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2.

Unidade número 10

2.1.Teoria de Conhecimento

Segundo Mondin, b. (1980) Conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se


estabelece entre o sujeito que conhece e o objecto a ser conhecido. A apropriação
intelectual do objecto supõe que haja regularidade nos acontecimentos do mundo; caso
contrário, a consciência cognoscente nunca poderia superar o caos. O conhecimento
pode designar o acto de conhecer, enquanto relação que se estabelece entre a
consciência que conhece e o mundo conhecido. Mas o conhecimento se refere também
ao produto, ao resultado do conteúdo desse acto, ou seja, o saber adquirido e acumulado
pelo homem. A Teoria do Conhecimento é uma disciplina filosófica que investiga quais
são os problemas decorrentes da relação entre sujeito e objecto do conhecimento, bem
como as condições do conhecimento verdadeiro.
2.2.Teoria do conhecimento na Antiguidade

A passagem do mundo tribal à polis na Grécia, determina a maneira de pensar, que


antes era predominantemente mítica e depois, com o aparecimento das cidades, faz
surgir a racionalidade crítica típica do pensar filosófico. O advento da polis grega é
concomitante a outras transformações também marcantes, como o aparecimento da
escrita, da moeda e dos legisladores. Essas transformações culminam com a figura do
cidadão e do filósofo, em um mundo marcado pelo desígnio divino. Começa então a
grande aventura filosófica dos gregos, cuja influência se faz sentir até nossos dias.
(Mondin, b. 1980).
2.3. Filosofia pré-socrática

A Filosofia pré-socrática se caracteriza pela preocupação com a natureza do mundo


exterior. O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia
para a cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica
como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às forças da
natureza. Na cosmogonia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché
(princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio
teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade das escolas
filosóficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstractas) muito
diferentes entre si. Dentre os pré-socráticos que nos interessam na teoria do
conhecimento, destacamos os seguintes: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Éleia.
Porém, não deixamos de mencionar os demais filósofos pré-socráticos e seus
pensamentos.
Tales de Mileto (Séc. VI-V a.C.) é um dos sete sábios da Grécia. Conhecedor da
cultura oriental por cantactos directos efectuados em numerosas viagens, interessa-se
por vários campos de actividade, desde a engenharia e a matemática até à política e
finanças. Foi astrónomo e, como tal, previu a ocorrência de um eclipse total do sol, que
veio a acontecer em 585 a.C.
Tales diz que o princípio de tudo é a água, pelo que sustentava ainda que a terra está
sobre a água; considerava talvez como prova, o facto de verificar que o alimento de
todas as coisas é húmido e de que, mesmo o que é quente, se gera e vive no húmido;
ora, aquilo de que tudo provém é o princípio de tudo. Como vemos, não se trata de
encontrar uma explicação mítica para o origem do universo; mas antes se nota a
preocupação de descobrir a substância primordial subjacente à natureza na sua
totalidade.
Anaximandro de Mileto (611-546 a.C): vê no infinito ou indeterminado a arché, isto é,
o princípio de tudo. O infinito, susceptível de produzir constantemente seres novos, é
anterior à própria água. É dele que tudo vem e para onde tudo regressa. Arché para ele é
o apeiron, que podemos traduzir como sendo o indeterminadamente infinito ou
infinitamente indeterminado, pois com isso quer-se significar tanto a indeterminação
lógica como infinito espacial e temporal, eterno e omnipresente.
Anaxímenes de Mileto: considera o ar como elemento primordial. Para ele, o ar é tão
necessário como a água, sendo, contudo, de natureza mais subtil. O ar origina todas as
coisas mediante processos de condensação, dilatação e outros. Assim, por exemplo, da
rarefação crescente do ar resultariam as estrelas; da solidificação do ar nasceriam os
corpos de natureza cristalina. É com Anaxímenes que se encerra a Escola Jônica, o que
não impede o pensamento grego de continuar a sua marcha.
Heráclito de Éfeso: Tudo muda
Heráclito (544-484 a.C.), nasceu em Éfeso, na Jônia, actualmente Turquia. Tal como os
seus contemporâneos pré-socráticos, busca compreender a multiplicidade do real. Mas,
ao contrário deles, não rejeita as contradições e quer apreender a realidade na sua
mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós
em dado momento é diferente do que foi a pouco e do que será depois: “Nunca nos
banhamos duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez não somos os mesmos, e
também o rio mudou.

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Portanto, não há ser estático, e o dinamismo pode bem ser representado pela metáfora
do fogo, forma visível da instabilidade, símbolo de eterna agitação do devir, “o fogo
eterno e vivo, que ora se acende e ora se apaga”. Para Heráclito o ser é o múltiplo. Não
no sentido apenas de que existe a multiplicidade das coisas, mas de que o ser é múltiplo
por estar constituído de oposições internas. O que mantém fluxo do movimento não é o
simples aparecer de novos seres, mas a luta dos contrários, pois, “a guerra é pai de
todos, rei de todos”. E é da luta que nasce a harmonia, como sínteses dos contrários. O
que faz de Heráclito um pensador original é o facto de não ter uma visão estática do
mundo. Considera, portanto, que há um dinamismo inerente às coisas, o que explica que
tudo esteja em constante mudança. É, por isso, considerado o pai da filosofia do devir.
Parmênides de Eléia: o ser é imutável
Parmênides (540-470 a.C), viveu em Eléia, cidade do sul da Magna Grécia (actual
Itália) e é o principal expoente da escola eleática. Elaborou uma importante teoria
filosófica na medida em que influenciou de forma decisiva o pensamento ocidental.
Ocupou-se longamente a criticar a filosofia heraclitana: ao “tudo muda “de Heráclito,
contrapôs a imobilidade do ser. Para Parmênides é absurdo e impensável considerar que
uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. À contradição opõe o princípio segundo
o qual “o ser é” e o “não-ser não é”. Mais tarde os lógicos chamarão a isto princípio de
identidade, base de toda construção metafísica posterior.
Parmênides conclui que, o ser é único, imutável, infinito e imóvel. Não há, entretanto,
como negar a existência do movimento no mundo que percebemos, onde as coisas
nascem e morrem, mudam de lugar e se expõem em infinita multiplicidade. Para
Parmênides, o movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção levada a
efeito pelos sentidos é ilusória. Só o mundo inteligível é verdadeiro, pois está submetido
ao princípio que hoje chamamos de identidade e de não-contradição. Uma das
consequências dessa teoria é a identidade entre o ser e o pensar. Ou seja, as coisas que
existem fora de mim são idênticas
ao meu pensamento, e o que eu não conseguir pensar não pode ser na realidade.
3. Os sofistas

O século de Péricles (V a. C.) constitui o período áureo da cultura grega, quando a vida
democrática de Atenas convida a participação dos cidadãos na vida política e se
desenvolve uma intensa vida cultural e artística. Os pensadores do período clássico,
embora ainda discutam questões refrentes à natureza, desenvolvem o enfoque

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antropológico, abrangendo a moral e apolítica. Os sofistas vivem nessa época e alguns
deles são interlocutores de Sócrates. Os mais famosos sofistas foram: Protágoras de
Abdera (485-411 a.C); Górgias de Leontinos (485-380 a.C); Hípias de Élis, e ainda,
Trasímaco, Pródico, Hipódamos, entre outros. Tal como ocorreu com os pré-socráticos,
dos sofistas só nos restam fragmentos de suas obras, além das referências feitas pelos
filósofos anteriores.
A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que significa sábios, ou melhor
“professor da sabedoria”. Posteriormente adquiriu um sentido pejorativo de “homem
que emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má-fé, com
intenção de enganar. Sóphisma significa “sutileza de sofisma”. Os sofistas sempre
foram mal interpretados devido às críticas que sobre eles fizeram Sócrates e Platão. A
imagem de certa forma caricatural da sofística tem sido reelaborada no sentido de
procurar recuperar a verdadeira importância do seu pensamento. São muitos os motivos
que levaram à visão deturpada dos sofistas que a tradição nos oferece.
Em primeiro lugar, há enorme diversidade teórica entre os pensadores reunidos sob a
designação de sofistas. Talvez, o que passa a identificá-los é o facto de serem
considerados sábios e pedagogos. Vindos de todas as partes do mundo grego,
desenvolvem um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em
lugar algum.
Os sofistas exerceram influência muito forte, vinculando-se à tradição educativa dos
poetas Homero e Hesíodo. Deram importante contribuição para a sistematização do
ensino. Formaram um currículo de estudos: gramática (da qual foram os iniciadores),
retórica e dialéctica; por influência dos pitagóricos, desenvolveram a aritmética, a
geometria, a astronomia e a música.
4. Sócrates

Sócrates (470-399 a. C) nada deixou escrito, e teve suas ideias divulgadas por dois de
seus principais discípulos, Xonofonte e Platão. Evidentemente, devido ao brilho deles, é
de se supor que nem sempre fossem realmente fiéis ao pensamento do mestre. Nos
diálogos que Platão escreveu, Sócrates figura sempre como o principal interlocutor.
Mesmo tendo sido concluído muitas vezes entre os sofistas, Sócrates recusava tal
classificação, e opunha-se a eles de forma crítica. Sócrates se indispôs com os
poderosos de seu tempo, sendo acusado de não crer nos deuses da cidade e corromper a
mocidade. Por isso foi condenado e morto. Costumava conversar com todos, fossem

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velhos ou jovens, nobres e escravos, preocupado com o método do conhecimento.
Sócrates parte do pressuposto “só sei que nada sei”, que consiste justamente na
sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber.
Por isso seu método começa pela parte considerada “destrutiva”, chamada ironia (em
grego, “perguntar”). Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do oponente
que se diz conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas, desmonta as
certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte então para a segunda etapa do
método, a maiêutica (em grego, “parto”).
Dá esse nome em homenagem a sua mãe, que era parteira, acrescentando que, se ela
fazia parto de corpos, ele “dava a luz” ideias novas. Sócrates, por meio de perguntas,
destrói o saber constituído para reconstruí-lo na procura da definição do conceito. Esse
processo aparece bem ilustrado nos diálogos relatados por Platão, e é bom lembrar que
nem sempre Sócrates tem resposta: ele também se põe em busca do conceito e às vezes
as discussões não chegam a conclusões definitivas.
As questões que Sócrates privilegia são as referentes à moral, daí perguntar em que
consiste a coragem, a covardia, a piedade, a justiça e assim por diante. Por isso Sócrates
utiliza o termo logos, que na linguagem comum, significava “palavra”, “conversa”, e
que no sentido filosófico passa a significar “a razão que se dá de algo”, ou mais
propriamente, conceito. Quando Sócrates pede o logos, quando pede que indiquem qual
é logos da justiça, que é a justiça, o que pede é o conceito da justiça, a definição de
justiça.
Platão
Platão (428-347 a. C), viveu em Atenas, onde fundou uma escola denominada
Academia. Para sintetizar as suas ideias, recorremos ao livro VII de A República, onde
seu pensamento é ilustrado pelo famoso “mito de caverna”. Platão imagina uma caverna
onde estão acorrentados os homens desde a infância, de tal forma que, não podendo se
voltar para a entrada, apenas enxergam o fundo da caverna. Aí são projectadas as
sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um desses
homens se soltar
das correntes para contemplar a luz do dia os verdadeiros objectos, quando regressasse,
relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco, não
acreditando em suas palavras.
A análise do mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista: o epistemológico
(relativo ao conhecimento) e o político (relativo ao poder). Segundo a dimensão

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epistemológica, o mito de caverna é uma alegoria a respeito das duas principais formas
de conhecimento: na teoria das ideias, Platão distingue o mundo sensível, dos
fenômenos, e o mundo inteligível, das ideias. O mundo sensível, acessível aos sentidos,
é o mundo da
multiplicidade, do movimento, e é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Assim,
mesmo se percebemos inúmeras abelhas dos mais variados tipos, a ideia de abelha deve
ser una, imutável, a verdadeira realidade. Com isto, Platão se aproxima do instrumento
teórico de Parmênides e, aliando-os aos ensinamentos de Sócrates, elabora uma teoria
original.
Do seu mestre aproveita a noção nova de logos, e continuando o processo de
compreensão do real, cria a palavra ideia (eidos), para referir-se a intuição intelectual,
distinta da intuição sensível. Acima do ilusório mundo sensível, há o mundo das ideias
gerais, das essências imutáveis que o homem atinge pela contemplação e pela depuração
dos enganos dos sentidos. Sendo as ideias a única verdade, o mundo dos fenômenos só
existe na medida em que participa do mundo das ideias, do qual é apenas sombra ou
cópia. Por exemplo, um cavalo só é cavalo, enquanto participa da ideia de “cavalo em
si”. Trata-se da teoria de participação, mais tarde duramente criticada por Aristóteles.
Para Platão há uma dialéctica que fará a alma elevar-se das coisas múltiplas e mutáveis
às ideias unas e imutáveis. As ideias gerais são hierarquizadas, e no topo delas está a
ideia do Bem, a mais alta em perfeição e a mais geral de todas: os seres e as coisas não
existem se não enquanto participam do Bem. E o Bem supremo é também a Suprema
Beleza. É o Deus de Platão. Se lembrarmos o que foi dito a respeito dos pré-socráticos,
podemos verificar que Platão tenta superar a oposição instalada pelo pensamento de
Heráclito, que afirmava a mutabilidade essencial do ser, e a posição de Parmênides, para
o qual o ser é imóvel. Platão resolve o problema: o mundo das ideias se refere ao ser
permanente, e o mundo dos fenômenos ao devir Heráclito.
Platão supõe que os homens já teriam vivido como puro espírito quando contemplaram
o mundo das ideias. Mas tudo esquecem quando se degradam ao se tornarem
prisioneiros do corpo, que é considerado o “túmulo da alma”. Pela teoria da
reminiscência, Platão explica como os sentidos se constituem apenas na ocasião para
despertar nas almas as lembranças adormecidas. Em outras palavra, conhecer é lembrar.
No diálogo Menon, Platão descreve como um escravo, ao examinar figuras sensíveis
que lhe são oferecidas, é induzido a “lembrar-se “das ideias e descobre uma verdade
geométrica. Voltando ao mito de caverna: o filósofo (aquele que se libertou das

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correntes), ao contemplar a verdadeira realidade e ter passado da opinião (doxa) à
ciência (epísteme), deve retornar ao meio dos homens para orientá-los.
Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C) nasceu em Estagira, na Calcídica (região dependente da
Macedônia). Seu pa era médico de Filipe, rei da Macedônia. Mais tarde, Alexandre,
filho de Filipe, foi discípulo de Aristóteles, até o momento em que precisou assumir
precocentemente o poder e continuar a expansão do império. Frequentou a Academia de
Platão e a fidelidade ao mestre foi entremeada por críticas que mais tarde justificaria
dizendo: “Sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”. Em 340 a.C. fundou em
Atenas o Liceu, assim chamado por ser vizinho do templo de Apolo Lício. Aristóteles
retoma a problemática do conhecimento e se preocupa em definir a ciência como
conhecimento verdadeiro, conhecimento pelas causas, capaz de superar os enganos da
opinião e de compreender a natureza do devir. Mas ao analisar a oposição entre o
mundo sensível e o mundo inteligível segundo a tradição de Heráclito, Parmênides e
Platão, Aristóteles recusa as soluções apresentadas e critica o “mundo” separado das
ideias platônicas.
A teoria de Aristóteles se baseia em três distinções fundamentais: substância-essência-
acidente: acto-potência; forma-matéria, por sua vez desembocam na teoria das quatro
causas. Aristóteles “traz as ideias do céu à terra”: rejeita o mundo das ideias de Platão,
fundindo o mundo sensível e o inteligível no conceito da substância, enquanto “aquilo
em si mesmo”, ou enquanto suporte dos atributos. Ora, quando dizemos algo de uma
substância, podemos nos referir a atributos de essência propriamente dita, e chamamos
de acidente o atributo que a substância pode ter ou não, sem deixar de ser o que é.
Então, a substância individual “este homem” tem como características essenciais os
atributos pelos quais este homem é homem (Aristóteles diria que a essência do homem e
a racionalidade) e outros, acidentais (como ser gordo, velho ou belo), atributos esses que
não mudam o ser do homem em si.
O problema da transformação dos seres ainda não se resolve com os conceitos de
essência e acidente, e por isso Aristóteles recorre às noções de forma e matéria. Matéria
é o princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito
algo”, o que não coincide exactamente com o que nós entendemos por matéria, na
física, por se caracterizar pela indeterminação. Forma é “aquilo que faz com que uma
coisa seja o que é”. Todo o ser é constituído de matéria e forma, princípios
indissociáveis. Enquanto a forma é o princípio inteligível, a essência comum aos

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indivíduos da mesma espécie, pela qual todos são o que são, a matéria é pura
passividade, contendo a forma em potência. Numa estátua, por exemplo, a matéria é o
mármore; a forma é a ideia que o escultor realiza na estátua. É através da noção de
matéria e forma se explica só devir. Todo o ser tende a tornar actual a forma que tem em
si como potência. (Abbagnano, nicola. 2003).

Deus, acto puro


Toda a estrutura teórica da filosofia de Aristóteles desemboca na teologia. A descrição
das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e
necessário, ou seja, Deus. Isso porque, se as coisas são contingentes, já que tem em si
mesmas a razão de sua existência, é preciso concluir que são produzidas por causas a
elas exteriores. Assim, todo o ser contingente foi produzido por outro ser, que também é
contingente e assim por diante. Para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso
admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um ser necessário (e não
contingente). Esse primeiro motor (imóvel, por não ser movido por nenhum outro) é
também um puro acto (sem nenhuma potência). Chamamos Deus ao Primeiro Motor
Imóvel, Acto Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente.
Metafísica
Segundo (Aranha, maria 1993) A filosofia grega, desde o momento em que se destaca
do pensamento mítico, elabora conceitos para instrumentalizar a razão no esforço de
compreensão do real. Entre as diversas e diferentes contribuições do pensamento grego,
destaca-se o caminho percorrido por Parmênides, Platão e Aristóteles na busca dos
conceitos que explicassem o ser em geral e que hoje reconhecemos como sendo o
assunto tratado pela parte da filosofia denominada metafísica. O termo metafísica surgiu
no século I a.C., quando Andrônico de Rodes, ao classificar as obras de Aristóteles,
colocou a Filosofia Primeira depois das obras de física: Meta Física, ou seja, “depois
da física”.
De qualquer forma, nada impediu que esse “depois”, puramente espacial, fosse
considerado “além”, no sentido de tratar de assuntos que transcendem a física, que estão
além dela porque ultrapassam as questões postas a partir do conhecimento do mundo
sensível. Portanto, no sentido pelo qual o conhecemos hoje, o termo só começou a ser
aplicado a partir do século V da nossa era. A filosofia primeira não é primeira na ordem
do conhecer, já que partimos do conhecimento sensível, mas a que busca as causas mais

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universais (e portanto as mais distantes dos sentidos) e que são as mais fundamentais na
ordem real.
5. Resolução dos exercícios

5.1.Unidade 13

1. Resposta:
Relação entre a extensão e a compreensão do conceito
Chama-se compreensão (conotação ou intenção) de uma idéia: ao conjunto de
propriedades que lhe podem ser atribuídas. Por exemplo: a idéia de “triângulo” contém
uma extensão, figura, três linhas, três ângulos, etc. Chama-se extensão (denotação ou
domínio da aplicação) de uma idéia: ao conjunto de seres a que essa idéia é atribuível.
Por exemplo: o conceito de “Homem” convém a portugueses, franceses, brancos,
amarelos, negros, António, Rute, etc.
A extensão e a compreensão variam em sentido inverso: quanto mais complexa é uma
idéia tanto mais limitada será a sua esfera de aplicação. É possível e necessário os
conceitos e, portanto, os seres que eles representam, numa hierarquia fundada na sua
extensão. (Martïnez, Soares. 2003).
5.2.Unidade 14

1. Classifique as ciencias segundo Augusto Conte.


Resposta:
As ciências segundo Augusto Conte classificam-se em: Augusto Comte considera a
existência de seis ciências fundamentais: a matemática, a astronomia, a física, a
química, a biologia e a física social - a hierarquia que se estabelece
naturalmente entre elas, baseia-se em critérios históricos, lógicos e pedagógicos.
2. Faça um breve historial sobre o círculo de Viena.
Resposta:
Karl Popper (1902-1994) Nasceu em Viena de Áustria. Fez os seus estudos em
Matemáticas, Fïsica, Filosofia, Psicologia e História da música. Foi professor do ensino
secundário. Conviveu com o Círculo de Viena, embora não tenha sido convidado para
nela colaborar. O Círculo de Viena surgiu por uma necessidade de fundamentar a
ciência a partir das concepções ou acepções que a Filosofia da Ciência ganhou no século
XIX. Até então, a filosofia era vinculada à Teoria do Conhecimento, mas, a partir de
Hegel, este vínculo se desfez. O Círculo de Viena era composto por cientistas que,
apesar de atuarem em várias áreas como física, economia, etc., buscaram resolver
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problemas de fundamento da ciência, problemas estes levantados a partir do
descontentamento com os neokantianos (seguidores de Kant) e os fenomenólogos
(seguidores de Hegel).
5.3.Unidade 15

1. Descreve os princípios da Razão.


Resposta:
Princípio de identidade:
Cujo enunciado pode aparecer: “A é A” ou “o que é, é”. Este princípio afirma que uma
coisa, seja ela qual, só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com
sua identidade.
O princípio de identidade é a condição para que definamos as coisas e possamos
conhecê-las a partir de suas definições.
Princípio de Não – Contradição:
Cujo enunciado é: “A é A e não é possível que, ao mesmo tempo e na mesma relação
seja não-A”.
O princípio de não-contradição afirma que uma coisa ou uma idéia da qual uma coisa é
afirmada e negada ao mesmo tempo e na mesma relação são coisas e idéias que se
negam a si mesmas e que por isso se autodestroem, desaparecem, deixam de existir.
Princípio do terceiro excluído:
Cujo enunciado é: “A é ou X ou é Y e não há a terceira possibilidade”. Por exemplo:
“Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates”; “Ou faremos a guerra ou faremos a
paz”. Este princípio define a decisão de um dilema – “ou isto ou aquilo” – no qual as
duas alternativas são possíveis e cuja solução exige que apenas uma delas seja
verdadeira.
Princípio de Razão Suficiente:
A firma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa ou motivo)
para existir ou para acontecer, e que tal razão (causa ou motivo) pode ser conhecida pela
nossa razão. Pode ser enunciado da seguinte maneira: “Dado A, necessariamente se
dará B”. E também: “Dado B, necessariamente houve A”. Pode ser enunciado da
seguinte maneira: “Dado A, necessariamente se dará B”. E também: “Dado B,
necessariamente houve A”.
5.4. Unidade 16

1. Mencione as dimensões do discurso humano. E Caracterize – os.

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Resposta:
As dimensões do discurso humano são Sintática, semântica, pragmática, linguística,
textual, lógico racional, expressiva ou subjetiva, intersubjetiva ou comunicacional,
argumentativa, apofântica ou representativa, comunitária, institucional e ética.
Dimensão sintáctica: A palavra sintáctica vem do grego, syntaxis, que significa
coordenação. Tradicionalmente, define-se sintaxe, como a parte da gramática que trata
das regras combinatórias entre os diversos elementos da frase, ou seja, trata da relação
intralinguística dos signos entre si (Apel, Karl-Otto; sprach-pragmatik und Philosophie;
Frankfurt; 1975) ou das relações internas que os signos mantêm entre sí ( Meyer,
Michel; Lógica, Linguagem e Argumentação; Teorema; Lisboa; 1992). Assim, por
razões de carácter sintático: uma série de letras ao acaso não é uma palavra; uma série
de palavras postas ao acaso não é uma frase; uma série de frases dispostas ao acaso não
é um texto nem um discurso.
Dimensão semântica: A palavra semântica, do grego, semantikê (tékhne), que significa
literalmente, “arte da significação”, ou arte (ciência) do significado.
Semântica é a ciência que se dedica ao estudo das significações (Michel Bréal).
Semântica trata da relação dos signos com o seu significado, e logo com o mundo
(Michel Meyer). Portanto, a semântica trata das relações dos signos (as palavras ou
frases) com os seus significados (significações) e destes com as realidades a que dizem
respeito (referência). No que diz respeito ao domínio da semântica linguística podemos
considerar:
Semântica lexical: aquela que se dedica ao estudo da significação das palavras entre si
(as relações de sinonímia, de antinomia, os campos lexicais, a evolução das palavras);
Semântica da frase: estuda o modo como as palavras se combinam para que a frase
tenha sentido (uma palavra pode ter vários significados ou sentidos, que só
descodificaremos se considerarmos o contexto);
Semântica do discurso (frase ou enunciados): é que constitui e dá coerência a um
texto. ( Perante um texto que não tenha um sentido unitário, que não respeita as regras
de articulação, dificilmente alguém conseguirá captar o seu global.
5.5. Unidade 17

1. Relacione o Conceito e Compreensão do conceito.


Resposta:

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A extensão e a compreensão variam em sentido inverso: quanto mais complexa é uma
idéia tanto mais limitada será a sua esfera de aplicação. É possível e necessários os
conceitos e, portanto, os seres que eles representam, numa hierarquia fundada na sua
extensão. O conceito de maior extensão chama-se gênero, em relação à extensão menos,
e esta denomina-se espécie em relação àquela.
2. Classifique os conceitos e os termos.
Resposta: Quanto à compreensão podem ser: Simples: aquelas que são divisíveis.
Exemplo: homem, animal, planta; Concretas: que são aplicáveis a sujeitos ou objetos.
Exemplo: gato, cão, planta.; Abstractas: que são aplicáveis a qualidades, acções ou
estados. Exemplo: beleza, alegria, amizade.
Quanto à extensão podem ser: Universais: os que são aplicáveis a todos os elementos
de uma classe. Exemplo: homem, círculo, mesa; Particulares: os que são aplicáveis
apenas a uma parte de classe. Exemplo: aqueles homens, alguns livros, estes cadernos.
Singulares: os que são aplicáveis apenas a um indivíduo. Exemplo: Paulo, Almiro, este
carro.
Quanto à perfeição com que representam o objeto: Adequados: quando representam
com perfeição o objeto.
Exemplo: ave (aplicado a um morcego) Claros - quando são suficientes para fazer
reconhecer o objeto. Obscuros – quando insuficientes para fazer reconhecer o objeto.
Distintos – quando permitem distinguir bem um objeto de outros. Confusos – quando
não permitem distinguir suficientemente um objecto de outros.
Quanto à maneira como a exteriorização do conceito é feita: - Oral; - Escrita; -
Gesticular (mímica).
A definição essencial ou característica atinge os caráter essencial da coisa; é aquela que
se faz pelo gênero próximo, espécie e diferença específica. racional (diferença
específica).
A definição descritiva é aquela que enumera as características exteriores mais salientes
de uma coisa que a individualiza e permitem distinguí-la de todas as outras.
Exemplo 2: O homem é um mamífero, bípede, de posição ereta, etc.
Quanto à relação mútua, são: Contraditórios: quando há oposição e exclusão mútua.
Exemplo: ser/não ser, escuro/não escuro Contrários: quando há oposição sem exclusão.
Exemplo: branco/preto, alto/baixo
Os termos são expressões verbais dos conceitos e classificam-se de acordo com os
seguintes critérios:

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Quanto ao modo de significação:
Unívocos: os que se atribuem de modo idêntico a objetos diversos. Exemplo: homem
(aplicado a brancos, negros, João, americanos, etc.).
Equívocos: os que se aplicam a sujeitos diversos em sentido totalmente distinto.
Exemplo: manga (fruto), manga (de camisa).
Análogos: os que são aplicáveis a realidades diversas num sentido que não é totalmente
idêntico nem totalmente distinto. Exemplo: saudável (aplicado ao corpo), saudável
(dito dos alimentos).
Quanto à perfeição com que representam o objeto:
Adequados: quando representam com perfeição o objeto.
Exemplo: ave (aplicado a um morcego)
Claros - quando são suficientes para fazer reconhecer o objeto.
Obscuros – quando insuficientes para fazer reconhecer o objeto.
Distintos – quando permitem distinguir bem um objeto de outros.
Confusos – quando não permitem distinguir suficientemente um objecto de outros.
Quanto à maneira como a exteriorização do conceito é feita:
 Oral;
 Escrita;
 Gesticular (mímica).
5.6.Unidade 18

1. Explique o conceito da política.


Resposta :
Pode-se definir a política como sendo o conjunto das acções levadas a afeito por um
grupo de indivíduos, grupos e governantes com vista a resolver os problemas com que
se depara uma colectividade humana. Estas são orientadas por imperativos como: o bem
comum, a ordem pública, a justiça, a harmonia e o equilíbrio social.
2. Relacão entre política e Filosofia
Resposta : A relação entre a Filosofia e a política está no facto de que, a filosofia
procura deter-se e abarcar nas condições de emergência da coisa pública no homem
como animal político e na tipologia dos regimes. A filosofia examina o nascimento das
instituições políticas e a sua maturidade; a Filosofia vem iluminar os conceitos inerentes
à Política, tais como: justiça, bem comum, estado, tolerância, bem como a própria
definição de política; questiona o grau de liberdade consentâneo com a coesão social e o

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equilíbrio na divisão do poder. É a filosofia que deve denunciar a absolutização da
política e a redução à sua natureza precária; deve criticar a política e todas as formas de
dominação do homem pelo homem.( Alves, fátima, et al.1998).
3. Classifique o conceito de estado.
Resposta :
O Estado tem uma constituição e uma divisão de poderes: poder legislativo, poder
executivo e poder judicial, conforme a norma nas sociedades democráticas.
5.7 Unidade 19

1. Fale das dimensões do discurso humano? Caracterize cada uma das dimensões.
Resposta :
As dimensões do discurso humano são Sintática, semântica, pragmática, linguística,
textual, lógico racional, expressiva ou subjetiva, intersubjetiva ou comunicacional,
argumentativa, apofântica ou representativa, comunitária, institucional e ética.
Dimensão sintáctica: A palavra sintáctica vem do grego, syntaxis, que significa
coordenação. Tradicionalmente, define-se sintaxe, como a parte da gramática que trata
das regras combinatórias entre os diversos elementos da frase, ou seja, trata da relação
intralinguística dos signos entre si (Apel, Karl-Otto; sprach-pragmatik und Philosophie;
Frankfurt; 1975) ou das relações internas que os signos mantêm entre sí ( Meyer,
Michel; Lógica, Linguagem e Argumentação; Teorema; Lisboa; 1992).
Dimensão semântica: A palavra semântica, do grego, semantikê (tékhne), que significa
literalmente, “arte da significação”, ou arte (ciência) do significado.
Semântica é a ciência que se dedica ao estudo das significações (Michel Bréal).
Semântica trata da relação dos signos com o seu significado, e logo com o mundo
(Michel Meyer). Portanto, a semântica trata das relações dos signos (as palavras ou
frases) com os seus significados (significações) e destes com as realidades a que dizem
respeito (referência). No que diz respeito ao domínio da semântica linguística podemos
considerar:
Semântica da frase: estuda o modo como as palavras se combinam para que a frase
tenha sentido (uma palavra pode ter vários significados ou sentidos, que só
descodificaremos se considerarmos o contexto);
Semântica do discurso (frase ou enunciados): é que constitui e dá coerência a um
texto. ( Perante um texto que não tenha um sentido unitário, que não respeita as regras
de articulação, dificilmente alguém conseguirá captar o seu global.

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Semântica lexical: aquela que se dedica ao estudo da significação das palavras entre si
(as relações de sinonímia, de antinomia, os campos lexicais, a evolução das palavras);
2. Descreva os novos domínios da lógica e explique as suas implicações sociais
Resposta :
Os novos domínios da lógica são a informática e a cibernética.
Cibernética é a ciência da comunicação e do controlo de homens e máquinas. É no seio
deste movimento de ideias que vimos surgir o primeiro computador da nossa era e será
igualmente fruto do seu trabalho que se desenvolve a posterior robotização.
Informática é a ciência do tratamento racional, nomeadamente por máquinas
automáticas, da informação considerada como suporte dos conhecimentos e das
comunicações nos domínios técnico, econômico e social.
5.8. Unidade 20

1. Distinga a Filosofia Politica na época antiga, medieval, moderna e


contemporânea.
Resposta :
Filosofia Política na Antiguidade
Platão (428-347 a.C)
Platão sentia-se atraído pela actividades política e, por isso desenvolveu uma filosofia
política muito profunda e original que chegou até aos nossos dias. Ele sustentava que a
política deve-se inspirar na filosofia, por ser ela a via segura de acesso aos valores de
justiça e de bem. A origem do estado em Platão é convencional, ou seja, como o homem
não é capaz de satisfazer à todas as necessidades para a sua sobrevivência, precisa do
outro para se abster. Por isso, ninguém pode ocupar ao mesmo tempo diferentes
profissões. Daí a necessidade de cada um associar-se aos outros, cada um com tarefas
sociais específicas.
Platão distingue três classes sociais:
 A Classe dos guardas: predomina nesta classe o domínio da força da lama,
composta por homens que à semelhança dos cães de raça, dotados de mansidão e
ferocidade, têm como virtude a força e a coragem.
 A classe dos trabalhadores: predomina nesta classe a virtude da temperança, o
domínio e a disciplina dos prazeres e desejos, capacidade de se submeter a
classes imediatamente superiores.

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 A classe dos Governantes: os integrantes desta classe devem ter amor pela pátria
em relação a todas as restantes classes; devem conhecer e contemplar
Aristóteles (384-322 a.C)
Aristóteles é mais “amigo da verdade que do mestre”. Foi discípulo de Platão, mas em
muitos pontos contesta as doutrinas de seu mestre. Sobre a origem do Estado, é
contrário a ideia de Platão segundo a qual a origem do Estado é convencional. Em
Aristóteles, o Estado é natural e o homem é, por natureza um animal político, pois é
caracterizado pela sua integração numa pólis (cidade), que resulta de uma civilização da
espécie humana, tais como: família, tribo, aldeia e cidade. A cidade é a constituição e
está, cria o Estado, de maneiras que, a mudança da constituição implica a mudança do
tipo de Estado. A constituição é a estruturas que dá ordem à cidade, estabelece o
funcionamento de todos os cargos, sobretudo os de soberania. Há três espécies de
constituição:
 Monarquia: governo de um só homem;
 Aristocracia: governo de uma classe restrita;
 Democracia: governo de muitos homens.
Filosofia política na idade média
Santo Agostinho (354-430)
Nasceu em Tagaste, na Numídia. Converteu-se ao cristianismo após uma juventude
conturbada que culminou com a sua conversão em Milão. Foi professor de retórica e
nunca exerceu a vida política. Foi bispo de Hipona e dedicou a sua vida em defesa da
religião, contra os hereges. A sua doutrina política encontra-se em sua famosa obra
intitulada Cidade de Deus (413-427), que absorve o direito do Estado pelo da Igreja.
Santo Agostinho fez uma apresentação do modelo em duas cidades: a Cidade de Deus e
a Cidade dos Homens. Para os pensadores medievais, a esfera política se integrava num
horizonte muito vasto e profundo do que no pensamento grego. Aqui transcende-se o
hábito natural, isto é, a compreensão da política como uma necessidade tendente aos
bens materiais e aos valores do homem para o bem do corpo e da alma.
A Cidade de Deus
É a cidade fundada no amor de Deus, prefigurando a Cidade Celeste. Nesta cidade,
apela-se à uma vocação sobrenatural e traduz-se na introdução de valores cristãos na
sociedade, que implicam um bom uso da liberdade. Os cidadão vivem em conformidade
com os mandamentos da lei de Deus, e por essa via se alcança o amor perfeito, a paz
profunda, a justiça plena, a liberdade e a realização pessoal.

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A Cidade terrena
É uma cidade pagã que se fundamenta no amor à si próprio e no desprezo de Deus. Não
se propõe um ideal de civilização que tem como fim assegurar a felicidade do homem; é
o reino de satanás, caracterizado por pessoas que vivem num estado de conflitos,
injustiças e guerras. Resume-se no amor à si mesmo, levado ao desprezo de Deus;
procura a glória dos Homens; o cidadão da cidade terrena julga-se dominador e está
condenado à eterna danação.
Santo Tomás de Aquino
A filosofia de Santo Tomás de Aquino (1225-1274) tem como fonte de inspiração o
aristotelismo. Por isso, Tomas de Aquino defende que o Homem é por natureza um ser
social político e pode viver e resolver todos os problemas em coordenação com os
outros membros da sociedade. Ele deu um sentido pleno de justiça, ética política e
económica, tentado por Aristóteles, onde a temperança é recomendada aos
trabalhadores; a força compete aos defensores da cidade e a prudência é apanágio dos
chefes filósofos. A origem do Estado está na própria natureza do Homem, definindo o
homem como animal político social porque está ordenado a viver em sociedade, e é
através desta vivência social que o homem necessita de um princípio de governo. A
necessidade do Estado não procede do pecado original que existiria mesmo que o
legado original não existisse. Os Homens vivem mutuamente relacionados.
Filosofia Política na Idade Moderna
A Idade Moderna começa com o fim da Idade Média. Esta mudança reflecte-se em
todos os sectores dos saberes humanos, como: a política, a religião, a filosofia, ciência,
a arte, a moral e a toda a cultura em geral. Na Idade Média a vida do espírito é orientada
para o mundo sobrenatural. A existência humana é a preparação para outra vida, na qual
se realiza o destino de cada um, e ela se realiza pela virtude sobrenatural da graça de
Deus. A Igreja é a depositária da verdade revelada e a indispensável intermediária entre
a terra e o céu. Ela tem o poder de atar e desatar; a ela compete formar as almas e
ordenar toda a esfera da actividade humana, individual e social.
A modernidade caracteriza-se pelo oposto: não mais teocentrismo, nem autoritarismo
eclesiástico, mas autonomia do mundo da cultura em relação a todo o fim transcendente;
livre explicação da actividade que a constitui; supremacia da razão na procura da
verdade; consciência do valor absoluto da pessoa humana e afirmação do seu poder
soberano no mundo. A vida e a natureza são valorizadas por si mesmas. O homem sente
que a sua missão e o seu destino é a posse sempre mais plena deste mundo.

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Nicolau Maquiavel (1469-1527)
“Os fins justificam os meios.” Maquiavel
Nasceu Florença (Itália) e pertencia à uma família da burguesia. Desempenhou diversos
cargos políticos e diplomáticos. Dentre as suas obras, destacam-se: O Príncipe (1513) e
Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio (1519). Na sua primeira obra,
apresenta as experiências das coisas modernas e das lições aprendidas no passado. Ele
parte duma visão pessimista da natureza humana e propõe um Estado fundado na força.
Os governantes devem partir do pressuposto de que todos os homens réus, e deste a
empregarem todos os meios para alcançar o fim de conservar a própria vida e do Estado.
O governante deve impor-se mais pela força do que pelo amor.
Mas o Príncipe, deve aparentar que está agir com a melhor das intenções, o que
significa que o príncipe deve ser “uma espécie de lobo vestido de carneiro”. Maquiavel
é considerado o fundador da Ciência Política moderna, na medida e que substitui a
especulação, a observação directa e indirecta feita através de leituras. Fez uma
classificação original e inovadora dos regimes políticos: a República e a Monarquia.
Thomas Hobbes (1588-1679)
É um filósofo inglês, defensor do empirismo e da política. Ele se diferencia de outros
pensadores ingleses pela sua concepção metafísica de cunho, claramente materialista e
por sua visão ética essencialmente hedonística. Dentre as suas obras, apresentamos as
seguintes: De corpore, que trata da física e da metafísica; De homine, que trata sobre a
gnosiologia e a psicologia; Leviathan, que compreende a polítca e a ética. Essas obras,
que forma um todo, são conhecidas também pelo título geral de Elementos de filosofia.
O seu pensamento político teve forte influência do ambiente em que ele viveu.
Participou da vida polítca de seu país, e, mesmo quando se encontrava no exílio,
continuou a seguir os acontecimentos que elevaram à queda da monarquia (decapitação
de Carlos I, em 1649) e a instauração de Cromwell. E foi justamente no início desta
ditadura que Hobbes escreveu a sua obra Leviathan (1651), que é uma vigorosa
apologia do absolutismo do Estado. Hobbes distingue dois estados da humanidade:
estado natural e o político-social.
John Locke (1632-1704)
É o segundo grande expoente da filosofia inglesa no século XVII. À semelhança de
Hobbes, Locke se interessa pelos problemas gnosiológicos e políticos. Locke nasceu em
Wrington, na Inglaterra, aos 19 de Agosto de 1632 e faleceu aos 28 de outubro de 1704.
Estudou na Universidade de Oxford, tendo-se em ciências experimentais, especialmente

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a medicina, na qual se destacou. As suas obras são as seguintes: Dois tratados sobre o
Governo, Ensaio sobre o intelecto humano, Cartas sobre a tolerância religiosa.
Participou por algum tempo na vida política e, depois se retirou para Oates, onde veio a
falecer.
Em relação à política, Locke expõe a sua doutrina nos Dois tratados sobre o governo.
Como Hobbes, ele distingue dois estados: o estado de natureza e estado social. O Estado
de natureza não é um estado no qual cada um tenha direitos ilimitados sobre tudo. O
Estado de natureza, diz Locke, tem uma lei da natureza que obriga a todos; e a razão,
que é esta lei, ensina a humanidade quando esta a consulta, que, sendo todos iguais e
independentes, ninguém deve causar danos a outrem em sua vida, em sua saúde,
liberdade e em sua propriedade.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Natural de Genebra, na Suíça, deixou sua terra natal aos 16 anos de idade. Levou uma
vida conturbada, andando por diversos lugares, ora por espirito de aventura, ora devido
a perseguições religiosas. Dentre suas obras, destacam-se: Discurso sobre a origem da
desigualdade entre os homens, Do contrato Social, ambos sobre política, e Emílio ou da
Educação (1762).
Para Rousseau, o indivíduo em estado de natureza é bom, mas se corrompe na
sociedade, que destrói sua liberdade. Ele defende que “o homem nasce livre e por toda
parte encontra-se a ferros”. Considera então a possibilidade de um contrato social
verdadeiro e legítimo, que reúne o povo numa só vontade, resultante do consentimento
de todas as pessoas.
Segundo Rousseau, o cidadão não escolhe representantes a quem delegar o poder, como
defendiam Locke e a tradição liberal, porque para ele só o povo é soberania. Ou seja, o
pacto que institui o governo não submete o povo a ele, isto é, os depositários de poder
não são senhores do povo, mas seus oficiais, e apenas executam as leis que emanam do
povo. Nesse sentido, Rousseau critica o regime representativo e defende a democracia
directa, pois toda a lei não ratificada pelo povo é nula.
Montesquieu (1689-1755)
Nasceu perto de Bordéus, na França. Era filho de família nobre, e o seu nome era
Charles Louis de Secondant, barão da La Bréde e posteriormente barão de
Montesquieu. Teve formação iluminista com os padres oratorianos, de modo que cedo
se mostrou um crítico severo e irónico da monarquia absolutista decadente, bem como
do clero. Dentre as suas obras destacaram-se: Cartas persas e o Espírito das leis.Sua

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obra mais importante é o Espirito das Leis, onde discute a respeito das instituições e
das leis, e busca compreender a diversidade das legislações existentes em diferentes
épocas e lugares. Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o
princípio de cada governo, Montesquieu desenvolve uma teoria do governo que
alimenta as ideias fecundas do constitucionalismo, pelo qual se busca se distribuir a
autoridade por meios legais, de modo a evitar o arbítrio e a violência. Em ralação a
liberdade, Montesquieu diz-nos que “é verdade que nas democracias o povo parece
fazer o que; mas a liberdade política não consiste nisso. Num Estado em que a leis, a
liberdade não pode consistir senão em poder fazer o que se deve querer e em não ser
constrangido a fazer o que não se deve desejar”.
A Filosofia Política Contemporânea
John Rawls (1921-2002)
Nasceu em Baltimore a 21 de Fevereiro de 1921, e veio a falecer em 24 de Novembro
de 2002. Foi professor de Filosofia Política na Universidade de Harvard, autor de Uma
Teoria da Justiça (1971), Liberalismo Político (1993), e O Direito dos Povos (1999). A
Justiça para Rawls é equidade no momento inicial do pacto, partindo-se da suposição
que todos são iguais, e que por isso podem determinar a forma de actuar a defesa dos
seus direitos, fixar os direitos, categorizar os bens que interessam ao grupo social. Num
segundo momento a Justiça é vista como um bem, partindo da idéia primária de que
ninguém teria conceitos de bem, conceito agora fixado contractualmente como também
os seus princípios aptos a produzir vantagens para todos – o que somente seria justo, ou
para alguns quando se destinar a melhorar os menos privilegiados – como
redistribuição. Justiça e igualdade, à moda liberal, andam juntos no conceito proposto
pela teoria de Rawls, representando efetivamente, sem assumir, uma postura de defesa
do neoliberalismo.
John Rawls apresenta dois princípois da justiça:
Primeiro princípio: exige a igualdade das atribuições dos direitos e dos deveres básicos.
Cada pessoa, tem o direito igual ao conjunto mais extenso de liberdades fundamentais,
iguais para todos.
O segundo princípio: põe que as desigualdades socioeconômicas são justas se
produzem, em compensação, vantagens para cada um, se beneficiam os indivíduos
menos favorecidos.
2. Debruce sobre a história e o objetivo dos Direitos Humanos.

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Resposta: Os Direitos do Homem representam a aspiração humana à liberdade e o seu
nascimento está associado à concepção individualista da sociedade e à consequente
necessidade de limitar o poder do estado, fazendo-o servir os interesses do indivíduo,
por isso, são de certo modo identificados com a ideia de civilização e com os ideais
democráticos.
A questão dos direitos Humanos começou a ganhar relevância na reflexão dos filósofos
iluministas do século XVIII, Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1691-1778) e
Rousseau (1712-1778) e, a partir de então, teve um desenvolvimento crescente e
começou a ser tida em consideração na elaboração dos programas dos governos e a
traduzir-se em declarações de direitos fundamentais comuns a todos os homens. Embora
haja declarações célebre como a Magna Carta de 1215, a petição dos Direitos de 1628
ou a Bill of Rights de 1689, em Inglaterra, que tinham um conteúdo e objectivos
políticos, pois eram exigências dos cidadãos aos reis e ao estado no sentido de
respeitarem os direitoas de seus súbditos, a “Declaração dos Direitos de Virgínia”, a
“Declaração da Independência dos Estados Unidos da América”, ambas de 1776, e a
“Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” de 18 de Agosto de 1789,
(Revolução Francesa), é que constituem as fontes de enunciação dos valores
individuais, naturais e inalienáveis, inerentes a qualquer cidadão que, ainda hoje, estão
longe de estar garantidos em todos os Estados do mundo.
3. Que é Estado e identifique os seus elementos e as formas de governo (de um
Estado).
Resposta:
(Martïnez, Soares. 2003). Estado é o modo como o poder está organizado num território
e entre uma população. Sahid Maluf, em sua obra Teoria Geral do Estado, define o
estado como sendo uma organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, as
condições universais de ordem social. E o Direito é o conjunto das condições
existenciais da sociedade, que ao estado cumpre assegurar. O direito pode ser natural e
positivo.
Elementos do Estado
Alguns autores destacam que os elementos constituintes do Estado são três: população,
território e governo. Alguns autores pretenderam a inclusão da soberania como o quarto
elemento. Passemos a apresentar alguns dos elementos:
Governo

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É conjunto das funções pelas quais, no estado é assegurado a ordem jurídica. Esse
elemento apresenta-se de várias modalidades, quanto à sua origem, natureza e
composição, do qual resultam as diversas formas de governo. Pela sua origem, o
governo pode ser :
Governo de direito é aquele que foi constituído em conformidade com a lei fundamental
do Estado, senso, por isso, considerado como legítimo perante a consciência jurídica da
nação.
Governo de facto é aquele implantado ou mantido por via de fraude ou violência.
Governo legal é aquele que, seja qual for sua origem, se desenvolve em restrita
conformidade com as normas vigentes de direito positivo. Subordina-se aos preceitos
jurídicos, como condição de harmonia e equilíbrio sociais.
Governo despótico é aquele que se conduz pelo arbítrio dos detentores eventuais do
poder, oscilando ao sabor dos interesses e caprichos pessoais.
Governo Constitucional é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de uma
constituição, instituindo a divisão do poder em três órgãos distintos e assegurando, a
todos os cidadãos a garantia dos direitos fundamentais, expressamente declarados.
Governo absolutista é o que concentra todos os poderes num só órgão. O regime
absolutista tem suas raízes nas monarquias de direito divino e se explicam pela máxima
do cesarismo romano que dava a vontade do príncipe como fonte da lei.
Constituição
O termo constituição deriva do prefixo cum e do verbo stituire, stituto, compor,
organizar, constituir. No seu sentido comum, indica o conjunto dos caracteres
morfológicos, físicos ou psicológicos de cada individuo ou a formação material de cada
coisa. Na Ciência do Estado, essa palavra tem dupka acepção: no sentido lato, é o
conjunto dos elementos estruturais do estado, sua composição geográfica, política,
social, económica, jurídica e administrativa; e no sentido restrito, constituição é a lei
fundamental do Estado, ou seja, o corpo de leis que rege o estado, limitando o poder de
governo e determinando a sua realização (Sahid Maluf).
Soberania
Soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum poder.
Etimologicamente o termo soberania provém de soperanus, supremitas, ou super
omnia, que significa “poder absoluto e perpétuo de uma repúblia”. Denominava-se
poder de soberania, entre os romanos, suprema potestas. Era o poder supremo do

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Estado na ordem política e administrativa. Posteriormente passaram a denominar poder
de imperium, com amplitude internacional.
Símbolos nacionais
a) O emblema da República de Moçambique foi estabelecido após a independência
do país de Portugal. Devido às ligações do movimento de independência em 1970 com
o comunismo internacional do período da Guerra Fria, o brasão é baseado nos
elementos gráficos do antigo brasão de armas da União Soviética.
O brasão de armas de Moçambique tem como elementos centrais um livro aberto
sobre o qual se cruzam uma arma e uma enxada, estando o conjunto disposto sobre o
mapa de
Moçambique como se estivesse a ser olhado a partir do Oceano Índico. Por baixo do
mapa está representado o mar e por cima o sol nascente, de cor avermelhada sobre um
campo dourado delimitado por uma roda dentada. À direita e à esquerda deste conjunto
encontram-se, respectivamente, uma planta de milho, com uma maçaroca e uma planta
de cana de açúcar e, entre elas, no topo uma estrela vermelha fimbriada de ouro. Por
baixo encontra-se uma faixa vermelha com os dizeres “República de Moçambique”.
b) A Bandeira de Moçambique é composta por três faixas horizontais com as cores
verde, preta e amarela, de cima para baixo, separadas por estreitas faixas brancas;
sobreposto às faixas, junto à tralha, encontra-se um triângulo isósceles de cor vermelha,
dentro do qual há uma estrela de cinco pontas dourada, sobre a qual se cruzam uma
arma e uma enxada.
c) Pátria Amada é o hino nacional de Moçambique.
4. Qual a importância, os limites e perigos do conhecimento científico.
Resposta:
Segundo (Lopes, joão. 1977) A civilização tecnológica trouxe consigo uma crescente
urbanização, com o consequente anonimato citadino, uma mobilidade constante, a
valorização da educação, das mudanças e do progresso, e uma acentuada disparidade
entre países ricos e países pobres. Tanto os países capitalistas como os socialistas
tiveram o mesmo ideal: resolver os problemas da humanidade pelo ter mais e pelo não
ser mais.
A civilização tecnológica é essencialmente urbana: e no século XX, esse fenômeno se
generalizou no mundo inteiro. Então, viu se que o mundo está a se tornado “cidade”,
mas as cidades de hoje têm seus grandes contrastes de vida e de morte, de esperança e
de desespero.

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A civilização tecnológica separa o homem da natureza e obriga a viver em um ambiente
totalmente artificial, e não inadequado, tirânico e psicologicamente aterrador. A
educação hoje não é mais responsabilidade apenas da família, pois se tornou condição
essencial no processo de desenvolvimento técnico-científico A ciência proporcionou um
avanço tecnológico, que nem sempre se mostrou favorável ao homem. A crença no
progresso vacilou com II Guerra Mundial.
Os efeitos do industrialismo tornam-se assustadoramente evidentes da degradação do
meio ambiente, no esgotamento dos recursos naturais não renováveis e na desorientação
da camada do ozono. Outro ponto em que o avanço da ciência tecnológica mingua
refere-se à substituição de mão de obra humana pelas máquinas. O trabalho realizado
pelas máquinas tende a ser mais perfeito do que o feito pelas mãos humanas. As
consequências disto são desastrosas. Por exemplo: um computador leva ao desemprego
milhares.
Limites do conhecimento científico
As limitações da ciência em responder aos problemas concretos do homem fez com que
a confiança autrora dada à ciência passasse a ser questionada. A classificação tripartida
da história humana, proposta pelo positivismo errou por ter hipertrofiado o método das
ciências experimentais, desvalorizando todo o tipo de saber diferente do proposto pelo
seu método. Dilthey, o maior representante da nova corrente filosófica oposto ao
positivismo, observa que o método positivo das ciências experimentais satisfaz apenas
às exigências do estudo dos fenômenos naturais, sendo absolutamente inadequado para
o estudo e a compreensão dos fenômenos culturais ou espirituais. Existe, portanto, dois
grupos de ciências: o das ciências da natureza e o das ciências do espírito, cada um
deles dotado de método próprio e, por isso, também de objecto próprio.
5. Distinga a Filosofia Politica na época antiga, medieval, moderna e
contemporânea.
Resposta:
Filosofia Política na Antiguidade
Platão (428-347 a.C)
Platão sentia-se atraído pela actividades política e, por isso desenvolveu uma filosofia
política muito profunda e original que chegou até aos nossos dias. Ele sustentava que a
política deve-se inspirar na filosofia, por ser ela a via segura de acesso aos valores de
justiça e de bem. A origem do estado em Platão é convencional, ou seja, como o homem
não é capaz de satisfazer à todas as necessidades para a sua sobrevivência, precisa do

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outro para se abster. Por isso, ninguém pode ocupar ao mesmo tempo diferentes
profissões. Daí a necessidade de cada um associar-se aos outros, cada um com tarefas
sociais específicas.
Platão distingue três classes sociais:
 A classe dos trabalhadores: predomina nesta classe a virtude da temperança, o
domínio e a disciplina dos prazeres e desejos, capacidade de se submeter a
classes imediatamente superiores.
 A Classe dos guardas: predomina nesta classe o domínio da força da lama,
composta por homens que à semelhança dos cães de raça, dotados de mansidão e
ferocidade, têm como virtude a força e a coragem. Deve impedir que a classe
baixa produza mais riquezas e garantir que esta tenha uma vida mínima e
decente.
 A classe dos Governantes: os integrantes desta classe devem ter amor pela pátria
em relação a todas as restantes classes; devem conhecer e contemplar
Aristóteles (384-322 a.C)
Aristóteles é mais “amigo da verdade que do mestre”. Foi discípulo de Platão, mas em
muitos pontos contesta as doutrinas de seu mestre. Sobre a origem do Estado, é
contrário a ideia de Platão segundo a qual a origem do Estado é convencional. Em
Aristóteles, o Estado é natural e o homem é, por natureza um animal político, pois é
caracterizado pela sua integração numa pólis (cidade), que resulta de uma civilização da
espécie humana, tais como: família, tribo, aldeia e cidade. A cidade é a constituição e
está, cria o Estado, de maneiras que, a mudança da constituição implica a mudança do
tipo de Estado. A constituição é a estruturas que dá ordem à cidade, estabelece o
funcionamento de todos os cargos, sobretudo os de soberania. Há três espécies de
constituição:
 Monarquia: governo de um só homem;
 Aristocracia: governo de uma classe restrita;
 Democracia: governo de muitos homens.
Filosofia política na idade média
Santo Agostinho (354-430)
Nasceu em Tagaste, na Numídia. Converteu-se ao cristianismo após uma juventude
conturbada que culminou com a sua conversão em Milão. Foi professor de retórica e
nunca exerceu a vida política. Foi bispo de Hipona e dedicou a sua vida em defesa da
religião, contra os hereges. A sua doutrina política encontra-se em sua famosa obra

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intitulada Cidade de Deus (413-427), que absorve o direito do Estado pelo da Igreja.
Santo Agostinho fez uma apresentação do modelo em duas cidades: a Cidade de Deus e
a Cidade dos Homens. Para os pensadores medievais, a esfera política se integrava num
horizonte muito vasto e profundo do que no pensamento grego. Aqui transcende-se o
hábito natural, isto é, a compreensão da política como uma necessidade tendente aos
bens materiais e aos valores do homem para o bem do corpo e da alma.
Santo Tomás de Aquino
A filosofia de Santo Tomás de Aquino (1225-1274) tem como fonte de inspiração o
aristotelismo. Por isso, Tomas de Aquino defende que o Homem é por natureza um ser
social político e pode viver e resolver todos os problemas em coordenação com os
outros membros da sociedade. Ele deu um sentido pleno de justiça, ética política e
económica, tentado por Aristóteles, onde a temperança é recomendada aos
trabalhadores; a força compete aos defensores da cidade e a prudência é apanágio dos
chefes filósofos. A origem do Estado está na própria natureza do Homem, definindo o
homem como animal político social porque está ordenado a viver em sociedade, e é
através desta vivência social que o homem necessita de um princípio de governo. A
necessidade do Estado não procede do pecado original que existiria mesmo que o
legado original não existisse. Os Homens vivem mutuamente relacionados.

Filosofia Política na Idade Moderna


A Idade Moderna começa com o fim da Idade Média. Esta mudança reflecte-se em
todos os sectores dos saberes humanos, como: a política, a religião, a filosofia, ciência,
a arte, a moral e a toda a cultura em geral. Na Idade Média a vida do espírito é orientada
para o mundo sobrenatural. A existência humana é a preparação para outra vida, na qual
se realiza o destino de cada um, e ela se realiza pela virtude sobrenatural da graça de
Deus. A Igreja é a depositária da verdade revelada e a indispensável intermediária entre
a terra e o céu. Ela tem o poder de atar e desatar; a ela compete formar as almas e
ordenar toda a esfera da actividade humana, individual e social.
O mundo moderno tem o seu início no século XV e não há um facto histórico concreto
que assinala a modernidade. Mas os historiadores apresentam várias hipóteses, entre
eles a queda do Império Romano do Oriente em 1453; outros indicam a chegada de
Cristôvão Colombo às Américas em 1492; outros apontam para o movimento da
Reforma Protestante como acontecimento que, pelo seu impacto e significado, marca a
passagem da Idade Média para a Idade Moderna, quando Martinho Lutero fixou as 95

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teses na porta da paróquia de Wittenberg na Alemanha, exigindo umas reforma na Igreja
Católica, em 1517.
Nicolau Maquiavel (1469-15)
A teoria de Maquiavel “Os fins justificam os meios.” Maquiavel. Nasceu Florença
(Itália) e pertencia à uma família da burguesia. Desempenhou diversos cargos políticos
e diplomáticos. Dentre as suas obras, destacam-se: O Príncipe (1513) e Discursos sobre
a Primeira Década de Tito Lívio (1519). Na sua primeira obra, apresenta as
experiências das coisas modernas e das lições aprendidas no passado. Ele parte duma
visão pessimista da natureza humana e propõe um Estado fundado na força.
Os governantes devem partir do pressuposto de que todos os homens réus, e deste a
empregarem todos os meios para alcançar o fim de conservar a própria vida e do Estado.
O governante deve impor-se mais pela força do que pelo amor. Mas o Príncipe, deve
aparentar que está agir com a melhor das intenções, o que significa que o príncipe deve
ser “uma espécie de lobo vestido de carneiro”. Maquiavel é considerado o fundador da
Ciência Política moderna, na medida e que substitui a especulação, a observação directa
e indirecta feita através de leituras. Fez uma classificação original e inovadora dos
regimes políticos: a República e a Monarquia.

Thomas Hobbes (1588-1679)


É um filósofo inglês, defensor do empirismo e da política. Ele se diferencia de outros
pensadores ingleses pela sua concepção metafísica de cunho, claramente materialista e
por sua visão ética essencialmente hedonística. Dentre as suas obras, apresentamos as
seguintes: De corpore, que trata da física e da metafísica; De homine, que trata sobre a
gnosiologia e a psicologia; Leviathan, que compreende a polítca e a ética. Essas obras,
que forma um todo, são conhecidas também pelo título geral de Elementos de filosofia.
O seu pensamento político teve forte influência do ambiente em que ele viveu.
Participou da vida polítca de seu país, e, mesmo quando se encontrava no exílio,
continuou a seguir os acontecimentos que elevaram à queda da monarquia (decapitação
de Carlos I, em 1649) e a instauração de Cromwell.
John Locke (1632-1704)
É o segundo grande expoente da filosofia inglesa no século XVII. À semelhança de
Hobbes, Locke se interessa pelos problemas gnosiológicos e políticos. Locke nasceu em
Wrington, na Inglaterra, aos 19 de Agosto de 1632 e faleceu aos 28 de outubro de 1704.

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Estudou na Universidade de Oxford, tendo-se em ciências experimentais, especialmente
a medicina, na qual se destacou. As suas obras são as seguintes: Dois tratados sobre o
Governo, Ensaio sobre o intelecto humano, Cartas sobre a tolerância religiosa.
Participou por algum tempo na vida política e, depois se retirou para Oates, onde veio a
falecer.
Em relação à política, Locke expõe a sua doutrina nos Dois tratados sobre o governo.
Como Hobbes, ele distingue dois estados: o estado de natureza e estado social. O Estado
de natureza não é um estado no qual cada um tenha direitos ilimitados sobre tudo. O
Estado de natureza, diz Locke, tem uma lei da natureza que obriga a todos; e a razão,
que é esta lei, ensina a humanidade quando esta a consulta, que, sendo todos iguais e
independentes, ninguém deve causar danos a outrem em sua vida, em sua saúde,
liberdade e em sua propriedade.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Natural de Genebra, na Suíça, deixou sua terra natal aos 16 anos de idade. Levou uma
vida conturbada, andando por diversos lugares, ora por espirito de aventura, ora devido
a perseguições religiosas. Dentre suas obras, destacam-se: Discurso sobre a origem da
desigualdade entre os homens, Do contrato Social, ambos sobre política, e Emílio ou da
Educação (1762).
Para Rousseau, o indivíduo em estado de natureza é bom, mas se corrompe na
sociedade, que destrói sua liberdade. Ele defende que “o homem nasce livre e por toda
parte encontra-se a ferros”. Considera então a possibilidade de um contrato social
verdadeiro e legítimo, que reúne o povo numa só vontade, resultante do consentimento
de todas as pessoas.
Segundo Rousseau, o cidadão não escolhe representantes a quem delegar o poder, como
defendiam Locke e a tradição liberal, porque para ele só o povo é soberania. Ou seja, o
pacto que institui o governo não submete o povo a ele, isto é, os depositários de poder
não são senhores do povo, mas seus oficiais, e apenas executam as leis que emanam do
povo. Nesse sentido, Rousseau critica o regime representativo e defende a democracia
directa, pois toda a lei não ratificada pelo povo é nula.
Montesquieu (1689-1755)
Nasceu perto de Bordéus, na França. Era filho de família nobre, e o seu nome era
Charles Louis de Secondant, barão da La Bréde e posteriormente barão de
Montesquieu. Teve formação iluminista com os padres oratorianos, de modo que cedo
se mostrou um crítico severo e irónico da monarquia absolutista decadente, bem como

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do clero. Dentre as suas obras destacaram-se: Cartas persas e o Espírito das leis.Sua
obra mais importante é o Espirito das Leis, onde discute a respeito das instituições e
das leis, e busca compreender a diversidade das legislações existentes em diferentes
épocas e lugares.
Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o princípio de cada
governo, Montesquieu desenvolve uma teoria do governo que alimenta as ideias
fecundas do constitucionalismo, pelo qual se busca se distribuir a autoridade por meios
legais, de modo a evitar o arbítrio e a violência. Em ralação a liberdade, Montesquieu
diz-nos que “é verdade que nas democracias o povo parece fazer o que; mas a liberdade
política não consiste nisso. Num Estado em que a leis, a liberdade não pode consistir
senão em poder fazer o que se deve querer e em não ser constrangido a fazer o que não
se deve desejar”.
A Filosofia Política Contemporânea
John Rawls (1921-2002)
Nasceu em Baltimore a 21 de Fevereiro de 1921, e veio a falecer em 24 de Novembro
de 2002. Foi professor de Filosofia Política na Universidade de Harvard, autor de Uma
Teoria da Justiça (1971), Liberalismo Político (1993), e O Direito dos Povos (1999). A
Justiça para Rawls é equidade no momento inicial do pacto, partindo-se da suposição
que todos são iguais, e que por isso podem determinar a forma de actuar a defesa dos
seus direitos, fixar os direitos, categorizar os bens que interessam ao grupo social. Num
segundo momento a Justiça é vista como um bem, partindo da idéia primária de que
ninguém teria conceitos de bem, conceito agora fixado contractualmente como também
os seus princípios aptos a produzir vantagens para todos – o que somente seria justo, ou
para alguns quando se destinar a melhorar os menos privilegiados – como
redistribuição. Justiça e igualdade, à moda liberal, andam juntos no conceito proposto
pela teoria de Rawls, representando efetivamente, sem assumir, uma postura de defesa
do neoliberalismo.
6 .Explicar o conceito de Politica e a sua relação com a filosofia
Resposta:
A filosofia política é ramo da filosofia que visa a fundamentação de idéias de
organização dos homens que vivem em sociedade. Em suma, é a actividade racional e
crítica, à razão política.
A relação que se encontra entre a Filosofia e a política está no facto de que, a filosofia
procura deter-se e abarcar nas condições de emergência da coisa pública no homem

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como animal político e na tipologia dos regimes. A filosofia examina o nascimento das
instituições políticas e a sua maturidade; Ernesto Chambisse acrescenta ainda que, a
Filosofia vem iluminar os conceitos inerentes à Política, tais como: justiça, bem comum,
estado, tolerância, bem como a própria definição de política; questiona o grau de
liberdade consentâneo com a coesão social e o equilíbrio na divisão do poder. É a
filosofia que deve denunciar a absolutização da política e a redução à sua natureza
precária; deve criticar a política e todas as formas de dominação do homem pelo
homem. (Lopes, joão. 1977)
5.9. Unidade 21

1. O Conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação


significativa, pode ser, em linhas gerais, classificado em diversos tipos. Mencione
Resposta: O conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa
representação significativa, pode ser, em linhas gerais, classificado em diversos tipos:
mítico, ordinário, artístico, filosófico, religioso e cientifico.
5.10. Unidade 22

2. Define o conceito de Estética


Resposta: A Estética desígna simultaneamente: a capacidade humana de captação do
que nos rodeia através dos órgãos dos sentidos; o sentimento de agrado ou de desagrado
que acompanha as nossas percepções” (ALVES, 1997: 131). A atitude estética consiste
em perceber o objecto como objeto estético, ou seja, como objecto de que se gosta ou
não se gosta.
3. Destaca as modalides das experiências estéticas.
Resposta:
As modalidades da experiência estética são: experiência estética de natureza;
experiência estética da criação artística e experiência estética da obra da arte.
Experiência estética da natureza: experiência estética do ser humano quando, na
admiração da natureza, e sujeito de determinados sentimentos ou vivências, tais como o
prazer, o deleite, a maravilha, o espanto que o conduzem a contemplação.
Experiência estética da criação artística: experiência do artista da fase da criação;
uma experiência tantas vezes marcada pela reflexão, pelo silencio, pelo isolamento.
Experiência estética da obra da arte: experiência do espectador na contemplação da
obra da arte, também designada por experiência estética da recepção.
5.11. Unidade 23

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1. Perante a obra de arte, o ser humano pode situar- se numa das seguintes
posicões. Mencione.
Resposta: Perante a obra de arte, o ser humano pode situar-se numa das seguintes tres
posições:
Como critico: o ser humano procura, entre outras coisas, interpretar o significado
antropológico da criação artistica e determinar os critérios da beleza, etc. Esta e a
atitude do esteta, do historiador da arte, do sociólogo, do antropólogo, do psicólogo e do
filósofo.
Como espectador: o ser humano colabora na recriação da obra e também na
transfiguração da realidade.
Como criador: o ser humano, por meio da realizaçao da obra, opera, como se disse, a
transfiguraçao do real; inventa um mundo distinto do que é dado na percepção.
5.12. Unidade 24

1. Explique a experiência religiosa e os modos de encarar a religião.


Resposta: Os modos de encarar a religião são:
 A religião-moral: existe para compensar os mecanismos de Controle social;
 A religiosidade cósmica: expresso o sentimento de maravilha perante à
natureza.
 A religião temor: aquela que surgiu para compensar a Fragilidade humana;

6. Conclusão

O presente trabalho de pesquisa conclui-se que , a teoria do conhecimento é uma


disciplina filosófica que investiga quais são os problemas decorrentes da relação entre
sujeito e objecto do conhecimento, bem como as condições do conhecimento
verdadeiro. A Filosofia pré-socrática se caracteriza pela preocupação com a natureza do
mundo exterior. O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da
cosmogonia para a cosmologia. As dimensões do discurso humano são Sintática,
semântica, pragmática, linguística, textual, lógico racional, expressiva ou subjetiva,
intersubjetiva ou comunicacional, argumentativa, apofântica ou representativa,
comunitária, institucional e ética. A relação que se encontra entre a Filosofia e a política
está no facto de que, a filosofia procura deter-se e abarcar nas condições de emergência
da coisa pública no homem como animal político e na tipologia dos regimes. A filosofia

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examina o nascimento das instituições políticas e a sua maturidade; Ernesto Chambisse
acrescenta ainda que, a Filosofia vem iluminar os conceitos inerentes à Política, tais
como: justiça, bem comum, estado, tolerância, bem como a própria definição de
política; questiona o grau de liberdade consentâneo com a coesão social e o equilíbrio
na divisão do poder. A atitude estética consiste em perceber o objecto como objeto
estético, ou seja, como objecto de que se gosta ou não se gosta.

7. Referências

Mondin, b. (1980) Introdução à Filosofia; Problemas, Sistemas, Obras; 7ª edição,


edições Paulinas, S. Paulo,
Cotrim, gilberto. (2002) Fundamentos de Filosofia; 15ª edição, editora Saraiva, S.
Paulo,
Lopes, joão. (1977) Introdução à Filosofia 2, Didáctica editora; Lisboa

Abbagnano, nicola. (2003) Dicionário de Filosofia, Martins Fontes, S. Paulo,


Alves, fátima, et al.(1998) A Chave do Saber –Introdução à Filosofia 10º Ano, Porto
editora, Porto,
Aranha, maria lúcia de arruda et al. (1993) Filosofando. Introdução à Filosofia; 2ª
edição, S. Paulo,

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Chambisse, ernesto et al. (2003) A Emergência do Filosofar. Filosofia 11ª/12ª Classe, 1ª
edição; S. Paulo,
Martïnez, Soares. (2003) Filosofia do Direito, 3ª edição, Editora Almedina, Coimbra,
Mondin, b. (1980) O Homem, que é ele? Elementos da Antropologia Filosófica; 7ª
edição, edições Paulinas, S.Paulo,
Vicente, j. (1998) Neves. Razão e Diálogo, Introdução à Filosofia 10º Ano, Porto
editora, Porto,.

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