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COLÉGIO ESTADUAL CARLITO CARVALHO

ELIZANGELA SANTANA DE OLIVEIRA

DISCIPLINA HISTÓRIA

BIOGRAFIA GILBERTO GIL

Gilberto Gil nasceu em 26 de junho de 1942, em Salvador, Bahia. É o primogênito de José Gil
Moreira (1913-1991), médico formado pela Universidade da Bahia, e de Claudina Passos Gil Moreira
(1914-2013), professora primária. No início da década de 1940, a família residia no Tororó, um bairro
modesto de Salvador. Devido a dificuldades em trabalhar, o Dr. José Moreira decidiu mudar-se com a
esposa para a cidade de Ituaçu. Posteriormente, o casal saiu de Ituaçu, no interior do estado da
Bahia, voltando a Salvador, para que a criança nascesse na capital. Três semanas após o
nascimento, a família retornou a Ituaçu, onde Gil passou toda a sua infância.

Em agosto de 1943, nasce sua irmã, Gildina Passos Gil Moreira. Tanto Gilberto quanto
Gildina foram alfabetizados pela tia-avó Lídia, professora aposentada da tradicional Escola Marquês
de Abrantes e mãe de criação do pai de Gilberto. Enquanto a avó preparava as refeições da família,
Gil e sua irmã faziam as tarefas.Gil lembra que o "professor [mais] paradigmático da minha vida, sem
dúvida, foi a minha avó. Foi ela, lá em casa, quem me apresentou ao mundo dos livros, do
conhecimento, das histórias, o mundo de Monteiro Lobato". Aos três anos de idade, o menino já
manifestava seu desejo de ser músico, fascinado com os sons da banda local, do sanfoneiro Cinézio
e dos cantadores e violeiros - remanescentes dos trovadores medievais, cantam versos de improviso,
fazendo desafios entre si, contando estórias e história nos pontos mais longínquos do interior. Era
uma das principais fontes de informação da população nordestina do Brasil. Seus versos eram feitos
impressos em cordeis. Além disso, Gil também ouvia grandes sucessos das rádios do Rio de Janeiro
e nos gramofones da cidade, os álbuns de Orlando Silva, Bob Nelson e Luiz Gonzaga. Em 1952, aos
nove anos de idade, Gilberto e sua irmã mudaram-se para a cidade de Salvador, onde foram
admitidos no Colégio Nossa Senhora da Vitória e, no mesmo ano, em uma escola de acordeom, na
Academia de Acordeom Regina. A partir de então, passou a receber influências da música de Dorival
Caymmi, bem como os novos estilos musicais vindos do sul do país, como jazz.

Em 1960 concluiu o ensino médio e prestou vestibular para cursar engenharia, porém, não foi
aprovado. Então, decidiu fazer cursinho, com o objetivo de cursar administração de empresas. No ano
seguinte, foi aprovado e passa a estudar na Universidade da Bahia. Durante o curso, Gilberto Gil
promoveu e participou em eventos de vanguarda, como o Seminário de Música, dirigido pelo
professor e compositor Hans-Joachim Koellreutter, que dá ao jovem o contato com a música erudita
contemporânea; conheceu e passou a namorar Belina de Aguiar, (nascida em Salvador, em 26 de
maio de 1938), bancária que, mais tarde, tornou professora universitária. Em dezembro de 1964 se
formou em administração de empresas, e em janeiro do ano seguinte, mudou-se para São Paulo, com
o objetivo de prestar um processo seletivo para a Gessy Lever. Em 29 de maio do mesmo ano,
Gilberto Gil casou-se com Belina, que passou a ser chamada Belina de Aguiar Gil Moreira, mudou-se
para São Paulo, e começou a trabalhar como trainee na Gessy Lever. Depois de um mês de estada
em um hotel, e igual período de tempo em Campinas, mudou-se para Cidade Vargas, bairro do
subúrbio da capital paulistana. Ele, então, passou a dividir seu tempo com as responsabilidades do
escritório e da música. Em 1966, em Salvador, nasceu a primeira filha de Gil e Belina, Nara de Aguiar
Gil Moreira. Um contrato assinado com a Philips fez com que a família mudasse para a cidade do Rio
de Janeiro[16] e, tempos depois, em 3 de fevereiro de 1967 nasceu a segunda filha do casal Marília
de Aguiar Gil Moreira. Depois de uma viagem ao Recife, Gil voltou ao Rio de Janeiro influenciado pela
cultura popular da região. Em março, separou-se de Belinda e, no mês seguinte, passou a viver com
a cantora Nana Caymmi. A essa altura, estava sendo empresariado por Guilherme Araújo.

Gilberto Gil com sua esposa Flora, durante o 26° Prêmio da Música Brasileira, 2015, no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em novembro de 1968, em meio à efervescência do movimento
Tropicalista, fundado por Gil, ele passou a namorar Sandra Barreira Gadelha, ex-bancária em
Salvador. Em dezembro ele e Caetano Veloso foram presos, devido Ato Institucional nº 5, que
cerceou a liberdade artística e dos cidadãos. Ali, Gil adotou uma dieta macrobiótica, e estudou o
misticismo oriental. Foi solto em fevereiro, ficando até julho em regime de confinamento, até saírem
do país. Nesse meio tempo, Gil conviveu com Duate e o músico e filósofo Walter Smetak. Em março,
casa-se com Sandra. Devido à pressão política, Gil e sua esposa foram obrigados a abandonar o
País, mudando-se para Londres, onde, em 17 de maio de 1970, nasceu o terceiro filho do cantor,
Pedro Gadelha Gil Moreira. Gil morava na 16 Redesdale Street, em Chelsea, mudou-se para
Hampton Court. Em 14 de janeiro de 1972, Gil recebeu autorização para voltar ao país com sua
família. Em 8 de agosto de 1974, nasceu Preta Maria Gadelha Gil Moreira, quarta filha do cantor, no
Rio de Janeiro.Dois anos depois, em 13 de janeiro de 1976, nasceu em Salvador, Maria Gadelha Gil
Moreira, filha de Gil e Sandra. Durante uma turnê ao lado de Caetano Veloso, Gal Costa e Maria
Bethânia, Gil foi preso em flagrante por consumo de maconha, em Florianópolis, Santa Catarina. O
cantor alegou dependência física e psicológica da droga, e o juiz Ernani Palma Ribeiro, decidiu
internar o artista no Instituto Psiquiátrico São José, "Gilberto Gil declarou que gostava da maconha e
que seu uso não lhe fazia mal e nem lhe levava a fazer o mal" - palavras do juiz.[ Em julho de 1978,
Gil mudou com a sua família para Los Angeles, nos Estados Unidos, para dar início à produção de um
novo trabalho. Em Salvador, durante o mês de janeiro de 1979, o cantor conheceu a comerciária
Flora Nair Giordano, e no ano seguinte separou-se de Sandra e em setembro passou a viver com
Flora. Em 13 de janeiro de 1985, nasceu Bem Giordano Gil Moreira, primeiro filho do casal, no Rio de
Janeiro. Dois anos depois, em 1987, Gil tornou-se presidente da Fundação Gregório de Mattos, e
mudou-se para Salvador. Sua família se transferiu para a cidade posteriormente, ali, em 3 de janeiro
de 1988, nasce Isabela Giordano Gil Moreira, segunda filha dos dois. Gil casou-se no civil com Flora
em 10 de junho de 1988. Ela, agora Flora Giordano Gil Moreira, tornou-se administradora das
empresas do artista .Em 25 de janeiro de 1990, aos dezenove anos de idade, Pedro Gil, filho mais
velho do cantor com Sandra, sofreu um acidente de carro e ficou em estado de coma. Pedro era
baterista do grupo de rock carioca Egotrip, considerado um extraordinário instrumentista. Ao voltar de
São Paulo para o Rio de Janeiro, acabou dormindo ao volante e perdeu o controle do automóvel. O
carro bateu em uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Curva do Calombo, e capotou diversas
vezes. Foi resgatado e levado para o Hospital Beneficência Portuguesa, com uma fratura no crânio e
traumatismo crânio-encefálico. Em 2 de fevereiro, depois de oito dias internado na Unidade de
Tratamento Intensivo em coma profundo, o jovem instrumentista faleceu. Um ano depois, em 15 de
maio de 1991, seu pai, José Gil Moreira, morreu em Vitória da Conquista, aos 78 anos de idade.
Pouco depois, em 27 de agosto de 1991, nasce o terceiro filho de Gil e Flora, José Gil Giordano Gil
Moreira. Em 17 de setembro de 2008 nasce sua neta, Flor, filha de Isabela (Bela Gil), em Nova York.
Em 23 de fevereiro de 2013, falece sua mãe, Claudina Passos Gil, aos 99 anos de idade, por falência
múltipla de órgãos, no Hospital Português, em Salvador.
Em 2009, o cantor obteve a cidadania italiana, por ser casado com Flora Giordano, neta de
italianos. O cantor é pai de oito filhos. Do casamento com Belina de Aguiar Gil Moreira teve: Nara de
Aguiar Gil Moreira (1966) e Marília de Aguiar Gil Moreira (3 de fevereiro de 1967). Do casamento com
Sandra Barreira Gadelha Gil Moreira, teve Pedro Gadelha Gil Moreira (17 de maio de 1970 - 25 de
janeiro de 1990), Preta Maria Gadelha Gil Moreira (8 de agosto de 1974) e Maria Gadelha Gil Moreira
(13 de janeiro de 1976). Com Flora Nair Giordano Gil Moreira, teve Bem Giordano Gil Moreira (13 de
janeiro de 1985), Isabela Giordano Gil Moreira (3 de janeiro de 1988) e José Gil Giordano Gil Moreira
(27 de agosto de 1991). Em 24 de novembro de 2015 nasce Sol de Maria, filha de Francisco Gil e
Laura Fernandez e neta de Preta Gil, sendo a primeira bisneta de Gilberto Gil. Em junho de 2016, ao
completar sete meses de vida, Sol de Maria recebe uma canção do bisavô, que recentemente havia
deixado o hospital onde estivera internado para tratamento de uma insuficiência renal. Desde
fevereiro de 2016, quando foi diagnosticado com um quadro de hipertensão arterial, Gil já estivera
internado por várias vezes no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Posteriormente o artista foi
diagnosticado com uma síndrome cardiorrenal - uma combinação de insuficiência renal com
insuficiência cardíaca, sendo que o tratamento da doença requer internações mensais, até novembro
de 2016.[33][34][35][36][37]

Carreira musical

1959–65: Início da carreira

Aos dezoito anos de idade Gilberto Gil formou com amigos o conjunto "Os Desafinados",
conjunto instrumental onde ele revezava no acordeom e vibrafone.[ O grupo se apresentava em
festas de aniversário, escolas e sedes de clubes de Salvador. Gil ficou no grupo até 1961. No final
dos anos 1950, aos dezessete anos, quando a bossa nova estava em ascensão, ele escutou o cantor
e violonista baiano João Gilberto e, a partir de então, Gilberto abandonou o acordeom e passou a
tocar violão. Inicialmente, utilizou o instrumento de sua irmã, até ter o seu - dado por sua mãe,
posteriormente. Ele começou a escrever poemas, em sua maioria metrificados e influenciados pelos
românticos Castro Alves e Gonçalves Dias, e o parnasiano Olavo Bilac, por exemplo. Oficialmente,
sua carreira começou em 1962, compondo e tocando jingles. Tempos depois, "Bem Devagar",
primeira canção composta por Gil, foi lançada em um compacto gravado pelo grupo feminino As Três
Baianas, e ele participou da gravação tocando acordeom. Nessa época, ele também participava
cantando em programas da rede de televisão local, e gravou uma canção feita para a Petrobras,
"Povo Petroleiro", onde no lado B, Gil interpretou a marcha carnavalesca "Coça, Coça, Lacerdinha" -
sua primeira gravação cantando, lançada pela gravadora JS Discos. No ano seguinte, Gil gravou e
lançou o EP Gilberto Gil: Sua Música, Sua Interpretação, que continha quatro faixas composta pelo
próprio. Desse, fora extraído o single "Decisão", samba conhecido e rebatizado depois de "Amor de
Carnaval". No final do mesmo ano, Gil conheceu Caetano Veloso[38] - que havia conhecido Gil pela
TV e o tinha como um ídolo - apresentado pelo produtor musical Roberto Sant'Ana,[39] e logo depois
conheceu as cantoras Maria Bethânia e Gal Costa. Em junho de 1964, os quatro, Tom Zé e outros,
realizaram o espetáculo "Nós, Por Exemplo...", inaugurando o Teatro Vila Velha, de Salvador, sob a
direção geral de João Augusto e musical assinada por Gil e Santana, com repertório composto de
canções próprias e de bossas de compositores como Dorival Caymmi. "Individual", primeira
apresentação solo de Gil, ocorreu no ano seguinte, no Vila Velha, sob a direção de Caetano.[14] Gil
passou a ter vida dupla, de manhã preparava-se para se tornar diretor da empresa, e à noite,
frequentava lugares como Galeria Metrópole, onde conheceu e encontrou-se com diversos artistas,
tocava e cantava em vários bares, como o Redondo e o Bossinha; no João Sebastian Bar, por
exemplo, conheceu Chico Buarque.Passou, então, a fazer parcerias com os letristas Capinan e
Torquato Neto, além de participar com Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé, da "Arena canta Bahia",
espetáculo dirigido por Augusto Boal, e encenado no Teatro Oficina.Gravou sua primeira fita demo e
enviou para o escritório de uma editora musical. A fita possuía cerca de 30 minutos de duração,
apresentando trechos de dezoito canções. Em outubro, Gil cantou "Iemanjá", com Othon Bastos, no V
Festival da Balança, promovido pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade
Mackenzie, gravado pela RCA, sendo convidado pela gravadora, a lançar o primeiro single de sua
carreira por um grande selo, "Procissão". Gilberto Gil ouvia músicas da Jovem Guarda, pois isso
ajudou muito na sua carreira musical, mas não entrou pro movimento devido a oposição do Caetano
Veloso ao Iê-Iê-Iê.

1966–68: Louvação, os festivais e a Tropicália

Gilberto Gil e Nana Caymmi no III Festival da Música Popular, 1967.

No início de 1966 Gil passou a se destacar no programa O Fino da Bossa, exibido pela
Record e apresentado por Elis Regina, a quem mostrou suas composições "Eu Vim da Bahia" e
"Louvação". Seu sucesso rendeu um contrato para lançar um álbum pela Philips Records; Gil, então,
abandonou o emprego na Gessy Lever e decidiu viver apenas de música, mudando-se para a cidade
do Rio de Janeiro com Belinda e sua filha, Nara. "Procissão", primeiro single oficial do cantor, foi
lançado em 1965. No ano seguinte, 1966, a gravadora disponibilizou "Ensaio Geral", segunda canção
de trabalho de Gil. Então, ele viajou para Recife, apresentando o espetáculo "Individual",
autodirigido.Ali, ele conheceu tanto a vanguarda local quanto a tradição, como as bandas de pífanos
de Caruaru, trazendo consigo, ao voltar ao Rio de Janeiro, essas influências. Em maio de 1967
Gilberto Gil lançou seu primeiro álbum, Louvação. O álbum contém arranjos de Dorival Caymmi Filho
(Dori Caymmi), e composições de Caetano Veloso, José Carlos Capinam, Torquato Neto, Geraldo
Vandré e João Augusto, com temática regional da Bahia, como "Água de Meninos", por exemplo, que
retrata um incêndio ocorrido em um cais do porto, próximo de combustíveis e de moinhos de trigo.[44]
Alguns críticos elogiaram o álbum, dizendo que esse possui uma "incrível riqueza melódica",
influenciada por Tom Jobim.[45] Apesar de não conter temáticas e estilos tropicalistas, Louvação
mostrava que o movimento estava se organizando. O programa de Gil, Ensaio Geral, sai do ar em
maio.

Gilberto Gil durante o histórico Festival de Música Popular Brasileira de 1967, defendendo
com Os Mutantes a sua canção "Domingo no Parque", que ficou em segundo lugar.

É ali, no Rio de Janeiro, que o cantor ia participar de diversos festivais promovidos pela
Record e TV Rio e concorreu, como compositor, em dois deles: I Festival Internacional da Canção,
promovido pela TV Rio, com "Minha Senhora", interpretada por Gal Costa; e II Festival de Música
Popular Brasileira, da Record, com "Ensaio Geral" - classificado em quinto lugar -, interpretado por
Elis Regina. Essa última canção, tornou-se título de um programa de televisão apresentado por Gil na
TV Excelsior. Em outubro de 1967, durante o III Festival de Música Popular Brasileira, realizado no
Teatro Paramount,[46] onde Nana foi sua parceira em "Bom Dia", ele apresentou uma das canções
que o marcou como compositor. Historicamente, o Brasil passava por uma fase de grande
nacionalismo. Dessa maneira, o país rejeitava características de outras culturas como, por exemplo,
as guitarras elétricas, que era uma "marca da cultura estadunidense e inglesa, além de representar o
comercialismo", como lembra Caetano. Em contrapartida Gil, influenciado pelos Beatles, resolveu
incluir o rock e a música brasileira em "Domingo no Parque", interpretado ao lado de Os Mutantes.

A canção ficou classificada em segundo lugar, além de ser premiado devido ao "moderno
arranjo", feito por Rogério Duprat. Ao lado de "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, a primeira tornou-
se um divisor de águas na música brasileira, pois, a partir de então até o fim de 1968, foi instalado no
cenário brasileiro um movimento revolucionário, influenciado por Oswald de Andrade e o movimento
antropofágico, batizado como Tropicália - nome de uma exposição de arte criada pelo carioca Hélio
Oiticica, durante a mostra Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro, que levou o nome. Porém, foi Nelson Motta, com o artigo chamado "A Cruzada
Tropicalista", publicado no jornal Última Hora, em 5 de fevereiro de 1968, que batizou o movimento.O
uso desses instrumentos e esse novo estilo musical, sob a música popular, além de tudo,
representava um choque com o governo daquela época. O Brasil sofreu o golpe militar em 31 de
março de 1964, as liberdades democráticas conquistadas em décadas anteriores foram suspensas.
Os militares instauraram no País um governo regido por atos institucionais, uma espécie de decreto
que servia para implementar medidas que poderiam estar acima da ordem constitucional. Durante o
governo do marechal Costa e Silva, foi promulgado o Al-5, em 13 de dezembro de 1968, que dava ao
Executivo poderes quase absolutos sobre todas as instituições. Dessa maneira, a música popular
deveria tornar-se o veículo de dissensão política.

1968: Consolidação do movimento, segundo álbum e repressão

Gilberto Gil, anos 1960.

A partir de 1968, o movimento começou a ser consolidado. Caetano e Gil, ao lado de Os


Mutantes, passaram a participar frequentemente de programas de televisão, especialmente por
Chacrinha, apresentador que tornou-se ícone do movimento.[51] Gilberto Gil participou do espetáculo
Momento 68, patrocinado pela Rhodia, levando o artista para Portugal e Espanha. Nesta época, ele
começou a trabalhar com seu novo álbum solo e mais um projeto ao lado de outros tropicalistas,
como Caetano, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Os Mutantes e Rogério Duprat. Em março, a
gravadora lançou o primeiro single do novo álbum de Gilberto Gil, "Pega a Yoga, Cabeludo".[41] Já
em maio, sob o título de Gilberto Gil, também conhecido como "Frevo Rasgado", a Philips Records
lançou o segundo álbum solo de Gil. Produzido por Manoel Barenbein e com arranjos de Duprat,
tornou-se um dos álbuns fundamentais do movimento Tropicália. Em outubro de 2007, o álbum
entrou na lista dos 100 maiores discos da música brasileira, feita pela revista Rolling Stone Brasil,
ocupando a 78ª colocação. Outros artistas, como Caetano, também lançaram álbuns tropicalistas,
recebendo críticas de jornais como O Estado de S. Paulo, escrita por Augusto de Campos.
Coordenado por Caetano Veloso, os tropicalistas lançaram um álbum-manifesto coletivo intitulado
Tropicalia ou Panis et Circencis, com canções de Gil, Torquato Neto, Capinam, Tom Zé e Veloso.
"Miserere Nobis", "Lindoneia", "Parque Industrial" e "Geleia Geral", são canções que retratam o país,
ao mesmo tempo, retrógrado e moderno. Em setembro Gil e Caetano concorreram ao Festival
Internacional da Canção, promovido pela TV Globo do Rio. A canção, e segundo single do álbum de
Gil, não se classificou e, em meio às vaias, Caetano declamou um discurso violento e improvisado.
[ "Divino, Maravilhoso", composta por Gil e Veloso, interpretado por Gal Costa, participou do IV
Festival de Música Popular Brasileira, alcançando o terceiro lugar e, posteriormente, dando nome a
um programa de televisão dos tropicalistas, exibido pela TV Tupi, de São Paulo, com direção de
Fernando Faro. Como a Tropicália representava uma intervenção na cultura do país, como uma crítica
a política nacional, o governo resolveu reprimir o movimento, prendendo Caetano Veloso e Gilberto
Gil, em São Paulo no dia 13 de dezembro de 1968. Os artistas e líderes do movimento foram levados
para o quartel do Exército de Marechal Deodoro, no Rio de Janeiro. Apenas em fevereiro de 1969, os
artistas foram soltos, ficando sob regime de confinamento até julho. Até lá, Gil ao lado de Caetano,
partiu a gravar material, em abril e maio, para novos álbuns, arranjados por Rogério Duprat, o projeto
seria concluído posteriormente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ao saírem do regime de
confinamento, se apresentaram em um espetáculo de despedida, no Teatro Castro Alves.
Posteriormente, partiram, Gil e Caetano, com suas respectivas esposas para o exílio, passaram por
Lisboa e Paris, mas, fixaram-se em Chelsea, Londres. Gil disse que Guilherme, então empresário da
dupla, "foi à Europa antes de nós, para verificar onde iríamos ficar. Lisboa e Madrid estavam fora de
questão, pois, Portugal e Espanha estavam sob uma ditadura pesada. Paris tinha um ambiente
musical entediante. Londres, era o melhor lugar para ser músico".

1969–1971: Exílio, terceiro álbum e retorno ao Brasil

Em agosto, mesmo com Gil fora do País, a gravadora lançou "Aquele Abraço", primeiro single
do terceiro álbum de Gil e um dos maiores sucessos do ano no Brasil. Gil disse que a canção
representava um "bye bye" ao País. Ele a compôs, após tratar da questão de sua saída do País com
o Exército. Ele lembrou que os soldados do quartel o saudavam dizendo: "Aquele abraço, Gil!". Essa
foi uma das canções de Gil mais vendidas, chegando ao topo da parada brasileira[56]. Ainda em
agosto, a Philips lançou Gilberto Gil, também conhecido como "Cérebro Eletrônico". Algumas
resenhas sobre o álbum diz que as canções foram produzidas com um olhar para o ruído, dando à
faixa "Volks-Volkswagen Blue" o título de "hino tropicalista". O críticos da allmusic, conclui que o
álbum "é muito desarticulado, não tão consistente como o último álbum, mas, definitivamente uma
obra-prima para o pop brasileiro no futuro". Já em Londres, Caetano e Gil dividiram o palco do Royal
Festival Hall, em março de 1970. Essa foi a primeira de uma série de apresentações em teatros feita
por Gil neste ano e no seguinte, na Inglaterra e em outros países da Europa, como França, Suíça,
Alemanha, Áustria, Dinamarca e Suécia. O sucesso de "Aquele Abraço", rendeu ao cantor e
compositor um "Golfinho de Ouro", pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Porém, o
próprio artista acabou recusando o prêmio, publicando um artigo n´O Pasquim. No final do mês, Gil,
Caetano e outros músicos brasileiros participaram do Festival da Ilha de Wight, que reuniu cerca de
600 000 pessoas. O jornal The Guardian, um dos principais da Inglaterra, escreveu que "dois
brasileiros anônimos", eram a atração principal do segundo dia do evento, que durou cinco, e teve a
participação de grandes artistas como The Who, The Doors, Joni Mitchell e Leonard Cohen, bem
como a última apresentação de Jimi Hendrix. Os dois subiram ao palco cantando em português,
acompanhado de tambores africanos e flauta transversal, mas, minutos depois, passaram a utilizar
guitarras e a tocar canções que misturavam rock psicodélico, funk e samba.[19] Nesta época, Gil foi
convidado para produzir a trilha sonora do filme Copacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla. Ao
lado de músicos como David Gilmour, do Pink Floyd, e Jim Capaldi, do grupo Traffic, entre outros, Gil
foi convidado a participar de uma jam session, realizado no clube Revolution. Sua participação, se
repetiu no ano seguinte também.[18] Ao se envolver na organização do Festival de Glastonbury, em
1971, teve maior contato com reggae, estilo que estava em efervescência em Londres na época. Bob
Marley, Jimmy Cliff e Burning Spear, tornaram-se inspirações para o compositor brasileiro. Além
desses dois estilos, Gil também assistiu a apresentações de jazz, com artistas como Miles Davis e
Sun Ra. Em meio a tudo isso, Gil assinou um contrato com o selo Famous Music, da Paramount
Pictures, e o artista lançou um álbum somente com canções em inglês. Intitulado Gilberto Gil, é
também conhecido como "Nêga", o álbum impulsionou a carreira internacional de Gil, levando-o para
Nova Iorque, onde realizou uma série de apresentações no Village Vanguard e em teatros
universitários. A Philips inglesa contatou Gil com o objetivo de lançar um novo álbum. O cantor
chegou a gravar algumas canções, porém, acabou abandonando o projeto, devido a possibilidade de
retorno ao Brasil.[20] Caetano já havia retornado ao país, e Gil foi em janeiro de 1972, com a família
e, a partir de então, percorreu as principais capitais do País com o espetáculo "Gilberto Gil: Em
Concerto", que durou dois anos e continha repertório de álbuns futuros.

1972–76: Expresso 2222, Refazenda e Doces Bárbaros

Em publicação da revista Bondinho foram lançadas quatro canções de Gil, entre elas
"Expresso 2222", que dá o nome ao álbum seguinte do cantor. As gravações desse novo projeto
começaram em abril, e o primeiro single foi lançado em junho, "Cada Macaco no Seu Galho (Chô
Chuá)", e contou com a participação de Caetano Veloso. "Chiclete com Banana" é o b-side do
compacto. O lançamento de Expresso 2222 ocorreu em julho. Esse foi o primeiro trabalho de Gil ao
voltar ao Brasil. Não é à toa que Gil canta "Back in Bahia", canção que retrata a ferida de uma
saudade, enquanto "Pipoca Moderna", traz a presença da Banda de Pífanos de Caruaru e, na faixa-
tema, Gil mostra sua habilidade violonística. A turnê do álbum iniciou-se em seguida e, durante esse
tempo, o álbum Barra 69: Caetano e Gil ao Vivo na Bahia, gravação do espetáculo pelos dois em
1969, antes da partida para o exílio, foi lançado. Em dezembro, passou uma temporada ao lado de
Gal Costa, apresentando-se no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, Gil e Gal
foram para França, para realizar um espetáculo no Midem, em Cannes, e no teatro Olympia, em Paris
- que seria transmitido pela televisão francesa em novembro do mesmo ano. Ao voltar ao Brasil, deu
início à gravação de um novo álbum, Cidade do Salvador, que seria lançado apenas em 1999; a
produção do projeto acabou sendo arquivada. Porém, em março, Gil lançou o single "Meio de
Campo", que teve destaque devido ao b-side, "Eu Só Quero Um Xodó", canção original de
Dominguinhos e Anastácia, e que tornou-se uma das principais músicas de Gilberto Gil. Em abril ele
iniciou uma série de apresentações no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. E, no mês seguinte,
durante o evento "Phono 73", promovido pela gravadora Philips Records, no Palácio das Convenções
do Anhembi, em São Paulo, Gil e Chico Buarque foram impedidos pela censura do regime ditatorial
de interpretar a canção "Cálice", feita pelos dois especialmente para essa ocasião.Quando os dois
começaram a cantar a canção, tiveram os microfones desligados. A música já havia sido apresentada
à censura, e foi recomendado pela mesma que não fosse interpretada.

Gilberto Gil, em 1972.

No início de 1974, ao lado de Caetano Veloso, Gil apresentou-se no Teatro Vila Velha, em
Salvador. Esse espetáculo, foi gravado e, posteriormente, em abril do mesmo ano, lançado como
álbum, intitulado Temporada de Verão. "Maracatu Atômico", canção composta por Jorge Mautner e
Nélson Jacobina, foi o primeiro single do projeto, a ser lançado em fevereiro. Foi nessa época que Gil
passou a administrar a sua própria carreira, deixando de trabalhar com o empresário Guilherme
Araújo, e vai a São Paulo, realizando uma série de apresentações no Teatro da Universidade
Católica, que, assim como as apresentações no Vila Velha, foi gravada e lançada, em dezembro, com
o título de Gilberto Gil: Ao Vivo. No ano seguinte foi lançado Gil & Jorge: Ogum, Xangô, álbum
lançado por Gil e Jorge Ben. Nesse, os dois cantam e tocam canções próprias. Porém, em seguida,
Gil deu início à produção de um novo álbum, Refazenda. Esse foi lançado em 1975, e contou com
uma turnê por 45 municípios brasileiros, com o objetivo de promover o projeto. Esse é um dois
principais álbuns de Gil, ao lado de Refavela (1977) - gravado após uma viagem ao continente
africano - e Realce. Em 24 de junho de 1976, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria
Bethânia, realizaram um espetáculo conhecido como "Doces Bárbaros", nome dado por Bethânia, no
Palácio das Convenções do Anhembi. Essa apresentação virou uma turnê que foi até dia 7 de julho,
quando Gil e Chiquinho Azevedo - então baterista -, foram presos por porte de maconha, em
Florianópolis], Santa Catarina. O juiz decidiu internar ambos no Instituto Psiquiátrico São José,
próximo a Florianópolis, de onde saíram no dia 20 para dar início a um tratamento ambulatorial
periódico, no Sanatório Botafogo, no Rio de Janeiro. Logo após isso, o quarteto voltou a se
apresentar, agora, no Canecão, onde permaneceram em cartaz por dois meses, batendo recorde de
bilheteria na época. Essa turnê virou um documentário, Os Doces Bárbaros, de Jom Tob Azulay, e um
álbum, Doces Bárbaros: Ao Vivo, lançado pela PolyGram. Hoje, o álbum é considerado uma "obra
prima", porém, na época de seu lançamento (1976), foi duramente criticado. Inicialmente, o projeto
seria gravado em estúdio, mas, por sugestão de Gal e Bethânia, foi decidido que um registro ao vivo
seria melhor, sendo que quatro canções gravadas, foram, anteriormente, gravadas em estúdio e
lançadas como singles - "Esotérico", “Chuckberry Fields Forever”, “São João Xangô Menino” e “O Seu
Amor”. Em setembro Gil retomou a turnê de Refazenda, que passou por 58 cidades do País.

1977–1980: Refavela, Refestança e Realce

Em janeiro e fevereiro de 1977, Gil foi a Lagos, na Nigéria, para participar, ao lado de
Caetano, do II Festival Mundial de Arte e Cultura Negra. A partir de então, passou a trabalhar a
temática afro em suas canções. O cantor ficou cerca de um mês no País, tempo que serviria de base
para o próximo álbum. Ao voltar ao Brasil, deu-se início a produção desse, e "Sítio do Picapau
Amarelo", primeira canção de trabalho do álbum foi lançada em março, mês em que Gil começou a
gravar o novo material. Após isso, o cantor realizou uma apresentação polêmica para estudantes de
um colégio de São Paulo; os estudantes cobraram do artista uma posição política de esquerda,
condizente com a deles, e acabaram vaiando Gil. Em maio, Refavela foi lançado e a primeira fase da
turnê do álbum começou no segundo semestre. Em outubro, Gil juntou-se a Rita Lee e deu início a
uma série de apresentações conhecidas como "Refestança". Essa foi gravada e lançada pela Som
Livre com o mesmo nome. No ano seguinte, o contrato com a Philips terminou, mas, antes disso, o
cantor gravou seis faixas para um álbum de Samba de breque, completado por gravações antigas de
Germano Mathias. Esse projeto foi lançado em maio com o título de Antologia do Samba-Choro. Em
1978, Gil foi convidado a participar do Festival Internacional de Jazz de Montreux, na Suíça,
celebrado em 14 de julho. Foi o primeiro brasileiro a se apresentar no festival, e esteve ao lado de A
Cor do Som e Silvinho. Essa apresentação foi gravada e lançada pela Warner Music e suas afiliadas
em agosto do mesmo ano. Antes disso, o cantor iniciou uma pequena turnê durante o verão europeu,
e posteriormente, mudou-se para os Estados Unidos com a família, morando em Los Angeles e
trabalhando no material para um novo álbum, exclusivo para o mercado estrangeiro, sob a produção
de Sérgio Mendes. Foi no ano seguinte, precisamente em março e maio, que ele começou uma turnê
por várias cidades estadunidenses, principalmente em teatros universitários, para promover seu novo
álbum, Nightingale. Gil tornou-se o primeiro negro a integrar o Conselho de Cultura do Estado da
Bahia - do qual Maria Bethânia também participou -, isso aconteceu em julho. "Não Chore Mais (No
Woman, No Cry)" foi lançado em maio, e virou um grande hit da carreira do cantor, vendendo cerca
de 750 mil cópias. Essa canção anunciou o novo projeto que começa a ser gravado nos Estados
Unidos e que foi lançado em agosto. Realce, teve turnê com cinquenta e uma apresentações, em
trinta cidades brasileiras e, ao lado do jamaicano Jimmy Cliff, apresentaram-se em ginásios e estádios
de cinco capitais brasileiras, chegando a gravar um especial transmitido pela Rede Globo. Ainda em
1980, Gil foi eleito vereador em sua cidade natal, Salvador. Além disso, o artista passou a assumir
outros cargos administrativos na área cultural, passando a realizar constantes viagens à África
Ocidental.

1981–85: Luar, Um Banda Um, Extra e os 20 anos de carreira

Em novembro e dezembro de 1980, começaram as gravações de Luar (A Gente Precisa Ver o


Luar), primeiro álbum de muitos produzidos por Liminha, sendo que o primeiro single do projeto foi
"Se Eu Quiser Falar com Deus" e o projeto foi disponibilizado em março de 1981, com uma turnê que
começou em 31 de março, durou seis meses, foi à Europa, Estados Unidos e Argentina. No início do
ano, Gil ganhou da Câmara Municipal de São Paulo, a Medalha Anchieta Diploma de Gratidão da
Cidade de São Paulo, e em abril a Rede Globo apresentou um especial sobre o cantor, intitulado
Gilberto Passos Gil Moreira. Em setembro de 1981, é lançado o single "Sonho Molhado". Brasil,
álbum de João Gilberto, Caetano Veloso e Gil foi lançado em junho pela Warner, e contém a
participação de Maria Bethânia em uma das faixas. Durante os dois primeiros meses de 1982, o
cantor começou a produção de um novo álbum voltado para o mercado exterior, seria o seu segundo.
Porém, o projeto foi arquivado pelo próprio Gil. Ele, então, começou uma série de apresentações,
intitulada "voz e violão" em abril e maio, dando início, após isso, a gravação de um novo álbum, Um
Banda Um, e durante sua produção, ele realizou uma turnê pela Europa, finalizada em Israel. Em
agosto foi lançado Um Banda Um, acompanhado de "Andar com Fé", primeira canção de trabalho
desse novo projeto. A turnê brasileira do mesmo, começou ainda em agosto, e em dezembro Gil teve
sua casa, um sítio na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, assaltada. E
nesta época, após tudo isso, a editora Currupio, lançou um livro que contém coletâneas de entrevistas
com Gil, textos sobre ele e outros arquivos, organizada, escrita e publicada pelo baiano Antonio
Risério. A turnê de Um Banda Um, seguiu em maio e julho de 1982 pelos Estados Unidos, Europa, e
depois no México e Colômbia, antes do retorno ao Brasil, onde o cantor já projetava um novo
conteúdo para o próximo álbum, a ser lançado em setembro com o título de Extra. Esse novo trabalho
contaria com uma turnê que duraria um mês no Palace, em São Paulo, e após passar por diversas
cidades do país, chegando no Rio de Janeiro, onde ficou em cartaz no Canecão de dezembro a
janeiro, antes de partir para outras apresentações em Salvador e Buenos Aires. Em 1984, Cacá
Diegues dirigiu uma produção cinematográfica franco-brasileira intitulada Quilombo, baseado nos
livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos, e Palmares, de Décio de Freitas. Gilberto Gil foi
convidado a produzir na trilha sonora do filme, e no mesmo ano o álbum com as canções do filme foi
lançada em outubro, na Europa, pela Warner. Neste meio tempo, Gil apresentou-se pela Europa e
Estados Unidos, em junho e julho, e, após apresentações em Israel, voltou ao Brasil para produzir
mais um álbum, Raça Humana. Com exceção da canção "Vamos Fugir", que foi gravada na Jamaica
e contou com a participação do grupo The Wailers e a versão em inglês da faixa foi lançada como
single na Europa, o álbum foi produzido no estúdio Nas Nuvens, inaugurado por Gil e Liminha,
localizado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em setembro as gravações do álbum já estavam
concluídas, e o material começou a ser produzido. Gil apresentou-se em Nova Iorque, mas, se
retornou ao Rio de Janeiro para o lançamento do álbum e estreia da turnê, no Canecão, em 25 de
outubro de 1984. No ano seguinte, 9 a 12 de janeiro de 1985, aconteceu a primeira edição do festival
de música Rock in Rio, na qual Gil participou. Em abril, deu-se início a gravação de um novo material
para o futuro álbum, finalizado apenas em agosto. Em junho e julho, o cantor realizou uma excursão
pela Europa e Estados Unidos, e três meses depois, lançou o álbum Dia Dorim Noite Neon. Em
novembro, o artista comemorou os 20 anos de sua carreira com um grande evento em São Paulo,
organizado pelo letrista baiano Waly Salomão. Intitulado "Gil: 20 anos-luz", a semana de espetáculos
contou com apresentações, debates, filmes, leituras e apresentações de grandes nomes da música
brasileira da época. Após isso, Gil começou a turnê de promoção de seu recém-lançado álbum.

1986–1990: Engajamento político e ao vivo em Tóquio

Nélson Pereira dos Santos, produziu em 1987 um filme intitulado Jubiabá, baseado na obra
homônima de Jorge Amado, e convidou Gil para fazer a trilha sonora, em 1986. Por volta do mês de
abril, Gil apresentou-se em um espetáculo de voz e violão no Golden Room, do Copacabana Palace,
através do projeto "Luz do Solo". Seu parceiro de composição Jorge Mautner participou do
espetáculo. Mas, foi em 6 de maio, que Gil recebeu das mãos de Tom Jobim o Golfinho de Ouro - que
Gil já havia recusado uma vez -, premiação do Governo do Estado do Rio de Janeiro, na época de
Leonel Brizola, em cerimônia seguida de uma apresentação, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em junho e julho, Gil foi à Europa para a turnê de Dia Dorim Noite Neon. Lá, foi convidado a participar
do movimento francês SOS Racisme, na praça da Bastilha, apresentando-se na mesma noite com
artistas franceses e africanos. A partir dai, ele foi para a sua primeira apresentação no oriente, no
Japão; a turnê ainda incluiu passagens pelos Estados Unidos, Canadá e Caribe. Em 1987, o artista
tornou-se presidente da Fundação Gregório de Matos, instituição voltada para revitalização da cultura
afrobrasileira.Durante sua gestão, intensificou a relação Bahia-África, tanto que abriu-se em Salvador
uma Casa de Benin, e na África, uma Casa da Bahia. Gil esteve por trás de um projeto de
recuperação do centro histórico de Salvador arquitetado pela italiana Lina Bo Bardi e sua equipe.
Simultâneo a sua carreia política, Gil foi responsável pela trilha sonora do filme Um Trem para as
Estrelas, de Carlos Diegues, lançado pela Som Livre. Gilberto Gil: Em Concerto, foi lançado em
março. Trata-se da gravação da apresentação do artista no Copacabana Palace, em 1986. Para
divulgar esse novo trabalho, o artista se juntou a Jorge Mautner e estreou em São Paulo "O Poeta e o
Esfomeado", espetáculo que passaria por vinte cidades do Brasil. Sua apresentação em Tóquio, foi
lançada no Japão em maio, e o álbum Soy Loco por Ti, América, começou a ser gravado,
especialmente para o mercado internacional. Nos meses seguintes, Gil realizou uma turnê pelos
Estados Unidos e Europa e, em agosto, o álbum Soy Loco por Ti, América foi lançado. Em 2 de março
de 1988, Gil lançou-se oficialmente como pré-candidato a prefeitura da cidade de Salvador.
Desligando-se em 14 de julho do cargo de presidente da Fundação Gregório de Mattos, devido a
campanha política. Antes disso, ele foi à Europa e aos Estados Unidos para uma pequena turnê. Em
agosto, decidiu disputar a Câmara dos Vereadores pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), nas eleições de 15 de novembro. Em agosto, a editora Paz e Terra lançou O Poético e o
Político, de Gil e Antonio Risério, e o álbum Gilberto Gil: Ao Vivo em Tóquio, e o artista foi ao Japão
para uma turnê e foi eleito vereado com o maior número de votos. Voltou ao Rio para uma nova
temporada de espetáculos ali.[25] Um novo álbum começou a ser planejado, e em janeiro e fevereiro
de 1989, começaram as gravações. Com licença da Câmara, ele iniciou a turnê nacional, em 22 de
maio, para divulgar o novo álbum, O Eterno Deus Mu Dança, lançado em junho. Gil foi aos Estados
Unidos e à Europa, para promover seu novo trabalho.[25] Em fevereiro de 1990, morreu seu filho
mais velho, Pedro, em um acidente de carro, e Gil decidiu viajar para a Europa. E nesse ano, em 5 de
junho, recebeu do então Ministro da Cultura da França, Jack Lang, o título de cavaleiro da Ordem das
Artes e Letras (Ordre des Arts et des Lettres, em francês),[41] e acabou estendendo a temporada
europeia e estadunidense ao Japão. Em novembro a Warner Music, através do selo WEA, começou a
relançar no formato de CD todos os álbuns de Gil, anteriormente lançado como disco de vinil pela
gravadora. Ainda em novembro o artista foi homenageado pelo X Prêmio Shell de Música Brasileira,
pelo conjunto de sua obra.

1991–95: Parabolicamará, homenagens e Unplugged

Em janeiro e fevereiro de 1991 Gil fez uma excursão pela Europa. Porém, meses depois, em
10 de março, ele fez uma pausa e, ao lado de Tom Jobim, Caetano Veloso, Sting e Elton John,
apresentou-se no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Em seguida, ainda nos Estados Unidos, começou a
gravar o material para o álbum do saxofonista estadunidense Ernie Watts, intitulado Afoxé, lançado
pela CTI Records. Em junho e julho, retomou a turnê pela Europa e, em novembro, começou a gravar
o material para o novo álbum, Parabolicamará, lançado em janeiro de 1992. O lançamento do projeto
e início da turnê, foram marcados por um grande espetáculo na praia de Copacabana, no Rio de
Janeiro. Em março, partiu para a Europa para vinte apresentações acústicas, apenas com voz e
violão. Essas apresentações não tinham ligações com a turnê de Parabolicamará - que embarcava
para a Europa apenas após as comemorações de 50 anos de idade do cantor. A editora e o selo
Lumiar, lançaram em outubro, o primeiro volume do livro Songbook Gilberto Gil, que contém acordes
cifrados e letras de 130 canções do compositor. O segundo volume, contém três álbuns, nos quais 38
faixas são interpretadas por diversos nomes da música brasileira. Da Europa, Gil partiu para Nova
Iorque, onde ficou um mês inteiro (novembro) apresentando-se no Bowery Ballroom, apenas voz e
violão. Ao voltar ao Brasil, em 19 de dezembro, realizou um grande espetáculo no vale do
Anhangabaú, em São Paulo. Com o término de seu mandato como vereador, Gil abandonou a política
e, em 1993, gravou ao lado de Caetano Veloso um álbum que comemora os 26 anos do tropicalismo
e os 30 anos de amizade. Em julho, foi homenageado na noite brasileira do XXVII Festival
Internacional de Jazz de Montreux, com um espetáculo chamado "Gilberto Gil and Friends", do qual
participaram Caetano, Gal Costa, Chico Buarque, Dominguinhos e o Trio Esperança. Durante julho e
agosto, realizou turnê pela Europa e Estados Unidos, e voltou ao Brasil, após isso, para lançar,
através da PolyGram, Tropicália 2, com Caetano. Os dois fizeram uma apresentação do álbum na
Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, em 25 de setembro, e depois, em 2 de outubro ao Pólo de Arte
e Cultura do Anhembi, em São Paulo. Em setembro a PolyGram, começou a relançar todos os álbuns
remasterizados de Gil, antes lançados pela Philips como disco de vinil, dentro de uma série
"Colecionador". E no mês seguinte, Gil voltou com a turnê de Parabolicamará, indo em novembro
para a Alemanha, com Marisa Monte, para diversas apresentações no país.

Em 18 de janeiro de 1994 Gil gravou o programa Acústico, da MTV. Essa apresentação foi
gravada e, posteriormente, lançada mundialmente pela Warner Music, como álbum e home video
intitulada Gilberto Gil: Unplugged. Enquanto o lançamento do acústico não acontecia, Gil levou a
apresentação de promoção do álbum Tropicália 2, para o Parque de Exposições de Salvador, em 28
de janeiro. E durante o carnaval daquele ano, o artista, ao lado de Caetano, Gal e Bethânia, os Doces
Bárbaros, foram homenageados pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, com o
samba-enredo "Atrás do Verde e Rosa, Só não Vai quem Já Morreu". O quarteto realizou uma
apresentação na quadra da escola, e participou do desfile no Sambódromo da Marquês de Sapucaí,
no Rio de Janeiro. Em abril, a gravadora disponibiliza o álbum acústico. O lançamento ocorreu na
Sala Cecília Meireles, com uma apresentação que percorreria o País, retornado ao Rio em setembro.
Durante o VII Prêmio Sharp de Música, realizado em 4 de maio de 1994, no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, Gil recebeu de Dorival Caymmi uma homenagem por sua importância para a música
nacional. Com os Doce Bárbaros, Gil viajou para Londres. Lá, o quarteto apresentou-se no Royal
Albert Hall, espetáculo que contou com a participação da bateria da Mangueira. Ali, Gil e Caetano
mostraram o espetáculo "Tropicália Duo", transposição das apresentações de Tropicália 2, na Europa
e nos Estados Unidos. Ainda em 1994, precisamente em novembro, Gil gravou em Oslo, na Noruega,
uma participação no álbum do baixista Rodolfo Stroeter, que também contou com a participação da
cantora Marlui Miranda e do percussionista indiano Trilok Gurtu. No final do ano, Gil levou "Tropicália
Duo", para o Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Com o objetivo de promover o Unplugged, Gil fez
excursão pelos Estados Unidos e Europa em junho e julho de 1995, começando a gravar novo
conteúdo para o próximo álbum, nos dois meses seguintes. Em outubro, o Free Jazz Festival, trouxe
ao Brasil grandes nomes da música, como Nina Simone, Ray Charles, entre outros. E Gil participou
do festival, apresentando-se com Stevie Wonder, no Rio de Janeiro e em São Paulo.[65] No final do
ano, Gil foi um dos nomes no espetáculo de ano-novo na praia de Copacabana, ao lado de Gal Costa,
Chico Buarque, Milton Nascimento e Paulinho da Viola, interpretando o repertório de Tom Jobim, com
a participação da bateria da Mangueira.

1996–2000: Festivais, Quanta, Grammy e Filhos de Gandhy

Em janeiro de 1996, Gil apresentou-se na última edição do festival Hollywood Rock, realizado
no Rio de Janeiro e em São Paulo pela empresa de tabacos Souza Cruz, onde recebeu convidados
como Fernanda Abreu, Lulu Santos e Lobão.[66] Meses depois, a agência Denison Bates, lançou em
um álbum a canção "Comunidária", escrita e interpretada pelo cantor, para o projeto Comunidade
Solidária. Esse álbum foi distribuído para os clientes-alvo da campanha. No final de março, Gil
participou, ao lado do percussionista Naná Vasconcelos, da terceira edição do festival internacional
PercPan, realizado em Salvador - esse mesmo festival teria sua próxima edição organizada por Gil e
Naná, com a presença de onze artistas de seis países.[66] Assim como em anos anteriores, em junho
e julho, Gil foi à Europa e aos Estados Unidos, para diversas apresentações e, em novembro, o livro
Gilberto Gil: Todas as Letras, organizado por Carlos Rennó, foi lançado através da editora Companhia
das Letras. O livro traz comentários do artista sobre a composição de oitenta canções suas. Em 14 de
dezembro Gil apresentou-se na sede da Embratel, no Rio de Janeiro. Esse espetáculo foi transmitido
em tempo real pela internet, onde Gil lançou o primeiro single do novo álbum, "Pela Internet",
disponível a partir de janeiro de 1997[66]. Em abril, o álbum duplo Quanta foi lançado. Sua turnê
começou em São Paulo, e seguiu para o Rio, onde ficou por uma temporada inteira no Canecão. Em
25 de maio, o artista foi a São Paulo, onde apresentou-se para 35 mil pessoas na praça da Paz, no
Parque do Ibirapuera. Em seguida, voltou a dar sequencia na turnê de Quanta, indo ao interior do
estado de São Paulo e percorrendo o resto do ano, outras partes do Brasil, para depois a turnê ir para
países da Europa.[66] A turnê, acabou se transformando em álbum ao vivo, sendo que a gravação
ocorreu em 13 e 14 de agosto, gravada no Teatro João Caetano, no Rio. O álbum foi lançado em
fevereiro de 1998, com o título Quanta Gente Veio Ver, também conhecido como Quanta: Live.[66]
Em junho e julho de 1998, Gil lançou a turnê "Twentysummers", que comemora os vinte anos
seguidos de apresentações do artista pela Europa no verão. Pelo selo Pau Brasil, o artista lançou
mais um álbum, Sol de Oslo - projeto coletivo divido com o baixista e produtor Rodolfo Stroeter, a
cantora Marlui Miranda, o percussionista indiano Trilok Gurtu, o tecladista norueguês Bugge
Wesseltoft e o acordeonista Toninho Ferragutti. Com uma apresentação de Gilberto Gil, o
documentário produzido pelo canal GNT e pela Conspiração Filmes, intitulado Pierre Verger:
Mensageiro entre Dois Mundos, sobre o fotógrafo e etnólogo francês radicado na Bahia. Em 25 de
fevereiro de 1999, o álbum ao vivo Quanta Gente Veio Ver, foi eleito o álbum do ano na categoria
"música do mundo" do Grammy. Gil receberia a estatueta do Grammy, em uma apresentação
realizada no Rio e em São Paulo, em maio do mesmo ano. No mês seguinte, a Universal Music
lançou o box Ensaio Geral, composto por treze álbuns produzidos por Marcelo Fróes. Esse material
abrange os lançamento do artista pela Philips Records e PolyGram, entre 1966 e 1977, contendo
também canções inéditas. No final do mês, aconteceu a quinta edição do PercPan, dirigido por Gil e
Naná Vasconcelos. Em junho e julho, Gil realizou mais uma turnê pela Europa e Estados Unidos,
mas, voltou ao Brasil em 25 de julho, para uma apresentação ao lado de Ivete Sangalo para 90 mil
pessoas, na praça da Paz, no Parque do Ibirapuera. Em setembro, a editora UnB lançou o livro de
Bené Fonteles, intitulado GiLuminoso, trazendo um álbum gravado pelo artista especialmente para
esse projeto.[66] Ainda em novembro, ao lado de Caetano, Gal Costa, Chico Buarque, Elza Soares e
Virgínia Rodrigues, o artista realizou uma apresentação conhecida como "Since Samba Has Been
Samba", no Royal Albert Hall, em Londres.[66] Em 27 de fevereiro de 2000, a Conspiração Filmes
lança o documentário Filhos de Gandhy, gravado parcialmente na Índia, e apresentado pela primeira
vez no canal GNT. O documento foi dirigido por Lula Buarque de Hollanda, sob condução de Gil. Em
março, o artista participou do carnaval de Salvador com o seu próprio trio elétrico, chamado "Chame-
gente", e começou a gravar um novo trabalho, com Milton Nascimento. A sexta edição do PercPan -
assim como as anteriores, dirigidas por Gil e Naná Vasconcelos -, dividiu-se entre Salvador e São
Paulo, e em maio segue a Paris. Nesse tempo, Gil foi escolhido para desenvolver a trilha sonora do
filme Eu, Tu, Eles. O álbum, intitulado Gilberto Gil e as Canções de Eu, Tu, Eles, contém clássicos de
Luiz Gonzaga, e contou com uma turnê nacional homônima. Em outubro, o conteúdo gravado com
Milton Nascimento terminou de ser produzido e a Warner Music lançou o álbum Gil & Milton. Os dois
deram início a turnê de promoção do projeto em novembro, e essa se estendeu até dezembro. Os
dois se apresentaram no 3º Rock in Rio, e Gil sobre um deslocamento da retina do olho direito e foi
operado.[67]

2001–05: Eletracústico, "Nobel da música" e premiações

Durante o carnaval de 2001, Gil esteve presente em seu trio elétrico, o Expresso 2222, e em
seu camarote. No mês seguinte, o artista voltou a se apresentar, promovendo o álbum lançado por
ele e Nascimento. Em abril, o artista começou a gravar material para um álbum especial para as
festas dos santos populares. São João Vivo, foi lançado em maio, pela Warner Music, e rendeu ao
artista um disco de ouro, no Brasil. Embalado por esse novo trabalho, em junho o cantor realizou o
espetáculo "Arraial de Gilberto Gil", no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, que marcou o início
das filmagens do documentário Viva São João!, de Andrucha Waddington, lançado no ano seguinte
em 14 de junho - nos cinemas. Antes disso, Gil fez uma apresentação com o pianista japonês Ryuichi
Sakamoto e o Quarteto Jobim-Morelenbaum, no Teatro Alfa, em São Paulo. Após isso, iniciou uma
turnê pela Europa, e foi à Jamaica, em novembro, para gravar um novo álbum, Kaya N'Gan Daya. A
oitava edição do festival PercPan, ocorreu em Recife, Pernambuco, agora, além de Gil, com a direção
do percussionista Marcos Suzano. A gravação do disco digital versátil Kaya N'Gan Daya, ocorreu no
DirecTV Music Hall, em São Paulo. O álbum foi finalizado no estúdio Palco, instalado nas
dependências da produtora de Gil, Gege, na Gávea, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Esse novo
álbum foi lançado em maio, e contou com uma turnê homônima que teve estreia no Canecão. Toda a
discografia de Gilberto Gil lançada pela Warner Music, entre 1975 e 2002, foi lançada em um box em
novembro. Sob a produção de Marcelo Fróes, o material possuía vasto material inédito, como demos,
sobras de álbuns, e também a trilha sonora do filme Quilombo, por exemplo. Em 7 e 8 de dezembro
os Doces Bárbaros se reuniram para duas apresentações: uma na praça da Paz, no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo; e outro, no dia seguinte, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Ainda
em dezembro, do cantor aceitou o convite do então presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva,
e tornou-se Ministro da Cultura. Após o natal, o artista gravou um "ao vivo" do Kaya N'Gan Daya, no
Teatro João Caetano. Esse, seria lançado em abril de 2003, com apresentações para divulgar o
mesmo. Com licença de um mês do MinC, o artista foi à Europa, para diversas apresentações com
Maria Bethânia. Em setembro, recebeu o prêmio de personalidade do ano no Grammy Latino, em
Miami, Estados Unidos No ano seguinte, Gil foi atração do segundo Rock in Rio realizado em Lisboa,
Portugal. Uma excursão com dez apresentações pela Europa, ocorreu em julho, e de 13 a 15 de
agosto o artista foi a São Paulo para apresentar o espetáculo "Eletracústico". Em seguida, ele viajou
para Genève, Suíça, para participar do "Piece Concert", na Organização das Nações Unidas, em
memória das vítimas do atentado à sede da organização, em Bagdá. No mês seguinte, Gil foi ao Rio
de Janeiro para registro do espetáculo "Eletracústico". O produtor do álbum, Tom Capone, faleceu em
2 de setembro, em um acidente de moto nos Estados Unidos, e Liminha foi chamado para produção o
projeto, que foi dirigido por Bernardo Palmeiro. Foi Capone que convencera Gil a registrar o
espetáculo, e o artista dedicou o projeto a ele.[69] As gravações do álbum ocorreram de 10 a 12 de
setembro, no Canecão. E o Eletracústico foi lançado em 26 de novembro de 2004, pela Warner
Music. Gil venceu o prêmio Polar de Música do ano, concedido pela Academia Real Sueca de Música.
O prêmio é considerado o "Nobel da Música Popular", e foi dado ao artista devido ao "compromisso
criativo de levar ao mundo o coração e a alma da música brasileira", assim como por seu "imenso
talento, sua curiosidade e sua firme convicção cultural".[70] No ano seguinte, o artista ganhou o
Prêmio Multishow de Música Brasileira, na categoria "Música", por "Vamos Fugir", foi a Paris para
apresentar o espetáculo "Viva Brasil", na Praça da Bastilha, reunindo quase 100 mil pessoas.
Eletracústico, foi indicado para o VI Grammy Latino, como "melhor álbum de música popular
brasileira", mas, perde para Cantando Histórias, de Ivan Lins. Após receber do governo francês a
"Légion D'Honneur Grand Officier", recebeu a notícia que Eletracústico, foi indicado para o Grammy
na categoria melhor álbum contemporâneo de world music. Em 1 de dezembro, o artista lançou, com
uma apresentação no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o DVD Show da Paz: Gil na ONU, gravado
em 2003 na sede da entidade, e teve participação do então secretário-geral Kofi Annan.

2006–10: As "bandas" e Fé na Festa

Gilberto Gil durante a Teia 2007 na Casa do Conde em Belo Horizonte.

Em 8 de fevereiro de 2006, Gil ganhou o segundo Grammy de sua carreira, com Eletracústico.
Com dois anos sem compor, Gil escreveu "Balé de Berlim", feita para a seleção brasileira. Essa foi
lançada um single promocional, "Ballet de Berlim", uma homenagem a Copa do Mundo FIFA. Em 25
de maio, o artista se apresentou em Berlim, na Alemanha, dando início a "Copa da Cultura", e seguiu
em turnê pela Europa, apresentando-se em Bruxelas, Roma, Milão, Istambul, Paris, Montreux,
Córsega, Barcelona, Madri e Girona, entre outras. No Brasil, Gil recebeu o título de honra ao mérito
dos Afoxés Bisnetos de Gandhy, em Maceió, Alagoas, lançando no início do mês seguinte o álbum Gil
Luminoso, pela Biscoito Fino. A turnê internacional de promoção do álbum, recebeu o título de "Banda
Larga", e teve início em julho de 2007. E em 8 de agosto, o cantor participou do Festival de Jazz de
Marciac, na França. O projeto foi indicado para 50º Grammy na categoria de melhor álbum
contemporâneo de world music. Gil, tornou-se o primeiro artista brasileiro a ter um canal exclusivo no
site de vídeos YouTube, e em 15 de maio de 2008, lança Banda Larga Cordel, na internet. O álbum
conta com uma turnê homônima que passou pelos Estados Unidos e pela Europa durante junho e
julho, e pela América Latina em outubro e novembro. Devido a difícil tarefa de conciliar a agenda
ministerial com projeto pessoais e artísticos, o cantor pediu demissão da função de ministro da
cultura, em 30 de julho de 2008. Anteriormente, porém, o artista já havia pedido demissão, em
novembro de 2007, mas, o então presidente convenceu Gil a ficar no cargo. Banda Larga Cordel foi
indicado para o Grammy Latino, na categoria de "melhor álbum de cantor-compositor". Em abril de
2009, o artista recebeu o título de Cidadania do Estado do Piauí. Foi para a Europa, para uma turnê
de verão chamada "Here and Now". Durante a excursão, recebeu diploma da cidade de Milão, por ser
"embaixador da cultura e da consciência critica do Brasil moderno, alma politica de seu próprio pais
alem de simbolo universal de empenho social e de apoio a luta contra a miséria e a fome no mundo",
segundo a então prefeita, Letizia Moratti. Ao voltar ao Brasil, gravou um novo projeto ao vivo.
Intitulado BandaDois, o espetáculo foi gravado no Teatro Bradesco do Shopping Bourbon, em São
Paulo, nos dias 28 e 29 de setembro, sob direção do cineasta brasileiro Andrucha Waddington. O
espetáculo consiste em uma apresentação com "voz, violão e alguns convidados" apenas. Em
novembro, Gil excursionou pela Europa com o projeto "The String Concert", ao lado de seu filho Bem
e Jaques Morelembaum. Em dezembro de 2009, chegou às lojas BandaDois, e o cantor continuou
com a turnê "The String Concert", agora pelos Estados Unidos. Em 11 de junho de 2010 Gil lançou
seu 57.º álbum, pela Universal Music. Intitulado Fé na Festa, o trabalho foi dedicado totalmente às
festas dos santos populares - e também lançado no início das festividades -, com canções de maxixe,
baião, xote e forró, consideradas por diversos críticos como um "retorno às origens do baiano"- uma
vez que esse recebera, enquanto criança, grande influência de Luiz Gonzaga. Entre as canções do
projeto estão "Aprendi com o Rei", homenagem a Gonzaga, "Dança da Moda", "Marmundo", entre
outras. A turnê de Fé na Festa, foi introduzida no circuito das festas juninas no Nordeste do País, e
em diversas regiões do País, promovendo o álbum. Essa sequencia de espetáculos rodou a Europa
também, conhecida como "For All", com calorosa recepção[78][79]. Meses depois, Retirante chegou
às lojas do país. Trata-se de um álbum duplo com 32 canções do início da carreira de Gilberto Gil - de
1962 a 1966. Boa parte desse álbum contém faixas feitas apenas com voz e violão, entre as
composições estão "Roda", "Me Diga", "Moço", "Ensaio Geral", entre outros. A pesquisa e resgate foi
feito pelo pesquisador Marcelo Fróes, acompanhado por Gil.[80] Sobre a direção de Andrucha
Waddington, a turnê do álbum Fé na Festa, tornou-se um documentário, com uma apresentação
gravada no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro[81]. Fé na Festa: Ao Vivo, foi lançado
em 9 de dezembro de 2010, e além da apresentação.

2011–17: A conspiração, 70 anos e outros projetos

Meses depois do lançamento do documentário Fé na Festa, o cineastas Andrucha


Waddington e Lula Buarque de Hollanda, sócios da Conspiração Filmes, lançaram um box, contendo
sete DVDs lançados/sobre Gilberto Gil e sua carreira. A Conspiração de Gilberto Gil, contém
documentário dirigidos por Hollanda (Pierre Verger: Mensageiro entre Dois Mundos - narrado por Gil -,
Filhos de Gandhi e Kaya N’gan Daya), ao passo que Waddington assina os músicas (Banda Dois e
iva São João!, além do filme Eu, Tu, Eles - cuja trilha sonora é assinada por Gil - e o documentário
Tempo Rei, codirigido por Hollanda).[84][85] Gravado no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, em outubro de 2011, Gil +10: O Retrato da Música Brasileira, trata-se de um
espetáculo acústico, onde Gil recebeu dez convidados para interpretar canções de seu repertório. O
projeto foi promovido pela MPB FM, e fora lançamento pela Go2Music. Foram convidados Ana
Carolina, Erasmo Carlos, Lenine, Maria Gadú, Mart'nália, Os Paralamas do Sucesso, Dona Ivone
Lara, Milton Nascimento, Zeca Pagodinho e Preta Gil.[

Gil se apresentando em São Paulo, novembro de 2018.

Em 10 de setembro de 2011, foi anunciado que o artista seria protagonista de um


documentário dirigido pelo suíço Pierre Yves e pelo francês Emmanuel Gétaz e produzido pelo
brasileiro Daniel Rodriguez, sobre o cantor e suas viagens para três países do Hemisfério Sul: Brasil,
África do Sul e Austrália; retratando as conexões políticas-geográficas que os une. O documentário,
ainda deve conter cenas do carnaval de Salvador em terreiros de candomblé, e encontros de Gilberto
Gil com pensadores e artistas sul-africanos, poetas e líderes e cantores australianos. Connecting
South: The New World, ainda não tem data de lançamento, mas, a previsão é que seja lançada ainda
em 2012. Inspirada na canção "Domingo no Parque" (1967), a Companhia de Teatro O Cidadão de
Papel, fez uma montagem dirigida por Marcos Oliveira, em Salvador. Segundo o autor Leandro
Rocha, "a peça 'Domingo no Parque' é também uma homenagem a Gilberto Gil, que consegue
abordar diferentes temas em sua obra musical, muitos deles de maneira cênica”.

Para comemorar os 70 anos de idade, o artista iniciou em 18 de maio de 2012, uma mini-
turnê conhecida como "Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo". Apresentou-se em algumas
cidades do País, ao lado de orquestras, como a Orquestra Sinfônica da Bahia - que acompanhou o
artista em sua estreia no Teatro Castro Alves, em Salvador. Depois da apresentação no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, em 28 de maio, onde gravou o DVD comemorativo ao lado da Orquestra
Petrobras Sinfônica, a série de apresentações foi para a Europa. O projeto, originalmente, surgiu em
2006, na época do lançamento do álbum Gil Luminoso, porém, apenas em 2012 saiu do papel, que
agora, conta com a regência do maestros Jaques Morelenbaum e Carlos Prazeres.Um dia antes do
aniversário de Gilberto Gil o site YouTube transmitiu uma hora do espetáculo "Concerto de Cordas &
Máquinas de Ritmo", gravado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No canal oficial do cantor, era
possível encontrar depoimentos exclusivos de diversos artistas falando sobre Gil, além de falas do
próprio artista.Em 5 de agosto de 2016 participou da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio
2016, cantando Isso Aqui, o Que É ao lado de Caetano Veloso e Anitta.

2018–presente: OK OK OK, GIL e outros projetos

Em janeiro de 2018 fez um show com ritmistas da escola de samba Vai-Vai, cujo enredo para
o Carnaval foi inspirado nele. Em agosto de 2018 Gilberto Gil lança o álbum OK OK OK pela
gravadora Biscoito Fino. O álbum foi eleito o 4.º melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling
Stone Brasil e um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2018 pela Associação
Paulista de Críticos de Arte. Em 2019, ele venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música
Popular Brasileira. Em agosto de 2019 participou do programa Criança Esperança da Rede Globo,
onde cantou uma versão de sua canção Palco com a cantora Anitta. Neste mesmo mês, a trilha
sonora do Espetáculo do Grupo Corpo, "GIL", foi lançado. Em novembro do mesmo ano, fez um show
com a banda BaianaSystem. Gil também entrou num processo criativo para escrever canções inéditas
para o álbum Giro (2019) da cantora Roberta Sá, disco este produzido por Bem Gil.

Carreira política

Gilberto Gil

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Gilberto Gil em 11 de setembro de 2007.

12.º Ministro da Cultura do Brasil

Período 1 de janeiro de 2003

até 30 de julho de 2008

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Antecessor(a) Francisco Weffort

Sucessor(a) Juca Ferreira

Vereador de Salvador

Período 1 de janeiro de 1989

até 1 de janeiro de 1993

Dados pessoais

Nascimento26 de junho de 1942 (79 anos)

Salvador, BA

Partido PMDB (1988–1990)

PV (1990–presente)
Profissão Músico

Assinatura Assinatura de Gilberto Gil

Em 1988, mesmo gravando, fazendo shows e se envolvendo em causas sociais, elegeu-se


vereador em Salvador, sua cidade natal, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)
com exatos 11.111 votos. Em 21 de março de 1990, filia-se ao Partido Verde (PV), como membro da
Comissão Nacional Executiva. Em janeiro de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tomou posse, nomeou-o para o cargo de ministro da Cultura, nomeação que originou severas críticas
de personalidades como Paulo Autran e Marco Nanini[103] em entrevistas à Folha de S.Paulo.
Entretanto, permaneceu no cargo de ministro por cinco anos e meio. Deixou o Ministério em 30 de
julho de 2008 para voltar a dedicar-se com maior exclusividade à sua vida artística. Em 28 de agosto,
participou da solenidade de posse oficial de seu sucessor no Ministério, Juca Ferreira.

“ Ele teve uma recaída e quer voltar a ser um grande artista. Gil não é imprescindível
apenas para a política. ”

Cargos

Vereador na Câmara Municipal de Salvador: 1989 a 1992 (teve exatos 11 111 votos).

Ministro da Cultura: 1 de janeiro de 2003 a 30 de julho de 2008.

Liberdade digital

Gilberto Gil é um dos principais defensores do Software Livre e da Liberdade Digital. Em 29


de janeiro de 2005, durante um debate sobre Software Livre no Fórum Social Mundial 2005, foi muito
aplaudido após defender o Software Livre e a Liberdade Digital. Algumas de suas palavras neste
debate:A batalha do software livre, da Internet livre e das conexões livres vão muito além delas, de
seus interesses. É a mais importante, e também a mais interessante, e a mais atual das batalhas
políticas. Claro que há uma revolução francesa, ou várias revoluções francesas, a fazer no planeta,
seja dentro dos países, seja no comércio internacional. Ainda nos defrontamos não apenas com
discursos do século XIX, mas também com realidades do Século 19. Mas não podemos secundarizar
o presente. E o futuro. Não se trata de um movimento "anti", mas de um movimento "pro", ou seja, a
favor da valorização e da disseminação de uma nova cidadania global, da capacidade de
autodeterminação das pessoas, de novas formas de interação e articulação, da liberdade real de
produção e difusão da subjetividade, da busca do saber, da informação, do exercício da sensibilidade
e da coletividade. E como estou valorizando o lado "pro" do Fórum, quero propor a vocês a
constituição imediata, a partir deste encontro, de uma convocação global pela liberdade digital da
humanidade, complementar à convocação global pela erradicação da pobreza lançada por diversas
ONGs neste Fórum e abraçada pelo presidente Lula. Sejamos corajosos e substantivos em relação a
isso.Todo esse movimento visa uma mudança de comportamento social muito maior que repensa a
forma como é tratado o direito autoral hoje. Lembrando que Gilberto Gil participou recentemente de
um disco livre promovido mundialmente pela Creative Commons com a música Oslodum.

Em 11 de março de 2007, o jornal estadunidense The New York Times dedicou uma matéria aos
esforços de Gilberto Gil em relação a "flexibilizar direitos autorais". A matéria, intitulada Gilberto Gil
Hears the Future, Some Rights Reserved (Gil ouve o futuro, com alguns direitos reservados) elogia o
trabalho do ministro da cultura quanto à aliança formada com a Creative Commons em 2003, uma de
suas primeiras ações como ministro. "Minha visão pessoal é que a cultura digital traz consigo uma
nova ideia de propriedade intelectual, e que esta nova cultura de compartilhamento pode e deve
informar políticas governamentais.", disse Gil.[106][107]

Estilo musical e influências

Gil é tenor, mas canta no registro de barítono ou falsete, com letras e/ou sílabas dispersas.
Suas letras são sobre assuntos que vão da filosofia à religião, contos populares e jogo de palavras. O
estilo musical de Gil incorpora uma ampla gama de influências. A primeira música a que ele foi
exposto incluiu The Beatles e artistas de rua em várias áreas metropolitanas da Bahia. Durante seus
primeiros anos como músico, Gil se apresentou principalmente em uma mistura de estilos tradicionais
brasileiros com ritmos de duas etapas, como baião e samba. Ele afirma que "Minha primeira fase foi
de formas tradicionais. Nada experimental. Caetano [Veloso] e eu seguimos a tradição de Luiz
Gonzaga e Jackson do Pandeiro, combinando samba com música nordestina". O crítico de música
americano Robert Christgau disse que, juntamente com Jorge Ben, Gil estava "sempre pronto para ir
mais longe do que os outros gênios do samba/bossa". Como um dos pioneiros da tropicália,
influências de gêneros como rock e punk têm sido difundidas em suas gravações, assim como nas de
outras estrelas do período, incluindo Caetano Veloso e Tom Zé. O interesse de Gil pela música
baseada no blues do pioneiro do rock psicodélico Jimi Hendrix, em particular, foi descrito por Veloso
como tendo "consequências extremamente importantes para a música brasileira".Veloso também
observou a influência do guitarrista e cantor brasileiro Jorge Ben no estilo musical de Gil, juntamente
com o da música tradicional. Após o auge da tropicália na década de 1960, Gil tornou-se cada vez
mais interessado na cultura negra, particularmente no gênero musical jamaicano reggae. Ele
descreveu o gênero como "uma forma de democratizar, internacionalizar, falar uma nova língua, uma
forma heideggeriana de transmitir mensagens fundamentais". Visitando Lagos, na Nigéria, em 1976
para o Festival de Cultura Africana (FESTAC), Gil conheceu os músicos Fela Kuti e Stevie Wonder.
Ele se inspirou na música africana e depois integrou alguns dos estilos que ouvira na África, como juju
e highlife, em suas próprias gravações.Um dos mais famosos destes registros de influência africana
foi de 1977 álbum Refavela, que incluiu "No Norte da Saudade", uma canção fortemente influenciado
pelo reggae. Quando Gil voltou ao Brasil após o asilo, ele se concentrou na cultura afro-brasileira,
tornando-se membro do grupo Afoxé de Carnaval Filhos de Gandhy. Por outro lado, seu repertório
musical dos anos 80 apresentou um desenvolvimento crescente de tendências de dança, como disco
e soul, bem como a incorporação anterior de rock e punk.[ No entanto, Gil diz que seu álbum de 1994,
Acústico MTV, não era uma direção tão nova, como ele já havia se apresentado desconectado de
Caetano Veloso. Ele descreve o método de tocar como mais fácil do que outros tipos de
apresentação, pois a energia do toque acústico é simples e influenciada por suas raízes. Gil foi
criticado por um envolvimento conflitante na música brasileira autêntica e na arena musical mundial.
Ele teve que seguir uma linha tênue, permanecendo simultaneamente fiel aos estilos tradicionais da
Bahia e se envolvendo com os mercados comerciais. Os ouvintes na Bahia têm aceitado muito mais
sua mistura de estilos musicais, enquanto os do sudeste do Brasil se sentem em desacordo com isso.

REFERENCIAS:

HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/GILBERTO_GIL, acesso em 02/12/2021, 10 horas e 59


minutos

BOTAFOGO, Judite. Tropicalismo - Ideologia ou utopia?. Recife: Nova Presença, 2003.

DI CARLO, Josnei (2019). Objetos não identificados: tropicalismo e pós-modernismo no Brasil dos anos 1960.
Interseções, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 742-760, dez. 2019.

GIL, Gilberto. Todas as letras. Org. de Carlos Rennó. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GIL, Gilberto. Todas as letras. Org. de Carlos Rennó. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. O Sol nasceu pra todos:a História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris,
2011.

Gilberto Gil e Juca Ferreira. "Cultura pela Palavra - Coletânea de artigos, entrevistas e discursos dos ministrosda
cultura 2003-2010". Rio de Janeiro: Versal Editores, 2013

CARLOS, Josely Teixeira.  Fosse um Chico, um Gil, um Caetano: uma análise retórico-discursiva das relações
polêmicas na construção da identidade do cancionista Belchior. 686 p. Tese (Doutorado em Letras),
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

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