tocando forró, em quarteto:
sanfona, pandeiro, triângulo
e zabumba, no velho e
tradicional estilo de forro de
pé de serra. Diassis é o único
dessa primeira faze que
ainda resiste, mantendo
acesa a tradição nordestina
de dançar quadrilha e
arrastar pé no São João e no
Natal de Jericó.

(Diassis sanfoneiro e Verinho zabumbeiro, ambos aos 17 anos)

123
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

OS INVENCÍVEIS – 1968 – Da esquerda para a direita de quem ver: Humberto de Nicó, Deca
Sanfoneiro, Assis de Zé Nestor, Toinho de João Conrado, Hermano de Chica Mendes e Liu.

Outras mais surgiram, mas poucos duraram. Em 1978 aparecem


“Os Samaritanos” que canta por alguns anos o romantismo
daquela época. Em 1981 surge a Banda “Século XX”, dos jovens
Francisco José de Sousa (Francisco de Nega) e Francisco das
Chagas Alves de Oliveira (Chaguinha Kel). Entre 1986/1987
surgiu à equipe Ronnie Som que fundou o “Ronnie Som Dance
Clube”, que fazia grande sucesso junto aos jovens que gostavam
da música eletrônica e que lotavam a sede do Clube todos os finais
de semana. Dessa formação destacam-se Ronnie Von, Josivaldo
Urtiga e Marcondes Mascarenhas que um ano mais tarde viajam
para São Paulo no intuito angariar recursos para formar um
conjunto musical, daí surgindo então o conjunto “Raio Lazer”, no
início da década de 90. Na mesma época surge o “Versátil”, de
João Bosco. Após o fim do Raio Lazer, Josivaldo viaja novamente
para São Paulo, dessa vez sosinho, regressando anos depois com
novos equipamentos e dá início à banda “Expresso Musical”, que
por motivo de marqueting comercial muda o nome para “Licor
com Mel” e mais tarde para “Perfume de Mulher”. É importante
ressaltar que esteve presente em todas estas formações anteriores,
o vocalista Chaguinha Kel. Nessa mesma época Marcondes
Mascarenhas também retorna à São Paulo, regressando com a
“Banda Xis”, continuando a animar festas e bailes da região.
124
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Da esquerda para a direita: Novo de Manelzinho, Jean de Seu Pimenta, Josivaldo Urtiga, Nino de
Bené de Laurino Ronnie Vom e Marcondes Mascarenhas)

(Da esquerda para a direita, em pé: Chaguinha Kel, Josivaldo Urtiga, Brizola, Marcondes, Ronnie
Von e Francisco de Nega. Agachados: Rivelino e Netinho)

125
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Francisco de Nega, Bibi, Brizola, XXXXX e Chaguinha Kel)

(Perfume de Mulher)

126
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
POETAS E POESIAS
Outro importante grupo de divulgadores populares de nossa
literatura são os poetas repentistas, improvisadores e cancionistas,
que divulgam a arte do repente e do improviso ao som de viola
sertaneja. Dentre outros tantos de minha terra cito: Antônio
Saldanha, Adalberto Almeida, Francisco Benício, Laelson da
Silva, Chagas Vitoriano, Francisco Vitoriano Sobrinho, Antônio
Diniz e Cícero Moura. Existindo, entretanto, inúmeros outros
poetas jericoenses que não participam deste seleto grupo, mas que
de todos nós são conhecidos como: Raimundo Mesquita, João
Mesquita (Coelho), José Pereira de Lima (majó), Maria das Neves
Vitoriano (Luora), Iramar Pereira, Adércio Almeida, José Pereira
Segundo e Francisco Fernandes, entre outros. Aqui selecionamos
versos de alguns desses geniais amantes da poesia.
O Poeta Raimundo Mesquita já foi vereador de Jericó em sete
legislaturas, vive empenhado na defesa dos mais necessitados,
trilhando um caminho que prima pela retidão política. Espelhou-se
sempre nos seus próprios sentimentos, que refletem o seu caráter e
guiado por essa conduta, sempre se distinguiu pela legitimidade.
Leal amante da poesia e das coisas de sua terra, não se ofusca
em capacidade diante dos mais memoráveis representantes dessa
estirpe, quando esbanja um pouco de sua criatividade em retalhos
de sua veia poética.
Perguntado sobre como vê a sua atuação política, durante
tantos anos a frente do legislativo jericonse, respondeu:

Vereador trinta e sete Resta pedir ao juiz


Presidente alguns anos Lá do céu onipotente
Dos edis paraibanos Que no seu livro acrescente
Uma história se reflete Meu perdão pelo que fiz
Mas que não se compromete Tudo não foi por que quis
A nossa magnitude Foi por desvairo também
Lutei pela plenitude Fico agora como quem
Dessa terra a minoria Aguardo o que Deus quiser
Não fiz o que pretendia Como quem quis e não quer
Mas não fiz porque não pude Como quem teve e não tem

127
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Perguntado sobre a sua vida, as alegrias, os amores e do que
mais tem saudades, respondeu:

A vida começa assim Recordo o primeiro dia


Cheia de muitos fulgores Em que arranjei namorada
Sempre os princípios são flores Uma menina educada
Da qual ladeira é o fim Naquela hora eu sentia
A idade traz em fim Por ela uma simpatia
Quadros emocionais Grande amizade aliás
Subir a ladeira faz Não esquecendo jamais
Ficar sujeito a decida A primeira pretendida
Os bons momentos da vida Os bons momentos da vida
Passam depressa demais Passam depressa demais

E aquele primeiro beijo Hoje ela e eu nóis estamos


Que trocamos com carinhos Um do outro bem distantes
Durante alguns minutinhos Já não é mais como antes
Sob o luar sertanejo Nunca mais nos encontramos
Como num manto bem faceiro Um certo dia juramos
De uma noite fugaz No amor sermos leais
No amor desses casais Mas a distancia que faz
Numa hora inesquecida Uma promessa esquecida
Os bons momentos da vida Os bons momentos da vida
Passam depressa demais Passam depressa demais

Hoje eu vendo aquela face


Que tão bonita eu achei
Da mulher que tanto amei
Penso se tudo voltasse
E a gente comemorasse
Como nos anos atrás
Momentos primordiais
Fosse até por despedida
Os bons momentos da vida
Passam depressa demais

128
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Síntese poética.
Nestes versos que compus
Há uma interrogação
Fazendo a comparação
Se até mesmo Jesus
Por nós pregado na cruz
Trocado por Barrabaz
Sofreu dores cruciais
E nós o que merecemos?
Os bons momentos que temos
Passam depressa demais

Poeta Iramar Pereira


Dedico esta poesia O ancião é importante
Presente da inspiração Para a comunidade
Àquele que trabalhou É um exemplo de vida
Com muita disposição Prega o amor e a verdade
E hoje guarda uma história Um caminho a ser seguido
Na sua recordação Por nossa sociedade

Com muita sinceridade Você quer ser educado


Merece ser respeitado Lhe trate com alegria
Com luta, com sacrifício Mostre para ele um sorriso
Ele já tem caminhado A cada hora do dia
É um grande vencedor O velho é uma fonte
Mesmo estando cansado Que jorra sabedoria

Talvez na sua alegria Reconheça com amor


Ele esconde uma dor O valor que o velho tem
Nunca deixaria de ser Ele tem experiência
Um herói, um lutador Promove a paz e o bem
É a sua trajetória Quem é jovem hoje em dia
Que mostra assim seu valor Ficará velho também

129
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O Poeta Evangélico, Chagas Vitoriano

Jesus o medianeiro O ébrio que causa espanto


Já tem feito coisa incrível Transforma em homem de paz
Opera no impossível No lugar de satanás
Por seu amor verdadeiro Coloca o espírito santo
Pega o homem cachaceiro Sua mudança é de um tanto
Que só vive exposto ao chão Que causa admiração
E lhe dá um galardão Dos pés até a feição
De homem santificado Fica todo transformado
Jesus é capacitado Jesus é capacitado
Pra fazer transformação Pra fazer transformação

Sofri o maior impasse Jesus faz tudo que quer


Como instrumento satânico Dá consolo ao infeliz
E Jesus me vendo em pânico Transforma uma meretriz
Inclinou pra mim a face Em uma santa mulher
Fazendo assim transformasse Das garras de lúcifer
Meu mundo de ilusão Toma o bruxo charlatão
Num viver com perfeição Bota uma bíblia na mão
Que não havia sonhado E o diabo é derrotado
Jesus é capacitado Jesus é capacitado
Pra fazer transformação Pra fazer transformação

No evangelho me agarro Matheus capítulo dezoito


Sem ser por simples acaso Manda voltar ser criança
Jesus pegou o meu vaso A minha grande esperança
Quebrou e compôs de barro Hebreus nove e vinte oito
Não fede mais a cigarro Conforme Romanos oito
Nem conhaque de alcatrão Não há mais condenação
Nem tem poeira do chão Três, dezesseis de São João
E mau cheiro de embriagado Mostra o quanto eu sou amado
Jesus é capacitado Jesus é capacitado
Pra fazer transformação Pra fazer transformação

130
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O poeta Laércio da Silva

Se dependesse de mim Dominava qualquer rua


Eu ia ao sol e a lua Com os meus poderes bravos
O Itaú era meu Pobres não eram tratados
A Sousa Cruz era sua Como burros e escravos
Sobrava creche e comida E a gasolina baixava
Para os meninos de rua Pra vinte ou trinta centavos

Mostrava poderes bravos Se dependesse de mim


Se dependesse de mim Era muito diferente
Remédio baixava o preço A mulher pobre seria
E a droga levava fim De senadora a suplente
Apoiava o que está certo O vaqueiro era ministro
E acabava o que é ruim E o camponês presidente

Dava pra o pobre carente Dava a homens e mulheres


Mesa, prato e talheres Mais apoio e mais valor
O pobre tinha direito Tinha eleição todo ano
De amar outras mulheres De prefeito a senador
Do porte de tiazinha A minha esposa era vice
Joana Prado e Carla Perez E eu era governador

A poetiza Maria das Neves Vitoriano (Loura)

Hoje temos 24 A família vem à escola


Dias do mês de Abril Pra nossa satisfação,
É uma data específica, Com a família presente,
Em todo nosso Brasil. Valoriza a educação.

Somos privilegiados, Sintam-se muito a vontade


Por este acontecimento, Neste convívio feliz
Esperamos outros encontros, Sua presença melhora
Em outros grandes momentos. O ensino do país

A vocês muito obrigada!


Por ficarmos reunidos,
Voltem sempre a nossa escola
Ficamos agradecidos!
131
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Os poetas repentistas Chagas Vitoriano e Laelson da Silva)

AS BANDAS DE FANFARRA
Alem dos estilos acima apresentados existe outro importante
segmento musical presente em nossa comunidade que são as
bandas de fanfarra, que integram nossos jovens em torno das
manifestações culturais e cívicas.
A primeira banda marcial constituída foi a do Ginásio
Comercial N. S. dos Remédios, no início dos anos 70. Em seguida
veio a do Francisco Maia em 74, a Banda Marcial 8 de Maio, da
prefeitura, criada em 83 e a Banda Marcial O Pequeno Grande,
do Instituto Jericoense de Educação Infantil, IJEI, criada em 2000.

(Banda Marcial do Francisco Maia, em desfile cívico de 1981)

132
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(Banda Marcial o Pequeno Grande, em desfile cívico de 2004)

CULTUANDO O FUTEBOL
O futebol, velha e tradicional paixão brasileira, é praticado em
nosso município desde a década de 30. Até final da década de 40
não passava de simples pelada rotineira de fim de tarde. Os
primeiros jogadores do esporte, com habilidade reconhecida da
época foram: João frandileiro, Mário de Ana, Zé Teobaldo,
Antonio, Sergio e Delino Anterino. Em 1954 o esporte ganha
status de agremiação e é então criado o primeiro time com padrão
de terno e chuteira. Esse time era o Centro de Esportes
Jericoense, que tinha campo na Várzea da Porta e participou de
vários torneios com municípios vizinhos. Os seus componentes
eram: Edimilson (goleiro); Miúdo; João Do Ó; Titico de Laurindo;
Mauro de Ana; Meirinha; Costinha de Dodô; Milton de Piu;
Benedito de Zabé; Lavo e Cinézio. Existiram vários campos no
entorno da cidade, mas os principais ficaram na Várzea da Porta,
de 48 à 58 no baxio de João Rozado (hoje Sitio Mangueira); de 58
à 84 por traz do Ginásio e apartir de 84 na ADECOJE.

133
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

(1963 – Vasco da Gama – Gilvam Valci de João Gonçalo e Zé Baião)

134
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
MADUREIRA FUTEBOL CLUBE - 1978

(Madureira. 1978 – Em pé: Zé Nunes, Chaguinha, Derivan, Valdinho, Gatinho, Claudeeide, Pelé,
Irapuã e Neném Alves. Agachados: Geraldo de Cristina, Epitácio, Zeca, Salomão e Rosário)

FLUMINENSE FUTEBOL CLUBE – 1980

(Em pé: Zidório, Salomão, Ronaldo, João Leite, George, Líço, Zé Nunes, Jucieu e Joíres. Agachados:
Nego tel, Chico Pira, Joécio, Bibi, Nenén Alves e Deci)

135
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
GRÊMIO FUTEBOL CLUBE - 1982

(Grêmio – 1982. Em pé: Cabo Edson, Xura,. Robson, Valdinho, Neném, Assis, Nenzinho.
Agachados: Liço, Marcos de Mário de Ana, Juracir, Amarildo e Joécio)

MADUREIRA FUTEBOL CLUBE - 1982

(Em pé: Caboquinho – Técnico, Assiszinho, Irapuã, valdinho, Rosário, Ronaldo, Robson e
Marcondes. Agachados: Assis, Amarildo, Juracir, Marcos, Das Chagas e Joézio)

136
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
MADUREIRA FUTEBOL CLUBE - 1984

(Madureira – 1984. Em pé: Netão, Ronaldo, Sabonete, Pita, Valdinho, Marcos e Cabo Edson.
Agachados: Robson, Amarildo, Chaguinha, Bibi, Ba e Nildo)

MASTER FUTEBOL CLUBE - 1999

(Em pé: João Antônio, Cizinho, Amarildo, Marquinho, Neto, Antônio de Delo, Gordo, Marcondes,
Marquidove, Ailton e Marcos. Agachados: Clécio, Almair, Tico de Iza, Bastião, Castro, Cláudio e
Reginaldo)

137
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
MASTER FUTEBOL CLUBE - 2002

(Máster – 2002. Em pé: Robinho, Itamar, Cizo, Manoel, Cabo Zé, Amarildo, Ailton, Clécio e
Marinaldo. Agachados: Pulinha, Pelado, Laidinho, Tico de Iza, Valdo e Lambuza)

138
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XVI

Aspectos geográficos

139
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
LOCALIZAÇÃO
O município de Jericó está localizado na zona fisiográfica do
baixo sertão do Piranhas, na facha ocidental do Estado da Paraíba,
integrando a microrregião nº 89 – Depressão do Alto Piranhas.

Área total – em 2000 = 156,68 km²

Limites.
Norte: Brejo dos Santos e Catolé do Rocha
Sul: Lagoa
Leste: Mato Grosso e Riacho dos Cavalos
Oeste: Bom Sucesso

Coordenadas Geográficas.
Latitude (Sul): -6,5º
Longitude (Oeste): -37,8º
Altitude: 250 m

População.
Pessoas residentes – 1991 = 7250 habitantes
Pessoas residentes – 1996 = 7251 habitantes
Pessoas residentes – 2000 = 7416 habitantes
Homens – 2000 = 3659 habitantes
Mulheres – 2000 = 3757 habitantes
Pessoas alfabetizadas c/ mais de 10 anos – 2000 = 3902
Domicílios particulares permanentes – 2000 = 1751
Domicílios c/ banheiro ou esgotamento sanitário – 2000 = 360
Domicílios c/ abastecim. de água e rede geral – 2000 = 1109
Domicílios c/ coleta de lixo regular – 2000 = 594 domicílios
Hospitais – 2000 = 1 hospital
Leitos hospitalares – 2000 = 12 leitos
Unidades ambulatoriais – 1999 = 5 unidades
Matrículas no ensino fundamental – 2000 = 1812 matrículas
Matrículas no ensino médio – 2000 = 191 matrículas
Estabelecimentos de ensino fundamental – 2000 = 25
Estabelecimentos de ensino médio – 2000 = 1
Eleitores - 2000 = 4419 eleitores

140
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Empresas com CNPJ atuantes – 1998 = 35 empresas
Valor do Fundo de Partic. Munic. – 2000 = R$ 1.237.974,00
Valor do Imposto Territorial Rural – ITR - 2000 =R$ 999,27

Distancia entre as cidades de influência (Km)


João Pessoa: 404. Campina Grande: 282. Patos: 101. Pombal:
32. Catolé do Rocha: 30. Sousa: 70.

HIDROGRAFIA
A hidrografia de nosso município é formada por riachos e
córregos de pequeno porte, que apresentam vazão fluvial temporária
limitada à descarga pluvial dos curtos períodos de inverno.
É composto basicamente pela bacia do riacho São Bento e seus
afluentes. O principal afluente dessa bacia é o riacho Sabiá que
nasce na Serra do Comissário (Lagoa-PB) e deságua no São Bento,
com foz na sede do município de Jericó. Os demais afluentes
nascem a montante do açude carneiro, onde deságuam. São eles:
Riacho do Jerimum, que nasce na Serra Azul (divisa de B. dos
Santos com Jericó-PB) e deságua no Carneiro, com foz no sítio
Saquinho; Riacho do Pau-ferro que nasce no Serrote de Terra (Brejo
dos Santos) e deságua no Riacho do Bom-Sucesso, com foz no sítio
Boqueirão; Riacho dos Barrinhos que nasce na Cabeça da Onça
(Lagoa-PB) e deságua no Riacho do Santo Antonio, com foz no
Sítio Riacho do Sítio; Riacho Bom-Sucesso que nasce no serrote do
Cascalho (Alexandria-RN) e deságua no Carneiro; O Riacho Santo
Antonio que nasce em Casinha do Homem (Lagoa-PB) e deságua
no Carneiro, sendo estes dois últimos os maiores e principais
afluentes, que juntos com os outros três e pelos córregos da Seringa,
Trincheira, Muquila e Riacho Seco formam o manancial fluvial do
Açude do Carneiro.
Após o açude os riachos e córregos acima formam o Riacho
São Bento, que ainda recebe os córregos da Gangorra, Vertentes,
Aroeira, Montes Claros e o já falado Riacho Sabiá.
Existem também no lado noroeste do município os riachos do
Frade, do Açude Velho e o da Malhadinha seguidos pelos córregos
da Pitombeira, Jenipapo e Timbaúba. Todos esses desaguando no
riacho do Olho D’água.

141
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O AÇUDE DO CARNEIRO
O açude do Carneiro foi construído em 1985 pela empresa
ENARQ, na administração do então governador do estado, Wilson
Leite Braga, através do projeto CANAÃ que financiou a construção
de dezenas de outros açudes e barragens em todo o estado da
Paraíba.
O sonho da construção do açude Carneiro era uma
reivindicação antiga que, apesar da determinação do governador
Wilson Braga e o irrestrito apoio da maioria da população, deparou-
se com uma forte resistência a sua construção, visto que ia de
encontro com interesses de proprietários da bacia, bem como de
autoridades municipais da época.
Em final de 1932, após as terríveis secas dos anos de 30, 31 e
32, foram iniciados os primeiros levantamentos topográficos da
bacia. Os estudos foram comandados pelo engenheiro alemão Dr.
Flockos, que não concluiu o seu trabalho, o qual foi abandonado no
início de 33, mas deixou-o já muito adiantado e pelos seus
apontamentos já se evidenciava a grande capacidade de
armazenamento de água do local. Os seus estudos apontavam para
um reservatório com capacidade para armazenar de 250 milhões de
m³, com três panos de parede e sagrando para o sítio soledade e um
outro reduzido, com 150 milhões de m³, com dois panos de parede e
sagrando para o sítio Açude Novo.
A saída repentina do engenheiro alemão, segundo contava o
meu pai, deveu-se unicamente ao fato do Dr. Flockos nunca ter
presenciado em sua vida, uma trovoada de primeira chuva.
Naquele ano de 33, na pegada do inverno, os céus quase
desabaram logo na primeira chuva. Há noite mais parecia um dia,
iluminada pelos incessantes relâmpagos, seguidos de estrondosos e
intermináveis trovões ensurdecedores, que aterrorizaram
irremediavelmente o nobre engenheiro. Em detrimento daquela
tempestade natural, o nobre doutor perdera completamente o
controle emocional em meio a tanta aflição, não conseguindo sequer
perceber que havia borrado suas calças. Somente no dia seguinte é
que percebera o seu descontrole e, logo bem cedo, horrorizado com
a violência da natureza e ainda envergonhado com o acometido,

142
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
arriou o cavalo, desmontou o teodolito com o restante da tralha e
partiu de uma vez.
Assume então, as suas funções, o engenheiro Mendes Ribeiro,
que rebaixa a capacidade do açude, alegando que com as dimensões
anteriores ele não encheria, para 54 milhões de m³, com um único
pano de parede e sagrando para o sítio Várzea da Porta.
Governos passaram e o velho ideal ficou adormecido até
Wilson Braga tomar a frente dos destinos do estado, idealizando e
concretizando um dos mais ambiciosos projetos já realizados na
área dos recursos hídricos de nosso município.
Aprovados os recursos para a implantação do projeto CANAÃ,
o governador anuncia as comunidades que seriam beneficiadas.
Dentre elas estava Jericó, com a construção do açude Carneiro, que
seria feito nos moldes e capacidades do projeto de Mendes Ribeiro.
Inicia-se ai uma grande batalha entre a determinação do
governador, que defendia um velho anseio popular, e o
corporativismo inconseqüente de proprietários com terra na área
inundável, com fortes representações em todas as esferas, que não
conseguiram botar abaixo o projeto, mas levaram ao seu
rebaixamento, para a atual capacidade de 32 milhões de m³.
A resposta, aos opositores a sua construção, foi dada pelo
próprio açude, que hoje serve muito mais a aqueles que ao resto da
população. Mesmo dentre aqueles, não se encontra hoje pessoa que
negue o grande benefício que nos trouxe a sua edificação. Todos os
proprietários envolvidos foram indenizados pelas áreas submersas e
ficaram com o direito de usufruto das áreas não inundáveis.
A existência de água boa, permanente e abundante é, não
somente um bem, mas uma graça, pois água sempre foi sinônimo de
vida, principalmente no sertão.
Acredito que um dia aparecerá um outro governante, com a
determinação de Wilson Braga, que implantará nas terras da jusante
do açude Carneiro, um projeto de irrigação responsável e ai teremos
não só água, mas água, trabalho e pão.

143
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
RELEVO
Com altitude média de 250 metros, o relevo do município de
Jericó segue as características do restante do sertão, onde
predominam as planícies ligeiramente onduladas, formadas por
tabuleiros de barro pedregoso, carrascais e terras planas de solo
aluvião as margens dos riachos, com elevações montanhosas
abruptas isoladas onde se destacam as Serras: da Volta; do
Saquinho; da Rajada; do Carneiro; o serrote Vermelho e a Serra
Lisa (que figura em nossa bandeira) que expõem sua formação de
rochas graníticas quase sempre desprovidas de solo e cobertura
vegetal.

FLORA E FAUNA
A vegetação predominante é a caatinga formada por plantas
xerófilas, rarefeitas e arbustivas de pequeno porte, como pereiro
(branco e preto), jurema, marmeleiro, e outras mais que perdem as
folhas na estação da seca.
É muito rica em bromeliáceos e cactáceos, comumente
espinhosos, onde se destacam os xiquexiques e mandacarus.
Existem também arvores de grande porte, geralmente com galhada
retorcida, como aroeiras, angicos, cumarus, catingueiras,
quixabeiras, juazeiros etc. A maior parte dessa vegetação foi
devastada para o plantio de algodão, formação de pastagem,
confecção de carvão e para o uso domestico como lenha.
Ao longo das margens dos córregos e riachos, onde os solos são
mais profundos e férteis, desponta uma vegetação frondosa que
forma linhas verdes, que se sobressaem frente à caatinga cinzenta,
onde se destacam as oiticicas, canafístulas, carrapateiras e muitas
outras espécies.
Habitando essa vegetação ainda são encontrados alguns
animais e aves nativas da região tais como: Preá, mocó, tejo (teiú ou
tiú), tatu, peba, camaleão, raposa, guará, gato do mato (mourisco),
timbú, gambá, cobras (jararaca, cascavel, coral, preta, cobra-de-
veado, -de-cipó, verde, correcampo), soim ou sagüi, rolinha (branca,
caxexa ou cafuta, caldo de feijão, cascavel ou fogo-pagô), galo de
campina, concriz ou corrupião, azulão, canção, rouxinol, casaca de
couro, anum (preto e branco), papacum, papa-sebo, papa-capim,

144
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
periquito, seriema, sericóia, bem-te-vi, teteu, bico-doce, gavião-
vermelho e carijó, carcará, urubu, mãe-da-lua, lambu ou inhambu,
codorniz, sabiá, coruja, caboré, juriti, arribação, papa-lagarta, beija-
flor, tiziu, golado, cafute, vem-vem, caboclinho, bico de prata,
jaçanã, garça, galinha d’água, mergulhão, socó, marreca, etc.
Outros tantos, para nossa tristeza, engrossam a lista dos
extintos ou em fase de extinção em nossa região, são eles: macaco-
prego, porco do mato, pato selvagem, maracanã, papagaio, gralha,
tamanduá, veado campeiro, asa branca, jacu, jandaia, craúna, gato
maracajá e mirim, lobo guará, guaxinim, acauã e canário da terra.
Os pardais, andorinhas e pombos são hoje considerados
urbanos ou domesticados tais como gatos, cachorros, suínos,
bovinos, eqüinos, caprinos, muares e asininos.

CLIMA
Apresenta Clima quente e seco ou tropical semi-árido. As suas
temperaturas variam entre 22ºC para a média das mínimas e 35ºC
para a média das máximas.
A época das chuvas ocorre, freqüentemente, entre os meses de
janeiro a março, para início e de maio a agosto, para término, com
média anual de 700 mm, que corresponde ao período de inverno,
podendo ocorrer chuvas ocasionais e esporádicas nos meses de
outubro a dezembro. Contudo é típica da região a ausência ou
escassez de chuva na estação do inverno, o que determina a
ocorrência da seca total ou seca verde, bem como é natural
ocorrerem períodos curtos ou longos de estiagem durante a época
das chuvas, conhecidos como verão.
Os baixos índices de precipitação pluviométricos determinam
as características áridas e tórridas da região, influenciando
diretamente na formação e existência da fauna e flora que são
perfeitamente adaptadas ao meio e as suas condições.
A massa equatorial tropical e os ventos alísios do Nordeste são
fatores preponderantes na formação das chuvas em nossa região.

145
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
ASPECTOS GERAIS
O município de Jericó, como poucos do sertão, é formado por
terras de alto valor produtivo, principalmente pela existência de
uma grande quantidade de terras férteis localizadas nas margens dos
riachos São Bento e Sabiá. Somando-se a isto está à existência de
uma boa malha rodoviária formada pela PB-325, por estradas
secundárias que ligam o resto do município a sede e a proximidade
com grandes rodovias como a BR-230 que, em muito, facilitam o
escoamento de nossas produções.
Até presente data, o município, tem recebido poucos
incentivos para desenvolver os seus largos potenciais nas áreas do
turismo de lazer, da pesca, da fruticultura irrigada, da
caprinocultura, da indústria do artesanato e muitas outras fontes não
exploradas.

MAPA DA CIDADE DE JERICÓ

146
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XVII

Símbolos oficiais
A BANDEIRA

A LEI COMPLEMENTAR Nº 04, de 24 de abril de 1997


dispõe sobre a criação da bandeira e dá outras providências.
Ver anexo X e anexo XI que faz alterações.

O Prefeito Jose da Silva Oliveira, em cumprimento ao que


preceituava a LEI ORGÂNICA do município, designa uma
comissão especial, formada pela Secretária Municipal de Educação
Eunice Hercília de Sousa e pelos senhores Damião de França
Neves, Claudizon de Sousa Galvão e João Neto de Freitas e delega
a tal comissão poderes para definir o desenho que figuraria na
bandeira oficial do município a ser criada.

147
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Escolhido o desenho e simbolismo sugerido na proposta
apresentada por Claudizon Galvão com organograma, modulação e
formatação de Damião de França, a comissão, com assessoramento
jurídico do Bacharel Marcelo Gadelha Borges, apresentou o
anteprojeto, definindo as cores e a forma para confecção da
bandeira, que foi aprovado pela Câmara e sancionado pelo Prefeito
em 24/04/1997.

SIMBOLISMO
O simbolismo expresso da bandeira guarda em todos os seus
aspectos, peculiaridades do município que estão assim
representadas:
 o retângulo branco, simboliza a paz que emana da
fraternidade entre o povo de Jericó.
 o grande círculo azul, simboliza a união do povo jericoense
sob as bênçãos de Deus.
 as 56 estrelas, na cor branca, simboliza as comunidades do
nosso município, correspondendo, cada uma delas, a uma
comunidade relacionada em ordem alfabética, e representada a
partir da 1ª estrela situada no ponto mais alto do círculo, são elas:
Alto Alegre, Açude Novo, Alto da Palmeira, Aroeiras, Bom
Conselho, Bom Jardim, Cabeludo, Carneiro, Canas, Cantofas,
Escondido, Fortuna, Frade, Gangorra, Jenipapo, João Pereira, Juá,
Juá Doce, Lages, Logradouro, Malhadinha, Mandacaru, Monte Flor,
Mulungu, Muquila, Olho D’água, Paciência, Pacuti, Pasto Novo,
Pau-Ferro, Pedras Pretas, Pitombeira, Poço Bonito, Rajada,
Recanto, Recanto II, Riacho Fechado, Riacho Seco, Saco Velho,
Saquinho, Serra Azul, Sítio Novo, Soledade, Timbaúba, Tanquinho,
Trincheiras, Umburana, Varzinha, Várzea da Porta, Várzea do
Barro, Várzea do Saco, Várzea dos Cavalos, Várzea dos Pedros,
Várzea Grande, Vertentes e Volta do Carneiro.
 O semicírculo superior, na cor azul céu, simboliza o manto
azul do nosso céu.
 A Serra Lisa, na cor branca com detalhes verde musgo, que
é o ponto geográfico de maior destaque e nosso eterno guardião,
simboliza a memória e a resistência do nosso povo.

148
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
 O sol, na cor amarela ouro, simboliza a esperança renovada
de dias sempre melhores.
 A faixa superior do semicírculo inferior, na cor marrom,
simboliza o nosso solo fértil e vicejante.
 A faixa do meio do semicírculo inferior, na cor verde
folha, simboliza a flora e a nossa agricultura irrigada.
 A faixa inferior do semicírculo inferior, na cor azul mar,
simboliza as águas abundantes provenientes do manancial fluvial do
Açude Carneiro.
 O peixe, na cor amarela ouro e detalhes verde musgo,
simboliza a renovação das espécies e a riqueza farta.
 O listel de blau, na cor vermelho vivo, retrata a data magna
de nossa independência e a luta do nosso povo pela sua
emancipação política.

O HINO

ESTADO DA PARAÍBA
Prefeitura Municipal de Jericó
_____________________________________________________

Projeto de Lei Complementar no _____/06.

Cria o Hino Oficial do


Município de Jericó e
dá outras providências.

O Prefeito Municipal de Jericó, Estado da Paraíba, no


uso de suas atribuições legais e o disposto no art. 6o da Lei
Orgânica Municipal,

Faz saber que a Câmara Municipal de Vereadores


aprovou e ELE sanciona a seguinte Lei Complementar.

149
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
o
Art. 1 Fica criado e instituído o Hino Oficial de Jericó,
conforme disposto no art. 6o da Lei Orgânica Municipal.
Art. 2o O Hino Oficial de Jericó tem:
I - letra de Claudizon de Souza Galvão;
II - música e arranjo do maestro Francisco Jacinto da
Silva
III - interpretação oficial para referência, de Francisco
das Chagas Alves de Oliveira.
Art. 3o O Hino Oficial de Jericó é o constante do
Poema a seguir disposto, obedecido sua estética rítmica, rima
poética, disposição harmônica das estrofes, silabação,
denotação e conotação e as palavras na poesia:

HINO DE JERICÓ

LETRA: CLAUDIZON DE SOUSA GALVÃO


MUSICA / ARRANJO: MAESTRO FRANCISCO JANCINTO DA SILVA
INTERPRETE: FRANCISCO DAS CHAGAS ALVES DE OLIVEIRA

ECLODE DAS ENTRANHAS DA TERRA


O NOSSO PRIMEIRO RINCÃO
AS MARGENS DO RIACHO SÃO BENTO
UM CASEBRE BEIRA CHÃO
NA FOZ DO SABIÁ BRAÇO FORTE
DO SÃO BENTO GENEROSO
FINCA MORADA PRA SEMPRE
ESTE LUGAR MAGESTOSO (Bis)

ÓH BELA CIDADE
ÓH TERRA QUERIDA REFRÃO
QUEM VEM PRA ESSA CIDADE
FICA PRA O RESTO DA VIDA

150
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
QUIXÓ PENOSO É PRA CAÇAR
FLORESTA É VERDE MANTA
CAIPORA DA SELVA É LENDA
JERICÓ É TERRA SANTA
ITACAMBA MOLEQUE DE PEDRA
PASSADO QUE NOS ENCANTA (Bis)

ÓH BELA CIDADE
ÓH TERRA QUERIDA REFRÃO
QUEM VEM PRA ESSA CIDADE
FICA PRA O RESTO DA VIDA

ORGULHOSA MINHA TERRA BRASIL VÊ


SOB O CEU UNIVERSAL DO MEU SERTÃO
O MAGNO DESPERTAR DE MINHA TERRA
SUBLIME FILHA DESTA LINDA NAÇÃO
POR VANDALOS CANGACEIROS INVADIDA
CRUEIS SANGUINÁRIOS COM FUROR
TU SOUBESTE VENCER BRAVAMENTE
COM TEUS FILHOS SEM TEMOR (Bis)

ÓH BELA CIDADE
ÓH TERRA QUERIDA REFRÃO
QUEM VEM PRA ESSA CIDADE
FICA PRA O RESTO DA VIDA

JERICÓ ENTRE OUTRAS TANTAS


EIS A TERRA QUE MEREÇO
RISONHO CAMPO EM FLOR
INFINITO AMOR TE OFEREÇO
CONTIGO SEMPRE ESTAREI
ÓH MINHA MÃE, ÓH MEU BERÇO (Bis)

ÓH BELA CIDADE
ÓH TERRA QUERIDA REFRÃO
QUEM VEM PRA ESSA CIDADE
FICA PRA O RESTO DA VIDA

151
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
VEJO SOB ESTE SOLO VICEJANTE
NOSSOS FILHOS CANTANDO VITÓRIA
RAIOS DO PROGRESSO ESPELHANDO
PARA O MUNDO A TUA HISTÓRIA
É ESTE O RETRATO FIEL
DO TEU FUTURO, DE TUA GLÓRIA (Bis)

Art. 4o A execução verbal do Hino Oficial de Jericó,


tem como referência a interpretação de Francisco das Chagas
Alves de Oliveira, com base na partitura de Canto direto –
Melodia e gravação no Disco Compacto – CD, anexos, partes
integrantes da presente Lei Complementar.
Art. 5o A execução instrumental, tem como referências
as disposições gráficas, por extenso, das partituras compostas
para harmonia dos instrumentos abaixo descritos e partes
integrantes da presente Lei Complementar:
I - Trombone 1o, 2o e 3o;
II - Trombone Solo;
III - Chimbal e Surdâo;
IV - Trompete;
V - Tuba;
VI - Sax Tenor;
VII - Trompa de Harmonia;
VIII - Clarinete;
IX - Percussão;
Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 7o Revogam-se as disposições em contrário.

Pref. Mun. de Jericó/PB., 27 de abril de 2006.

Rinaldo de Oliveira Souza


PREFEITO MUNICIPAL

152
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
O BRASÃO

ESTADO DA PARAÍBA
Prefeitura Municipal de Jericó
_____________________________________________________

Projeto de Lei Complementar no _____/06.

Cria o Brasão Oficial do


Município de Jericó e dá
outras providências.

O Prefeito Municipal de Jericó, Estado da Paraíba, no


uso de suas atribuições legais e o disposto no art. 6o da Lei
Orgânica Municipal,

Faz saber que a Câmara Municipal de Vereadores


aprovou e ELE sanciona a seguinte Lei Complementar.

CAPITULO I
DO BRASÃO DO MUNICÍPIO DE JERICÓ

SEÇÃO I
DA CRIAÇÃO

Art. 1o De conformidade integral com os ANEXOS I e


II, partes integrantes da presente Lei Complementar, fica
criado e instituído o Brasão do Município de Jericó, como

153
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Símbolo Oficial, conforme disposto no art. 6o da Lei Orgânica
Municipal.

SEÇÃO II
DA FORMA

Art. 2o O Brasão de Jericó terá a forma e as cores


previstas no ANEXO I desta Lei Complementar e a sua
construção obedecerá, rigorosamente, aos critérios previstos
no Capítulo II, que dispõe sobre a formatação e diagramação
do desenho, conforme disposto no anexo II.
Art. 3o O Brasão Municipal de Jericó é o símbolo
oficial representativo das armas deste Município.
Parágrafo Único - O Brasão de Jericó é composto por um
conjunto de figuras ornamentais dispostas dentro e fora de um
escudo que individualmente, cada elemento ali contido, representa
peculiaridades próprias do lugar e fazem alusão à cidade que o
nome homenageia, Jericó da Palestina, conforme disposto no
CAPITULO III, da presente Lei Complementar, e o conjunto desses
ornatos formam o brasão que guarda em si todo o respeito que o
símbolo guarda e merece.

SEÇÃO III
DA UTILIZAÇÃO

Art. 4o A utilização da estampa do Brasão de Jericó,


obedecido as condições previstas em lei federal, é restrita aos
órgãos da Administração Direta e Indireta do Município.
Parágrafo Único - A estampagem do Brasão de Jericó
incidirá em tudo que for originário do Município ou que
indique a sua presença oficial:
I - papel timbrado;

154
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
II - envelopes e impressos;
III - recibos impressos;
IV - capas de empenhos;
V - correspondências expedidas;
VI - certidões, atestados e declarações;
VII - cartas de habite-se e aforamento;
VIII - diplomas e certificados;
IX - uniformes;
X - escuderia dos carros oficiais;
XI - placas;
XII - outros meios passíveis de utilização.

CAPITÚLO II
DA FOMATAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO

SEÇÃO I
DA UNIDADE DE MEDIDA

Art. 5o A unidade de medida utilizada para composição


do desenho do brasão é o módulo, aqui simbolizado por “md”,
por ter proporcionalidade variável, que permite a sua redução
ou ampliação, adequando-o ao tamanho necessário, sem que
haja distorção com relação a sua forma original.

SEÇÃO II
DA FORMATAÇÃO

Art. 6o A formatação do brasão obedecerá ao critério


preliminar de que seu desenho é composto de 8.2 md de altura
por 9.6 md de largura, contendo os seguintes ornatos:

155
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
I - um escudo central com 4.7 md de altura por 4 md de
largura, dividido ao meio por uma reta horizontal e outra
vertical, que formarão quatro partes, sendo a parte superior
esquerda e a inferior direita na cor azul turquesa e a parte
superior direita e a parte inferior esquerda na cor cinza claro,
tendo este primeiro escudo um contorno na espessura de 0.05
md, na cor preta;
II - sobreposto ao escudo central, um segundo, com a
mesma forma e com contorno na espessura de 0.01 md;
III - o segundo escudo divido ao meio por uma linha
horizontal, tem em seu interior os mesmos desenhos dispostos
no grande circulo de nossa bandeira, conforme disposto na Lei
Complementar no 04, de 24 de abril de 1997, §§ 4o a 7o até o
inciso III, mantendo-se a forma, proporções modulares e cores
originais ali enunciadas:
a) tem em sua parte superior um fundo na cor azul céu;
o desenho da serra lisa e um sol nascente.
b) tem em sua parte inferior uma faixa na cor marron
terra; uma faixa na cor verde folha; uma faixa na cor azul mar
e um peixe no centro da última faixa.

SEÇÃO III
DA SIMETRIA

Art. 7o O Brasão de Jericó, na sua forma tradicional,


com metade superior quadricular retilínea e metade inferior
circular, apresenta:
I - sobre o escudo central uma muralha de castelo em
pedras retangulares, na cor cinza médio, ligeiramente convexa,
com uma base, três torres (sendo uma central com cinco
pontas e duas laterais com três pontas), uma porta e duas
janelas na cor preta com contorno branco;

156
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
II - a base com 0.11md de altura por 3.9 md de largura
ou comprimento, na cor preta, com desenhos de pedras
irregulares;
III - a muralha com 0.8 md de altura na parte mais baixa
e 1.3 md na parte mais alta por 3.8 md na parte mais estreita e
4.8 md na parte mais larga;
IV - as torres laterais com 1.2 md de altura por 0.6 md
de largura na parte inferior, 0.8 md de largura na parte superior
e 0.95 na parte das pontas e, ao centro das torres, na altura de
0.6 md uma janela em cada com 0.2 de altura por 0.1 de
largura com a parte superior arqueada;
V - a torre central mede 1.3 md de altura por 1.0 md de
largura na parte inferior, 1.2 md na parte superior e 1.4 md na
parte das pontas e na parte inferior uma porta com 0.6 md de
altura por 0.2 md de largura, com a parte superior arqueada;
VI - entre as três torres duas muralhas com 0.8 md de
altura por 0.7 md de largura na parte inferior e 0.9 md na parte
superior e sobre a muralha quatro pontas em cada um dos
lados;
VII - sob o grande escudo central e seguindo a sua
convexidade, a uma distância de 0.1 md, um listel de blau, na
cor azul céu, composto por uma parte central e duas pontas
laterais, saindo ambas da parte central, em direções opostas;
VIII - na parte central a menção: 08 de Maio de 1959,
em estilo Romano de Griffo, na cor branca, com contorno
preto;
IX - na ponta inferior esquerda a menção: Jericó, no
estilo Romano de Griffo e cor branca;
X - na ponta inferior direita a menção: Paraíba, no
mesmo Romano de Grifo e cor branca;
XI - a parte central do listel terá 0.7 md de altura por
4.4 md de largura na parte inferior e 3.3 md na parte superior,
com borda superior ligeiramente arredondada;

157
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
XII - ainda na parte central, entre as duas pontas, restará
uma distância de 1.4 md de largura e estas sob a central
distantes 0.2 md de largura;
XIII - a ponta esquerda, com 0.7 md de altura, terá a sua
extremidade cortada em forma de “V”, formando duas pontas,
tendo a superior 0.4 md de comprimento e a inferior duas
vezes a medida da oposta;
XIV - a ponta direita terá o mesmo tamanho e formato
da esquerda, estando em sentido oposto;
XV - a parte que interliga as duas pontas ao listel
central constitui-se de uma sobra na cor azul celeste;
XVI - saindo de cada lado do listel central, uma
palmeira com 5.4 md de altura, tendo o seu caule ligeiramente
convexo, seguindo a circunferência do escudo, com 4.0 md de
altura por 0.5 md na sua base e 0.1 no seu extremo; com
gramíneas na base e três pontas de palma no pique; com dez
folhas espalmadas, sendo quatro no lado interno e seis externo;
XVII - um porco selvagem (porco do mato) empinados
sobre as patas traseiras, sobre as pontas inferiores do listel, de
cada lado, com 1.5 md de altura por 3.3 md de largura ou
comprimento;
XVIII - montados sobre os porcos: do lado esquerdo de
quem olha, (a vista os seios bem formados) de uma índia semi-
nua que tem a mão direita agarrada às crinas do animal e na
mão esquerda uma lança apontada para o centro do escudo; do
lado direito de quem ver um índio com o mesmo armamento
segurado na mão direita e a mão esquerda nas crinas do porco;
XIX - a índia, de cor de pele avermelhada, usa cabelos
pretos longos, aparados na testa até altura das orelhas, na
cabeça um cocá com uma única pena localizada na parte de
traz; nos braços, entre os bíceps e o ombro, um ornato em
forma de pulseira; na altura dos olhos uma pintura vermelha;
na altura da cintura, cobrindo-lhe as partes pudendas, um
saiote de penas nas cores verde, amarelo e vermelho nas
pontas.
158
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
XX - o índio, de mesma cor de pele da índia, usa
cabelos pretos, aparados na altura das orelhas; usa um
cachimbo de barro, um colar de sementes e ossos no pescoço e
um saiote semelhante ao da índia.

CAPÍTULO III
DO SIMBOLISMO

Art. 8o O Brasão de Jericó, em seu conjunto, é o


símbolo maior das armas, representativo da guarda, defesa e
soberania municipal.
Parágrafo Único - Individualmente, cada ornato tem
seu próprio significado e simbolismo:
I - a muralha de castelo com torres é uma alusão as
muralhas de Jericó na Palestina, cidade cujo nome deu origem
ao desta, a quem se homenageia e simboliza as fortalezas de
defesa do município;
II - o grande escudo central representa a escuderia
defensiva deste povo, simbolizando a proteção à nação
jericoense.
III - o segundo escudo representa uma janela por onde
se pode ver o passado, presente e o futuro desta gente e
simbolizando, cada parte ali representada, um bioma ou
aspecto geográfico jericoense:
a) o fundo azul, o nosso céu;
b) a serra lisa, nosso eterno guardião, a resistência
deste povo;
c) o sol, a esperança renova de dias sempre melhores;
d) a faixa marrom superior, o nosso solo fértil e
vicejante;
e) a faixa verde folha central, as nossas matas;

159
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
f) a faixa azul mar inferior, as nossas águas abundantes
provenientes do açude carneiro;
g) o peixe, a vida e a renovação das espécies;
h) o listel de blau retrata a data magna de nossa
emancipação política, a identificação da cidade e do estado e
simboliza o orgulho de ostentarmos a nossa independência;
i) as duas palmeiras fazem alusão a Jericó na Palestina,
a terra santa, terra das palmeiras, que ali representam a bem
aventurança e simboliza o repouso reconfortante de um
sombreado, local de boa morada, de pouso duradouro,
simbolizando também a resistência e vida longa;
j) o casal de índios representa os nativos Caiporas, cujo
nome faz alusão ao primeiro nome desta localidade, que
homenageia a nação indígena e guerreira Caipora, que
segundo a lenda, andava montada em porcos do mato;
simboliza o amor pátrio a ecologia com proteção incondicional
a flora e fauna de todo esse território.

CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 9o A Secretaria Municipal de Educação, Cultura e


Desportos, promoverá os meios necessários para a veiculação
da presente Lei Complementar e a sua assimilação pela
população, dada a importância e representatividade da mesma
para o Município, especialmente, do ponto de vista cultural.
Art. 10. É de igual competência a divulgação da
mesma pelos demais Secretários Municipais, seus auxiliares e
demais servidores.
Art. 11. Os Poderes Executivo e Legislativo Municipal
local promoveram eventos para apresentação do Brasão de
Jericó, a fim de que se dê o devido e necessário caráter de
respeito e amor e oficialidade ao símbolo criado.

160
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.

Pref. Mun. de Jericó/PB., 27 de abril de 2006.

Rinaldo de Oliveira Souza


PREFEITO MUNICIPAL

161
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

162
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XVIII

História eclesiástica

Q uando falamos dos povoadores do nosso rincão, temos como


ponto de partida o primeiro assentamento do sertão paraibano
que foi Pombal. Foi aquela a terra mãe de todas essas
querências das Piranhas, foi aquele o centro de irradiação e berço
natural dos primeiros sertanejos paraibanos, dos quais
descendemos.
Partindo daquele ponto, saíram os pioneiros em diferentes
direções, rumo aos mais longínquos recantos das Piranhas (inclua-
se ai todo o vale do Rio do Peixe, Panati, Açu e Apodí). Lugares
primitivamente ermos e despovoados, mas que continham
peculiaridades e belezas naturais suficientemente cativantes para
convencer aqueles desbravadores a ali construírem suas moradas.
O êxito da fixação do homem nesses campos foi devido, em
grande parte, ao mérito de outros grandes homens. Homens que,
conduzindo a bandeira da fé, ajudaram a redesenhar os caminhos e
o viver de um povo. Foram aqueles homens de batina; destemidos e
devotados as suas missões; enviados do rei; ordenados da igreja;
representantes de Deus; irmãos verdadeiros dos descalços e
desprotegidos, mas, sobretudo padrinhos e pais de inúmeros filhos,
porque, primordialmente, padre quer dizer pai, os leais condutores
daqueles rebanhos, quem melhor escreveu nossa história.
A permanência do homem nos sertões longínquos e solitários
não teria sido possível sem a força espiritual emanada dos nos
nossos catequistas. Foram eles que alimentaram e rejuvenesceram a
alma dos nossos caboclos com esperança de dias melhores, de anos
mais abundantes, envolvendo-os na fé, rebanhando-os e
encaminhando-os seguros naquela dura lida.
Os padres que estiveram na edificação de nossas povoações
foram, sem dúvida, homens de obstinação inquebrantável, que
cuidaram não só da alma, mas principalmente do corpo dos seus
fies.

163
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Nos primeiros dias a grande tarefa primordial, fora a conversão
dos indômitos silvícolas Cariris da grande nação Tapuia, para os
quais, por determinação real, tiveram como meta inicial o
ensinamento do ofício da santa fé católica e por fim a conversão
daqueles doutrinados a fé cristã.
Mas o trabalho de “um cura” não se limitava tão somente aos
ofícios normativos da igreja. O sermão, a novena, a comunhão, o
batismo, o crisma, o casamento, a estrema unção ou a encomenda
da alma, eram atividades meramente triviais que ainda assim não
preenchia seus calendários eclesiásticos. Não obstante tamanhas
cargas dedicavam-se a inúmeras outras atividades extras. Para
catequizar e ministrar a liturgia tinha que primeiro alfabetizar e
assim criaram as casas-escola, para melhor enveredar os homens
nos caminhos da vida tiveram que educa-los e para tanto fundaram
colégios.
Raro será o recanto deste sertão que não se encontre um
educandário edificado por um religioso.
Esses grandes homens estiveram por aqui e entre nós ainda
estão vivos nas obras que aqui deixaram.
Em ordem cronológica, relaciono aqui todos os vigários de
nosso rincão, a começar pelos párocos de Pombal, porque foi aquela
nossa primeira sede de paróquia.

Antônio Saraiva da Silva (Missão dos índios Pegas)................1711


Antônio Nunes Cabral (Missão dos índios Panatis)..................1718
Antonio Rodrigues Frasão (padre cura)....................................1729
Francisco Pinto Araújo (padre cura).........................................1735
Pedro Bezerra Brito (cura do Piancó).......................................1747
Francisco Xavier Bezerra (cura pároco)...................................1747
João Machado Portela (pró-cura)..............................................1748
Felipe Santiago (cura do Piancó)..............................................1749
Aurélio José de Melo (pró-pároco............................................1749
Francisco Barbosa Leal (cura do Piancó).................................1750
Luiz Moreira Silva (cura do Piancó).........................................1753
José Gomes de Lima (cura do Piancó)......................................1755
Berandino de Araújo Cabral (cura vigário)...............................1757
Cosme Ferreira Nobre (vigário de Pombal)..............................1761

164
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Braz Pereira Soares (cura de Pombal).......................................1794
José Joaquim Nunes da Costa (cura vigário de Pombal)..........1795
José Moreira Ramos (coadjutor de Pombal).............................1795
Claudio Alves da Costa (vigário de pombal)............................1796
José Gonçalves de Medeiros (cura de Pombal).........................1798
Antonio José de Carvalho (cura de Pombal).............................1810
José Ferreira Nobre (vigário de Pombal)..................................1814
João Vicente Bandeira (pró-pároco).........................................1817
João Gualberto Ribeiro Pessoa (vigário de Pombal).................1825
Em 1835 a povoação de Catolé foi elevada à vila e na mesma
lei provincial de Nº 5 de Maio é criada a Freguesia de Nossa
Senhora do Rosário, que posteriormente foi consagrada a Nossa
Senhora dos Remédios e cujo louvor é celebrado anualmente a 8 de
setembro.
A comunidade de Caiporas passa então a pertencer à paróquia
de Catolé. Como não contava ainda com uma casa de oração, a
povoação não recebia com regularidade a visita de seus pastores,
contudo, quando de suas vindas realizavam-se missas e missões em
frente ao grande cruzeiro, que a muito não mais existe e que ficava
onde hoje se encontra a Praça Frei Damião.
Assim que foi instituída a paróquia, chegou o primeiro vigário
à Catolé do Rocha.
Pe. Jose Ferreira da Mota..........................................................1835
Pe. José Gonçalves de Vasconcelos Ouriques..........................1838
Pe. Bernardino José da Rocha Formiga (viúvo)........................1842
Pe. Izidro Álvares da Silva........................................................1850
Frei Hermenegildo Herculano Vieira da Costa.........................1854
Pe. José Joaquim de França Coutinho.......................................1854
Pe. Cândido Ferreira de Araújo Barreto....................................1873
Em 1875 Frei Herculano volta como cooperador e conclui a
edificação das igrejas matrizes de Catolé, Jericó e Pombal.
Pe. Emídio Cardoso...................................................................1889
Pe. Tertuliano Fernandes Queiroga...........................................1899
Pe. Belizário Dantas Carneiro de Góis......................................1905
Pe Vicente Ferreira Rodas (cooperador)...................................1912
Luiz Gonzaga de Araújo (cooperador)......................................1914
Pe. Arão Andrade (natural do sítio Rajada-Jericó)...............1918

165
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Pe. José Vieira da Cunha...........................................................1919
Pe. Vicente Ferreira Rodas (cooperador)..................................1922
Pe. Luiz Gomes Vieira..............................................................1923
Monsenhor Constantino Vieira (mudou o nome de Brejo de Cavalo
para Brejo dos Santos)..............................................................1932
Pe. Manoel Otaviano Moura Diniz...........................................1932
Pe. Pedro Luiz...........................................................................1934
Pe. Francisco Lopes..................................................................1934
Pe. Francisco Linhares (cooperador).........................................1936
Pe. Sandoval Ferrer...................................................................1937
Pe. Joaquim de Assis Ferreira...................................................1937
Pe. Américo Maia......................................................................1942
Pe. Francisco de Andrade (cooperador)....................................1945
Pe. Oriel Antônio Fernandes.....................................................1945
Pe Francisco Ferreira de Andrade.............................................1945
Pe. Pedro Maria Coelho Serrão.................................................1947
Pe. Francisco Ferreira de Andrade............................................1948
Pe. João Cartaxo Rolim ............................................................1950
Frei Antônio de Terrinca...........................................................1957
Frei Marcelino de Santana........................................................1962
Em 02/06/1961 a Capela de Jericó foi então elevada à condição
de Paróquia, ficando com duas capelas: Bom Sucesso e Mato
Grosso. A partir dai assumem a condução do rebanho os padres:
Frei Marcelino de Santana ............................................06/63 a 01/64
Frei Agostinho ..............................................................02/64 a 06/65
Pe. Jerônimo Munhoz Martins................................... 07/65 a 10/67
construiu o Ginásio Comercial N. S. dos Remédios.
Pe. Oriel Antonio Fernandes ..................................... ..11/67 a 03/68
Pe. João Andriola ................................................. 04/68 a 09/69 fez
a ampliação do Ginásio.
Pe. Jerônimo Munhoz Martins................................... ..10/69 a 03/71
Pe. Martinho Queiroga Salgado................................. 03/71 a 04/79
construiu a torre, os patamares e trocou o telhado da igreja.
Pe. Leví Olímpio ....................................................... ..04/79 a 03/82
Monsenhor Amílcar ................................................. 04/82 a 03/87
adquiriu um carro, restaurou o Centro Comunitário, reformou a casa
paroquial e organizou a vinda e permanência das irmãs franciscanas

166
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
(04/07/85) – Natalia, Madalena e Virgínia). A partir daí elas
tomaram conta dos trabalhos catequéticos, organizacionais e
financeiros da paróquia.
Pe. Dagmar .................................................................03/87 a 12/90
Frei Dimas Jose ......................................................... 01/91 a 12/92
Frei Fernando A. F. Cornélio .....................................01/93 a 08/95
Frei Jose Walden ....................................................... 09/95 a 09/96
Pe. Jose Dantas Filho (Pe. Dedé)........................... 10/96 a 02/2003
Pe. Francisco Gomes Filho (Pe. Franco)....................... 03/2003 a...

(Igreja de São Sebastião)

167
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Além das duas igrejas Católicas Apostólicas Romanas existem
outros templos que congregam as comunidades: Batista, Assembléia
de Deus, Adventistas do 7º Dia, Universal do Reino de Deus e
Assembléia de Deus Madureira.

168
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XIX

Trajetória política
CRONOLOGIA ADMINISTRATIVO-GOVERNAMENTAL
DA PARAÍBA

Período colonial – Capitães-mores


João Tavares.....................................................................1585/1588
Frutuoso Barbosa.............................................................1588/1591
André de Albuquerque.....................................................1591/1592
Feliciano Coelho de Carvalho..........................................1592/1600
Francisco de Sousa Pereira..............................................1600/1603
André de Albuquerque.....................................................1603/1605
João de Barros Correia.....................................................1605/1608
Francisco Coelho de Carvalho.........................................1608/1612
João Rabelo de Lima........................................................1612/1616
Francisco Nunes Marinho de Sá......................................1616/1620
João de Brito Corrêa........................................................1620/1623
Afonso de França.............................................................1623/1627
Antonio de Albuquerque..................................................1627/1634

Domínio Holandês – Diretores (governadores)


Servais Carpentier............................................................1634/1636
Ippo Eyssens....................................................................1636/1636
Elias Herckmans..............................................................1636/1639
Gilbert With.....................................................................1639/1645
Paulus de Linge…………………….................................1645/1654
Como esteve todo esse período encurralado na fortaleza de
Cabedelo, sem ação de combate ou de administração, a Paraíba foi
governada por um triunvirato que libertou a colônia do domínio
holandês, restaurando o domínio português.

169
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Restauração-Triunvirato (Capitães-mores)
Lopo Curado, Francisco Muniz e Jerônimo Cadena..........1645/1655
João Fernandes Vieira…………………...........................1655/1657
Antonio Dias Cardoso…………………..............19/08 a 17/10/1657
Matias de Albuquerque Maranhão...................................1657/1663
João do Rego Barros........................................................1663/1667
Luis Nunes de Carvalho...................................................1667/1670
Inácio Coelho da Silva.....................................................1670/1674
Manoel Pereira de Lacerda..............................................1674/1678
Alexandre de Sousa Azevedo..........................................1678/1684
Antonio da Silva Barbosa................................................1684/1687
Amaro Velho Cerqueira...................................................1687/1692
Manoel Nunes Leitão.......................................................1692/1697
Manoel Soares de Albergaria...........................................1697/1700
Francisco de Abreu Pereira..............................................1700/1703
Fernando de Barros Vasconcelos.....................................1703/1708
João Maia da Gama..........................................................1708/1717
Antônio Velho Coelho (morreu no posto).........................1717/1719
Junta dos Oficiais da Câmara.......................................1719/1720
Antônio Torreão Castelo Branco.....................................1720/1722
João de Abreu Castelo Branco.........................................1722/1729
Francisco Pedro de Mendonça Gurjão..............................1729/1734
Pedro Monteiro de Macedo (morreu no posto)..................1734/1744
Junta dos Oficiais da Câmara....................................05 a 08/1744
João Lobo de Lacerda......................................................1744/1745
Antonio Borges da Fonseca.............................................1745/1753
Luiz Antonio de Lemos Brito...........................................1753/1757
José Henrique de Carvalho................................................1757/1761
Francisco Xavier de Miranda Henrique............................1761/1764
Jerônimo J. de Melo Castro (morreu no posto)..................1764/1797
Triunvirato.....................................................................1797/1798
Fernando Delgado F. Castilho (desanexou a PB de PE)..1798/1802
Luis da Mota Feo.............................................................1802/1805
Amaro J. Raposo de Albuquerque....................................1805/1809
Antonio Caetano Pereira (morreu no posto)......................1809/1815

170
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Triunvirato (ouvidor geral André Álvares Pereira Ribeiro Cirne,
tenente coronel Francisco José da Silveira e do vereador José
Ribeiro de Almeida).........................................................1815/1817
Junta governativa revolucionária (Pe. Antônio Pereira
Albuquerque Melo, Inácio Leopoldo Albuquerque Maranhão,
Francisco Xavier Monteiro da França e Francisco José da
Silveira- três padeceram na forca).............................03 a 05/1817
Triunvirato..................................................................05 a 06/1817
Tomaz de Sousa Mafra....................................................1817/1819
Joaquim Rebelo da F. Rosado (largou).............................1819/1821
Junta Provisória de 7 membros......................................1821/1822
Junta Provisória de 5 membros.....................................1822/1823
Junta Provisória de 7 membros.....................................1823/1824

Período monárquico- Presidentes


Felipe Néri Ferreira......................................................04 a 07/1824
Alexandre Francisco de Seixas Maia (faleceu)..................1824/1827
Francisco de Assis Pereira Rocha (vice)...........................1827/1828
Gabriel Getúlio Monteiro de Mendonça...........................1828/1830
Francisco José Meira (vice)..........................................03 a 08/1830
Manoel Joaquim Pereira da Silva.....................................1830/1831
José Tomaz Nabuco de Araújo.....................................01 a 08/1831
Francisco José Meira (vice).............................................1831/1832
Galdino da Costa Vilar.................................................01 a 09/1832
Francisco José Meira (vice)..........................................09 a 10/1832
André de Albuquerque Maranhão Júnior.......................10 a 12/1832
Francisco José Meira (vice)..........................................01 a 03/1833
Antonio Joaquim de Melo................................................1833/1834
Afonso de Albuquerque Maranhão (vice)......................01 a 04/1834
Bento Correia Lima (vice)............................................04 a 07/1834
José Luis Copes Bastos (vice)..........................................1834/1835
Bento Correia Lima (vice).......................................07 a 13/04/1835
Manoel Maria Carneiro da Cunha (vice).......................04 a 06/1835
Luis Alves de Carvalho (vice)......................................06 a 09/1835
Francisco José Meira (vice).............................................1835/1836
Manoel Maria Carneiro da Cunha (vice).......................01 a 04/1836
Francisco José Meira (vice)..........................................04 a 05/1836

171
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Basílio Quaresma Torreão...............................................1836/1838
Manoel Lobo de Miranda Henrique (vice)....................03 a 04/1838
Joaquim Teixeira de Albuquerque................................04 a 12/1838
João José de Moura Magalhães........................................1838/1839
Manoel Lobo de Miranda Henriques (vice) ..................03 a 04/1839
Trajano Alípio de Holanda Chacon (vice).........................1839/1840
Antonio José Henriques (vice) ....................................02 a 04/1840
Agostinho da Silva Neves............................................04 a 09/1840
Antonio José Henriques (vice)....................................5 a 7/09/1840
Francisco Xavier Monteiro da França...............................1840/1841
Pedro Rodrigues Fernandes Chaves..................................1841/1843
André de Albuquerque Maranhão Junior (vice).............02 a 03/1843
Ricardo José Gomes Jardim.........................................03 a 12/1843
Agostinho da Silva Neves................................................1843/1844
Joaquim Franco de Sá..................................................07 a 08/1844
José da Costa Machado (vice).....................................2 a 9/08/1844
André de Albuquerque Maranhão Junior (vice)..........9 a 14/08/1844
Joaquim Franco de Sá..................................................08 a 12/1844
Frederico Carneiro de Campos.........................................1844/1848
João de Albuquerque Maranhão (vice)..........................03 a 05/1848
João Antônio de Vasconcelos..........................................1848/1850
José Vicente de Amorim Bezerra.................................01 a 09/1850
Agostinho da Silva Neves................................................1850/1851
Frederico de Almeida e Albuquerque (vice)..................04 a 05/1851
Francisco Antonio de A. Albuquerque (vice)................05 a 07/1851
Antonio Coelho de Sá Albuquerque.................................1851/1853
Flavio Clementino da Silva Freire (vice).......................04 a 10/1853
Frederico de Almeida e Albuquerque (vice)...............7 a 22/10/1853
João Capistrano Bandeira de Melo...................................1853/1854
Frederico de Almeida e Albuquerque (vice)..................09 a 10/1854
Francisco Xavier Paes Barreto.........................................1854/1855
Flavio Clementino da Silva Freire (vice).......................04 a 11/1855
Antonio da Costa Pinto e Silva.........................................1855/1857
Manoel Clementino Carneiro da Cunha (vice)...............04 a 12/1857
Henrique Beaurepaire Rohan...........................................1857/1859
Ambrósio Leitão da Cunha..............................................1859/1860
Manoel Clementino Carneiro da Cunha (vice)..........14 a 17/04/1860

172
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Luis Antonio da Silva Nunes (1º a visitar os sertões)......1860/1861
Barão de Mamanguape (vice)......................................03 a 05/1861
Francisco de Araújo Lima...............................................1861/1864
Felizardo Toscano de Brito (vice)................................02 a 05/1864
Sinval Odorico de Moura................................................1864/1865
Felizardo Toscano de Brito (vice)....................................1865/1866
João José Inocêncio Poggi (vice)..................................08 a 11/1866
Américo Brasiense de A. Melo........................................1866/1867
Barão de Maraú (vice)..................................................04 a 11/1867
Inocêncio de Assis Carvalho............................................1867/1868
Francisco Pinto Pessoa (vice).......................................07 a 08/1868
Teodoro Machado F. Pereira da Silva...............................1868/1869
Francisco Pinto Pessoa (vice).....................................9 a 16/04/1869
Silvino Elvídio Carneiro da Cunha (vice)......................04 a 06/1869
Venâncio J. de Oliveira Lisboa........................................1869/1870
Frederico de Almeida e Albuquerque................................1870/1871
José Evaristo da Cruz Gouveia (vice)............................04 a 10/1871
Frederico de Almeida e Albuquerque................................1871/1872
José Evaristo da Cruz Gouveia (vice)............................04 a 06/1872
Heráclito Alencastro Pereira Graça...............................06 a 11/1872
Francisco Pereira de Sá....................................................1871/1873
João José Inocêncio Poggi (vice)..............................17 a 20/09/1873
José Evaristo da Cruz Gouveia (vice)............................09 a 10/1873
Silvino Elvídio Carneiro da Cunha...................................1873/1876
Barão de Mamanguape.....................................................1876/1877
João da Mata Correia Lima (vice)..................................01 a 03/1877
José Paulino de Figueiredo (vice)..................................03 a 04/1877
Esmerino Gomes Parente.................................................1877/1878
José Paulino de Figueiredo (vice)...............................2 a 11/03/1878
Ulisses Machado Pereira Viana........................................1878/1879
Felipe Benício da Fonseca Galvão (vice).......................02 a 06/1879
José Rodrigues Pereira Júnior..........................................1879/1880
Felipe Benício da Fonseca Galvão (vice).......................04 a 05/1880
Antonio Alfredo da Gama e Melo (vice)........................05 a 06/1880
Gregório José de Oliveira.............................................06 a 09/1880
Justino Ferreira Carneiro..................................................1880/1882
Antonio Alfredo da Gama e Melo (vice)........................03 a 05/1882

173
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Manoel Ventura Leite Sampaio......................................05 a 11/1882
Antonio Alfredo Gama e Melo (vice)...........................2 a 9/11/1882
José Basson de Miranda Osório.......................................1882/1883
Antonio Alfredo da Gama e Melo (vice).......................04 a 08/1883
José Aires do Nascimento................................................1883/1884
Antonio Sabino do Monte................................................1884/1885
Pedro da Cunha Beltrão.................................................06 a 09/1885
Antonio Herculano de Sousa Bandeira.............................1885/1886
Geminiano Brasil de Oliveira Góes..................................1886/1887
Francisco Paula de Oliveira Borges..................................1887/1888
Pedro Correia de Oliveira.................................................1888/1889
Barão do Abiaí (vice)...................................................01 a 02/1889
Pedro Correia de Oliveira........................................04 a 17/02/1889
Barão do Abiaí (vice)...................................................02 a 06/1889
Manoel Dantas Correia de Góes (vice).......................8 a 22/06/1889
Francisco Luis da Gama Rosa......................................06 a 11/1889
(a) Barão de Mamanguape: Flávio Clementino da Silva Freire
(b) Barão de Manau: José Teixeira de Vasconcelos
(c) Barão do Abiaí: Silvino Elvídio Carneiro da Cunha

Período Republicano – Governadores


Venâncio Augusto de Magalhães Neiva...........................1889/1892
Álvaro Lopes Machado....................................................1892/1896
Walfredo Soares dos Santos Leal (vice)........................06 a 10/1896
Antonio Alfredo da Gama e Melo....................................1896/1900
José Peregrino de Araújo.................................................1900/1904
Álvaro Lopes Machado....................................................1904/1905
Walfredo Soares dos Santos Leal (vice)............................1905/1908
João Lopes Machado........................................................1908/1912
João Pereira de Castro Pinto............................................1912/1915
Solon Barbosa de Lucena ( Presid. Assemb. Leg.)............1915/1916
Francisco Camilo de Holanda..........................................1916/1920
.1920/1924
João Suassuna..................................................................1924/1928
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque............................1928/1930
Álvaro Pereira de Carvalho (vice) deposto.....................07 a 10/1930

174
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Período Ditatorial – Interventores
José Américo de Almeida .........................................10 a 11/1930
Antenor de França Navarro ..........................................1930/1932
Gratuliano da Costa Brito..............................................1932/1934
José Marques da Silva Mariz..............................12/1934 a 01/1935
Argemiro de Figueiredo..................................................1935/1940
Antonio Galdino Guedes.............................................06 a 08/1940
Ruy Carneiro....................................................................1940/1945

Regime Militar – Interventores/Governadores


Nomeados ou eleitos indiretamente por um colegiado
Severino de Albuquerque Montenegro...........................1945/1946
Odon Bezera Cavalcanti......................................02/46 a 08/1946
José Gomes da Silva (último interventor).......................1946/1947
Osvaldo Trigueiro A. Melo (Gov. Eleição direta)...........1947/1950
José Targino (vice)........................................................1950/1951
José Américo de Almeida.............................................1951/1954
Flavio Ribeiro Coutinho................................................1954/1958
Pedro Moreno Gondim (vice)........................................1958/1960
José Fernandes de Lima (Presid. da Assembléia)............1960/1961
Pedro Moreno Gondim..................................................1961/1966
João Agripino Filho.......................................................1966/1971
Ernani Aires Sátyro (1º Gov. Eleito p/ Assembléia)........1971/1975
Ivan Bichara Sobrera.....................................................1975/1978
Dorgival Terceiro Neto (vice)........................................1978/1979
Tarcísio de Miranda Burity............................................1979/1982
Clóvis Bezerra Cavalcanti (vice)....................................1982/1983

Período Democrático – eleições diretas


Wilson Leite Braga .......................................................1983/1986
Tarcísio de Miranda Burity............................................1986/1990
Ronaldo da Cunha Lima................................................1990/1994
Antonio Mariz...............................................................1994/1994
José Targino Maranhão (vice).........................................1994/1998
José Targino Maranhão.................................................1998/2002
Cássio da Cunha Lima...................................................2003/2006

175
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CRONOLOGIA ADMINISTRATIVA
GOVERNAMENTAL DE JERICÓ
– Dos primeiros dias de colonização aos atuais
Para a elaboração deste cronograma levamos em consideração
que primeiramente a base territorial do atual município de Jericó
pertenceu, nos primeiros dias, ao município de Pombal, depois a
Catolé do Rocha, a partir de 1835 e por último, após a sua
emancipação em 1959 é que passou a sediar o seu próprio território.
Assim sendo relacionamos aqui todos os governantes, desde os
primeiros administradores de Pombal.

Administradores de Pombal - nos períodos colonial e imperial


Em 1698 Teodósio de Oliveira Ledo, na condição de Capitão-
Mor das Piranhas, conclui a fundação do Arraial do Piancó e passa
a responder pela condução dos que com ele aqui chegaram.
Já em 1711 é criado o Julgado do Piancó e os juizes passam a
coadjuvar aos Capitães-Mores, na preservação da ordem e da
justiça, na condução daquela gente.
Juizes Ordinários
Manoel Soares Marinho..............................................................1719
Capitão Bento Alves de Figueiredo.............................................1721
Francisco Cardoso da Nóbrega.................................................1725
Capitão-Mor das Piranhas Marcos Fernandes da Costa..............1727
Juiz O. e de Órfão Gonçalo da Rocha Carvalho.........................1728
Coronel Marcos Fernandes da Costa.........................................1730
Bento Freire de Sousa...............................................................1731
Manoel Pereira Monteiro..........................................................1732
Bento Correia Lima...................................................................1733
Antonio Barbosa da Cunha.......................................................1740
Francisco Barbosa da Cunha.....................................................1741
Sargento-mor Manoel da Silva..................................................1741
José Gomes de Sá......................................................................1742
Coronel João Leite Ferreira.......................................................1745
Manoel Pereira Monteiro..........................................................1747
Capitão Domingos Alves dos Santos........................................1749
Alferes Pereira da Cruz.............................................................1753
Manoel Gonçalves Rabelo........................................................1756

176
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
José Gomes de Sá......................................................................1759
Manoel Pereira Monteiro.............................................................1760
Coronel João Leite Ferreira.........................................................1761
Manoel de Melo Oliveira..........................................................1762
Tenente Antônio Araújo Figueiredo..........................................1763
Manoel de melo Oliveira..........................................................1764
Pedro Soares da Silva...............................................................1766
Manoel de Melo Oliveira..........................................................1767
João Dantas Rothéa...................................................................1768
Manoel de Melo Oliveira..........................................................1770
Capitão-mor Francisco de Arruda Câmara.................................1771
Capitão Domingos da Silva Pereira..........................................1772
Em 1766 o Arraial do Piancó é elevado à categoria de Vila,
com o nome de Vila de Pombal, em homenagem ao Marques de
Pombal, mas a sua instalação só ocorreu oficialmente em 1772.
Seguindo o modelo das leis portuguesas é então criada a
Câmara que somava as atribuições dos atuais poderes executivo e
legislativo, competindo ao presidente da casa à responsabilidade de
governar a Vila, e sua jurisdição, e conduzir o legislativo.
Do período compreendido entre a instalação da Vila de
Pombal (1772) e a instalação da Vila de Catolé (1835), por tanto
dum período de sessenta e três anos, não nos foi possível localizar
uma fonte que registrasse os nomes dos que compunham as
bancadas constituídas da Câmara de Pombal, com seus respectivos
presidentes. Segundo Verneck Abrantes, em A Trajetória Política
de Pombal, “parte do registro histórico, político e administrativo
de Pombal foi destruído em um incêndio ocorrido na Prefeitura,
desaparecendo com isso parte dos principais documentos mais
antigos”.
Em 1862 a vila de Pombal foi elevada à condição de cidade,
contudo a ascensão alcançada não altera a forma de governo, que
seguia, conforme já dissemos, o padrão político-administrativo
português, permanecendo a Câmara, através do seu Presidente, a
frente do povo pombalense por mais 33 anos, ou seja, até 1895
quando é criado o cargo de Prefeito, sendo portanto, 27 na
Monarquia Imperial e 6 anos já sob o domínio da Republica.

177
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Administradores de Catolé - regime Imperial e Republicano
Desde os primeiros dias, importantes nomes da descendência
catoleense tem se destacado e se apresentado para a imortalidade,
como verdadeiros líderes de um povo, nos cenários das grandes
lutas locais, regionais e nacionais, assinalando assim os seus
testemunhos de bravura e amor pátrio, nos mais memoráveis
momentos da história.
Perlustrando os primeiros anos do século XIX já notamos a
influência do “clã Maia” que trazia como destino, o de manter-se a
frente dessa gente por décadas e mais décadas.
Segundo Celso Mariz em “Notícia Histórica de Catolé do
Rocha”, os primeiros Maias de Catolé descendem do português
Francisco Alves Maia que nos meados do século XVIII se casara na
cidade pernambucana de Goiana com uma filha de Bento de Araújo
Barreto, que foi um dos primeiros desbravadores do território
catoleense. Em Catolé residia outro genro de Bento Barreto, o
português Diogo Nogueira Leitão. Um filho de Francisco Alves
Maia, Antonio Ferreira Maia, veio casar-se em Catolé com uma sua
prima pelo lado materno, filha desse Diogo Leitão. De Antonio
Ferreira Maia nasceram, entre outros, os revolucionários Manoel
Alves Maia, avô do Cel. Francisco Maia e bisavô do Cel. João
Agripino e Francisco Alves Maia, avô do Cel. Waldevino Lobo.
Aqueles revolucionários foram os primeiros dessa linhagem a se
instalarem definitivamente nos arredores do Riacho Ogon. Desses
dois varões nasceriam os dois ramos da família Maia que se
revezariam no domínio político da região por muitas décadas.
Em Jericó a linhagem “Maia” mudou de sobrenome, adotando a
denominação de “Rosado de Oliveira” para os descendentes daquela
eminente estirpe.
Natanael Ferreira Maia morava na Fazenda Riacho Seco e ali
na sua fazenda nasceu Natanael Maia Filho, Dr. Ioiô, que
representou a família, por várias décadas nestas paragens e que,
após a sua formatura, mudou-se para Catolé, onde se estabeleceu
comercialmente como farmacêutico, deixando o seu cunhado, João
Belarmino de Oliveira, Seu Paizinho, a frente do seu povo, como
chefe político do Distrito de Jericó.

178
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Do casamento entre João Belarmino de Oliveira com Natália
Rosado Maia nasceu a Professora Francisca Rosado de Oliveira e os
agropecuaristas Lauro Rosado de Oliveira e João Rosado de
Oliveira. A este último coube a condução dos partidários da UDN,
após a morte de Paizinho em 1944, por quase duas décadas.
No início do século XIX aparece o nome do importante
fazendeiro José de Sá Cavalcante a frente do grupo Maia em Catolé
e como principal elemento de direção dessa comarca. Sá
Cavalcante, da Fazenda Várzea Nova, que tomou parte na revolução
de 1817 ao lado do Pe. José Ferreira da Nóbrega, então vigário de
Pombal, é preso, processado e mandado para os cárceres da Bahia,
tendo todos os seus bens seqüestrados, vindo, entretanto a ganhar a
liberdade com o advento do constitucionalismo português em 1821.
Liberto, volta a fazer parte na mesma luta pela independência do
Brasil.
Com a dissolução da Constituinte de 1824, por D. Pedro I,
rebenta em Pernambuco a revolução chamada de Confederação do
Equador e novamente os sentimentos de Sá Cavalcante leva-o a
simpatizar com o movimento. Por essa afeição passa a receber a
perseguição do Português Tomás Coxo que, na época, era o
representante do legalismo imperial em Catolé do Rocha. Coxo era
um reacionário ferrenho, que perseguia não só aos brasileiros como
aos portugueses simpatizantes da revolução. Não se submetendo aos
ditames do representante imperialista, Sá Cavalcante recolhe-se a
sua fazenda e os irmãos Maia refugiam-se entre parentes no sertão
cearense.
Em 1827 é estabelecido um Distrito de Paz na povoação de
Catolé.
Depois da revolução de abril de 1831, D Pedro I abdica ao trono
e concede anistia aos implicados e suspeitos da Confederação. Os
Maias retornam a sua terra natal e se vingam de Tomás Coxo que é
assassinado. Ao mesmo tempo Sá Cavalcante retoma o seu posto de
líder dos catoleenses elegendo-se deputado à primeira Assembléia
Legislativa da Província em 1835/36 e reelegendo-se na legislatura
de 1838/39.
No ano 1835, por influência de Sá Cavalcante, o povoado é
erguido à sede de município e paróquia com a denominação de

179
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Villa Federal de Catolé do Rocha, por força da Lei Provincial Nº.
5 de 26 de maio daquele ano, assinada pelo então Presidente da
Província da Paraíba, Manoel Maria Carneiro da Cunha. Em seu
artigo 1º a lei previa, além da criação da Vila e Povoação, a criação
da freguesia de N. S. do Rosário, que posteriormente foi consagrada
a N. S. dos Remédios, bem como a criação de três Distritos: o da
sede do município, o da Conceição e o de Caipora (hoje Jericó).
Este último permaneceu como distrito de Catolé até 1959, ou seja,
por um período de 124 anos.
Sá Cavalcante foi também o primeiro juiz leigo do termo que
com o município era instaurado.
Pela lei em vigor, a elevação ao patamar de vila significava que
aquele território adquiria independência para ser conduzido
administrativamente por seus munícipes, ou seja, passaria a ter os
mesmos poderes que hoje são conferidos a uma cidade emancipada
e para tanto, em 1836, através da Lei Nº. 8 de 14 de março, são
estabelecidos os limites territoriais de Catolé com o Rio Grande do
Norte, com Sousa e com Pombal: ...“Fica estabelecido que, pelo
lado sul os limites com Pombal serão as fazendas Santo Antonio,
Tabuleiro Comprido, Grossos, Carneiro, Caipora de Cima,
Logradouro de Antonio José de Melo, Riachão, Mato Grosso e
Malhada de Pedra em direção ao sítio Barra de Paulista, passando
a linha divisória no extremo norte desse sítio.”
Com a criação da Vila de Catolé e elevação da povoação de
Caipora ao status de Distrito, voltam-se todas as atenções dos
confinantes para a nova vila, que passa, a partir de então, a ser a
nova base administrativa daquele recanto noroeste da Paraíba.
Ainda naquele ano de 1835 é criada uma agência de Correio
para a nova vila de Catolé.
Iniciada a década de 40 o nome de Sá Cavalcante desaparece,
só ressurgindo vinte anos mais tarde.
Em 1844 é criado o código de postura do novo município
através da Lei Nº. 4, de 15 de junho, onde são estabelecidas regras
básicas de relacionamento social e de saúde pública.
A década de 40 vem marcada por novos nomes. O padre
Bernardino José da Rocha Formiga foi eleito Deputado Provincial
para a legislatura de 1844 a 45, reelegendo-se bem mais tarde

180
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
noutras legislaturas. O juiz municipal, Dr. Manoel Tertuliano
Tomás Henriques, que era irmão do cônego Meira Henriques, e que
mais tarde foi um dos chefes daquele partido na Província,
orientando por alguns anos os conservadores locais, foi eleito
Deputado Estadual em 1854/55 e em legislaturas posteriores e
Deputado Geral de 1881/84.

Sede da fazenda Dois Riachos do Coronel Waldevino Lobo.


Vem a década de 50 e cai o domínio dos conservadores,
entrando em cena os liberais, comandados pelo celebre Coronel
Waldevino Lobo Ferreira Maia. Um homem que, pelo prestígio e
fortuna conquistados em sua época de atuação, foi considerado um
semideus. Waldevino Lobo teve uma demorada atuação nesses
sertões propiciados principalmente pela sua extensa longevidade,
que perdurou pelos últimos tempos do Império e início da
República. Era o chefão mais poderoso do sertão, que fazia e
desfazia as coisas ao próprio arbítrio. Foi na monarquia que
alcançara todo prestígio e notoriedade, principalmente após sua
nomeação a Cel. da Guarda Nacional da comarca, quando também
lhe foi prometido o título de Barão de Dois Riachos. Nessa mesma
época aparecem como conservadores os coronéis João Agripino
Maia de Vasconcelos (o 1º JA) e Francisco Hermenegildo Maia de
Vasconcelos.
Ao tempo de Waldevino, também fizeram parte da Guarda
Nacional, importantes nomes do termo de Caiporas, como: O
Tenente José de Sousa Melo (mais conhecido como Tenente “Zé
de Melo”); Major Raul Rodrigues; Alferes Francisco Adelino

181
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Alves, filho do fazendeiro Inácio Alves, do Saquinho, e o
memorável Alferes Izidro de Sousa, que tomou parte na última e
sangrenta batalha, da grande chacina de Canudos na Bahia. O feito
lhe trousse uma conservada repulsa, que o acompanhou pelo resto
de sua vida. Quando perguntado sobre o fato, respondia: “Naquele
dia foi destronado um humilde pastor de homens, Antonio
Conselheiro, e seus seguidores, que ali caíram trucidados. O que
fiz, foi porque era mandado, mas Deus há de me perdoar”.

Major Raul Rodrigues

Alferes Francisco Adelino Alves.


Em 1860 o Cel. Waldevino Lobo assume inteiramente a direção
política de Catolé com a morte do seu pai. O Cel. Waldevino foi
Deputado Provincial nas legislaturas de 1878/79 e de 1880/81,
quando caiu o seu partido, cedendo aos conservadores, o poder
durante 11 anos.
Ainda no ano de 1860, a Vila de Catolé e a povoação de
Caipora recebem a visita do Presidente da Paraíba, o Dr. Luiz
Antonio da Silva Nunes, o primeiro governante do estado a visitar

182
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
os sertões, o qual havia nomeado, naquele ano, como primeiro
subdelegado do termo de Caiporas, o opulento e perverso
fazendeiro, Domingos Pires de Carvalho. (este assunto é abordado,
com detalhes, no capítulo “Seguindo os primeiros passos – O
primeiro governador a visitar nosso pago”).
Pelos conservadores representaram Catolé do Rocha na
Assembléia, João Agripino em 1882/83 e o Dr. Francisco Alves de
Lima Filho em 1884/85 e em 1886/87.
O Cel. Francisco Maia, apesar de ser um homem inteligente e
esclarecido e do seu grande prestígio eleitoral, nunca se propôs a
mandato legislativo na Província nem no Estado Republicano. A
sua rivalidade com o seu primo segundo, o Cel. Waldevino Lobo,
começou no período monárquico e continuou sempre acesa, política
e pessoal, pelo resto da vida de ambos. Essa rivalidade só findou
com a morte de Waldevino, pois este não deixou filhos para dar
seguimento ao seu quase reinado, cabendo aos filhos do Coronel
Maia a incumbência de darem seguimento a tradição política da
familia. Waldevino morreu em 1924, dois anos após os cangaceiros
cearenses terem levado grande parte do dinheiro e jóias de seus
cofres abastados (detalhes no capítulo “Os Cangaceiros”). O Cel.
Francisco Maia morreu 1935, ano em que Catolé foi elevado a
cidade, aos 99 anos de idade.
Apesar do nosso empenho, também não nos foi possível
encontrar o registro de todos os nomes dos membros das bancadas
da Câmara de Catolé, nos 60 anos compreendidos entre a criação da
vila (1835) e a criação do cargo de Prefeito, em 1895. Desse
período, apenas alguns nomes nos foram possível resgatar e
somente das legislaturas do período entre 1860 a 1895.
1860 José de Sá Cavalcante - Presidente do Conselho
José Ferreira de Melo
José Bernardino da Rocha Formiga
Manoel Alves Teixeira Maia
1869 Juvêncio A. dos Santos Mendonça- Pres. do Conselho
Cláudio Alves Henriques
Manoel Fragoso de Melo
Alexandre Ferreira de Oliveira Santos
José Antonio de Almeida

183
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
1876 Alexandre José Diniz – Presidente do Conselho
1880 Antonio Maia de Vasconcelos – Presidente do Conselho
1888 José Alexandre Meira – Presidente do Conselho
Manuel Antonio Maia de Vasconcelos
1890 Estevam Lauro Diniz – Presidente do Conselho
Antonio Maia de Vasconcelos
Justino Torquatro de Sá
Manoel Fragoso Pereira
Hermínio de Vasconcelos Maia
Em 31 de janeiro de 1891 todas as Câmaras do país são
dissolvidas e são nomeados interventores para o período 91 a 93.
Em 1892 é eleito Deputado Provincial, Antonio Gomes de
Arruda Barreto, genro do Cel. Francisco Maia que é deposto do
cargo com o golpe de estado do Marechal Floriano Peixoto. Elege-
se também, para a mesma legislatura o Cel. Waldevino Lobo que se
reelege para as três legislaturas seguintes. A partir daí o Cel.
Waldevino reinaria absoluto, com poder soberano, por mais 14
anos.
De 1893 a 1930 passa a ser eleito em cada município um
conselho, em substituição as antigas Câmaras, com mandato de
quatro anos e composto de sete membros.
Em 1895 o governador da Paraíba, Álvaro Lopes Machado,
através da Lei Nº. 27, de março daquele ano, cria o cargo de
Prefeito, em substituição ao cargo de Presidente da Câmara ou
Conselho Municipal, que passa a ser nomeado pelo governador e a
conduzir a administração do município, à frente do Conselho
Municipal. Posteriormente com a dissolução do poder
administrativo do Conselho Municipal nos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, coube ao Prefeito o poder unipessoal da
administração pública. A partir de então o Conselho ou Câmara
Municipal reaparece com o cargo de Presidente. Desta feita a frente
de um conglomerado de legisladores que ditariam o conjunto de
normas e leis, que ordenariam seus munícipes. Os juizes,
responsáveis pela manutenção da ordem, são conclamados a
julgarem como mediadores entre os outros dois poderes em favor do
povo, do cumprimento das leis e pelo equilíbrio inequívoco da
justiça. A partir de então a Câmara passa apenas a legislar.

184
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em 1907 um importante comerciante da vila, o Cel. Benvenuto
Gonçalves, apoiado por seus parentes, pelo Cel. Francisco Maia e
pela família Suassuna, levanta-se contra o Cel. Waldevino Lobo.
Em conseqüência da dissidência do partido governista no estado,
Waldevino fica de baixo e naquele mesmo ano Benvenuto é
nomeado prefeito de Catolé para um mandato que durou vinte anos.
Benvenuto foi também Deputado de 1916 a 20.
Como os períodos legislativos das câmaras não ficaram
coincidindo com o dos Prefeitos, a partir da criação do cargo deste
último (1895) até início da ditadura, citaremos aqui a formação das
bancadas da Câmara em separado da administração municipal.
1898 a 1900 Palmério Alves da Rocha Maia
1901 a 1904 Waldevino Lobo F. Maia – Pres. do Conselho
Pacífico de Almeida – Vice Presidente
Em tempo: Prof. Pacífico de Almeida, da Santana, foi um dos
primeiros professores leigos dessas redondezas a dar aulas
particulares nas sedes de fazendas ou em casas-escola. Era um
professor-escola que lecionava aulas de argumento e
aritmética (hoje matemática), língua materna (hoje português)
e história. Utilizava-se de uma palmatória para aplicar
punições aos alunos menos atenciosos aos seus ensinamentos.
As palmadas eram dadas pelos alunos mais aplicados nos que
respondiam erradamente suas perguntas.
1905 a 1908 Waldevino Lobo F. Maia – Pres. do Conselho
José Limeira – Vice Presidente
Estevam Lauro Diniz
Joaquim Tolentino Ferreira Maia
Severino A. de Figueiredo
José Tomaz Filho
Pacífico de Almeida
1909 a 1912 Evaldo Gomes Barreto
Agostinho Alves
Antonio Suassuna
Manoel de Souza Pedrosa (Sousa Mathias)
Herculano Acácio Galvão (irmão do meu avô)
Severino A. de Figueiredo
1913 a 1916 Agostinho Alves

185
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Natanael Maia Filho
Francisco Sabino Azevedo
João Crisóstimo da Maia Azevedo
Manoel Vieira de Freitas
Francisco Pereira Nunes
Felinto Gomes da Silva
1917 a 1920 ******************
1921 a 1924 Agostinho Alves - Presidente
Manoel Viera de Freitas
José Paz de Lima
Cirilo José de Freitas
Francisco Pereira Nunes
1925 a 1927 ******************
1928 a 1930 Natanael Maia Filho - Presidente
José Paz de Lima
Hercílio Maia
Francisco Carneiro Vaz
José Antonio de Figueiredo
Francisco Henrique de Sá (Chico Salvino)
Manoel Vieira de Freitas, substituído por
Francisco Maia Neto.
Iniciado o novo século, vários nomes das adjacências de Jericó
passam a figurar no legislativo e executivo catoleense. O Primeiro a
figurar nessa lista foi o nobre agro pecuarista Manoel de Sousa
Pedrosa (Sousa Mathias-1909/1912) que era aliado político, no
princípio, do Coronel Waldevino Lobo e depois que este se afastou
para Brejo do Cruz, passou a acompanhar o grupo Suassuna de
Catolé e aos Carneiros de Pombal.
Na legislatura de 1913/1916 o grupo Maia passa a liderar
novamente a política do município. Na legislatura de 1921/1924
novamente Manoel Vieira volta a fazer parte, seguido por dois
novos nomes: José Paz de Lima, do Sítio Bom Sucesso e Cirilo José
de Freitas, do Sítio Soledade. Na legislatura de 1928/1930 voltam
Natanael Filho, José Paz e Manoel Vieira, aparecendo desta feita
um novo nome, o do fazendeiro Francisco Henrique de Sá (Chico
Salvino) da Fazenda Alto Alegre.

186
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
No período que correspondeu a ditadura, 1930 a 1947, Catolé
ficou sem o poder legislativo e os interventores municipais
governaram por meio de decretos lei. A Câmara só reabre as suas
portas em 48. A partir desse ano o mandato dos vereadores passa a
coincidir com o dos Prefeitos.

Prefeitos de Catolé
• Adolfo Fernandes Maia.................................................1895/1904
• Francisco das C. Fonseca (indicado por. Waldevino)......1905/1907
• Bevenuto Gonçalves (indicado por Francisco Maia).......1907/1927
• Hermínio Hermenegildo Maia Vasconcelos (vice)...................1927
• Antonio Suassuna (nomeado por João Suassuna)............1927/1929
• Manoel V. de Freitas (indicado por João Suassuna)......1929/1930
Em seu governo, Manoel Vieira, que tinha comércio
estabelecido em Jericó, constrói o primeiro açougue público do
distrito, nas imediações da Travessa da Matriz com o final da
Travessa Laurentino de Sousa Melo.

Interventores Municipais de Catolé


• Américo Maia de Vasconcelos......................................1930/1934
Em 1935 Catolé passou a cidade por força do decreto Nº. 638
de 21 de janeiro, assinado pelo interventor José Marques da Silva
Mariz que governou a Paraíba por apenas dois meses, como
interventor, nomeado pelo ditador Getúlio Vargas. Iniciava-se ali o
regime ditatorial que se estendeu até 1945. Durante esse período
Catolé foi administrada por vários interventores Municipais que
eram nomeados pelos interventores do estado. Nos dois primeiros
anos (46 e 47) do regime Militar ainda mantiveram-se os cargos de
interventores que foram substituídos após as eleições de 47.
• João Sérgio Maia...........................................................1935/1936
• Natanael Maia Filho (Dr. Ioiô).....................................1936/1940
• Aristeu Formiga (nomeado por Rui Carneiro).................1941/1943
• Dr. Eugênio Luiz de Oliveira (nomeado por Rui Carneiro).....1944
• Manoel Emílio de Sousa (nomeado por Rui Carneiro)...........1944
• Antonio da Nóbrega Ferreira. (nomeado por Rui Carneiro).....1945
• José Demétrio de Albuquerque(nomeado por Rui Carneiro)....1945
• Bernardino Soares Barbosa ....................................................1946

187
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
• Jurandi Rodrigues Barbosa.....................................................1946
• Dr. Sandy Soares Barbosa......................................................1946
• Otávio Olímpio Maia..............................................................1947
Assumindo a interventoria do estado o Dr. Ruy Carneiro, cai a
representatividade Maia em Catolé e conseqüentemente a de
Paizinho em Jericó. Novamente Sousa Mathias e aliados voltam a
ficar de cima e desta feita com muito mais poder. Tanto que, para
resolver definitivamente uma questão de limites de terras entre o Sr.
Rozendo Calado com o Sr. Paizinho, consegue trazer o Bacharel
Hernany Sátiro, de Patos, com todos os honorários pagos pelo erário
público, para por um fim no episódio, que já tinha gerado muito
descontentamento dentro da família Calado. Sabendo-se que Catolé
era território de Maia e Pombal dos Carneiros, optaram por
desmembrar aquela parte do território de Catolé para o município de
Pombal. Ali a questão seguiu seus trâmites normais e logo foi
resolvida. (este episódio é melhor abordado no capítulo: Seguindo
os primeiros passos – A questão do limite sul).
Durante os cinco anos de interventoria de Rui Carneiro, Sousa
Mathias esteve como chefe político de Jericó. Neste período, para
impedir a entrada de animais que eram criados a campo no arruado,
Sousa manda fazer uma cerca de arame farpado em volta do casario
e instala quatro cancelas nas estradas de acesso. Essa medida é mal
vista por adversários que passam a criticá-lo, justificando que não
eram animais para viverem num curral.
As seguidas perdas enfrentadas por Paizinho naquele início de
década, quebraram as forças daquele homem de ferro, que morreu
em meados de 44, antes do fim da ditadura, do retorno dos Maias ao
poder e da revolucionária administração de Rosadinho.
Em 1945 foram realizadas eleições gerais para a constituinte de
1946 que restabeleceu a autonomia dos municípios brasileiros de
elegerem os seus prefeitos e vices-prefeitos, bem como a autonomia
de elegerem as bancadas das Câmaras, com vigência a partir de
1947 e nesse mesmo ano são realizadas eleições municipais.

188
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Prefeitos e vereadores
Eleitos pelo voto direto - após a ditadura
•Francisco Rosado Maia (Rosadinho UDN-2418votos)1947/1950
Legislativo: João Pinheiro Dantas - Presidente
Manoel Tomaz de Aquino
José Paz Lima
Candido Carneiro da Cruz
João Rosado Maia (João Rosado de Oliveira)
Lauro Fernandes Maia
Francisco da Silva Monteiro
Findado o período ditatorial, novas eleições livres são
convocadas para o executivo e legislativo, saindo candidato a
prefeito de Catolé o jovem Francisco Rosado Maia - Rosadinho,
que na época contava com apenas 22 anos de idade e foi
considerado o Prefeito mais jovem do país. Junto com ele elegem-se
pelo Distrito de Jericó: José Paz de Lima (Distrito de Bom
Sucesso), Francisco da Silva Monteiro (Sítio Muquila) e o seu
primo, João Rosado de Oliveira (Distrito de Jericó - nos registros da
Câmara consta seu nome como sendo João Rosado Maia), que
vinha assumindo a liderança política daquele grupo, no distrito,
juntamente com seu irmão Lauro Rosado, após a morte do seu pai.
Rosadinho, contando com o apoio irrestrito de sua família, aqui
representada por João Rosado de Oliveira, elege-se e dá início a
uma administração revolucionária, principalmente para Jericó, que
até aqueles dias, apesar do status de vila com mais de cem anos, não
passava de um pequeno arruado, sem entrada nem saída, sem
escola, sem abastecimento d’água e sem luz. Eram apenas uma
igreja e três pequenas ruas, duas menores e uma com quase meio
quilômetro, sem nenhuma abertura de avenida para o outro lado, a
exceção de três becos de acesso a pedestres e animais, um na casa
de Chica Mendes, outro na casa de Zé Bernardo e mais um outro na
casa de Henrique Paiano, ambos com pouco menos de dois metros
de largura.
A primeira iniciativa de Rosadinho foi abrir avenidas para que
a sede do distrito pudesse crescer e para isso indenizou oito prédios
comercias que, após a demolição, deram lugar as atuais ruas: Elias
Pereira, seguida da Rua Joaquim Idalino; as Ruas Horácio de

189
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Freitas, seguida da Rua Erundina de Oliveira e entre ambas deixou
o espaço para a posterior construção da Praça Alexandre Mathias.
Mais abaixo construiu um prédio moderno para o Mercado Público,
que passou a acolher com mais conforto os feirantes locais e os que
vinham de outras localidades, para a feira semanal. Construiu a
primeira escola da povoação e deu a ela o nome do Cel. Francisco
Maia. Construiu um Chafariz Público para distribuição d’água a
população e por último comprou uma caldeira e um gerador de
energia, mas essa iluminação só foi inaugurada no governo de José
Sérgio, que o seguiu.
Para funcionalidade das suas recentes obras, faz as primeiras
contratações do Distrito. O primeiro contratado foi o Sr. Sidrônio de
Sousa Galvão, como Chefe do Chafariz e Euclides Viana, o
segundo, como Fiscal. Quando Jericó passa a cidade Sidrônio é
novamente o primeiro contratado, na manutenção do mesmo
chafariz, conforme portaria constante no ANEXO V.

•José Sergio Maia (1º dos 4 mandatos 3723 votos) ...........1951/1954


Legislativo: João Rosado de Oliveira - UDN - 452 votos
Pedro de Araújo Barreto - UDN - 385 votos
Natanael Maia Filho - UDN - 369 votos
Candido Carneiro Almeida - UDN – 324 votos
Manoel Tomaz de Aquino - UDN – 318 votos
Francisco Ferreira da Cruz - UDN – 291 votos
Lauro Fernandes Maia - UDN – 239 votos
Firmino Francisco de Melo - UDN – 233 votos
José Paz de Lima - UDN – 264 votos
A campanha de 1950 foi fecunda para a família Maia que
elege: Américo Maia para Deputado Estadual, José Sergio Maia
para prefeito de Catolé e para vereadores, Natanael Maia por Catolé
e João Rosado por Jericó.
João Rosado recebe a votação mais expressiva de sua
trajetória política, ao eleger-se com 452 votos, como o mais bem
votado dentre todos. Apesar da surpreendente votação de João
Rosado, que sintetizava o reconhecimento do distrito a
administração desenvolvimentista de Rosadinho, Jericó não

190
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
consegue uma maior atenção de José Sergio, que retoma a velha
política assistencialista do “toma lá dá cá”.

•Ozório Olímpio Maia/Natanael Maia Filho...............1955/1958


Legislativo. José Sergio Maia - UDN – 600 votos
Clécio Barreto - UDN – 309 votos
Manoel Tomaz - UDN – 306 votos
João Lopes de Figueiredo - UDN – 302 votos
Candido Carneiro - UDN – 300 votos
Francisco Ferreira da Cruz - UDN – 289 votos
João Rosado de Oliveira - UDN – 289 votos
José Paz de Lima - UDN - 278 votos
Dirceu Arnaud Diniz - UDN – 292 votos

Durante o seu mandato como vereador, Dirceu Arnaud


Diniz, empenha-se na busca da conquista da elevação do Distrito de
Jericó á cidade. O primeiro passo foi a aprovação da Lei nº 1.198 de
02/04/55, que fixa a divisão administrativa e judiciária dos
municípios no estado, ficando ai definido os limites do território do
então Distrito de Jericó que engloba a área correspondente ao seu
próprio território e dos atuais municípios de Bom Sucesso e Mato
Grosso. Em 1956 o Projeto Legislativo de Lei nº 50/56 decreta a
criação do Município, da Comarca e do Cartório de Jericó. Três
anos mais tarde esse projeto foi aprovado parcialmente pelo
governador Pedro Gondin, que sanciona a criação do Município de
Jericó, mas veta a criação da Comarca.

▪José Sérgio Maia (2º mandato, 2943 votos)..................1959/1962


Legislativo: Pedro Alves da Costa – UDN/300 votos .– Pres.59/60
Fabiano Sales Vilar – UDN/243 votos ...– Pres. 61/62
Severino Vieira - UDN/288 votos
Livaldino Luis da Costa – 342 votos
Lauro Fernandes Maia - 360 votos
Clécio Barreito - UDN – 363 votos
Nestor de Melo - UDN – 236 votos
Cândido Carneiro - UDN – 236 votos

191
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
João Rosado perde força nos governos de José Sergio e de
Ozório Olímpio, já que aqueles não dedicaram a sua terra a mesma
atenção dada por Rosadinho, mas isso não abala o seu prestígio e
admiração dentro da sua comunidade, a ponto de ser o dele, quando
da emancipação de Jericó e da necessidade de se lançarem
candidatos para administrarem a nova cidade, o primeiro nome a ser
aclamado, pela maioria das lideranças da época, para ser o
candidato da UDN a prefeito. Mas Seu João, a muito reverenciado
por todos como o maior bem feitor desta terra, dentro da sua
simplicidade e modéstia, não aceita, julgando haverem nomes
melhores para aquele importante posto. Sugere então que a direção
do partido formalizasse convite ao jovem e recém formado, Dr.
Gilson, filho do eminente comerciante, Hospírio de Sousa Melo,
que por ser partidário do PSD, não aceita a
proposta da bancada Udenista, preferindo
concorrer ao pleito pelo seu próprio
partido.
João Rosado, mesmo com a recusa do
Dr. Gilson, não aceita o deferimento do
seu nome e sugere então o convite a Lauro
Paixão, que emocionado aceita a
incumbência e é calorosamente aclamado
pela população, na eleição de agosto de
1959. João Rosado de Oliveira

É bom lembrar que, naquela época, os vereadores não recebiam


remuneração pelos seus serviços e apenas o civismo e o alto espírito
patriótico de bem servir as suas populações, era o que os induzia a
concorrerem a tão árduo posto.
Em virtude da elevação do distrito de Jericó à cidade, os
candidatos residentes no novo termo (Mato Grosso, Jericó e Bom
Sucesso) já não concorrem ao legislativo catoleense no pleito de 58,
estendendo as suas campanhas eleitorais até 2 de agosto/59, quando
pleiteiam vaga no legislativo e executivo da nova cidade de Jericó.

192
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
ADMINISTRADORES DE JERICÓ
Emancipado politicamente de Catolé através da Lei nº 2.097, de
8 de maio de 1959,conforme disposto no anexo 6 de autoria do
valoroso deputado catoleense Dirceu Arnaud Diniz. Em 2 de
agosto ocorreram às eleições diretas para escolha do primeiro
prefeito e primeira bancada legislativa, a 6 de setembro ocorre a sua
instalação oficial e em 30 de novembro daquele ano é dada posse ao
Prefeito e ao vice, bem como aos vereadores eleitos, no prédio da
prefeitura, pelo Juiz da Comarca de Catolé, o Dr.Manoel Guimarães
Ferreira.
De 1959 a 1963 - 1ª gestão administrativa
(30/11/59 a 29/11/63)

Lauro Paixão João Lopes Raimundo Nobre

Prefeito: Lauro Pereira da Paixão


Vice-Prefeito: Cleto Pereira da Cruz (foi Prefeito por 45 dias)
Legislativo:
1º Presidente: João Lopes de Figueiredo (60/63)
2º Presidente: Raimundo Nobre da Silva (61/62) .... UDN
Eduardo Matias da Silva ... PSD
Fco Ferreira de Lima (Chico Maroca) ... UDN
Espedito Nobre de Abrantes .. UDN
Nelson Paz de Lima . PSD
Constam dentre as primeiras medidas, a serem tomadas pela
primeira administração, a abertura de crédito de 150 mil cruzeiros
para a instalação do município, a criação de 40 escolas municipais,
a construção do sistema de abastecimento d’água para o distrito de
Bom Sucesso, o açougue da cidade, a instituição do código
tributário do município; a construção do serviço telefônico da
cidade a povoação de Serrinha (CR$ 200 mil); rede telefônica de

193
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Bom Sucesso ao limite com Alexandria ( CR$ 100 mil); de Jericó à
Boca da Mata (CR$ 250 mil); de Jericó as placas de Riacho
(CR$250 mil); instalação elétrica de Serrinha (CR$400 mil) e o
abastecimento d’água (CR$150 mil); açougue de Bom Sucesso
(CR$150 mil); os primeiros calçamentos, a compra de um JEEP e
outros serviços, perfazendo um valor total de CR$1.680.000,00.
Em 1960 foi concedido título de cidadão jericoense ao
governador Pedro Moreno Gondin; aprovados recursos para
construção do curral do matadouro; para a linha telefônica da sede
ao sítio Pitombeira via Rajada e disponibilizado crédito de CR$ 30
mil para distribuição aos pais pobres, a título de salário família.
Criados o subsídio aos vereadores e ao vice no valor de CR$ 3 mil
mensal e ao prefeito de CR$ 6 mil; construção do cemitério público
de Bom Sucesso; autorizado crédito especial de CR$ 1.128 milhão,
bem como autorizado ao prefeito contrair empréstimos, junto à rede
bancária, no valor de CR$ 6 milhões para o exercício de 61.
A receita prevista para 1961 foi de CR$ 1.819 milhão.
Em junho de 61 o vereador Nelson Paz renuncia ao cargo,
assumindo a sua vaga a suplente Maria de Lourdes Barreto
Wanderley. No mesmo ano acontecem várias manifestações contra
o fato de o prefeito morar em Pombal e por cobrar a taxa de luz.
Em agosto de 1962 o Prefeito Lauro P. da Paixão pede
afastamento do cargo, por um período de 45 dias, para concorrer a
uma vaga no Legislativo Estadual, assumindo interinamente o seu
posto, o vice-prefeito, Cleto Pereira da Cruz.
Em 1963 Jericó perde o Distrito de Bom Sucesso, elevado à
categoria de município, através da Lei nº 3.049 de 17/06/63.
Aproveitando a realidade de ter sido um grande benfeitor na
base territorial de Bom sucesso, Lauro candidata-se a prefeito do
novo município, elegendo também, o seu importante aliado,
Raimundo Nobre da Silva, para prefeito de Jericó, funcionando a
dobradinha também na campanha seguinte, quando Lauro volta para
Jericó elege Raimundo Nobre de Abrantes, primo de Raimundo
Nobre da Silva.

194
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
De 1963 a 1969 ocorre à 2ª gestão administrativa
(30/11/63 a 31/01/69)

Raimundo Nobre da Silva Francisco Ferreira de Lima João Lopes de Figueirdo

Prefeito: Raimundo Nobre da Silva


Vice-Prefeito: Eduardo Matias da Silva
Legislativo:
1º Presidente: Francisco Ferreira de Lima (64/65)
2º Presidente: João Lopes de Figueiredo (66/67/68)
Raimundo José de Oliveira Mesquita
Francisco de Sousa Pedrosa
Heleno Ribeiro de Lima (substituiu Eduardo)
Joaquim Vieira de Andrade (Joaquim Zeco)
Expedito Nobre de Abrantes
Eduardo Mathias, aproveitando o grande carisma e
respeitabilidade, que conquistou, com seu trabalho de longos anos
como boticário de crédito, e que gozava junto ao povo jericoense,
candidatou-se a vereador e a vice-prefeito, sendo eleito para os dois
cargos. Não sendo permitido assumir as duas vagas, optou por ser
vice, elevando-se a vaga de vereador o Sr. Heleno Ribeiro de Lima.
Em junho de 1965 a Câmara autoriza ao executivo a contrair
empréstimo junto ao BNB, no valor de 15 milhões de Cruzeiros,
para compra de ações da Sociedade Anônima de Eletrificação de
Paulo Afonso – SAELPA, para a futura instalação da iluminação
pública da sede do município, ocorrida em 69.
Em junho de 1966 foi autorizada a liberação de subvenções
para ajudar na construção do Ginásio Comercial N. S. dos
Remédios, bem como um crédito especial no valor de 5.6 milhões
de cruzeiros para a compra do prédio da prefeitura. Em dezembro

195
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
daquele mesmo ano foi criado o Pronto Socorro Municipal e
aprovado o orçamento para o ano seguinte, estimado em 108
milhões de cruzeiros.
O vereador Francisco de Sousa Pedrosa esteve ausente a quase
todas as sessões do legislativo, durante o seu mandato. Em 23 de
dezembro de 68 ele apresenta sua renúncia, assumindo o seu lugar,
o suplente, Jose da Silva Oliveira (Zé Leopoldo). Na mesma sessão
é constatada a ausência, por cinco sessões ordinárias seguidas, do
vereador Francisco Ferreira de Lima (Chico Maroca), sendo então
baixado ato de extinção do cargo do mesmo e convocada a suplente
Anália Formiga, que não comparece ao posto.
A Câmara rejeita a prestação de contas do último ano de
Raimundo Nobre, preferindo aguardar primeiro o parecer do
Tribunal de Contas do Estado. Essas contas só vieram a ser
aprovadas em junho/69.
Outras obras importantes nortearam o seu mandato como o
Açougue público, a Praça Alexandre Mathias, o matadouro e a
lavanderia, a eletrificação da cidade, a aquisição de uma ambulância
e um caminhão, bem como o calçamento de algumas ruas.

De 1969 a 1973 ocorre à 3ª gestão administrativa


(31/01/69 a 30/01/73)

Lauro Pereira da Paixão José da Silva Oliveira Raimundo J. Oliveira

Prefeito: Lauro Pereira da Paixão


Vice-Prefeito: Antônio de Oliveira Melo (Toinho de Maneco)
Legislativo:
1º Presidente: José da Silva Oliveira (Zé de Leopoldo) (70/71)
2º Presidente: Raimundo José de Oliveira Mesquita (69/72)
Francisco Lopes Neto (Neto Lopes)

196
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Francisco de Assis e Silva (Tizinho)
Anália Formiga
Francisco Américo da Silva (Miúdo)
Otacílio Vieira da Silva
Em 30 de janeiro de 1969 o legislativo autoriza ao executivo a
firmar, através das Leis Nº. 16 e 18/69, contrato, a título oneroso,
com a CAGEPA, no valor de NCR$ 1.600,00 e a vender o JEEP.
No dia seguinte (31/01), a câmara deu posse ao prefeito, ao vice e
aos novos vereadores eleitos, em sessão presidida pelo juiz da 36ª
zona, o Bel. Antonio Elias Queiroga.
Em 1971 foi criada a Biblioteca Municipal e concedido título de
cidadão jericoense ao Pe. Jerônimo Munhoz Martins.
Em setembro de 72 Otacílio renuncia ao cargo, sendo
convocado para substituí-lo o suplente Francisco Benício de Sá
(Fransquinho Dentista), que só comparece na última sessão do
período legislativo, não assinando a ata por ter se retirado do recinto
juntamente com outros vereadores.
Julgando existir superfaturamento, a Câmara, com o apoio de
alguns dos aliados de Lauro, consegue postergar a deliberação da
última prestação de contas para que fosse feita a sua apreciação
somente no mandato seguinte.
Na reunião ordinária de março/73 o legislativo pediu apreciação
da documentação referente às despesas do último mês de mandato
de Lauro Paixão (Jan./73), constatando que o ex-prefeito havia
estourado toda a dotação orçamentária daquele ano (primeiro da
gestão em curso), no setor de estradas, inclusive a suplementação de
25%. Julgando que os recibos de tais despesas fossem facciosos,
uma vez que era do conhecimento de todos daquela egrégia casa
que as estradas apontadas como restauradas ou construídas naquele
mês não haviam recebido reforma alguma, o legislativo rejeita a
prestação de contas que, encaminhada ao Tribunal de Contas do
Estado, culminou com a restituição dos valores reclamados.
Lauro Paixão, que era dotado de grande carisma e uma
inequívoca respeitabilidade junto ao seu cativo eleitorado, elege
folgadamente o seu sucessor. Esse fato, por si só, era indicativo
suficiente de que ele pretendia continuar a frente da política local,

197
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
mas aquele incidente, inesperado, que lhe trouxe tanta revolta, leva-
o a afastar-se dessas querências, de uma vez por toda.
Aquele fato, além das seqüelas advindas, excitou uma grande
inimizade daquela grande liderança com antigos companheiros,
fazendo com que nunca mais voltasse ao solo jericoense.

De 1973 a 1977 ocorre à 4ª gestão administrativa


(31/01/73 a 30/01/77)

Edésio Alves de Almeida José Antonio Neto Raimundo F. Barbosa

Prefeito: Edésio Alves de Almeida


Vice-Prefeito: Antonio de Oliveira Neto (Antonio de Braulino)
Legislativo:
1º Presidente: Jose Antônio Neto (Zé de Mário) (73/74)
2º Presidente: Raimundo Ferreira Barbosa (75/76)
Jerônimo Sebastião de Oliveira
Antonio Andrade de Freitas
Jose da Silva Oliveira (Zé Leopoldo)
Raimundo Jose de Oliveira Mesquita
Jerônimo Lopes de Figueiredo
Em 1973 foi concedido título de cidadão jericoense ao Dr.
Dirceu Arnaud Diniz.
Em 74 foi adquirido um caminhão basculante Chevrolet e em
75 foi iniciada a reconstrução da Praça Alexandre Mathias,
esgotamento das Ruas da Matriz e Bernardino de Freitas e a
aquisição de uma repetidora de televisão, canal 6, instalada na Serra
Lisa, que custou a importância de CR$ 127 mil.
Em 76 foi concedido título de cidadão jericoense a Frei Damião
de Bozzano, construído o calçamento da Rua Joaquim Idalino, até o
antigo Ginásio e estimada a receita para 77 em CR$ 1.481.900,00.

198
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Apesar do pouco conhecimento político-administrativo, Edésio
Almeida foi o que melhor usou o erário público em benefício do
povo e quem melhor deu ouvido aos seus clamores, dando-lhes total
atenção.
Por ser um homem humilde, até então dedicado exclusivamente
a família e às atividades rurícolas e por tanto, desprovido das
ambições próprias dos caminhos da política e do poder, foi um
exemplo em dignidade e honestidade para a nossa história.

De 1977 a 1983 ocorre à 5ª gestão administrativa


(31/01/77 a 30/01/83)

Lauro Rosado de Oliveira Raimundo J. O. Mesquita José Antônio Neto

Prefeito: Lauro Rosado de Oliveira


Vice-Prefeito: José da Silva Oliveira (Zé Leopoldo)
Legislativo:
1º e 3º Pres.: Raimundo José de O. Mesquita (77/78/81/82)
2º Presidente: José Antônio Neto (Zé de Mário) (79/80)
Odon José de Freitas
Espedito Amélio de Lima
Damião de Oliveira Melo (Dão)
Valdecy da Silva Monteiro
Jerônimo Lopes de Figueiredo
José Antonio Neto (Zé de Mario) pediu licença, por um ano,
para assumir o cargo de Secretário Geral da Prefeitura, assumindo a
sua vaga o suplente Francisco Vieira de Andrade (Chico Nié).
Foi adquirida uma caminhonete (CR$105 mil); a instalação de
dois televisores na praça (CR$14 mil); construído um mini-posto do
Riachão (CR$57 mil); feita a ampliação das redes de distribuição de
energia da cidade (CR$60 mil).

199
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Foi dado o nome de “Casa de Antonio Andrade de Freitas”, a
Câmara Municipal.
Em 10/10/77 através da Lei nº 3.918 é criado o Distrito de Mato
Grosso.
Construída uma unidade de ensino na Pitombeira (CR$30 mil);
feito o calçamento de várias ruas e iniciada a construção da
Maternidade (CR$250 mil).

(Apresentações culturais da MOBRALTECA)

O projeto de lei nº. 01/78, de autoria do vereador Jose Antonio


Neto, deu nome a todas as ruas da cidade, existentes na época.
Estimada a receita para 79 em CR$ 3.7 milhões; construído um
mini-posto na Malhadinha e feitas reformas na Praça Alexandre
Mathias.
O legislativo, liderado por Damião, não permitiu a venda de
60% das ações da Petrobras, para conclusão da Maternidade.
A receita estimada para 80 foi de CR$ 5.7 milhões. Foi aberto
um posto avançado do Banco do Brasil S/A, na sede do município.
A receita estimada para 81 foi de CR$12 milhões; concedido
título de cidadão jericoense aos Srs.: Dr. Jandirson Rodrigues
Fernandes; Dr. Edme Tavares de Albuquerque; Dr.Edmir Xavier da
Silva e ao Pe. Martinho Queiroga Salgado.
A receita estimada para 82 foi de CR$32 milhões. Foram
comprados bancos novos para a Praça Alexandre Mathias. A receita
estimada para 83 foi de CR$67 milhões.

200
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
A grande força da administração de Seu Lauro, como era
carinhosamente conhecido, esboçava-se na presença pujante de sua
primeira dama, Dona Amélia Rosado Xavier de Sá, que era como
uma mãe para o povo pobre de Jericó.
De 1983 a 1988 ocorre à 6ª gestão administrativa
(31/01/83 a 30/01/89)

Damião de Oliveira Melo Mari de Fátima Sousa Espedito Amélio de Lima

Prefeito: Damião de Oliveira Melo (Dão)


Vice-Prefeito: Valdecy da Silva Monteiro
Legislativo:
1º Presidente: Maria de Fátima Sousa (83/84)
2º Presidente: Espedito Amélio de Lima (85/86)
José Antonio Neto (Zé de Mário) (87/88)
Geneci Francisca Monteiro
Benedito Gabriel da Silva
Raimundo José de Oliveira Mesquita
Maria de F. de Oliveira (Fátima Rosado)
A estimativa de receita para 84 foi CR$ 164 milhões. Foi
concedido título de cidadão jericoense ao monsenhor Hamilcar
Mota da Silveira; ao Cônego Sérgio Arthur Braschi e ao Gerente do
Posto Avançado do BB, Otávio de Azevedo. Reconhecida à
utilidade pública da Associação de Desenvolvimento de Jericó –
ADECOJE e concedido subvenção de CR$ 1 milhão para edificação
da sua sede. No mesmo ano Jericó associa-se a ASMEP –
Associação dos Municípios do Médio Piranhas.
No segundo e terceiro ano de mandato, Damião constrói
calçamentos em vários trechos de ruas; inicia, mas não conclui uma
reforma na maternidade e arboriza a Praça Alexandre Mathias e
toda a cidade, através de convênio, por intermédio da ADECOJE.

201
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em 85 foi construído o Açude do Carneiro, pelo governo do
estado e estimativa de receita para aquele ano em 784 milhões. Para
86 foi estimada em 37 bilhões de cruzeiros. A inflação batia seus
próprios recordes.
A grande quantidade de funcionários, as desoladoras secas de
83 e 88 e a inflação galopante, trouxeram um desordenamento
completo à administração municipal. Salários defasados e atrasos
no pagamento tornaram-se práticas comuns.
Em virtude do abandono do cargo, pelo Sr. Espedito Amélio de
Lima, assume o suplente José Nogueira Sobrinho em JAN/87.
O país conta com uma nova moeda, o cruzado, mas não se livra
do carma da inflação. A estimativa de receita para 87 foi de CZ$ 7
milhões, a de 88 de CZ$ 30 milhões e a de 89 foi de CZ$ 135
milhões.
A grande seca de 88 trouxe, mais uma vez, fome ao nosso povo
que, não a suportando, saqueia o comércio local. Como forma de
atenuar os seus devastadores efeitos, um grande número de pessoas
é alistado nas frentes de emergências, mas muitos ficam de fora,
fazendo crescer a insatisfação com os governantes.
Mãos atadas pelas seguidas catástrofes que nortearam o início e
final do seu mandato, o prefeito, reconhecido por ser caridoso e
bom distribuidor de esmolas, sem poder ajudar aos que lhe
socorriam, entrega o posto a seu sucessor, com o município
enfrentando sérias dificuldades.

(O povo da zona rural, com fome, ataca ao comércio local na seca de 1988).

202
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
De 1989 a 1992 ocorre à 7ª gestão administrativa.
(31/01/89 a 31/12/92)

Adonay Vieira de Freitas Maria de Fátima Sousa Francisco F. Sobrinho

Prefeito: Adonay Vieira de Freitas


Vice-Prefeito: Benedito Gabriel da Silva
Legislativo:
1º Presidente: Maria de Fátima Sousa (89/90)
2º Presidente: Francisco F. Sobrinho (Patico de Dodô) (91/ 92)
José Francisco de Freitas (Zé de Fransquim)
Maria de Lourdes Freitas
Marcos Aurélio de S. e Silva (Marcos de Mauro)
Geraldo Ozório da Silva (Geraldo de Zório)
Raimundo José de Lima (Doca)
Raimundo Jose de Oliveira Mesquita
José Nogueira Sobrinho (Zé Nogueira)
O novo legislativo tem a difícil tarefa de elaborar a nova
constituição municipal, conforme previsto na carta magna de 88.
O novo prefeito trazia jovens idéias e a câmara empenha-se em
ajudá-lo para que as boas novas fossem implantadas.
Apesar de conduzir a bandeira de um partido que fora
tradicionalmente minoritário na política local, Adonay consegue
eleger-se, iniciando seu mandato com muita garra. Começa
executando obras que a muito clamavam por urgência. Uma delas
foi a ampliação do cemitério que há anos estava cheio. Era comum
o povo dizer: “para enterrar um é preciso arrancar outro quase
vivo”. Constrói calçamentos de vários trechos de ruas e no balde do
açude Carneiro; adquire novos veículos como: ambulâncias, ônibus,
tratores e são definidos os limites entre a sede e o distrito de Mato
Grosso.

203
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em 16/15/91, através da Lei nº 373 são estabelecidos os limites
territoriais de Jericó com o Distrito de Mato Grosso.
Com a morte de Zé Nogueira assume o suplente Adalberto
Viera de Almeida, a partir de SET/91 e em OUT/91, afasta-se por
120 dias, a vereadora Maria de Lourdes Freitas, que é substituída
pelo jovem José Wellington de Oliveira.
Os dois primeiros anos da administração de Adonay são
fecundos, mas nos dois últimos o quadro não se repete. O prefeito
ausenta-se da cidade, transferindo o seu gabinete para a sede da
fazenda Recanto, mantendo estradas abandonadas, a cidade às
escuras e cheia de lixo, funcionalismo com os salários defasados e
atrasados, o povo revoltado e o legislativo insatisfeito com a sua
indiferença e descaso para com aquela casa.
Nos últimos dias de seu mandato, encaminha ao legislativo
projeto lei doando vários bens do município, para associações
comunitárias existentes. O trator para a Gangorra; a ambulância
para a Malhadinha e o transformador da repetidora, da Serra Lisa,
para a Associação do Muquila.

De 1993 a 1996 ocorre à 8ª gestão administrativa


(01/01/93 a 31/12/96)

Damião de Oliveira Melo José Antonio Neto José Francisco de Freitas

Prefeito: Damião de Oliveira Melo (Dão)


Vice-Prefeito: Geraldo Ozório da Silva (Geraldo de Zório)
Legislativo:
1º Presidente: José Antonio Neto (Zé de Mario - 93/94)
2º Presidente: José Fco. de Freitas (Zé de Fransquim - 95/96)
Maria de Fátima Sousa
Azuil Andrade da Silva

204
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Edijalma Campos de Andrade
Francisco das Chagas Sousa (Neném Alves)
Francegildo Franklin de Oliveira
José Wellington de Oliveira
Marcos Aurélio de S. e Silva (Marcos de Mauro)
Edilberto de Oliveira Galvão (Beto de Bebé)
Maria de Lourdes Freitas
O ano de 93 vem testando os limites de resistência do sertanejo
jericoense bem como da administração municipal. Deflagra-se nova
seca lamuriante; avançam os índices de cólera e hanseníase; a
receita do FPM cai de 0.8 para 0.6 e a única ajuda que o município
recebe das esferas superiores, para enfrentar o calvário da seca, é
um convênio, para alistamento nas frentes de emergência, em que é
exigido, da prefeitura, uma participação de 40% do montante
despendido. Apesar do aperto, são feitos trechos de calçamentos nas
ruas Lopes de Figueiredo e Hospírio de Sousa Melo; conseguido a
eletrificação dos bairros Jericozinho e Maternidade construídas
passagens molhadas no sítio Malhadinha e nas duas travessias do
riacho de Mato Grosso.
Entra em vigor a URV, que antecedeu ao Real, e o prefeito
toma um fôlego ligeiro que lhe permite voltar sua atenção para o
distrito de Mato Grosso, passando esse a gozar de sua inteira
dedicação. Com a ajuda de deputados amigos consegue uma série
de convênios que lhe permite levar várias obras para aquela zona
rural e para a sede. Eletrifica as comunidades Riachão I, II e III,
bem como a própria sede do distrito, que ainda vivia as escuras.
Em março de 94 é aprovada a criação de 50 novos municípios
na Paraíba. Em 29 de abril de 1994, Jericó perde o distrito de Mato
Grosso, elevado à categoria de município, mas impasses ocorridos
fazem com que a eleição do primeiro prefeito só ocorra em
novembro de 1996.
O ano de 94 vem guiado por uma nova moeda, o Real, que
trouxe estabilidade aos preços e salários; vem à energia para as
comunidades de Rajada, Cantófas e Gangorra; é instalado o sistema
DDD de telefonia e acontece o bloqueio das contas do municio, por
não pagamento de dívida com o PASEP.

205
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
No inicio de 95 o executivo faz o primeiro empréstimo por
antecipação de receita, em banco de Pernambuco, no valor de R$
130 mil. Outros empréstimos da espécie se repetem e comprometem
irremediavelmente o final daquela gestão. Em maio acontece à
primeira reunião com o secretário de Agricultura, Marcondes
Gadelha, com vista à implantação do projeto de irrigação na jusante
do Açude Carneiro, começando em seguida as obras de construção
do canal e de eletrificação dos baixios. Apesar da grande
abundância, a água distribuída à população da cidade é de péssima
qualidade; surgem surtos generalizados de verminose e os primeiros
casos de hepatite acontecem no município.
Em abril de 96, Claudeeide de Oliveira Melo assume a vaga
deixada pelo vereador Edijalma Campos de Andrade e em
novembro a Câmara, a pedido do novo prefeito eleito, é
desmembrada do executivo, passando a ter quadro funcional e
receita própria.
Uma folha de pagamento que consumia quase toda a receita,
somada ao pagamento obrigatório das parcelas das dívidas
contraídas no ano anterior, trouxeram ingerência ao governo que
contrai novos empréstimos com particulares. A receita não cobria
mais as despesas e a prefeitura deixa de pagar aos fornecedores:
água, luz, telefone, alugueis, transportadores e ao funcionalismo.
Registra-se ai o primeiro ano em que o alunado do município perde
o ano letivo por completo.
Apesar de acordos, supostamente vantajosos, para a campanha
que se avizinhava, o chefe do executivo, para salvar o seu nome de
homem honesto que sempre foi, é obrigado a desfazer-se de tudo
que havia amealhado ao longo de sua vida.

206
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
De 1997 a 2000 ocorre à 9ª gestão administrativa
(01/01/97 a 31/12/2000)

José da Silva Oliveira Francegildo Franklin Raimundo J. de Oliveira

Prefeito: Jose da Silva Oliveira (Zé Leopoldo) 1º mandato


Vice-Prefeito: Maria Elizabete de Figueiredo
Legislativo:
1º Presidente: Francegildo Franklin de Oliveira
Raimundo José de Oliveira Mesquita
Antonio Marciones de Sousa e Silva
Genebaldo de Oliveira Formiga
José Antonio Neto (Zé de Mário)
João Batista Lira da Silva
José Francisco de Freitas (Zé de Fransquim)
José Welligton de Oliveira
Moacir Viana de Freitas Filho
Maria de Fátima Sousa
Kadson Valberto Lopes Monteiro
José Wellington de Oliveira afasta-se para assumir o cargo de
Secretário Executivo e José Antonio Neto, para assumir o cargo de
Tesoureiro na Secretaria de Finanças da Prefeitura. Para
preencherem as suas vagas foram convocados os suplentes
Benedito Gabriel da Silva e Jorge José Barbosa da Silva.
O novo prefeito inicia seu mandato tomando uma medida que,
para alguns, foi vista como drástica e antipática, fazendo os
retrógrados acreditarem que aquele ato encerraria, de uma vez por
toda, com a sua carreira política. Mas para quem veio para “fazer
diferente” aquela era apenas uma medida necessária, oportuna e
inadiável. O imediatismo da medida se justificava por estar o
município realmente ingovernável e sua tomada foi, como a história

207
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
pode testemunhar, a medida mais acertada. Para que pudesse
implementar o seu almejado sonho de governo, José demitiu todos
os funcionários daquela edilidade e abriu concurso para
preenchimento de um número de vagas restrito. O grande número
de funcionários, da gestão anterior, que ganhava ínfimos e
desprezíveis salários, foi substituído por um grupo de servidores
concursados e bem pagos.
Foi concedido título de cidadão jericoense ao Sr. Joaquim
Ângelo de Barros e ao Coronel PM Afonso Carvalho; as contas do
ex-prefeito Adonay de Freitas, referentes aos anos de 90/91 foram
rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado que recebeu o endosso
da Câmara Municipal.
Em abril/97 é concluída a construção do Terminal Rodoviário,
que recebe o nome de “Leopoldino Nicolau da Silva”; é criada a
Bandeira do Município; construído um posto de saúde na
comunidade Gangorra; é conseguida a construção da importante e
necessária estação de tratamento d’água, bem como uma completa
reforma na Maternidade Mãe Tereza, pondo-a em pleno
funcionamento, logo em seguida; inicia o maior projeto de
construção de calçamentos da história de Jericó, começando pelas
ruas antigas, que estavam esquecidas, com recursos do próprio
município, deixando da forma como hoje está; reforma o prédio da
antiga prefeitura e dá início a construção de um novo, com dois
pavimentos, que passa, na legislatura seguinte a ser a nova sede do
executivo; constrói e arboriza a Praça Frei Damião; constrói uma
passagem molhada da Malhadinha e com recursos arrecadados pelo
IPTU compra uma caçamba basculante, para o serviço de coleta
domiciliar de lixo.
No final de 98 é aclamado, por pesquisa de renome, como o 17º
melhor prefeito do país. O reconhecimento nacional de sua brilhante
atuação lhe trouxe grande alegria e foi motivou muito orgulho para
toda a Jericó.
Em março/99 Jorge Barbosa licencia-se para assumir a
Secretaria de Ação Social, assumindo a sua vaga o vereador
Evilásio Vieira Martins; inicia-se o pagamento das parcelas da
dívida com FGTS / INSS e aos precatórios que juntos passaram a
comprometer de 25 a 30% da receita do município.

208
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

Terminal Rodoviário Leopoldino Nicolau da Silva

Praça Frei Damião

Hospital e Maternidade Mãe Tereza

O inicio daquele ano veio marcado por uma seca verde que leva
os “Sem Terras” do município de Jericó, já devidamente assentados
nas propriedades Alto Alegre e Fortuna pelo Ministério da Reforma
Agrária do Governo Federal, desde o ano anterior, a montarem
barreiras na PB-325, parando e saqueado caminhões com cargas de
alimentos. O movimento visava pressionar o governo federal a

209
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
liberar recursos para implantação dos assentamentos que estavam
renegados ao Deus Dara.
É rejeitada, pelo TCE, a prestação de contas do ex-prefeito
Damião, referente ao ano de 96 com endosso da Câmara.
Em 2000 é estabelecido por lei o feriado de 08 de setembro, em
homenagem ao dia da padroeira; com a ajuda do Governador José
Maranhão, objetivando apagar o último candeeiro, leva-se energia a
toda à zona rural do município;
Concedido título de cidadão ao Dr.Wilson Leite Braga, a José
Targino Maranhão, ao Bispo Diocesano Dom Mathias Patrício de
Macedo, a Jorge José Barbosa da Silva, as Irmãs Natália Knaut e
Ivone Aparecida de Oliveira.
Em abril de 2.000, José Antonio Neto e José Weligton de
Oliveira voltam ao legislativo e iniciam-se as mobilizações pela
instituição da Comarca Judiciária de Jericó. Antes do final do seu
governo José Leopoldo põe em funcionamento os postos de saúde
de Gangorra e Malhadinha que contam com atendimento médico
semanal.

De 2001 a 2004 ocorre à 10ª gestão administrativa.


(01/01/2001 a 31/12/2004)

José da Silva Oliveira José Weligton de Oliveira Francegildo Franklin

Prefeito: Jose da Silva Oliveira (Zé Leopoldo) 2º mandato


Vice-Prefeito: Marcos Aurélio de S. e Silva (Marcos de Mauro)
Legislativo:
1º Presidente: José Weligton de Oliveira
2º Presidente: Francegildo Franklin de Oliveira
Antonio Marciones de Sousa e Silva
Francisco de Assis Araújo Sinfrônio

210
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Maria Elizabete da Conceição
Maria de Fátima Sousa
Maria das Graças Oliveira
Evilásio Vieira Martins (Evilásio Coletor)
José Antonio Neto (Zé de Mario)
Kadson Valberto Lopes Monteiro
Maria Neusiete de Oliveira
O vereador José Antonio Neto afasta-se para assumir a
Secretaria de Finanças do Município e o vereador Francegildo
Franklin de Oliveira que assumiu a Chefia de Gabinete do
Executivo. Foram convocados os suplentes Benedito Gabriel da
Silva e Raimundo José de Oliveira Mesquita para as sua vagas.
Em 2001 é concluída a construção da quadra poli - esportiva
que recebe o nome de Alcides de Oliveira Campos bem como a
construção do novo prédio, que passa a sediar a prefeitura.
É concedido título de cidadão jericoense ao Padre José Dantas de
Sousa Filho, a Evilásio Vieira Martins, Maria Auxiliadora da Silva
Guimarães e a Ronaldo da Cunha Lima. Foi feita doação de uma
ambulância a comunidade de Malhadinha; de um terreno para a
construção de casas populares pela CEHAP que é denominado de
José Palmeira; foi conseguido o sinal da TV Paraíba e entra em
funcionamento a primeira rádio comunitária de Jericó.

Prédio da nova sede da Prefeitura

Em março de 2004, Zé Leopoldo afasta-se, por motivo de saúde


e assume o seu lugar o vice-prefeito Marcos Aurélio de Sousa e
Silva, por um período de oito meses.

211
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Em agosto Francegildo volta a Câmara, reassumindo a sua
cadeira de vereador. Zé Leopoldo reassume a prefeitura, já no
finalzinho do seu mandato, mas a tempo de transmitir a faixa ao
novo prefeito eleito, Rinaldo de Oliveira Sousa, seu sobrinho.

De 2005 a 2008 ocorre à 11ª gestão administrativa.


(01/01/2005 a 31/12/2008)

José Wellinton de Oliveira

Prefeito: Rinaldo de Oliveira Sousa


Vice-Prefeito: Francegildo Franklin de Oliveira(Gildo)
Legislativo:
1º Presidente: José Wellinton de Oliveira
Kadison Valberto Lopes Monteiro
Adaires Campos da Costa
José Antônio Neto
Flavio Marcio de Sousa Oliveira
Maria Neusiete de Oliveira Silva
Maria Elizabete da Conceição
Francisco de Assis Araújo Sinfrônio
Antônio Marciones de Sousa e Silva
É concedido título de cidadão jericoense ao Deputado
Severino Jose Cavalcante Ferreira em abril de 2005 e é criado o
Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Rinaldo inicia o seu mandato empenhado na tarefa de
conquistar recursos que pudessem ser carreados para importantes e
essências obras no município e para isso não se cansa em seguidas
viagens a capital do estado e ao distrito federal nessa incessante
busca que logo começa a dar frutos; são conseguidos fundos para a

212
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
construção de um aterro sanitário, adequando o município as
normativas da SUDEMA; são adquiridos recursos para a construção
de um novo Matadouro Público a ser construído em área externa da
cidade, dentro das normas vigentes de sanidade e higiene e sem a
poluição provocada pelo velho abatedouro; são conseguidos os
recursos necessários para a construção da velha e tão reivindicada
passagem molhada no Riacho São Bento, permitindo o acesso
permanente das populações rurais de toda a zona oeste do
município; iniciam-se as obras de reforma e ampliação da Escola
Municipal Juvenal Bernardino de Freitas; inicia-se a construção de
uma nova e imponente sede para a creche municipal, com a ajuda
financeira o do empresário Delino Anterino, através da Fundação
Anterino Justiniano de Sousa; retoma o pagamento do 13º salário
aos servidores municipais; perfura 45 poços artesianos na zona rural
do município; implanta no município os programas sócias do
governo federal: Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
(PET), o Programa Agente Jovem, Programa de Educação de
Jovens e Adultos (PEJA), Seguro Safra e a Casa da Família que
contam com contrapartida do município e dá andamento aos
preparativos para instalação de uma escola de informática.
Em outubro de 2005 o vereador Antonio Marciones afasta-
se do seu posto, para tratamento de saúde, por 130 dias, mas retorna
dois meses após. Nesse período assume a sua vaga o suplente
Laudivan de Oliveira Paixão
Em 2006 Rinaldo envia projetos de Lei à Câmara criando o
Brasão e Hino do Município de Jericó, que até então não existiam.

213
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

214
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XX

Datas e notas
 Em 1698 é fundado o arraial do Piancó (Pombal), a primeira
povoação não índia dos sertões da Paraíba.
 Em 1705 inicia-se a povoação de Jericó com a concessão das
datas das Caiporas.
 Em 1706 inicia-se a povoação de Catolé.
 Em 1711 foi criado o assento de Julgado do Piancó (Pombal)
 Em 1711 os Índios Coremas foram, finalmente, vencidos por
meios diplomáticos.
 Em 1725 o Sargento-mor João Nogueira concedia carta de
alforria e liberdade para uma escrava de sete anos. Esta foi uma das
primeiras alforrias do nordeste.
 Em 1754 estabelece-se no Sítio Catolé, Francisco da Rocha
Oliveira e sua esposa Brazílida da Silva. Foi desse sítio Cotolé
desse Rocha que nasceu a cidade de Catolé do Rocha.
 Em 1766 a povoação de Piranhas é elevada à categoria de
Vila com a denominação de Pombal.
 Em 1772 a Vila de Pombal é instalada oficialmente e para
formação do patrimônio foi doada uma légua terra na Serra do
Comissário e outra légua na vizinha Serra do Moleque.
 Em 1773 cria-se a freguesia de N. S. dos Remédios no lugar
Catolé de Cima com a doação do patrimônio, feito por Francisco da
Rocha Oliveira e sua esposa Brazílida da Silva, perante o tabelião
Francisco Gonçalves dos Reis Lisboa, na residência do Capitão Mor
Francisco de Oliveira Ledo, na Vila de Pombal.
 Em 1774 foi erguida, na freguesia de Catolé, uma capela a
N. S. do Rosário.
Um recenseamento desse mesmo ano dava sinais de que
começava a florescer o vale do Piranhas e adjacências, dando
para Piancó, Pombal e Bom Sucesso (este último referindo-se a
fazenda Bom-Sucesso (hoje cidade) e a todo o território
compreendido pelo antigo município de Catolé que incluía

215
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
adjacências de Jardim e Patú no RN. – Até 1770 Bom-Sucesso
foi a fazenda que apresentou maior desenvolvimento e servia
portanto de ponto de referência e irradiação frente aos demais
na fronteira do estado para a coroa e província), uma população
masculina de 15 a 60 anos de idade, de 3019 habitantes, ou seja,
pouco mais de mil homens para cada termo.
 Em 1775, Vicente Soares Ferreira, preto forro
(alforriada/liberto) morador no sítio Mato-Grosso (hoje cidade),
liberta Francisca Ferreira, sua mulher, arrematada numa execução
na Praça da Vila de Pombal.
 Em 1782 a freguesia de Pombal já tinha 7.711 pessoas.
 Em 1794, por meio de um termo de vereança, são nomeados
os ALMOTACÉIS que coletariam o quinto real (que correspondia a
20% da rena anual, em imposto) em todo território da Vila de
Pombal. Aqui citarei apenas os nomes dos que transitavam por
nosso município em sua área original.
 Germano Alves da Costa – para Riachão, Gangorra e
Catolezinho.
 Felipe Bento – para a ribeira do Patú, desde a fazenda
Maniçoba, Caipora de Baixo, Caipora de Cima, Timbauba, Várzea
da Ema, Lagoa e Sabiá.
 José da Cruz Vila Nova e Antonio Alves de Oliveira –
para Carneiro, Santo Antonio, Bom Sucesso, Pau Ferro e Sítio
Cajazeiras.
▪ Em 1827 é criado um distrito de Paz na povoação de Catolé
 Em 1835 o ilustre filho de Catolé, José de Sá Cavalcante,
que tomou parte na revolução de 1817, elege-se Deputado
Provincial e encaminha o projeto de Lei Nº 5 que previa a elevação
da povoação de Catolé a condição de Vila.
 Em 1835 a povoação de Catolé é elevada a Vila com a
denominação de Vila Federal de Catolé do Rocha e na mesma Lei
Provincial de Nº5 de 26 de Maio é criada a freguesia de N.S. do
Rosário que posteriormente foi consagrada a N.S. dos Remédios. A
mesma lei previa em seu artigo 1º, além da criação da Vila e
Povoação, a criação da freguesia, a criação de três Distritos: o da
sede do município, o da Conceição e o de Caiporas (hoje Jericó).

216
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Naquele mesmo ano foi criada uma agência do Correio para a Vila
que foi suspensa em 1850 e restabelecida em 1856.
 Em 1836 a Lei de nº 8 de 14 de março estabelece os limites
territoriais de Catolé. Pelo lado sul os limites com Pombal eram as
fazendas S. Antonio, Tabuleiro Comprido, Grossos, Carneiro,
Caipora de Cima, Logradouro de Antonio Jose de Melo, Riachão,
Mato-Grosso e Malhada de Pedra em direção ao Sitio Barra de
Paulista, passando a linha divisória no extremo norte desse sítio.
 Em 1844 através da Lei nº. 4 de 15 de junho é estabelecido o
código de posturas municipais que proibiam a criação de ovelhas e
cabras nas terras próprias de lavoura, permitindo o cavalar
indispensável ao tráfico agrícola, conservado a maneira que não
ofendesse a terceiros. Naquele ano elege-se a Deputado Provincial o
padre Bernardino Jose da Rocha Formiga.
 Em 1850 a população de Catolé, que foi o município de
maior introdução negreira na província, incluindo os povoados de
Belém, Caiporas e Brejo do Cruz, era de 7.243 almas, sendo 6.135
pessoas livres e 1.108 escravos.
 Em 1854/55, e em legislaturas posteriores, é eleito Deputado
Estadual, o Juiz municipal Manoel Tertuliano Tomas Henriques,
irmão do Cônego Meira Henriques.
 Em 1856 uma grande epidemia de cólera roubou um terço da
população da província, mas Catolé não foi atingida.
 Em 1860 a povoação de Caiporas recebe a visita do primeiro
governador a pisar nos sertões. Uma lei, desse mesmo ano, votada
pela Câmara de Catolé obrigava os habitantes da vila e das
povoações a roçar e varrer a frente das casas de 15 em 15 dias, a
tapar os buracos abertos pelas chuvas dentro de 50 metros perto das
moradas; a coadjuvar com o Fiscal na limpeza das cacimbas;
proibia venda de pólvora nas casas e feiras (multa de 30 mil reis);
obrigava a varrer o local da feira e aos carniceiros e toucineiros a
manter limpos os cepos e balanças.
Nesse mesmo ano a povoação começa a ser vista pelas esferas
superiores, pois acontece a nomeação do 1º subdelegado. Um cargo
de confiança que dava muito prestígio e poder, na época, a quem o
possuísse. Foi o primeiro sinal de que saíamos do ostracismo em
que estiveram mergulhados os nossos primeiros dias.

217
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
▪ Em 1860 o Coronel Waldevino Lobo assume inteiramente a
política de Catolé, com a morte do seu pai.
▪ Em 1861 um novo surto de cólera leva 14 habitantes do
distrito de Brejo, o único atingido.
 Em 1862 a vila de Pombal foi elevada à condição de cidade.
 Em 1872, foi construído o 1º cemitério da povoação de
Caiporas por obra e incentivo do padre Ibiapina.
 Em 1875, foi construída a igreja matriz por Frei Herculano e
criada a primeira cadeira de ensino primária para o sexo masculino
na povoação de Caiporas.
 Em 1877 foi suspensa a cadeira primária, que funcionava
precariamente, ficando o distrito sem escola.
 Em 1878 o Cel. Waldevino Lobo elege-se Dep. Provincial.
 Em 1879 foi criada a comarca de Catolé.
 Em 1880 Waldevino reelege-se ao mesmo cargo.
 Em 1881/84 elege-se Deputado Geral, o Dr. Manoel
Tertuliano Meira Henriques.
 Em 1882 o Cel. João Agripino elege-se Dep. Provincial.
 Em 1884 elege-se Dep. Provincial Francisco Alves Filho.
 Em 1884 volta a criar-se uma cadeira de ensino primária,
desta vez mista, na povoação de Caiporas.
 Em 1886 Francisco Alves reelege-se ao mesmo cargo.
 Em 1891, a exemplo de todas as demais do país, a Câmara
de Catolé foi dissolvida e foram nomeados interventores para a
legislatura de 91 a 93.
 Em 1892 é eleito Deputado Antonio Gomes de Arruda
Barreto, genro do Cel. Francisco Maia. Elege-se também, para a
mesma legislatura o Cel Waldevino Lobo, reelegendo-se para as
três legislaturas seguintes.
 Em 1895 foi criado pelo Presidente do Estado da Paraíba
Álvaro Machado o cargo de Prefeito que passaram a ser nomeados
pelo Presidente do Estado até 1930 e de 1930 a 1945 pelos
Interventores e só em 1947 é que os municípios recobram sua
autonomia e passam a elegerem os seus Prefeitos.
 Em 1906, foi criada a agência dos Correios para a povoação
de Jericó.

218
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
 Em 1907 Bevenuto Gonçalves assume a prefeitura de Catolé
para um mandato de 20 anos.
 Em 1909, foi efetivamente instalada essa agência dos
Correios. De 1909/1912, Manoel de Sousa Pedrosa, Sousa Mathias,
toma parte no Conselho Municipal, como vereador.
 Em 1910, foi contratada a 1ª funcionária para gerenciar a
agência dos Correios de Jericó, a Sra. Erundina Pereira.
 Na legislatura de 1913/1916 tomam parte no Conselho
Municipal de Catolé os vereadores jericoenses Natanael Maia e
Manoel Vieira de Freitas
 Em 1918 assume a paróquia de Catolé o Padre Arão
Andrade, o primeiro padre filho de Jericó, natural do Sítio Rajada.
 Em 1921 chega a Catolé o primeiro automóvel.
 Na legislatura de 1921/24 são eleitos para a Câmara de
Catolé os jericoenses Manoel Vieira de Freitas, Cirilo José de
Freitas e José Paz de Lima.
 Em 1922, a povoação foi invadida por cangaceiros. Nesse
mesmo ano foi instalado o telégrafo local, em atenção ao pedido de
Elias Pereira e do Dr. Irineu feitos ao governador do estado que
atendeu prontamente enviando um aparelho MOS e nomeou para
função de telegrafista Francisco Dantas, vulgo Chico Telegrafista,
que veio de Pombal.
 Em 1924 chega aqui os primeiros carros de passeio da marca
OVERLAN, com direção e roda de madeira, pertencentes aos
Suassunas que deram a Sousa Mathias pra fazer a campanha
política. Nessa mesma época chega os primeiros caminhões
pertencentes a Chico Salvino e Antonio Emídio.
 Em 1924, foi construído um pequeno mercado com piso e
pilares de tijolo e telhado de madeira e telha de barro, em
substituição a segunda latada de ramo que foi incendiada, nas
imediações do inicio da atual Rua Jose Mesquita, defronte a bodega
de Pedro Calado e a padaria de Edílson e Aderson Anterino. Esse
mercado foi feito com recursos e por iniciativa do Sr. Antonio
Pereira. Nesse mesmo ano morre o Coronel Waldevino Lobo.
 Em 1924, depois de ter sido juiz e Deputado Federal, toma
posse no Governo do Estado o Dr. João Suassuna, o primeiro
catoleense em nesse posto.

219
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
 Em 1928 elegem-se os vereadores Natanael Maia, José Paz
de Lima, Francisco Henrique de Sá e Manoel Vieira de Freitas, para
o legislativo catoleense.
 Em 1929, Manoel Vieira, filho da terra e comerciante local
há muitos anos, nomeado por João Suassuna para prefeito de
Catolé, constrói o primeiro açougue e uma tarimba para venda e
tratamento das carnes no distrito de Jericó.
 Em 1932 uma grande seca assola os sertões. Em Jericó
turmas de operários são deslocadas para roçaguem da linha do
Telégrafo Nacional que ligava Pombal a Catolé.
 Em 1933 é feito o primeiro levantamento topográfico do
Açude do Carneiro pelo engenheiro alemão Dr. Flockos.
 Em 1934 chega a Catolé o primeiro aparelho de rádio,
adquirido por uma sociedade de pessoas do lugar. Nesse mesmo ano
assume a Prefeitura Américo Maia.
 Em 1935 a vila de Catolé passou a cidade por decreto do
interventor Dr. José Mariz, nº 638, de 21 de Janeiro.
 Em 1936 Natanael Maia e nomeado prefeito de Catolé. É
definido em Jericó que o Sítio Extrema seria o limite sul do
município de Catolé com o vizinho município de Pombal.
 Em 1939, Natanael Maia constrói o cemitério novo de Santa
Catarina.
 Em 1940 Catolé perde parte do seu território, no distrito de
Jericó, para Pombal.
 De 1944 a 1948 Jericó aparece com o nome modificado para
Itacambá.
 Em 1947, encerrado o período ditatorial é restabelecida a
democracia e o povo elege o primeiro Prefeito para governar Catolé
no período de 1947 a 1950, Francisco Rosado Maia (Rosadinho),
que aos 22 anos de idade é eleito o Prefeito mais jovem do Brasil.
 Em 1949 é restabelecido o topônimo de Jericó através da Lei
nº 318 de 7 de janeiro. Nesse mesmo ano foram construídos por
Rosadinho o Grupo Escolar Francisco Maia e o Mercado Público.
 Em 1950 ocorre a 2ª eleição livre e saem três candidatos
pelo Distrito de Jericó ao legislativo Catoleense, João Lopes de
Oliveira, Francisco Monteiro da Silva e João Rosado de Oliveira,
elegendo-se este último para a legislatura de 51 a 54. João Lopes é

220
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
eleito em uma legislatura por Catolé e duas já pelo município de
Jericó e na primeira foi o mais bem votado de Jericó. É bom
lembrar que naquela época os vereadores não recebiam
remuneração e apenas o civismo e o espírito patriótico de bem
servir a população era o que os induzia a concorrerem a tão árduo
posto.
 Em 1952 é instalada a primeira iluminação pública movida
por um motor a vapor, já na administração de Jose Sergio Maia, que
funcionou até a chegada da energia elétrica em 69.
 Em 1955, a Lei nº 1.198 de 02/04/55 – fixa a divisão
administrativa e judicial dos municípios no estado.
 Em 1956 o Projeto Legislativo de Lei nº 50/56 decreta a
criação do Município e Comarca de Jericó.
 Em 1959 Jericó é emancipado politicamente de Catolé
através da Lei nº 2.097 de 8 de maio, de autoria do deputado Dirceu
Arnaud, e a 6 de setembro ocorre a sua instalação oficial. O
governador Pedro Moreno Gondin, veta parcialmente o decreto
legislativo oriundo do Projeto de Lei nº 50/56, criando o Município,
mas vetando os artigos 4º, 5º e 6º que dispunham sobre a criação da
Comarca No mesmo ano é escolhido por eleições diretas o primeiro
prefeito do novo município.
▪ Em 1960 inicia-se a primeira gestão administrativa. Prefeito:
Lauro Pereira da Paixão.
▪ Em 1963 Jericó perde o distrito de Bom Sucesso, elevado à
categoria de município, através da Lei nº 3.049 de 17/06/1963.
▪ Em 1964 inicia-se a segunda gestão administrativa. Prefeito:
Raimundo Nobre da Silva.
▪ Em 1969 inicia-se a terceira gestão administrativa. Prefeito:
Lauro Pereira da Paixão.
▪ Nesse mesmo ano de 69, Jericó ganha a iluminação pública
com energia elétrica.
▪ Em 1973 inicia-se a quarta gestão administrativa. Prefeito:
Edésio Alves de Almeida.
▪ Em 1978 inicia-se a quinta gestão administrativa. Prefeito:
Lauro Rosado de Oliveira.
Em 1977 a Lei nº 3.918 de 10/10/77 cria o Distrito de Mato
Grosso.

221
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
▪ Em 1983 inicia-se a sexta gestão administrativa. Prefeito:
Damião de Oliveira Melo.
▪ Em 1989 inicia-se a sétima gestão administrativa. Prefeito:
Adonay Vieira de Freitas.
Em 1991 a Lei nº 373 de 16/05/91 estabelece a divisa
territorial do Distrito de Mato Grosso.
▪ Em 1993 inicia-se a oitava gestão administrativa. Prefeito:
Damião de Oliveira Melo.
▪ Em 1994 (29 de abril) Jericó perde o distrito de Mato Grosso,
elevado à categoria de município.
▪ Em 1997 inicia-se a nona gestão administrativa. Prefeito: Jose
da Silva Oliveira.
▪ Em 2001 inicia-se a décima gestão administrativa. Prefeito:
Jose da Silva Oliveira.
▪ Em 2004, Zé Leopoldo afasta-se, por motivo de saúde e
assume o seu lugar o vice-prefeito Marcos Aurélio de Sousa e Silva.
▪ Em 2005 começa a décima primeira gestão administrativa.
Prefeito: Rinaldo de Oliveira Sousa.

222
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
CAPÍTULO XXI

Anexos
Anexo I
Carta de data de sesmaria de Malhadinha.

223
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

224
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

225
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

226
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

227
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

228
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

229
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

230
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo II
Escriptura de venda de huma parte do escravinho José que faz
Manoel de Sousa Mattos ao Major Francisco José da Rocha
Formiga, aquelle morador no sítio Gangorra deste termo e este nesta
Villa como abaixo declarado.

Saibão quantos este público instrumento de escriptura pública


de venda de escravo virem que sendo no anno do Nascimento do
Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos sessenta e hum aos
dezoito dias do mês de agosto do dito anno nesta Villa de Pombal
comarca do mesmo nome da província da Parahiba do Norte em
meu cartório apparecerão perante mim tabellião público abaixo
declarado de huma parte como vendedor Manoel de Sousa Mattos
morador no sítio Gangorra deste termo, de outra como comprador o
Major Francisco José da Rocha Formiga todos de mim
reconhecidos pelos próprios de que dou fé, e pelo vendedor Manoel
de Sousa Mattos foi dito em minha presença das mesmas
testemunhas de hoje para sempre vende como de fato vendido tem
ao sobredito comprador o Major Francisco José da Rocha Formiga,
huma parte do escravinho de nome José de idade de nove annos
filho natural da escrava Joanna, no valor de quatro centos mil réis
livres de (ilegível), quantia esta que nesta data lhe foi entregue pelo
comprador em moeda corrente em minha presença e das
testemunhas abaixo assignadas...

231
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

232
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

233
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

234
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo III

235
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

236
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

237
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

238
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

239
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo IV
Carta de liberdade da mulatinha Constância, escrava que foi de
Pedro José de Mattos morador no sítio Gangorra deste termo.

Aos quinze dias do mês de junho do anno do Nascimento de


Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos sessenta e hum nesta
Vila de Pombal comarca do mesmo nome da província da Parahiba
do Norte em meu cartório appareceu Joaquim Alves de Santa
morador no sítio Gangorra deste termo que reconheço pelo próprio
de que dou fé, e por ele me foi entregue huma carta de liberdade da
mulatinha Constância escrava que foi de Pedro Alves, digo Pedro
José de Mattos também morador no dito sítio e de mim reconhecido
pelo próprio, e pelo dito Joaquim Alves me foi entregue dita carta a
qual está sellada e reconhecida por mim tabellião abaixo declarado
eu aceitei achando de conforme abaixo lançar aqui neste Livro de
Nottas sendo o teor da mesma (ilegível) consta da forma enunciada
seguinte: digo eu Pedro José de Mattos abaixo assignado, que pela
presente concedo liberdade plena como se livre nascesse a minha
escravinha mulata de nome Constância filha de minha escrava
Benedita com a condição de acompanhar-me enquanto eu vivo for,
e isto faço em minha terça a referida mulata que liberto por caridade
é de idade de cinco annos, e gozará de sua liberdade com a referida
condição, e por assim querer mandei passar esta que assigno com as
testemunhas abaixo tão bem assignadas. Gangorra dois de junho de
mil oito centos sessenta e hum: Pedro José de Mattos como
testemunhas: (ilegível) Tavares de Oliveira Bastos...

240
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

241
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

242
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

243
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo V
Portaria de nomeação do primeiro servidor público de Jericó,
mantendo-o na mesma função de chefe do chafariz, conforme já era
no Distrito, no novo e recém criado município.

244
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo VI
(Translado da cópia do Diário Oficial de 10/05/1959)

LEI Nº. 2.097, de 8 de Maio de 1959.

Cria o Município e a Comarca de Jericó e dá outras


providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA:

Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:
Art. 1º. – É criado o Município de Jericó com sede na atual Vila
do mesmo nome, que fica elevada à categoria de cidade.
Parágrafo único – O Município de Jericó, constituído pelo
território do distrito de idêntica denominação, terá os mesmos
limites que a este foram estabelecidos pela Lei nº. 1.198, de 2 de
abril de 1955, que “Fixa a Divisão Administrativa e Judiciária do
Estado”.
Art. 2º. – Enquanto não se verificarem as eleições para Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereadores, o Poder Executivo do novo município
será exercido por um Prefeito nomeado pelo Governador do Estado,
o qual, além das atribuições previstas em Lei, elaborará o
Orçamento e expedirá Decretos-Leis “ad-referendum” da Câmara
Municipal.
Art. 3º. – As eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores,
realizar-se-ão em data determinada pelo Tribunal Eleitoral
Regional, de acordo com a Legislação em vigor.
Parágrafo único – Será de sete (7) o número de Vereadores à
Câmara Municipal do Município ora criado.
Art. 4º. - ...(VETADO).
Art. 5º. - ...(VETADO).
Art. 6º. - ...(VETADO).
Art. 7º. – Fica extinto o Sub-Comissariado de Polícia do antigo
Distrito de Jericó e criado o Comissariado do Município de Jericó,
com os respectivos suplentes, na forma da Lei vigente.

245
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Art. 8º. – Para ocorrer às despesas com a execução da presente
Lei, fica o Poder Executivo autorizado a abrir um crédito especial
até a importância de Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros).
Art. 9º. – O Município de Jericó instalar-se-á no dia seis (6) de
setembro do corrente ano, revogadas as disposições em contrário.
Palácio do Governo do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 8 de
Maio de 1959; 71º ano da Proclamação da República.
PEDRO MORENO GONDIM
ROBSON DUARTE ESPINOLA
OCTÁVIO COSTA

VETO PARCIAL

Usando das atribuições que me confere o art. 52 inciso II, da


Constituição do Estado, e na forma do art. 33 § 1º da Carta Magna
Estadual, VETO PARCIALMENTE o decreto legislativo oriundo
do Projeto de Lei nº. 50/56, que dispõe sobre a criação do
Município e da Comarca de Jericó e dá outras providências.
São vetados os artigos 4º, 5º e 6º do projeto, que dispõem sobre
a criação da Comarca e Cartório no novo Município de Jericó.
Excede as possibilidades atuais do estado a onerosa providência
de instalação de novas comarcas em todos os municípios que têm
sido criados ultimamente. Cabe restringi-las aos casos onde de
ponto de vista da organização judiciária e da administração da
justiça, a medida é decorrência necessária e insuperável da criação
da nova comuna, o que não acontece no caso específico do
município de Jericó.
Está a motivação do veto parcial que ora oponho ao Projeto de
Lei 50/56 que cria o município e a comarca de Jericó e dá outras
providências.
Palácio do Governo do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 8 de
Maio de 1959; 71º ano da proclamação da República.
PEDRO MORENO GONDIM - GOVERNADOR

246
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

247
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo VII
(Traslado da cópia xerográfica do DA de 18/06/63)

Diário da Assembléia – Terça-feira, 18 de junho de 1963.

LEI nº. 3049. De 17 de junho de 1963.

Cria o município de Bom Sucesso.

O presidente da Assembléia faz saber que o Poder legislativo


do Estado decreta e promulga a seguinte Lei:
Art. 1º - Fica criado o município de Bom Sucesso, tendo por
sede o povoado do mesmo nome, que fica elevado à categoria de
Cidade.
Parágrafo único – O município ora criado terá os seguintes
limites:
Ao Norte e ao Oeste com o Estado do Rio Grande do Norte
pelas atuais divisas interestaduais.
Ao Sul, com os municípios de Sousa e de Pombal, pelas divisas
intermunicipais, fixadas na vigente Lei de Fixação e Administração
do Estado.
Ao Leste, com o município de Jericó a começar do Lugar
Monte Flor, partindo daí em linha reta, até a propriedade Canas e
desta para Pau Ferro, até a fronteira de Catolé e Jericó de onde
segue pelas divisas deste município até encontrar até encontrar o
Estado do Rio Grande do Norte.
Art. 2º - Enquanto não se verificarem as eleições para Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereadores, o Poder Executivo do Município será
exercido por um Prefeito nomeado pelo Governado do Estado, o
qual, além das atribuições previstas em Lei, elaborará o Orçamento
e expedirá Decretos-Lei “ad-referendum”, da Câmara Municipal.
Art. 3º - As eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores
realizar-se-ão em data designada pelo Tribunal Regional Eleitoral,
de acordo com a Legislação em vigor.
Parágrafo único – será de sete (7) o número de vereadores à
Câmara Municipal do novo município.

248
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Art.4º - Fica extinto o Sub-Comissariado de Polícia do extinto
Distrito de Bom Sucesso e criado em seu lugar o Comissariado de
Polícia do município ora criado.
Art. 5º - Fica criado o Cartório do Registro Civil das Pessoas
Naturais de Bom Sucesso, respeitados os direitos do atual
serventuário.
Art. 6º - Para ocorrer às despesas com a execução da presente
Lei, fica o Poder Executivo autorizado a abrir o crédito especial de
Cr$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros).
Art. 7º - A instalação do município de Bom Sucesso terá lugar
trinta (30) dias após a publicação desta Lei, revogadas as
disposições em contrário.
Paço da Assembléia Legislativa do Estado da Paraíba, em João
Pessoa, 17 de junho de 1963.
Clovis Bezerra Cavalcante – Presidente.
Joacil de Brito Pereira – P. 1º. Secretário.
Egídio Silva Madruga – P. 2º. Secretário.

249
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

250
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo VIII
(Lei nº. 3.918 de 10 /10/77 que cria o Distrito de Mato Grosso)

251
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo IX
(Lei nº. 373 de 16/05/91 que estabelece a divisa territorial do
Distrito de Mato Grosso)

252
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo X

253
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

254
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

255
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
Anexo XI

ESTADO DA PARAÍBA
Prefeitura Municipal de Jericó
_____________________________________________________

Projeto de Lei Complementar no _____/06.

Altera Lei complementar


e dá outras providências.

O Prefeito Municipal de Jericó, Estado da Paraíba, no


uso de suas atribuições legais e o disposto no art. 6o da Lei
Orgânica Municipal,

Faz saber que a Câmara Municipal de Vereadores


aprovou e ELE sanciona a seguinte Lei Complementar.

Art. 1o Dá nova redação ao Parágrafo 3o, do Artigo 2o,


da Lei Complementar no 04, de 24 de abril de 1997, que dispõe
sobre a criação da Bandeira, que passa a ter a seguinte
disposição:

Art. 2o ...
§ 3o - A faixa circular compreendida entre os
dois círculos na cor azul frança,mede (0,55) de
largura, com 56 estrelas na cor branca,
distribuídas uniformemente, estando a 1a
localizada na vértice da faixa circular, alinhada
com o raio central vertical que separa os
módulos 10 e 11 do comprimento. As demais
256
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
estrelas estão como a 1a, alinhadas pelo raio
com uma das pontas direcionadas para o
exterior da faixa e são contadas no sentido
horário, todas têm (0,2M) de raio de
comprimento em cada uma das cinco pontas.

Art. 2o Permanecem inalteradas as demais disposições.

Art. 3o Para todos os efeitos o Modelo Oficial passa a


ser o constante do ANEXO ÚNICO, parte integrante da
presente Lei complementar.

Art. 4o Esta Lei Complementar entra em vigor na data


de sua publicação.

Art. 5o Revogam-se as disposições em contrário e na


íntegra, o § 3o, do art. 2o, da Lei Complementar no 04/97.

Pref. Mun. de Jericó/PB., aos

Rinaldo de Oliveira Souza


PREFEITO MUNICIPAL

257
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

258
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
FONTES CONSULTADAS
SEIXAS, Wilson Nóbrega. O velho Arraial de Piranhas (Pombal).
Gráfica A Imprensa. 1962. 307 pág.
SEIXAS, Wilson Nóbrega. Viagem através da Província da
Paraíba. Ed. A União. 1985. 198 pág.
SOUSA, Antonio José. Apanhados Históricos Geográficos do
Grande Pombal. Gráfica Comercial Ltda. 1971. 428 pág.
SOUSA, Verneck Abrantes. A Trajetória Política de Pombal.
Editora Imprel. 1999. 135 pág.
MARIZ, Celso. Ibiapina, um apóstolo do Nordeste (Fac-simile da
edição de 1942). 3ª ed. Editora Universit./ UFPB. 1997. 324 pág.
MARIZ, Celso. Através do Sertão (Fac-simile da edição de 1910).
Gráfica do Dep. Frederico Rosado. 1999. 133 pág.
MARIZ, Celso. Apanhados Históricos da Paraíba (Fac-similar) 3ª
Edição. Editora A UNIÃO. 1944. 201 pág.
MARIZ, Celso. Noticia Histórica de Catolé do Rocha. Coleção
Mossoroense, Nº 26. Editora Comercial S/A. 1956. 52 pág.
LIVRO DO MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA. Coleção Livros dos
Municípios-001/171. UNICRAF. 1984. 148 pág.
REVISTA DO INST. HIST. E GEOG. PARAIBANO. Nº 21. 1975.
Pág. 09 a 84.
HERCKMANS, Elias. Descrição Geral da Capitania da Paraíba.
A UNIÃO Cia. Editora. 1982. 54 pág.
TAVARES, João Lyra. Apontamentos para a História Territorial
da Paraíba. Col. Mossoroense, Edição Fac-similar 1982. 461 pag.
IBGE e CARTÓRIO DO 1º OFÍCIO DE POMBAL. Acervo de
Livros de Notas Escriturárias.
BARRETO, Alicio. Retalhos do Sertão. 1956. 115 paginas.
MELO, Frederico Pernambucano de, Guerreiros do Sol. O
banditismo no nordeste do Brasil. Ed. Mansangana 1985.
ALMEIDA, Érido. Lampeão- Sua História.fac-similar da edição de
1926.Editora Universitária.1998.135 pág.
CONSULTA ORAL: Sidrônio de Sousa Galvão, João Neto de
Freitas, Raimundo Jose de O. Mesquita, José Amaro, Sílvio
Pereira da Silva, Sesefredo Lopes de Oliveira (Sesor).

259
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

O que conto para por aqui,


mas a nossa história
continua...

Você faz parte da história atual,


por isso faça-a melhor.
Não desperdice o instante,
viva intensamente cada um.
Viva com força,
porque a vida é bela
e você e o resto do mundo
merece viver em plenitude
esta graça.

Claudizon de Sousa Galvão

“Acreditar num amanhã melhor é acreditar na sua própria


capacidade de construir o futuro.”

260
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
ÍNDICE
VIAJANDO PELA HISTÓRIA DE JERICÓ
Agradecimentos.................................................................................5
Dedicatória........................................................................................7
Palavras do Prefeito...........................................................................9
Apresentação...................................................................................11
Considerações iniciais.....................................................................13
I - Os primitivos habitantes do vale das Caiporas – vestígios
arqueológicos...................................................................................15
II - Os nativos..................................................................................19
III - A Conquista do oeste da Paraíba..............................................25
IV - O caboclo e seu chão................................................................33
V - Seguindo os primeiros passos...................................................43
VI - Os nomes de Jericó..................................................................51
VII - Religiosos e suas obras...........................................................59
 O primeiro cemitério...........................................................59
 A primeira igreja..................................................................62
 Outras obras.........................................................................63
* O Grupo escolar Francisco Maia..................................64
* O Ginásio Comercial N. S. dos Remédios...................66
VIII - O primeiro governador a visitar nosso pago.........................69
IX - Os cangaceiros.........................................................................73
X - A questão do limite sul..............................................................89
XI - A primeira iluminação.............................................................91
XII - O sobrado................................................................................93
XIII - Um profeta no sertão.............................................................95
XIV - Fatos e pessoas....................................................................103
 A feira semanal, as latadas e o mercado............................103
 As farmácias......................................................................105
 Os Correios e o Telégrafo..................................................105
 As mercearias e lojas de fazendas.....................................107
 A indústria do algodão.......................................................107
 Casas de farinha.................................................................108
 Os engenhos.......................................................................108
 Os mestres e a primeiras letras..........................................109

261
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
XV - Tradições Folclórica e Manifestações Culturais..................111
 Manifestações populares...................................................111
 Comidas típicas.................................................................112
 Brinquedos e brincadeiras.................................................112
* Brinquedos..................................................................113
* Brincadeiras................................................................113
 A lenda da nação Caipora..................................................113
 Festas populares tradicionais.............................................117
* O natal........................................................................118
* O São João..................................................................120
 A musica e a literatura popular..........................................123
 Poetas e Poesias.................................................................127
 As bandas de fanfarra........................................................132
 Cultuando o futebol...........................................................133
XVI - Aspectos geográficos..........................................................139
 Localização, área, limites, coordenadas, altitude e
população...........................................................................140
 Hidrografia........................................................................141
 O açude do carneiro...........................................................142
 Relevo................................................................................144
 Flora e Fauna.....................................................................144
 Clima.................................................................................145
 Aspectos gerais..................................................................146
 Mapa da cidade de Jericó..................................................146
XVII - Símbolos oficiais...............................................................147
 A bandeira.........................................................................147
* O simbolismo..............................................................148
 Hino a Jericó......................................................................149
 O brasão.............................................................................153
XVIII – História eclesiástica.........................................................163
XIX – Trajetória política...............................................................169
 Cronologia administrativa – governamental da Paraíba....169
* Período colonial – Capitães-mores.............................169
* Domínio Holandês – Diretores/Governadores...........169
* Restauração/Triunvirato – Capitães-mores................170
* Período Monárquico – Presidentes.............................171

262
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó
* Período Republicano – Governadores........................174
* Período Ditatorial – Interventores..............................175
* Regime Militar – Interventores/Governadores...........175
* Período Democrático – Eleições diretas.....................175
 Cronologia administrativa – Governamental de Jericó.....176
* Administradores de Pombal.......................................176
* Administradores de Catolé.........................................178
* Prefeitos de Catolé......................................................187
* Interventores Municipais de Catolé............................187
* Prefeitos e Vereadores eleitos pelo voto direto..........189
 Administradores de Jericó.................................................193
* 1ª administração – Prefeito: Lauro Paixão.................193
* 2ª administração – Prefeito: Raimundo Nobre...........195
* 3ª administração – Prefeito: Lauro Paixão.................196
* 4ª administração – Prefeito: Edésio Almeida.............198
* 5ª administração – Prefeito: Lauro Rosado................199
* 6ª administração – Prefeito: Damião de Melo............201
* 7ª administração – Prefeito: Adonay de Freitas.........203
* 8ª administração – Prefeito: Damião de Melo............204
* 9ª administração – Prefeito: José Oliveira..................207
* 10ª administração – Prefeito José Oliveira.................210
* 11ª administração – Prefeito: Rinaldo de Sousa.........212
XX – Datas e Notas.......................................................................215
XXI – Anexos................................................................................223
 Anexo I..............................................................................223
 Anexo II.............................................................................231
 Anexo III...........................................................................235
 Anexo IV...........................................................................240
 Anexo V.............................................................................244
 Anexo VI...........................................................................245
 Anexo VII..........................................................................248
 Anexo VIII.........................................................................251
 Anexo IX...........................................................................252
 Anexo X.............................................................................253
 Anexo XI...........................................................................256
Fontes Consultadas........................................................................259
Página Final - Índice...................................................................261

263
Claudizon de Sousa Galvão
Viajando pela história de Jericó

264
Claudizon de Sousa Galvão

Você também pode gostar