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Saúde, vem do Latim salus, "bom estado físico, O conceito de saúde, como um direito à cidadania,
saudação", relacionado a salvus, "salvo". foi expresso na Constituição Brasileira de 1988,
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): Saúde é um seção II, nos artigos 196, 197, 198 e 199. Estes
estado de completo bem-estar físico, mental e abordaram o conceito de saúde na perspectiva
social, e não, simplesmente, a ausência de doenças. política, econômica e social. Ampliou-se o direito do
cidadão à saúde do direito previdenciário, e foi
Da Antiguidade ao século XXI, superada a dada relevância pública aos serviços de saúde
concepção sobrenatural de saúde e enfermidade, como descritos no artigo 196:
concebia-se saúde como a ausência de
enfermidade (doença, deficiência, invalidez). A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido
Estado que se revelava equilíbrio do organismo, mediante medidas políticas, sociais e econômicas que visem à redução do
com referência aos seus meios interno e externo. risco de doença e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
Gozar saúde significava não padecer enfermidade, e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1998)
estarem harmonia consigo mesmo e com o meio.
Já ia avançado o século XX quando a concepção de Indefinição e pouco avanço na
saúde foi mudada para bem-estar, além de Construção do conceito “saúde”
ausência de enfermidade. É inegável que tal — Há ineficiência em que todos se valham de um
mudança constituiu um avanço. No plano formal, mesmo conceito.
porque é uma proposição positiva; no plano
essencial, porque superou as dicotomias entre — Ênfase em concepções individuais (percepção)
corpo e mente, natural e social, saúde e
enfermidade, promoção e profilaxia, profilaxia e — As concepções coletivas são tomadas a partir
terapêutica, terapêutica e reabilitação; mas de um referencial de militância
também porque possibilitou a emergência de
EXEMPLO: Trabalhar no âmbito de saúde coletiva e
políticas sanitárias mais úteis e eficazes. Além de
se basear na premissa de que, que a saúde
situar a saúde como um estado positivo que podia
coletiva deve ser almejada e buscada, porém,
ser promovido, buscado, cultivado e aperfeiçoado.
ainda, sem definir o que é saúde. Isso atrapalha a
construção no campo.
— Há pouco investimento dos estudos em Embora a prática esteja concentrada
construir um conceito (diferente de definição): principalmente em 30 países na África e no
EXEMPLo: Não se fez um movimento de integração Oriente Médio, ela ocorre também em alguns
de diferentes definições para compor o conceito, lugares da Ásia e da América Latina. E entre
que é mais amplo do que definição. populações imigrantes que vivem na Europa
Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova
— Há pouco investimento dos estudos em Zelândia, dizem as Nações Unidas.
construir um conceito (diferente de definição). Mutilação genital feminina, ou na sigla MGF, é o
Restringem-se em opor saúde à doença e têm corte ou a remoção deliberada da genitália
foco no processo de adoecimento. Restringem-se feminina externa. A prática envolve a remoção ou
em opor saúde à doença e têm foco no processo o corte dos lábios e do clitóris, e a Organização
de adoecimento. Mundial da Saúde a descreve como "um
Exemplo: Quando chega nos centros de saúde, procedimento que fere os órgãos genitais
questiona-se o profissional da unidade sobre quais femininos sem justificativa médica". É um
são as ações de promoção à saúde realizadas. relativismo cultural perigoso.
Poucos, sabem responder porque não se tem A maioria das razões apontadas para a mutilação
foco no processo de saúde, mas sim no de genital feminina passa por aceitação social,
adoecimento. religião, desinformação sobre higiene, um modo de
preservar a virgindade, tornando a mulher
Saúde como normalidade "casável" e ampliando o prazer masculino.
O conceito de saúde muitas vezes tende a se Em algumas culturas, a MGF é considerada um rito
de passagem à vida adulta e um pré-requisito para
confundir com uma ideia de frequência estatística
o casamento. Geralmente, no entanto, o
(normalidade). Ou seja, se estão todos de um
procedimento é feito contra a vontade da mulher.
“mesmo jeito”, o normal é “ser assim”
O conceito de “normal” tem duplo sentido:
Noção de média estatística;
Parâmetro moral: Aquilo que é considerado
desejável em um determinado momento e
lugar.
Corre-se o risco de realizar concessões e
relativismo perigoso.
EXEMPLo: O sofrimento da mutilação genital
feminina é uma realidade para cerca de 200
milhões de meninas e mulheres que vivem hoje, de
acordo com a Organização das Nações Unidas
(ONU).
Nesse contexto, a OMS continua sendo um campo Georges Canguilhem foi um filósofo e médico francês.
Especialista em epistemologia e história da ciência, publicou
de disputa, onde definiram a “Saúde como o obras importantes sobre a constituição da biologia como
ciência, sobre medicina, psicologia, ideologias científicas e
completo estado de bem-estar físico, mental e ética, notadamente Le normal et le pathologique e La
connaissance de la vie
social e não a mera ausência de moléstia ou
doença”.
Essa concepção é criticada porque trata de uma
tentativa de positivação da noção de saúde como
um termo idealizado e romantizado. Normalmente o indivíduo doente é
considerado destacado de seu contexto.
”Para você estar saudável, tudo tem que estar bem”.
Não podemos olhar apenas para a doença, mas
Qual é o mínimo de bem-estar comum, se cada um o sim para o sujeito e em sua interação com o
entende de forma diferente? ambiente.
“O ser vivo e o meio não podem ser chamados de
Com o passar dos anos, novas normais se forem considerados separados”. O
definições foram criadas, buscando-se critério de normalidade deve considerar a relação
alternativas em seu contexto social. entre o organismo e seu meio, o modo como ele
responde às demandas do ambiente.
Críticas a essa concepção
Condição ideal de bem-estar, não há esse
Há uma diferença entre doença como
completo estado bem-estar. A vida implica em
anormalidade e como sofrimento do sujeito, entre
movimento, o organismo não é algo estático, ele
a doença diagnosticada pelo médico (conjunto de
está permanentemente em mudança. O próprio
sintomas) e a doença vivida pela pessoa (Illness x
movimento, mesmo que inclua fatores ruins, essa
desease).
movimentação é saúde.
Illness: Processo de vivência (a doença em contato
—O bem-estar tem um caráter eminentemente
com o corpo)
subjetivo.
Desease: Doença como sintoma.
— Ao se enfatizar o bem-estar, corre-se o risco
de desqualificar tudo o que se apresente como um
“mal-estar”, apresentando o como perigoso e
Corpo subjetivo, social e histórico — A saúde implica nos compromissos que o sujeito
constrói com seu meio, com sua realidade física,
O conceito de saúde implica não só em funções
econômica, afetiva, relacional, social.
orgânicas, em conceitos científicos, mas também
diz respeito a um CORPO SUBJETIVO e HISTÓRICO. — A saúde é ter meios de traçar um caminho
pessoal e original (não é ser diferente e melhor)
Assim, a saúde deixa de ser um objeto exclusivo
mas aplicar e deixar a marca de identidade no
dos especialistas em saúde e passa a ser um
caminho que irá percorrer em direção a um bem-
assunto ligado intrinsecamente à vida e à história
estar físico, psíquico e social. E essa construção
das próprias pessoas.
depende ao mesmo tempo do indivíduo e do
Nesse caso é o sofrimento, e não somente as coletivo. Nesse sentido, é importante a eterna construção.
medidas que estabelecem o estado de doença.
Questão social
Ao médico (e ao psicólogo também) caberia além
— Existem condições de vida impostas,
de dominar um saber especializado sobre as
convivência em um meio com características que
doenças, aceitar que cada paciente o instrua
não podem ser escolhidas: pobreza, alimentação
sobre o que só ele pode dizer sobre si.
deficiente, condições sanitárias precárias, etc.
*Ser humilde ao cuidado que ele necessita.
Historicamente, tem sido muito mais fácil
— Não é unicamente as médias estatísticas, nem normalizar condutas do que transformar
a fuga da normalidade que indicam um condições perversas de existência. Isso quer dizer
adoecimento, mas principalmente as dificuldades que, muitos dos diagnósticos são associados a
que o organismo encontra para dar respostas às questão social. Como se o profissional estivesse
demandas que o meio lhe impõe. “patologizando” a vida da pessoa. Muitas vezes,
Resposta de aceitação, reivindicação, questionamento ou oposição. colocando a culpa nela. O lugar da patologia, nela.
Definindo que, ela está em oposição disfuncional
Canguilhem: A saúde não é a ausência de mal-estar, de erros, do que é esperado, sem ter coragem de
de faltas, mas a possibilidade de enfrentá-los, de superar situações
novas. questionar qual é o meio em que ela se vive.
— É no interior de um meio capaz de garantir uma
Christophe Dejours (psicanalista,
existência digna e saudável que o indivíduo pode
psicodinâmica do trabalho)
constituir-se como um sujeito capaz de tolerar as
Christophe Dejours é doutor em Medicina, infrações e as infidelidades a que estamos
especialista em medicina do trabalho e em expostos.
psiquiatria e psicanalista. É considerado o pai
da psicodinâmica do trabalho.
— É necessário ir além dos diagnósticos e
A Loucura do Trabalho compreender o esquema representacional típico
de populações de baixa renda, às voltas com
Estudo de Psicopatologia do Trabalho problemas de sobrevivência física, psíquica e
social. (Identidade corpo trabalho: vivem muitas
questões do trabalho no corpo).
No trabalho com camadas populares o enquadre Há uma linha tênue entre permitir que a pessoa exerça um
deve ser revisto a partir dos valores dessa comportamento autodestrutivo porque é uma necessidade que faz parte
mesma classe. Sem isso corre-se o risco de se do funcionamento psíquico dela que diverge de uma negligência.
fazer um movimento ortopédico (impor seu modo
EXEMPLo:“Não consegue cuidar de algo que não se respalde apenas a
de vida, padrão e moral).
clínica, a pessoa não adere ao tratamento e escolhe o tipo de risco para
Exemplo: para lidar com a ansiedade, o a sua vida”.
recomendável é realizar meia hora de caminhada
por dia. As instituições de saúde não reconhecem formas de mal-
estar que não sejam etiquetadas como doença (sofrimento social
Manter esse discurso para reduzido a individual). A filiação do sujeito à sociedade acaba sendo
pessoas que não tem condições psíquicas e dada através de um projeto-doença. (Medicalização do sofrimento)
emocionais. A pessoa pode se sentir culpada, é Carreteiro, T.C.; Araújo, J,N.G. (orgs.) (2001). Cenários sociais e
abordagem clínica. São Paulo: Escuta.
necessária empatia cultural.
O sujeito precisa passar por diagnósticos para que possa acessar
*Não é porquê é cultural, é que se deve também benefícios (tratamentos) para encaminhamentos com outros
aceitar e reproduzir violências que ferem a profissionais.
Identificação das causas envolvidas e da forma como participam no processo da doença, a fim de elaborar
um modelo descritivo compreendendo as inter-relações entre o agente, o hospedeiro e o meio ambiente.
ou seja, algo que possui uma evolução, do processo Estímulo patológico: Diz-se de algo que acaba
de adoecimento de um indivíduo até sua cura ou possibilitando o aparecimento da doença. Por
exemplo, beber água que não recebe
morte. tratamento algum é um estímulo negativo para a
Trata-se de um estudo que acaba sendo um saúde, ou seja, possibilita que ocorram doenças.
b) alimentação nutritiva
PNDU: Programa das Nações Unidas para o * Coordenar sua implantação e articulação com os
Desenvolvimento é o órgão da Organização das demais setores governamentais e não
Nações Unidas que tem por mandato promover o governamentais;
desenvolvimento e erradicar a pobreza no mundo. * Incentivar estados e municípios a elaborar
planos de PS;
Logo após o lançamento da Estratégia Global para * Articular e integrar ações de PS no SUS;
Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, * Monitorar e avaliar as estratégias de
pela OMS e diante do quadro epidemiológico e de implementação da PNPS e seu impacto;
fatores de risco vigentes (taxas de mortalidade
* Reconhecer a importância da PS para a
por doenças crônicas não-transmissíveis
equidade;
elevadas, altos índices de inatividade física e
padrões alimentares dominantes inadequados), o * Estimular as ações intersetoriais;
MS decide, em abril de 2004, instituir e iniciar a * Fortalecer a participação social
Ciência & Saúde (empoderamento);
* Adotar práticas horizontais de gestão e públicas que têm reconhecidas influências sobre a
estabelecimento de redes de cooperação saúde.
intersetoriais;
* Incentivar a pesquisa e avaliação em PS; Uma secretaria executiva – na forma
* Viabilizar iniciativas de PS junto aos de Secretaria Nacional de Promoção da Saúde e
trabalhadores e usuários do SUS, considerando Atenção Básica – seria criada no MS, outorgando
metodologias participativas e o saber popular e a este campo à devida prioridade.
tradicional.
Conteúdo extra: A saúde está na berlinda
entre ser uma mercadoria ou direito. Enquanto
Também em março de 2006, foi mercadoria, o que vende é a doença. Se o Estado
instituído a Comissão Nacional sobre fosse eficaz fazendo os dois, as pessoas
Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), no adoeceriam menos, não se sujeitando a comprar
âmbito do MS, a primeira a se constituir no mundo. remédios e se sentiriam mais protegidas. No
A CNDSS foi composta por dezesseis mercado da saúde, o que vende, é o medo de
morrer. Se tivesses política pública fortalecida, as
personalidades de diversas áreas da vida social
pessoas não estariam com medos e assustadas,
nacional e de um grupo interministerial, envolvendo
mantendo uma vida mais saudável.
dezesseis ministérios das áreas econômicas e
sociais, além de representantes das SES e SMS e De 2013 até 201, tivemos sucessivas retiradas da
da OPS/Brasil, e apresentou, em abril de 2008, saúde como direito. Estamos observando o colapso
seu relatório final, intitulado “As causas sociais das do SUS (pandemia – COVID-19). Há muitas pessoas
iniquidades em saúde no Brasil”. que tem interesse em acabar com o SUS para
CNDSS: Produzir conhecimentos e informações venderem convênios médica.
sobre os DSS no Brasil; · apoiar o desenvolvimento Promoção da saúde como serviços,
de políticas e programas para a promoção da Ações E EStratégias
equidade em saúde; · promover atividades de As ações de PS no Brasil são muito diversificadas,
mobilização da sociedade civil para tomada de como ocorre em qualquer país ou sistema de
consciência e atuação sobre os DSS. saúde.
Nesse período, nos países de primeiro O estado e os órgãos públicos, não estão ajudando com políticas públicas,
mundo, os sistemas de saúde começam a ser ambos são responsáveis. O cidadão é corresponsável, a comunidade
fortemente questionados (inequidade, ineficiência, precisa protagonizar com papeis de cidadania para lutar por melhores
INTERSETORIALIDADE
• É a articulação de saberes e experiências para
Surgem novas concepções do processo
o planejamento, a realização e a avaliação de
saúde enfermidade-cuidado, que procuram
políticas, programas e projetos, cujo objetivo é
articular quatro dimensões explicativas: biologia
alcançar resultados cooperativos em situações
humana, estilos de vida, ambiente e serviços de
complexas (Inojosa apud Nascimento, 2010).
saúde.
• Somatória e articulação de diversos setores
Dessa forma, começa a surgir as Conferências
para o benefício dos cuidados e do bem-estar da
internacionais sobre o tema que estabelecem as
população (integração entre saúde, educação,
bases conceituais e políticas da promoção da
assistência social, infraestrutura, esporte,
saúde.
cultura, lazer).
Informe Lalonde (Canadá, 1974) primeiro
Política: Permanentes, abrangentes e institucionalizadas.
documento oficial a usar o termo
“promoção da saúde” Programas: Desdobramentos das políticas. Embora institucionalizada,
recursos fundamentais para a saúde: paz, Projetos: Menor grau de institucionalização. Curta duração, porém tem
habitação, educação, alimentação, renda, mais liberdade e autonomia de acontecer do que em relação às políticas.
A intersetorialidade trata-se de mecanismos de gestão e integração de É necessário um olhar ampliado para além do que cada política consegue
ações, saberes e esforços de diferentes setores da política pública, com perceber. Por esse motivo, a intersetorialidade surge para resolver
o objetivo de construir objetos comuns de intervenção entre eles, para questões complexas, como os exemplos citados acima, além de inúmeros
o enfrentamento mais articulado dos problemas sociais. outros casos de difícil compreensão.
Áreas, como Assistência Social, Educação e Saúde, possuem dados que A integração dos setores auxilia inclusive nas dificuldades enfrentadas
se utilizados de maneira integrada, e com ações pensadas em conjunto, pelos profissionais dessas políticas, articulando posturas, novos
farão com que os diferentes setores que lidam com as vulnerabilidades mecanismos e ações, visando a busca pela garantia dos direitos
e fragilidades multifacetadas – de natureza e aspectos diversos – dos fundamentais de cada cidadão.
núcleos familiares, encontrem saídas e soluções coletivas a partir destas
ações intersetoriais.
São respostas que nem sempre a área educacional terá em mãos, sendo
que a integração com setores, como o da Assistência Social, lhe dará
pareceres mais precisos sobre o que pode estar ocorrendo com o aluno
e sua família.
PROMOÇÃO DA SAÚDE de negação. Isso, diminui a chance de se prevenir
Definição de 1997: “É o conjunto de atividades, processos e
de forma correta.
recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania,
orientados a propiciar o melhoramento de condições de bem-estar e Quem fizesse sexo, estava errado.
acesso a bens e serviços sociais, que favoreçam o desenvolvimento de Então, não procurava ajuda.
conhecimentos, atitudes e comportamentos favoráveis ao cuidado da
saúde e o desenvolvimento de estratégias que permitam à população um
(.. ) Com o tempo, o discurso foi mudando. O
maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a nível individual
preservativo era visto em muitas campanhas
e coletivo”.
para que as pessoas pudessem ter consciência do
que era o vírus.
As abordagens metodológicas em
promoção da saúde, por este ser um campo de
conhecimento e prática mais recente, estão
menos desenvolvidas do que os métodos
epidemiológicos de planejamento, implementação e
avaliação dos programas de prevenção de
doenças.
Categorias Promoção da saúde Prevenção de doenças
Conceito de saúde Positivo e multidimensional Ausência de doença
Modelo de intervenção Participativo (sujeito e comunidade) Médico
Alvo Toda a população, no seu ambiente Principalmente os grupos de alto
total risco da população (focalizado e
fragmentado)
Incumbência Rede de temas da saúde Conter patologia específica
Estratégias Diversas e complementares Geralmente única
Abordagens Capacitação Direcionadas e persuasivas
Direcionamento das medidas Oferecidas à população Impostas a grupos-alvos
Objetivos dos programas Mudanças na situação dos indivíduos Focam principalmente em indivíduos e
e de seu ambiente grupos de pessoas
Executores dos programas Organizações não profissionais, Profissionais de saúde
movimentos sociais, governos locais,
municipais, regionais e nacionais, etc.
1) São considerados como pontos problemáticos da promoção da saúde sua excessiva ênfase em intervenções comportamentais
(responsabilização dos indivíduos) e a ausência de debate sobre determinação social e econômica da saúde". Isso é verdadeiro ou falso?
a) Verdadeiro
b) falso
2) No contexto internacional, qual dos eventos a seguir representa um marco importante para a discussão da Promoção da Saúde:
a) Criação do SUS, pela Lei 8080, no ano de 1990.
b) Constituição do comitê internacional para o enfrentamento dos determinantes sociais da saúde.
c) Conferência internacional da ONU e Tratado de Genebra.
d) Carta de Ottawa, na Conferência realizada no Canadá, em 1986.
e) Publicação do Relatório Dawson, na Inglaterra, em 1920, que lançou as bases para o sistema nacional britânico.
3) A qual conceito se refere a seguinte definição: conjunto de valores (vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento
sustentável, participação e parceria) referindo-se a uma combinação de estratégias que envolvem a ação do Estado (políticas públicas saudáveis), da comunidade (reforço
da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de parcerias interinstitucionais,
trabalhando com a noção de responsabilização múltipla, seja pelos problemas, seja pelas soluções propostas para os mesmo
a) Raciocínio epidemiológico
b) Promoção da saúde
d) Integralidade
e) Intersetorialidade
4) A Intersetorialidade é compreendida como a somatória e articulação de diversos setores para o benefício dos cuidados e do bem estar da população (integração
entre saúde, educação, assistência social, infraestrutura, esporte, cultura, lazer). Pressupõe a articulação de saberes e experiências para o planejamento, a realização e
a avaliação de políticas, programas e projetos, cujo objetivo é alcançar resultados cooperativos em situações complexas.
.
Princípios e Diretrizes
Organizativas do SUS
Primeiro princípio: todo cidadão tem Quarto princípio: todo cidadão deve ter
direito a ser atendido com ordem e organização. respeitados os seus direitos de paciente.
Quem estiver em estado grave e/ou maior Você tem direito a pedir para ver seu
sofrimento precisa ser atendido primeiro. prontuário sempre que quiser.
Segundo princípio: todo cidadão tem Tem também a liberdade de permitir ou
direito a ter um atendimento com qualidade. recusar qualquer procedimento médico, assumindo
a responsabilidade por isso. E não pode ser
Você tem o direito de receber informações submetido a nenhum exame sem saber.
claras sobre o seu estado de saúde. Seus
parentes também têm o direito de receber Quinto princípio: todo cidadão também
informações sobre seu estado. Também tem o tem deveres na hora de buscar atendimento de
direito a anestesia e a remédios para aliviar a dor saúde.
e o sofrimento quando for preciso. Toda receita
médica deve ser escrita de modo claro e que Você nunca deve mentir ou dar informações
permita sua leitura. erradas sobre seu estado de saúde.
Terceiro princípio: todo cidadão tem Deve também tratar com respeito os
direito a um tratamento humanizado e sem profissionais de saúde.
nenhuma discriminação.
Autores: Jairnilson Paim, Claudia Travassos, Celia Almeida, Ligia Bahia, A reforma sanitária brasileira foi
James Macinko impulsionada pela sociedade civil, e não pelo
governo, por partidos políticos ou por
história
organizações internacionais. O Sistema Único de
O Brasil é uma república federativa cujo território
Saúde (SUS), instituído pela Constituição de 1988,
possui 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o
baseia-se no princípio da saúde como um direito
que representa 47% da América do Sul. Com uma
do cidadão e um dever do Estado.
população estimada de 210 milhões (2021) é o
quinto país mais populoso do planeta. Seu sistema Contexto do sistema de saúde brasileiro
político é composto por diversos partidos e três
níveis autônomos de governo – governo federal, O sistema de saúde brasileiro é constituído por
26 estados, um distrito federal e 5.563 uma variedade de organizações públicas e
municípios. O país é governado pelo poder privadas estabelecidas em diferentes períodos
executivo – chefiado pelo presidente –, pelo históricos.
legislativo bicameral e pelo judiciário independente.
No início do século XX, campanhas realizadas sob
O Brasil foi uma colônia de Portugal desde 1500,
moldes quase militares implementaram atividades
mas apesar de ter conquistado a independência
de saúde pública. A natureza autoritária dessas
política em 1822, só se tornou uma república em
campanhas gerou oposição de parte da população,
1889. A escravidão foi abolida em 1888. A
políticos e líderes militares. Tal oposição levou à
população brasileira é miscigenada: em 2008,
Revolta da Vacina, em 1904, episódio de
cerca da metade da população se autoclassificava,
resistência a uma campanha de vacinação
em termos de raça e cor da pele, como parda
obrigatória contra a varíola sancionada por
(43,8%) ou preta (6,8%) e 0,6% se
Oswaldo Cruz, o então Diretor Geral de Saúde
autoclassificava como indígena.2 No século XX, o
Público.
Brasil passou por um intenso período de
industrialização, concomitante à instabilidade
política, golpes militares e governos autoritários, O modelo de intervenção do Estado
com breves períodos democráticos. brasileiro na área social data das décadas de 1920
Desde 1988, se representa o mais longo período e 1930, quando os direitos civis e sociais foram
democrático no país. vinculados à posição do indivíduo no mercado de
trabalho.
O sistema de proteção social brasileiro se
expandiu durante o governo do Presidente Getulio
Vargas (1930-45) e dos governos militares (1964-
84).
filantrópicas ofereciam assistência de saúde a
trabalhadores rurais. Os subsídios diretos a
empresas privadas para a oferta de assistência
médica a seus empregados foram substituídos
por descontos no imposto de renda, o que levou à
expansão da oferta dos cuidados médicos e à
O processo de tomada de decisão e a gestão do proliferação de planos de saúde privados. A maior
sistema eram realizados sem participação da cobertura da previdência social e um mercado de
sociedade e estavam centralizados em grandes saúde baseado em pagamentos a prestadores do
burocracias. setor privado com base nos serviços realizados
(fee for service) geraram uma crise de
O sistema de proteção social era fragmentado e financiamento na previdência social, que,
desigual. O sistema de saúde era formado por um associada à recessão econômica da década de
Ministério da Saúde subfinanciado e pelo sistema 1980, alimentou os anseios pela reforma.
de assistência médica da previdência social, cuja
provisão de serviços se dava por meio de A reforma no setor saúde brasileiro
institutos de aposentadoria e pensões divididos
por categoria ocupacional (p. ex., bancários, A reforma do setor de saúde no Brasil estava na
ferroviários etc.), cada um com diferentes contramão das reformas difundidas naquela
serviços e níveis de cobertura. época no resto do mundo, que questionavam a
As pessoas com empregos esporádicos tinham manutenção do estado de bem-estar social.
uma oferta inadequada de serviços, composta por A proposta brasileira, que começou a tomar
serviços públicos, filantrópicos ou serviços de forma em meados da década de 1970,
saúde privados pagos do próprio bolso. Após o estruturou-se durante a luta pela
golpe militar de 1964, reformas governamentais redemocratização.
impulsionaram a expansão de um sistema de saúde
predominantemente privado, especialmente nos
grandes centros urbanos. Um amplo movimento social cresceu no
país, reunindo iniciativas de diversos setores da
Seguiu-se uma rápida ampliação da cobertura, que
sociedade – desde os movimentos de base até a
incluiu a extensão da previdência social aos
população de classe média e os sindicatos –, em
trabalhadores rurais.
alguns casos associados aos partidos políticos de
esquerda, ilegais na época.
Entre 1970 e 1974, foram
disponibilizados recursos do orçamento federal
para reformar e construir hospitais privados; a
responsabilidade pela oferta da atenção à saúde
foi estendida aos sindicatos e instituições
A concepção política e ideológica do Essas mudanças administrativas
movimento pela reforma sanitária brasileira estabeleceram os alicerces para a construção do
defendia a saúde não como uma questão SUS. Posteriormente, durante a Assembleia
exclusivamente biológica a ser resolvida pelos Nacional Constituinte (1987-88), o movimento da
serviços médicos, mas sim como uma questão reforma sanitária e seus aliados garantiram a
social e política a ser abordada no espaço público. aprovação da reforma, apesar da forte oposição
Professores de saúde pública, pesquisadores da por parte de um setor privado poderoso e
mobilizado.
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
e profissionais de saúde de orientação O sistema de saúde atual
progressista se engajaram nas lutas dos
movimentos de base e dos sindicatos.
O sistema de saúde brasileiro é formado por uma
rede complexa de prestadores e compradores de
O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde serviços que competem entre si, gerando uma
(CEBES) foi fundado em 1976, organizando o combinação público-privada financiada sobretudo
movimento da reforma sanitária e, em 1979, por recursos privados.
formou-se a Associação Brasileira de Pós- O sistema de saúde tem três subsetores: o
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO). Ambas subsetor público, no qual os serviços são
propiciaram a base institucional para alavancar as financiados e providos pelo Estado nos níveis
reformas. federal, estadual e municipal, incluindo os serviços
O movimento da reforma sanitária cresceu e de saúde militares; o subsetor privado (com fins
formou uma aliança com parlamentares lucrativos ou não), no qual os serviços são
progressistas, gestores da saúde municipal e financiados de diversas maneiras com recursos
outros movimentos sociais. públicos ou privados; e, por último, o subsetor de
saúde suplementar, com diferentes tipos de
planos privados de saúde e de apólices de seguro,
De 1979 em diante foram realizadas reuniões de além de subsídios fiscais.
técnicos e gestores municipais, e em 1980,
constituiu-se o Conselho Nacional de Secretários Os componentes público e privado do sistema são
de Saúde (CONASS). distintos, mas estão interconectados, e as
pessoas podem utilizar os serviços de todos os
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde três subsetores, dependendo da facilidade de
aprovou o conceito da saúde como um direito do acesso ou de sua capacidade de pagamento.
cidadão e delineou os fundamentos do SUS, com
base no desenvolvimento de várias estratégias
que permitiram a coordenação, a integração e a
transferência de recursos entre as instituições
de saúde federais, estaduais e municipais.
O subsistema público de saúde Ainda que a reforma sanitária tenha se tornado
uma prioridade política secundária durante a
A implementação do SUS começou em 1990, década de 1990, foram lançadas várias iniciativas,
mesmo ano da posse de Fernando Collor de Mello, como um programa nacional de controle e
o primeiro presidente eleito por voto popular prevenção de HIV/AIDS, maiores esforços para o
desde a ditadura militar, que seguiu uma agenda controle do tabagismo, a criação da Agência
neoliberal e não se comprometeu com a reforma Nacional de Vigilância Sanitária, o estabelecimento
sanitária. Ainda assim, em 1990, foi aprovada a da Agência Nacional de Saúde Suplementar e a
Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), que criação de um modelo de atenção à saúde indígena.
especificava as atribuições e a organização do O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SUS. O projeto da reforma sanitária foi retomado (SAMU) e a Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil
em 1992, após o impeachment do presidente por Sorridente) foram iniciativas, entre muitas outras,
corrupção. implementadas após 2003, durante o governo
Lula.
Fernando Henrique Cardoso foi eleito Esse novo acordo federativo deu mais
em 1994 (e reeleito em 1998), promovendo novos autonomia aos municípios, mas também expandiu
processos de ajuste macroeconômico e de os recursos e controles do nível federal.
privatização.
Ajudou a melhorar resultados de saúde. A oferta pelo setor público não é suficiente.
Há desigualdade no acesso
a) II e IV d) I, II e III
b) II e III e) I e III
c) Somente I
5) A participação social ou controle social é uma diretriz do SUS e podemos dizer que:
a) A participação popular é um movimento que surgiu recentemente a partir do ano de 2015 com a população
participando mais ativamente das políticas públicas de saúde, inclusive a da saúde.
b) O controle social é a participação da sociedade civil organizada no processo decisório sobre o caráter permanente das
políticas públicas.
c) A participação social é a garantia de que a população participará do processo de elaboração e controle das políticas
públicas de saúde, via eleições diretas realizadas a cada quatro anos.
d. O controle social possui o sentido de vigilância e de responsabilização; trata-se de compromisso com a coisa pública.
e) Toda forma de participação social, ainda que se origine de modo não institucionalizado deve, progressivamente, ser
institucionalizado para ser efetiva.
6) Em relação a universalidade, diretriz do SUS, qual a afirmativa que podemos considerar correta.
a) A universalidade só diz respeito ao acesso a alta complexidade, como hospitais especializados.
b) A universalidade diz respeito ao acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.
c) A universalidade só atende aquele que necessita da atenção primária de saúde (atenção básica).
d) A universalidade diz respeito ao atendimento, somente, na prevenção e reabilitação.
e) A universalidade só atende os brasileiros e restringe o acesso a qualquer estrangeiro.