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2 Nota de abertura. 125 Jurisprudência W Acção penal eos representantesda Fazenda Publica
W Actividade comercial e lucro tributável
' 3 Jorge Magalhães Correia
Transparincia fiscal das sociedades de
profissionais 37 Decisóes administrativas
Esclarecimentos sobre os novos impostos
R IVA: Fornecimento de bebidas a embarcações e
9 Nuno Sá Gomes
Sisa devida pela transmissão onerosa
aviões. Artigo 14.9, n.Q3, do CIVA
W IVA: Isenções nas vendas a não residentes
W Imposto de selo: contratos de promessa de compra
de imóvel e pela aquisição originária e venda
do direito a construir prédio novo W IRS: Retenção na fonte. Rendimentos das categorias
AeH
H IRS: Trabalhadores em serviço no estrangeiro
19 António Guerreiro
A tributacáo da cedência de uso das
partes comuris ria propriedade Legislação (destacável)
horizontal Diagramas fiscais (destacável)
. . FISCO .
. OOUIAINA JURISPAUOtNEIA L~CISLAGAO
DRECTOR: Jaime Antunes COORDENAÇAO EDITORIAL E ~ ~ C N I CJ.AL.: SaldanhaSanches, J. Magalhãies Correia, Rui Barreira
COLABORADORES: António Borges (econ.-ROC-ISCTE), António Sim&s Mateus (econ.-IGF), Carlos M. Bernardes (econ.-Coopers
& Lybrands), Carlos Loureiro (gest.-Arthur Andenen & Co.), Domingos P. de Sousa (adv.-FDL). Eduardo Cabrita(jur.-IGFFDL), Eduardo
Paz F m i r a (adv.-FDL). J. Gonçaives Pinto (jur.-IGF), Joaquim S. Mateus (jur.-DGCI). J. CostaOliveira(adv./FDL), J. Costasantos (jur.-
-FDL), J. L. Saldanha Sanches (jur.-CEF-FDL), J. Magalhães Correia (jur.-IGF-FDL), Leonor Cunha Torres (jur.-FDL), Luís Chaves de
Almeida (econ.-APOTEC), Luis Máximo (jur.-FDL), Luís Oliveira (adv.). Manuel António Pita (jur.-ISCTE). Margarida Mesquita Palha
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JURISPRUD~NCIA
8 RSCO NP 7 15 ABR 1989 8
Náo está em causa a competência publicado na Revista da Ordem dos 26 de Setembro de 1985, manifesta-se
das autoridades administrativas (chefe Advogados, Ano 47, Setembro de 1987.p. pela improcedência da impugnação.
de Repartição de Finanças) no qroces- 55 1. por a impugnante exercer actividade
samento» da transgressão fiscal, na Neste sentido, Braz Teixeira, tributada em contribuiçáo industrial.
recolha dos elementos refcrentes à Princípios do Direito Fiscal, 11,Coimbra, O M." Juiz do Tribunal Tributário
dc 1.' Instância do Porto, 2.QJuízo,
infracção (cf. artigos 120." e 121.", 1986, pp. 27 e segs.;em termos ligeiramente
julgou a impugnação improcedente por
CPCI) nem na «aplicaçáo» da mul- diferentes, também EduardoComeia. «Os
a impugnante náo ter tido lucros rela-
ta (cf. artigo 117.". CPCI, atribuindo artigos 10.Qdo Decreto-Lei n.Q27 153, de tivamente à sua actividade exercida
ao chefe da Repartição de Finanças 31 de Outubro de 1936, 14.Q,n.Q1. do nos anos de 1975 a 1978, tendo orde-
competência para a liquidaçáo da Decreto-Lei n? 28 221, de 24 de Novembro nado a subida do processo em recurso
multa). Há, assim, uma similitude de 1937. a reforma f x a l e a jurisprudência obrigatório.
com o regime das contra-ordenações, (secçãocriminal) do SupremoTribunal de O Tribunal Tributário de 2.' Ins-
já que compete à autoridade admi- Justiça,, in Revista de Legislaçáo e tância deu provimento ao recurso
nistrativa a liquidaçáo da multa Jurisprudência, ano 100.Qn?'3350 a 3357; obrigatório, revogando a decisão re-
fiscal e, havendo auto de notícia, o Eliana Gersão, «Revisãodo Sistema Jurídico comda, declarando-se incompetente
arguido é notificado pela autoridade relativo à infracção fiscal». in Ciência e em razão da matéria para conhecer do
administrativa para o pagamento da Técnica Fkcal, n" 193-195, Janeiro-Março
pedido, ou seja, do quantum fixado.
Inconformada, a impugnante in-
multa. de 1975. No entanto,a maioriadadoutrina
terpôs recurso para este Supremo Tri-
Mas, na fase judicial, enviado o considera que as infracções fiscais não bunal, cujos fundamentos sáo, em
processo para tribunal, cabe ao Minis- aduaneiras nem punidas com penas de resumo, os seguintes:
tério Público, e apenas ele, a dedução prisão, têm uma natureza administrativa
da acusaçáo. - cf. Cardoso da Costa. Curso de Direito Os tribunais tributários sáo os
Fiscal. Coimbra, 1972,pp. 104 e segs.; Sá competentes para apreciar a im-
6. Isto é, o presente acórdão não Gomes,DireitoPeru1 Fiscal, Lisboa. 1983, pugnaçáo relativa h liquidação da
tirou as necessárias consequências das pp. 127 e segs. Considerando-ascom uma contribuição industrial com funda-
importantes inovaçdes introduzidas pelo feição híbrida. Soares Martinez, Manual mento em inexistência de facto
ETAF. de Direito Fiscal, Coirnbra, 1983, pp. 32 1 tri butário;
A recorrente não impugnou o
e segs.
lucro tributável fixado, daí a ina-
Neste sentido. Despacho do Juiz do plicabilidade dos artigos 70.9 e 114:
3.QJuízo do Tribunal Tributário de Lisboa, Rui Barreira e seus parágrafos do Código da
Contribuiçáo Industrial;
A recorrente não está sujeita a
Actividade comercial contribuição industrial, que lhc foi
ilegalmente liquidada, porque
nenhuns lucros foram realizados
e lucro tributável em Portugal;
Os despachos e informaçdes
Contribuição Industrial. - So- Supremo Tribunal Administrativo: sempre seriam irrelevantes em
ciedade que presta serviços. - Facto Associatcd Mcrchandising Corpo- matéria de incidtncia (artigo lKQ,
tributário - Está sujeita a contribuiçáo ration. contribuinte n." 980000165, n.Q2, da Constituiçáoda República
industrial, nos termos do § único do com sedc em Broadway, Nova Iorque, Portuguesa) e referem-se a anos
artigo I ."o Código da Contribuição Estados Unidos da América, e filial anteriores;
Industrial, afilia1 em Portugal de uma em Portugal, sita na Rua do Arquitec- O artigo 51."-A do Código da
sociedade estrangeira que exerce a to Marques da Silva,285, 2."esquerdo Contribuiçiio Indusiriai não se aplica
actividade de prestação de serviços. -4100 Porto, veio impugnar a liqui- porque a filial não produz lucros
- I -Existindo facto tributário efuca- dação da contribuiçáo industrial rcla- tributávcis e, por isso, náo estaria
da a matéria colectável pelo grupo B tiva aos anos dc 1975. 1976, 1977 e sujeita a contribuição industrial,
da contribuiçãoindustrial,que nãofoi 1978. respectivamcnte, dos montan- pois não é agente ou comissário;
atacada. há lugar a contribuição in- tcs de 72 778!$00,68316$00,68 99300 O caso dos autos não é caso de
dustrial liquidada. e 119 449$00, ou seja o total dc 329 presunção dc lucros, mas sim de
535$00, com o fundamento na incxis- incxistência de quaisquer lucros;
Acórdão do STA de 16 de Março tência de facto tributário. por não A manutcnção da liquidação
de 1988 excrcer em Portugal qualquer activi- da contribuição industrial à recor-
Recurso n.P5202 dade comcrcial ou industrial. rente conslitui violação do disposto,
O representante do Ministdrio além de outros, nos artigos 1.P. 2."
Acordam, em conferência, na Público das Contribuiçdes e Impos- e 3." do Código da Contribuição
Secção do Contencioso Tributário do tos, na sua resposta. apresentada em Industrial e dos artigos 230.Q,n.Q3,
JIIRISPRIID~NI:IA
N.' 7 15 ABR 1989 RSCO
I único, do Código da Contribuição In- mento de inexistência dos factos tribu- Dourinais, nn.P 121, p. 64, e no apêndice
dustrial. tários. ao Diário do Governo,de 3 de Abril de
I Este 4 único tem por escopo funda- Se o resultado dessa actividade era 1973, p. 561) não tratam de situaçbes
mental considerar de natureza comer- negativo -ou nulo, facto tributário semelhantes aos factos descritos nos
cial ou industrial, relativamente às negativo - ou nulo,cabia à recorrente autos. Estão em causa escritórios e
I empresas que prestam serviços, as res- prová-lo através da sua escrita, com não filiais (artigo 3.Q do Código da
pectivas actividades. precisão. Contribuição Industrial). Náo se está
1 A conmbuição industrial recai tanto A administração fiscal presumiu, perante casos iguais ou idênticos.
sobre os lucros das actividades de face à insuficiencia da contabilidade Também o Acórdão deste Supremo
I natureza comercial ou industrial como da recorrente, que os factos tributários Tribunal de 22 de Janeiro de 1969, re-
i sobre os lucros das actividades que, eram positivos, fixando, pelo sistema curso n.Q 15 809, nos Acórdãos
não sendo de natureza comercial ou do grupo B (artigos 6.Q,n.Q2, 64.9 e Doutrinais, n.9 88, p. 565, e no apêndice,
1 industrial, a lei considera como tais do Código da Contribuição In- cit., de 18 de Maio de 1971, p. 29,
de serviços.
-
zando factos tributários prestação cit., n." 205-207, p. 459, e deste Su- fixada a matéria colectável por pre-
sunção através do sistema do grupo B,
premo Tribunal de 2 de Outubro de
Deste modo, está afastadoo funda- 1971, recurso n.Q16 376, nos Acórdáos o qual não foi atacado, o lucro tri-
8 N? 7 15 ABR 1989 RSCO
butável toma-se definitivo. Não foi de que a contribuição industrial nunca Pardal, permitimo-nos discordar: a
invocada qualquer ilegalidade relati- podia ser devida, uma vez que a socie- actividade exercida apenas cria con-
vamente à liquidaçáo da contribuição dade náo realizava qualquer lucro. diç&s para o aparecimento de um
industrial impugnada, a qual tem de Contra o que argumenta o acórdão do facto tributário: o lucro dessa mesma
ser mantida. STA: uma vez que estamos perante actividade. Tal como prevê o art. 3.*
Assim, o acórdão recomdo tem de uma actividade comercial náo sujeita do Código da Contribuiçáo Industrial,
ser mantido.
Nestes termos, acordam em negar a imposto profissional, verifica-se «as pessoas colectivas... com sede no
provimento ao recurso, mantendo a sujeiçáo a contribuição industrial. estrangeiro... e filiais... no continente
liquidaçáo impugnada. 2.Teve já este acórdão uma anota- ou ilhas adjacentes, serão colcctadas
São devidas custas, fixando-se a ção concordante do Prof. Teixeira em contribuição industrial pelos lucros
procuradoria em 70%. Ribeiro (Revista de Legislação e Ju- aqui realizados».
risprudência, 121, p. 263). Mas, como E uma coisa é concluir que da
Lisboa, 16 de Março de 1988. - se faz notar na mesma, «a fixação de actividade exercida em Portugal re-
Francisco Rodrigues Pardal (relatar) lucro tributável, que lhe foi feita, mosta sulta normalmente um lucro para a
-Armindo José Girão Leitão Cardoso continuarem impregnados de espírito sociedade-máe, atribuindo, a partir
-António Marques Ferreira da Rocha. fiscal os nossos funcionários de finan- dessa presunçáo, um lucro a filial
- Fui presente, Gouveia e Melo. ças». O que parece indicar que, embo- portuguesa. E outra atribuir a activi-
(Ciência e Técnica Fiscal, n.P 35 1.) ra sem o afirmar expressamente, pen- dade de prestação de serviços a natu-
sa o Prof. Teixeira Ribeiro que se a reza imediata de facto tributário, quando
rcclamaçáo tivesse sido feita atempa- ela é apenas uma realidade que tem
damente, o acto tributário se náo deve- normalmente como consequência o
ria manter. E se se mantém é apenas lucro.
1. Uma sociedade com sede no porque não foi contestado em devido 4. Mas convirá também atender
estrangeiro instalou em Portugal uma tempo2. aqui à natureza especial de actividade
filial destinada a observar o mercado Mas se a decisão do acórdáo não que, segundo a matéria de facto dada
portugues e a seleccionar as mercado- merece contestaçáo, o mesmo se náo como provada no acórdão, era exerci-
rias que eventualmente passam ser pode afirmar sobre os fundamentos da da pela Associated Merchandising
objecto de exportaçáo, proporcionan- mcsma. Corporation: prospecçáo de mercado
do oportunidades de negócios a em- Particularmente arespeito daques- para efectivaçáo de compras por so-
presas importadoras com sede r.0 es- tão de saber quais os fundamentose as ciedades com sede no estrangeiro.
trangeiro. limites da avaliaçáo do lucro tributá- Ora, se o litígio fosse sobre a exis-
Segundo a matéria de facto prova- vel fcita pcla Administraçáoe quais os tência ou náo existência de um estabe-
da no acórdáo, era apenas esta a acti- aspectos específicos de tributação de lecimento estável verificaríamos que,
vidade da recorrente. E uma vez que uma sociedade que se dedica apenas a apesar da tendência verificada nos
era apenas esta a sua actividade, a so- fazer prospecções dc mercado com vários países para adoptar um contei-
ciedade com sede em Portugal não vista à importaçáo de mercadorias to amplo de estabelecimento estivel,
realizava aqui qualquer tipo de lucro. portuguesas, prestando desta forma «alargando assim o âmbito da obriga-
As despesas de funcionamento eram scrviços a socicdadcs com sede no çáo fiscal interna das empresas es-
pagas pcla sociedade-máe, com sede estrangeiro. Nomeadamente qual o trangeira~»~ existe também uma ten-
no estrangeiro. A filial portuguesa não regime dos estabelecimentos estáveis dencia geral para afastar do âmbito
dispunha de receitas próprias. - e esta sociedade é mais do que isso, deste conceito, «uma instalaçáo fixa
Mas depois de um exame a escrita, uma vez que foi regularmente mantida unicamente para comprar
que se seguiu a uma declaração da constituída de acordo com a lei portu- mercadorias ou reunir informações para
empresa onde se náo continham lu- guesa - que Em apenas este tipo de a empresa»' não está abrangida pelo
cros, a administraçáo fiscal decidiu actividades. conceito de estabelecimento estável.
atribuir-lhe um lucro de 20 por cento 3. A primeira questão a colocar é, E compreende-se que assim seja: a lei
em relaçáo aos custos de actividade. E pois, saber o que sáo factos tributários fiscal nunca pretende ser neutra em
como a sociedade náo reclamou esta que fazem nascer uma obrigaçáo tri- relaçáo ao comércio internacional,
decisão tomou-se dcfinitival, vindo butária. Scgundo o acórdáo, como base adoptando sistematicamente uma
dcpois a ter lugar impugnaçáo da para a produção do acto tributário estava posição destinada a desonerar tanto
cobrança virtual. a constataçáo que «a recorrente exer- quanto possível as suas exportaç&s5.
E a impugnaçáo, dada a dcfinitivi- ceu a sua actividade,realizando factos Ora, os rigores fiscaisem relação a
dade adquirida pelo acto tributário, tributários - prestação dc serviços». empresas destinadas a criar as condi-
decorrido que foi o prazo para a recla- Mas salvo o dcvido rcspcito pcla auto- ções necessárias para a exportação de
maçáo, procurou basear-se no facto rizada opiniáo do Cons. Rodrigues mercadorias portuguesas carece assim
FISCO N? 7 15 ABR 1989
de sentido: constituem um obstáculo Esta obrigatoriedade da reclamação, butação sobre o Rendimento e o Capital
fiscal à venda de bens e serviços ao que constituía um verdadeiro ónus de re- - OCDE. 197 7- Lisboa, CCTF. 1989.
exterior. Obstáculo menor, natural- clamar. não se encontra no novo Código artigo 5*, 6). aplicado nas convençòes
mente. Basta recordar a modicidade do IRC. Neste. os contribuintes poderüo celebradas por Portugal.
destas conmbuiç&s. Mas um obstá- reclamar para uma Comissão Distrital de Ou, em outras palavras, uconside-
culo, de qualquer modo. Revisão (artigo 54.9. Mas.indepentemente raçães comerciais como a promoção das
disto, existe sempre recurso para os tribu- exportações>p.Raoul Lenz, no GeneralRe-
Por se tratar de um acto prejudicial, nais contraliquidação (artigo 111.*,n.P 1). port, Studies on International Fiscal, M
que deve ser imediatamente atacado. sob Ottrnar Buhler. Princij>iosde Derecho Law, vol. LII, IFA, Estocolmo, 1967, p.
pena de se tornar definitivo. Aberto Xavier. Intermcional Tributário, tradução caste- 325.
Aspectos Fundomentais do Contencioso lhana, Madnd, 1968. p. 237.
Tribufário,CCTF. Lisboa, 1972, p. 52. Modelo de Convenção de Dupla Tri- J. L. Saldanha Sanches