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“Reflexão sobre o Declíneo do Ideário Maçônico”

“Para se chegar à verdade, que se duvide de tudo,


mesmo das coisas aparentemente verdadeiras; a partir da
dúvida racional, pode-se alcançar a compreensão do
mundo, e mesmo de Deus”. René Descartes (1586/1650)

Chegamos há mais uma data comemorativa do Dia do Maçom o que nos leva a uma
reflexão sobre nossos propósitos na Ordem e os caminhos que estamos fazendo com que ela
trilhe.

Tenho observado durante minha ainda infante vida maçônica um desencontro no


comportamento de muitos de nós com o preceito maçônico, segundo o qual, é dever do
Maçom  sempre procurar aperfeiçoar-se em todos os sentidos, buscando estar além do seu
tempo, edificando em seu Eu Interior um Templo de Virtude, onde a humildade, o
conhecimento e a sabedoria devem ser os esteios a servirem de exemplos àqueles que estão
dando seus primeiros passos na Instituição Maçônica.

Sabemos que todo Maçom, muito embora a Luz recebida, possui suas limitações,
entrementes, não se concebe que, advindo da Luz e do incentivo, o Maçom passe pelos
Graus da Loja Base sem saber o mínimo dos seus ensinamentos, seja ele simbólico, moral,
esotérico, filosófico ou histórico. Não se concebe chegar ao Grau de M∴ M∴ sem conhecer
os propósitos, os ensinamentos dos dois Graus anteriores e especialmente O IDEÁRIO
MAÇÔNICO.

É justamente isso que ocorre na atual Maçonaria e quando cobramos empenho, dedicação,
atitude e estudos de nossos IIr∴, especialmente dos MM∴ MM∴, a maioria, por falta de
cultura, nos critica e acha que queremos aparecer ou que estamos ofuscando suas "Luzes".

Vivemos uma época na Maçonaria onde a Pal∴ ao Bem da Ord∴ e do Quad∴ em Partic∴ é
mas importante que o Temp∴ de Est∴.

IIr∴ há que se sentem sonolentos, arredios, irritados e incomodados, quando a sessão chega
à fase dos estudos em nossas Oficinas.

Ir∴ há que acham que 15 minutos apenas são suficientes para se transmitir ensinamentos e
para que estes possam ser assimilados.

Posso até estar errado, mas o que eu observo é que poucos IIr∴ se preocupam em
aperfeiçoarem-se, talvez por verem a Maçonaria com outros propósitos.

Preocupamos demais em encontrar candidatos de moral ilibada, livre e de bons costumes


para ser merecedor de ser aceito em nossos A∴ Mist∴, mas esquecemos sempre que além
dessas virtudes, este também deve ser possuidor do mínimo grau de cultura para receber e
entender os ensinamentos da Ordem e ter por hábito o exercício da humildade a fim de que
não se deslumbre com posições que futuramente possam alcançar dentro da Instituição.
A questão é tão séria, que foi abordada pela Suprema Congregação Maçônica Presidida
pelo Sob∴ Grão Mestre Geral do GOB, Ir∴ Marcos José da Silva. Dentro das várias
diretrizes traçadas para a melhoria da Ordem, uma das preocupações é o volume das
evasões de IIr∴, onde declina algumas das principais causas dessa ocorrência, quais sejam:
“o despreparo e desinteresse por parte dos responsáveis pelas instruções maçônicas; o
baixo nível cultural dos Mestres Maçons e dos candidatos e a falta de qualificação de
parte das lideranças maçônicas”.

Inobstante a essas constatações, existe um vício substancial que vem corroendo nossa
Sacrossanta Instituição tal o ferrugem, a ignóbil VAIDADE de muitos de nós, isso de forma
vagarosa e mortal, desde os primórdios, levando ao declínio os Ideais Maçônicos.

Recentemente recebi um e-mail de um outro Grupo Maçônico retratando uma foto de


vários IIr∴ Ministros membros do TSEM do GOB (Tribunal Superior Eleitoral Maçônico)
vestidos com indumentárias alusivas às atividades jurídicas profanas de membros dos
Tribunais profanos.

Não encontrei em tais indumentárias sequer algo próximo ao que denominamos


PARAMENTOS MAÇÔNICOS, os quais fazem parte de um do dever de qualquer Maçom
trajá-los quando em sessão maçônica, ocorra aonde ocorrer.

Pergunto: VAIDADE?

Oportuno também revelar que não é só isso que venho observando na Maçonaria. Está
presente ainda uma profanização quase total da legislação Maçônica, especialmente a do
GOB, o qual orgulhosamente minha Oficina é Federada, mas não posso me cegar ao
IDEÁRIO MAÇÔNICO DA BUSCA CONSTANTE DA VERDADE, especialmente de,
respeitosamente, fazer uma análise crítica construtiva dos males que afligem atualmente a
Ordem.

Um belo exemplo da profanização de nossa legislação é que na reforma do RGF fizeram do


ORADOR DA LOJA uma espécie de membro do “PARQUET” profano, um fiscal da lei
com dever, inclusive, de fiscalizar a Diretoria da Loja, mas que estranhamente é eleito junto
com ela.

Outro exemplo clássico é o que o legislador maçônico transformou o HOSPITALEIRO, ou


seja, apenas num mero recolhedor de metais nas sessões, sem qualquer outra função,
conforme se nota no próprio ritual do AP.: M.: do GOB.

Todas essas questões me levaram a reler a belíssima obra maçônica do Ir∴ Carlos Alberto
Gonçalves, o “IIr∴ G∴”, intitulada “REGNVM”, Ed. Maçônica “A TROLHA” Ltda – 2009,
a qual recomendo a leitura.

Embora abrangente no que tange o verdadeiro papel do Maçom, nela o culto IIr∴ lembra
que num tempo não muito distante da existência da Maçonaria, creio eu que se referiu à
Idade Média, os Templos Maçônicos eram freqüentados por pessoas de destacada posição
social, aristocratas, nobres, cientistas famosos, sem qualquer importância no que tange aos
ideais além de outras qualificações que demonstrassem os verdadeiros candidatos à
Instituição.

Posiciona-se de maneira ímpar sobre como os Maçons tem se afastado do IDEÁRIO


MAÇÔNICO, afirmando que “...com o correr do tempo, o esoterismo iniciático foi
ficando obscurecido, os reais significados de seus símbolos foram se reduzindo a
meras interpretações de ordem moral (quando não, de ordem material e profana),
seus altares perderam o brilho, o escopo das reuniões foi se tornando político,
econômico, comercial e administrativo e seus ritos executados de forma, cada vez
mais, mecânica”.

Concluindo, afirma:

“Tudo isso temperado pelo indesejável espocar dos fogos da vaidade”.

Qualquer semelhança com o que diariamente observamos atualmente na Maçonaria não é


mera coincidência, é uma CONSTATAÇÃO. Parece que esse vírus é crônico e que a vacina
ainda não foi descoberta.

Vejam amados IIr∴ que não é de hoje que os Maçons abandonaram completamente os
ideais maçônicos agasalhados pela VAIDADE que atinge quase que a nossa maioria.

Já passamos da hora de refletirmos nossos verdadeiros propósitos na Ordem, pois estamos


iniciando candidatos totalmente despreparados, especialmente os frustrados por não
conseguirem “aparecer” no mundo profano, mas após iniciados, querem galgar posições de
destaques na Maçonaria custe o que custar sem qualquer compreensão dos Ideais
Maçônicos numa tentativa de fazerem com que seus vícios tornam-se virtudes para nós, e é
o que vem acontecendo.

Não posso aqui deixar de voltar a citar a obra o IIr∴ Carlos Alberto Gonçalves, sobre a fuga
quase que total do ideário maçônico, pois ele vem corroendo a Ordem há séculos.

Continuando, assim se posicionou o sábio IIr∴ G∴ :

“Houve uma radical mudança de valores e o culto à personalidade e ao ego se


instaurou para ficar.

A luta por posições e as reivindicações pela “paternidade” da Ordem deram início a


cisões entre as Lojas e ao aparecimento de várias Obediências e Ritos. Os ágapes
fraternais foram transformados em lautos banquetes regados a bebidas alcoólicas e,
assim, com o passar do tempo, a Maçonaria foi perdendo a sua destinação primordial,
a sua identidade real, transformando-se, com raras e honrosas exceções, naquilo que
observamos hoje, de forma geral, em suas Lojas e em suas Obediências: em uma
sociedade quase que, totalmente, materialista e num “fórum” privilegiado para
muitos que, aproveitando-se de um imaginário “ status” espiritual e de ações de
benemerência e de cunho filantrópico, buscam, vaidosos e presunçosos, tais e quais
atores contumazes diante de uma grande ribalta, as luzes do reconhecimento e da
promoção pessoal.” (grifei)

Citando RAGON (Ordotoxia Maçônica), arremata:

Oh! Ignorância! Quando cessará de lograr vítimas? E tu,


Orgulho, quando não mais fará trapaceiros?

Seguindo a mesma linha de posicionamento, o qual eu endosso e faço coro, o IIr∴ G∴


continua sua análise de forma clínica:

“Enfim, à parte de suas qualificações ou posições no mundo profano, a Maçonaria foi


invadida por homens “comuns” (quando não “medíocres”).

Essa constatação é triste, dolorosa. É como se as portas do Templo (interno) tenham


se fechado fazendo com que as reuniões, atualmente, se façam no “Átrio” (no mundo
exterior), pois é nele que se situa a personalidade humana.

O Templo interno, a Loja, é o lugar do homem espiritual, subjetivo, hoje ignorado ou


totalmente esquecido.

Isso dá validade a uma anedota de “humor negro”, que inverte uma premissa
maçônica, e diz: “Ao entrarmos em Loja devemos deixar o homem do lado de fora e
entrarmos só com os metais...”

Esse processo precisa ser revertido! A Maçonaria não é reduto para uso de políticos,
poderosos, vaidosos ou dissimulados, mas uma Ordem espiritual, iniciática, que
produz homens reais, verdadeiros, aptos a cumprir seu elevados papéis dentro da
sociedade”. (grifei)

Não restam dúvidas que só conseguiremos resgatar o IDEÁRIO MAÇÔNICO quando


mudarmos esse quadro dentro de nossas próprias Lojas escolhendo candidatos que possuam
caráter para receber a Luz e com coragem, expurgar de nosso meio os profanos de aventual
que o massacra.

Alia-se a isso que IIr∴ de excepcional cultura e atitude precisam sair do estado de letargia
que os afeta nesse momento partindo para uma ação maçônica firme, com clareza solar para
que possamos começar a encetar as mudanças tão essenciais e urgentes na Ordem
resgatando com firmeza o IDERÁRIO MAÇÔNICO.

E você IIr∴ estás disposto a dar sua parcela de contribuição ou permanecerá letárgico
avalizando todos esses males que massacram nossa Instituição?

Aproveite que hoje é o seu dia, reflita e tome uma atitude em prol da Ordem que diz amar e
defender.

Barra de São Francisco-ES, 20 de agosto de 2011.


Ir∴ ALEXANDRE SIMÕES FONSECA
M∴ M∴ - Grau 15 (Loja Capitulos)
CIM 240233
A∴ R∴ L∴ S∴ 14 de julho nº 1448
R∴ E∴ A∴ A∴
Oriente de Barra de São Francisco-ES
GOB-ES

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