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TODAS AS FORMAS DE
TIRANIA, DE EXPLORA-
ÇÃO E DE OBSCURAN-
TISMO -^ E EM PROL DE
LIBERDADE E BEM-ESTAR
PARA TODOS.
íxperíência Social no
Unidades Ativas e não Rio Grande do Norte
Mentores do Povo Uma noticia que poderíamos con-
siderar alviçareira se não partisse do
Estado, publicada na "Ultima Hora''
Criíica-se, com razão, a alividad© no cenáxio da
vida pública brasileira dos políticos profissionais que, de 3 de dezemfcro, dá-nos conta de que
se pretende fazer no Rio Grande do
praticando lôda sorte de explorações, apresentam-se
como combatentes ardorosos da democracia, da liber- Norte uma experiência social de gran-
dade e dos direitos do povo. de alcance. 400 famílias de campone-
ses jerimuns vão ser localibadas, à ma-
Nada mais natural do que essa critica. Expli-
neira dos "kibutzes" de Israel, em
ca-se porém o fato de que se origina: é que a corren-
uma área de 20.050 hectares de terras
teza aas enchentes não sacode apenas os lírios das
desapropriadas pelo governador Alui-
ribanceiras — arrasta também toda sorte de detri-
sio Alves, existentes em. quatro muni-
tos acumulados nas margens nas épocas de vasantes... cípios do Estado do Rio Grande do
O nefasto período de compressão da ditadura Norte.
embaraçou d^irante largo tempo a atividade de no- Fizemos a ressalva em relação ao
vos valores sociais na vida pública do pais e, por Estado, não sõ por que no« mantemos
isso, o ranço da velha politicagem continua a im- fiéis ao princípio anarquista de que é
pregnar o ambiente ao serem arrombados os com- preciso organizar a vida social sem
partiménlos estanques do passado. Estado, baseada no acordo mútuo e na
Isso, entretanto, não pode nem deve obliterar o mútua solidariedade, mas ainda por-
sereno raciocínio. A mocidade, em certos setores, que, no Brasil principalmente, o Esta-
aí está a se expandir em demonslriações de energias do não prima pela responsabilidade de
novas, que hãode servir de seiva para o movimento seus membros em relação às coisas pú-
renovador do pais. blicas. Haja vista o caso do abasteci-
Neste momento de equação de valores so- mento. Os agambarcadores e interme-
ciais, de baíejamento de consciências: nao é diários na venda de gêneros alimenti-
mais concebível haver elementos (jque preíen- cios usam e abusam do descaramento
dam agir como mandantes do povo e» prin- de sonegar ao povo os alimentos de
cipalmenle, da classe Irabalhadora, apresentando-se que necessita, com o propósito osten-
como seus mentores e guias situados em postos de sivo de aumentar os preços de manei-
mando de agrupamentos partidários, a expedir instru- ra absurda e insultante. Partidas de
ções e palavras-de-ordem de cima para baixo, de di- arroz compradas com o dinheiro do
rigentes a dirigidos. povo rio Rio Grande do Sul, pelos
Não é possível, neste instante decisivo de ten- órgãoü controladores de preços do go-
tativas de reestruturação da vida nacional, qüe haja verno (COAPS E COFAPS), desapare-
os que tentem arvorar-se em pastores políticos para cem nas alfândegas e não chegam ao
conauzir o povo em panúrgico rebanho eu preten- seu destino.. Os produtores de leite
dam que se lhes empresteni os ombros à guisa de elevam, o preço de 30 para 55,00, e es-
esscada, para o salto às alturas dos cargos de re- tão agora exigindo mais 20 cruzeiros ..n^! í«""s a _ím«fy.„, fiel da situação presente: o povo trabalhador
presentação ou de mando. ' por litro, ameaçando vender as vacas suportando o peso do capitalismo expotiador. Onãe-7 AQUí — e vor
Não é admissível que se queirai continuar con- para cortei ou transformar todo o leite todo mundo, como? O Estado - servidor dos dovujiadores de todos
duzindo o povo como serviçal submisso, sempre à cm quei.ios c outros sub-produtos do os tipos - sujeüa o povo à exploração por meio de sua engrenagem
mercê dos manejos e conchavos de vivedores da leite, se não forem atendidos. ' Os opressiva. Aos reclamos de suas vitimas, responde com. perseguições-
política'|oú de~ pireiensos salvadores, aparecendo êie, mandí-^^n? de' segurança têm feiti, ,_om encarcera, martiriza, enforca, fuzila, executa usan,U> de MrJ>aros
o povo, em todas as ocasiões, como mero comparsa. que eles tenham sem,pre razão... requintes.
Aqueles (Jue verdadeiramente estejam identifi- O mesmo acontece com o feijão o
1. ^^"^:"'"- " P"^-"^itagem que acumula colossais fortunas por meio
cados com a causa popular devem agir COM O POVO acucar, a batata, as; verduras, tudo, de sórdidas especulações, vive a esüanjar milhões em orgiacas Hs-
e não PELO POVO, pretendendo talar em seu nome, enfim, absolutamente imprescindível tanças, exihidas em afrontosas reportag'ens ilastra,las nas revistas de
como seus condutores. E, assim procedendo, não ao alimento do povo. E ninguém to- grande tiragem.. Ainda agora, ao findar do ano (de privações emisl
poderão fugir ao imperalivo da hora que passa, que ma providências, ninguém se preo-
exige decisão para à luta, mantendo-se à margem cupa se o povo têm de apertar a bar- ZoS'" " T'"''/ """'''""'' "^'"^■'"'^"" '^^^"^niou milhões em lu-
xuosos reveillons" realizados em São Paulo, Guanabara, em. outras
da arena onde os acontecimentos se desenvolvem, riga e deixar os filhos morrer à min-
gua,. cidades incluindo uma ão poligono das .sêca.s,„ gòmente numa dessas
ditando normas de conduta. Ao contrário, sua parti- farras da Guanabara foram consumidas quinhentas garrafas de Wí.sfcy
cipação deverá ser de unidades ativas no todo, supori- Uma experiência como a que se — fermentado com,, o suo,< e o sangue dos trabalhadores.
lando diretamente todos os azares das pelejas, dando, pretende- fazer no Rio Grande do Nor-
ainda, o exemplo de atividade, de dedicação e de te seria miuito interessante, e serviria s-o/„.t*t'"/rt ''"™™ '"'"■ "^*^ '""""'"' " PO^^o trabalh^^dor se re-
honestidade. de incentivo à realização de outras solver a libertar-se da politicagem, da mistificação dos peleaol da
O momento exije pronunciamentos precisos, expefiências em m,atêria de coloniza- intrunce de lideres, dirigente, e Imessias de todas as cLs-cdctt
atitudes serenas, mas positivas. Está em jogo a ção, se não estivessem metidos nela dir-se a agir diretamente em defesa de seus direitos conspurcaZs
causa popular, a causa do povo brasileiro. Quem ao elementos que se vão aproveitar da lavrando a sociedade dos parasitas e tiranos, para estabelecer! orça-
boa fé dos camponeses para se lo- nizaçao social baseada no trabalho que proporcione bem-estar e liber-
povo pertença, por condição social, por sentimento
cupletarem dos resultados, deixando os dade a todos os que labutam positivamente.
ou por convicções, não pode, agora, que se canalizam
camponeses na miséria e na degrada-
energias potenciais em vésperas de manifestações ção de sempre.
dominadoras, manter-se na cômoda situação de es-
Isso aconteceu com as obras con-
pectador neutro, observando displicentemente a
tra a seca e aconílcce com todas as
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Pág. 2 — Janeiro de 1963 O LIBERTÁRIO ANO lil N.° 15
Vulto do Anarquismo
um incondiciima] admirador de Pedro
Feíreira da Silva,, Seu estilo claro,
simples e conciso de um saber tols-
toiano era admirável na pregação
A Ditadura do Proletariado
doutrinária. O homem rqais rude de
campo entendia sua linguagem per- De TAVARES ÁCRATA.
No movimento anarquista não se alimenta o culto da personalidade.
Não criamos ídolos. Em nossa luta emancipadora há ^ma equivalência suassiva, lógica, cristalina. Era sim-
de valores em todas as atividades. ples e profunda como um Sermão da São contundentes, certeiras e se tornaram proféticas as criticas ãe
Montanha. Na harmonia da boa pro- Baku.nine a Mar.c quanto ao aspecto da -'ditadura do proletariado". Com,o
Entretanto, se não seguimos ídolos, não esquecemos aqueles que# em sa já se vislumbrava o poeta que ia é sabido e como bem, acentua Mário Eerreira dos Santos no livro "Análise
suas múltiplas modalidades, dedicaram à nossa causa toda a seiva de despertar. Ao saudar Prendas de Porr Dialética do Marxism.o", pág. 59: "A expressão ditadura do proletariado"
suas vidas: eneiígia, inteligência, rudes atividades, suportando toda tugal, com,o prelúdio, eu já augurava
sorte de penúrias e sacrifícios. não aparece de forma explicita no Manifesto Comunista.. Há, entretanto,
uma obra de mais vastio conteúdo uni- naquele documento expressões tais como "elevado o proletariado à posição
Relembramo-los como exemplos de personalidades cujas vidas po- versal Não me enganei. ''ícaros No- de classe governante", e "Estado, isto é, o proletariado organizado como
dem servir de estímulo para todos nós empenhados na mesma peleja vos", que vai sair, parece um livro classe í^overnante".
social. I fadado a transpor fronteiras, para ser
lido, admirado, discutido. É lírico, re- Foi somente depois da revolução locaria à cabeça do governo? Há
É o caso de Luiza Michel, cujo vulto se destaca dentre as efemé- belde, pi-cfundo, humano. Ti-az no de 1S4S, que Marx deu um significado aproximadamente uns 40 milhões de
rides deste mês. seu bojo a mensagem dos anseios da concreto á idéia da ''ditadura do pro- alemães. Poderíamos imaginar todos
hora presente, da hora em que a ciên- letai-iado"., Foi na "Guerra Civil em esses 40 milhões membros do governo?
Luiza Michel, filha de um advo- |
gado de ideais liberais, nasceu era cia dá cartas e Joga de mão, sendo, França", onde vem,os esta frase;
entretanto, a hora mais cruciante e O povo inteiro governará e
3833. "... Em vJz das exigências de refor-
trágica da humanidade. Da ciência não haverá governados. Consequen-
ma.. . ouviu-se o grito audaz de guer-
Cedo sentiu a tristeza e a miséria que depôs nas mãos de alguns loucos temente, não haverá governo, não
ra: Derrocada da burguesia e Ditadu- haverá. Estado; enquanto qtis se há.
do homemi do campo, a trabalhar dia o desCino de todos os seres humanos. ra do proletariado! "
e noite, como a cumprir um castigo, Da ciência que deu quase o poder de Estado haverá governados, haverá
Vejamos, pois, o que diz Bakuni- escravos.
à maneira do de Tantalo da lenda tudo resolver, mas também de tudo ne, isto em 1873, portanto quase cin-
grega, no inferno, a morrer de sede destruir. Sc o humanismo evoluisse qüenta anos antes da Revolução Rus- O dilema é resolvido facilmente
dentro de u^m rio, ou qual Prometeu, no coração e mente dos governantes na teoria marxista. Entendem, por
sa, que veio provar irrefutavelmente
preso à rocha do Caucaso, com um. paralelamente com a evolução da governo do povo, "um governo de itm
abutre a arrancar-lhe pedaços do fí- quanto o teórico de anarquismo estava
ciência, esta seria aproveitada em be- certo, no livro "Estatismo e Anar- pequeno número de representantes
gado cxpositio. que se refazia, ao mes- nefício de todos. Mas a ciência a ser- clejtos pelo povo". O sufrágio uni-
mo tempo que ia sendo devorado. quia", tomo V, Obras Completas, págs.
viço de uma casta, mais aumenta o 2SC, 287, versal — o direito de eleição por todo
Atira-se à luta pela liberdade. B seu pcder de escravisar e destruir os <■ povo dos representantes do povo e
"Tivemos oportunidade, muitas
enquanto sé dedica ao ensino, prega que lhes opõem tenaz resistência. Nes- dos gerentes do Estado — tal a última
vêzcs, de expressar nossa discordância
ta corrida desenfreada de apcrfeiçqa- para com as teorias de Dassale e Marx palavra dos marxistas, idêntica a da
mcnto de armas nucleares estão i^e- que recomendavam., se não como ideal, minoria dominante, tanto mais peri-
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ANO III — N.° 15 O LIBERTÁRIO Pág. 3 — Janeiro de 1963
O Heroísmo do Trabailio
Militantes Anarquistas na Na realidade, isto de trabalhar
dever ser um ato de heroísmo.. Primi- A Religião da Violência
Revolução Mexicana
tivamente, deveria ser saudável e ca-
valheiresco; umi cunho de honra para I III B ULTIMO
o homem! Em 1929, na Conferência contra a da regressão moral e social que acom-
Mas apareceu o primeiro amo i Guerra de Gases Letais, realizada na panha as tendências guerreiras. Cair
A tendência social <3'a revolução mexicana, de 1910, no que ela teve d^ sôbie a terra, trazendo consigo o sis- cidade germânica de Francfort, com- e recair é muito mais fácil que levan-
social, foi uma conseqtiência da propaganda libertaria desenvolvida durante, tema de exploração e o seu séquito petente químico alemão declarou ser tar-se e elevar-se. E há ainda indiví-
inuitos ahos pelos anarquistas do México. Entre outros elementos de valor burocrático estatal, e o tíabalho tor- mais inquieíante numa guerra total, duos e povos que demonstram suas
combativo que atuaram, diretamente de aiinas na m.ão, ao lado do povo nou-se uma maldição. não como se poderia crer, o emprego preferências pela regressão! . . . Com
coni/ra a ditadura do general Porfirio Diaz, os nornes de Praxedes O. Ouer- Senão, olhai esse operário que dos mais refinados meios de morte e efeito, para vencer a guerra e a vio-
rero, Ricardo Flores Magon e Librado Rihera tornaram-se símbolos da luta passa sujo, andrajoso, curvado sob o destruição, mas sim o fato ainda mais lência, deve-se não apenas, para não
libertária do México, não apenas pelo seu ardor revolucionário em prol peso da miséria, com os pés e as mãos detestável, e que o homem moderno já citar senão o professor Duprat, libe-
da libertação do povo, mas através de artigos e conferências, de agitações sangrentas, amarrado pela lei e pelo considera normal, — seja lá isso sob rar-se intelectual, moral e pràtica-
na iiraça pública, e dando vida ao jornal "Regeneracion", que ainda hoje patrão. Que fêz de mal para assim o comando de qual fôr autoridade ofi- miente de um "detenninismo social"
se ptthlicOK .sofrer? Ajj.enas isto: trabalhar, pro- cial, — de envenenar aos milhões seus profundamente enraizado e que se
duzir dia e noite. semelhantes, queimando-os e extermi- encontra dentro e fora de cada ser
Extraímos de um calendário da Vedes essa fábrica? Que se pas- nando-os. Segundo este sábio, já se
SIA (Sociedade Internacional Anar- humano, mas é preciso criar um
sará lá dentro? Que drama se agitii pode agora verificar que esta mentali- NOVO DETERMINISMO SOCIAL,
quista", a seg-uinte nota sobre a atua- entre suas paredes elegantes, mas dade coletiva assassina não deixou de
ção dos anarquistas na revolução me- determinismo da liberdade individual
cruéis? Espreitai. Ali, ao pé da má- exercer permjciosa influência na cri- e coletiva — determinismo que, ba-
xicana: quina, a pobre mãe proletária chora, minalidade individual em tempo de seado tanto na responsabilidade indi-
"1910 — 14 — No dia 14 de ãe- enquanto se lhe corta o coração por paz ou em tempo dito pacífico. Com vidual quanto na social, deve ser de-
zembro, em um combate travado con- não poder ver e dar de mamar a seu efeito, os gases letais não provêm se- senvolvido a tal ponto que, finalmente,
tra as forças do governo, encontrou filho, que emudece de frio> no barraco, não de espíritos envenenados e a guei--tornando-se por assim dizer instinti-
a mprte esse homemi generoso, inquie- sem abrigo. Ali corre, de um lado ra bacteriológica, de mentalidade con- vo, triunfe por sobre todas as tradi-
to, pensamento poderoso e personali- para outro, o garoto aprendiz, atemo- ,:'íimiinada. A sociedade moderna fun- cionais resistências^.
dade transbordante', que se chamou rizado pelos insultos do capataz.. damentalmente não é senão uma for- Isso significa que também do
praxedes G. Guerrero. Entretanto, deste cômodo salão e ma sutilíssima de barbárie que nosso lado precisamos de vigorosas
■Ricardo Flores Mag-on, Praxedes olhando como um abutre, o patrão di- contorna as loucuras individuais e personalidades; todavia, com forças
G. Guen-ero e Liibrado Ribera foram rige os escravos com o sádico prazer coletivas, confundindo-se freqüente- de natui-eza toda especial. Realmente,
artífices do movimento obreiro e anar- de escravagista. Daqui, êle vigia e mente com, elas. Desse modo, a guer- segundo esta concepção, não são for-
quista no México, os que prepararam saboreia babosamente a miséria da ra totial ameaça destruir não apenas tes senão aqueles que, tendo cada vêz
a consciência do povo mexicano para carne dolorida,. Êle não sabe que ca- toda a vei-dadeira civilização humana, menos necessidade da i violência e da
a Revolução de 1910. Ê preciso ter da um destes seres têm um coração mas também a vida mesma de deze- guerra, chegam finalmente a prescin-
em conta os elementos primários e necessidades a satisfazer; ou finge nas de milhões de seres humanos, sem dir delas. Não s,ão fortes senão os
que interviram de forma ativa naquele não saber.. . contar a exterminação infernal das que, tendo já vencido neles a guerra
gesto glorioso, para compreender quão Isto, sim, que não lhe venham plantas e dos animais. . . e a violência, souberam, tanto no pla-
grande foi a obra da' criação de cons-
com reclamações nem exigências de Nada mais difícil que romper com no politico-econômico quanto no pla-
ciência e de rebeldia realizada por melhores condições e melhor salário, todos esses métodos e tendências. Isso no geral da civilização, se subtraírem
esses homens, nos quais se reunia o
por que não o admitirá e os ameaçará exige, como já começaram a reconhe- às sugestões dos podercs oficiais. Não
verbo, o pensamento e a ação..
de pôr na rua. Se são muitos, e amea- cer, muito mais sacrifício, coragem, são fortes senão aqueles que, partici-
A Revolução do México, o grito
çam com uma greve, dará ordens às iniciativa, e espírito criador do que as
pando de nova consciência universal,
de "Tierra y Libertad" que agrupou
autoridades e estas farão com que se- próprias atividades guerreiras. Com
se apresentam inquebrantáveis diante
os operários e camponeses ao redor de
jam respeitados os seus direitos le-' efeito, "a paz é ALGO DE NOVO e é das exigências presunçosas do Estado,
Flores Magon e de Praxedes Guerrero; gais.
Praxedes G. Guerreiro necessário ganhá-la"'. A violência e a este Moloch Moderno, e inacessíveis à
a cooperação dos homens que inter- ( E como o Estado é o seu único guerra são. costumes fundamental- toda e qualquer "nacionalização ãe
nacionalmente afluiram ao M.éxico
Spartaco. Seu nome fica indissoluvel- I empregado bem. pago, da fábrica sai- mente arraigados na alma humana. consciências". Não são forces senão
para levar seu concurso ao povo em
mente ao lado de todos os que têm rão os insurretos para a cadeia, para Somos arrastados a isso não apenas aqueles que, numa sociedade baseada
armas — como em 1936, na Espanha
sido os forjadores de uma nova fé, de o exílio ou o fuzilamento. E sempre política e socialmente, mas também principalmente no puro m^édo animal
— ocupa seu lu.gar na história das re-
uma nova esperança e de uma nova ficará no arquivo policial um pro- moralmente e, com muita freqüência, e na desconfiança do próximo, se dis-
voluções mundiais.
aurora para a humanidade''. cesso e a imprensa reacionária os ta- inconscientemente. tingam dos demais por uma consciên-
Praxedes Guerrero, figura pura e
xará de extremistas perigosos, corro- cia que renova o universo e pelo
ardente de revolucionário, personali- Ricardo Flores Magon morreu nu- Na "Encyclopaedia LTniversalis
dade generosa e de coração ardente, sivos à sociedade. COMPLETO DESDÉM AO MEDO, Não
ma prisão dOs Estados Unidos, em Mundaneum", dirigida por Paul Otlet,
Não é um heroísmo trabalhar nes- são fortes senão aqueles que, ao invés
soube morrer como herói, com a conseqüência de sua atuação na Re- da cidade de Bruxelas, se verifica que
tas condições? de escravizarem os outros, sabem do-
grandeza e serenidade dignas de um volução Mexicana, de 1910. durante 3357 anos, começando-se lá
Ao ver-te, patrão hipócrita, tu minar e governar a si próprios; e que,
por volta de 1500 anos antes de Cristo olhando face à face a verdade, têm
que tratas de preguiçosos e perversos e indoi até o fim do século dezenove,
aos teus operários, eu te desafio a que até a coragem de reconhecer decidida-
HOUVE 3130 ANOS DE GUERRA mente as qualidades morais dos ho-
vivas uma semana na choça em que
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Ca leídoscopío
Estávamos na revolução d© 1924. E enquanto o general Isidoro
Dias Lopes ímandava disparar alguns tiros de canhão na direção dos
chamados legalistas, que já se encontravam nos arrabaldes desta
Capital, alguns intelectuais casualmente achavam-se reunidos, em
visita à ilustre escritora Maria Lacerda de Moura, no Jardim
O IIBERTÁRie
SÃO PAULO — JANEIRO DE 1963 ANO lii — N.*» 15
América, entre os quais encontrava-se o poeta Aiisteu Seixas.
Trocavam-se idéias sobre política e a certa altura o sr. Seixas
perguntou a Maria Lacerda qual a forma de governo que ela achava
preferível. Eis a resposta, isto é, o diálogo que se feítabeleceu mais ou
menos com as seguintes palavras:
—' Para mim, a melhor forma de
governo é não existir governo algum.
rei. . . um tanto penoso; mas logo
houve' uma saída.
mOIflMENTO OPERÁRIO
— Como assim? Isso _é um para- Simiplício (não o do circo), um
doxo! Seria como na Rússia. dos presentes, até então permaneceu
— Como na Rússia, não. Eu dis- As funções admánistrativas das orgauizações proletárias não têm nada nunciar Os inconvenientes e os peri-
em um dos cantos da sala, encolhido
se nfio existir governo algum. E na de comum, nada de comparável podem ter com os cargos de mando das gos que, como os atos têm evidencia-
no fundo de uma poltrona e mudo associações de outro caráter.
Rússia existe Um governo. como um siri, porque Simplício gosta do, acarreta à vida associativa do oi>e-
— Mas como seria possível uma A vida sindical operária deve ser uma escola de solidariedade, onde rariado concederem-se ou permitirem-
mais de ouvir do que de falar. Maria
organização social sem governo, sem todas as deliberações sejam, tomadas e postas em prática por concenso geral se atribuições de mando a um ou à
Lacerda dirigiu-se a êle e pediu-lhe
garantias pessoais, sem policia, evi- e nunca nela vontade, de um ou de uns tantos indivíduos. vários agremiados, isoladamente ou
aue dissesse qualquer coisa, que se
dentemente? Assim, pOr exemplo, en manifestasse sobre o assunto em ques- constituídos em diretoriai.
saio só, a estias horas (era mais ou tão. Então Simplício, depois de re- Para se alcançar esse objetivo, i retores cujas atividades contrastam Dependendo a vitalidade da ação
menos meia-noite) daqui para minha fletir um instante, disse que as poií- desde que os libertários começaram a com a tendência da coletividade, sindical proletária de cada um e do
casa e, de repe'nte, uirl ladrão cerca-me cias não ajudam nada, que„ pelo con- desenvolver a sua atividade na vida | O sindicato operário deve ser um conjunto de seus componentes, ,é um
na rua e me obriga a entregar-lhe o, associativa dos obreiros, têm procura- organismo de ação, de luta, da qual erro, exuberantemente provado, colo-
tário, os policiais muitas vezes, ainda
meu relógio. E como não há policia- do influir no sentido de serem substi- devem participar todos os seus mem- car um ou mais associados em situa-
procuram, mancomunar-se com os la-
mento... o que é que a senhora me tuídas as diretorias investidas de man- bros, sem, o que qualquer atividade ção de poderem, agir discricionària-
drões para depois compartilhar do
diz a isto? datos autoritários e dispondo, muitas será nula. mciite, de maneira autoritária, ferin-
roubo. Que vivemos em uma organi-
vezes, de aitíribuições discricionárias,
Veio uma explicação um tanto zação social do salve-se quem pvider e Depositar, pois, diretamente, por do, assim, os princípios básicos de
em comissões administrativas, encar-
transcendental, para não dizer vaga. sob o lema egoísta de cada um por si efeito de cargos com atribuições de orientação sindicalista de ação direta,
regadas de pôr em; execução as resolu-
Não satisfez a ninguém. Então deu- e Deus por todos., Mas que Deus está mando ou de prestigio concedido pelo que se norteia pelo critério da co-
ções das assembléias gerais.
se um silêncio um tanto... como di- vtlho e muito cansado e como tinha indiíerentismo, pela preguiça ou por responsabilidade coletiva, da solidarie-
que atender a todos, acabou por não Esse é o metido, o único método boa fé, em um indivíduo, direitas de dade — único esteio da potência asso-
atender a mais ninguém^ Que é que se conduna com os fins imediatos agir a seu bel prazer, é sujeitar a vida ciativa, dos trabalhadores.
preciso, portanto, estabelecer, em todo e futuros das organizações operárias. sindical operária a perigos, a riscos Permitir que elementos no meio
a
quistadas pelos antepassados.
E os vagabundos, os malandros,
que têm. a defender? nada: moram nos
morros, sem, hipicne, sem conforto.
Não vão à escola, não aprendem a tra-
de jar e executar um crime e este ocor- ção: o anarquismo é o movimento que
reu
lonj
cadeias,
27-3-1938, depois de Arnaldo ter vem atravessando todas as borrascas
e penosa peregrinação pelas com toda a integridade de seu prestí-
gio, evidenciando-se que os seus pos-
balhar. Na trilha do crime, cometem,
barbaridades, e term,inam na prisão,
ou sob as halas policiais. Nada têm
a defender, pois nada possuem.. Nem
E' um apelo decisivo.
libertário"
Impõe.no o imperativo da difícil
Agora, a Gestapo portuguesa in- tulados ideológicos e seu método de
veste contra seus dois filhos — Al- ação estão sendo plenamente confir-
berto e Carlos Simões Januário, mado;^. Devemos ter a coragem de
ambos chefes de família, o primeiro sermos minoria consciente, vencendo
pai de 2 filhos e o segundo de 4. A a influência corruptora de multidões
lar, nem ambiente salutar, nada.
Não, Lúcia. Para a guerra não situação em que nos encontramos para manter a publicação re- pretextb de que Alberto e Carlos ha- embrutecidas. Valiosa a ajuda econô-
devem, ir os vagabundos, como não gular do jornal. A partir deste número, o custo de sua con. viam distribuído manifestos concla- I mica e mais valioso ainda o apoio
ãeve^n ir os outros jovens. Ninguém fecção sofreu novo e considerável aumento. Cada exemplar mando os trabalhadores a reunir-se I moral.
deve ir para a guerra. O gite é pre- (neste formado reduzido e apenas com 4 páginas!) passou a em praça pública, no dia 1.» de maio, PORTO ALEGRE (RGS) — R.
ciso, é que Se acabe com todas as guer- custar 24 cruzeiros! Apenas a sua impressão. Devendo-se (reunião que se efetuou, contrariando Fernandes: Foram indicadas nas lis-
■ ras. É preciso que os seres huynanos acrescentar as demais despesas forçadas, reduzidas ao mínimo): as ordens policiais), foram presos nos tas de expedição os nomes indicados
aprendam a resolver suas divergências pc«tais (exi>ediçãoi e correspondência), material administrativo, últimos dias de abril, juntam,en,te com em sua carta de 28 de outubro. O
sem violência, sem ódio, m,as com condução, transporte, etc. Sem contar os trabalhos de redação, José Marques. Desde então para cá, atraso no recebimento do jornal deve
amor, compreensão e tolerância. Que revisão, administração expedição, distribuição, etc, executados têm sofrido toda sorte de maus tra-
tos. ser atribuído à irregularidade postal,
desapareçam os interesses econôinicos, gratuitamente por müJUantes liberitáirios, que também ocncor-
a ânsia de poder e de dom-inio, para rem economicamente. Alberto Simões Januário foi sub- devido provavelmente ao excesso de
que todos os povos sejam, irmãos e o metido ao "Suplício da Estátua", (*) correspondência no fim do ano. As
Urgem, portanto, positivas e imediatas providências. Quais?
fantasma da guerra se afaste de todos Fácil é enunciá-las: coleta imediata de recursos econômicos e tendo caído desfalecido ao terceiro duas importâncias foram recebidas e
os céreirros. aproveitamento rigoroso da tiragem do jornal. dia. O seu estado de saúde tornou-se
grave. registradas na relação do n.» 13-14.
ANGELINA Pela nota administrativa publicada regularmente, constata-se
que o jornal está sendo mantido com a contribuição de um nú- Carlos Simões Januário, o mais Aguardaremos a indicação do
Jovem, resistiu 10 dias e 10 noites no novo endereço. Tênu razão: o mundo
mero relativamente limitado de pessoas.
"Suplício da Estátua" até que os seus
E não é pequeno o número de pessoas a quem o jornal
O LIBERTÁRIO algozes, .1á cançados de o torturar, burgiuês decompõe-se em meio às suas
está sendo remetido regularmente. A maioria, porém, ainda
interromperam sua malvada tarefa, contradições.
nem sequer acusOu o recebimento.
Diretor: entretanto, o cativeiro e os maus tra-
Êsíe jornal não se piublica com intuitos de lucros. Sua RIO -— Ideal: Os demais originais
PEDRO CATALO tos morais continuam'. Já são passa-
A publicação de "O Libertá- finalidade é a luta em prol de um princípio de justiça sociaL dos 5 meses sem que o seu julgamento aparecerão no próximo número. Há
rio" está confiada a uma comis- Para a sua manutenção não contamos com a renda da publi<^i- se tenha processado, embora rumores alguma novidade sobre o livro?
são do jornal, sendo de sua liade, nein de subvenções de qualquer natureza — que não vindes de Lisboa nos tragam a notí-
incumbência os trabalhos de podemos nem queremos aceitar. cia de' que o julgamento está anuncia-
redação, administração e divul- Vive "O Libertário" apenas das contribuições daqueles que do para breve, no Tribunal Plenário
julgam necessária a sua publicação. LIBERDADE
gação. Indica-se o nOme do daquela cidade.,
Conclusão: os militantes e simpatizantes de nosso mo-vimento Mas o certo é que julgados ou A liberdade é o maior bem
diretor por exigências de for- e os estudiosos que o queiram receber, precisam dar sua coope- não, suas vidas correm perigo! que possuímos sobre a terra, e,
malidades legais. ração àqueles que estão diretamente encarregados de publicação umxt vêz violado o direito que a
do jornal. Precisamos denunciar as prisões
de José M,arques e dos irmãos Carlos personalidade têm de agir, o ho-
Toda correspondência (com Cabe a todos — e a cada qual — a remessa de contribuições mens, para reconquistá-la, é ca-
e Alberto Simões Januário, que a, Po-
valores, originais, indicações, — suas e outras que pcssam conse^ir de pessoas interessadas paz de tudo: de um momento
pelo jornal. lícia de Salazar tenta dar o mesmo
etc.) deve ser enderuçada para outro, êle, que dantes era
fim que a seu pai, que ficou para sem-
EXCLUSIVAMENTE para a Quem não desejar continuar a recebê-lo, que o dc-volva covarde, torna-se um herói,
CAIXA POSTAL, 5739 — São pre na Ilha de Santiago, no pequeno
imediatamente. Cada exemplar de "O Libertário" deve ser cuida- êle, que dantes era a inércia se
Paulo em nome do diretor. dosamente aproveitado. cemitério de Tarrafal. E. R.
multiplica e .•subdivide; e ainda
Aos companheiros e simpatizantes o apelo final: Compa- mesmx) esmagado pelo peso da
Redação e Administração: (*) "Suplício de Estátua" consiste
nheiros! Desde o surgimento de nosso movimento no BrasiL dor e das perseguições, ainda
Bua Rubino de Oliveira N." 85 cm, manter o prisioneiro em posição
nunca lhe faltou peloi menos um órgão na imprensa como vozeiro de sentido, imóvel, sem poder se me- sujeito a m,orrer, de suas cinzas
São Paulo de nossa causa. renasce sempre mais bela e
xer nem mesmo para sacudir as mos-
Não se concebe que êle nos venha a faltar justamente neste cas, por vários dias e noites conse- mais pura a liberdade.
Assinatura Anual, Cr$ 200 00 instante conturbado e decisivo da história! cutivas. l5sse tipoi de tortura têm
Por certo não faltará, se todos cumpririem o seu voluntário matado muitos oposicionistas nos Marechal Deodoro da Fonseca
dever. E se faltar, a publicação do joinal será prejudicada. últimos anos.
unesp^ Cedap
Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa
Faculdade de Ciências e Letras de Assis
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