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O Templo maçônico é uma alegoria que nos remete a construção do Templo do Rei
Salomão, sendo o mesmo dedicado a “morada” do Deus de Abraão, Isaac e Israel
(Jacó), sendo esta casa antes prometida em diversas passagens bíblicas e
efetivamente erguida por Salomão, filho de Davi. Temos diversas referências da
arquitetura deste Templo no livro de Reis II, mas, ao observarmos seus utensílios
não conseguimos ver ornamentos e paramentos como corda de 81 nós, pavimento
mosaico, Delta luminoso, Estrelas, etc. Este fato nos atesta à influência que outras
culturas deixaram ao passarem seus adeptos pela Maçonaria. O REAA baseia-se,
fundamentalmente, nas origens israelita-salomônica, onde herdamos ensinamentos
de altíssimo esoterismo.
Vamos agora, após esta breve introdução, voltarmos nossos esforços para o tema
deste trabalho, qual seja, os sete degraus que dão acesso ao Trono de Salomão e
sua importância no aprimoramento moral do Maçom.
Uma vez concluído este trabalho toma o Maçom conhecimento da Ciência, que é o
nosso terceiro degrau em ascensão ao Trono da Sabedoria. Ciência é à base das
Artes ou Ciências Liberais, decomposta e, a saber: em trívio (Gramática, Retórica
e Dialética); e em quatrívio (Aritmética, Geometria, Astrologia e Música), que
formam à base do desenvolvimento e consolidação do nosso atual sistema
educacional.
Acima deste “último degrau” do Ocidente observa-se uma superfície plana, onde a
denominamos como Oriente. Ao analisarmos a linha que compreende entre o
último degrau do Ocidente e o primeiro degrau que dá acesso ao Trono de
Salomão temos, ao centro, o Altar dos Juramentos e, sobre este, o Livro da Lei.
Não foi por acaso que este foi ali introduzido. Sua disposição atual deve nos
remeter a reflexão de que nada terá real praticidade se não forem observados e
cumpridos os códigos morais estabelecidos no Livro da Lei. Este cumprimento não
deve aqui ser encarado como uma rigidez dogmática e inflexível. Devemos
primeiro interpretar, já que a Bíblia é um livro complexo, a mensagem cifrada
contida em seus infinitos ensinamentos. Há cerca de 2.000 anos, o mestre cabalista
Rabi Shimon bar Yochai disse que “quem aceita o Tanach literalmente é um tolo”.
Um dos problemas mais conflitantes das religiões ditas cristãs está justamente na
forma como o líder destas interpretam as leis contidas em seu Livro Sagrado e, a
seu “bel prazer”, conduzem o povo na ignorância e nas rédeas de um sistema
intimidador e penitencial onde “deus” (com letra minúscula mesmo) castiga o
homem que não dá seu dízimo em detrimento de seu crescimento espiritual e,
principalmente, material. Maçonaria é tarefa de Libertação e em nada se
assemelha a quaisquer sistemas escravocratas. O Livro da Lei nos serve como
referência das grandes conquistas e a libertação de um povo em busca da Luz
Permanente. E são estas lições e passagens que irão preparar o Maçom a ascender
ao Trono de Salomão, ou o tão justamente denominado Trono da Sabedoria.
No primeiro degrau do Oriente temos a Pureza, pelo qual podemos associá-la a Fé.
Só podemos cultuar a Fé quando estamos puros de todas as influências malignas,
pois a Fé é um estado constante e divino de conexão com o GADU. Ser puro é
limparmos nossos corações antes de comungarmos com o Criador nossas fraquezas
e sucessos, pois “até o mais puro Mel azeda em um recipiente sujo”, e é sobre estas
condições que subiremos ao segundo degrau.
Chegamos então na perspectiva da Luz, onde a Esperança nos faz julgar que existe
um mundo melhor que este em que nosso corpo físico veste nossas almas. Ver a
Luz é abrirmos nossas mentes para um novo conceito, para uma nova fase, para
um verdadeiro renascimento; tendo em vista que devemos sepultar o velho homem
que vivia nas trevas da ignorância. Na maçonaria a Luz nos é dada no momento de
nossa Iniciação. Mas esta só nos é revelada em um momento oportuno. Estar na
Luz é rasgar definitivamente o véu que protege o Sanctum Sanctorum e ver, face a
face, a Verdade.
Este último degrau, a Verdade, só poderá ser alcançado após um longo período de
aprimoramento interior. Todas as escolhas deverão ser fruto de intensa meditação,
para então serem refinadas. A Verdade é o nossa maior conflito, posto que existem
em um único acontecimento três perspectivas da mesma. Ou seja, a versão de um
lado, a versão do outro e a Verdade de fato. E é neste ponto, a Verdade absoluta,
que muito de nós se julgam mais sábios, mais conhecedores, mais sagazes que os
outros. Como a Maçonaria está além do que os nossos cinco sentidos possam
conceber, podemos considerar que a mesma é dotada de um “sistema de
autodefesa”. Este dito “sistema” expurga de seus quadros os excessos e posturas
não condizentes com seus princípios, sempre praticado por àquele que não se deixa
iniciar. Não adianta dissimular, pois o GADU nos conhece na essência, forma
etérea do Ser. Todos os nossos defeitos podem ser mascarados, mas ninguém
consegue ser o que não é por muito tempo, e logo a Verdade vem à tona.
Finalizando, após discorrer sobre todos os aspectos ora citados, podemos concluir
que não é tão somente o tempo de Ordem que determina se um Irmão Maçom tem
os preceitos para ser Venerável Mestre de Loja. Mais sim pelo fato do mesmo ter
atravessado um percurso árduo até, por merecimento e experiência, tomar assento
no Trono de Salomão. E o motivo para tal processo é louvável e necessário, pois
uma vez ali posto este irmão representará a Sabedoria de todos nós. Deste processo
dependeu, depende e sempre dependerá a Maçonaria Universal e, neste Universo
de símbolos que estamos imersos, os sete degraus que estão em nosso Templo
representam o caminho que deverá ser seguido por todos nós, com passos firmes,
sempre para frente e para o alto.