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CONCEITO DE SAÚDE

Saúde, vem do Latim salus, "bom estado físico, O conceito de saúde, como um direito à cidadania,
saudação", relacionado a salvus, "salvo". foi expresso na Constituição Brasileira de 1988,
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): Saúde é um seção II, nos artigos 196, 197, 198 e 199. Estes
estado de completo bem-estar físico, mental e abordaram o conceito de saúde na perspectiva
social, e não, simplesmente, a ausência de doenças. política, econômica e social. Ampliou-se o direito do
cidadão à saúde do direito previdenciário, e foi
Da Antiguidade ao século XXI, superada a dada relevância pública aos serviços de saúde
concepção sobrenatural de saúde e enfermidade, como descritos no artigo 196:
concebia-se saúde como a ausência de
enfermidade (doença, deficiência, invalidez). A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido
Estado que se revelava equilíbrio do organismo, mediante medidas políticas, sociais e econômicas que visem à redução do
com referência aos seus meios interno e externo. risco de doença e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
Gozar saúde significava não padecer enfermidade, e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1998)
estarem harmonia consigo mesmo e com o meio.
Já ia avançado o século XX quando a concepção de Indefinição e pouco avanço na
saúde foi mudada para bem-estar, além de Construção do conceito “saúde”
ausência de enfermidade. É inegável que tal — Há ineficiência em que todos se valham de um
mudança constituiu um avanço. No plano formal, mesmo conceito.
porque é uma proposição positiva; no plano
essencial, porque superou as dicotomias entre — Ênfase em concepções individuais (percepção)
corpo e mente, natural e social, saúde e
enfermidade, promoção e profilaxia, profilaxia e — As concepções coletivas são tomadas a partir
terapêutica, terapêutica e reabilitação; mas de um referencial de militância
também porque possibilitou a emergência de
EXEMPLO: Trabalhar no âmbito de saúde coletiva e
políticas sanitárias mais úteis e eficazes. Além de
se basear na premissa de que, que a saúde
situar a saúde como um estado positivo que podia
coletiva deve ser almejada e buscada, porém,
ser promovido, buscado, cultivado e aperfeiçoado.
ainda, sem definir o que é saúde. Isso atrapalha a
construção no campo.
— Há pouco investimento dos estudos em Embora a prática esteja concentrada
construir um conceito (diferente de definição): principalmente em 30 países na África e no
EXEMPLo: Não se fez um movimento de integração Oriente Médio, ela ocorre também em alguns
de diferentes definições para compor o conceito, lugares da Ásia e da América Latina. E entre
que é mais amplo do que definição. populações imigrantes que vivem na Europa
Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova
— Há pouco investimento dos estudos em Zelândia, dizem as Nações Unidas.
construir um conceito (diferente de definição). Mutilação genital feminina, ou na sigla MGF, é o
Restringem-se em opor saúde à doença e têm corte ou a remoção deliberada da genitália
foco no processo de adoecimento. Restringem-se feminina externa. A prática envolve a remoção ou
em opor saúde à doença e têm foco no processo o corte dos lábios e do clitóris, e a Organização
de adoecimento. Mundial da Saúde a descreve como "um
Exemplo: Quando chega nos centros de saúde, procedimento que fere os órgãos genitais
questiona-se o profissional da unidade sobre quais femininos sem justificativa médica". É um
são as ações de promoção à saúde realizadas. relativismo cultural perigoso.
Poucos, sabem responder porque não se tem A maioria das razões apontadas para a mutilação
foco no processo de saúde, mas sim no de genital feminina passa por aceitação social,
adoecimento. religião, desinformação sobre higiene, um modo de
preservar a virgindade, tornando a mulher
Saúde como normalidade "casável" e ampliando o prazer masculino.
O conceito de saúde muitas vezes tende a se Em algumas culturas, a MGF é considerada um rito
de passagem à vida adulta e um pré-requisito para
confundir com uma ideia de frequência estatística
o casamento. Geralmente, no entanto, o
(normalidade). Ou seja, se estão todos de um
procedimento é feito contra a vontade da mulher.
“mesmo jeito”, o normal é “ser assim”
O conceito de “normal” tem duplo sentido:
 Noção de média estatística;
 Parâmetro moral: Aquilo que é considerado
desejável em um determinado momento e
lugar.
Corre-se o risco de realizar concessões e
relativismo perigoso.
EXEMPLo: O sofrimento da mutilação genital
feminina é uma realidade para cerca de 200
milhões de meninas e mulheres que vivem hoje, de
acordo com a Organização das Nações Unidas
(ONU).

Desse modo, a prática médica acaba por estabelecer


normas do que é saudável e tende a buscar o retorno
do paciente à norma da qual este se desviou.
doentio. Os infortúnios também fazem parte da
vida. Ex. angústia.
Corre-se o risco de realizar concessões e
relativismo. — Existe o mal-estar intrínseco, que é necessário
para o autoconhecimento do sujeito.
Concepção da Organização Mundial de Saúde –
1948 (após II Guerra Mundial) Georges Canguilhem (filósofo francês, 1904-1995)

Nesse contexto, a OMS continua sendo um campo Georges Canguilhem foi um filósofo e médico francês.
Especialista em epistemologia e história da ciência, publicou
de disputa, onde definiram a “Saúde como o obras importantes sobre a constituição da biologia como
ciência, sobre medicina, psicologia, ideologias científicas e
completo estado de bem-estar físico, mental e ética, notadamente Le normal et le pathologique e La
connaissance de la vie
social e não a mera ausência de moléstia ou
doença”.
Essa concepção é criticada porque trata de uma
tentativa de positivação da noção de saúde como
um termo idealizado e romantizado. Normalmente o indivíduo doente é
considerado destacado de seu contexto.
”Para você estar saudável, tudo tem que estar bem”.
Não podemos olhar apenas para a doença, mas
Qual é o mínimo de bem-estar comum, se cada um o sim para o sujeito e em sua interação com o
entende de forma diferente? ambiente.
“O ser vivo e o meio não podem ser chamados de
Com o passar dos anos, novas normais se forem considerados separados”. O
definições foram criadas, buscando-se critério de normalidade deve considerar a relação
alternativas em seu contexto social. entre o organismo e seu meio, o modo como ele
responde às demandas do ambiente.
Críticas a essa concepção
Condição ideal de bem-estar, não há esse
Há uma diferença entre doença como
completo estado bem-estar. A vida implica em
anormalidade e como sofrimento do sujeito, entre
movimento, o organismo não é algo estático, ele
a doença diagnosticada pelo médico (conjunto de
está permanentemente em mudança. O próprio
sintomas) e a doença vivida pela pessoa (Illness x
movimento, mesmo que inclua fatores ruins, essa
desease).
movimentação é saúde.
Illness: Processo de vivência (a doença em contato
—O bem-estar tem um caráter eminentemente
com o corpo)
subjetivo.
Desease: Doença como sintoma.
— Ao se enfatizar o bem-estar, corre-se o risco
de desqualificar tudo o que se apresente como um
“mal-estar”, apresentando o como perigoso e
Corpo subjetivo, social e histórico — A saúde implica nos compromissos que o sujeito
constrói com seu meio, com sua realidade física,
O conceito de saúde implica não só em funções
econômica, afetiva, relacional, social.
orgânicas, em conceitos científicos, mas também
diz respeito a um CORPO SUBJETIVO e HISTÓRICO. — A saúde é ter meios de traçar um caminho
pessoal e original (não é ser diferente e melhor)
Assim, a saúde deixa de ser um objeto exclusivo
mas aplicar e deixar a marca de identidade no
dos especialistas em saúde e passa a ser um
caminho que irá percorrer em direção a um bem-
assunto ligado intrinsecamente à vida e à história
estar físico, psíquico e social. E essa construção
das próprias pessoas.
depende ao mesmo tempo do indivíduo e do
Nesse caso é o sofrimento, e não somente as coletivo. Nesse sentido, é importante a eterna construção.
medidas que estabelecem o estado de doença.
Questão social
Ao médico (e ao psicólogo também) caberia além
— Existem condições de vida impostas,
de dominar um saber especializado sobre as
convivência em um meio com características que
doenças, aceitar que cada paciente o instrua
não podem ser escolhidas: pobreza, alimentação
sobre o que só ele pode dizer sobre si.
deficiente, condições sanitárias precárias, etc.
*Ser humilde ao cuidado que ele necessita.
Historicamente, tem sido muito mais fácil
— Não é unicamente as médias estatísticas, nem normalizar condutas do que transformar
a fuga da normalidade que indicam um condições perversas de existência. Isso quer dizer
adoecimento, mas principalmente as dificuldades que, muitos dos diagnósticos são associados a
que o organismo encontra para dar respostas às questão social. Como se o profissional estivesse
demandas que o meio lhe impõe. “patologizando” a vida da pessoa. Muitas vezes,
Resposta de aceitação, reivindicação, questionamento ou oposição. colocando a culpa nela. O lugar da patologia, nela.
Definindo que, ela está em oposição disfuncional
Canguilhem: A saúde não é a ausência de mal-estar, de erros, do que é esperado, sem ter coragem de
de faltas, mas a possibilidade de enfrentá-los, de superar situações
novas. questionar qual é o meio em que ela se vive.
— É no interior de um meio capaz de garantir uma
Christophe Dejours (psicanalista,
existência digna e saudável que o indivíduo pode
psicodinâmica do trabalho)
constituir-se como um sujeito capaz de tolerar as
Christophe Dejours é doutor em Medicina, infrações e as infidelidades a que estamos
especialista em medicina do trabalho e em expostos.
psiquiatria e psicanalista. É considerado o pai
da psicodinâmica do trabalho.
— É necessário ir além dos diagnósticos e
A Loucura do Trabalho compreender o esquema representacional típico
de populações de baixa renda, às voltas com
Estudo de Psicopatologia do Trabalho problemas de sobrevivência física, psíquica e
social. (Identidade corpo trabalho: vivem muitas
questões do trabalho no corpo).
No trabalho com camadas populares o enquadre Há uma linha tênue entre permitir que a pessoa exerça um
deve ser revisto a partir dos valores dessa comportamento autodestrutivo porque é uma necessidade que faz parte
mesma classe. Sem isso corre-se o risco de se do funcionamento psíquico dela que diverge de uma negligência.
fazer um movimento ortopédico (impor seu modo
EXEMPLo:“Não consegue cuidar de algo que não se respalde apenas a
de vida, padrão e moral).
clínica, a pessoa não adere ao tratamento e escolhe o tipo de risco para
Exemplo: para lidar com a ansiedade, o a sua vida”.
recomendável é realizar meia hora de caminhada
por dia. As instituições de saúde não reconhecem formas de mal-
estar que não sejam etiquetadas como doença (sofrimento social
Manter esse discurso para reduzido a individual). A filiação do sujeito à sociedade acaba sendo
pessoas que não tem condições psíquicas e dada através de um projeto-doença. (Medicalização do sofrimento)
emocionais. A pessoa pode se sentir culpada, é Carreteiro, T.C.; Araújo, J,N.G. (orgs.) (2001). Cenários sociais e
abordagem clínica. São Paulo: Escuta.
necessária empatia cultural.
O sujeito precisa passar por diagnósticos para que possa acessar
*Não é porquê é cultural, é que se deve também benefícios (tratamentos) para encaminhamentos com outros
aceitar e reproduzir violências que ferem a profissionais.

dignidade humana. Conceito de Saúde “por trás” da


Há uma introjeção da inutilidade, da desqualificação, Constituição Brasileira de 1988 “Art. 196
da impossibilidade do sujeito de integrar-se aos
valores sociais considerados positivos. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas
Nesse caso, o sofrimento psíquico é sofrimento que visem à redução do risco de doença e de
social; o cuidado integral não se baseia apenas na outros agravos e ao acesso universal e igualitário
psicoterapia, mas sim a abordagem de reflexões. às ações e serviços para sua promoção, proteção
Por outro lado...uma controvérsia e recuperação.
Existem estilos de vida escolhidos, eleições e Não é apenas diagnosticar:
condutas individuais, privadas que aumentam ou Promover condições de vida digna;
diminuem o risco de adoecimentos.
Exercício de cidadania;
Aqueles que pretendem socorrer os outros não
concebem que o infortúnio pode ser uma
necessidade pessoal e que os sujeitos podem
necessitar do terror, das privações, da pobreza
e dos riscos (pulsão de morte)
Isso faz ou não sentido dependendo do
funcionamento psíquico de cada um.
Aqui, se faz referência a curva do que é “normal”.
Necessidades de Saúde
— Opõe-se ao conceito de “atendimento de
demanda”
Sujeito quer tomar remédio - Não é porque o
sujeito quer tomar determinado remédio, que
pode e deve ser fornecido. Avaliar se é
necessário, cuidar do que está originando esse
sintoma.
EXEMPLo: A mulher que sofre com relacionamento
abusivo onde o parceiro a humilha e agride
fisicamente.
— Aproxima-se do princípio da Integralidade
Inclui a seguinte taxonomia:
1. Boas condições de vida
2. Acesso ao consumo de tecnologias de saúde
capazes de melhorar e prolongar a vida
3. Criação de vínculos afetivos e efetivos
4. Graus crescentes de autonomia

Saúde Mental - psicodinâmica


A saúde mental não é certamente apenas bem-
estar psíquico. A saúde é quando ter esperança é
permitido.. O verdadeiro perigo existe quando não
há mais desejo, quando ele não é mais possível.
Então, tudo se torna muito incômodo e é aí que as
pessoas vão muito mal. Quando o desejo não é mais
possível, quando não há mais desejo, temos o que
se chama ‘uma depressão’ (Dejours).
1) A seguinte definição de saúde encontra-se em qual das fontes listadas?
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou
enfermidade”
a) Na obra de Ganguilhem.
b) Na obra de Dejous
c) Diretrizes do SUS (Lei 8080/90)
d) Constituição Brasileira de 1988
E) Na OMS (Organização Mundial de Saúde)
2) Na Constituição Federal do Brasil, o art. 1996 define saúde como “A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido mediante
medidas políticas, sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção,
Tal afirmação assinala que a responsabilidade pela manutenção da saúde dos brasileiros cabe
proteção e recuperação”.
exclusivamente ao SUS.
a) Verdadeiro
b) Falso
3) Sobre o conceito de saúde da OMS, podemos afirmar que:
a) É bastante utilizada nos serviços de saúde mental que integram a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
b) É bastante criticada pelos especialistas, pelo caráter individualista e estático.
c) É bastante criticada pelos especialistas, pelo seu caráter dinâmico e impreciso.
d) Não traz nenhuma novidade em relação ao que sempre se soube, historicamente, sobre saúde.
E) Trata-se da mais recente conceituação, comtemplando sobre o tema.
4) Considerando as principais ideias apresentadas por Ganguilhem, em “O Normal e o Patológico), podemos afirmar que:

a) Devemos atuar sobre a normalidade que diagnosticamos nos indivíduos e coletividades.


b) O critério de normalidade deve considerar a relação entre o organismo e seu meio, independente de como ele responde
às demandas autoritárias do ambiente.
c) Há diferença entre a doença diagnosticada e a doença vivida pelas pessoas.
e) O indivíduo doente sempre foi, historicamente, considerado em sua interação com o seu contexto.
5) Considerando as principais ideias apresentadas por Ganguilhem, em “O Normal e o Patológico”, podemos
afirmar que: “No trabalho com camadas populares o enquadre deve ser a) Verdadeiro
revisto a partir dos valores dessa mesma classe. Sem isso, corre-se o risco de
b) Falso
se fazer um movimento ortopédico.
Objetivos principais:
A epidemiologia é o eixo da saúde pública.
Proporciona as bases para avaliação das medidas Descrever a distribuição e a magnitude
de profilaxia, fornece pistas para diagnose de dos problemas de saúde nas populações humanas.
doenças transmissíveis e não transmissíveis e
enseja a verificação da consistência de hipóteses
de causalidade. Além disso, estuda a distribuição da Proporcionar dados essenciais para o
morbidade a fim de traçar o perfil de saúde- planejamento, execução e avaliação das ações de
doença nas coletividades humanas; realiza testes prevenção, controle e tratamento das doenças,
de eficácia e de inocuidade de vacinas, desenvolve bem como para estabelecer prioridades.
a vigilância epidemiológica; analisa os fatores
ambientais e sócio- -econômicos que possam ter
alguma influência na eclosão de doenças e nas Identificar fatores etiológicos na gênese
condições de saúde; constitui um dos elos de das enfermidades.
ligação comunidade/ governo, estimulando a
prática da cidadania através do controle, pela
sociedade, dos serviços de saúde
A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA),
em seu Guia de Métodos de Ensino, define
epidemiologia como o estudo dos fatores que
determinam a frequência e a distribuição das
A epidemiologia congrega métodos e técnicas de
doenças nas coletividades humanas.
três áreas principais de conhecimento:
Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença Estatística, Ciências da Saúde e Ciências Sociais.
no indivíduo, analisando caso a caso, a epidemiologia Sua área de atuação compreende ensino e
debruça-se sobre os problemas de saúde em pesquisa em saúde, avaliação de procedimentos e
grupos de pessoas – as vezes grupos pequenos. serviços de saúde, vigilância epidemiológica e
na maioria das vezes envolvendo populações diagnóstico e acompanhamento da situação de
numerosas. saúde das populações.
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

Identificação das causas envolvidas e da forma como participam no processo da doença, a fim de elaborar
um modelo descritivo compreendendo as inter-relações entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente.

Hospedeiro Agente Ambiente


 Idade;  Biológicos (microrganismos)  Determinantes físico-
 Sexo;  Químicos (mercúrio, álcool, químicos
 Estado civil; medicamentos) (temperatura,
 Ocupação;  Físicos (trauma, calor, umidade, poluição,
 Escolaridade radiação) acidentes)
 Características genéticas  Nutricionais (carência,  Determinantes
 História patológica pregressa excesso) biológicos (acidentes,
 Estado imunológico infecções)
 Estado emocional  Determinantes sociais
(comportamentos,
organização social)
EXEMPLo: Tereza e Claúdia são amigas, colegas de
faculdade e moram em uma cidade bem pequena,
no norte de Minas Gerais. Apesar de não haver
muitos médicos especialistas na cidade e de
estudarem no mesmo lugar, possuem condições e
hábitos de vida muito diferentes. Já Cláudia
abusa do refrigerante e das frituras, é sedentária
– não faz qualquer tipo de exercício físico, não se
importa com a higiene das frutas e dos legumes
que consome. Além disso, mora em um bairro que
Tereza pratica caminhada, não possui rede de esgotos eficiente.
alimenta-se com qualidade (sem abusar do sal ou
do açúcar) e mora em uma rua que possui rede
de esgoto e água tratada, pois aprendeu que deve
ter cuidados para evitar que a doença aconteça.

Assim, você pode


perceber que Cláudia está exposta a uma série de
doenças, e Tereza a muito menos enfermidades.
É necessário que Cláudia cuide mais da saúde, para
que não venha a ter nenhuma doença,
especialmente as que são típicas de má
alimentação ou da falta de higiene.
Vendo esse exemplo, é possível relacionar com o
fato de que as doenças não terem apenas uma
causa biológica. O estado de saúde ou de doença
tem uma série de causas, e elas também estão
relacionadas às condições de vida das pessoas.
A história natural de uma doença é uma descrição, Unicausalidade: Ter apenas uma causa.

ou seja, algo que possui uma evolução, do processo Estímulo patológico: Diz-se de algo que acaba
de adoecimento de um indivíduo até sua cura ou possibilitando o aparecimento da doença. Por
exemplo, beber água que não recebe
morte. tratamento algum é um estímulo negativo para a
Trata-se de um estudo que acaba sendo um saúde, ou seja, possibilita que ocorram doenças.

instrumento necessário, pois aponta quais


métodos podem ser utilizados na prevenção e no
controle. Quando a defesa do organismo do homem é baixa,
há certas doenças que podem contaminá-lo
Podemos dizer que a visão de unicausalidade da facilmente. Um indivíduo que não tem o cuidado de
doença é desconsiderada, pois para a história se proteger ao ter relação sexual ou que tem
natural da doença existem vários fatores na relação com diversos parceiros sem proteção,
causa de uma doença, ou seja, sua origem e que sai com prostitutas e não toma os devidos
determinação é multicausal. cuidados, que não é fiel à esposa ou ao marido tem
A história natural da doença é todo tipo de mais risco de contrair doenças sexualmente
interação entre três elementos: transmissíveis, seja ela sífilis, Aids ou qualquer
outra.
É importante dizer que, na expressão “história
natural da doença”, a palavra “natural” refere-se
ao lado biológico da doença. Ela não deve ser
considerada como oposição ou até mesmo como
uma negação à questão histórica/ social da
É importante levar em consideração também as doença. Na verdade, aqui o natural (biológico) e o
características do meio ambiente que facilitam o social têm, cada um, seu papel e não se excluem
estímulo patológico, passando pela resposta do
homem ao estímulo e pelas alterações
consequentes da enfermidade, recuperação ou Lembre-se! A doença não possui apenas o lado
morte. biológico, que facilita a sua ocorrência. Existe um
lado social, existem fatos do cotidiano da vida do
indivíduo, da sua história, que também permitem
que a doença aconteça
Dizendo de outra maneira, para definir quais são
os atos preventivos em relação a uma
determinada enfermidade, é preciso estar ciente
de alguns aspectos:
Técnica e arte
Os fatores de risco que contribuem
para que a doença aconteça;
Medicina preventiva
Os sintomas que um indivíduo com
determinada doença pode apresentar;
Saúde coletiva Individual

Como se manifesta a evolução da


doença ao longo do tempo.
Ciência Ciência
Conhecendo esses aspectos, fica mais fácil traçar orientadora: orientadora:
um plano de combate e prevenção à doença. EPIDEMIOLOGIA PATOLOGIA

Fases da história natural da doença A medicina preventiva é importante para


melhorar e manter a qualidade de vida das
Epidemiologia pode ser definida como a “ciência pessoas, aumentando a disposição e evitando
que estuda o processo saúde-doença em tratamentos mais agressivos no futuro.
coletividades humanas, analisando a distribuição e
os fatores determinantes das enfermidades, Ao investir na prevenção, é possível diminuir os
danos à saúde e eventos associados à saúde gastos com medicamentos, evitar efeitos
coletiva, propondo medidas específicas de
colaterais de medicações mais fortes, reduzir as
prevenção, controle ou erradicação de doenças, e
fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao chances de doenças decorrentes de complicações
planejamento, administração e avaliação das ações e muitos outros benefícios. Para que a prevenção
de saúde” (ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 2003). traga resultados positivos para os pacientes, o
A epidemiologia congrega métodos e técnicas de diagnóstico precoce é um dos elementos mais
três áreas principais de conhecimento: importantes. Com a realização de exames de
Estatística, Ciências da Saúde e Ciências Sociais. saúde regulares, é possível detectar fatores de
Sua área de atuação compreende ensino e risco ainda nas fases iniciais, o que contribui para
pesquisa em saúde, avaliação de procedimentos e a redução de danos futuros.
serviços de saúde, vigilância epidemiológica e
diagnóstico e acompanhamento da situação de
saúde das populações.
A história natural da doença possui dois
períodos, que acontecem de forma subsequente: Identificar quais são os fatores
determinantes da situação de saúde: não tem
• Período epidemiológico: Durante a fase noção de que consegue abranger a saúde como
epidemiológica, conhecida também como pré- totalidade, investiga condição e agravo por vez.
patológica, a doença ocorre quando há uma “Quais são os fatores que estão intervindo mais
ruptura no equilíbrio da saúde do hospedeiro, que fortemente em uma situação de saúde? ”
acaba sendo influenciada pelos determinantes que
contribuem para que a doença aconteça,
Avaliar o impacto das ações e políticas
especialmente quando o hospedeiro está exposto
de saúde: dados epidemiológicos (por ex. se o
a certos riscos.
número de mortalidade infantil ou materna
• Período patológico: já ocorreu a contaminação diminuíram, aleitamento materno e etc)
e a doença já se desenvolveu; os sintomas da
doença começam a se manifestar; o corpo
EXEMPLo
começa a sofrer com as perturbações causadas
pelo hospedeiro. Se não houver tratamento
durante a fase do desenrolar fisiopatológico e
clínico da doença, o quadro da enfermidade pode
evoluir para sequelas permanentes ou até a
morte.

Fisiopatologia: É o estudo do comportamento funcional das doenças,


observado quando são alteradas as funções orgânicas do corpo, permitindo A diarreia provoca sérias dores na região do
conhecer o mecanismo de ação das doenças e chegar a suas origens. abdome.
As determinantes que influenciam a contaminação
de um indivíduo não possuem uma única causa,
Descrever as condições de saúde da nem ela é determinada por um único fator.
população.
A contaminação ocorre por um agregado de
condições e influências, que são sociais,
Identificar quais são os fatores econômicas, ambientais, políticas ou culturais.
determinantes da situação de saúde: não tem Sendo assim, dentro do exemplo, seguem as
noção de que consegue abranger a saúde como condições e influências, e de que tipo são:
totalidade, investiga condição e agravo por vez. • fator cultural: desmame precoce etc
“Quais são os fatores que estão intervindo mais
• fator social, político e econômico: baixo poder
fortemente em uma situação de saúde? ”
aquisitivo etc.
• fator ambiental: uso de água contaminada etc
E qual a relação desses fatores com a diarreia? da saúde, em seu cotidiano, devem conhecer as
doenças mais comuns, seus sintomas e quais
O desmame precoce deixa o bebê desprotegido,
características o corpo apresenta com a evolução
já o leite materno imuniza o bebê contra muitas
da enfermidade, para orientar as ações no
doenças futuras.
tratamento e na prevenção.
Caso a família não tenha condições financeiras de
Essa prática é resultado da medicina preventiva,
comprar alimentos como frutas, carne, legumes,
que surgiu para se contrapor à então existente
por exemplo, ou não tenha tido acesso à educação
medicina curativa, que apenas atuava quando o
de qualidade, que é uma questão social, ela terá
indivíduo estava doente, agindo com tratamento,
seus hábitos de higiene cotidianos afetados. Afinal,
internações, compra de medicamentos etc. A
sabemos como é importante o hábito de lavar as
medicina preventiva, encabeçada por Leavell e
mãos antes das refeições ou após usar o
Clark, por volta de 1950, é baseada em ações
banheiro. E muitas vezes, algumas pessoas não
voltadas para prevenção.
aprenderam a ter esse hábito, uma questão de
educação ou de cultura. Podemos definir prevenção como ações que
podem ser tomadas para interromper a evolução
Na zona rural, por exemplo, muitas vezes é
de uma doença ou evitar que ela aconteça. Leavell
utilizada a água de rios, que pode estar
e Clark definem prevenção como:
contaminada por lixo ou dejetos.
Por que conhecer as doenças
é importante para preveni-las?

A definição que a OMS dá para o termo “saúde”:


“É um estado completo de bem-estar físico,
mental e social, e não a mera ausência de doença
ou enfermidade. ”
Alguns estudiosos e cientistas consideram esse
“estado completo de bem-estar” algo inatingível, Nesse conceito, para desenvolvermos ações que
visto que o ser humano é normalmente exposto a evitem uma doença é necessário conhecê-la, que
uma série de elementos que podem interferir atitudes podem contribuir para que ela aconteça
nesse estado. ou não. Isso se reflete bem na atuação dos
profissionais da área da saúde, da vigilância em
No entanto, isso não impede que todos os saúde de uma cidade, e até mesmo em você, na
envolvidos com a saúde da população trabalhem sua casa!
para que ela aconteça efetivamente na vida das
pessoas. Por esse motivo, os profissionais da área
1) Nível primário de prevenção: as ações de 2. Nível secundário de prevenção: ocorre
intervenção acontecem enquanto a pessoa ainda depois que o indivíduo está infectado, com
é saudável. tratamentos e medidas para inibir o alto risco e
as complicações da doença ou a morte.
a) medidas educativas em relação à higiene
3. Nível terciário de prevenção: ocorre após a
cura ou o controle da doença, com ações
direcionadas para a reabilitação do indivíduo.

b) alimentação nutritiva

c) condições de moradia adequadas;

d) ida ao médico para exames de rotina.


Epidemiologia e psicologia

A capacidade de aplicar o método epidemiológico é


Clínica
uma habilidade fundamental para todos os
trabalhadores de saúde que tenham como objetivo Às vezes um paciente se queixa: me sinto muito
reduzir doenças, promover saúde e melhorar os deprimida, triste, ofegante e os meus cabelos
níveis de saúde da população. estão caindo, as unhas estão frágeis e a pele está
seca. Não estou bem. Algo está acontecendo.
EXEMPLo: Estudantes que alegam que não querem
trabalhar no SUS, assistencialismo social ou fazer Além da investigação da dimensão da pessoa, é
parte de política pública. necessário perguntar onde a pessoa mora. De
repente, no local que mora, pode estar exposta a
Qual é a relação? um metal pesado como mercúrio.
Vale o pensamento epidemiológico: A partir da clínica é possível investigar.

FATORES ASSOCIADOS AO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA


Psicologia Organizacional
Os funcionários que trabalham nessa organização Período pré-patogênese: antes da instauração da
como objeto de estudo, realizando análise da saúde doença. Antes do corpo manifestar sinais ou
daquele local. sintomas do agravo da doença.
EXEMPLo: Começou a surgir muitos acidentes de
trabalho do tipo perfuro cortante.
Fatores sociais
Fatores socioeconômicos
Como que começou? São todos os funcionários ou
apenas um setor? O que aconteceu nesse setor? Grupos sociais economicamente privilegiados estão
São pessoas que dentro do setor estão lidando menos sujeitos à ação dos fatores ambientais que
com determinado tipo de maquinário. Que ensejam ou que estimulam a ocorrência de certos
tipos de doenças cuja incidência é acintosamente
maquinário é esse? É um que precisa de elevada nos grupos economicamente desprivilegiados,
manutenção ou é novo? os pobres:
Raciocínio epidemiológico  São percebidos como mais doentios e mais
velhos;
 São de duas ou três vezes mais propensos
a enfermidades graves;
 Permanecem doentes mais amiúde;
 Morrem mais jovens;
 Procriam crianças de baixo peso, em maior
proporção;
 Sua taxa de mortalidade infantil é mais
elevada;
Fatores sociopolíticos Fatores socioculturais
Identicamente ao que acontece com os fatores Preconceitos e hábitos culturais, crendices,
econômicos, os fatores políticos são indissociáveis comportamentos e valores, valendo como fatores
da totalidade de pré-patogênese. Operar na pré-patogênicos contribuintes para a difusão e
condição de cidadania. manutenção da doença.
 Instrumentação jurídico-legal Passividade diante do poder exercido com
 Decisão política; incompetência ou má fé;
 Higidez política;
 Participação consentida e valorização Transferência irrestrita, para profissionais da
da cidadania; política, da responsabilidade pessoal pelo social;
 Participação comunitária efetivamente Participação passiva como beneficiários do
exercida; paternalismo de estado ou oligárquico
 Transparência das ações e acesso à
informação;
Fatores socioculturais
FATORES Ambientais
O ambiente deve ser entendido como conjunto de
 Preconceitos e hábitos culturais, crendices, todos os fatores que mantém relações interativas
comportamentos e valores, valendo como com o agente etiológico e o suscetível, incluindo-
fatores pré-patogênicos contribuintes para a os, sem se confundir com os mesmos.
difusão e manutenção da doença. Fatores genéticos
 Passividade diante do poder exercido com
incompetência ou má fé; Determinam a maior ou menor probabilidade das
 Transferência irrestrita, para profissionais da pessoas quanto à aquisição de doenças.
política, da responsabilidade pessoal pelo social;
Multifatoriais
 Participação passiva como beneficiários do
paternalismo de estado ou oligárquico. A estruturação de fatores condicionantes da
doença, denominada multifatorial idade, não é um
Fatores psicossociais simples resultado de justaposição. A associação de
Marginalidade, ausência de relações parentais fatores sinérgica, é dois fatores estruturados
estáveis, desconexão em relação à cultura de aumentam riscos de doença mais do que faria a
origem, falta de apoio no contexto social em que sua simples soma: Conjunto de todos os fatores.
se vive, condições de trabalho extenuantes ou
estressantes, promiscuidade, transtornos
econômicos, sociais ou pessoais, falta de cuidados
maternos na infância, carência afetiva de ordem
geral, competição desenfreada, agressividade
vigente nos grandes centros urbanos e
desemprego.
Artigo: Desenvolvimento da promoção da saúde no Brasil nos últimos vinte objetivo desse trabalho È discutir as implicações
anos (1988-2008) da incorporação do debate sobre a Promoção da
Autores; Paulo Marchiori Buss e Antonio Ivo de Carvalho Saúde na “agenda do SUS”, isto é, na agenda dos
dirigentes responsáveis pela condução do
Introdução processo político em saúde, tanto no âmbito
O debate sobre Promoção da Saúde (BUSS, 2000) federal, quanto no âmbito estadual e municipal,
insere-se no contexto internacional de busca de enfatizando a análise de alguns dos possíveis
alternativas crise dos sistemas de serviços de desdobramentos desse processo na formulação
saúde, cujas raízes encontram-se parcialmente de políticas, no planejamento de ações
estruturadas na reprodução de concepções e intersetoriais e na reorganização das práticas de
práticas cada vez mais insuficientes e saúde.
inadequadas face às mudanças demográficas,
epidemiológicas, políticas e culturais das
sociedades contemporâneas. A noção de promoção da saúde, desde
que foi concebida por Henry Sigerist como uma
No Brasil, a difuso do movimento da Promoção da
das tarefas da medicina, vem apresentando uma
Saúde vem ocorrendo em um contexto marcado
certa evolução conceitual, marcada pelo avanço do
pela implementação das propostas oriundas do
reflexo em torno do conceito de saúde, e da
movimento da Reforma Sanitária, especialmente o
diversificação de propostas de políticas e práticas
processo de construção do SUS, pontuado, nas
que contemplem a promoção desta.
distintas conjunturas que se configuraram nos
últimos 15 anos, pela formulação de políticas, No pós-guerra, com o surgimento da Medicina
programas e projetos de reforma na organização Preventiva, a noção de promoção da saúde foi
e gestão das ações e serviços de saúde, em vários incorporada ao modelo da História Natural das
níveis de governo. Doenças, sendo entendida como um conjunto de
atividades desenvolvidas ao nível de prevenção
Na atual conjuntura, o debate em torno da
primária (LEAVELL; CLARCK, 1987). J·á nos anos
Promoção da Saúde pode adquirir um significado
70, com o Relatório Lalonde (Canad·, 1974) o
estratégico, na medida em que se constitua como
significado atribuído a esta noção passou a
um dos referenciais que ajudem a se retomar e
enfatizar as mudanças propostas nas ações
atualizar o conjunto de propostas do projeto de
sobre os estilos de vidas dos diversos grupos
Reforma Sanitária, cujo escopo ultrapassa o
populacionais, em função dos riscos a que se
processo de construção do SUS. Nesse sentido, o
expõem em função de suas escolhas formula e começa a implementar ainda
comportamentais. timidamente, entendendo-o como uma
“estratégia” de reorientação do modelo
Desse modo, a concepção atual de Promoção da
assistencial, operacionalizada mediante a
Saúde está associada a um conjunto de valores
implantação de equipes multiprofissionais em
(vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia,
unidades básicas de saúde.
cidadania, desenvolvimento sustentável,
participação e parceria) referindo-se a uma
“combinação de estratégias” que envolvem a ação As equipes atuam com ações de
do Estado (políticas públicas saudáveis), da promoção de saúde, prevenção da saúde,
comunidade (reforço da ação comunitária), de prevenção, recuperação, reabilitação de doenças
indivíduos (desenvolvimento de habilidades e agravos mais frequentes, e na manutenção da
pessoais), do sistema de saúde (reorientação do saúde da comunidade.
sistema de saúde) e de parcerias
interinstitucionais, trabalhando com a noção de
“responsabilização múltipla” seja pelos problemas,
seja pelas soluções propostas para os mesmos.
Entre 1998 e 1999, a PS ganha alguma
Os marcos legais e institucionais da PS no Brasil institucionalidade no MS com a formalização do
são contemporâneos à I Conferência Internacional projeto “Promoção da Saúde, um novo modelo de
sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, atenção”, em cooperação com o Programa das
no Canadá, em 1986. Nesse mesmo ano, realizou- Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
se no país a VIII Conferência Nacional de Saúde
Inicia-se, assim, um esforço de introdução formal
que, no contexto da redemocratização, após a
do tema no debate da saúde no país, o que inclui o
ditadura militar, envolveu grande participação de
lançamento da revista Promoção da Saúde (da qual
profissionais, gestores e cidadãos e propôs as
se publicam sete números, infelizmente
bases do que se viria denominar “reforma
esgotados, entre 1999 e 2002) e a publicação das
sanitária brasileira”, cujos princípios e diretrizes
Cartas da Promoção da Saúde.
muito próximos aos conceitos centrais da PS
foram incorporados na Constituição Federal de Nessa época, a partir do sucesso do seu
1988, outorgada pela Assembleia Nacional programa de controle do tabagismo, o Brasil teve
Constituinte. papel destacado, no contexto mundial da PS, na
elaboração do Tratado Internacional para o
A promoção da saúde como política nacional
Controle do Tabaco, desenvolvido no âmbito da
Em 1992, num contexto de expansão e OMS; assumiu, em 2000, a presidência do Órgão
qualificação da atenção básica, inicia-se o primeiro de Negociação Internacional, função que manteve
programa, depois transformado em política no transcorrer de todo o processo, que culminou
estruturada, a se inspirar e operar com preceitos com a aprovação da Convenção Quadro pela 56ª
de PS. Trata-se do Programa Saúde da Família Assembléia Mundial de Saúde, em 2003, ao qual o
(PSF) , que nesta época o Ministério da Saúde (MS) Brasil adere no mesmo ano.
Em 2002, o MS elaborou o documento Em julho de 2005, através da Portaria
intitulado “Política Nacional de Promoção da Saúde”, MS no 1.190, foi instituído o Comitê Gestor da
que nunca teve vigência integral real no interior Política Nacional de Promoção da Saúde (CGPNPS),
do sistema de saúde; contudo, trata-se de um composto por representantes dos diversos
registro importante de proposta formal de segmentos do MS, mas apenas deste, sem a
“política de promoção da saúde” na esfera participação das outras esferas de governo ou da
federal. Neste contexto, foram elaborados sociedade civil. Além de propor a política, o comitê
diversos documentos, nas áreas de alimentação deveria consolidar a “Agenda Nacional de
saudável e atividade física; violência no trânsito; o Promoção da Saúde.
projeto “Agita Brasil”, a proposta de promoção da
saúde na escola, entre outros.
Em março de 2006, através da Portaria
O projeto de PS desta época teve apoio do PNUD MS no 68733, o MS formalizou a política de PS
e enquadrou-se nos esforços de implementação no SUS, a partir da formulação feita pelo
do programa “Comunidade Solidária”, que reunia mencionado comitê, articulando e reforçando
esforços de diferentes ministérios relacionados diversas iniciativas promocionais, definindo como
com o desenvolvimento local integrado e diretrizes:
sustentável, como Alfabetização Solidária, TV
Escola, Salto para o Futuro, Agricultura Familiar, * Consolidar a proposta da PNPS e de sua agenda
Projeto Alvorada e o DLIS, propriamente dito. nacional;

PNDU: Programa das Nações Unidas para o * Coordenar sua implantação e articulação com os
Desenvolvimento é o órgão da Organização das demais setores governamentais e não
Nações Unidas que tem por mandato promover o governamentais;
desenvolvimento e erradicar a pobreza no mundo. * Incentivar estados e municípios a elaborar
planos de PS;

Logo após o lançamento da Estratégia Global para * Articular e integrar ações de PS no SUS;
Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, * Monitorar e avaliar as estratégias de
pela OMS e diante do quadro epidemiológico e de implementação da PNPS e seu impacto;
fatores de risco vigentes (taxas de mortalidade
* Reconhecer a importância da PS para a
por doenças crônicas não-transmissíveis
equidade;
elevadas, altos índices de inatividade física e
padrões alimentares dominantes inadequados), o * Estimular as ações intersetoriais;
MS decide, em abril de 2004, instituir e iniciar a * Fortalecer a participação social
Ciência & Saúde (empoderamento);
* Adotar práticas horizontais de gestão e públicas que têm reconhecidas influências sobre a
estabelecimento de redes de cooperação saúde.
intersetoriais;
* Incentivar a pesquisa e avaliação em PS; Uma secretaria executiva – na forma
* Viabilizar iniciativas de PS junto aos de Secretaria Nacional de Promoção da Saúde e
trabalhadores e usuários do SUS, considerando Atenção Básica – seria criada no MS, outorgando
metodologias participativas e o saber popular e a este campo à devida prioridade.
tradicional.
Conteúdo extra: A saúde está na berlinda
entre ser uma mercadoria ou direito. Enquanto
Também em março de 2006, foi mercadoria, o que vende é a doença. Se o Estado
instituído a Comissão Nacional sobre fosse eficaz fazendo os dois, as pessoas
Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), no adoeceriam menos, não se sujeitando a comprar
âmbito do MS, a primeira a se constituir no mundo. remédios e se sentiriam mais protegidas. No
A CNDSS foi composta por dezesseis mercado da saúde, o que vende, é o medo de
morrer. Se tivesses política pública fortalecida, as
personalidades de diversas áreas da vida social
pessoas não estariam com medos e assustadas,
nacional e de um grupo interministerial, envolvendo
mantendo uma vida mais saudável.
dezesseis ministérios das áreas econômicas e
sociais, além de representantes das SES e SMS e De 2013 até 201, tivemos sucessivas retiradas da
da OPS/Brasil, e apresentou, em abril de 2008, saúde como direito. Estamos observando o colapso
seu relatório final, intitulado “As causas sociais das do SUS (pandemia – COVID-19). Há muitas pessoas
iniquidades em saúde no Brasil”. que tem interesse em acabar com o SUS para
CNDSS: Produzir conhecimentos e informações venderem convênios médica.
sobre os DSS no Brasil; · apoiar o desenvolvimento Promoção da saúde como serviços,
de políticas e programas para a promoção da Ações E EStratégias
equidade em saúde; · promover atividades de As ações de PS no Brasil são muito diversificadas,
mobilização da sociedade civil para tomada de como ocorre em qualquer país ou sistema de
consciência e atuação sobre os DSS. saúde.

Em termos de “foco” podem estar


As principais recomendações da CNDSS dirigidas a indivíduos, grupos de população
incluem a criação de uma Câmara de Políticas específicos ou a toda população.
Sociais no Gabinete Civil da Presidência da
República para realizar a necessária articulação
intersetorial, no plano federal, das políticas Quanto ao “objeto”, podem abranger um
único problema de saúde, sensível às ações de
promoção, ou serem abrangentes, propondo-se, * Prevenção dos acidentes de trânsito e suas
por exemplo, a enfrentar os “determinantes consequências;
sociais da saúde” como um todo.
* Promoção da cultura da paz e prevenção da
violência;
Em termos de “campo de ação”, podem * Educação em DST/aids;
mobilizar um único dos campos propostos na Carta
* Participação social e empoderamento;
de Ottawa ou incluir simultaneamente vários deles.
Com respeito à “ênfase” conferida, podem * Promoção de equidade e qualidade de vida;
identificar-se apenas com ações educativas ou * Desenvolvimento sustentável e saúde ambiental;
com ações mais abrangentes de saúde, qualidade
de vida e desenvolvimento. * Programa Bolsa Família (PBF)

Podem ser implementadas no âmbito de


políticas públicas universais do sistema de saúde
ou por organizações privadas, exclusivamente
para seus membros.
No caso da política pública, podem ser uma
iniciativa do governo federal ou de um governo
estadual ou local.

Além dessas, muitas outras “categorias”


poderiam ser invocadas para caracterizar a PS no
Brasil.
Exemplos de políticas públicas
* Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN)
* Política Nacional de Alimentação e Nutrição
(PNAN)
* Promoção da prática corporal e da atividade
física; Prevenção e controle do tabagismo;
* Prevenção do uso abusivo de álcool e outras
drogas;
Níveis de Prevenção Foco Ex. de ações Exemplos de serviços
Primária Doença não instalada: Campanhas de Unidades Básicas de
Proteção da Saúde vacinação, proteção Saúde (UBS).
Proteção específica contra acidentes Estratégia de Saúde da
(evitar que o sujeito (trabalho, lar), controle Família (ESF).
fique doente) de vetores, saúde Em Saúde Mental:
ocupacional, profissionais de Saúde
* Quando conhece a planejamento familiar, Mental na Equipe do
etiologia e os fatores de campanhas informativas Núcleo de Apoio à Saúde
riscos, chama-se da Família, NASF;
proteção específica. Equipe de Saúde Mental
Quando não conhece, diretamente inserida na
proteção da saúde. Atenção Básica
Secundária Doença instalada: Tratamento de diabetes, Ambulatórios de
Uma vez instalada, a hipertensão e outras Especialidades.
medida de prevenção é doenças crônicas no Clínicas especializadas. Em
conseguir fazer sentido de limitar seus Saúde Mental:
diagnóstico e danos. Ambulatório de Saúde
tratamento precoce Mental, Centros de
para limitar a doença e Atenção Psicossocial
a incapacitação do (CAPS) I, II, AD e i
sujeito,
Terciária Doença instalada: Com a doença ou o dano Hospitais. Em Saúde
Tratamento eficaz da instalado, buscar Mental: Hospitais
doença e reabilitação. assegurar a estabilidade Psiquiátricos, Unidades
do quadro e a melhor Psiquiátricas em Hospital
Quaternária Condição de não causar reabilitação e Geral, CAPS III
danos ao sujeito reintegração.
(iatrogênica) com
intervenções
terapêuticas.
Aula ecossistema estável, recursos
sustentáveis, justiça social e equidade.
Promoção de saúde
Ampliação da visão de saúde e determinantes
sociais.
Surge com o movimento da Medicina Preventiva
(década de 1950). A Carta de Ottawa é um documento apresentado na Primeira
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizado
Principais autores: Leavell e Clarck
em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986. Trata-se de uma Carta de
A prevenção de adoecimentos é a ação Intenções que busca contribuir com as políticas de saúde em todos os
antecipada, baseada no conhecimento da história países, de forma equânime e universal.
natural das doenças. Ela busca evitar a instalação
da doença bem como seu progresso (Saúde =
Trabalha com a ideia de responsabilização múltipla
ausência de doenças).
para a promoção de saúde: combinação de
O conceito moderno de promoção da saúde surge estratégias que envolvem ações do Estado, da
na década de 1970. comunidade, dos indivíduos, do sistema de saúde e
de parcerias intersetorais.

Nesse período, nos países de primeiro O estado e os órgãos públicos, não estão ajudando com políticas públicas,

mundo, os sistemas de saúde começam a ser ambos são responsáveis. O cidadão é corresponsável, a comunidade

fortemente questionados (inequidade, ineficiência, precisa protagonizar com papeis de cidadania para lutar por melhores

alto custo) condições de vida.

INTERSETORIALIDADE
• É a articulação de saberes e experiências para
Surgem novas concepções do processo
o planejamento, a realização e a avaliação de
saúde enfermidade-cuidado, que procuram
políticas, programas e projetos, cujo objetivo é
articular quatro dimensões explicativas: biologia
alcançar resultados cooperativos em situações
humana, estilos de vida, ambiente e serviços de
complexas (Inojosa apud Nascimento, 2010).
saúde.
• Somatória e articulação de diversos setores
Dessa forma, começa a surgir as Conferências
para o benefício dos cuidados e do bem-estar da
internacionais sobre o tema que estabelecem as
população (integração entre saúde, educação,
bases conceituais e políticas da promoção da
assistência social, infraestrutura, esporte,
saúde.
cultura, lazer).
 Informe Lalonde (Canadá, 1974) primeiro
Política: Permanentes, abrangentes e institucionalizadas.
documento oficial a usar o termo
“promoção da saúde” Programas: Desdobramentos das políticas. Embora institucionalizada,

 Carta de Ottawa (Canadá, 1986) - pode ter curta ou longa duração.

recursos fundamentais para a saúde: paz, Projetos: Menor grau de institucionalização. Curta duração, porém tem
habitação, educação, alimentação, renda, mais liberdade e autonomia de acontecer do que em relação às políticas.
A intersetorialidade trata-se de mecanismos de gestão e integração de É necessário um olhar ampliado para além do que cada política consegue
ações, saberes e esforços de diferentes setores da política pública, com perceber. Por esse motivo, a intersetorialidade surge para resolver
o objetivo de construir objetos comuns de intervenção entre eles, para questões complexas, como os exemplos citados acima, além de inúmeros

o enfrentamento mais articulado dos problemas sociais. outros casos de difícil compreensão.

Áreas, como Assistência Social, Educação e Saúde, possuem dados que A integração dos setores auxilia inclusive nas dificuldades enfrentadas
se utilizados de maneira integrada, e com ações pensadas em conjunto, pelos profissionais dessas políticas, articulando posturas, novos
farão com que os diferentes setores que lidam com as vulnerabilidades mecanismos e ações, visando a busca pela garantia dos direitos
e fragilidades multifacetadas – de natureza e aspectos diversos – dos fundamentais de cada cidadão.
núcleos familiares, encontrem saídas e soluções coletivas a partir destas
ações intersetoriais.

Um exemplo de ação articulada entre setores que funciona, é o Bolsa


Família. A simples transferência de renda não consegue dar um fim à
pobreza. Por isso, o programa foi desenhado para trabalhar integrado a
outras políticas setoriais, como a Educação e a Saúde.

Para continuar recebendo o benefício, as famílias precisam garantir que


as crianças ou adolescentes mantenham uma frequência mínima de 85%
no ensino fundamental, e de 75% no ensino médio. Além disso, a carteira
de vacinação das crianças deve estar em dia.

As chamadas condicionalidades para o recebimento do benefício


garantem que o programa tenha critérios mais amplos, almejando a
emancipação do usuário dentro de um espaço de tempo, por meio de
ações integradas entre as políticas.

Para além das questões relacionadas à frequência na escola, outros


problemas podem surgir, e serão mais facilmente reconhecidos caso haja
articulação entre todas as dimensões.

Quando um aluno está com dificuldades de aprendizagem, por exemplo,


pode ser que o problema não esteja relacionado à qualidade do ensino ou
à escola em si, mas sim porque essa criança ou adolescente pode estar
sofrendo algum tipo de violência ou violação de direitos, como trabalho
infantil, violência física ou psicológica, desnutrição, etc.

São respostas que nem sempre a área educacional terá em mãos, sendo
que a integração com setores, como o da Assistência Social, lhe dará
pareceres mais precisos sobre o que pode estar ocorrendo com o aluno
e sua família.
PROMOÇÃO DA SAÚDE de negação. Isso, diminui a chance de se prevenir
Definição de 1997: “É o conjunto de atividades, processos e
de forma correta.
recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania,
orientados a propiciar o melhoramento de condições de bem-estar e Quem fizesse sexo, estava errado.
acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o desenvolvimento de Então, não procurava ajuda.
conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao cuidado da
saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam à população um
(.. ) Com o tempo, o discurso foi mudando. O
maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a nível individual
preservativo era visto em muitas campanhas
e coletivo”.
para que as pessoas pudessem ter consciência do
que era o vírus.

Com a concentração das atividades, processos e


ordens institucionais, permite “atitudes e
comportamentos favoráveis” tomadas na ordem
individual, sem notar a determinante de saúde e
doença. Negação: mecanismo de defesa associado ao
As medidas endurecidas são poucos eficazes e medo, permitindo um mínimo de contato com
com baixa adesão da população, que se pautam a realidade da doença e com o tratamento.
em metodologias e ações que geram medos. O
medo é um meio primário da promoção de saúde. CINCO campos de ação para a promoção da saúde
O que se espera da PROMOÇÃO DE SAÚDE, é o Elaboração e implementação de políticas
maior nível de consciência sobre a doença para públicas saudáveis;
que tenham autonomia para realizarem o Criação de ambientes favoráveis à saúde;
autocuidado e a prevenção. Reforço da ação comunitária;
Desenvolvimento de habilidades pessoais;
EXEMPLo: Na história das doenças sexualmente
Reorientação do sistema de saúde
transmissíveis, como o HIV e a AIDS, em algum
momento da política social ficou centrada no PROBLEMÁTICAS COM RELAÇÃO À PROMOÇÃO DA SAÚDE
terror (medo da morte e contração) criou efeitos Excessiva ênfase em intervenções
colaterais importantes, no sentido de se criar comportamentais (responsabilização dos
estigmas da população desenvolver a AIDS, indivíduos)
estimulando e enraizando o preconceito.

As pessoas com medo, não buscam


informação de qualidade e não falam sobre o
assunto pois imaginam estar em contato próximo
com a doença, o que a faz entrar em um estado
Falta debate sobre determinação social e
econômica da saúde.

Sem diálogo, não há


mudanças.

Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças


São enfoques complementares. A promoção da
saúde é mais ampla e abrangente, procurando
identificar e enfrentar os macros determinantes
do processo saúde-doença, enquanto que a
prevenção de doenças busca construir ações
para que os indivíduos fiquem ausentes de
doenças.

As abordagens metodológicas em
promoção da saúde, por este ser um campo de
conhecimento e prática mais recente, estão
menos desenvolvidas do que os métodos
epidemiológicos de planejamento, implementação e
avaliação dos programas de prevenção de
doenças.
Categorias Promoção da saúde Prevenção de doenças
Conceito de saúde Positivo e multidimensional Ausência de doença
Modelo de intervenção Participativo (sujeito e comunidade) Médico
Alvo Toda a população, no seu ambiente Principalmente os grupos de alto
total risco da população (focalizado e
fragmentado)
Incumbência Rede de temas da saúde Conter patologia específica
Estratégias Diversas e complementares Geralmente única
Abordagens Capacitação Direcionadas e persuasivas
Direcionamento das medidas Oferecidas à população Impostas a grupos-alvos
Objetivos dos programas Mudanças na situação dos indivíduos Focam principalmente em indivíduos e
e de seu ambiente grupos de pessoas
Executores dos programas Organizações não profissionais, Profissionais de saúde
movimentos sociais, governos locais,
municipais, regionais e nacionais, etc.
1) São considerados como pontos problemáticos da promoção da saúde sua excessiva ênfase em intervenções comportamentais
(responsabilização dos indivíduos) e a ausência de debate sobre determinação social e econômica da saúde". Isso é verdadeiro ou falso?
a) Verdadeiro
b) falso
2) No contexto internacional, qual dos eventos a seguir representa um marco importante para a discussão da Promoção da Saúde:
a) Criação do SUS, pela Lei 8080, no ano de 1990.
b) Constituição do comitê internacional para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde.
c) Conferência internacional da ONU e Tratado de Genebra.
d) Carta de Ottawa, na Conferência realizada no Canadá, em 1986.
e) Publicação do Relatório Dawson, na Inglaterra, em 1920, que lançou as bases para o sistema nacional britânico.

3) A qual conceito se refere a seguinte definição: conjunto de valores (vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento
sustentável, participação e parceria) referindo-se a uma combinação de estratégias que envolvem a ação do Estado (políticas públicas saudáveis), da comunidade (reforço
da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de parcerias interinstitucionais,
trabalhando com a noção de responsabilização múltipla, seja pelos problemas, seja pelas soluções propostas para os mesmo

a) Raciocínio epidemiológico

b) Promoção da saúde

c) Políticas públicas de saúde

d) Integralidade

e) Intersetorialidade

4) A Intersetorialidade é compreendida como a somatória e articulação de diversos setores para o benefício dos cuidados e do bem estar da população (integração
entre saúde, educação, assistência social, infraestrutura, esporte, cultura, lazer). Pressupõe a articulação de saberes e experiências para o planejamento, a realização e
a avaliação de políticas, programas e projetos, cujo objetivo é alcançar resultados cooperativos em situações complexas.

5) Todas as opções listadas tratam de ações de promoção da saúde no Brasil, EXCETO:

a) Programa Cidades Saudáveis


b) Programa Bolsa Família
c) Estratégia Saúde da Família
d) Política Nacional de Alimentação e Nutrição
e) Programa Mais Médicos

.
Princípios e Diretrizes
Organizativas do SUS

Cartilha SUS ILUSTRADA

Primeiro princípio: todo cidadão tem Quarto princípio: todo cidadão deve ter
direito a ser atendido com ordem e organização. respeitados os seus direitos de paciente.

Quem estiver em estado grave e/ou maior Você tem direito a pedir para ver seu
sofrimento precisa ser atendido primeiro. prontuário sempre que quiser.
Segundo princípio: todo cidadão tem Tem também a liberdade de permitir ou
direito a ter um atendimento com qualidade. recusar qualquer procedimento médico, assumindo
a responsabilidade por isso. E não pode ser
Você tem o direito de receber informações submetido a nenhum exame sem saber.
claras sobre o seu estado de saúde. Seus
parentes também têm o direito de receber Quinto princípio: todo cidadão também
informações sobre seu estado. Também tem o tem deveres na hora de buscar atendimento de
direito a anestesia e a remédios para aliviar a dor saúde.
e o sofrimento quando for preciso. Toda receita
médica deve ser escrita de modo claro e que Você nunca deve mentir ou dar informações
permita sua leitura. erradas sobre seu estado de saúde.
Terceiro princípio: todo cidadão tem Deve também tratar com respeito os
direito a um tratamento humanizado e sem profissionais de saúde.
nenhuma discriminação.

Você tem direito a um atendimento sem Universalidade


nenhum preconceito de raça, cor, idade,
Integralidade
orientação sexual, estado de saúde ou nível social.
Equidade
Os médicos, enfermeiros e demais
Descentralização e Regionalização Hierarquização
profissionais de saúde devem ter os nomes bem
visíveis no crachá para que você possa saber Participação social
identificá-los.

Quem está cuidando de você deve respeitar


seu corpo, sua intimidade, sua cultura e religião,
seus segredos, suas emoções e sua segurança.
Artigo: O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios

Autores: Jairnilson Paim, Claudia Travassos, Celia Almeida, Ligia Bahia, A reforma sanitária brasileira foi
James Macinko impulsionada pela sociedade civil, e não pelo
governo, por partidos políticos ou por
história
organizações internacionais. O Sistema Único de
O Brasil é uma república federativa cujo território
Saúde (SUS), instituído pela Constituição de 1988,
possui 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o
baseia-se no princípio da saúde como um direito
que representa 47% da América do Sul. Com uma
do cidadão e um dever do Estado.
população estimada de 210 milhões (2021) é o
quinto país mais populoso do planeta. Seu sistema Contexto do sistema de saúde brasileiro
político é composto por diversos partidos e três
níveis autônomos de governo – governo federal, O sistema de saúde brasileiro é constituído por
26 estados, um distrito federal e 5.563 uma variedade de organizações públicas e
municípios. O país é governado pelo poder privadas estabelecidas em diferentes períodos
executivo – chefiado pelo presidente –, pelo históricos.
legislativo bicameral e pelo judiciário independente.
No início do século XX, campanhas realizadas sob
O Brasil foi uma colônia de Portugal desde 1500,
moldes quase militares implementaram atividades
mas apesar de ter conquistado a independência
de saúde pública. A natureza autoritária dessas
política em 1822, só se tornou uma república em
campanhas gerou oposição de parte da população,
1889. A escravidão foi abolida em 1888. A
políticos e líderes militares. Tal oposição levou à
população brasileira é miscigenada: em 2008,
Revolta da Vacina, em 1904, episódio de
cerca da metade da população se autoclassificava,
resistência a uma campanha de vacinação
em termos de raça e cor da pele, como parda
obrigatória contra a varíola sancionada por
(43,8%) ou preta (6,8%) e 0,6% se
Oswaldo Cruz, o então Diretor Geral de Saúde
autoclassificava como indígena.2 No século XX, o
Público.
Brasil passou por um intenso período de
industrialização, concomitante à instabilidade
política, golpes militares e governos autoritários, O modelo de intervenção do Estado
com breves períodos democráticos. brasileiro na área social data das décadas de 1920
Desde 1988, se representa o mais longo período e 1930, quando os direitos civis e sociais foram
democrático no país. vinculados à posição do indivíduo no mercado de
trabalho.
O sistema de proteção social brasileiro se
expandiu durante o governo do Presidente Getulio
Vargas (1930-45) e dos governos militares (1964-
84).
filantrópicas ofereciam assistência de saúde a
trabalhadores rurais. Os subsídios diretos a
empresas privadas para a oferta de assistência
médica a seus empregados foram substituídos
por descontos no imposto de renda, o que levou à
expansão da oferta dos cuidados médicos e à
O processo de tomada de decisão e a gestão do proliferação de planos de saúde privados. A maior
sistema eram realizados sem participação da cobertura da previdência social e um mercado de
sociedade e estavam centralizados em grandes saúde baseado em pagamentos a prestadores do
burocracias. setor privado com base nos serviços realizados
(fee for service) geraram uma crise de
O sistema de proteção social era fragmentado e financiamento na previdência social, que,
desigual. O sistema de saúde era formado por um associada à recessão econômica da década de
Ministério da Saúde subfinanciado e pelo sistema 1980, alimentou os anseios pela reforma.
de assistência médica da previdência social, cuja
provisão de serviços se dava por meio de A reforma no setor saúde brasileiro
institutos de aposentadoria e pensões divididos
por categoria ocupacional (p. ex., bancários, A reforma do setor de saúde no Brasil estava na
ferroviários etc.), cada um com diferentes contramão das reformas difundidas naquela
serviços e níveis de cobertura. época no resto do mundo, que questionavam a
As pessoas com empregos esporádicos tinham manutenção do estado de bem-estar social.
uma oferta inadequada de serviços, composta por A proposta brasileira, que começou a tomar
serviços públicos, filantrópicos ou serviços de forma em meados da década de 1970,
saúde privados pagos do próprio bolso. Após o estruturou-se durante a luta pela
golpe militar de 1964, reformas governamentais redemocratização.
impulsionaram a expansão de um sistema de saúde
predominantemente privado, especialmente nos
grandes centros urbanos. Um amplo movimento social cresceu no
país, reunindo iniciativas de diversos setores da
Seguiu-se uma rápida ampliação da cobertura, que
sociedade – desde os movimentos de base até a
incluiu a extensão da previdência social aos
população de classe média e os sindicatos –, em
trabalhadores rurais.
alguns casos associados aos partidos políticos de
esquerda, ilegais na época.
Entre 1970 e 1974, foram
disponibilizados recursos do orçamento federal
para reformar e construir hospitais privados; a
responsabilidade pela oferta da atenção à saúde
foi estendida aos sindicatos e instituições
A concepção política e ideológica do Essas mudanças administrativas
movimento pela reforma sanitária brasileira estabeleceram os alicerces para a construção do
defendia a saúde não como uma questão SUS. Posteriormente, durante a Assembleia
exclusivamente biológica a ser resolvida pelos Nacional Constituinte (1987-88), o movimento da
serviços médicos, mas sim como uma questão reforma sanitária e seus aliados garantiram a
social e política a ser abordada no espaço público. aprovação da reforma, apesar da forte oposição
Professores de saúde pública, pesquisadores da por parte de um setor privado poderoso e
mobilizado.
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
e profissionais de saúde de orientação O sistema de saúde atual
progressista se engajaram nas lutas dos
movimentos de base e dos sindicatos.
O sistema de saúde brasileiro é formado por uma
rede complexa de prestadores e compradores de
O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde serviços que competem entre si, gerando uma
(CEBES) foi fundado em 1976, organizando o combinação público-privada financiada sobretudo
movimento da reforma sanitária e, em 1979, por recursos privados.
formou-se a Associação Brasileira de Pós- O sistema de saúde tem três subsetores: o
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO). Ambas subsetor público, no qual os serviços são
propiciaram a base institucional para alavancar as financiados e providos pelo Estado nos níveis
reformas. federal, estadual e municipal, incluindo os serviços
O movimento da reforma sanitária cresceu e de saúde militares; o subsetor privado (com fins
formou uma aliança com parlamentares lucrativos ou não), no qual os serviços são
progressistas, gestores da saúde municipal e financiados de diversas maneiras com recursos
outros movimentos sociais. públicos ou privados; e, por último, o subsetor de
saúde suplementar, com diferentes tipos de
planos privados de saúde e de apólices de seguro,
De 1979 em diante foram realizadas reuniões de além de subsídios fiscais.
técnicos e gestores municipais, e em 1980,
constituiu-se o Conselho Nacional de Secretários Os componentes público e privado do sistema são
de Saúde (CONASS). distintos, mas estão interconectados, e as
pessoas podem utilizar os serviços de todos os
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde três subsetores, dependendo da facilidade de
aprovou o conceito da saúde como um direito do acesso ou de sua capacidade de pagamento.
cidadão e delineou os fundamentos do SUS, com
base no desenvolvimento de várias estratégias
que permitiram a coordenação, a integração e a
transferência de recursos entre as instituições
de saúde federais, estaduais e municipais.
O subsistema público de saúde Ainda que a reforma sanitária tenha se tornado
uma prioridade política secundária durante a
A implementação do SUS começou em 1990, década de 1990, foram lançadas várias iniciativas,
mesmo ano da posse de Fernando Collor de Mello, como um programa nacional de controle e
o primeiro presidente eleito por voto popular prevenção de HIV/AIDS, maiores esforços para o
desde a ditadura militar, que seguiu uma agenda controle do tabagismo, a criação da Agência
neoliberal e não se comprometeu com a reforma Nacional de Vigilância Sanitária, o estabelecimento
sanitária. Ainda assim, em 1990, foi aprovada a da Agência Nacional de Saúde Suplementar e a
Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), que criação de um modelo de atenção à saúde indígena.
especificava as atribuições e a organização do O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SUS. O projeto da reforma sanitária foi retomado (SAMU) e a Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil
em 1992, após o impeachment do presidente por Sorridente) foram iniciativas, entre muitas outras,
corrupção. implementadas após 2003, durante o governo
Lula.

A descentralização aumentou e foi


lançado o Programa de Saúde da Família (PSF). Descentralização e gestão participativa

Um novo plano de estabilização econômica (Plano A descentralização do sistema de saúde esteve


Real) foi introduzido em 1994, trazendo políticas vinculada a um processo mais amplo de transição
de ajuste macroeconômico e projetos de reforma política e de reconfiguração da Federação
do Estado. Brasileira, iniciado pelos movimentos democráticos
da década de 1980 e moldado, posteriormente,
pelos programas de ajuste macroeconômico.

Fernando Henrique Cardoso foi eleito Esse novo acordo federativo deu mais
em 1994 (e reeleito em 1998), promovendo novos autonomia aos municípios, mas também expandiu
processos de ajuste macroeconômico e de os recursos e controles do nível federal.
privatização.

A saúde foi o único setor que


implementou uma descentralização radical, com
importante financiamento e ações regulatórias do
Lula da Silva (eleito em 2002 e governo federal. A descentralização do sistema de
reeleito em 2006) manteve alguns aspectos da saúde foi a lógica subjacente da implementação do
política econômica de seu antecessor, mas SUS; para isso, foram necessárias legislação
suspendeu as privatizações e, em seu segundo complementar, novas regras e reforma
mandato, promoveu um programa administrativa em todos os níveis do governo.
desenvolvimentista.
Normas aprovadas pelo Ministério da Saúde – O subsistema privado de saúde
destinadas a redefinir responsabilidades –
estabeleceram mecanismos de repasse financeiro
Historicamente, as políticas de saúde estimularam
(como o Piso da Atenção Básica – PAB –, um valor
o setor privado no Brasil e promoveram a
per capita transferido pelo Ministério da Saúde
privatização da atenção à saúde, seja por meio de
aos municípios de modo a financiar a atenção
credenciamento de consultórios médicos, seja pela
básica) e novos conselhos representativos e
remuneração e criação de clínicas diagnósticas e
comitês de gestão em todos os níveis de governo.
terapêuticas especializadas, hospitais, ou ainda
mediante incentivos às empresas de planos e
Desde 2006, algumas dessas normas seguros de saúde.
foram substituídas pelo Pacto pela Saúde, um O subsistema privado de saúde se imbrica com o
acordo no qual os gestores de cada nível de setor público oferecendo serviços terceirizados
governo assumem compromissos mútuos sobre as pelo SUS, serviços hospitalares e ambulatoriais
metas e responsabilidades em saúde. pagos por desembolso direto, medicamentos e
planos e seguros de saúde privados. Parte dessa
oferta é financiada pelo SUS e o restante, por
Para administrar essa política fontes privadas. A demanda por planos e seguros
descentralizada, os mecanismos de tomada de de saúde privados vem especialmente de
decisão foram ampliados no sistema, com trabalhadores de empresas públicas e privadas
participação social e construção de alianças entre que oferecem tais benefícios a seus funcionários.
os principais atores envolvidos.
As pessoas com planos e seguros de saúde
Além das conferências nacionais de saúde, foi privados afirmam ter melhor acesso a serviços
institucionalizada uma estrutura inovadora, que preventivos e uma maior taxa de uso dos serviços
estabeleceu conselhos de saúde e comitês de saúde que aquelas que não dispõem de tais
intergestores nos níveis estadual (bipartite) e planos ou seguros.
federal (tripartite) nos quais as decisões são
tomadas por consenso.
Essas estruturas políticas representam grande Desigualdade social.
inovação na governança em saúde no Brasil, pois
permitiram que maior número e variedade de
atores participasse do processo de tomada de
decisão e definiram áreas de responsabilidade
institucional com mais clareza que no passado,
assegurando que cada nível de governo apoiasse
a implementação da política nacional de saúde.
Organização e oferta de serviços de saúde

Atenção básica A Atenção Básica Atenção secundária Na rede de saúde,


caracteriza-se por um conjunto de ações de a atenção secundária é formada pelos serviços
saúde, no âmbito individual e coletivo, que especializados em nível ambulatorial e hospitalar,
abrangem a promoção e a proteção da saúde, a com densidade tecnológica intermediária entre a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o atenção primária e a terciária.
tratamento, a reabilitação e a manutenção da Esse nível compreende serviços médicos
saúde. É desenvolvida por meio do exercício de especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico
práticas gerenciais e sanitárias democráticas e e atendimento de urgência e emergência. O
participativas, sob forma de trabalho em equipe, acesso às ações e a qualidade do cuidado
dirigidas a populações de territórios bem oferecido aos cidadãos são princípios do sistema
delimitados, pelas quais assume a responsabilidade de saúde que refletem as práticas realizadas.
sanitária, considerando a dinamicidade existente
no território em que vivem essas populações. Atenção terciária e hospitalar A
atenção terciária no SUS inclui alguns
procedimentos de alto custo, realizados
Utiliza tecnologias de elevada predominantemente por prestadores privados
complexidade e baixa densidade, que devem contratados e hospitais públicos de ensino, pagos
resolver os problemas de saúde de maior com recursos públicos a preços próximos ao valor
frequência e relevância em seu território. É o de mercado.
contato preferencial dos usuários com os
sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da Como ocorre em vários outros sistemas de saúde
universalidade, da acessibilidade e da coordenação em todo o mundo, os desafios da assistência
do cuidado, do vínculo e continuidade, da hospitalar no Brasil incluem o controle de custos,
integralidade, da responsabilização, da o aumento da eficiência, a garantia da qualidade da
humanização, da equidade e da participação social. atenção e da segurança do paciente, a provisão
de acesso a cuidados abrangentes, a coordenação
com a atenção básica e a inclusão de médicos na
A Atenção Básica considera o sujeito resolução de problemas.
em sua singularidade, na complexidade, na
integralidade e na inserção sócio-cultural e busca
a promoção de sua saúde, a prevenção e
tratamento de doenças e a redução de danos ou
de sofrimentos que possam comprometer suas
possibilidades de viver de modo saudável.
1) A lei que regulamenta, em todo o território nacional as ações e serviços de saúde de direito público ou privado, conhecida como Lei 8080
foi publicada no ano:
a) 1964

b)1990 Diretrizes do SUS (Lei 8080/90)


c) 2010
d) 1988
e) 2000
2) Em relação a universalidade, diretriz do SUS, qual a afirmativa que podemos considerar correta.
a) A universalidade diz respeito ao atendimento, somente, na prevenção e reabilitação.
b) A universalidade só diz respeito ao acesso a alta complexidade, como hospitais especializados.
c) A universalidade só atende aquele que necessita da atenção primária de saúde (atenção básica).
d) A universalidade diz respeito ao acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.
e) A universalidade só atende os brasileiros e restringe o acesso a qualquer estrangeiro.
3) As ações e serviços de saúde, seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma
regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. O que isso significa?
a) Caso o usuário necessite de um cuidado e na região que reside só há um serviço privado pactuado com o SUS, ele deverá arcar com parte
do custo desse atendimento.
b) Que todas as ações e serviços de saúde deverão ser oferecidas no próprio município e quando o local não dispuser de um atendimento de
maior complexidade ele seja encaminhado para outro local da mesma região, a mais próxima de sua residência .
c) Que um morador de São José do Rio Preto que precisa de um acompanhamento por problema hipertensivo tenha que vir para a capital de
São Paulo para ser atendido corretamente.
d) Que o primeiro atendimento de saúde de um munícipe sempre deverá ser realiz ado em um hospital e nunca diretamente na atenção básica.
e) Que só poderá usufruir da atenção básica em saúde do município de residência o usuário que vem referenciado de um hospital especializado.
4) Atendimento pautado na solidariedade, generosidade, convivência e respeito entre diferentes e diferenças, sem qualquer tipo de
discriminação. → Equidade
Todos tem direito à saúde e podem acessar os serviços → Universalidade
Serviços de diferentes complexidades, integrados em rede, para atender do melhor modo possível as necessidades de saúde das pessoas. →
Integralidade.
5) Em relação ao princípio da equidade, pode-se afirmar que:
a) O atendimento só poderá ser realizado no próprio município, nunca poderá ser encaminhado para outro local.
b) Tem seus pilares nos conceitos de igualdade e de justiça social.
c) Tem que garantir o acesso universal de todos.
d) Tem que garantir que toda a sociedade participe das decisões políticas.
e.) Garante que só pessoas que chegam ao SUS pela Atenção Básica possam ser atendidas.
Saúde pública antes
Se restringiam às campanhas de vacina, a A implementação do SUS foi complicada
assistência era segmentada. Cada um tinha um
determinado tipo de acesso através do poder Desde a criação do SUS, não houve apoio estatal
aquisitivo. ao setor privado. Não foi enfrentado a
Subfinanciada: Quem ficava doente* As concentração dos serviços nas regiões mais
pessoas que tinham vínculo empregatício desenvolvidas: desigualdade regional e pelo
recorriam a previdência social e os subfinanciamento.
desempregados, à caridade. Sus atual
Golpe de 64 (ditadura)
3 Subsetores
Expansão do setor privado associado a utilização
das políticas públicas para interesses privados Público
para desvio de verba e corrupção.
Nesse contexto, se formou o Movimento da Privado (com ou sem fins lucrativos)
Reforma Sanitária que foi impulsionada pela
sociedade civil
Subsetor de saúde suplementar (planos
Houve um forte papel das lideranças de saúde).
intelectuais e comunidades eclesiais: a igreja Todos interconectados.
contribuindo nessa organização.
A saúde foi o único setor a implementar uma
As Comunidades Eclesiais de Base são descentralização radical, com importante
comunidades inclusivistas ligadas principalmente à financiamento e ações regulatórias da esfera
Igreja Católica que, incentivadas pela Teologia da federal.
Libertação, se espalharam principalmente nos
Além das Conferências Nacionais, criou conselhos
anos 1970 e 80 no Brasil e na América Latina.
de saúde e comitês intergestores nos níveis
estadual (bipartite) e federal (tripartite)
Como a expansão contínua do subsetor privado é
subsidiada pelo Estado, o subsetor público se
tornou subfinanciado (e agora desfinanciado, com
a PEC 95).
Estrutura Atenção secundária

Financimento É feito por meio de A prestação de serviços especializados no


SUS é problemática, pois a oferta é limitada e o
impostos gerais, contribuições sociais (impostos
setor privado contratado dá preferência aos
criados para programas específicos)
planos privados.
Desembolso direto: toda vez que paga por
É pouco regulamentada e os procedimentos e
consulta ou exame
média complexidade são preteridos em favor dos
Gastos dos empregadores: empresas que pagam de alto custo.
convênios para os funcionários.
Inclui: CAPS, CRT, CEO, CRT Aids, SAD, CEREST, CR,
Tem como fontes as receitas estatais e de UPA, SAMU
contribuições sociais dos orçamentos federal,
estadual e municipal. As demais fontes são Atenção TERCIÁRIA/hospitalar
privadas. Inclui alguns procedimentos de alto custo,
Organização e oferta de serviços realizados predominantemente por prestadores
privados e hospitais públicos de ensino
de saúde (universidades), pagos com dinheiro público, a
preços pagos num valor próximo aos de mercado.
Atenção básica/Atenção Primária
Prevalece o modelo focado na demanda individual,
Destaque para o PSF (Programa Saúde da e não em estratégicas de promoção da saúde, de
Família) e para o PACS (Programa de Agentes base territorial.
Comunitários de Saúde)
Insuficientes mecanismos regulatórios.
Obtiveram grande sucesso pois reduziram a mortalidade infantil.
Infraestrutura (oferta)
Foram criados como programas pontuais, porém
se expandiu e se transformou na ESF (Estratégia
Saúde da Família). A ESF costumava ser a principal Na grande maioria, as unidades de atenção
estrutura da ABS, incluindo os ACS. Agora, há básica e as de emergência são públicas, enquanto
retomada do modelo tradicional: médico e hospitais, ambulatórios e serviços de apoio
enfermeiro que realizam apenas a assistência. diagnóstico são privados.

Ajudou a melhorar resultados de saúde. A oferta pelo setor público não é suficiente.

Desafios: alta rotatividades dos trabalhadores, A distribuição regional (de profissionais e de


convivência com UBS tradicional e baixa integração hospitais) é desigual.
com outros níveis (Ex: exames) São necessárias políticas mais consistentes para
melhorar a cobertura e qualidade das informações
de saúde.
Acesso e uso dos serviços de saúde

Após a criação do SUS, ampliou o


acesso, mas permanece abaixo da média de
outros países

Há desigualdade no acesso

Situação ainda mais crítica quanto ao acesso


(e desigualdade no acesso) à saúde bucal

Carecemos de políticas públicas FIRMES para


a melhoria
As bases legais e normativas já foram
estabelecidas, e já se adquiriu experiência
operacional. É necessário barrar o desmonte do
SUS e garantir sua sustentabilidade política,
econômica, científica e tecnológica.
Para que o SUS supere os desafios, é necessária
uma maior mobilização política para reestruturar
o financiamento e redefinir os papéis dos setores
público e privado.
1) A atenção terciária historicamente recebeu destaque e maior alocação de recursos financeiros, mas ainda assim seus
serviços são prestados predominantemente por instituições privadas e serviços públicos de ensino. Seu modelo de atenção
focado na demanda individual não se mostra efetivo para um sistema de saúde pautado em princípios como os do SUS,
por isso há uma tendência de se empregar esforços para que este modelo seja paulatinamente suplantado por propostas
que integrem promoção, prevenção e assistência, com base territorial. É na atenção primária que encontramos propostas
em tais moldes e, portanto, deveria ser ela a principal ordenadora da rede de atenção. Contudo, a organização do cuidado
em rede representa ainda um desafio, tendo um grande estrangulamento dos encaminhamentos feitos para a atenção
secundária, que inclui serviços como CAPS, SRT, CEO, CRT, SAD, CEREST e SAMU.
2) Sobre o período pré SUS e de criação do SUS, qual é a alternativa INCORRETA?
a) As atividades de saúde pública no início do século XX caracterizavam-se por campanhas realizadas sob moldes quase
militares.
b) Após intensos debates, houve consenso sobre a criação do SUS, sendo que o setor privado e o público definiram
legalmente os limites de sua participação.
c) Antes do SUS, os direitos civis e sociais, incluindo o direito à assistência média e à saúde dependiam da posição do indivíduo
no mercado de trabalho.
d) Após o golpe de 64, reformas governamentais impulsionaram a expansão de um sistema de saúde segmentado e
predominantemente privado.
e) O movimento de reforma sanitária brasileira foi impulsionado pela sociedade civil e não pelo governo, partidos ou
organizações internacionais.
3) Diga se a afirmação a seguir é verdadeira ou falsa:
As bases legais e normativas já foram estabelecidas, e já se adquiriu experiência operacional. Agora, precisamos urgente
barrar o desmonte do SUS e garantir sua sustentabilidade política, econômica, científica e tecnológica.
a) Verdadeiro b) Falso
4) Analise as afirmações abaixo e marque a alternativa que lista corretamente qual (is) a(s) afirmação (ões) podem ser
considerada(s) verdadeira (s).
I) Embora seja denominado como Sistema Único de Saúde, o SUS atual é composto por três subsetores: o público, o
privado e o de saúde suplementar.
II) O financiamento do SUS é feito por meio de impostos gerais, contribuições sociais (impostos criados para programas
sociais específicos), desembolso direto e gastos dos empregadores com saúde.
III) Quanto à infraestrutura, pode-se dizer que, no SUS, há predominância de serviços públicos na Atenção Básica e na
emergência, enquanto os hospitais e serviços e de apoio diagnóstico e terapêutico (SADT) são em sua maioria privados.

a) II e IV d) I, II e III
b) II e III e) I e III
c) Somente I
5) A participação social ou controle social é uma diretriz do SUS e podemos dizer que:
a) A participação popular é um movimento que surgiu recentemente a partir do ano de 2015 com a população
participando mais ativamente das políticas públicas de saúde, inclusive a da saúde.
b) O controle social é a participação da sociedade civil organizada no processo decisório sobre o caráter permanente das
políticas públicas.
c) A participação social é a garantia de que a população participará do processo de elaboração e controle das políticas
públicas de saúde, via eleições diretas realizadas a cada quatro anos.
d. O controle social possui o sentido de vigilância e de responsabilização; trata-se de compromisso com a coisa pública.
e) Toda forma de participação social, ainda que se origine de modo não institucionalizado deve, progressivamente, ser
institucionalizado para ser efetiva.
6) Em relação a universalidade, diretriz do SUS, qual a afirmativa que podemos considerar correta.
a) A universalidade só diz respeito ao acesso a alta complexidade, como hospitais especializados.
b) A universalidade diz respeito ao acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.
c) A universalidade só atende aquele que necessita da atenção primária de saúde (atenção básica).
d) A universalidade diz respeito ao atendimento, somente, na prevenção e reabilitação.
e) A universalidade só atende os brasileiros e restringe o acesso a qualquer estrangeiro.

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