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OS SETE DEGRAUS

quinta-feira, 25 de agosto de 2011, 06:55:10 | blogoaprendiz@gmail.com (Walter


Sarmento)

Grãos Mestres de seis estados nordestinos reunidos em Lavras da Mangabeira -


CE.

OS SETE DEGRAUS E SUA IMPORTÂNCIA


SIMBÓLICA NO APRIMORAMENTO MAÇÔNICO.
Luis Henrique Miranda Griffo – M\M\

A complexidade e a diversidade dos símbolos que nos são apresentados na


maçonaria são muitos e todos, sem exceção, nos servem para uma profunda
reflexão visando principalmente o aprimoramento interior e a conseqüentemente
evolução do Homem Maçom. Podemos classificar de uma forma geral este
simbolismo maçônico em duas classes bem definidas: os símbolos materiais e as
virtudes, ou idéias, que estes exprimem. Tal complexidade se dá pelo fato da
maçonaria ter herdado de diversas escolas (sejam estas de cunho místico, esotérico,
religioso ou político), uma grande quantidade de símbolos, sendo necessário ao
Maçom um estudo constante e atencioso do momento histórico da humanidade
quando este ou aquele símbolo foi introduzido em nossa Ordem.

O Templo maçônico é uma alegoria que nos remete a construção do Templo do Rei
Salomão, sendo o mesmo dedicado a “morada” do Deus de Abraão, Isaac e Israel
(Jacó), sendo esta casa antes prometida em diversas passagens bíblicas e
efetivamente erguida por Salomão, filho de Davi. Temos diversas referências da
arquitetura deste Templo no livro de Reis II, mas, ao observarmos seus utensílios
não conseguimos ver ornamentos e paramentos como corda de 81 nós, pavimento
mosaico, Delta luminoso, Estrelas, etc. Este fato nos atesta à influência que outras
culturas deixaram ao passarem seus adeptos pela Maçonaria. O REAA baseia-se,
fundamentalmente, nas origens israelita-salomônica, onde herdamos ensinamentos
de altíssimo esoterismo.
Vamos agora, após esta breve introdução, voltarmos nossos esforços para o tema
deste trabalho, qual seja, os sete degraus que dão acesso ao Trono de Salomão e
sua importância no aprimoramento moral do Maçom.

Os quatro primeiros degraus estão situados no Ocidente e dão acesso ao Oriente,


entre a balaustrada que divide os dois pontos cardeais no eixo da Loja. O primeiro
degrau representa a Força, virtude esta que está relacionada com a vontade de
empreender esforços ilimitados para sairmos da inércia que nos aprisionam em um
determinado ponto que nos impede o progresso. É somente através da Força que
iremos efetivamente acessar ao segundo degrau, que é o Trabalho. O Trabalho
aqui pode ser decifrado como o resultado da Força antes empreendida, pois é
através de seus resultados que podemos afirmar que todo o tipo do mesmo
enobrece o Homem. O Trabalho aqui não é exclusivamente o que nos dá “o pão
nosso de cada dia”, mais também o Trabalho incessante do Maçom, que está em
desbastar constantemente a sua Pedra Bruta em busca de seu aprimoramento.

Uma vez concluído este trabalho toma o Maçom conhecimento da Ciência, que é o
nosso terceiro degrau em ascensão ao Trono da Sabedoria. Ciência é à base das
Artes ou Ciências Liberais, decomposta e, a saber: em trívio (Gramática, Retórica
e Dialética); e em quatrívio (Aritmética, Geometria, Astrologia e Música), que
formam à base do desenvolvimento e consolidação do nosso atual sistema
educacional.

Avançando-se no estudo e compreensão da Ciência podemos então somá-la a


Virtude, que em nossa concepção é um montante de conceitos latentes no Ser
Maçom. Diz-se que a Virtude é o último degrau do Ocidente pelo fato de, somente
após a escalada dos demais, pode o Maçom, através da introspecção, alimentar sua
alma com os conceitos aprendidos anteriormente. Sem eles não teria como se ter
princípio basilares para as principais Virtudes, onde podemos destacar, dentre
outras, a Lealdade, a Fidelidade, a Honestidade, a Bondade, o Desapego e o Amor,
dentre outras tão necessárias para que os Irmãos vivam em União Fraternal.

Acima deste “último degrau” do Ocidente observa-se uma superfície plana, onde a
denominamos como Oriente. Ao analisarmos a linha que compreende entre o
último degrau do Ocidente e o primeiro degrau que dá acesso ao Trono de
Salomão temos, ao centro, o Altar dos Juramentos e, sobre este, o Livro da Lei.
Não foi por acaso que este foi ali introduzido. Sua disposição atual deve nos
remeter a reflexão de que nada terá real praticidade se não forem observados e
cumpridos os códigos morais estabelecidos no Livro da Lei. Este cumprimento não
deve aqui ser encarado como uma rigidez dogmática e inflexível. Devemos
primeiro interpretar, já que a Bíblia é um livro complexo, a mensagem cifrada
contida em seus infinitos ensinamentos. Há cerca de 2.000 anos, o mestre cabalista
Rabi Shimon bar Yochai disse que “quem aceita o Tanach literalmente é um tolo”.
Um dos problemas mais conflitantes das religiões ditas cristãs está justamente na
forma como o líder destas interpretam as leis contidas em seu Livro Sagrado e, a
seu “bel prazer”, conduzem o povo na ignorância e nas rédeas de um sistema
intimidador e penitencial onde “deus” (com letra minúscula mesmo) castiga o
homem que não dá seu dízimo em detrimento de seu crescimento espiritual e,
principalmente, material. Maçonaria é tarefa de Libertação e em nada se
assemelha a quaisquer sistemas escravocratas. O Livro da Lei nos serve como
referência das grandes conquistas e a libertação de um povo em busca da Luz
Permanente. E são estas lições e passagens que irão preparar o Maçom a ascender
ao Trono de Salomão, ou o tão justamente denominado Trono da Sabedoria.

No primeiro degrau do Oriente temos a Pureza, pelo qual podemos associá-la a Fé.
Só podemos cultuar a Fé quando estamos puros de todas as influências malignas,
pois a Fé é um estado constante e divino de conexão com o GADU. Ser puro é
limparmos nossos corações antes de comungarmos com o Criador nossas fraquezas
e sucessos, pois “até o mais puro Mel azeda em um recipiente sujo”, e é sobre estas
condições que subiremos ao segundo degrau.

Chegamos então na perspectiva da Luz, onde a Esperança nos faz julgar que existe
um mundo melhor que este em que nosso corpo físico veste nossas almas. Ver a
Luz é abrirmos nossas mentes para um novo conceito, para uma nova fase, para
um verdadeiro renascimento; tendo em vista que devemos sepultar o velho homem
que vivia nas trevas da ignorância. Na maçonaria a Luz nos é dada no momento de
nossa Iniciação. Mas esta só nos é revelada em um momento oportuno. Estar na
Luz é rasgar definitivamente o véu que protege o Sanctum Sanctorum e ver, face a
face, a Verdade.

Este último degrau, a Verdade, só poderá ser alcançado após um longo período de
aprimoramento interior. Todas as escolhas deverão ser fruto de intensa meditação,
para então serem refinadas. A Verdade é o nossa maior conflito, posto que existem
em um único acontecimento três perspectivas da mesma. Ou seja, a versão de um
lado, a versão do outro e a Verdade de fato. E é neste ponto, a Verdade absoluta,
que muito de nós se julgam mais sábios, mais conhecedores, mais sagazes que os
outros. Como a Maçonaria está além do que os nossos cinco sentidos possam
conceber, podemos considerar que a mesma é dotada de um “sistema de
autodefesa”. Este dito “sistema” expurga de seus quadros os excessos e posturas
não condizentes com seus princípios, sempre praticado por àquele que não se deixa
iniciar. Não adianta dissimular, pois o GADU nos conhece na essência, forma
etérea do Ser. Todos os nossos defeitos podem ser mascarados, mas ninguém
consegue ser o que não é por muito tempo, e logo a Verdade vem à tona.

Deste aprendizado concluímos que a Caridade não é tão somente o que


efetivamente fazemos para com os menos afortunados. A Caridade para com a
Loja física também advém da Loja Celestial. Não é a nossa Oficina quem, através
de um processo eleitoral, elege um irmão Mestre Maçom para o veneralato. Esta
decisão não poderia ser unicamente através das falhas mãos humana, já que a
figura do Venerável Mestre transcende as obrigações administrativas, tornando-se
este também um líder espiritual do grupo. Uma espécie de “célula matriz” na
formação do arquétipo da Loja, onde o sucesso e o fracasso do grupo dependem de
sua Força, seu Trabalho, sua Ciência e sua Virtude, para que uma Sessão dedicada
ao GADU seja plena em Pureza, Luz e Verdade.

Finalizando, após discorrer sobre todos os aspectos ora citados, podemos concluir
que não é tão somente o tempo de Ordem que determina se um Irmão Maçom tem
os preceitos para ser Venerável Mestre de Loja. Mais sim pelo fato do mesmo ter
atravessado um percurso árduo até, por merecimento e experiência, tomar assento
no Trono de Salomão. E o motivo para tal processo é louvável e necessário, pois
uma vez ali posto este irmão representará a Sabedoria de todos nós. Deste processo
dependeu, depende e sempre dependerá a Maçonaria Universal e, neste Universo
de símbolos que estamos imersos, os sete degraus que estão em nosso Templo
representam o caminho que deverá ser seguido por todos nós, com passos firmes,
sempre para frente e para o alto.

Os maçons Marcelli Sena, João Marcelino e Walter Sarmento,

comemorando o Dia do Maçom.

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