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Universidade Estácio de Sá

Instituto Politécnico

Segurança e Medicina
do Trabalho

Apostila do Curso de Gestão de Recursos Humanos


Macaé, janeiro de 2005
SUMÁRIO

Apresentação..........................................................................................................3

Capítulo 1: Segurança e Medicina do Trabalho...................................................4

Capítulo 2 – Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho........................6

Capítulo 3 – Acidente de trabalho e doença ocupacional........................... .....14

Capítulo 4 – Classificação e benefícios previdenciários para acidentes de


trabalho e doenças...............................................................................................19

Capítulo 5 – Estatísticas de acidentes de trabalho...........................................23

Capítulo 6 – A prevenção de acidentes de trabalho..........................................27

Capítulo 7 – NR-4 – SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho..............................................................33

Capítulo 8 – NR-5 – CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes....39

Capítulo 9 – NR-7 – PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde


Ocupacional ..........................................................................................................47

Capítulo 10 – Higiene do trabalho.......................................................................50

Capítulo 11 – NR-9 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais.............................................................................................................54

Capítulo 12 – NR-15 – Atividades e Operações Insalubres..............................58

Capítulo 13 – NR-16 – Atividades e Operações Perigosas...............................64

Capítulo 14 – Perícia Trabalhista.........................................................................68

Capítulo 15 – Tópicos Especiais.........................................................................71

Bibliografia............................................................................................................74

Sites de interesse .................................................................................................74

Revistas de interesse ...........................................................................................74

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Disciplina POL 1887 – SEGURANÇA DO TRABALHO

Apostila de Curso

Apresentação

Esta apostila não tem a pretensão de apresentar tópicos inéditos a respeito


do tema Segurança e Medicina do Trabalho. É muito mais uma compilação de
trabalhos já desenvolvidos (citados quando for o caso) e de apontamentos
pessoais extraídos da minha vivência como Engenheiro de Segurança do
Trabalho. A consulta dos textos originais cuja origem está citada na Bibliografia
deve ser feita para se aprofundar no assunto.
O material aqui apresentado tem o objetivo de servir como material de
apoio aos alunos da disciplina Segurança do Trabalho do curso de Gestão de
Recursos Humanos para acompanhamento das aulas e para consultas futuras.
Qualquer contribuição para o enriquecimento deste material será bem -
vinda.

Waldir Divino Porto Lima Jr.


Macaé, janeiro de 2005.

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Capítulo 1: Segurança e Medicina do Trabalho

1.1. Introdução

Nas relações trabalhistas, a Consolidação das Leis do Trabalho dedica o


seu Capítulo V, Título II à Segurança e Medicina do Trabalho. Partindo-se deste
ponto de vista, o tópico Segurança e Medicina do Trabalho tem fortes implicações
na Gestão de Recursos Humanos. Além da interação legal, há também a relativa
ao foco de atenção: o homem, mais especificamente na condição de
trabalhador/empregado.
É comum em algumas empresas a área de Segurança e Medicina do
Trabalho estar ligada a área de Recursos Humanos, justamente por estas
afinidades. Entretanto, pela importância e destaque que o tema está recebendo
nos últimos anos, tem sido um a tendência a criação de setores específicos,
subordinados diretamente a direção das empresas, para tratarem dos aspectos
relativos a segurança e saúde dos trabalhadores.

Pode-se identificar na questão da Segurança e Medicina do Trabalho pelo


menos três atores: o governo, o trabalhador/empregado e a empresa/empregador.
Cada qual com seus interesses e capacidade de atuação distintas, mas, pelo
menos aparentemente, procurando atingir o mesmo objetivo: garantir a saúde e a
integridade física do trabalhador. Os conflitos decorrentes desta interação nem
sempre vão de encontro com o aspecto técnico, privilegiando as alternativas
encontradas pelos profissionais da área.

1.2. Objetivos básicos

Parece óbvio que os objetivos básicos da Segurança e Medicina do


Trabalho são manter a integridade física e a saúde do trabalhador. Entretanto,
pode-se questionar se esta saúde de que se está falando é apenas a saúde
ocupacional, como era de se esperar, ou se é a saúde tomada no seu conceito
mais amplo: estado de bem-estar físico, mental e emocional. Parte daí um
questionamento interessante de qual seria o limite de atuação da Segurança e
Medicina do Trabalho numa empresa.
Pensando em saúde no conceito amplo, o foco mudaria do ocupacional
para a questão de qualidade de vida. Seria este um objetivo amplo demais para
ser desenvolvido pela equipe de Segurança e Medicina do Trabalho de uma
empresa?
Apesar do aspecto legal tratar apenas da questão ocupacional, uma visão
holística do tema não pode ser dispensada no estudo da questão. Há aspectos
extra-empresa que influenciam tanto nos acidentes quanto na saúde ocupacional
do trabalhador. Pode-se ampliar ainda mais o tema, ao se refletir em como os
aspectos sócio-culturais também exercem influências quando a Segurança e
Medicina do Trabalho são tratadas dentro da empresa.
O que não se pode é perder o foco técnico da questão ocupacional com o
pretexto de se querer atingir um objetivo amplo demais que nem sempre os

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profissionais de Segurança e Medicina do Trabalho possuem atribuição ou
competência para atuarem.

1.3. Especialidades

Quando se fala em Segurança e Medicina do Trabalho na verdade está se


incluindo uma série de especialidades concorrentes e interdependentes. Para
tratar do tema, além de outras áreas e especialidades, pode-se citar e conceituar
de maneira resumida:

a) Segurança do Trabalho: dedica-se a aplicação dos princípios de


engenharia e métodos científicos para efetuar o controle do perigo. O engenheiro
de segurança necessita do conhecimento de diversos campos da engenharia.
Deve ser especializado no reconhecimento e controle dos perigos, devendo
trabalhar em conjunto com outras disciplinas de engenharia.

b) Ergonomia: A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao


homem. O trabalho aqui tem uma concepção bastante ampla, abrangendo não
apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados para transformar os
materiais, mas também toda situação em que ocorre o relacionamento entre o
homem e o seu trabalho. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas
também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e
controlado para produzir os resultados desejados. A ergonomia pode ser
interpretada como estudo da engenharia humana voltada para planejamento do
trabalho, de forma a conciliar habilidade e os limites individuais dos trabalhadores
que o executam.

c) Engenharia de Proteção contra Incêndios: é o campo da engenharia que


trabalha na salvaguarda da vida e propriedade, bem como das eventuais perdas
devida ao fogo, explosões e outros danos decorrentes. Atua na prevenção,
proteção, detecção, alarme e controle do fogo, projeto de estruturas para extinção,
processos, equipamentos e sistemas.

d) Medicina do Trabalho (Ocupacional): aplica a ciência médica na


prevenção e tratamento dos danos ocupacionais, doenças e danos em geral.

e) Higiene Industrial (Ocupacional ou do Trabalho): é a ciência dedicada a


avaliação e controle daqueles fatores ambientais ou tensões provenientes do
trabalho e que podem causar doenças e prejuízos a saúde.

1.4. Revisando

a) Qual é o objetivo básico da Segurança e Medicina do Trabalho?

b) Cite as especialidades que atuam na área de Segurança e Medicina do


Trabalho.

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Capítulo 2 – Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho

2.1. CLT e Normas Regulamentadoras

A partir da Constituição Federal Brasileira de 1998, as normas preventivas


da saúde, higiene e segurança do trabalho que possuíam embasamento jurídico
limitado a legislação ordinária adquiriram status constitucional, em razão do
exposto no artigo 7o :

Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

[...} XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho , por meio de normas
de saúde, higiene e segurança;

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei.

A Lei No 6.514, de 22/12/77 alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação


das Leis do Trabalho – CLT relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Em
complemento a CLT existem as Normas Regulamentadoras - NR do Ministério do
Trabalho, publicadas inicialmente pela Portaria MTb 3.214, de 08/06/78 e que vêm
sendo continuamente atualizadas pela edição de portaria complementares do
Ministério do Trabalho e Emprego.
As relações de trabalho rural são reguladas através da Lei 5.889, de
05/06/73, cujo artigo 13 garante a existência jurídica das Normas
Regulamentadoras Rurais – NRR que foram aprovadas pela Portaria MTb 3.067,
de 12/04/88.
Hoje, estão em vigor 30 NRs e 5 NRRs. Há ainda duas NRs em fase de
consulta pública.
A seguir serão apresentadas cada uma das NRs e NRRs e seus
fundamentos/origem legais:

Normas Regulamentadoras

Norma Escopo Fundamento


Regulamentadora Legal – CLT
NR-1 – Disposições Estabelece o campo de aplicação de todas Artigos 154
Gerais as NRs de segurança e medicina do a 159
trabalho urbano, bem como os direitos e
obrigações do Governo, dos empregados e
dos trabalhadores no tocante a este tema
específico.

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Norma Escopo Fundamento
Regulamentadora Legal – CLT
NR-2 – Inspeção Estabelece as situações em que as Artigos 160
Prévia empresas deverão solicitar ao Ministério do e 161
Trabalho a realização de inspeção prévia
em seus estabelecimentos, bem como a
forma de sua realização.
NR-3 – Embargo ou Estabelece as situações em que as Artigo 161
Interdição empresas se sujeitam a sofrer paralisação
de seus serviços, máquinas ou
equipamentos, bem como os
procedimentos a serem observados pela
fiscalização trabalhista, na adoção de tais
medidas punitivas, no tocante à segurança
e a medicina do trabalho.
NR-4 – Serviços Estabelece a obrigatoriedade das Artigo 162
Especializados em empresas públicas e privadas que
Engenharia de possuem empregados regidos pela CLT de
Segurança e em organizarem e manterem em
Medicina do Trabalho funcionamento o SESMT, com a finalidade
– SESMT de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de
trabalho.
NR-5 – Comissão Estabelece a obrigatoriedade das Artigos 163
Interna de Prevenção empresas públicas e privadas em organizar a 165
de Acidentes do e manter em funcionamento, dependendo
Trabalho – CIPA da sua classificação econômica, uma
comissão constituída, exclusivamente, por
empregados, eleitos e indicados pelos
empregados, com o objetivo de prevenir
infortúnios laborais através da
apresentação de sugestões e
recomendações, visando melhorar as
condições do meio ambiente do trabalho.

NR-6 – Equipamento Estabelece: definições legais, forma de Artigos 166


de Proteção proteção, requisitos de comercialização e e 167
Individual – EPI responsabilidades (empregador,
empregado, fabricante, importador e MTE).
NR-7 – Programa de Estabelece a obrigatoriedade de Artigos 168
Controle Médico de elaboração e implantação do PCMSO, por e 169
Saúde Ocupacional – parte de todos os empregadores e
PCMSO instituições, com objetivo de monitorar,
individualmente, aqueles trabalhadores
expostos aos agentes físicos, químicos e
biológicos definidos pela NR-9 – PPRA.

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Norma Escopo Fundamento
Regulamentadora Legal – CLT
NR-8 – Edificações Dispõe sobre os requisitos técnicos Artigos 170
mínimos que devem ser observados nas a 174
edificações para garantir segurança e
conforto aos que nelas trabalham.

NR-9 – Programa de Estabelece a obrigatoriedade da Artigos 176


Prevenção de Riscos elaboração e implementação, por parte dos a 178
Ambientais – PPRA empregadores do PPRA, visando a
preservação da saúde e integridade física
dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e conseqüente
controle da ocorrência de riscos ambientais
existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho.

NR-10 – Instalações Estabelece as condições mínimas exigíveis Artigos 179


e Serviços em para garantir a segurança dos empregados a 181
Eletricidade que trabalham em instalações elétricas, em
suas diversas etapas, incluindo elaboração
de projetos, execução, operação,
manutenção, reforma e ampliação, assim
como a segurança de usuários e de
terceiros, em quaisquer das fases de
geração, transmissão, distribuição e
consumo de energia elétrica, observando-
se, para tanto as normas técnicas oficiais
vigentes, e na falta destas as normas
técnicas internacionais.

NR-11 – Transporte, Estabelece os requisitos de segurança a Artigos 182


Movimentação, serem observados nos locais de trabalho, e 183
Armazenagem e no que se refere ao transporte, à
Manuseio de movimentação, à armazenagem e ao
Materiais manuseio de materiais, tanto de forma
mecânica, quanto manual, de modo a
evitar acidentes no local de trabalho.

NR-12 – Máquinas e Estabelece as medidas prevencionistas de Artigos 184


Equipamentos segurança e higiene do trabalho a serem a 186
adotadas na instalação, operação e
manutenção de máquinas e equipamentos,
visando a prevenção de acidentes no
trabalho.

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Norma Escopo Fundamento
Regulamentadora Legal – CLT
NR-13 – Caldeiras e Estabelece todos os requisitos técnicos e Artigos 187
Vasos sob Pressão legais relativos à instalação, operação e e 188
manutenção de caldeiras e vasos de
pressão de modo a se prevenir a
ocorrência de acidentes do trabalho.
NR-14 – Fornos Estabelece as recomendaç ões técnico- Artigo 187
legais pertinentes a construção, operação
e manutenção de fornos industriais, nos
ambientes de trabalho.
NR-15 – Atividades e Define em seus anexos, os agentes Artigos 189
Operações Insalubres insalubres, limites de tolerância e os a 192
critérios técnicos e legais para avaliar e
caracterizar as atividades e operações
insalubres e o adicional devido para cada
caso.
NR-16 – Atividades e Define os critérios técnicos e legais para Artigos 193
Operações Perigosas avaliar e carac terizar as atividades e a 197
operações perigosas e o adicional de
periculosidade devido.
NR-17 – Ergonomia Visa estabelecer parâmetros que permitam Artigos 198
a adaptação das condições de trabalho às e 199
condições psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

NR-18 – Condições e Estabelece diretrizes de ordem Artigo 200,


Meio Ambiente de administrativa de planejamento e Inciso I
Trabalho na Indústria organização, com o objetivo de
da Construção – implementar procedimentos de aspecto
PCMAT preventivo relacionados as condições de
trabalho na construção civil.

NR-19 - Explosivos Trata, exclusivamente, dos aspectos de Artigo 200,


segurança que envolvem as atividades Inciso II
com explosivos, no que diz respeito a
estocagem, manuseio e transporte.

NR-20 – Líquidos Trata das definições e aspectos de Artigo 200,


Combustíveis e segurança envolvendo as atividades com Inciso II
Inflamáveis líquidos combustíveis e inflamáveis, gás
liquefeito de petróleo (GLP) e outros gases
inflamáveis.

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Norma Escopo Fundamento
Regulamentadora Legal – CLT
NR-21 – Trabalho a Estabelece as medidas preventivas Artigo 200,
Céu Aberto relacionadas com a prevenção de Inciso IV
acidentes nas atividades a céu aberto, tais
como, minas ao ar livre e pedreiras .

NR-22 – Segurança e Determina métodos e procedimentos, nos Artigo 293 a


Saúde Ocupacional locais de trabalho, que proporcionem aos 301
na Mineração empregados satisfatórias condições de
segurança e saúde no trabalho de
mineração.

NR-23 – Proteção Estabelece as medidas de proteção contra Artigo 200,


contra Incêndio incêndios de que devem dispor os locais Inciso IV
de trabalho, visando a prevenção da saúde
e da integridade física dos trabalhadores .

NR-24 – Condições Determina requisitos básicos para as Artigo 200,


Sanitárias e de instalações sanitárias e de conforto a Inciso VII
Conforto nos Locais serem observados nos locais de trabalho,
de Trabalho especialmente no que se refere a:
banheiros, vestiários, refeitórios, cozinhas,
alojamentos e água potável.

NR-25 – Resíduos Estabelece as medidas preventivas a Artigo 200,


Industriais serem observadas pelas empresas sobre o Inciso VII
destino final a ser dado aos resíduos
industriais resultantes dos ambientes de
trabalho, visando a prevenção da saúde e
da integridade física dos trabalhadores.

NR-26 – Sinalização Estabelece a padronização das cores a Artigo 200,


de Segurança serem utilizadas como sinalização de Inciso VIII
segurança nos ambientes de trabalho,
visando a prevenção da saúde e da
integridade física dos trabalhadores.

NR-27 – Registro Estabelece os requisitos para o registro Lei no 7.410,


Profissional do profissional para o exercício da função de 27/11/85 e
Técnico de Técnico de Segurança do Trabalho. Decreto no
Segurança do 92.530,
Trabalho no 09/04/86
Ministério do
Trabalho

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Norma Escopo Fundamento
Regulamentadora Legal – CLT
NR-28 – Fiscalização Determinam os procedimentos a serem Artigo 201 a
e Penalidades adotados pela fiscalização, a cargo dos 204
órgãos competentes do MTE. O
entendimento deve ser complementado
pela leitura do Decreto 4.552/02 que trata
do Regulamento de Inspeção do Trabalho
– RIT – que visa orientar os auditores
fiscais do trabalho (AFT) durante os
trabalhos de fiscalização e inspeção.
(Fiscalização, Embargo ou Interdição e
Penalidades) (NRRs)

NR-29 – Segurança e Tem como objetivo regular a proteção Artigo 200


Saúde no Trabalho obrigatória contra acidentes e doenças
Portuário profissionais, facilitar os primeiros socorros
a acidentados e alcançar as melhores
condições possíveis de segurança e saúde
aos trabalhadores portuár ios.
NR-30 – Norma Tem como objetivo regular a proteção Artigo 200
Regulamentadora de obrigatória contra acidentes e doenças
Segurança e Saúde profissionais, facilitar os primeiros socorros
no Trabalho a acidentados e alcançar as melhores
Aquaviário condições possíveis de segurança e saúde
aos trabalhadores aquaviários.
NR-31 – Segurança e Tem como objetivo estabelecer os Portaria
Saúde nos Trabalhos requisitos mínimos para identificação de DSST no
em Espaços espaços confinados, seu reconhecimento, 30/02 –
Confinados monitoramento e controle dos riscos Consulta
existentes, de forma a garantir Pública
permanentemente a segurança e saúde
dos trabalhadores.
NR-32 – Segurança e Tem por finalidade estabelecer as Portaria
Saúde no Trabalho diretrizes básicas para a implementação de DSST no
em Estabelecimentos medidas de proteção à segurança e à 37/02 –
de Assistência à saúde dos trabalhadores em Consulta
Saúde estabelecimentos de Assistência à saúde, Pública
bem como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à
saúde em geral.

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Normas Regulamentadoras Rurais

Norma Escopo Redação


Regulamentadora Rural
NRR-1 – Disposições Estabelece os deveres dos empregados Portaria no
Gerais e empregadores rurais no tocante à 3.067/88
prevenção de acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais. (NR -7, NR-15 e
NR-16).
NRR-2 – Serviço Estabelece a obrigatoriedade das Portaria no
Especializado em empresas rurais, em função do número 3.067/88
Prevenção de de empregados que possuam, organizem
Acidentes do Trabalho e mantenham em funcionamento serviços
Rural – SEPATR especializados em Segurança e Medicina
do Trabalho, visando a prevenção de
acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais.
NRR-3 – Comissão Estabelece a obrigatoriedade, para o Portaria no
Interna de Prevenção empregador rural, de organizar e manter 3.067/88
de Acidentes do em funcionamento uma Comissão Interna
Trabalho Rural – de Prevenção de Acidentes.
CIPATR
NRR-4 - Equipamentos Estabelece a obrigatoriedade para o Portaria no
de Proteção Individual empregador rural de fornecer a seus 3.067/88
– EPI empregados equipamento de proteção
individual adequado ao risco e em
perfeito estado de conservação, de modo
a garantir a integridade física no exercício
do trabalho.
NRR-5 – Produtos Estabelece os requisitos mínimos a Portaria no
Químicos serem adotados na armazenagem, 3.067/88
transporte, manuseio e aplicação de
produtos químicos na lavoura, de modo a
evitar a contaminação dos trabalhadores
e do meio ambiente.

Percebe-se como uma tendência relativamente recente que cada vez mais
as NRs estão ficando específicas para cada uma das atividades ou setores de
trabalho. Tal fato acontece com a construção civil (NR-18), mineração (NR -22),
portos (NR -29), trabalho aquaviário (NR-30), estabelecimentos de assistência à
saúde (NR -32) e as próprias NRRs.

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2.2. Revisando

a) Quais são as normas regulamentadoras específicas para determinadas


atividades econômicas?

b) Quais são os embasamentos legais das normas regulamentadoras para


o trabalho urbano e para o rural?

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Capítulo 3 – Acidente de trabalho e doença ocupacional

3.1. Conceituação prevencionista e legal

Há dois conceitos elementares de acidentes de trabalho: o legal e o


prevencionista.
No que diz respeito ao conceito legal de acidente de trabalho, deve ser dito
que o artigo 19 da Lei 8.213, de 24/07/91 (Plano de Benefícios da Previdência
Social), expressamente tipifica, como regra geral, que acidente de trabalho é o
que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII (produtor, parceiro, meeiro e
arrendatário rural, garimpeiro, pescador artesanal e assemelhados) do artigo 11
da citada Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho. Oportuno destacar que o Trabalhador Avulso e o Médico Residente são
também amparados pelo benefícios previdenciários quando da ocorrência de
acidente de trabalho, ao passo que os empregados domésticos não o são.
No âmbito das empresas, pode-se pensar o conceito de acidente de
trabalho relacionado a um tripé ou triângulo:

Lesão

Exercício Vínculo
do Trabalho Empregatício

Sob a ótica essencialmente prevencionista, acidente do trabalho pode ser


entendido como a ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe
ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo
útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais.
Em síntese, o conceito preventivo de acidente do trabalho é mais
abrangente do que o conceito legal, visto que este se restringe às hipóteses de
ocorrências de lesões e/ou perturbações de ordem funcional ou mental nos
trabalhadores acidentados, ao passo que aquele contempla não só a hipótese

14
legal, como também as situações em que ocorreram, de forma isolada ou
simultânea, perda de tempo útil e/ou danos materiais.

Não se enquadram, legalmente, como doenças profissionais ou do trabalho:


a)a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Estipula o artigo 21 da mencionada Lei 8. 213/91 que se equiparam,


também, ao acidente do trabalho as seguintes hipóteses:
a) o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para sua recuperação;
b) o acidente sofrido pelo segurado no local e horário do trabalho, em
conseqüência de:
b.1) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b.2) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada com o trabalho;
b.3) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
b.4) ato de pessoa privada do uso da razão;
b.5) desabamento, inundação, incêndio e outros caso fortuitos ou
decorrentes de força maior;
c) a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
d) o acidente sofrido pelo trabalhador ainda que fora do local e horário de
trabalho:
d.1) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
d.2) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
d.3) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-
obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d.4) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade
do segurado (acidente de trajeto);
e) nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidade fisiológicas, no local do trabalho ou durante este,
o empregado é considerado no exercício do trabalho, logo, se vier a se acidentar
em tais situações, será enquadrado como acidente do trabalho.

15
A propósito do acidente de trajeto deve ser dito que tal corresponde ao
infortúnio possível de acontecer com o trabalho no percurso de sua residência
para o local de trabalho ou deste para aquela, antes ou após o término da jornada
de trabalho, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de sua
propriedade. Importante ressaltar que não há um tempo máximo definido para a
caracterização do acidente de trajeto, sendo indispensável para a sua
configuração o itinerário habitual e o tempo normalmente gasto pelo trabalhador
para perfazê-lo.

3.2. Acidente x lesão

Em resumo, o acidente de trabalho se caracteriza em uma das quatro


situações:

a) Decorrência das características da atividade profissional desempenhada


– acidente típico.
b) Ocorrência no trajeto entre a residência e o local de trabalho – acidente
de trajeto,
c) Ocasionado por qualquer tipo de doença profissional produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho, peculiar a determinado ramo de
atividade constante de relação existente no Regulamento dos Benefícios da
Previdência Social.
d) Ocasionado por doença do trabalho adquirida ou desencadeada, em
função de condições especiais, em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente.

A distinção básica entre as citadas modalidades de doenças ocupacionais


corresponde ao fato de que na doença profissional os empregados de uma
mesma categoria profissional poderão contraí-la em razão de se sujeitarem ao
riscos inerentes à atividade profissional. Já a doença do trabalho se caracteriza
por uma condição especial de trabalho, onde se evidencia a exposição a
determinado agente ambiental não comum a todos os profissionais exercentes
daquela atividade, e que pode ser contraída apenas por aqueles
excepcionalmente expostos a situação particular.

Ocorrido um acidente de trabalho, suas conseqüências podem ser:

a) Simples assistência médica: o segurado recebe atendimento médico e


retorna imediatamente às suas atividades profissionais.

b) Incapacidade temporária: o segurado fica afastado do trabalho por um


período até que esteja apto para retornar a sua atividade profissional. Para a
Previdência Social é importante particionar esse período em inferior a 15 dias e
superior a 15 dias, uma vez que, no segundo caso, é gerado um benefício
pecuniário, o auxílio-doença por acidente de trabalho.

16
c) Incapacidade permanente: o segurado fica incapacitado de exercer a
atividade profissional que exercia na época do acidente. Esta incapacidade
permanente pode ser total ou parcial. No primeiro caso, o segurado fica
impossibilitado de exercer qualquer tipo de trabalho e passar a receber uma
aposentadoria por invalidez. No segundo caso, o segurado recebe uma
indenização pela incapacidade sofrida (auxílio-acidente), mas é considerado apto
para o desenvolvimento de outra atividade profissional, com ou sem reabilitação.

d) Óbito: o segurado falece em função do acidente de trabalho.

3.3. Causas de acidentes de trabalho

Para fins meramente didáticos, as causas de acidentes de trabalho são


resumidas em duas categorias: Condições Inseguras e Atos Inseguros.
Condições Inseguras correspondem a deficiências, defeitos ou
irregularidades técnicas nas instalações físicas, máquinas ou equipamentos,
possíveis de ocasionar acidentes de trabalho. Convém destacar que é da
responsabilidade do trabalhador a eliminação ou correção das condições
inseguras existentes nos locais de trabalho.
São exemplos de condições inseguras: iluminação inadequada, desconforto
térmico, piso escorregadio, ruído e trepidações excessivas, instalações elétricas
improvisadas.
Atos Inseguros são atitudes, atos, ações ou comportamentos do
trabalhador em desacordo com as normas de segurança e que colocam em risco a
sua saúde e/ou integridade física, ou de outros companheiros de trabalho. Os atos
inseguros são geralmente definidos como causas de acidentes que residem
predominantemente no fator humano, etc.
São exemplos de atos inseguros: comportamentos inadequados do
trabalhador no ambiente de trabalho, improvisar caixotes em formas de escadas
de mão, indiferença às normas de segurança e medicina do trabalho, atos de
exibicionismo, etc.

3.4. Co municação de Acidente de Trabalho – CAT

A empresa tem obrigação de comunicar todo e qualquer acidente, ainda


que não gere afastamento, até um dia útil após sua ocorrência à Previdência
Social e de imediato à autoridade policial em caso de morte. A comunicação é
feita através da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, que é a
única fonte de dados para fins estatísticos sobre acidentes de trabalho. No caso
de não comunicação, por parte da empresa, poderão fazê-la o próprio acidentado,
seus familiares ou o sindicato, não valendo, neste caso, o prazo estabelecido.
Como orientação para preenchimento da CAT deve-se consultar o
MANUAL DE INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DA COMUNICAÇÃO DE
ACIDENTE DO TRABALHO – CAT, disponível no site da Previdência Social.

17
3.5. Revisando

a) Diferencie o conceito legal e o conceito prevencionista do acidente de


trabalho

b) Diferencie doença ocupacional de doença do trabalho.

(Trecho retirado dos itens 1 e 6 da Bibliografia, com vários acréscimos)

18
Capítulo 4 – Classificação e benefícios previdenciários para acidentes
de trabalho e doenças

4.1. Seguro de Acidentes de Trabalho

O Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT) pertence ao Regime Geral de


Previdência Social (RGPS) de acordo com a Lei 8.213/91, sendo cobrado das
empresa para custear as ações preventivas e indenizações decorrentes de
acidente e doenças ocupacionais aos beneficiários. Segundo o art. 19 da Lei
8.213/91, “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho, a
serviço da empresa ... provocando lesão corporal ou pertubação funcional que
cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou
temporária”.
Equiparam-se ao acidente de trabalho a doença profissional – produzida ou
desencadeada pelo exercício do rtabalho peculiar a determinada atividade e a
doença do trabalho – adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
ambos os casos constantes de relação própria. A relação de doenças previstas
nestas situações consta, atualmente, da mais recente regulamentação da Lei
8.213/91, que é o Decreto 3.048, de 06/05/99.
Embora o SAT pertença ao RGPS, nem todos os segurados têm direito aos
seus benefícios, somente o empregado urbano ou rural (exceto o doméstico), o
trabalhador avulso, o segurado especial e o médico residente.
No que se refere à reparação pecuniária, a Previdência Social oferece a
seguinte cobertura, por meio dos benefícios decorrentes dos acidentes de
trabalho:

Quanto ao segurado:

a) Auxílio-doença: constitui de uma renda mensal, no valor de 91% do


salário-benefício, paga a partir do 16° dia de incapacidade para o trabalho; não é
cumulativo com a aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente.
De acordo com o art. 28 da Lei 8.213/91, o salário benefício corresponde a
média aritmética simples de todos os últimos salários -de-contribuição dos meses
imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da entrada
do requerimento, até o máximo de 36, de um período que não ultrapasse 48
meses.
O auxílio-doença será devido ao segurado que, cumprido o período de
carência exigido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15
(quinze) dias consecutivos. Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do
afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral.
A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a
seu cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros
quinze dias, devendo encaminhar o segurado empregado à perícia médica da
Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar os quinze dias.

19
O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para
sua atividade habitual, deverá se submeter-se a processos de reabilitação
profissional para o exercício de outra atividade.
Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o
desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando
considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez. O segurado
empregado em gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa como
licenciado.

b) Aposentadoria por invalidez: renda mensal, no valor de 100% do salário-


benefício, devida quando o segurado for considerado incapaz para o trabalho e
sem a possibilidade de reabilitação; acrescida de 25% quando o segurado
necessitar de assistência permanente.
A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a
carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de
auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto
permanecer nesta condição.
A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação
mediante exame médico pericial a cargo da Previdência Social, podendo o
segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.
Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e
definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida ao segurado
empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, ou a partir
da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento
decorrerem mais de trinta dias. Durante os primeiros quinze dias de afastamento
da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado
empregado o salário.
O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá
sua aposentadoria automaticamente cancelada a partir da data do retorno.

c) Auxílio-acidente: prestação mensal vitalícia, no valor de 50% do salário-


de-benefício, concedida a título de indenização quando houver redução da
capacidade laborativa nos termos da Lei 8.213/91.
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando,
após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia.
O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento
auferido ao acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. O
recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto aposentadoria,
não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
A Previdência Social prevê que a perda da audição, em qualquer grau,
somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do
reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar,

20
comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia.

Quanto ao dependente:

Pensão por morte: constitui uma renda mensal, no valor de 100% do


salário-de-benefício, devida a contar da data do óbito do segurado. A pensão por
morte, seja por acidente típico, seja por doença ocupacional, é devida aos
dependentes do segurado.

Cabe ressaltar que não há carência de filiação para os benefícios


decorrentes de acidentes de trabalho e o trabalhador tem estabilidade de
empregado até 12 (doze) meses após a cessação do auxílio-doença, decorrente
de acidente de trabalho. O segurado também tem direito à reabilitação profissional
e assistência social.
Além dos benefícios prestados pelo INSS, o trabalhador pode entrar com
ação indenizatória contra a empresa em caso de dolo ou culpa dessa pelo
acidente, conforme prevê a Constituição:

“Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: ...
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
excluir a indenização a que está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; “

Quanto ao custeio, a arrecadação do seguro de acidente de trabalho é


efetuada, segundo o artigo 202 do Decreto 3.048/99, com base no grau de risco
das empresas, classificado em leve, médio e grave (graus 1, 2 e 3,
respectivamente), com incidência correspondente sobre a folha salarial de
alíquotas fixas de 1, 2 e 3%, constante de relação anexa ao decreto, baseada na
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE.

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A seguir é apresentado um quadro resumo dos benefícios decorrentes de
acidentes de trabalho:

BENEFÍCIOS BENEFICIÁRIOS CONDIÇÕES P/ DATA DE DATA DA VALOR


CONCESSÃO INÍCIO CESSAÇÃO
Auxílio-doença Acidentado do - afastamento do - 16º dia de - morte; 91% do
(esp.91) trabalho trabalho por afastamento - concessão salário de
incapacidade consecutivo de auxílio- benefício
laborativa para acidente ou
temporária por empregado; aposentadoria
acidente do - data do ;
trabalho. afastamento -cessação da
demais incapacidade;
segurados. - alta médica;
- volta ao
trabalho.

Aposentadoria Acidentado do - afastamento do - no dia em - morte; 100% do


por invalidez trabalho trabalho por que o auxílio- -cessação da salário de
(esp.92) invalidez doença teria invalidez; benefício
acidentaria. início; ou - volta ao
- no dia trabalho.
seguinte à
cessação do
auxílio-
doença.
Acidentado do -redução da - dia seguinte
-concessão 50% do
Auxílio trabalho capacidade a cessação dode salário de
Acidente laborativa por auxílio- aposentadoria benefício
(esp.94) lesão acidentaria. doença. ;
- óbito.
Pensão Dependentes do -morte por - data do -morte do 100% do
(esp.93) Acidentado do acidente do óbito; ou dependente; salário de
trabalho trabalho. - data da -cessação da benefício
entrada do qualidade de
requerimento dependente.
quando
requerida
após 30 dias
do óbito.

4.2. Revisando

a) Quais são os benefícios que a Previdência Social decorrente do acidente


de trabalho?

b) Explique o auxílio-acidente.

(Trecho retirado do item 1 da Bibliografia, com algumas adaptações)

22
Capítulo 5 – Estatísticas de acidentes de trabalho

Para que se possa avaliar a situação da empresa quanto a acidentes de


trabalho, são utilizadas as taxas de freqüência e de gravidade. Com estas taxas,
pela suas próprias formulações, pode-se comparar empresas que quaisquer
tamanhos (entenda-se número de empregados) ou com a própria empresa em
questão em períodos e estágios de desenvolvimento diferentes. Entretanto, a
comparação entre empresas de ramos de atividade diferentes e, portanto, riscos
diferentes, a comparação deve ser feita com cuidado e restrições.
Normalmente, as taxas são utilizadas para períodos anuais. Períodos de
tempos menores devem ser usados com cautela, pois podem não refletir a
realidade da empresa ao não considerarem a distribuição irregular dos acidentes
ao longo do te mpo.
A frieza dos números pode e deve ser usada para retratar o estágio de
evolução da empresa quanto ao desempenho no quesito acidentes de trabalho,
sem contudo, perder a visibilidade de que está se falando de pessoas acidentes e
o transtorno que isso significa na vida de cada uma delas. Metas de redução de
acidentes baseadas apenas em números soam ridículas quando é retratada por
frases do tipo: “Este ano podemos ter apenas um acidente”. Até parece que
aquele acidente é bem-vindo.
Por outro lado, estabelecer objetivos além do que o desenvolvimento do
trabalho de prevenção permite acaba por levar a sub-notificação de acidentes,
onde acidentes, até mesmo, graves são abertamente escondidos para que o
objetivo e as premiações decorrentes sejam preservadas.

5.1. Taxa de Freqüência

A Taxa ou Índice de Freqüência (TF) mede o número de acidentes


ocorridos a cada 1.000.000 de homens-hora trabalhadas:

TF = Número total de acidentes x 1.000.000

Número total de homens -hora trabalhadas

Onde o denominador (homens -hora trabalhadas) é calculado pelo


somatório das horas de trabalho de cada pessoa exposta ao risco de se acidentar,
ou então, aproximado por Número de trabalhadores x 8 horas/dia x Número de
dias trabalhados no período considerado. A informação de número de dias
trabalhados no período considerado deve ser estimada. Utiliza-se uma média de
22 dias úteis como estimativa de dias trabalhados por mês. Para o período de
análise anual, o total de dias trabalhados adotado é de 264 dias, ou seja, 12
meses/ano x 22 dias/mês. Apesar da possibilidade destas aproximações, a
determinação exata do número de horas de exposição a risco (homens -hora
efetivamente trabalhadas) é muita mais recomendada para o cálculo da taxa de
freqüência, pois reflete melhor a realidade da empresa.
A fórmula original do índice de freqüência original apresentada demanda
uma reflexão. Algumas empresa apresentam maior grau de declaração de

23
acidentes de trabalho, registrando todas as ocorrências, sejam elas graves ou
não. Outras, registram apenas a parcela de acidentes mais graves que ressultam
na concessão de benefícios previdenciários. Ao registrar todos os acidentes, a
taxa de freqüência acaba por penalizar as empresas com boa declaração de
sinistralidades, favorecendo aquelas que só declaram o obrigatório.
A fim de contornar este problema, o INSS propôs uma alteração na
formulação original do indicador, de tal forma que no numerador seja considerado
apenas os acidentes de trabalho que geraram algum tipo de benefício
previdenciário (aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente e
pensão por morte). Desta forma, pode-se reescrever a taxa de freqüência,
descontaminando-a.
Por outro lado, é prática comum nas empresas o cálculo de duas taxas de
freqüência, uma para retratar os acidentes com afastamento e outra para os
acidentes sem afastamento. Ao contrário do foco do INSS, a empresa não se
limita a contabilizar apenas os acidentes que geraram benefício previdenciário,
pois mesmo aqueles cujo afastamento foi menor que 15 dias, geraram custos para
ela, que arcou com o afastamento do empregado.
Tem-se assim:

Taxa de Freqüência de Acidentes Sem Afastamento:

TFSA = Número total de acidentes sem afastamento x 1.000.000

Número total de homens-hora trabalhadas

Taxa de Freqüência de Acidentes Com Afastamento:

TFCA = Número total de acidentes com afastamento x 1.000.000

Número total de homens -hora trabalhadas

É prática comum, também, expurgar deste índice os acidentes de trajeto e,


no ramo offshore, aqueles sofridos durante o embarque, que não estejam ligados
a atividade laboral. Embora, legalmente eles continuem sendo considerados como
acidentes de trabalho e como tal tendo o mesmo tratamento. Esta consideração
permite as empresas terem uma visão clara dos números que refletem seu estágio
na prevenção de acidentes de trabalho.
Em resumo, a Taxa de Freqüência retrata quantos acidentes deverão
(estimativa) ocorrer a cada um milhão de homens-hora trabalhadas na empresa.

24
5.2. Taxa de Gravidade

A Taxa ou Índice de Gravidade (TG) mede o nível de gravidade de cada


acidente a partir do afastamento do trabalho, permitindo avaliar a perda laborativa
devido à incapacidade:

TG = Número total de dias perdidos x 1.000.000

Número total de homens -hora trabalhadas

Segundo a OIT, este indicador deve ser multiplicado por 1.000 (OIT, 1971).
A ABNT NBR 14.280 (antiga NB 18), por outro lado, recomenda a multiplicação
por 1.000.000, como acima. O INSS optou pela forma sugerida pela OIT, por ser a
metodologia que gera índices de gravidade da mesma ordem de grandeza que os
índices de freqüência, facilitando a visualização e a análise dos resultados.
É recomendado que no numerador sejam computados os dias perdidos em
função de todos os acidentes ocorridos no período, incluindo os afastamentos por
menos de 15 dias e o tempo de permanência como beneficiário de auxílio-doença.
Além disso, devem ser computados os dias perdidos em função de
acidentes que causaram a morte, a incapacidade total permanente e a
incapacidade parcial permanente. Neste caso, o cálculo do número de dias deve
seguir normas pré-estabelecidas. Os dias perdidos e computados nestes casos
são denominados dias debitados.
A ABNT NBR 14.280 determina que cada ocorrência de morte ou
incapacidade permanente total seja computada como equivalente a 6.000 dias de
trabalho perdidos. Este é o critério adotado pela grande maioria dos países, tal
como propõe o American National Standards Institute, e foi o critério usado pelo
INSS na metodologia de cálculo da taxa de gravidade. É importante destacar,
entretanto, que este valor foi obtido a partir de uma estimativa conjunta entre duas
variáveis: idade ao se acidentar e expectativa média de vida, havendo sempre a
possibilidade de revisão em caso de alterações destas variáveis.
Em caso de incapacidade parcial permanente, os dias a debitar, segundo a
NBR 14.280, devem obedecer critérios pré-definidos, conforme a parte do corpo
atingida, ainda que o número de dias realmente perdidos seja maior ou menor do
que o número de dias a debitar, ou, até mesmo, quando não haja dias perdidos.
Como tentativa de solução do problema de contagem de número de dias
perdidos, o INSS elaborou algumas tabulações, cujos resultados estão
apresentados no Resumo Executivo DIGI.E 01/98.
Da mesma forma que para a Taxa de Freqüência, pode-se expurgar os dias
perdidos em virtudes dos acidentes que não sejam tipicamente ligados a atividade
laborativa.
Em resumo, a Taxa de Gravidade retrata quantos dias (estimativa) serão
perdidos a cada um milhão de homens-hora trabalhadas na empresa. É uma
estimativa futura baseada em resultados passados.

25
5.3. Revisando

a) Escreva a fórmula da Taxa de Freqüência.

b) Escreva a fórmula da Taxa de Gravidade.

(Trecho retirado do item 1 da Bibliografia, com vários acréscimos)

26
Capítulo 6 – A prevenção de acidentes de trabalho

6.1. Interesse do empregador, dos empregados e do governo

Quando ocorre um acidente de trabalho, os três segmentos envolvidos na


relação trabalhista – empregador, empregados e Governo Federal – sofrem, cada
um deles, consideráveis prejuízos.

Os prejuízos arcados pelo Governo Federal, dentro outros, são os


seguintes:
a) pagamento de benefícios previdenciários ao trabalhador acidentado, tais
como: auxílio doença, auxílio acidente, aposentadoria por invalidez, ou a seus
dependentes, como no caso da pensão por morte;
b) pagamento de despesas médico-hospitalares no tratamento do
acidentado;
c) despesas com a reabilitação profissional do trabalhador acidentado,
inclusive com o fornecimento de prótese, conforme o caso.

As conseqüências mais visíveis do acidente de trabalho para o empregador


são as seguintes:
a) pagamento salarial ao trabalhadores acidentados durante os quinze
primeiros dias seguintes ao do acidente;
b) danos ou avarias nos equipamentos, máquinas ou ferramentas que
porventura estejam sendo utilizados pelo trabalhador vitimado;
c) paralisação de uma máquina ou equipamento componente da linha de
produção, podendo afetar o processo produtivo como um todo, até que se proceda
ao reparo ou à substituição da máquina ou equipamento danificado;
d) reflexos negativos na boa imagem da empresa, variável esta que
dependerá da gravidade do acidente e do grau de repercussão causado à
comunidade.

Certamente, a parte mais visivelmente sacrificada com a ocorrência de


acidentes do trabalho é o empregado, em razão de que seus prejuízos extrapolam
a órbita essencialmente material ou financeira; ou seja:
a) sofrimento físico, dor, lesão incapacitante, parcial ou total, temporária ou
permanente, ou até a própria morte;
b) reflexos psicológicos negativos decorrentes de eventuais seqüelas
acidentárias, inclusive gerando distúrbios familiares, dependendo do grau da
incapacidade sofrida;
c) redução salarial decorrente da percepção de benefícios previdenciários,
normalmente em valores inferiores ao salário percebido na empresa.

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações)

27
6.2. Outros aspectos motivadores para a prevenção

Quando se compreende que todas as ações existentes em uma empresa,


desde a sua constituição, decorrem de decisões cautelosamente adotadas,
visando garantir a confiabilidade do produto ou serviço, verifica-se que se adotou
um programa de prevenção (decisões com cautela) que garante a segurança
(confiabilidade) da atividade.
Em função dessa análise pode se observar que a Prevenção de Acidentes
não é uma atividade isolada agregada às atividades econômicas por exigências
legais. Ela abrange todas as decisões tomadas na empresa, desde o momento de
sua concepção até depois do processo, onde resulta o lucro. O lucro deverá, por
uma questão de segurança da empresa, ser viabilizado de forma sólida e segura.
Quem já pensou, de fato, que essas ações fazem parte de um Programa de
Prevenção de Acidentes de uma empresa?
Quando o trabalhador compreende que sua atividade gera contribuições
sociais, passa a sentir que está inserido no desenvolvimento, entende sua
importância, aumentando sua responsabilidade na condução do processo ou
serviço.
Algumas pessoas dirão que isso seria idealizar um sistema que,
infelizmente, esbarra em questões culturais e até de formação pessoal, mas isso é
um engano. A cultura, a princípio, não regula o comportamento das pessoas,
como muitos pensam. Ela define atitudes, estabelece limites, mas também é
regulada em função do ambiente, de normas e procedimentos, de incentivos e
punições, sejam estas implícitas ou explícitas (esta variação depende do tipo de
sociedade).
Como é possível que brasileiros que nunca tenham tido oportunidade de
viajar para o exterior, mudem seu comportamento pessoal ao trabalharem em
empresa de origem estrangeira instalada no Brasil.
Parece muito simples entender esse ponto. Questões como as de saúde e
segurança no trabalho, em muitos países do mundo, são critérios de qualidade e
preço de produtos, tendo em vista o rigor com que as penas são aplicadas aos
que descumprem os ditames legais. Outro fator que é levado em consideração é o
do custo do seguro acidente de trabalho e das vultosas indenizações por
responsabilidades que são aplicadas. Essas razões fazem com que essas
empresas sejam implantadas em nosso país segundo os procedimentos e normas
ditados pela matriz no exterior. Em um segundo momento existirá a preocupação
em atender a legislação local.
A experiência dessas mesmas empresas em seus países de origem
provaram que a prevenção de acidentes é uma ótima decisão para viabilizar a
atividade econômica da empresa.
O que existe de tão forte que consegue modificar pessoas e seu
comportamento assim, repentinamente? É simples entender: normas e
procedimentos claramente definidos e solidamente implantados.
Há bem pouco tempo esse sistema foi aplicado, com sucesso, aqui no
Brasil, quando da criação da obrigatoriedade do uso de cintos de segurança em
automóveis. Para refrescar memórias, essa história começou com discussões
regionais que transformadas em campanhas de orientação, geraram legislações

28
municipais, posteriormente estaduais e, finalmente, federal. A conscientização dos
motoristas, da noite para o dia, aflorou. Isso ocorreu, principalmente, porque as
multas associadas a esse tipo de infração são vultosas, o que prova que qualquer
processo de educação deve trazer em seu bojo, para ser usada se necessário, a
punição.
Hoje, pode-se observar, em todo o país, que existe o hábito do uso do cinto
de segurança e que as infrações, pelo descumprimento dessa determinação,
diminuíram consideravelmente. Alie-se a esse resultado a fiscalização mais
eficiente.
A legislação trabalhista brasileira define direitos e deveres, tanto de
empregados como das empresas. A Lei 6.514 (22/12/77), alterou o Capítulo V,
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que dispõe sobre
Segurança e Medicina do Trabalho. O Artigo 157, dessa lei, refere-se a
competência das empresas e o Artigo 158 discorre sobre a competência dos
empregados.
Apesar dessa lei ser antiga, muitas empresa ignoram que, no artigo 158, é
facultado a empresa punir o trabalhador, dentro dos critérios legais, quando
caracterizada a “recusa injustificada ... à observância das instruções expedidas
pelo empregador” no que tange às “precauções a tomar no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais”.
Como os empregadores e administradores não criaram, ainda, a chamada
consciência prevencionista, procuram atender a legislação de saúde e segurança
do trabalho nos quesitos mais cobrados pelos órgãos de fiscalização, mas isso
ocorre, principalmente, por falta de uma assessoria técnica especializada, ignoram
que a legislação, principalmente as normas que regulamenta a Lei 6.514, cria uma
interdependência nas ações prevencionistas que determinam, inclusive,
responsabilidades que são, por sua vez, tratadas no direito civil ou penal. Isso
significa, em outras palavras, que quando a empresa não cobra seus empregados
por suas responsabilidades, é cobrada pela legislação por ter sido omissa, quando
não, negligente.
Com a inserção do Brasil no contexto da globalização não por opção
própria, mas em função de uma contingência econômica mundial. Dentro dessa
mesma tônica vieram as normas da série ISO, com destaque à série ISO 9000.
Muitas empresas receberam, com ela, a certificação de qualidade definida por
esta norma.
A prevenção de acidentes e doenças do trabalho dentro desse momento
histórico estava no limite de ser considerada mais um modismo ou de se
apresentar definitivamente.
As empresa de médio e grande porte, impulsionadas, principalmente pela
necessidade de diminuição de seus custos, passaram, neste momento, a definir a
área de saúde e segurança do trabalho como parte integrante do processo e não
mais como um agregado indesejável.

Pontos a se destacar:
• A Prevenção de Acidentes é um conceito muito mais amplo e
abrangente do que a preocupação única com lesões. Tem como objetivo a
manutenção da empresa em sua plenitude.

29
• Quando o trabalhador compreende que sua atividade gera
contribuições sociais, sente-se inserido no desenvolvimento e entende sua
importância. Esse fator permite que o trabalhador passe a assumir a atividade
como sendo sua e, conseqüentemente, apresenta melhores resultados no seu
trabalho.
• O comportamento das pessoas é regulado em função do ambiente,
de normas e procedimentos, de incentivos e punições e independem, a princípio,
de sua cultura, por isso há necessidade de adoção de medidas de eliminação dos
riscos oficiais (por escrito), que deverão ser cumpridos por todos os níveis
hierárquicos.
• As empresas são responsáveis pela adoção de medidas de
eliminação ou, no mínimo, minimização dos riscos e devem exigir dos seus
empregados atitudes prevencionistas sobre pena de, se não fizerem,
responderem, civil e criminalmente, por omissão ou negligência.
• As empresas devem atender a todas as normas de saúde e
segurança do trabalho e não somente as que forem mais cobradas pelos órgãos
de fiscalização, pois elas interagem entre si e dão consitência às ações
prevencionistas
• A partir deste cenário, conclui-se que não haverá espaço para as
empresas que não adotarem ações de prevenção, pois seus custos serão tão
elevados que as inviabilizarão.

Mais recentemente a questão de Segurança e Medicina do Trabalho vem


sendo levantada por outra norma certificável, a SA 8000 – Responsabilidade
Social. A SA 8000 é uma norma internacional destinada ao aperfeiçoamento das
relações do trabalho no mundo inteiro. É uma certificação internacional elaborada
com base em 11 convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT, na
Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da criança e na Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Dentro deste conceito a questão de saúde e
segurança dos empregados não pode ficar de fora.
Um dos requisitos da Norma na avaliação da empresa que pretende se
certificar é Saúde e Segurança. Para atender a este requisito a empresa deve:
- agir de maneira a detectar, evitar ou reagir às ameaças à saúde e
segurança de toda a sua força de trabalho;
- proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável;
- promover treinamentos regulares sobre saúde e segurança para todos os
empregados, inclusive os novos;
- nomear um representante da alta direção responsável pela saúde e
segurança dos empregados, implementando os elementos de saúde e segurança
desta norma (critérios 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.5 e 3.6 da SA 8000)

(Trecho retirado dos itens 4 e 7 da Bibliografia, com algumas adaptações)

30
6.3. Equipamento de proteção individual

Inicialmente, deve ser dito que Equipamento de Proteção Individual – EPI


pode ser definido como todo equipamento de uso pessoal cuja finalidade é
proteger a saúde ou a integridade física do trabalhador da exposição a agentes
físicos, químicos, mecânicos ou biológicos por ventura presentes no ambiente de
trabalho. Observe-se que, a rigor, o EPI não previne a ocorrência dos acidentes do
trabalho, mas apenas evita ou atenua a gravidade das lesões, daí porque se deve
procurar, sempre e em primeiro lugar, a proteção coletiva dada a sua melhor
eficácia, uma vez que elimina o risco na fonte produtora, além de não ficar na
dependência da utilização ou não por parte do empregado. Do ponto de vista
legal, um equipamento somente poderá ser considerado EPI se possuir um
número de Certificado de Aprovação – CA expedido pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, indicando que os testes laboratoriais comprovaram a satisfação dos
requisitos e características preventivas para as quais se destina.
É sabido que a obrigação maior do empregador, no âmbito da segurança e
saúde do trabalho, é fornecer aos empregados um ambiente de trabalho saudável
e seguro, ou seja, isento de riscos profissionais, de modo que, após o término da
jornada de trabalho, possa o trabalhador retornar para sua casa fisicamente
íntegro e sadio. Todavia, fatores diversos podem inviabilizar a eliminação por
inteiro dos agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos; em face disso,
resulta a obrigação patronal de fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamentos de proteção individual adequados aos riscos e em perfeito estado
de conservação e funcionamento, enquanto são adotadas as medidas de proteção
coletiva ou quando estas forem tecnicamente inviáveis, ou mesmo para atender às
situações de emergência. Em contrapartida, é dever do empregado utilizar o EPI
durante todo o tempo de exposição aos riscos profissionais; além disso, deverá
zelar pela sua guarda e conservação e comunicar ao empregador qualquer
alteração que inviabilizes sua utilização.
A Norma Regulamentadora NR-6 – EPI especifica os diversos tipos de
equipamentos de proteção, destacando que para cada tipo de agente agressivo
(físico, químico, biológico ou mecânico) e para qualquer parte ou órgão do corpo
humano a ser protegido há um tipo de equipamento de proteção individual
específico. Oportuno destacar que é atribuição dos profissionais integrantes do
SESMT da própria empresa a indicação técnica dos tipos de EPI a serem
utilizados pelos empregados no ambiente de trabalho. Caso a empresa não
possua SESMT, tal responsabilidade passa a ser da CIPA, e, estando a empresa
desobrigada de possuí-la, a indicação competirá ao próprio empregador, mediante
orientação técnica especializada.

Embora não haja obrigação legal específica, é por demais salutar que a
empresa, ao fornecer equipamento de proteção individual a seus empregados, ao
fornecer equipamento de proteção individual a seus empregados, o faça mediante
Termo de Responsabilidade. Por este Termo deve ser consignado o tipo de EPI
fornecido, inclusive com a indicação do correspondente CA, orientações e
recomendações de uso, conforme o caso, advertências quanto aos procedimetnos
punitivos que a empresa adotará caso o trabalhador, sem justo motivo, se recuse

31
a utilizá-los, além da data de entrega e assinatura do trabalhador confirmando o
recebimento e o seu comprometimento na utilização do EPI fornecido. Assim
procedendo, a empresa estar-se-á municiando de provas documentais para que,
no futuro, caso o trabalhador venha alegar em reclamação trabalhista na Justiça
do Trabalho que não recebera a proteção individual adequada, possa se defender
judicialmente de forma adequada.

6.4. Revisando

a) Quais são os prejuízos arcados pelo Governo Federal em virtude dos


acidentes de trabalho?

b) Quais os pontos que devem ser observados na distribuição de


Equipamentos de Proteção Individual, tendo em vista a possibilidade de uma
reclamação trabalhista futura?

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações e


acréscimos)

32
Capítulo 7 – NR-4 – SESMT – Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho

7.1. Objetivos

O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho – SESMT – constitui o órgão técnico das empresas a ser composto
especificamente por profissionais com formação especializada em segurança ou
medicina do trabalho, tendo como finalidade principal diligenciar para que sejam
tomadas, no âm bito da empresa, as medidas técnicas-preventivas de acidentes de
trabalho ou de doenças ocupacionais de modo a proteger eficazmente os
trabalhadores em relação aos riscos profissionais porventura existentes no
ambiente de trabalho.

A Consolidação das Leis do Trabalho, através do Título II: Das Normas


Gerais de Tutela do Trabalho, em seu Capítulo V: Da Segurança e da Saúde do
Trabalhador, dedica o art. 162 a estabelecer os dispositivos legais sobre o
SESMT, o qual foi disciplinado pela quarta norma regulamentadora de segurança
e medicina no trabalho (urbano), NR-04

7.2. Equipe profissional e formação

Dos profissionais especialistas integrantes do SESMT, as empresas, antes


de contratá-los, dever ão exigir a comprovação de que satisfazem os seguintes
resitos:
a) Engenheiro de Segurança do Trabalho. Engenheiro ou Arquiteto
portador de certificado de conclusão do curso de pós -graduação, Especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho, além de registro na carteira
profissional expedida pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura –
CREA.
b) Médico do Trabalho. Médico portador de certificado de conclusão de
pós-graduação, especialização em Medicina do Trabalho ou portador de
certificado de residência médica em área de concentração em saúde do
trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de
Residência Médica, do Ministério da Educação, ministrados por universidades que
mantenham curso de graduação em medicina; assim como o correspondente
registro na carteira profissional expedida pelo Conselho Regional de Medicina –
CRM.
c) Enfermeiro do Trabalho. Enfermeiro portador de certificado de
conclusão de curso de pós-graduação, especialização em Enfermagem do
Trabalho, ministrado por universidade ou faculdade que mantenha curso de
graduação em enfermagem, e, igualmente, o correspondente registro na carteira
profissional expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem – COREN.
d) Auxiliar de Enfermagem do Trabalho. Auxiliar de Enfermagem ou
Técnico de Enfermagem portador de certificado de conclusão de curso de
qualificação de Auxiliar de Enfermagem do Trabalho, ministrado por instituição
especializada, reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação, e, também,

33
o correspondente registro na carteira profissional expedida pelo Conselho
Regional de Enfermagem – COREN.
e) Técnico de Segurança do Trabalho. Profissional portador de
certificado de conclusão de curso de Técnico de Segurança do Trabalho, antigo
curso de Supervisor de Segurança do Trabalho, ministrado por escola oficial ou
reconhecida, e, da mesma forma, o correspondente registro em identidade
específica expedida pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST,
do atual Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.

7.3. Dimensionamento

Evidentemente nem todas as empresas estão obrigadas a organizar


SESMT, uma que há de se respeitar a regra geral, que leva em conta o grau de
risco da atividade principal da empresa e o número total de empregados. O grau
de risco (1, 2, 3 ou 4) da empresa é obtido através do Quadro I: Classificação
Nacional de Atividades Econômicas – CNAE – da Norma Regulamentadora NR-
04: SESMT.
Para efeito de ilustração, segue um trecho do Quadro I:

Quadro I: Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE

Código Tipo de Atividades Grau de


Risco
... ... ...
C INDÚSTRIAS EXTRATIVAS
10 EXTRAÇÃO DE CARVÃO MINERAL
10.0 Extração de Carvão Mineral
10.00-6 Extração de carvão mineral 4
11 EXTRAÇÃO DE PETRÓLEO E SERVIÇOS CORRELATOS
11.1 Extração de Petróleo e Gás Natural
11.10-0 Extração de petróleo e gás natural 4
11.2 Serviços Relacionados com a Extração de Petróleo e Gás –
Exceto a Prospecção Realizada por Terceiros
11.20-7 Serviços relacionados com a extração de petróleo e gás – 4
exceto a prospecção realizada por terceiros
... ... ...

De posse do grau de risco da empresa e do número total de empregados


obtém -se o dimensionamento do SESMT através do Quadro II da citada norma.

34
Quadro II: Dimensionamento do SESMT

Número Total de Empregados


Grau Profissionais 50 101 251 501 1.001 2001 3.501 (**)
de de a a a a a a a
Risco Segurança e 100 250 500 1000 2.000 3.500 5.000
Medicina do
Trabalho
Téc. Seg. - - - 1 1 1 2 1
Eng. Seg. - - - - - 1(*) 1 1(*)
Auxiliar de
01 Enf.Trabalho - - - - - 1 1 1
Enf. do Trab. - - - - - - 1(*) -
Médico do
Trabalho - - - - 1 (*) 1(*) 1 1(*)
Téc. Seg. - - - 1 1 2 5 1
Eng. Seg. - - - - 1(*) 1 1 1(*)
Auxiliar de
02 Enf.Trabalho - - - - 1 1 1 1
Enf. do Trab. - - - - - - 1 -
Médico do
Trabalho - - - - 1(*) 1 1 1(*)
Téc. Seg. - 1 2 3 4 6 8 3
Eng. Seg. - - - 1(*) 1 1 2 1
Auxliar de
03 Enf.Trabalho - - - - 1 2 1 1
Enf. do Trab. - - - - - - 1 -
Médico do
Trabalho - - - 1(*) 1 1 2 1
Téc. Seg. 1 2 3 4 5 8 10 3
Eng. Seg. - 1(*) 1(*) 1 1 2 3 1
Auxiliar de
04 Enf.Trabalho - - - 1 1 2 1 1
Enf. do Trab. - - - - - - 1 -
Médico do
Trabalho - 1(*) 1(*) 1 1 2 3 1

Observações

(*) Profissionais de Nível Superior (Engenheiro de Segurança do Trabalho,


Médico do Trabalho ou Enfermeiro do Trabalho) contratados em Tempo Parcial,
com um mínimo de 3 (três) horas darias.
(**) Acima de 5.000 (cinco mil) empregados, o dimensionamento total será
feito levando-se em consideração o dimensionamento da faixa anterior (3.501 a
5.000) acrescido dos profissionais indicados para um grupo de 4.000 ou fração
superior a 2.000.

35
Há cinco exceções à regra de dimensionamento do SESMT, tal como a
seguir sintetizado:
a) a empresa que possua mais da metade de seus empregados em
estabelecimento ou setor cujo grau de risco seja superior ao de sua atividade
principal deverá dimensionar o SESMT em função do maior grau de risco e do
número total de empregados;
b) a empresa poderá constituir um SESMT centralizado para atender a um
conjunto de estabelecimentos pertencentes a ela, desde que a distância a ser
percorrida entre aquele em que se situar o SESMT centralizado e os demais
estabelecimentos não ultrapasse cinco mil metros, dimensionando-o em função do
total de empregados dos vários estabelecimentos e do grau de risco,
c) havendo na empresa estabelecimento(s) que isoladamente necessite(m)
organizar SESMT e outro(s) que não necessite(m), desde que localizados no
mesmo Estado, poderá ela constituir SESMT centralizado, dimensionando-o pelo
somatório do número de empregados existentes nos diversos estabelecimentos,
exceto se a empresa for do grau de risco 01, caso em que o total de empregados
a ser considerado será o resultante do somatório entre o número de empregados
do estabelecimento que possua a maior quantidade de empregados e a média
aritmética do número de empregados dos demais estabelecimentos;
d) a empresa deverá também organizar SESMT centralizado quando
possuir, no mesmo Estado, estabelecimentos que, isoladamente, não se
enquadrem no Quadro II da NR-4, porém, o somatório de todos ultrapasse o limite
previsto neste mesmo quadro;
e) as empresas de engenharia, os canteiros de obras e as frentes de
trabalho com menos de um mil empregados e situados no mesmo Estado não
serão considerados como estabelecimentos, mas sim como integrantes da
empresa de engenharia principal responsável, a quem caberá organizar um
SESMT centralizado especificamente em relação aos profissionais de nível
superior, enquanto os profissionais de nível médio serão dimensionados
isoladamente por Canteiro de Obra ou Frente de T rabalho.

7.4. Registro na DRT

A empresa, após organizar o seu SESMT, contratando os respectivos


profissionais, deverá providenciar o Registro do mesmo junto à Delegacia
Regional do Trabalho – DRT; para tanto, deverá apresentar requerimento escrito
contendo os seguintes dados:
a) nome dos profissionais especialistas integrantes do SESMT, assim como
o Número de Registro Profissional de cada um deles junto ao respectivo órgão
profissional (CREA, CRM ou COREN) ou na SSST/MTE, e os correspondentes
horários de trabalho;
b) grau de risco das atividades por estabelecimento, com os respectivos
quantitativos de empregados e seus respectivos turnos de trabalho.

36
7.5. Atribuições

A NR-4 estabelece no item 4.12 as atribuições dos profissionais integrantes


do SESMT:
a) aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do
trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive
máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes
à saúde do trabalhador;
b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a
eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo
trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de acordo com o que
determina a NR -6, desde que a concentração,a intensidade ou característica do
agente assim o exijam;
c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas
instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta
na alínea “a”;
d) responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento
do disposto nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus
estabelecimentos;
e) manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo
de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a
NR-5;
f) promover a realização de atividades de conscientização, educação e
orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de
duração permanente;
g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;
h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes
ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos
de doença ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente
e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e
as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou
acidentado(s);
i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho,
doenças ocupacionais e agentes de insalubridade preenchendo, no mínimo, os
quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI,
devendo a empresa encaminhar um mapa contendo a avaliação anual dos
mesmos dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de
janeiro, através do órgão regional do MTb;
j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede do SESMT
ou facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o
método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições
de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados
somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas “h” e “i” por um
período não-inferior a 5 (cinco) anos;

37
l) as atividades dos profissionais integrantes do SESMT são
essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de
emergência, quando tornar-se necessário. Entretanto, a elaboração de planos de
controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao
combate a incêndios e ao salvamento e de imediata atenção à vítima deste ou de
qualquer outro tipo de acidente es tão incluídos em suas atividades

7.6. Revisando

a) Relacione os profissionais integrantes do SESMT, citando como se


comprova a habilitação profissional.

b) Explique o procedimento de dimensionamento do SESMT.

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações)

38
Capítulo 8 – NR-5 – CIPA – Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes

8.1. Objetivo

O objetivo da CIPA, obviamente, é a prevenção de acidentes e doenças


ocupacionais, a exemplo do SESMT, abordado no capítulo anterior, sendo que a
diferença básica entre esses dois órgãos internos da empresa reside no fato de
que o SESMT é composto exclusivamente por profissionais especialistas em
segurança e saúde no trabalho, enquanto a CIPA é uma comissão paritár ia
(representantes dos empregados e do empregador) constituída por empregados
normalmente leigos em prevenção de acidentes.

8.2. Dimensionamento

Quanto à constituição da comissão, deve ser dito que deve ser organizada
e mantida em funcionamento nos estabelecimentos públicos ou privados que
possuam empregados contratados sob a égide da CLT, sendo que, quando a
empresa possuir, em um mesmo município, dois ou mais estabelecimento, deverá
garantir a integração das CIPAS e dos designados, conforme o caso, objetivando
harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho.

No que concerne à organização da CIPA, a NR-5 estabelece a disposição


de que tal comissão será composta de representantes do empregador e dos
empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I da referida
NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores
econômicos específicos. Entretanto, para se poder estabelecer dimensionamento
dado pelo Quadro I, deverão ser, consultados, previamente, os Quadros II e III da
NR-5 para se obter o agrupamento econômico em que se encaixa o
estabelecimento cuja CIPA se pretende dimensionar.
A seguir serão apresentados trechos dos Quadros da NR-5 usados no
dimensionamento da CIPA, na ordem de consulta:

Quadro II – Agrupamento de Setores Econômicos pela Classificação Nacional de


Atividades Econômicas – CNAE, para Dimensionamento da CIPA

Grupo C-1 - Minerais


1000.6 1110.0 1120.7 1310.2 1321.8 1322.6 1323.4 1324.2 1325.0
1329.3 1410.9 1421.4 1422.2 1429.0 2310.8 2330.2 2620.4 2691.3
2692.1
...
Grupo C-13 – Metálicos
2711.1 2712.0 2721.9 2722.9 2729.4 2731.6 2739.1 2741.3 2742.1
2749.9 2751.0 2752.9 2811.8 2813.4 2831.2 2832.0 2833.9 2834.7
2839.8 2892.4
...

39
Quadro III – Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas –
CNAE com Correspondente Agrupamento para Dimensionamento da CIPA

CNAE Descrição da Atividade Grupo


10.00-6 Extração de Carvão Mineral C-1
11.10-0 Extração de Petróleo e Gás Natural C-1
11.20-7 Serviços Relacionados com a Extração de Petróleo e C-1
Gás – Exceto a Prospecção Realizada por Terceiros
... ... ...
27.51-0 Fabricação de Peças Fundidas de Ferro e Aço C-13
... ... ...

Quadro I – Dimensionamento da CIPA

N° de empregados no estabelecimento (por faixa)


Grupos N° de 20 30 51 81 101 121 141 301 501 1001 ...
membros a a a a a a a a a a
da CIPA 29 50 80 100 120 140 300 500 1.000 2.500
C-1 Efetivos 1 1 3 3 4 4 4 4 6 9 ...
Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 3 4 7 ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
C-13 Efetivos 1 1 3 3 3 3 4 5 6 9 ...
Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 4 5 7 ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Em sendo uma comissão paritária, metade dos membros titulares e


suplentes será designada pelo empregador, enquanto a outra metade de titulares
e suplentes constituirá a representação dos trabalhadores, por estes escolhidos
através de eleição direta e secreta, para um mandato de um ano, permitida uma
reeleição. O Presidente da CIPA será escolhido pelo empregador dentre seus
representantes titulares, enquanto o Vice-Presidente será escolhido pelos titulares
representantes dos empregados, entre eles próprios. Os membros titulares da
CIPA, de comum acordo, escolherão o Secretário e o seu substituto, entre os
componentes ou não da comissão, sendo neste caso necessária a concordância
do empregador.

8.3. Atribuições e Funcionamento

A NR-5 estipula, inicialmente, as atribuições genéricas de todos os


membros no item 5.16. Em seguida, detalha as atribuições específicas do
Presidente, do Vice-Presidente e do Secretário da CIPA.
O Presidente e o Vice-Presidente têm as seguintes atribuições:

40
- cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o
desenvolvimento de seus trabalhos;
- coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os
objetivos propostos sejam alcançados;
- delegar atribuições aos membros da CIPA;
- promover o relacionamento da CIPA com o SESMT, quando houver;
- divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do
estabelecimento;
- encaminhar os pedidos de reconsideração das decisões da cIPA;
- constituir a comissão eleitoral

Certamente que para a comissão prevencionista alcançar êxito em sua


missão é imprescindível que o empregador lhe proporcione os meios necessários,
inclusive garantindo tempo suficiente para realização das tarefas constantes do
plano de trabalho. Da mesma forma, devem os empregados: participar da eleição
de seus representantes; colaborar com a gesta da CIPA; indicar as situações de
risco; apresentar sugestões para a melhoria das condições de trabalho; e observar
e aplicar no ambiente de trabalho as recomendações da CIPA quanto à prevenção
de acidentes e de doenças ocupacionais.

No que concerne ao funcionamento da CIPA, a NR-5 estabelece a


obrigatoriedade de serem realizadas reuniões ordinárias mensais, durante o
expediente normal da empresa e em local apropriado, de acordo com o calendário
preestabelecido, além de reuniões extraordinárias sempre que houver denúncia de
situação de risco grave e iminente que determine a aplicação de medidas
corretivas de emergência, quando ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal, ou,
ainda, mediante solicitação expressa de uma das representações. As at as de
todas as reuniões da CIPA deverão ser assinadas pelos presentes com
encaminhamento de cópias para todos os membros, enquanto os originais
permanecerão no estabelecimento à disposição da Fiscalização Trabalhista. As
decisões da CIPA serão preferencialmente tomadas por consenso de seus
membros, porém, frustradas as tentativas de negociação direta ou com mediação,
será instalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião.
Das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante requerimento
justificado. Tal pedido de reconsideração será apresentado À CIPA até a próxima
reunião ordinária, quando será analisado, devendo o Presidente e o Vice efetivar
os encaminhamentos necessários.

Sobre a perda de mandato na CIPA, é important e destacar que a NR-5


prevê que o titular perderá o mandato quando faltar a mais de 4 reuniões
ordinárias sem justificativa, caso em que o suplente assumirá a condição de titular,
respeitada a ordem de colocação decrescente registrada na ata de eleição, em
sendo representante dos empregados, cabendo ao empregador comunicar à
unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego as alterações e
justificar os motivos. Outrossim, ocorrendo afastamento definitivo do Presidente, o
empregador indicará o substituto, em dois dias úteis, preferencialmente dentre
seus outros representantes na CIPA. Se tal ocorrer com o Vice-Presidente, os

41
membros titulares da representação dos empregados escolherão, dentro eles
próprios, o substituto em dois dias úteis.

Sobre as empresas contratantes e contratadas dispõe a NR -5 que, em se


tratando de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se
estabelecimento o local em que seus empregados estiverem exercendo suas
atividades. Sempre que duas ou mais empresas atuarem em um mesmo
estabelecimento, a CIPA ou o empregado designado pela empresa contratante
(quando esta estiver legalmente desobrigada de possuir CIPA) deverá, em
conjunto com a CIPA das empresas contratadas ou com os empregados por estas
designados, definir mecanismos de integração e de participação de todos os
trabalhadores em relação às decisões das CIPAs existentes no estabelecimento.
A contratante e as contratadas que atuem num mesmo estabelecimento deverão
implementar, de forma integrada, medidas de prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais, de forma a garantir o mesmo nível de proteção em matéria de
segurança e saúde a todos os trabalhadores do estabelecimento. A empresa
contratante adotará medidas necessárias para que as empresas contratadas, suas
cIPAs, os designados e os demais trabalhadores lotados naquele estabelecimento
recebam informações sobre os riscos presentes nos ambientes de trabalho, bem
como sobre as medidas de proteção adequadas. Além disso, a empresa
contratante deverá adotar as providências necessárias para acompanhar o
cumprimento pelas empresas contratadas que atuam no seu estabelecimento, das
medidas de segurança e saúde no trabalho.

Como garantia legal para o pleno funcionamento da CIPA, a NR-5


estabelece ser proibida a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado
eleito para cargo de direção da CIPA, desde o registro de sua candidatura até um
ano após o final do seu mandato. Convém destacar que já há jurisprudência no
sentido de que os suplentes da representação dos empregados também são
protegidos pela garantia de permanência no emprego.

8.4. Processo eleitoral

Comete ao empregador convocar as eleições para a escolha dos


representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias
antes do término do mandato em curso, devendo tal fato ser comunicado ao
sindicato da categoria profissional correspondente. O Presidente e o Vice-
Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo mínimo de
cinqüenta e cinco dias antes do término do mandato em curso, a Comissão
Eleitoral – CE, que será a responsável pela organização e acompanhamento do
processo eleitoral. Na primeira eleição, a Comissão Eleitoral será constituída pela
empresa. O processo eleitoral, via de regra, deverá observar as seguintes regras
básicas:
- publicação e divulgação do edital, em locais de fácil acesso e
visualização, no prazo mínimo de 45 dias antes do término do mandato em curso;

42
- inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição
será de quinze dias;
- liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento,
independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de
comprovante;
- realização da eleição no prazo mínimo de 30 dias antes do término do
mandato da CIPA, em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e
em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados;
- voto secreto e garantida a apuração em horário normal de trabalho, com
acompanhamento de representante do empregador e dos empregados, em
número a ser definido pela comissão eleitoral;
- guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por
um período mínimo de cinco anos.

Oportuno registrar, mais, sobre o processo eleitoral da CIPA, que a atual


redação da NR-5 estabelece que, quando o número de votantes que comparecem
às urnas for inferior a 50% (cinqüenta por cento) dos empregados da empresa,
não se fará a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra
votação que ocorrerá no prazo máximo de dez dias.

O processo eleitoral e seu cronograma pode ser sistematizado conforme o


quadro abaixo:

Antecedência Ação Item da NR-5


(em dias)
60 Convocação da eleição 5.38
55 Constituição da CE 5.39
45 Publicação e divulgação do edital 5.40-a
15 (duração) Inscrição de candidatos 5.40-b
30 Início da eleição 5.40-e
00 Término do mandato --

8.5. Treinamento

A empresa deverá promover o treinamento para todos os membros,


titulares e suplentes, antes da posse, salvo no caso de primeiro mandato, quando
então deverá ser realizado no prazo máximo de 30 dias subseqüentes à da data
da primeira posse.
A carga horária do treinamento será de vinte horas, distribuídas em, no
máximo, oito horas diárias, e será realizado durante o expediente normal da
empresa, podendo ser ministrado, a critério do empregador, pelo SESMT da
empresa, entidade patronal, entidade de trabalhadores ou por profissional que
possua conhecimentos sobre os temas ministrados.

43
O conteúdo programático do treinamento está estabelecido no item 5.33 da
NR-5:
a) Estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos
originados do processo produtivo;
b) Metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do
trabalho;
c) Noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição
aos riscos existentes na empresa;
d) Noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e
medidas de prevenção;
e) Noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à
segurança e saúde do trabalho;
f) Princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle de
riscos;
g) Organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das
atribuições da Comissão.

8.6. Mapa de Riscos

Uma das atribuições da CIPA, estabelecida pela alínea “a” do item 5.16 é
elaborar o mapa de riscos. Apesar da última redação da NR-5 não estabelecer
uma metodologia obrigatória para a elaboração do mapa de riscos, a metodologia
dada anteriormente é satisfatória e vem sendo seguida apesar de não ser mais
obrigatória. E é baseada nela que será feita a explanação contida neste item.
O mapa de riscos é a representação gráfica dos riscos existentes nos
diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, de fácil
visualização e afixado em locais acessíveis no ambiente de trabalho, para
informação e orientação de todos os que ali atuam e de outros que eventualmente
transitem pelo local, quanto às principais áreas de risco.
Os membros da CIPA, por não serem, necessariamente, especialistas na
área de segurança e saúde do trabalho, devem ser preparados especificamente
para a elaboração do mapa de riscos com critério e seguindo as etapas de
elaboração:
a) Reconhecimento do processo de trabalho no local analisado;
b) Identificação dos riscos existentes no local analisado, conforme a
classificação dada pela tabela abaixo;
c) Identificação das medidas preventivas existentes e sua eficácia;
d) Identificação dos indicadores de saúde;
e) Reconhecimento dos levantamentos ambientais já realizados no local;
f) Elaboração do mapa de riscos, indicando sobre o layout da empresa
através de um círculo:
- o grupo a que pertence o risco, de acordo com a tabela abaixo;
- o número de trabalhadores expostos ao risco;
- a especificação do agente;
- a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que
deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.

44
Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua
natureza e a padronização das cores correspondentes

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5


Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes
Ruído Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico
intenso inadequado
Vibrações Fumos Bactérias Levantamento Máquinas e
e transporte equipamentos
manual de sem proteção
peso
Radiações Neblinas Fungos Controle Iluminação
não rígido de inadequada
ionizantes produtividade
Frio Gases Parasitas Imposição de Eletricidade
ritmos
excessivos
Calor Vapores Bacilos Trabalho em Probabilidade
turno e de incêndio ou
noturno explosão
Pressões Substâncias Jornadas de Armazenamento
anormais compostas ou trabalho inadequado
produtos prolongadas
químicos em
geral
Umidade Monotonia e Animais
repetitividade peçonhentos
Outras Outras
situações situações de
causadoras risco que
de stress poderão
físico ou contribuir para a
psíquico ocorrência de
acidentes

Após discutido e aprovado pela CIPA, o mapa de riscos, completo ou


setorial, deverá ser afixado em cada local analisado, de forma claramente visível e
de fácil acesso para os trabalhadores.

45
8.7. Campanhas prevencionistas e generalidades

Outra atribuição da CIPA que merece destaque especial é a estabelecida


pela alínea “o” do item 5.16 da NR-5:
“o) Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT.”
O trabalho prevencionista, típico da CIPA, pressupõe o aumento da
conscientização dos trabalhadores quanto aos riscos decorrentes do trabalho
exercido e quanto as medidas de controle adotadas. É com este intuito que deve
ser realizada anualmente a SIPAT. Dentro da programação, normalmente, há a
apresentação de palestras que vem sendo cada vez mais substituída por
atividades mais participativas envolvendo os empregados, destacando: gincanas,
concursos de músicas/paródias, apresentação de peças de teatro, às vezes
encenadas pelos próprios trabalhadores. Tudo isso com o intuito de divulgar a
importância da prevenção dos acidentes e das doenças ocupacionais.

Por fim, cabe destacar, que apesar do exposto neste capítulo, há outras
formas de organização e dimensionamento de Comissões Internas de Prevenção
de Acidentes de Trabalho – CIPA específicas para algumas atividades e que são
destacadas na legislação trabalhista.
No cas o da mineração, a NR-22 estabelece a obrigatoriedade de
organização e manutenção da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na
Mineração – CIPAMin com atribuições e dimensionamento específicos para as
empresas que atuam no setor.
Da mesma forma, a NRR -3 estabelece a obrigatoriedade de organização e
manutenção por parte do empregador rural da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes do Trabalhador Rural – CIPATR. Da mesma forma, há particularidades
específicas.

8.8. Revisando

a) Explique o procedimento de dimensionamento da CIPA.

b) Explique o que é e qual é o objetivo da SIPAT.

(Trecho retirado do itens 1 e 6 da Bibliografia, com várias adaptações)

46
Capítulo 9 – NR-7 – PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional

9.1. Objetiv os

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO tal como


definido na NR-7 deve ser entendido como parte integrante do conjunto mais
amplo de iniciativas da empresa articulado com o disposto nas demais normas
regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho, considerando as questões
incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o
instrumento clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre saúde e
trabalho, e deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce
dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza sub-clínica,
além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos
irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
O Programa tem como objetivo monitorar, individualmente, aqueles
trabalhadores expostos aos agentes químicos, físicos e biológicos em articulação
com o PPRA estabelecido pela NR-9.

9.2. Elaboração e responsabilidades

Há várias formas de elaboração do PCMSO, cabendo ao médico


coordenador estabelecer um roteiro adequado para a realidade de cada empresa,
desde que respeitadas as diretrizes gerais contidas na NR-7; entretanto, qualquer
que seja o roteiro básico adotado na sua implantação, as seguintes etapas
precisam ser observadas:
a) Verificaç ão física, geral e preliminar, em todas as dependências do
estabelecimento, objetivando identificar os riscos profissionais (físicos, químicos,
biológicos, mecânicos ou ergonômicos) porventura existentes nos ambientes de
trabalho. Nesse aspecto, o mapa de riscos previsto na NR-5 e o PPRA, NR-9, são
de importância fundamental no fornecimento de subsídios;
b) Estabelecimento de metas, inclusive discutindo as prioridades com a
CIPA e com o SESMT, implantando as medidas de controle (proteção coletiva ou
individual) e avaliando periodicamente sua eficácia;
c) Desenvolvimento de ações elementares ou primárias tendo por objeto: a
manutenção da saúde, utilizando-se de campanhas educativas e de
conscientização para a melhoria da higiene pessoal (banho diário, lavagem das
mãos), habitacional (água encanada, adequado sistema de esgotos) e da saúde
em geral (combate ao fumo e ao álcool, prevenção da hipertensão e do stress); a
prevenção de doenças ocupacionais específicas(Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho – DORT e a Perda Auditiva Induzida por Ruído
Ocupacional – PAIRO, por exemplo); e a profilaxia das doenças em geral (gripe,
sarampo, dengue), através de campanhas de vacinação;
d) Desenvolvimento de ações complementares ou secundárias, através da
avaliação médico-ocupacional em todos os trabalhadores objetivando identificar se
os riscos profissionais presentes nos correspondentes ambientes de trabalho já

47
estão ou não apresentando sua conseqüências nocivas à saúde e, conforme o
caso, indicar as medidas preventivas adequadas.

Anualmente, deverá ser elaborado um relatório que será apresentado e


discutido na CIPA e que conterá, por setores da empresa, o número e a natureza
dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares,
estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o planejamento do
próximo ano, tomando como base o Quadro III da NR-7.

No que diz respeito às responsabilidades do empregador em relação ao


PCMSO, destacam-se: garantir sua elaboração e efetiva implementação e zelar
pela sua eficácia, inclusive arcando com o ônus de custear todos os
procedimentos, indicando, dentre os médicos do SESMT da empresa, um Médico
Coordenador responsável pela execução do PCMSO. Em não havendo SESMT na
empresa, o empregador contratará um médico do trabalho especialmente para
este fim, salvo se na localidade não houver esse médico especialista, caso em
que poderá ser contratado um médico não especialista.

A propósito do Médico Coordenador, cabe ressaltar que será da


competência desse profissional a realização de exames médicos dos empregados
da empresa, ou encarregar sua realização a profissional médico familiarizado com
os princípios da patologia ocupacional e suas causas, com o ambiente e as
condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da
empresa, assim como encarregar a realização dos exames complementares
necessários a profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e
qualificados.

9.3. Tipos de exames

No tocante à avaliação médico-ocupacional dos trabalhadores convém


destacar que a NR-7 prevê as seguintes modalidades de exames:
a) Admissional: a ser realizado antes de o trabalhador iniciar suas
atividades;
b) De Retorno ao Trabalho: a ser realizado no primeiro dia da volta ao
trabalho do trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 dias motivado
por doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não, ou parto;
c) De Mudança de Função: a ser realizado antes da data de mudança de
função, entendendo-se como tal toda e qualquer alteração de atividade, posto ou
setor de trabalho que implique a exposição do trabalhador a risco diferente
daquele a que estava exposto antes da mudança;
d) Periódico: a ser realizado nos seguintes intervalos mínimos de tempo:
d.1) para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho
que impliquem o desencadeamento ou agravamento de doença ocupacional, ou,
ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas, os exames
deverão ser repetidos:

48
d.1.1) anualmente, ou a intervalos menores, a critério do
médico encarregado, ou se notificado pelo médico auditor-fiscal do trabalho, ou,
ainda, como resultado de negociação coletiva de trabalho;
d.1.2) de acordo com a periodicidade especificada no Anexo 6
– Trabalhos sob Pressões Hiperbáricas da NR-15 – Atividades e Operações
Insalubres;
d.2) para os demais trabalhadores:
d.2.1) anualmente, quando menores de dezoito e maiores de
quarenta e cinco anos de idade;
d.2.2) a cada dois anos, para os trabalhadores entre dezoito e
quarenta e cinc o anos de idade.
e) Demissional: a ser realizado até a data da homologação da rescisão
contratual, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há
mais de 135 dias para as empresa de grau de risco 1 e 2, ou há mais de 90 dias
para as em presa de grau de risco 3 e 4, conforme o Quadro II da NR -4.

O médico que realizou o exame médico deverá emitir o correspondente


Atestado de Saúde Ocupacional – ASO, em duas vias, sendo que a primeira via
ficará arquivada no local de trabalho para fins de fiscalização trabalhista, ao passo
que a segunda será obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante
confirmação de recebimento na primeira.
Segundo o item 7.4.4.3 da NR -7, o ASO deverá conter no mínimo:
a)nome completo do trabalhador, o número do registro de sua identidade e
sua função;
b) os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na
atividade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela Secretaria
de Segurança e Saúde do Trabalho – SSST;
c) indicação dos procedim entos médicos a qual foi submetido o trabalhador,
incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados;
d) nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;
e) definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador
vai exercer, exerce ou exerceu;
f) nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;
g) data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo
seu número de inscrição no CRM.

9.4. Revisando

a) Relacione o conteúdo mínimo do Atestado de Saúde Ocupacional –


ASO, dado pela NR -7.

b) Quais são as modalidades de exames previstas na NR -7.

49
Capítulo 10 – Higiene do trabalho

10.1. Conceituação

É a ciência e arte que se dedica ao reconhecimento, avaliação e controle


dos riscos ambientais (químico, físico e biológico) que podem ocasionar alteração
na saúde, conforto ou eficiência do trabalhador.
Nesta definição, destacam-se os seguintes aspectos:
- as fases da higiene do trabalho: antecipação, reconhecimento, avaliação e
controle;
- a higiene atua sobre os fatores ambientais;
- o objetivo é a prevenção das doenças ocupacionais.

A OIT conceitua a higiene do trabalho, também conhecida como higiene


industrial, como sendo a ciência e arte dedicada a antecipação, reconhecimento,
avaliação e controle de riscos ambientais que venham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais.

10.2. Importância

A atuação da higiene do trabalho visa:


- antecipar os riscos ambientais, ainda na fase de projeto das instalações,
para que possam ser implementadas medidas de minimização e de controle dos
riscos ambientais identificados;
- reconhecer os fatores ambientais que podem influir sobre a saúde dos
trabalhadores, o que implica num conhecimento profundo dos produtos, métodos
de trabalho, processos de produção e instalações industriais (avaliação
qualitativa);
- avaliar quantitativamente os riscos a curto e longo prazo através de
medições das concentrações dos contaminantes ou as intensidades dos agentes
físicos e comparar estes valores limites de tolerância. Para isto é necessário
aplicar técnicas de amostragem e análise das amostras em laboratórios
competentes ou efetuar medições com aparelhos de leitura direta.
- controlar os riscos, de acordo com os dados obtidos nas fases anteriores,
as medidas de controle serão efetuadas de acordo com a aplicação do método
mais viável, geralmente baseados em procedimentos de engenharia, respeitadas
as limitações do processo e recursos econômicos.

10.3. Riscos ambientais

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que


possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes,
bem como o infra-som e o ultra-som.

50
De forma resumida, pode-se comentar sobre cada um dos agentes físicos:
- Ruído: é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de
trabalho, em diversos tipos de instalações ou atividades profissionais. Por sua
enorme ocorrência e visto que os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são
consideráveis, adicionando-se a facilidade de reconhecimento e avaliação das
situações, este agente ambiental é muito estudado e é um dos maiores focos de
atenção dos higienistas e profissionais voltados para a segurança e saúde do
trabalhador;
- Vibração: é movimento, oscilação, balanço de objetos, de coisas. Quando,
através do tato, sente-se a oscilação de uma corda de violão, sabe-se
intuitivamente o que é uma vibração;
- Pressões anormais: algumas atividades da construção civil e montagem
mecânica envolvem tarefas que devem ser executadas em locais onde o solo é
fracamente aqüífero ou, até mesmo, submerso. A permanência nestes locais exige
em cada caso o uso de tubulões pneumáticos, sinos de mergulho, couraças,
escafandros e equipamento de mergulho autônomo. Os riscos existentes, neste
tipo de trabalho, caracterizam-se pelas próprias condições anormais de pressão a
que os trabalhadores estão submetidos, assim como pelo agravamento de outros
riscos devido à presença do ar comprimido.
- Temperaturas extremas: quanto ao calor, é importante diferenciar
desconforto térmico de sobrecarga térmica, uma vez que o promeiro é um
conceito mais subjetivo, depende da sensibilidade das pessoas, grupos étnicos,
situação geográfica, climas, costumes, roupas e alimentação. O desconforto
térmico pode variar de uma região para outra, entretanto a sobrecarga não, uma
vez que a natureza humana é a mesma em qualquer parte do planeta. Nos
ambientes frios, o organismo perde calor, exigindo que o trabalhador proteja-se,
adequadamente, de modo a não baixar a sua temperatura interna, afetando o
funcionamento dos órgãos internos.
- Radiações: as radiações eletromagnéticas englobam uma grande
variedade de energia como, por exemplo, os Raios Gama, Raios X, ultravioleta,
luz visível, microondas, rádio e infravermelho, que são ondas eletromagnéticas
definidas como vibrações de campos magnéticos e elétrciso que se propagam
através do espaço. A irradiação de campos eletromagnéticos é classificada como
ionizante e não-ionizante. O primeiro grupo corresponde a campos em freqüências
mais elevadas que as das emissões de luz, como por exemplo, os Raios Gama e
os Raios X. Elas são ditas ionizantes por possuir energia suficiente para quebrar
ligações químicas. É desta forma que os Raios X podem danificar o material
genético das células, levando a doenças como câncer. Em freqüências mais
baixas, nas quais as microondas se incluem, isto não acontece, daí elas serem
chamadas de não-inonizantes.

Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos


que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, fibras, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo
através das vias respiratória, dérmica, digestiva ou parenteral (solução de
continuidade) .

51
Os agentes químicos podem ser classificados em:
- aerodispersóides:
- sólidos:
- poeiras: partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica
de sólidos
- fumos: partículas sólidas produzidas por condensação ou
oxidação de vapores de substâncias que são sólidas à temperatura normal
- líquidos:
- névoas: partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica
de líquidos
- neblinas: partículas líquidas produzidas por condensação de
vapores de substâncias que são líquidas à temperatura normal
- gases: substâncias que estão no estado gasoso (T=25° C e P=760
mmHg). Não tem forma nem volume e tendem a ser expandir indefinidamente
- vapores: fase gasosa de uma substância que a 25° C e 760 mmHg é
líquida ou sólida. A concentração de vapores, a uma determinada temperatura,
não pode aumentar indefinidamente (saturação)
- fibras: classificação diferenciada de partículas que possuem a relação de
3 para 1 entre seu comprimento e diâmetro

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus, entre outros. A caracterização é qualitativa e está relacionada
sobretudo as atividades que são desempenhadas pelos trabalhadores.

10.4. Limites de exposição (NR-15 e ACGIH) e aspectos importantes

Para os riscos ambientais que são avaliados quantitativamente, após


determinada a exposição é feita a comparação com os limites de exposição ou de
tolerância.

São fatores que determinam a ocorrência de doenças ocupacionais em


exposições a riscos ambientais
- natureza do agente
- tempo de exposição
- concentração ou intensidade do agente no ambiente de trabalho
- suscepitibilidade individual
Todos estes fatores devem e são considerados para se determinar os
limites de exposição para os agentes.

A legislação brasileira estabelece limites de tolerância para os agentes


físicos, mas não cobre toda a variedade dos agentes químicos. Para poder ampliar
seu alcance, a legislação brasileira estabelece na NR-9 que, caso não haja limite
de tolerância estabelecido, deve-se consultar os limites estabelecidos pela ACGIH
– Americam Conference of Governmental Industrial Hygyenists.

52
Como limites de exposição, a NR-15 estabelece:
- LT – limite de tolerância que pode ser média ponderada no tempo ou valor
teto.
A NR-15 define limite de tolerância como sendo a concentração ou
intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de
exposição ao agente que não causará dano a saúde do trabalhador durante a sua
vida laboral.

A ACGIH estabelece:
- Limite de Exposição – média ponderada (TLV – TWA) – a concentração
média ponderada pelo tempo para uma jornada normal de 8 horas diárias e 40
horas semanais, para o qual acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode
estar repetidamente exposta, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde.
- Limite de Exposição – Exposição de Curta Duração (TLV – STEL) – é a
concentração a que os trabalhadores podem estar expostos continuamente por
um curto período sem sofrer alterações orgânicas significativas. Deve ser usados
em conjunto com o TLV – TWA e nunca isoladamente.
- Limite de Exposição – Valor Teto (TLV – C) – é a concentração que não
pode ser excedida durante nenhum momento da exposição do trabalhador.

10.5. Medidas de controle

Passadas as etapas de antecipação, reconhecimento e avaliação, medidas


de controle devem ser implementadas, e elas podem ser:
- relativas ao ambiente (fonte ou trajetória):
- substituição do produto nocivo;
- mudança ou alteração do processo ou operação;
- enclausuramento da operação (barreiras);
- ventilação local exaustora;
- segregação da operação ou processo;
- manutenção dos processos;
- projeto adequado.
- relativas ao trabalhador (individual):
- equipamentos de proteção individual (primeira provisória e última
definitiva);
- exames médicos e controle médico;
- limite do tempo de exposição;
- educação e treinamento.

10.6. Revisando

a) Conceitue higiene do trabalho.

b) Quais são os fatores que determinam a ocorrência de doenças


ocupacionais

53
Capítulo 11 – NR-9 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais

11.1. Objetivos

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, a exemplo do


PCMSO, deve ser entendido como parte integrante do conjunto mais amplo de
iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade física
dos trabalhadores, e estar articulado com o disposto nas demais NRs. Suas ações
devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a
responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo
sua abrangência e profundidade decorrentes das características dos riscos e das
necessidades de controle.
O PPRA visa a preservação da saúde e da integridade física dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais.
Ao contrário do mapa de riscos, cuja elaboração é estabelecida pela NR-5 –
CIPA, que é realizado pelos empregados, o PPRA deve ser desenvolvido por
profissionais habilitados, pois o diagnóstico obtido a partir dele será o ponto de
partida para as demais ações prevencionistas da empresa no que tange a riscos
ambientais.

11.2. Conceituação

Para efeito da NR-9, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,


químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de
sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador.
Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes,
bem como o infra-som e o ultra-som.
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos
que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele
ou por ingestão, ou ainda pelas mucosas do corpo.
Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,
protozoários, vírus, entre outros.

54
11.3. Desenvolvimento do programa

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo,


a seguinte estrutura:
a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e
cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma de registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

Percebe-se na estrutura estabelecida pela NR-9 um ciclo de planejamento,


desenvolvimento, controle e avaliação típica do conhecido ciclo PDCA. Entende-
se com isso que a Legislação busca um ciclo de melhoria contínua no ambiente de
trabalho, com a redução dos riscos ambientais, não apenas sua identificação.

O desenvolvimento do PPRA deverá incluir as seguintes etapas:

a) Antecipação e reconhecimento dos riscos ambientais.


Na antecipação dos riscos deverá ser feito um estudo detalhado dos
processos produtivos existentes ou a serem implantados, desde o recebimento da
matéria-prima até a obtenção e armazenamento do produto final produzido.
Deverá envolver a análise de projetos de novas instalações, métodos ou
processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando identificar os
riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou
eliminação. Os riscos antecipados são os mais baratos de serem reduzidos ou
eliminados, pois a fase de projeto facilita a adoção de medidas com a melhor
relação custo-benefício.
No reconhecimento dos riscos devem ser contemplados os seguintes itens:
identificação dos riscos; determinação e localização das possíveis fontes
geradoras; identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos
agentes no ambiente de trabalho; identificação das funções e determinação do
número de trabalhadores expostos; caracterização das funções e determinação do
número de trabalhadores expostos; caracterização das atividades e do tipo de
exposição; obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível
comprometimento da saúde decorrente do trabalho; possíveis danos à saúde
relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; e descrição
das medidas de controle já existentes.

b) Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle.


Antecipados e identificados os riscos ambientais, deverão ser estabelecidas
prioridades e metas de avaliação e controle dos mesmos, sendo bastante salutar
que nessa fase participem, ativamente, não só a administração da empresa e os
técnicos especializados do SESMT, como também os membros da CIPA e
representantes sindicais, de modo a melhor contemplar a participação dos
trabalhadores no processo de prevenção dos riscos ambientais. Assim
procedendo, a empresa estará dividindo a responsabilidade por eventuais
equívocos futuros na definição de prioridades e metas de controle dos riscos.

55
c) Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores.
A avaliação dos riscos ambientais poderá ser feita de forma qualitativa ou
quantitativa. Na análise qualitativa, os riscos ambientais são identificados
mediante simples inspeção dos locais de trabalho, ao passo que na análise
quantitativa, durante a inspeção dos locais de trabalho, necessária se faz a
utilização de equipamentos de medição específicos para a quantificação dos
agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho e posterior confrontação
com os limites de tolerância legalmente estipulados. A NR-9 prevê a consulta aos
limites previstos na NR-15, ou na ausência destes, aos valores de limites de
exposição ocupacional adotados pela ACGIH – American Conference of
Governmental Industrial Hyhyenists, ou ainda, àqueles que forem estabelecidos
em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios
técnicos-legais estabelecidos.

d) Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia.


Deverão ser adotadas as medidas necessárias e suficientes para a
eliminação, a atenuação ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem
verificadas uma ou mais de uma das seguintes hipóteses: identificação, na fase de
antecipação, de risco potencial à saúde; constatação, na fase de reconhecimento,
de risco evidente à saúde; quando os resultados das avaliações quantitativas da
exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites legalmente
estipulados; ou quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado
o nexo causal entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação
de trabalho a que eles ficam expostos. Na adoção das medidas de controle devem
obedecer à seguinte seqüência preferencial: medidas que eliminem ou reduzam a
utilização ou formação de agentes prejudiciais à saúde, que previnam a sua
liberação ou disseminação e que reduzam os níveis ou a concentração desses
agentes no ambiente de trabalho. Quando, porém, ficar comprovada a
inviabilidade técnica das medidas de controle antes especificadas ou enquanto
elas não forem adotadas, ou, ainda, de forma emergencial ou complementar,
deverão ser adotadas medidas de caráter administrativo ou de organização do
trabalho e de utilização de equipamentos de proteção individual.

e) Monitoração da exposição aos riscos.


Para o monitoramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de
controle dever ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição a
dado risco, objetivando a introdução ou modificação das medidas de controle,
sempre que necessário.

f) Registro e divulgação de dados.


Deverá ser mantido pelo empregador ou instituição um registro de dados,
estruturado de forma a constituir um histórico técnico e administrativo do
desenvolvimento do PPRA sempre disponível aos trabalhadores interessados ou
seus representantes e para as autoridades competentes, por um período mínimo
de 20 (vinte) anos.

56
11.4. Responsabilidades

Determina a NR-9 que compete ao empregador: estabelecer, implementar e


assegurar o cumprimento do PPRA, como atividade permanente da empresa ou
instituição, além de informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente
sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabal ho e sobre
os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se deles.
Por outro lado, são deveres dos empregados colaborar e participar na implantação
e execução do programa de prevenção de riscos ambientais, seguir as
orientações recebidas nos treinamentos oferecidos, além de informar ao superior
hierárquico direto qualquer ocorrência que, a seu julgamento, possa implicar riscos
à saúde dos trabalhadores.

A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA,


segundo a NR-9, poderão ser feitos pelos profissionais integrantes do SESMT da
própria empresa ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do
empregador, sejam capazes de desenvolvê-lo.
Apesar do disposto na NR-9, é recomendável que o PPRA seja elaborado
por profissional competente para tanto, médico do trabalho ou engenheiro de
segurança. Principalmente quanto a avaliação quantitativa dos riscos, que deve
ser feita por profissional capacitado para tanto, com formação em higiene
ocupacional. Caso contrário, corre-se o risco de todo o Programa ser embasado
em dados não confiáveis.

11.5. Revisando

a) Quais são os riscos ambientais considerados na NR-9?

b) Quais são as etapas que o desenvolvimento do PPRA deve incluir?

57
Capítulo 12 – NR-15 – Atividades e Oper ações Insalubres

12.1. Texto legal e generalidadas

É oportuno destacar que o tema insalubridade ao lado da periculosidade


(NR-16) são os que despertam maiores polêmicas no âmbito da segurança e
saúde do trabalho. As controvérsias são múltiplas, tanto do ponto de vista técnico
e legal quanto em seus aspectos doutrinários e jurisprudenciais, certamente que
em razão da abrangência e complexidade da matéria, aliada às conhecidas
repercussões salariais decorrentes dos adicionais, além de propiciar, também, a
aposentadoria precoce do trabalhador (aposentadoria especial).
Em virtude da dificuldade de definir com o rigor científico o que seja
atividade insalubre, isso será feito de forma genérica a partir de sua definição
gramatical, confrontando-a com as definições de atividades perigosas e penosas,
de modo a possibilitar, a partir de então, dirimir eventuais confusões entre um
tema e outro, até porque, conforme será visto adiante, as definições técnicas e
legais de insalubridade, periculosidade e penosidade não se afastam muito dos
conceitos literais.

Segundo o Dicionário Aurélio:


- Insalubre é um adjetivo que expressa a qualidade daquilo que: “não é
salubre”; “não é saudável”; “que causa doença” ou “doentio”.
- Periculoso é um adjetivo que expressa a qualidade daquilo: “que causa ou
ameaça perigo”; “em que há perigo”. Deve-se, em termos laborais, entender
perigo como sendo um risco à integridade física do trabalhador.
- Penoso é uma qualidade daquilo que: “causa pena”; “incomoda”;
“doloroso”; “difícil”.

A Constituição brasileira, além de conter um dispositivo específico


sinalizando no sentido de ser direito dos trabalhadores urbanos e rurais a redução
dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e
segurança, há um outro específico garantindo aos mesmos trabalhadores o direito
à percepção de adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres
e perigosas, na forma de lei ordinária.
O ordenamento jurídico brasileiro possui vários dispositivos de legislação
ordinária disciplinando a temática da insalubridade e da periculosidade, dentre os
quais merecem destaque os arts. 189 a 197 da CLT e a Lei 7.369, de 20 de
setembro de 1985. Apesar de anteriores à promulgação da Constituição de 88,
eles foram integralmente recepcionados por ela. Todavia, há mais de dez anos
aguarda-se a elaboração de uma lei ordinária disciplinadora das atividades e
operações penosas e o correspondente adicional devidos aos empregados
sujeitos à condição de penosidade em seu ambiente de trabalho.

A Norma Regulam entadora NR-15 – Atividades e Operações Insalubres é


constituída por 14 anexos, cada um tratando de determinado agente ou grupo de
agentes nocivos à saúde dos trabalhadores, sendo que, atualmente, um dos

58
citados anexos encontra-se revogado. São legalmente consideradas atividades ou
operações insalubres as que se desenvolvem:

a) Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos nos :

01- Ruído Contínuo ou Intermitentes


02- Ruído de Impacto
03- Calor Radiante
05- Radiações Ionizantes
08- Vibrações
11- Agentes Químicos
12- Poeiras Minerais

Convém ressaltar que, para se caracterizar a exposição insalubre a esses


agentes, necessária se faz a avaliação quantitativa com a utilização de aparelhos
de medição específicos para cada agente insalubre, a fim de constatar a
extrapolação ou não dos limites de tolerância.

Limite de Tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou mínima,


relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará
dano à saúde do trabalhador durante sua vida laboral. Ao contrário, se o
trabalhador exercer atividades com exposição a agentes insalubres acima ou
abaixo dos limites de tolerância estipulados, e sem a proteção adequada, fará jus
ao adicional de insalubridade.

b) Nas atividades mencionadas nos Anexos nos :

06- Trabalho Sob Condições Hiperbáricas


07- Radiações Não Ionizantes
09- Frio
10- Umidade
13- Agentes Químicos
14- Agentes Biológicos

Para se caracterizar a insalubridade em decorrência da exposição dos


trabalhadores a esses agentes, necessária se faz a realização de avaliação
qualitativa, dispensando-se a utilização de aparelhos de medição, até porque a
NR-15 não fixou limites de tolerância para tais agentes.

O Anexo no 04- Níveis Mínimos de Iluminamento foi revogado pela Portaria


MTPS no 3.751, de 23 de novembro de 1990, que descaracterizou o baixo nível de
iluminação como sendo um agente insalubre. Não obstante, deverão as empresas
manter nos locais de trabalho níveis de luminosidade ambiental compatíveis com
os preconizados pela NBR 5413, norma braslieira registrada no Instituto Nacional
de Metrologia – INMETRO.

59
A insalubridade pode ser caracterizada como sendo de grau máximo, médio
ou mínimo, caso em que o trabalhador fará jus, respectivamente, ao adicional de
insalubridade correspondente a 40%, 20% ou 10%, sempre incidentes sobre o
salário mínimo legal. A título de lembrete, os agentes físicos ruído, calor,
radiações não ionizantes, vibração, vibração, frio e umidade, quando constatada a
insalubridade, serão de grau médio (20%), ao passo que os outros dois agentes
físicos, radiações ionizantes e pressões hiperbáricas, se constatada a exposição
insalubre, serão de grau máximo, não havendo, legalmente, nenhuma
possibilidade de se caracterizar insalubridade de grau mínimo em relação a
agentes físicos. Já os agentes químicos, tanto quanto aos que possuem limites de
tolerância fixados nos anexos nos 11 e 12 da NR-15 quanto aqueles que não
possuem fixação normativa de tais limites, anexo no 13 da NR-15, conforme o
caso, poderá a insalubridade se caracterizar como sendo de grau máximo, médio
ou mínimo. No tocante aos agentes biológicos, poderão ensejar a insalubridade de
grau máximo ou médio, nunca porém de grau mínimo.

Oportuno destacar que é possível, e de ocorrência até comum na prática, o


trabalhador fic ar exposto a mais de um agente insalubre de graus diversos;
todavia é legalmente vedada a percepção cumulativa de mais de um adicional de
insalubridade; inclusive, não poderá o trabalhador perceber simultaneamente os
adicionais de insalubridade e periculosidade. Em síntese, o empregado fará jus a
um único adicional de insalubridade (de grau máximo, médio ou mínimo) ou de
periculosidade, devendo ser pago, obviamente, o de maior valor monetário.

Duas são as hipóteses legalmente previstas e que visam a eliminação ou


neutralização da insalubridade:
a) com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância; ou seja, adotando-se medidas técnicas de
proteção coletiva;
b) com o fornecimento gratuito pelo empregador e utilização pelos
empregados de equipamentos de proteção individual que diminuam a intensidade
do agente agressivo aos limites de tolerância legalmente aceitos.

É possível o empregador suprimir o pagamento do adicional de


insalubridade a seus empregados, quando eliminada ou neutralizada a exposição,
sem qualquer ofensa a direito adquirido, mesmo em relação aos trabalhadores
que por vários anos seguidos já vinham percebendo tal verba, tanto assim que o
art. 194 Consolidado expressamente autoriza tal supressão de pagamento. Esse
entendimento, por sinal, já se encontra sumulado em verbete específico do
Colendo Tribunal Superior do Trabalho (enunciado TST no 248). Oportuno
ressaltar que o adicional de insalubridade foi legalmente instituído como forma de
penalizar financeiramente o empregador, de modo a forçá-lo a adotar as medidas
de proteção em seu ambiente de trabalho e assim, propiciar a seus empregados
um local de trabalho seguro e sadio, que é o objetivo final da segurança e
medicina do trabalho. Destarte, não seria justa a continuidade de tal encargo para
o empregador quando este adotou todas as medidas preventivas adequadas, sob
pena de lhe faltar estímulo para investir na melhoria dos ambientes de trabalho.

60
Da mesma forma que para se caracterizar a existência de insalubridade é
indispensável a realização de perícia técnica no ambiente de trabalho, a
comprovação de que o empregador adotou medidas que eliminaram ou
neutralizaram os efeitos nocivos dos agentes insalubres necessariamente deverá
ser feita por meio de uma avaliação pericial específica.
Segundo o art. 195 da CLT, o Engenheiro de Segurança do Trabalho e o
Médico do Trabalho são os dois profissionais legalmente aptos a proceder a
avaliações periciais de insalubridade e de periculosidade. A NR-15, através de
item específico (15.4.1.1), disciplinando o citado artigo da CLT, ratificou tal
entendimento. Nesse mesmo sentido, o Anexo no 12: Limite de Tolerância para
Poeiras Minerais, com a nova redação dada pela Portaria DNSST no 08, de 5 de
outubro de 1992, é expresso ao afirmar a competência do Engenheiro de
Segurança do Trabalho e do Médico do Trabalho para proceder a perícias
técnicas para fins de caracterização do exercício insalubre, deixando patente, de
forma bastante clara, a posição do órgão Ministerial acerca da aludida
competência comum e concorrente dos dois profissionais especialistas.
São requisitos necessários de um laudo pericial para fins de caracterização
do exercício insalubre ou perigoso:
a) o critério utilizado (verificação física, reconstituição do local de
trabalho, etc.);
b) a descrição do instrumental utilizado;
c) a metodologia de avaliação;
d) a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição aos
agentes insalubres ou periculosos;
e) a conclusão fundamentada, caracterizando ou não o exercício
insalubre ou periculoso, conforme o caso, e indicando para aquele qual o grau
correspondente;
f) as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade e da
periculosidade, quando houver.

São deveres elementares do empregador quanto à insalubridade e


periculosidade nos locais de trabalho:
a) comprovar, mediante laudo pericial específico, que fornece a seus
empregados um ambiente de trabalho sadio (isento de agentes insalubres) e
seguro (isento de agentes periculosos);
b) adotar medidas técnicas de proteção coletiva que tornem o ambiente
de trabalho dentro dos limites de tolerância;
c) fornecer ao empregados, gratuitamente, e tornar obrigatório o uso de
Equipamentos de Proteção Individual – EPI, enquanto se adota a proteção
coletiva;
d) remunerar os empregados com o correspondente adicional de
insalubridade ou de periculosidade enquanto persistirem, no ambiente de trabalho,
os agentes nocivos à saúde ou à integridade física dos trabalhadores.

Abaixo será apresentado um quadro resumo enumerando os Anexos da


NR-15, com a especificação dos agentes legalmente considerados insalubres, os
graus de insalubridade e os adicionais correspondentes.

61
Quadro resumo de Atividades e Operações Insalubres

Anexo Agentes Insalubres – Atividades ou Grau de Adicional


no Operações que exponham o trabalhador a Insalubridade Devido
Níveis de RUÍDO CONTÍNUO OU
01 INTERMITENTE superiores aos Limites de Médio 20%
Tolerância estabelecidos
02 Níveis de RUÍDO DE IMPACTO superiores Médio 20%
aos Limites de Tolerância estabelecidos
Exposição ao CALOR RADIANTE com
03 valores de IBUTG superiores aos Limites Médio 20%
de Tolerância estabelecidos
04 ILUMINAMENTO (Revogado pela Portaria - -
MTPS, no 3.751, de 23/11/90)
Níveis de RADIAÇÃO IONIZANTE (Raios
05 X, Alfa, Beta e Gama) com radioatividade Máximo 40%
superior aos Limites de Tolerância
constantes da Norma CNEN-NE-3.01
06 PRESSÕES HIPERBÁRICAS (Ar Máximo 40%
Comprimido e Atividades de Mergulho)
07 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES Médio 20%
(Microondas, Ultravioletas e Laser)
Níveis de VIBRAÇÃO superiores aos
08 Limites de Tolerância estipulados nas Médio 20%
normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349
09 FRIO Médio 20%
10 UMIDADE Médio 20%
Níveis de AGENTES QUÍMICOS cujas Máximo 40%
11 concentrações superam os Limites de Médio 20%
Tolerância fixados no Quadro no 01 da NR- Mínimo 10%
15
Níveis de POEIRAS MINERAIS (Asbesto,
12 Manganês e Sílica) cujas concentrações Máximo 40%
superam os Limites de Tolerância
AGENTES QUÍMICOS sem fixação de Máximo 40%
13 Limites de Tolerância e considerados Médio 20%
insalubres em função de inspeção Mínimo 10%
qualitativa realizada no local de trabalho
14 AGENTES BIOLÓGICOS Máximo 40%
(Microorganismos em geral) Médio 20%

Observação importante: o adicional de insalubridade, no regime da CLT,


incide sempre sobre o salário mínimo legal, enquanto o adicional de
periculosidade é calculado sobre o salário básico do trabalhador;

62
12.2. Revisando

a) Quais os agentes de insalubridade que são avaliados quantitativamente


e que são avaliados qualitativamente?

b) Quais são as hipóteses legalmente previstas para a eliminação ou


neutralização da insalubridade?

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações)

63
Capítulo 13 – NR-16 – Atividades e Operações Perigosas

13.1. Texto legal e generalidades

Os aspectos gerais das Atividades e Operações Perigosas foram


amplamente discutidos no capítulo anterior pelas similaridades existentes com as
Atividades e Operações Insalubres.
Não há dúvida que a maior parte dos conflitos de entendimentos quanto a
periculosidade decorre das repercussões de caráter financeiro do adicional. Por
isso, a caracterização de periculosidade tem sido motivadora de vários embates
judiciais entre empresas e trabalhadores.
Até pouco tempo atrás, havia apenas duas modalidades de substâncias
legalmente possíveis de caracterizar o exercício periculoso, mais especificamente
os explosivos e os inflamáveis, tal como tipificado no art. 193 da CLT e
regulamentado através da Norma Regulamentadora NR-16: Atividades e
Operações Perigosas, da Portaria MTb n. 3.214, de 08/06/78, cons tituída de dois
anexos: 01: Atividades e Operações Perigosas com Explosivos e 02: Atividades e
Operações Perigosas com Inflamáveis. Posteriormente, e como decorrência da
promulgação da Lei n. 7.369, de 20/09/85, a energia elétrica passou a se constituir
na terceira possibilidade legal de atividade periculosa. A regulamentação desta lei
instituidora do adicional de periculosidade para os que trabalham expostos aos
riscos de energia elétrica foi efetivada através do Decreto n. 93.412, de 14/10/86,
que instituiu o quadro de atividades/áreas de risco, sem qualquer alteração da NR-
16.
Entretanto, com a edição da Portaria MTb n 3.393, de 17/12/87, o Ministério
do Trabalho passou a caracterizar a exposição às radiações ionizantes como
sendo o quarto agente periculoso; todavia, tal enquadramento ministerial se
vislumbra ilegal, em face da inexistência de lei ordinária específica que caracterize
a exposição às radiações ionizantes como sendo atividade perigosa, ou que
autorize o Ministro do Trabalho a ampliar o rol de agentes legalmente
considerados nocivos à integridade física dos trabalhadores. A propósito, o próprio
Ministério do Trabalho sempre se justificou perante os sindicatos dos profissionais
de energia elétrica no sentido de que não possuía autorização legal para, através
de simples portaria, enquadrar a energia elétrica como agente periculoso, daí
porque os sindicatos interessados desenvolveram uma luta junto ao Congresso
Nacional até obterem a vitória final com a sanção da lei específica antes
enumerada. Oportuno lembrar, também, que o inciso XXIII do art. 7o da
Constituição Federal de 1988, ao assegurar o direito dos trabalhadores urbanos e
rurais à percepção de adicionais de remuneração de insalubridade, penosidade e
periculosidade, expressamente condicionou que tal deveria se verificar de
conformidade com a lei, entendendo-se como tal, obviamente, a manifestação
formal do Poder Legislativo, e não um mero ato administrativo, ainda que
denominado portaria ministerial, a qual deve limitar-se apensar a disciplinar,
conforme o caso, o que determinado em lei específica. Feita essa ressalva e
apesar disso, cumpre esclarecer que a periculosidade por exposição às radiações
ionizantes será abordada mais adiante.

64
Explosivos são substâncias capazes de rapidamente se transformar em
gases, produzindo calor intenso e pressões elevadas. Exemplo: dinamite,
nitroglicerina, nitrocelulose, espoletas e pólvora negra. Da mesma forma, são
considerada atividades perigosas: armazenamento, transporte, operação de
carregamento, detonação, verificação de detonações falhas, queima e destruição
de explosivos deteriorados; operações de manuseio de explosivos, e também, a
operação de escorva dos cartuchos de explosivos.

Líquidos combustíveis são substâncias que possuem ponto de fulgor igual


ou superior a 70 °C (setenta graus centrígrados) e inferior a 93,3 °C(noventa e três
graus e três décimos). Exemplos: óleo diesel, óleo lubrificante e óleo BPF.
Líquidos inflamáveis são substâncias que possuem ponto de fulgor inferior a 70 °C
(setenta graus centígrados) e pressão de vapor que não exceda 2,8 Kg/cm2
absoluta a 37,7 °C. Exemplos: gasolina, álcool, solventes e nafta.
São consideradas atividades ou operações perigosas com inflamáveis:
produção, processamento, transporte e armazenagem de gás liquefeito de
petróleo; transporte e abastecimento de veículos, aeronaves e navios com
inflamáveis líquidos; poços de petróleo em produção de gás e unidades de
processamento de refinarias.

Radiação ionizante é a forma de energia que se transmite pelo espaço


através de ondas eletromagnéticas que apresentam comportamento corpuscular,
e, ao atingir um átomo tem a propriedade de subdividi-lo em duas partes
eletricamente carregadas, chamadas par iônico. As radiações ionizantes possuem
comprimentos de onda bastante pequenos, menores de dez nanômetros (10-9 m),
e freqüências altíssimas, superiores a dez petahertz (1015 Hz). Exemplos: raios X,
alfa, beta e gama. O Anexo intitulado Atividades e Operações Perigosas com
Radiações Ionizantes ou Substâncias Radioativas, incluído na NR-16 por força da
Portaria Ministerial MTb n. 3.393, de 17/12/87, objeto da ressalva antes
mencionada, considera que são atividades perigosas com radiações ionizantes:
produção, utilização, processamento, transporte, guarda, estocagem e manuseio
de materiais radioativos; atividades de operação e manutenção de reatores
nucleares; atividades de operação e manutenção de aceleradores de partículas;
atividades de operação com aparelhos de raios X, com irradiadores de radiação
gama, radiação beta ou radiação de nêutrons; atividades de medicina nuclear; e
descomissionamento de minas , moinhos e usinas de tratamento de minerais
radioativos.

Energia elétrica é a energia proporcionada pela eletricidade, ou seja, forma


de energia natural ligada aos elétrons, que se manisfesta por atrações e
repulsões, e fenômenos luminosos, químicos e mecânicos. Eletricista é
profissional qualificado genericamente para construir, instalar, reparar, conservar e
manter em operação condutores, acessórios, sistemas elétricos e linhas de alta ou
baixa tensão, enquanto eletricitário é o profissional que exerce qualquer atividade
ligada diretamente à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
Registre-se, também, que a exposição à energia elétrica pode ser caracterizada
como perigosa tanto na forma de alta quanto em baixa voltagem. São

65
consideradas atividades perigosas em decorrência da possibilidade de contato
com energia elétrica: atividades de construção, operação de redes e linhas aéreas
e subterrâneas de alta ou baixa tensões; atividades de inspeção, testes, ensaios,
calibração, medição e reparos em equipamentos e materiais elétricos, eletrônicos,
eletromecânicos e de segurança individual e coletivas em sistemas elétricos de
potência alta e baixa tensões; atividades de construção, operação e manutenção
das usinas, unidades geradoras, subestações e cabinas de distribuição em
operações; e atividades de treinamento em equipamentos ou instalações
energizadas, ou desenergizadas, mas com possibilidade de energização acidental
ou por falha operacional.
Uma das grandes controvérsias surgidas na caracterização do exercício
periculoso com energia elétrica diz respeito ao pagamento do adicional de
periculosidade proporcionalmente às horas de efetiva exposição ao risco de
contato com o agente perigoso, tal como previsto no inciso II do art. 2o do Decreto
n. 93.412/86. Entretanto, tal hipótese evidencia acoimada de ilegalidade, em razão
de que, sabidamente, tal dispositivo regulamentador não pode suplantar o que já
anteriormente definido de forma expressa pelo art. 1o da Lei n. 7.369/85, no
sentido de que o adicional de periculosidade corresponde ao percentual único de
30% (trinta por cento) incidente sobre o salário básico do trabalhador.

Abaixo será apresentado um quadro resumo enumerando os Anexos da


NR-16, com a especificação dos agentes periculosos, a fundamentação legal e os
adicionais correspondentes.

Quadro resumo de Atividades e Operações Periculosas

Agente Fundamentos Regulamentação Adicional


Periculoso Legais Devido
Anexo n. 01: Atividades e Operações
Explosivos Artigos 193 e Perigosas com Explosivos, da NR-16: 30%
197 da CLT Atividades e Operações Perigosas; e
NR-19: Explosivos
Anexo n. 02: Atividades e Operações
Inflamáveis Artigos 193 e Perigosas com Inflamáveis, da NR- 30%
197 da CLT 16; e NR -20: Líquidos Combustíveis
e Inflamáveis
Portaria MTb n. 3.393, de 17/12/87,
Radiações Inexistente que incluiu o Anexo n. 03: Atividades 30%
Ionizantes e Operações Perigosas com
Radiações Ionizantes ou Substâncias
Radioativas na NR -16
Energia Lei n. 7.369, Quadro de Atividades/Áreas de Risco 30%
Elétrica de 20/09/85 do Decreto n. 93.412, de 14/10/86

66
13.2. Revisando

a) Quais são os agentes que podem originar periculosidade?

b) Qual a diferença fundamental entre os valores pagos para os adicionais


de insalubridade e periculosidade?

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações)

67
Capítulo 14 – Perícia Trabalhista

14.1. Conceitos Elementares

a) Perícia judicial é a modalidade de prova processual consistente no


exame de caráter técnico, normalmente realizado por profissional especialista
previamente escolhido e designado pelo Juiz, objetivando esclarecer, do ponto de
vista estritamente técnico, um fato, estado ou valor de um objeto controvertido,
cujo conhecimento extrapola o saber jurídico comum do magistrado. No âmbito da
Justiça do Trabalho são comuns as perícias contábeis, na fase de liquidação da
sentença, e as avaliações de insalubridade e periculosidade, sendo que, a
primeira modalidade não será abordada aqui.

b) Perito ou expert judicial é o Auxiliar da Justiça designado pelo Juiz


para atuar no processo de forma meramente circunstancial, em razão de ser
detento de capacitação profissional que o habilita a emitir parecer técnico acerca
de determinado ponto controvertido. No âmbito da Justiça do Trabalho, e
especificamente em relação a avaliações de insalubridade ou periculosidade,
somente o Engenheiro de Segurança do Trabalho e o Médico do Trabalho podem
ser designados para atuar como peritos judiciais, na forma prevista no artigo 195
Consolidado. Importante lembrar que o perito judicial não percebe pagamento por
seu trabalho diretamente do Poder Judiciário, mas sim da parte que for vencida na
demanda trabalhista, que deverá depositar em juízo os correspondentes
honorários periciais que vierem a ser estipulados pelo Juiz. Importante também
que o perito judicial, mesmo não sendo servidor integrante dos quadros da Justiça,
a partir do momento de sua designação, obriga-se a realizar o trabalho pericial
utilizando-se de seus conhecimentos científicos e em estrita observância dos
princípios da ética e lealdade profissional, inclusive se sujeitando aos institutos
processuais de impedimento e de suspeição, tal como previsto nos artigos 134,
135 e 138, III, todos do Código de Processo Civil brasileiro, ou possuir qualquer
envolvimento (parentesco, amizade íntima, inimizade, interesse econômico, e
outros) com qualquer das partes em litígio, caso em que deverá comunicar
imediatamente tal situação ao Juiz, competindo a este indicar outro profissional.

c) Assistente técnico é o profissional livremente escolhido, contratado e


pago diretamente pelas partes no curso de um processo em que tiver sido
designada a realização de perícia téc nica. Registre-se que a indicação de
assistentes técnicos é uma faculdade das partes, não havendo obrigação de tal
contratação. Oportuno destacar que, apesar do termo assistente técnico, na
verdade o citado profissional deve possuir formação técnica idêntica à legalmente
exigida para o expert judicial, conforme o caso, não havendo qualquer hierarquia
ou subordinação entre o perito judicial e os assistente técnicos. Na verdade, a
missão processual destes últimos é apresentar em juízo a visão técnica da parte
que o contratou acerca do objeto que motivou a designação da avaliação técnica
judicial. Em sendo os assistentes técnicos da absoluta confiança das partes em
litígio, a eles não se aplicam os institutos processuais de impedimento e suspeição

68
antes mencionados em relação ao perito judicial. Quando o perito do juízo e os
assistentes técnicos realizam a avaliação técnica em conjunto e concordam com
uma mesma conclusão técnica, o laudo pericial será único e subscrito por todos
esses profissionais. Caso contrário, cada um deles realizará seu próprio laudo
técnico, ficando o Juiz livre para escolher qual dos pareceres técnicos adotará na
fundamentação técnica de sua decisão judicial acerca do ponto objeto da perícia.
Optando o Juiz pelo laudo técnico de um dos as sistentes técnicos, tal não deve
significar nenhum demérito em relação ao trabalho do perito judicial. Importante
lembrar que o compromisso processual do assistente técnico é tão somente
entregar em juízo seu laudo técnico no mesmo prazo que foi concedido ao perito
judicial, sob pena de preclusão, ou seja, tal conclusão técnica não ser sequer
apreciada.

d) Laudo técnico pericial é a materialização escrita do trabalho técnico


desenvolvido no curso processual e que expressa o parecer técnico do perito
judicial ou do assistente técnico, ou do conjunto deles, acerca de determinado
ponto controvertido, caso estes últimos tenham sido designados pelas partes em
litígio. Importante lembrar que devem constar do laudo técnico pericial as
respostas aos quesitos porventura formulados pelas partes e pelo prórpio Juiz,
conforme o caso.

14.2. Estrutura

Apesar do mais comum ser a realização de perícias técnicas de


insalubridade e periculosidade, elas também podem ser realizadas com outras
finalidades que não especificamente o mero pagamento de adicionais, como por
exemplo para fins de aposentadoria especial. Na essência não há divergências
significativas na realização das perícias técnicas, uma vez que os laudos periciais
devem obsevar um roteiro básico contendo, no mínimo, as seguintes partes:

a) Introdução, na qual o expert judicial faz um breve relato processual


destacando as argumentações do Reclamante e as argüições defensivas da
Reclamada, e que culminaram com a sua designação judicial para atuar no
processo.

b) Descrição do Ambiente de Trabalho e das Atividades do Reclamante:


o expert faz uma descrição sucinta do local de trabalho do Reclamante, relatando,
por exemplo, as condições da edificação, o tipo de atividades desenvolvidas, o
maquinário existente, o número de trabalhadores envolvidos, se há utilização ou
não de equipamentos de proteção individual, enfim, as condições gerais de
conforto ambiental, inclusive ergonômicas, se for o caso. Todavia, não deve o
perito se alongar em considerações genéricas e inúteis ao processo, sempre
tendo em mente que deve centrar suas observações técnicas no caso concreto
dos autos, especificando detalhadamente o processo operacional desenvolvido
pelo Reclamante, as fontes de risco ambientais existentes e os correspondentes
agentes nocivos a que se expunha no desenvolvimento de suas atividades.

69
c) Metodologia de Avaliação, por intermédio da qual deve o perito
judicial descrever a metodologia de avaliação utilizada, se análise qualitativa ou
quantitativa, ou ambas, e, conforme o caso, descrevendo a aparelhagem utilizada,
tempo de medição, lembrando que, em relação aos agentes que possuem limites
de tolerância delimitados pelo Ministério do Trabalho – ruído, calor radiante,
radiações inonizantes e não ionizantes, vibrações, e agentes químicos des critos
no Anexo n. 11 da NR-15, e poeiras minerais -, devem ser quatificados
adequadamente, ao passo que os demais agentes nocivos à saúde ocupacional
desprovidos de limites de tolerância específicos – pressões hiperbáricas, frio,
umidade, agentes químicos descritos no Anexo n. 13 da NR-15, e agentes
biológicos – se sujeitam apenas a avaliação qualitativa.

d) Fundamentação, através da qual o perito judicial descreve as


possíveis conseqüências de danos nocivos à saúde ou à integridade física a que
esteve exposto o Reclamante no desempenho de suas atribuições profissionais, e,
conforme o caso, tipificando o enquadramento legal das condições de trabalho nas
normas regulamentadoras específicas, NR-15 ou NR-16, ou no Decreto n. 93.412,
de 14/10/86, que regulamentou a Lei n. 7.369, de 20/09/85, no caso particular de
energia elétrica.

e) Conclusão, por meio da qual o perito judicial externa sua convicção


técnica acerca do objeto central da lide, qual seja, se o Reclamante exerceu ou
não atividades insalubres, e, em caso positivo, em que grau (máximo, médio ou
mínimo), ou se se sujeitou às condições de risco a sua integridade a ponto de
caracterizar seu exercício profissional como periculoso. Importante destacar que
não deve o perito judicial concluir seu parecer técnico afirmando que o
Reclamante “tem direito” ou “faz jus” ao adicional de insalubridade ou de
periculosidade, ou o contrário, uma vez que tal conclusão é essencialmente
jurídica, competindo exclusivamente ao Juiz fazê-la por ocasião da sentença.

f) Respostas aos Quesitos Formulados. Recomenda-se que o expert


judicial responda a todos os quesitos formulados pelo Reclamante, pela
Reclamada e pelo próprio Juiz, acaso existentes, de forma clara, sintética e
objetiva, podendo inclusive se reporta aos itens do laudo técnico que porventura
guardem correlação com as indagações apresentadas.

14.3. Revisando

a) Qual a diferença da função do perito judicial e do assistente técnico?

b) Quais são as principais partes que devem conter um laudo pericial?

(Trecho retirado do item 6 da Bibliografia, com algumas adaptações)

70
Capítulo 15 – Tópicos Especiais

15.1. Aposentadoria Especial

A Aposentadoria Especial, que encontra-se amparada legalmente pelo Art.


202, inciso II da Constituição Federal 1988, é um benefício por tempo de serviço
garantido ao trabalhador filiado ao Regulamento Geral de Previdência Social
(RGPS) e ao servidor civil (art. 40) que “exerce atividade perigosa, penosa ou
insalubre”. Um pequeno deslize lingüistico no texto constitucional colocou de
forma vaga a expressão “exerce”, que não significa claramente “estar exposto aos
agentes nocivos”, induzindo diversas interpretações sobre o tema.

A aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria por tempo de


serviço devida a segurados que durante 15, 20 ou 25 anos de serviços
consecutivos ou não, em uma ou mais empresas, em caráter habitual e
permanente, não ocasional nem intermitente, estiveram expostos a agentes
ambientais que puderam afetar sua saúde.
Os prazos de 15, 20 e 25 anos são valores estimados e considerados
suficientes pelo legislador para garantir a não caracterização da ação nociva ao
segurado em função da exposição aos agentes agressivos, que a partir de cada
um destes períodos estaria caracterizada a aposentadoria por invalidez.

A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo


segurado, perante o INSS. O INSS considera tempo de trabalho , os períodos
correspondentes ao exercício de atividade habitual e permanente, não ocasional
nem intermitente, durante a jornada de trabalho. As seguintes definições, segundo
o INSS, definem a expressão habitual e permanente, não ocasional nem
intermitente:
a) Trabalho habitual e permanente: aquele em que o segurado, no exercício
de todas as suas funções, esteve efetivamente exposto à agentes nocivos físicos,
químicos, biológicos ou associação de agentes;
b) Trabalho não ocasional nem intermitente: aquele em que, na jornada de
trabalho, não houve interrupção ou suspenção do exercício de atividade de
exposição aos agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada,
atividade comum e epsecial.

As atividades devem ser exercidas em condições especiais, isto é, com


exposição aos agentes ambientais nocivos, em condições prejudiciais à saúde ou
integridade física do segurado do INSS, durante o período mínimo fixado. A
identificação dos agentes insalubres estão regulamentados através da Portaria
MTE 3.215/78 (NR-15).

O segurando deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos


agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido
para a concessão do benefício.

71
Os períodos de recebimento de auxílio-doença ou de aposentadoria por
invalidez, não contam para a carência nem são considerados como tempo de
trabalho sob condições especiais, exceto os acidentários.

Segunda a IN 84/02, Art. 146, Parágrafo 3°, qualquer que seja a data do
requeriamento dos benefícios do RGPS, as atividades exercidas deverão ser
analisadas da seguinte forma:

Período Trabalho Enquadramento


Até 28/04/1995 Quadro anexo ao Decreto n° 53.831, de 1964. Anexos I e II
do RBPS, aprovado pelo Decreto n° 83.080, de 1979. Sem
apresentação de laudo técnico, exceto para ruído.
De 29/04/1995 a Anexo I do Decreto n° 83.080, de 1979. Código 1.0.0 do
05/03/1997 Anexo ao Decreto n° 53.831, de 1964. Com apresentação
de laudo técnico.
A partir de Anexo IV do Decreto n° 2.172, substituído pelo Decreto n°
06/03/1997 3.048, de 1999. Com apresentação de laudo técnico.

A legislação previdenciária estabelece que o benefício da aposentadoria


especial será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que
trata o inciso II do artigo 22 da Lei 8.212/01 (9.722/98), ou seja o recolhimento de
1%, 2% ou 3% decorrentes do grau de incidência dos riscos ambientais do
trabalho.
Os percentuais acima incidem sobre o total das remunerações pagas ou
creditadas no decorrer do mês, por conta do empregador, cujas alíquotas serão
acrescidas de 12, 9 ou 6 pontos percentuais, conforme a ativi dade exercida pelo
segurado a serviço da empresa que permita a concessão da aposentadoria
especial de 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente. Estes valores
percentuais devem ser recolhidos às custas do empregador, considerando a
remuneração do segurado sujeito a condições especiais.

Para o segurado que tiver exercido sucessivamente duas ou mais atividade


sujeitas a condições especiais prejudiciais à saúde ou a integridade física, sem
completar em qualquer delas, o prazo mínimo exigido para a aposentadoria
especial, os respectivos períodos serão somados após a conversão conforme a
tabela apresentada abaixo:

Tempo de Atividade a ser Convertido


Para 15 Para 20 Para 25 Para 30 Para 35
De 15 anos 1,00 1,33 1,67 2,00 2,33
De 20 anos 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75
De 25 anos 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40

É vedada a conversão de atividade sob condições especiais em tempo de


atividade comum, exceto o tempo de trabalho exercido até 05/03/97 sem efetiva

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exposição aos agentes nocivos, que será somado após a respectiva conversão
do tempo de trabalho exercido em atividade comum, desde que o segurado tenha
completado 20% do tempo necessário para obtenção do benefício, observada a
tabela de conversão.

(Trecho retirado do item 1 da Bibliografia, com algumas adaptações)

15.2. Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP

O Perfil Profissiográfico Previdenciário, chamado PPP, é um documento


criado para identificar e detalhar o exercício das atividades exercidas pelo
segurado em condições especiais, aplicando-se para aqueles que estejam
expostos aos agentes ambientais definidos pela legislação.
Segundo a IN 99/03, o PPP tem como finalidade:
I – comprovar as condições para habilitação de benefícios e serviços
previdenciários, em especial, a aposentadoria especial;
II – prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo empregador
perante a Previdência Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma
a garantir todo direito decorrente da relação de trabalho, seja ele individual, ou
difuso e coletivo;
III – prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de
modo a organizar e a individualizar as informações contidas em seus diversos
setores ao longo dos anos, possibilitando que a empresa evite ações judiciais
indevidas relativas a seus trabalhadores;
IV – possibilitar aos administradores públicos e privados acesso a bases de
informações fidedignas, como fonte primária de informação estatística, para
desenvolvimento de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como definição de
políticas em saúde coletiva.
A empresa deve elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as
atividades desenvolvidas pelo trabalhador. É o documento histórico de laboração,
personalíssimo, do trabalhador que presta serviço que, entre outras coisas
informações, registra dados administrativos, parâmetros ambientais e indicadores
biológicos.
Na elaboração do PPP, deve haver uma interação profunda com o PPRA e
o PCMSO e com o PCMAT e PGR, onde couber. As empresas precisam manter
informações atualizadas e confiáveis sobre as condições ambientais em que seus
empregados exercem suas atividades.

15.3. Revisando

a) Conceitue a aposentadoria especial.

b) O que é o PPP?

(Trecho retirado do item 1 da Bibliografia, com várias adaptações)

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Bibliografia:

1) ARAÚJO, Giovani Moraes de (Autor, Editor e Organizador). Normas


Regulamentadoras Comentadas. 4ª edição. Volume 1 e 2. rev. ampl. e atual, Rio
de Janeiro 2003.
2) TORREIRA, Raúl Peragallo. Segurança Industrial e Saúde. São Paulo:
Libris, 1997.
3) Manuais de Legislação – Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo:
Atlas.
4) PIZA, Fábio de Toledo. Conhecendo e Eliminando Riscos no Trabalho.
Campanha da Indústria para Prevenção de Acidentes de Trabalho.
CNI/SESI/SENAI/IEL.
5) NBR 14280 – Cadastro de Acidente de Trabalho – Procedimento e
Classificação. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2001.
6) GONÇALVES, Edwar Abreu. Manual de segurança e saúde no trabalho.
São Paulo, LTr, 2000.
7) Cartilha de divulgação da Norma SA 8000 – Responsabilidade Social da
Unidade de Negócios Bacia de Campos – Petrobras – Maio/2003.
8) Apostilas do Curso de Formação de Higienistas – ITSEMAP. 2000.

Sites de interesse:

1) www.planalto.gov.br – site do Palácio do Planalto onde se pode


pesquisar na íntegra a legislação brasileira.
2) www.mte.gov.br – site do Ministério do Trabalho, para pesquisa relativa a
prática trabalhista.
3) www.inss.gov.br – site do Instituto Nacional do Seguro
Social/Previdência Social, para pesquisa relativa a benefícios previdenciários.
4) www.abho.com.br/noticias/ - site da Associação Brasileira de Higiene
Ocupacional.

Revistas de interesse :

1) Revista CIPA – Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes –


www.cipanet.com.br
2) Revista Proteção – www.protecao.com.br

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