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UNIDADE CURRICULAR: MEDIAÇÃO E GESTÃO DE CONFLITOS NA

ESCOLA

CÓDIGO: 11058

DOCENTES: Filomena Sobral e Jorge Cardoso

NOME:

TURMA:

N.º DE ESTUDANTE:

CURSO: Profissionalização em Serviço

DATA DE ENTREGA: 01 a 11 de abril de 2022

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Questão 1

A violência1 na escola, de acordo com Sebastião, Campos, Merlini e Chambino (2013),


já existe desde o século XX, no entanto, é uma realidade que tem vindo a ter uma maior
visibilidade social, principalmente através dos meios de comunicação e das redes
sociais, assumindo assim proporções preocupantes. Esta situação é alarmante, visto que
estes comportamentos têm impacto negativo para o desenvolvimento e para a saúde
mental dos alunos envolvidos, assim como para o normal funcionamento da escola.
Após inúmeros casos expostos de violência, houve a necessidade de aprofundar e
debater a temática, e traduziu-se pela evolução de medidas e políticas em diferentes
países e organizações internacionais, o que nem sempre aconteceu em Portugal.

“A adaptação da escola às transformações nas sociedades contemporâneas é um


elemento chave na compreensão da relevância social atribuída à violência na escola.”
(Sebastião et al., 2013, p. 10). As escolas para serem mais seguras, precisam de
melhorar as suas estratégias, estruturas e políticas, com a finalidade de
reconhecer/intervir rapidamente e com competência, relativamente aos sinais de
sofrimento físico e emocional e/ou situações de risco dos alunos, nas suas várias formas.

Como fatores que podem exponenciar a violência na escola, Sebastião et al. (2013)
identificam: a massificação acelerada dos sistemas educativos; os efeitos da
globalização sobre os contextos nacionais e locais; a perceção do aumento das situações
de risco na infância; e a escolaridade obrigatória e abertura da escola a todos. É
percetível que a escola se depara com a obrigação de utilizar novas formas de se
organizar e também ajustar os modelos de ensino às transformações supracitadas, isto é,
transformar a escola num espaço onde o conhecimento seja o protagonista e não a
violência.

Com o aumento de alunos na escola, passa a existir também um sentimento de


insegurança, sem capacidade “(…) de proporcionar um sentido de ordem e continuidade
nos quadros de vida dos grupos e indivíduos.” (Sebastião et al., 2013, p. 10). Muitos
alunos estão nas escolas por obrigação, situação que geralmente provoca mais tensão,
por isso, as escolas necessitam de mais mecanismos e recursos humanos, devidamente

1
Violência – Representa “(…) qualquer forma de uso intencional da força, coação ou intimidação contra
terceiro ou toda a forma de ação intencional que, de algum modo, lese a integridade, os direitos e
necessidades dessa pessoa.” (Magalhães, 2010, p. 9).

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preparados, para integrar e motivar os alunos para que não tenham comportamentos
inadequados na escola, nomeadamente a violência escolar.

De acordo com Sebastião et al. (2013), a escola contribuía para a consolidação dos
estatutos e privilégios sociais já adquiridos, no entanto, a educação era e ainda é vista
como mobilidade social, logo existiam muitos esforços por parte das famílias, tendo
como principal objetivo progredir socialmente por meio da educação, alcançando
melhores trabalhos, que lhes dessem melhores condições de vida. Mas começou a existir
um desapontamento, devido às transformações no mercado de trabalho, em que ter
estudos já não significa automaticamente ter sucesso profissional.

Cada vez mais noto que os alunos reagem com alguma agressividade às adversidades na
escola, Sebastião, Alves e Campos (2010) defendem que a transformação das conceções
sociais dominantes sobre a infância e as próprias condições materiais em que essa se
desenvolve, têm como consequências as alterações nos modos e estilos de vida infantis.
Atualmente, muitos pais para compensar as suas ausências na educação dos seus filhos,
a nível material, tentam dar-lhes tudo o que podem e acabam por deixar as crianças
fazerem tudo o que lhes apetece, sem colocar regras ou limites, como consequência,
estas crianças crescem a pensar que todas as suas vontades têm de ser cumpridas. Em
contexto escolar, estas crianças que não estão habituadas a serem alertadas/advertidas e
quando o são, num primeiro momento, pode provocar comportamentos agressivos,
depois pode chegar à violência.

Noutra perspetiva relativa à educação infantil e concordando com Sebastião et al.


(2013), as famílias diminuem as atividades consideradas de risco das crianças, havendo
assim uma tentativa de controlo do risco. Esta situação traduz-se numa nova dinâmica
social, familiar e escolar. É uma mudança que pode estar associada ao crescimento de
fenómenos de violência na escola.

Das várias formas de violência em contexto escolar, destaca-se o bullying2, em que os


episódios podem passar despercebidos no dia a dia na escola, mas os seus efeitos podem
ser catastróficos quando não são reconhecidos atempadamente. Magalhães (2010),
sublinha que é fundamental avaliar as estratégias de intervenção adequadas ao
fenómeno da violência e criar estratégias de sensibilização, de motivação e de
2
Para Magalhães (2010), bullying significa oprimir, amedrontar, maltratar, ameaçar e/ou intimidar. É um
conceito que pode ser definido como a agressão entre pares de forma continuada, intencional, em que
existe diferença de poder entre os envolvidos.

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informação relativamente a esta problemática, de modo que haja uma resposta
adequada, abrangendo os próprios alunos, as suas famílias e os profissionais que lidam
frequentemente com o bullying.

Sebastião et al. (2013) consideram que estas e outras transformações sociais


contribuíram para o crescimento do sentimento de insegurança nas escolas,
proporcionando assim a construção de representações sociais fundamentalmente
negativas sobre o problema da violência na escola.

Concluindo, a violência em contexto escolar foi e continua a ser uma problemática do


sistema educativo, é amplamente mediática, transversal em termos de classe social e
tem graus diferentes de intensidade e gravidade. É consensual que o sistema educativo
se deve transformar, isto é, além de preocupar com o desenvolvimento escolar do aluno,
a escola também deve trabalhar no crescimento pessoal e profissional do estudante. É na
escola que devem ser desenvolvidas as potencialidades do aluno, no sentido de poder
aplicar a educação em valores de respeito ao próximo, de igualdade e de justiça social,
caminhando neste sentido para a pacificação nas escolas.

Questão 2

Conceito de bullying, com a clarificação da visão de Serrate (2014):

A. Bullying é, habitualmente, a designação de uma forma de conflito agressivo/violento,


que se distingue dos demais pela recorrência/repetição e que assume diversas tipologias,
desde a física até à psicológica, passando pela verbal/imagética com recurso às redes
sociais.

B. Clarificando a visão de Serrate, podemos afirmar que este autor diferencia este
conceito essencialmente pelas consequências que inflige na vítima, podendo ser tão
graves que levam ao suicídio.

C. Sistematizando, devemos concluir que o bullying é um fenómeno com caráter


repetitivo, de violência, que assume vários tipos: físico, verbal, psicológico, social,
sexual e das redes sociais (cyber); acontecendo sobretudo na idade adolescente,
maioritariamente na escola ou em contextos a ela relacionados.

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Bibliografia

Magalhães, T. (2010). Violência Escolar - prevenir, detectar e intervir. EAPN - Rede


Europeia AntiPobreza / Portugal. Porto.

Sebastião, J., Campos, J., Merlini, S. e Chambino, M. (2013). Estratégias de Intervenção


socioeducativa em contextos sociais complexos. Estudo Prospetivo e de Avaliação.
Relatório de Investigação. CIES-IUL. Lisboa.

Sebastião, J., Alves, M. G. e Campos, J. (2010). “Violência na Escola e Sociedade de


Risco: uma aproximação ao caso português”. In Violência na Escola, Tendências,
Contextos, Olhares. Edições Cosmos. Chamusca.

Serrate, R. (2014). Bullying na Escola. s.l., Bookout, Lda.

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