Você está na página 1de 11

Projeto Espiral-SINOS - Prof.

Fausto Borém
Curso de Contrabaixo, Fase2 – Unidade 5
Estudos Dirigidos de Contrabaixo 29 e 30

UNIDADE 5 - ESTUDOS DIÁRIOS PARA O CONTRABAIXO


ED 30 – “20 Estudos Diários de Arcadas” sobre a “Lição N.1” de Lino José
Nunes

Benvindos ao Estudo Dirigido 30 do Curso de Contrabaixo do Projeto Espiral- SINOS, Fase 2. Esse é o último dos
Estudos Dirigidos, no qual apresento os “20 Estudos Diários de Arcadas” que criei a partir dos 5 primeiros
compassos da “Lição N.1” para contrabaixo, de Lino José Nunes. Considero Lino José Nunes o Patrono do
Contrabaixo no Brasil, um afro-brasileiro que nasceu no final do século XVIII (final do Classicismo), mais
precisamente em 1789 no Rio de Janeiro, e conviveu com a música sinfônica e operística de Mozart, Haydn,
Beethoven, Rossini e Verdi e, também, com a música popular brasileira que se iniciava no país.

Filho de uma escrava liberta de Mariana, Minas Gerais, ele foi um aluno predileto do grande músico Padre José
Maurício Nunes Garcia, e se tornou professor na famosa escola gratuita de música do Padre, na antiga Rua das
Marrecas. Lino José se destacou como o mais importante contrabaixista no Brasil na primeira metade do século
XIX. Ele escreveu lindas modinhas, sofisticadas do ponto de vista melódico e harmônico, e cujo cromatismo
exacerbado não encontra paralelo na música escrita fora da Europa até a primeira metade do século XIX. Mas,
para nós, seu maior legado foi ter sido o segundo contrabaixista no mundo a escrever um método para o nosso
instrumento.

O objetivo principal dos 20 Estudos Diários de arcadas é você automatizar os movimentos necessários para realizar
as arcadas “na corda” e as arcadas “fora da corda” mais comuns no repertório do contrabaixo na orquestra. Dentre
os muitos tipos de arcadas, escolhi aquelas que aparecem com mais frequência no repertório orquestral e cobrem
uma variedade de técnicas: o detaché, o staccato, o staccato volante, o spiccato, o legato, o bariolage, o tremolo,
o jeté, as notes inégales do Barroco, as síncopas, as notas pontuadas e com duplo ponto, os ritmos com quiálteras
de três notas, notas com retomadas de arco no talão e na ponta, notas alternando arco e pizzicato e arcadas
legato contendo 2, 4, 6 ou 8 notas.

Todos os “20 Estudos Diários de arcadas” podem ser feitos com dois andamentos contrastantes (Adagio com
semínima = 60 ou Allegro com semínima = 120) e dinâmicas contrastantes (forte na primeira vez e piano na
repetição do Estudo ou, em alguns deles, alternando forte e piano ao longo de todo o Estudo).

Em cada Estudo, eu explico os principais desafios que devem ser superados. Escolha um desses 20 Estudos Diários
por semana e, após treinar bastante com metrônomo, grave um vídeo com você tocando esse estudo. Depois,
envie seu vídeo aqui mesmo na Plataforma Moodle para ser avaliado por seu professor.

Acesse o Anexo do ED 30, onde apresento minha edição completa da “Lição N.1” de Lino José Nunes. Escolha
algumas arcadas que você estudou, e toque a “Lição N.1” completa para os colegas e, mesmo, em recitais! A
música desse grande contrabaixista brasileiro do século XIX merece ser divulgada e apreciada!

p.1
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 1 do ED 30: Nesse Estudo da arcada “na corda” detaché, procure manter a aderência do arco (a
combinação ideal entre velocidade e pressão) e a qualidade do som, que deve ser cheio, redondo e com a mesma
vibração, que pode ser sentida no seu arco e no seu corpo. Os algarismos romanos mostram os pontos onde há
cruzamento de cordas e ajudam a preparar o ângulo do braço direito em relação às cordas. As bolinhas sobre
algumas notas indicam cordas soltas, que são referência para se manter a afinação dentro da tonalidade de Dó
Maior. Por outro lado, as cordas soltas soam mais metálicas e mais fortes que as notas presas e, por isso, o
contrabaixista deve compensar essas diferenças com um ataque mais suave nas cordas soltas.

TAREFA 2 do ED 30: Nesse Estudo de staccato, que é uma arcada “na corda”, as notas são separadas por
pequenas pausas. A preparação da mão direita para exercer o atrito do arco sobre a corda antes de cada nota é
muito importante. Concentre-se na pronação do punho direito e nas batidas do metrônomo para realizar
ataques precisos em cada nota e, logo em seguida, relaxar todo o braço, para repetir o mesmo processo na
próxima nota.

p.2
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 3 do ED 30: Nesse Estudo de arcada “fora da corda” spiccato, na primeira nota (arco “para baixo”), o
braço direito joga o arco sobre a corda que o rebate e volta para a posição aérea para a segunda nota (arco “para
cima”) e assim sucessivamente. A pegada da mão no arco deve ser firme, para que se controlar melhor a
combinação dos movimentos de sobe-e-desce e vai-e-vem do arco.

TAREFA 4 do ED 30: Nesse Estudo de 2 ou 4 notas ligadas em cada arcada, o desafio é manter continuamente a
sonoridade, intensidade e regularidade das notas, principalmente quando há cruzamento de cordas, que estão
marcados na partitura para você preparar a mudança do ângulo do braço com as cordas antes de fazê-lo.

p.3
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 5 do ED 30: Esse Estudo de notes inégales é semelhante ao anterior, mas o foco aqui é imitar o arco
barroco (1600 a 1750) em duas características: (1) o ataque da primeira nota é suave e essa nota é um pouco mais
longa do que está escrito e (2) há um diminuendo para a segunda nota que deve ser um pouco mais curta do que
o staccato que está escrito. Outro efeito relacionado ao arco convexo do período Barroco aparece ao final desse
Estudo: o enflé (“inchado”, em francês), no qual o ataque inicial de uma nota longa é suavizado, dando lugar a um
crescendo gradual seguido de um decrescendo gradual.

TAREFA 6 do ED 30: Esse Estudo com a arcada “na corda” staccato volante é muito semelhante ao Estudo da
Tarefa 2, mas agora temos 2 ou 4 notas separadas em cada arcada, as quais devem soar com a mesma articulação
e dinâmica.

p.4
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 7 do ED 30: Esse Estudo com dois tipos de arcadas “na corda” é muito semelhante ao Estudo da Tarefa 6,
mas agora com o desafio de realizar 8 notas em cada arcada. Primeiro, 8 notas em legato e, depois, 8 notas em
staccato volante. Há também o desafio de manter constante a sonoridade, a articulação e as dinâmicas nos
cruzamentos de cordas. Observe que, no último compasso, a mesma nota Ré é tocada alternadamente em duas
cordas diferentes (o Ré da Corda solta e o Ré como nota presa na Corda Lá), gerando o efeito bariolage do período
Barroco.

TAREFA 8 do ED 30 - Esse Estudo traz o ritmo de marcha mais comum no repertório do contrabaixo na orquestra
e pode aparecer de duas maneiras: desligado e ligado. No ritmo desligado, o desafio é realizar a reposição do arco
“para cima” na semicolcheia, sobrevoando a corda e voltando ao mesmo ponto onde foi feito o ataque com um
marcato na colcheia pontuada. Já no ritmo ligado, o desafio é realizar o marcato no arco “para cima” com o mesmo
padrão de som do arco “para baixo”. Outro desafio é manter a subdivisão binária do ritmo e não o realizar parecido
com uma tercina (quiáltera de 3 notas).

p.5
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 9 do ED 30 - Esse Estudo é uma inversão do ritmo de marcha da Tarefa 8 e seu desafio é manter a precisão
dos acentos em marcato e sua precisão rítmica, observando que a colcheia pontuada dura três vezes mais que a
semicolcheia, e se torna um desafio principalmente nos cruzamentos de cordas.

TAREFA 10 do ED 30 - Nesse Estudo de tercinas (quiálteras de 3 notas), sendo duas notas legato e uma nota
desligada staccato, o desafio é a reposição de arco, com foi explicado na Tarefa 8. Para que os grupos de tercinas
soem divertidos, deve-se buscar bastante contraste entre a primeira nota (com marcato) que soa mais, e as duas
seguintes (com staccato), que soam menos.

p.6
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 11 do ED 30 - Esse Estudo é uma combinação dos Estudos da Tarefa 4 e Tarefa 6, e tornou-se um dos
ritmos mais comuns no repertório do Classicismo (1750 a 1800). Para que esse motivo musical de 4 notas (duas
ligadas e duas desligadas) seja bem regular e elegante, deve-se fazer uma pequena ênfase na primeira nota ligada
e um pouco menos de som nas três notas seguintes (uma ligada e duas desligadas).

TAREFA 12 do ED 30 - Esse Estudo é uma variação do ritmo de marcha do Estudo da Tarefa 8, mas é mais difícil
pois tem semínimas com dois pontos. Isso dificulta tanto a reposição de arco na semicolheia desligada, quanto a
precisão do ataque dessa semicolcheia quando ela for ligada. Importante também é diminuir a intensidade do
som imediatamente na semínima pontuada para se realizar com precisão o fp (forte seguido de piano súbito).

p.7
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 13 do ED 30 - Esse Estudo visa desenvolver a precisão do movimento enérgico, rápido, e silencioso na
reposição de arco, que foi explicada nas Tarefa 8, 10 e 12. Deve-se ter muito cuidado na repetição do exercício
com a dinâmica piano, pois é muito comum que a velocidade do movimento reflita na intensidade do som.

TAREFA 14 do ED 30 - Esse Estudo é uma variação mais radical do Estudo da Tarefa 13 e tem o objetivo de treinar
um rápido posicionamento do arco na crina nos extremos da crina do arco: o início da região do talão e o final da
região da ponta. Esse Estudo visa também a realização de apojaturas rápidas e enérgicas nessas duas regiões, e o
contraste de dinâmicas (forte e piano).

p.8
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 15 do ED 30 – Esse é um Estudo para desenvolver os cruzamentos de cordas sucessivos na técnica de


bariolage. O desafio aqui é criar certo contraste de dinâmica entre a primeira nota (com acento) e a segunda nota
(sem acento) de cada ligadura para realçar a voz da melodia contra o pedal de corda solta Lá, que deve soar
menos.

TAREFA 16 do ED 30 - Esse Estudo visa desenvolver os movimentos rápidos e repetitivos da técnica do tremolo,
que pode ser feita de duas maneiras, geralmente especificadas na partitura ou pelo maestro: tremolo mesurato
(com ritmo idêntico ao escrito na partitura) ou tremolo non mesurato (o mais rápido possível e sem a necessidade
de precisão rítmica). No tremolo mesurato, um pequeno acento no início de cada grupo de notas auxilia sua
precisão no naipe de contrabaixos. Esse Estudo pode ser feito com dois timbres diferentes: sul tasto (timbre mais
aveludado, devido ao arco estar junto ou sobre o espelho) e sul ponticello (timbre mais metálico, devido ao arco
estar junto ao cavalete).

p.9
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 17 do ED 30 - Esse Estudo visa desenvolver o senso rítmico e a precisão das síncopas com duas arcadas:
(1) com mudança da direção do arco e (2) com reposição do arco “para baixo”. O apoio corporal do contrabaixista
na pausa que antecede a síncopa auxilia muito a precisão e o suingue dessa arcada.

TAREFA 18 do ED 30 - Esse Estudo visa desenvolver a sensação rítmica e a precisão rítmica em sequências de
síncopas, ritmo que é muito associado às síncopas brasileiras do samba. De maneira semelhante à Tarefa do
Estudo 17, o apoio corporal do contrabaixista é fundamental, e deve ser feito nos tempos 2 e 4 dos compassos,
nos quais ocorrem as ligaduras.

p.10
Projeto Espiral-SINOS - Prof. Fausto Borém
Curso de Contrabaixo - Fase2
Unidade 5 – ED 30

TAREFA 19 do ED 30 - Nesse Estudo da arcada “fora da corda” jeté, em cada grupo de 4 notas, o arco deve ser
jogado com um só impulso de pronação sobre a corda (um giro do punho com o arco na direção das cordas). A
corda então rebate o arco de volta para a fase aérea, e esse movimento se repete três vezes naturalmente, cada
vez com menos força. Aí ocorre a próxima arcada jeté, com o arco na direção contrária, e assim sucessivamente,
sem interrupção do som ou alteração do ritmo. Essa arcada não funciona bem na região do talão, e é mais fácil de
ser controlada na região da ponta, onde as dinâmicas são mais baixas. Uma pegada firme da mão direita no talão
do arco facilita a qualidade do som no ataque e sua precisão rítmica.

TAREFA 20 do ED 30 - Esse Estudo visa desenvolver a habilidade da troca rápida entre tocar com o arco e tocar
com o pizzicato. Em trechos musicais que exigem essa habilidade, não há necessidade de se segurar o arco com
as técnicas tradicionais, tanto com o arco francês quanto com o arco alemão. Há pegadas de arco que deixam um
ou dois dedos sempre livres para se realizar o pizzicato com um ou dois dedos. Experimente para sentir com qual
você se identifica mais.

p.11

Você também pode gostar