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Reinhard Hirtler
Tradução
André Scultori
Revisão
Aline Monteiro
Capa
José Carlos S. Junior
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito, exceto para breves
citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia King
James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-Americana, ©. Todos os direitos reservados.
Era outono de 2001, e eu havia acabado de pregar sobre honrar seu pai e
sua mãe para milhares de pessoas famintas espiritualmente em uma
próspera igreja brasileira. Quando me retirava do altar, um dos pastores
trouxe uma adolescente até mim e perguntou se eu poderia ministrar a ela.
Ela estava no final da sua adolescência e seu rosto parecia envelhecido por
causa da dor emocional com a qual vivia desde muito nova. Era doloroso
olhar para ela, pois não passava de pele e ossos. Pela sua expressão facial,
eu poderia dizer que ela passava por uma profunda dor emocional. Ao se
aproximar de mim, seu corpo todo estremeceu.
Eu pedi a ajuda do meu intérprete e ouvi sua história. Meus olhos
começaram a se encher de lágrimas enquanto eu sentia a fragilidade da
situação. Será que eu poderia dizer que ela precisava perdoar seu pai e
honrá-lo? Esta é sua história, tudo o que me lembro dela.
Seu pai abusava dela continuamente, estuprando--a desde que ela era
garotinha. No início de sua adolescência, ela engravidou dele e deu à luz
uma menina. O abuso continuou, e agora ela estava num ponto em que não
podia mais viver com isso; ela sentia que tinha de fugir. A única forma na
qual ela conseguia pensar era fugir e encontrar trabalho para se sustentar.
No entanto, ela sabia que não poderia levar a filha com ela, o que
significava que sua filha de quatro ou cinco anos teria que ser deixada sob
os cuidados de seu pai, que abusava dela. Ela estava horrorizada com esse
pensamento, sabendo que seu pai faria com sua filha o que havia feito com
ela por todos esses anos horríveis.
O Espírito de Deus a tocou profundamente através da mensagem
ministrada naquele dia, mas como ela poderia honrar seu pai? Como seria
possível perdoá-lo quando ele nem se arrependia do que havia feito e
continuava a fazê-lo? Eu tentava segurar as lágrimas enquanto a ouvia, meu
coração doía e se rasgava enquanto eu tentava entender sua confusão e a dor
no seu coração. Parecia impossível ajuda-la, e ela estava perdida e confusa.
À medida que ela falava, meu coração clamava ao Senhor por ajuda. O
que eu poderia dizer a ela? Enquanto meus sentimentos e emoções iam em
uma direção, minha mente ia em outra. Como eu poderia falar a verdade a
ela, que o Senhor nos ordena perdoar livremente, assim como nós fomos
perdoados? Além de tudo isso, ela se tornara cristã havia apenas algumas
semanas. Enquanto levava meu coração ao Senhor, o Espírito de Deus
começou a me aconselhar e eu não pude me segurar, comecei a chorar com
ela.
Uma vez mais eu expliquei a importância do perdão, dizendo a ela que o
Senhor não espera que ela consiga fazer isso sozinha. Ele espera que ela
faça a escolha.
Em uma visão eu vi o próprio Jesus, que foi pendurado em uma cruz há
cerca de 2000 anos e clamou ao Senhor para que Seu Pai perdoasse Seus
inimigos, parado ao lado dela, oferecendo Sua ajuda.
Se ela estivesse disposta e obediente, Sua força viria de forma tangível e
lhe permitiria fazer algo que parecia impossível: verdadeiramente perdoar.
Seguindo a orientação do Espírito, eu me ajoelhei em frente a ela e,
como líder espiritual e pai, em nome do seu pai abusivo, lhe pedi que me
perdoasse. Orientei-a a verbalizar o perdão, ela se quebrantou chorando e
livremente proferiu o perdão pelo seu pai. Um incrível poder de cura foi
liberado quando eu a abracei e chorei com ela. O Senhor estava realmente
presente e foi fiel à Sua promessa de ajudar todos aqueles que clamassem
por Ele. É difícil me lembrar de uma mudança tão drástica no semblante de
alguém em apenas um momento. Sua expressão mudou completamente. Eu
não a vi desde então, mas oro por ela frequentemente, quando o Espírito de
Deus me lembra.
AS INTENÇÕES DE DEUS
O foco deste livro não são os maravilhosos efeitos de um coração alegre,
mas o resultado destrutivo da mágoa e de feridas não curadas. Então, é vital
entendermos que tipo de vida o Senhor planejou para nós — para todos os
Seus filhos.
O Livro de Provérbios nos fala que “Um coração alegre aformoseia o
rosto”. Deus planeja que Seu povo seja diferente das pessoas que vivem a
vida sem Deus. Desde o princípio, o Seu desejo foi morar conosco. No
Jardim do Éden, Deus andava e se comunicava com o homem a cada dia.
Através da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, Deus não somente
habita no meio do Seu povo, mas Ele habita em Seu povo. Seu povo é agora
o templo do Deus vivo em quem Ele vive através da fé. (Veja Efésios 3:17)
Deus deseja que nosso coração esteja inteiro para que nosso semblante
possa expressar a maravilhosa obra de restauração que Cristo nos trouxe
através do Seu sacrifício na Cruz. Deus tem prazer em brilhar Sua
maravilhosa luz e vida através de pessoas comuns como você e eu.
Em todo o Velho Testamento, Deus continuamente expressa Seu poder
no meio do Seu povo. Mas Deus não quer que Seu poder seja visto somente
através de certos grandes homens e mulheres, mas em todo verdadeiro
cristão. Jesus expressou isso em Mateus 11:11 quando disse:
Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos
céus é maior do que ele.
Ele também disse a Seus discípulos que todos aqueles que crerem n’Ele
farão obras maiores que Ele próprio fez (Veja João 14:12).
É importante saber que Deus ama mostrar Sua força através de pessoas
comuns. Deus quer que nosso coração esteja completo para que possamos
usufruir completamente da liberdade das prisões que tão facilmente nos
prendem. Ele quer que nossa vida irradie e expresse Sua bondade, mas para
o inimigo é melhor que nos prendamos a feridas não curadas, e sejamos
infectados pela amargura e falta de perdão, para que não alcancemos todo o
nosso potencial.
SAMANTHA CONSEGUIU
Lembro-me claramente de quando conheci Samantha; ela estava
carregando uma ferida havia anos. Criada em uma família disfuncional,
com um pai alcoólatra e violento, ela sofreu desde muito cedo. Seus pais se
divorciaram quando ela era jovem e, em busca do amor, muitos homens
tiraram proveito dela.
Após se tornar cristã, ela só queria servir ao Senhor e segui-lo de todo o
coração. Samantha abandonou tudo para seguir o chamado de Deus em sua
vida. Ela viajou para outra nação como missionária, mas não demorou
muito para que se encontrasse de novo em uma situação de abuso. Desta
vez, aconteceu através de líderes cristãos que abusaram cruelmente dela,
tanto espiritual quanto emocionalmente, por um período de muitos anos.
Quando sentamos e conversamos, ela me contou que nunca mais deixaria
ninguém se aproximar dela de novo; ela construiria uma parede e viveria
atrás dela para estar emocionalmente segura. Esta era sua forma de se
certificar de que não se feriria novamente. Meu coração doeu por ela,
enquanto eu tentava entender sua dor da melhor forma possível. Eu sabia
que construir uma parede não era a forma correta de se viver. Expliquei que
se ela construísse uma parede para proteger a si mesma, ela não somente
manteria longe as pessoas que a machucam, mas também as que a amam.
O Senhor abriu os olhos de Samantha, e ela decidiu não viver mais atrás
de paredes, isolada por ressentimento e falta de perdão. Ela perdoou aqueles
que a machucaram, e com a ajuda do Senhor, decidiu se fazer vulnerável de
novo. Hoje, mais de dez anos depois, Samantha é uma maravilhosa mulher
de Deus com muitos amigos que a amam profundamente, a respeitam e a
estimam. Ela irradia a liberdade do Espírito e está faminta por mais d’Ele.
Ela fez a escolha certa e caminhou nela pela graça de Deus.
Assim como Samantha, muitos de nós temos uma tendência de construir
paredes em volta do nosso coração. Enquanto limites saudáveis são como
uma cerca que protege nosso coração, paredes são como uma cela de uma
prisão na qual trancamos a nós mesmos. Paredes nos impedem de receber
todos os dons de Deus, assim como nos impedem de dar tudo o que Deus
quer que demos. É importante que não escondamos nossa dor e
desapontamento atrás de paredes construídas em volta do nosso coração. O
Reino de Deus precisa ser recebido como uma criança, e crianças pequenas
normalmente não têm paredes construídas em volta de seu coração.
Desde o começo, Deus demonstrou que somos seres relacionais. Não foi
Adão que percebeu que ele precisava de uma parceira, mas foi Deus quem
disse que não é bom que o homem esteja só (veja Gn. 2:18). Somente
quando vivemos livremente em nossos relacionamentos dados por Deus é
que podemos cumprir nosso propósito e realizar nosso destino.
Paredes em volta do nosso coração não somente mantêm as pessoas fora
de nossa vida, mas também mantêm Deus fora dela. Ele quer nos tocar e
nos abençoar através das pessoas que Ele escolhe usar. Onde o Espírito do
Senhor está, há liberdade (2 Cor. 3:17), mas onde satanás opera, há
isolamento (Marcos 5:1-5).
UM ESPÍRITO ABATIDO
Sem dúvida você já ouviu a frase “Seu espírito está abatido”. Pessoas
com um espírito abatido não conseguem atingir seu potencial, a menos que
o Senhor as cure.
Um espírito abatido é como uma bola e uma corrente em sua perna: você
pode ser o melhor corredor no mundo, mas nunca conseguirá completar
uma corrida com sucesso se tiver um espírito abatido.
Mas com a tristeza do coração, o espírito se abate.
A palavra espírito aqui é outra palavra que é usada na língua hebraica de
formas diferentes.
É a palavra ruwach, e neste contexto significa vida. Ela fala da energia
ou força da vida, que nos leva a ter sucesso na vida. É a força que leva
nossa vida a seguir em frente.
A história de José e seu pai, Jacó, ilustra de uma forma linda o
significado da palavra espírito. Seus irmãos venderam José como escravo, e
fizeram seu pai, que o amava muito, crer que um animal selvagem o havia
matado. Seu pai recusou-se a se conformar e disse que “desceria à
sepultura” por causa do luto pelo seu filho (veja Gn 37:31-35).
Muitos anos depois, quando Deus levantou José como governador, seus
irmãos tiveram que ir ao Egito para comprar grãos, pois necessitavam dele
para sobreviver, por causa da fome na terra. Após certo tempo, José, que
não havia sido reconhecido por seus irmãos à primeira vista, revelou-se a
eles. Ele lhes deu muitos presentes e pediu para que trouxessem seu pai para
o Egito (veja Gn. 45:21-28).
Quando Jacó ouviu a notícia de que seu filho José estava vivo, ele
recuperou sua força. O homem que não podia ser confortado por causa da
profunda dor de perder o seu filho amado estava agora velho, no entanto,
recebeu a energia para fazer a longa jornada até o Egito. A Palavra diz que
seu espírito foi “reavivado”. A palavra em hebraico traduzida por espírito
nessa história é a mesma palavra usada em Provérbios 15:13, também para
espírito. Portanto, podemos ver que, quando a Palavra diz: “... com a
tristeza do coração, o espírito se abate”, isso significa que a força da vida se
abate.
Vamos ver as últimas palavras de Provérbios 15:13.
Mas com a tristeza do coração, o espírito se abate.
A palavra “abate” aqui é uma palavra forte, é a palavra em hebraico nake
e tem o significado de estar quebrado ou golpeado.
Os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém e, tomando-a,
passaram-na [abateram-na] a fio de espada, pondo fogo à
cidade. (Juízes 1:8)
A expressão “passar a fio de espada” nessa passagem tem a mesma raiz
da palavra traduzida por “abate” em Provérbios 15:13. Podemos ver que
não é apenas uma pequena dor que foi causada, mas a destruição de uma
cidade. Da mesma forma, se vivermos com feridas emocionais profundas,
elas nos levarão à destruição da nossa vida.
Portanto, quando vivemos com emoções profundas não curadas em vez
de lidarmos com elas como diz a Palavra, elas se tornarão destrutivas. Não é
uma escolha consciente viver com um espírito abatido, mas se escolhermos
viver com amargura e falta de perdão, viveremos com mágoa no coração, o
que abate o espírito. Não existe algo como emoções não expressas. Se
abafarmos nossa dor, ela se expressará de uma forma ou de outra, seja com
ataques de raiva, doença, dor, comportamentos compulsivos etc.
A GRAÇA DE DEUS
Em sua carta a Timóteo, o apóstolo Paulo diz que ele perseguia a igreja
por causa de sua ignorância; portanto, ele recebeu a graça de nosso Senhor.
Quando o Senhor apareceu a ele na estrada para Damasco, ele teve que
fazer uma escolha de parar de perseguir a igreja e entregar-se
completamente ao Senhor. (Veja 1 Timóteo 1:12-14.)
O Senhor quer curar nosso coração ferido. Quando conhecemos o
Senhor, carregamos uma grande bagagem emocional conosco, e Ele
graciosamente nos perdoa e nos transmite uma nova vida. Ele conhece todas
as áreas escondidas de nosso coração e as feridas que temos abafado e
ignorado por várias razões. Há graça para nossas feridas não curadas
enquanto somos ignorantes com relação a elas. O Senhor graciosamente
manterá Sua mão protetora sobre nós.
No entanto, já que o Senhor deseja nos curar, Seu Espírito nos
convencerá das áreas não curadas de nossa vida. Quando isso acontecer,
precisamos nos render a Ele e não deixar as coisas de lado para que não
rejeitemos Sua graça.
Ao lidarmos uns com os outros, especialmente com aqueles que ainda
estão feridos, não podemos nunca nos esquecer do quanto o Senhor é
gracioso para conosco. É importante mantermos nossa própria fraqueza,
assim como a bondade do Senhor, perante nossos olhos. Precisamos
também ser graciosos uns com os outros, assim como o Senhor é conosco,
enquanto Ele trabalha em nosso coração para nos trazer uma libertação de
cura.
Ao terminarmos este capítulo, vamos convidar o Espírito Santo para nos
sondar, à medida que buscamos em nosso coração por coisas que o Senhor
precisa curar.
CONTROLE DE REALIDADE
Quais são os verdadeiros perigos de feridas não curadas?
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Há feridas não curadas óbvias em minha vida? Se há, quais são?
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No passado, o Senhor colocou o seu dedo nas feridas que Ele queria
curar em minha vida? Caso afirmativo, quais foram elas?
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Qual é a história de relacionamentos disfuncionais em minha vida?
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Quais medos acham uma porta de entrada para minha vida através de
feridas não curadas com os quais eu luto com frequência ou lutei no
passado?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu creio que entendi o perigo de viver
minha vida com um coração ferido. Por favor, sonde o meu
coração. Você me conhece melhor do que qualquer pessoa, até
mesmo melhor do que eu. Deixe a luz do Seu Espírito brilhar
no meu coração. Traga à tona todas as feridas escondidas em
minha vida. Ajude-me a lidar com elas para que eu possa
encontrar libertação e cura na Cruz de Seu filho Jesus. Amém.
O DEMÔNIO MAÇÃ-BANANA
Embora essa expressão não esteja na Palavra, você vai logo perceber que
você já sentiu a obra desse espírito em sua vida. A maioria dos cristãos com
quem eu converso concordam que já experimentaram as atividades desse
demônio maçã-banana. Esse demônio tem um propósito específico:
distorcer as palavras. Quando eu digo maçã, ele distorce a palavra e faz ela
soar como banana para você. Do momento que a palavra sai da minha boca
até o momento em que ela entra no seu ouvido, ela soa bem diferente. É
claro que não há literalmente um demônio chamado maçã-banana, mas é
assim que eu o classifico porque isso me ajuda a entender o que está
acontecendo às vezes.
O inimigo fará tudo o que puder para causar confusão, desentendimento,
ferida e ofensas. A maioria dos casais sabe exatamente do que eu estou
falando. Quantas vezes eu já discuti com minha esposa, afirmando a ela que
eu nunca disse o que ela ouviu? Eu precisei de um longo tempo para
entender que o inimigo estava ativo em nosso casamento, tentando causar
desentendimentos e confusão! Assim que eu percebi isso, muita pressão foi
retirada do nosso relacionamento; porque agora ele estava exposto, e seus
planos foram trazidos à luz.
Tendo dito isso, precisamos entender que há também razões naturais
pelas quais maridos e esposas não entendem um ao outro. A forma pela qual
homens e mulheres se comunicam é muito diferente, e é importante se
esforçarem para aprender a entender seus parceiros. Há prova científica
suficiente de que os cérebros masculino e feminino funcionam
diferentemente para provar que isso é verdade. Nossas próprias feridas
podem também causar desentendimento quando interpretamos as coisas da
forma errada, quando as lemos através da nossa dor e do nosso coração não
curado. Precisamos buscar a sabedoria do Senhor para entender se não
estamos entendendo um ao outro porque não aprendemos a arte da
comunicação, ou se há atividade demoníaca com o objetivo de nos ferir e
destruir nossos relacionamentos.
Ainda me lembro de quando estava servindo como pastor em uma igreja
que ajudei a implantar. Uma vez, fui convencido de que um dos pastores
havia dito algo inapropriado em seu sermão. Quando discuti isso com ele,
ele afirmou que nunca havia dito isso. Eu estava certo de que ele havia dito,
mas ele estava certo de que não. Decidimos ouvir a mensagem gravada,
juntos. Para o meu espanto, ele estava certo. Ele nunca havia dito aquilo,
mas eu estava muito certo de que ele havia dito. Para mim , aquele foi mais
um exemplo da obra do demônio maçã-banana.
FRANK E JOHN
Tenho usado esta história para ensinar essa importante verdade sobre
como o inimigo quer usar os desentendimentos para causar ofensas a
pessoas nas diferentes igrejas que ajudei a pastorear.
Em uma manhã de domingo, fui à reunião da igreja onde estava
agendado para pregar, e minha mente estava focada na mensagem que iria
pregar naquele culto. Dois irmãos, Frank e John, faziam parte desta igreja.
Ambos eram cristãos relativamente novos e haviam se tornado bons amigos
meus. O Senhor permitiu que eu fizesse parte da vida deles, trazendo-lhes
cura e restauração.
Ao entrar no prédio da igreja naquele domingo, vi Frank do outro lado da
sala. Era muito bom vê-lo, então eu fui direto até ele. Eu não percebi que
seu irmão John estava de pé bem do lado da porta, portanto passei direto
por ele e não o notei.
Imediatamente, vários pensamentos passaram pela cabeça de John,
enquanto ele me via caminhando em direção ao seu irmão. Quando ele viu a
forma amigável com que cumprimentei seu irmão, ele sentiu uma ofensa
crescendo em seu coração. Ao longo da reunião, ele lutou contra
pensamentos de rejeição: “O que o pastor tem contra mim? O que eu fiz de
errado para chateá-lo? Por que ele ama meu irmão mais do que a mim?”
Após a reunião, ele falou comigo e me disse que, ao longo do culto, ele
havia batalhado contra muitos pensamentos negativos, e decidiu falar
comigo imediatamente. Após explicar-lhe que nem havia percebido que ele
estava em pé ao lado da porta, e que o inimigo havia tentado tirar vantagem
dele fazendo com que ele fosse ferido, ofendido, e até mesmo amargurado,
ele entendeu. Hoje, cerca de 15 anos depois, ainda somos todos muito bons
amigos.
RESOLVA RAPIDAMENTE
Ao ser ofendido, é vital não ignorar isso nem deixar para resolver depois.
John fez a coisa certa. Ele não foi para casa com sua ofensa, permitindo que
o inimigo enchesse seu coração de ressentimento e amargura. Em vez disso,
ele veio até mim rapidamente, e tudo se acertou. Jesus disse claramente que,
antes de ofertarmos a Ele, precisamos consertar tudo com nosso irmão
ofendido.
Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que
teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua
oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta. (Mateus 5:23-24)
Precisamos ser rápidos para perdoar, mas também para conversar com as
pessoas que acreditamos que nos ofenderam. Nosso alvo deve ser andar em
amor e unidade para encontrar reconciliação. Até mesmo se as pessoas nos
ofenderam intencionalmente, ainda assim precisamos perdoá-las para não
dar ao inimigo nenhuma vantagem sobre nós. Isto também nos ajudará a
recuperar nossa alegria e liberdade no Senhor. São necessários dois lados
para uma reconciliação, mas somente um para o perdão.
CONTROLE DE REALIDADE
Onde eu feri outros através das minhas críticas?
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Quais dos meus relacionamentos têm limites saudáveis e quais não têm?
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Há pessoas em minha vida com quem eu ainda preciso me reconciliar?
Se há, quem são?
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Onde eu caí na armadilha do demônio maçã-banana? Como eu posso
mudar isso?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu entendo que vivemos em um mundo
pecaminoso e quebrado. Eu entendo que fui ferido muitas
vezes, mas eu tenho ferido outros também. Ajuda-me a superar
todas as ofensas em minha vida. Mostra-me onde eu fui a causa
da ofensa de outros. Dá-me a graça de crer que Tu podes usar
todas as coisas, até mesmo as coisas ruins que aconteceram
comigo. Mostra-me os Teus caminhos, Senhor, e guia-me nos
caminhos da vida eterna. Amém.
FECHANDO A PORTA
O inimigo de nossas almas tentará nos intimidar com suas mentiras. No
entanto, há uma diferença quando ele só vem e mente para nós, e quando
suas mentiras encontram a entrada para o nosso coração ferido. Ele é o pai
de todas as mentiras, e mentir é parte de sua natureza. Quando nosso
coração ferido atrai essas mentiras, elas se tornam devastadoras. Não
importa o quanto tentamos resisti-las ou superá-las, elas sempre retornarão
porque nossas feridas não curadas são portas abertas para elas. Não faz
sentido tentar tirar um intruso para fora da casa se deixarmos as portas
escancaradas para que ele possa voltar para dentro. A coisa lógica a se fazer
seria jogá-lo para fora da casa e se certificar que as portas de entrada estão
fechadas de forma segura. Somente então podemos encontrar segurança.
Quando nosso coração ferido é uma porta aberta para o inimigo, precisamos
nos certificar que permitimos que o Senhor cure essas feridas, para
encontrar verdadeira liberdade e segurança. Se um coração ferido abre a
porta para o inimigo, então um coração curado fechará as portas para ele.
FERIDAS INFECTADAS
Assim como é no natural, também é no espiritual. Se ignoramos feridas
abertas, há um grande perigo delas se infectarem. Toda mãe sabe que,
quando seus filhos se machucam e têm feridas que estão sangrando, elas
não podem ser ignoradas. Se há sujeira na ferida, ela precisa ser limpa e
protegida para que possa ser curada e não se infecte.
Quando eu era criança, usávamos remédios naturais. Há uma planta que
cresce nas montanhas da Áustria chamada arnica. Esta planta em particular
é usada para uma variedade de remédios, e é conhecida como um
desinfetante natural. As plantas eram colhidas, colocadas em uma garrafa e
misturadas com álcool. Após certo tempo, elas eram filtradas, deixadas em
uma pequena garrafa com um maravilhoso líquido marrom avermelhado.
Havia várias feridas na nossa família porque nossa mãe tinha dez filhos,
e seis eram garotos. Não tínhamos televisão ou videogames, portanto,
gastávamos a maior parte do nosso tempo do lado de fora. Quando alguém
se machucava, as garrafas de arnica com álcool eram trazidas, e mamãe a
aplicava na ferida. Ela queimava como fogo e não era nada confortável, mas
mamãe nos dizia várias vezes o quão importante era se certificar de que a
ferida não se infectasse.
Ainda me lembro do dia que meu irmão e eu lutamos por causa da pá de
metal que usávamos para organizar a lareira. Nós dois a queríamos e
lutávamos ferozmente por ela. Eu me recusava a deixá-la, e, enquanto ele a
puxava na direção dele, eu cortei meu braço.
Porque eu não queria que mamãe pusesse arnica na ferida aberta, porque
ela queimava tanto, eu a ignorei e a escondi dela. Não demorou muito até
que a ferida ficasse infectada. Havia uma linha visível subindo pelo meu
braço. Ela crescia rápido e já estava perto do meu ombro. Papai estava
viajando para pregar, e mamãe estava ocupada cuidando das oito crianças
sozinha, o que fez com que fosse mais fácil esconder minha ferida. Eu
usava mangas compridas e esperava que minha mãe não fosse perceber.
Mas alguém lhe contou, e quando ela a viu, ela imediatamente me levou ao
hospital. O doutor disse que eu tinha envenenamento no sangue — a ferida
estava infectada e tinha que ser tratada rápida e apropriadamente, senão ela
causaria perigosos problemas de saúde. O médico limpou a ferida, e por
vários dias eu recebi injeções de antibióticos. Eu aprendi que, se feridas
fossem ignoradas e não as tratássemos adequadamente, elas não
continuariam sendo apenas feridas inofensivas, mas poderiam avançar
perigosamente.
PERIGOSO AVANÇO
Se ignorarmos nossas feridas emocionais, elas vão avançar e se tornar
falta de perdão, ressentimento, desejo por vingança, amargura e,
eventualmente, ódio que nos levará a realmente nos vingarmos. É
importante não ignorarmos nossas feridas, mas, sim, pararmos o perigoso
avanço o mais rápido possível. Se nos recusarmos a perdoar aqueles que
nos machucaram, esse perigoso avanço se acelerará.
RESSENTIMENTO
Quando não perdoamos aqueles que nos machucaram, nossa falta de
perdão se transformará em ressentimento. Não teremos ressentimento
somente pelas pessoas que nos machucaram; começaremos a nos ressentir
de outros também, por causa das nossas memórias emocionais doentes e
não resolvidas. Quando começamos a interagir com pessoas que
subconscientemente nos lembram de outros pelos quais temos
ressentimento, sentiremos ressentimento com relação àquelas pessoas
embora elas não tenham feito nada conosco.
Esta é uma força destrutiva nos relacionamentos. Como podemos viver
ou trabalhar juntos com as pessoas de quem nos ressentimos? Não haverá
honestidade e abertura nesses relacionamentos.
Ficaremos impossibilitados de receber qualquer coisa das pessoas pelas
quais temos ressentimento, até mesmo se elas quiserem nos abençoar ou
fazer algo bom conosco. Se vivermos com ressentimento em nosso coração,
podemos correr o mais longe que quisermos, mas nunca fugiremos deste
problema. Sempre haverá pessoas que nos lembrarão de outros de quem nos
ressentimos. Às vezes, o Senhor irá, intencionalmente, trazer essas pessoas
à nossa vida para que possamos render completamente nosso coração ferido
a Ele e encontrar liberdade e cura. Já que não podemos fugir dos nossos
problemas, é melhor que os encaremos, lidemos com eles e permitamos que
o Senhor os use para Ele e para o bem.
AMARGURA
Se o avanço não for parado neste ponto, o próximo passo é a amargura. É
perigoso vivermos em amargura. Os dons que o Senhor colocou em nós não
pararão de agir só porque estamos amargurados.
Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.
(Romanos 11:29)
No entanto, esses dons fluirão através de um canal impuro. Estaremos
misturando o puro com o impuro. Você pode ter a água mais pura de todas,
mas se teus canos e tuas torneiras forem contaminadas com toda forma de
sujeira, a água se tornará imprópria para beber; pode até tornar-se perigosa
para o consumo. Uma vez que chegamos a este estágio, não é mais um
problema nosso, mas agora afetará outros. Não importa o quão pura a fonte
de água seja, se o canal for impuro, ele afetará aqueles que estão sedentos e
querem beber da fonte da água viva que o Senhor colocou em nós. A Bíblia
claramente nos admoesta a sermos firmes com relação à amargura.
O escritor aos Hebreus admoesta os cristãos a buscarem a paz com todos.
Segui [buscai] a paz com todos e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que
ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja
alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados. (Hebreus 12:14-15)
Note que ele nos fala para buscar a paz com todas as pessoas. Sempre
haverá pessoas que não estarão dispostas a viver em paz conosco, mas essa
não é nossa responsabilidade. Nossa tarefa é buscar a paz. Não podemos
buscar a paz se nosso coração estiver cheio de amargura. Amargura traz
brigas e guerra, não paz.
Como o escritor fala sobre buscar a paz com todos, ele também nos
admoesta a atentarmos para as raízes da amargura. Em nossa busca pela
paz, haverá sempre oportunidades para nos tornarmos amargos. Haverá
sempre pessoas que se recusarão a viver em paz. Conforme discutido em
um capítulo anterior, vivemos em um mundo pecaminoso com pessoas
pecadoras.
ÓDIO
Quando avançamos para o estágio do ódio, estamos em grande perigo. O
ódio precisa de um escape. A Palavra tem grandes advertências sobre o
ódio. Quando há noticiários sobre crimes terríveis e aparentemente
imprevisíveis, as pessoas ficam chocadas. Ficamos imaginando: “Como
alguém que parecia tão quieto e introvertido pôde pegar uma arma e atirar
em pessoas inocentes? Como terroristas podem se matar para matar outros,
a quem eles odeiam? Como isso pôde acontecer? Como as pessoas podem
ser tão horríveis?”.
Ninguém está isento de cometer atrocidades. A história nos mostra que
mais de um grupo religioso foi capaz de cometer tais atos. Olhe o que
aconteceu nas cruzadas. Muitas vezes, o ódio expresso tem sua origem em
feridas não curadas. As pessoas que vivem com feridas não curadas
avançam na escada da destruição até que o ódio encha seu coração. Porque
o ódio precisa de um escape, ele encontra um na vingança. Pessoas feridas
culpam as outras pela sua desgraça. Mas, na realidade, elas vivem em seu
ódio ao machucarem outros, porque pessoas machucadas machucam
pessoas, e pessoas curadas curam pessoas.
Por favor, perceba que, de forma alguma, eu justifico esses atos; em vez
disso, estou tentando explica-los. Se não permitirmos que o Senhor cure
nossas feridas e vivermos uma vida de falta de perdão, todos nós seremos
capazes de subir na escada da destruição que começa com sermos feridos e
não perdoarmos, nos levando a termos ressentimento, desejar vingança, ter
amargura, até ter ódio e realmente nos vingarmos.
A Palavra tem claras advertências com relação ao ódio.
Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis
que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. (1
João 3:15).
Se alguém disse: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso;
pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê. (1 João 4:20).
CONTROLE DE REALIDADE
Estou ciente de quais feridas infectadas em meu coração?
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_____________________________________________________________
_________________________________________
Tenho avançado na escada perigosa da destruição? Se tenho, o quanto já
avancei?
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Onde posso detectar amargura em minha vida?
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_________________________________________
Onde corro o risco de dar ouvidos à amargura de outros, e quando fui
infectado por minha amargura?
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_____________________________________________________________
_________________________________________
ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu Te agradeço porque Tu tens
misericórdia e és o Deus da graça. Eu te peço, hoje, que me dês
a graça para que eu possa ser curado. Pelo Teu Santo Espírito,
mostra-me meu coração do jeito que Tu vês. Quero tornar-me
pleno e livre. Traga à luz tudo o que traz desgosto a Ti e guia-
me no caminho para a cura. Ajuda-me a não me ofender para
que eu possa fechar todas as portas para o inimigo. Eu creio
que Tu me guiarás na direção certa. Amém.
4
P P C
Todos podem receber cura de feridas emocionais e de dor? A resposta:
sim! Não importa o quão profunda a dor seja, há cura para todos. No
entanto, a cura não acontecerá somente porque oramos corretamente ou nos
aconselhamos ou passamos por terapia. Essas coisas são boas, mas há
passos que precisamos tomar para encontrar a cura e libertação de nossa dor
emocional. Neste capítulo, será discutida a importância de dar os passos
certos, em vez de pegar atalhos. Passos específicos serão discutidos em
detalhes nos próximos capítulos.
Muitas vezes, tentamos pegar atalhos em nossa vida — especialmente no
que tange à cura emocional. Se terapia ou aconselhamento só nos levam a
entender o porquê de termos nos machucado e de quem é a culpa, o que a
terapia por si só já faz, isso não nos levará a um lugar de cura total.
Muitas vezes, isso nos leva a nos sentirmos melhor quando conseguimos
falar sobre nossa dor, no entanto, isso é apenas um alívio temporário. É bom
encontrarmos pessoas que podem nos entender, mas se não estivermos
dispostos a passar pelo processo da cura, não nos tornaremos totalmente a
pessoa que Deus criou. Por exemplo, você vai ao médico por causa de uma
dor em seu abdome. Após um exame e alguns testes, o médico diz que você
tem câncer de cólon. Ele diz que você precisa de cirurgia e outros
tratamentos para se curar. Quando você sai do consultório, você está
devastado com o prognóstico. Em casa, você liga para vários amigos e
conta a má notícia. Eles o ouvem, confortam, choram com você e o
encorajam. Você se sente um pouco melhor, mas o problema não está
resolvido. Para que você fique saudável, você tem que seguir os passos que
o médico prescreveu.
Da mesma forma, precisamos tomar os passos necessários que Deus nos
mostra para que possamos receber a cura para nosso coração ferido. Não há
atalhos, mas se estivermos dispostos a tomar esses passos, haverá cura e
libertação.
CONTROLE DE REALIDADE
Quais feridas em meu coração eu ignorei, porque não estou disposto a
gastar tempo com a cura?
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Em quais áreas minha impaciência me impede de receber minha cura?
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Onde eu julguei os outros ou os pressionei porque eles não foram tão
longe quanto eu gostaria em seu processo de cura?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, obrigado, pois nada é impossível para Ti.
Obrigado, pois Tu és um Deus que cuida de mim. Por favor,
ajuda-me a dar os passos certos. Ajuda-me em minha
impaciência. Ajuda-me a persistir. Tu sabes de todas as coisas.
Tu sabes quais passos eu preciso dar, e em qual hora, para que
possa receber cura de forma completa. Por favor, guia-me pelo
caminho certo. Estou disposto a andar nos Teus caminhos e dar
os Teus passos. Amém.
5
P 1–A
A questão óbvia que vem à mente quando se fala no primeiro passo no
caminho para a cura é por que nós, que fomos machucados, feridos e
abusados deveríamos nos arrepender. Não são aqueles que nos machucaram
que precisam se arrepender?
O QUE É ARREPENDIMENTO?
Vamos, primeiro, analisar o que arrependimento significa segundo a
Bíblia — significa mudar sua mente ou mudar de direção. Há uma diferença
entre dizer “Eu sinto muito” e o verdadeiro arrependimento. Podemos sentir
pesar pelo que fizemos por várias razões. Podemos sentir pesar porque
fomos pegos e agora temos que sofrer as consequências. Talvez sintamos
pesar porque vivemos com um desejo de sermos aceitos por outros e agora
tememos a rejeição por causa de nossas ações.
Estava a caminho do sul da Áustria para ensinar, pregar e passar alguns
dias com uma das igrejas que havia plantado. Precisando de um novo par de
calças, decidi parar na metade do caminho onde havia uma loja de
departamentos onde eu sabia que estava tendo uma promoção. Do lado de
fora da loja havia um estacionamento que era pago, no entanto, havia
também vagas grátis para quem fosse ficar apenas por dez minutos. Tendo
certeza de que não ia demorar mais do que dez minutos para escolher um
par de calças, decidi estacionar sem pagar. Rapidamente, escolhi as calças
que estavam na promoção, as experimentei, e fui para o caixa, animado por
ter economizado 30 dólares.
Havia apenas um caixa aberto, e a mulher à minha frente estava com
alguns problemas que gastam tempo – mais tempo do que eu tinha. Quando
eu finalmente voltei ao meu carro, eu tinha passado apenas um pouco dos
10 minutos permitidos. Para meu desespero, eu vi uma multa no para brisas.
Já que a policial ainda estava por ali, conversei com ela, tentando explicar a
situação. Ele me disse claramente que eu teria que pagar a multa de 30
dólares, embora eu só tivesse passado 2 minutos do tempo permitido.
Enquanto eu dirigia, reclamando para mim mesmo da policial e da
mulher na loja, eu sentia pesar por mim mesmo, por ter que pagar a multa, o
que significava que, no final das contas, eu não teria economizado nada
com a promoção. Naquele momento, o Espírito Santo trouxe convicção ao
meu coração. Ele me perguntou por que eu sentia muito pelos 30 dólares.
Eu sentia pesar por ter que pagar a multa – mas de forma alguma por ter
desrespeitado a lei. Eu sentia muito, mas pelo motivo errado.
Não é errado sentir pesar ou remorso e culpa, mas se isso não leva ao
arrependimento, não cumpriu seu propósito. Podemos fazer uma curva
errada por engano e acabar dirigindo na contramão em uma rua de mão
única. Uma vez que percebemos o que fizemos, sentir pesar não é
suficiente; precisamos dar a volta para não colocar em perigo a outros e a
nós mesmos. Arrependimento significa dar a volta e mudar de direção.
Assim como fé sem obras é fé morta, então arrependimento sem frutos é
arrependimento morto.
O FRUTO DO ARREPENDIMENTO
João Batista batizava as pessoas com um batismo de arrependimento.
Muitas pessoas vieram a ele para serem batizadas e confessarem seus
pecados. Os líderes religiosos também vieram a ele para serem batizados.
Sua resposta a eles foi muito rude. Diferentemente de muitas reações de
hoje em dia, ele não ficou animado quando os líderes apareceram e
rapidamente contaram os números para que ele pudesse anunciar o quanto
seu ministério era bem-sucedido. Ele também não tentou mantê-los felizes
para que eles se unissem a ele. Ele os chamou de “raça de víboras”. Não fez
nada para ser amigável. João sabia que certas ações externas ou puros
rituais não eram suficientes. Ele lhes disse claramente que eles tinham que
ter o fruto do arrependimento para mostrar que ele era genuíno.
Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao
batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir
da ira vindoura? (Mateus 3:7)
Arrependimento é mais do que palavras; é ação. Isso significa mudar
nossa mente e então fazer algo com relação a isso. O arrependimento é o
primeiro passo importante que leva à cura completa porque ele nos fortalece
para superarmos a amargura e a falta de perdão.
Se lutamos com feridas não curadas, ressentimento e amargura, é porque
estamos presos a eles e não trazemos isso ao Senhor. Talvez nunca fizemos
conscientemente a escolha de nos prendermos às nossas feridas e amargura,
mas a escolha de não trazê-las ao Senhor é igual à escolha de nos
prendermos a elas. Prendermo-nos à amargura e à falta de perdão, por
qualquer motivo, é pecado. O tópico da falta de perdão é discutido com
maiores detalhes no próximo capítulo.
DISCIPLINA PROGRESSIVA
Há um progresso na disciplina que nosso Pai celestial usa – correção,
reprovação e açoite. Note que há essas três palavras na passagem seguinte:
E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre
convosco: Filho meu, não despreze a correção que vem do
Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o
Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
(Hebreus 12:5-6).
Primeiro o Senhor nos corrige, então Ele nos reprova e então Ele nos
açoita. Essas três palavras, todas com diferentes significados, são usadas em
uma ordem progressiva.
Aqui podemos ver o padrão que Deus usa com Seus filhos. A palavra no
grego para “correção” é paideia, que significa ensinar, instruir ou treinar.
Em seu amor, o Senhor nos ensinará e nos instruirá nos caminhos que
precisamos andar. Ele fará isso usando vários métodos. Ele pode usar a
Bíblia, livros, sermões, palavras proféticas e muitas outras formas pelas
quais Ele nos ensina e instrui sobre como vivermos nossa vida.
Se nós, em nossa estupidez, decidirmos rejeitar a instrução do Senhor,
Ele vai para a segunda forma de nos disciplinar – a reprovação. A palavra
grega usada nessa passagem para “reprovar” é a palavra elegcho, que
significa repreender, convencer, descobrir, trazer à luz. O desejo do Senhor
é que todos os Seus filhos respondam à Sua instrução. Porque o Senhor nos
ama tanto e não quer que caminhemos em direção à nossa autodestruição,
Ele usará o próximo nível de disciplina, que é nos convencer e trazer as
coisas à luz para que possamos vê-las e nos arrepender delas. Espera-se que,
nesse momento, já tenhamos nos arrependido diante do Senhor, nos
humilhado e voltado das nossas ações e caminhos errados. Se necessário, o
Senhor tomará o próximo passo no processo de disciplinar Seus filhos. A
palavra em grego para “açoitar”, nessa passagem, é mastigoo . No Novo
Testamento, ela é, sem exceção, usada para punição física.
É vital que entendamos que o Senhor, em Seu amor, nunca nos baterá. As
pessoas guardam ressentimento contra o Senhor porque O culpam pela sua
dor ou pelo sofrimento em sua vida, que Ele nunca causou.
O Senhor disciplinará Seus filhos, mas Ele só o fará pelo puro motivo do
amor, porque Deus é amor. Ele sempre vai nos instruir e nos ensinar. Se
estivermos dispostos, formos obedientes e respondermos à instrução do
Senhor, não precisaremos lidar com a reprovação, a convicção e o açoite do
Senhor. Portanto, precisamos abrir mão de todo ressentimento contra Deus.
Até mesmo se já lidamos com disciplina severa, é somente porque não
respondemos a Ele quando Ele nos instruiu. Nunca podemos fugir da
disciplina do Senhor, mas devemos sempre nos submeter a ela. Enquanto o
Senhor nos disciplinar, Ele ainda não abriu mão de nós. Uma vez que
estivermos fora da disciplina do Senhor, estaremos em perigo.
CONTROLE DE REALIDADE
Eu entendo realmente o arrependimento? Como eu o explicaria, com
minhas próprias palavras?
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O Senhor me convenceu de quaisquer pecados dos quais preciso me
arrepender?
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Em caso afirmativo, quais são eles, e o que estou fazendo com relação a
eles?
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Quando eu senti pesar sobre meus pecados, mas não me arrependi
realmente?
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_
A minha vida demonstra frutos de arrependimento? Em caso afirmativo,
quais frutos?
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De quais ressentimentos com relação ao Senhor eu preciso me
arrepender?
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Em quais situações eu coloquei a culpa em outros, e o que eu estou
fazendo com relação a isso?
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ORAÇÃO
Querido Deus, eu venho a Ti para pedir ajuda. Preciso que Tu
andes comigo nesse caminho para a cura total. Ajuda-me a ver
minha parte, abra os meus olhos para ver onde preciso me
arrepender. Meu orgulho muitas vezes entra no caminho,
muitas vezes eu quis culpar os outros pelo estado em que estou.
Ajuda-me a ver onde eu me prendi à amargura e à falta de
perdão. Eu me humilho perante o Senhor e estou disposto a
mudar a minha mente. Eu mudo de direção com relação à
amargura e à falta de perdão. Eu entrego a Ti todo o rancor que
eu guardo dos outros. Eu confio em Tua graça para me ajudar a
continuar na direção certa. Eu não voltarei para o velho
caminho. Amém.
6
P 2–P
Perdoar é uma escolha, mas a cura é um processo. Para começar o
processo de cura, precisamos primeiro perdoar todos aqueles que nos
feriram. Perdoar os outros é um assunto menosprezado na igreja de hoje. Há
muito ensino sobre a graça e a misericórdia de Deus, e o perdão ao qual
temos acesso de graça através do sacrifício e da morte de Jesus Cristo.
Esses são importantes ensinamentos, já que são a base e a fundação de
nossa fé. Sou grato por homens como Martinho Lutero, que pagou um alto
preço por restaurar a grande verdade que salvação é um dom de Deus para
nós.
O assunto de perdoar livremente todos aqueles que nos machucaram tem
sido amplamente menosprezado. Se quisermos receber cura para nossas
feridas, precisamos primeiro perdoar todos aqueles que nos feriram e
pecaram contra nós.
Vamos olhar para a importância de oferecer perdão àqueles que nos
feriram. Jesus usou palavras fortes quando Ele estava falando sobre perdoar
os outros. Temos que caminhar continuamente no processo do perdão.
Quando as feridas são profundas, a confiança foi violada e a vida não
parece valer mais a pena, a última coisa que queremos fazer é perdoar
aqueles que nos feriram. Como já estive nessa posição, eu entendo que luta
pode ser perdoar os outros. Se aprendermos a ser obedientes ao Senhor e a
ter um estilo de vida de perdão, encontraremos verdadeira liberdade e paz
interior.
A Palavra não dá nenhuma indicação de que perdoar é algo fácil. O
perdão é uma forma de morte, porque morremos para nossa velha natureza
e seu desejo de se agarrar ao ressentimento e se vingar.
Se escolhermos perdoar, podemos confiar em Jesus, que vive em nós,
para nos dar a habilidade de obedecer a Ele e sair disso. O apóstolo Paulo
entendeu isso quando ele disse que a vida que ele vive na carne, ele vive na
fé, fé no Filho de Deus que o amou e morreu por ele (veja Gl . 2:20).
Precisamos aprender a confiar no Senhor em cada passo de nossa vida na
terra. E a minha oração é que, através dessas páginas, o Senhor possa
capacitar a muitos para dar o próximo passo no caminho para a liberdade
completa.
ANDANDO EM AMOR
A Palavra nos diz que mesmo se andarmos na unção e no poder de Deus,
tivermos fé suficiente para remover montanhas e tivermos revelações
impressionantes, mas não tivermos amor, seremos nada. A Bíblia Ampliada
até diz que somos “ninguéns imprestáveis.”
E se eu tiver poderes proféticos (o dom de interpretar a vontade
e o propósito divino), e entender todos os mistérios e verdades
secretas e possuir todo o conhecimento, e se eu tiver fé
[suficiente] para que possa remover montanhas, mas não tiver
amor (o amor de Deus em mim) eu sou nada (um ninguém
imprestável). (1 Coríntios 13:2, tradução livre)
Tudo o que fizermos tem que ser motivado pelo amor. Amar ao Senhor
nosso Deus e nosso próximo como a nós mesmos é o maior dos
mandamentos. Se realmente amarmos as pessoas e entendermos o quão
destrutiva a falta de perdão é, inevitavelmente faremos um esforço para
ajudá-las a perdoar. Pode haver pessoas que estão ofendidas conosco sem
motivo; ainda assim, o amor buscará um caminho para ajudar essas pessoas
a chegarem à libertação através do perdão.
CONTROLE DE REALIDADE
Quando eu orei contra mim mesmo por não perdoar os outros?
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Como eu me sinto quando peço ao Senhor para me perdoar da mesma
forma que eu perdoo aqueles que me feriram?
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Eu realmente creio que o Senhor me perdoou? Qual foi a última vez que
eu lhe agradeci por Seu maravilhoso perdão?
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Eu ainda estou agarrado à falta do perdão por mim mesmo?
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Por quais falhas do passado ainda me sinto culpado?
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Por quem devo orar para que eles possam encontrar graça para perdoar?
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ORAÇÃO
Pai celestial, eu Te agradeço por me oferecer o Teu perdão sem
pedir nada em troca. Estou ciente de que sem o Teu perdão, eu
não poderia estar diante de Ti, porque o Senhor é um Deus
santo e eu sou um ser humano pecador. Eu entendo que é
importante que eu perdoe todos os que pecaram contra mim. Eu
também entendo que eu preciso perdoar a mim mesmo e deixar
de lado todo ressentimento que guardo com relação a Ti.
Ajuda-me, a perdoar assim como Tu me perdoaste. Amém.
7
P 2C –C P
Há muita falta de entendimento acerca do perdão, e existem várias razões
para isso. Uma delas é que o significado bíblico de perdão é muitas vezes
mal-entendido, outra é que o inimigo de nossa alma não quer que
perdoemos para que ele possa nos manter cativos; ele não quer que
cheguemos ao nosso destino proposto por Deus.
De acordo com o dicionário de grego Strong’s, a palavra perdoar é
aphiemi. Um dos significados desta palavra é “enviar para longe”.
Encontrei esta palavra 146 vezes no Novo Testamento; ela tem um
significado forte. A mesma palavra no grego é usada para “divórcio”.
De acordo com a lei de Moisés, em certas circunstâncias, um homem
poderia escrever uma carta de divórcio, dar à sua esposa e enviá-la para
longe. (Veja Deuteronômio 24:1-4). É isso que significa perdoar: que
enviamos para longe o pecado que foi cometido contra nós, pois não há
mais espaço para ele em nossa vida.
Há duas passagens que usam essa palavra no grego:
Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou
para o Pai (João 16:28),
Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram
(Mateus 4:20).
Aqui, podemos ver claramente que o significado desta palavra é
exatamente “deixar”, ou “ir para longe”. Quantas vezes perdoamos em
nossa mente e até em nossas palavras, mas em nosso coração ainda nos
agarramos aos pecados cometidos contra nós? Isso não é perdão verdadeiro.
O PROCESSO DO PERDÃO
Perdoar os outros é um processo. O processo não precisa durar muito
tempo, mas precisamos andar por ele para que nosso perdão seja sincero.
Precisamos andar lado a lado com o Senhor e obedecer a Sua Palavra.
Muitas vezes, nos apressamos a proferir o perdão, mas acabamos por
descobrir que ainda não perdoamos realmente em nosso coração, mas
apenas com nossa boca. Pode ser que quiséssemos limpar nossa
consciência, já que sabemos em nossa cabeça que precisamos perdoar. No
entanto, Deus olha para nosso coração. Vamos andar pelo processo do
perdão.
CONTROLE DE REALIDADE
Há pessoas a quem eu perdoei em minha mente e com minha boca, mas
não no meu coração?
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_________________________________________
Eu preciso encher o céu com balões? Se preciso, o que estará escrito
nesses balões?
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_____________________________________________________________
_________________________________________
Estou realmente ciente da minha iniquidade?
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_____________________________________________________________
_________________________________________
Em quais áreas da minha vida não estou disposto a me render
completamente a Jesus?
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_________________________________________
Contra quem eu guardo ressentimentos por causa da falsa delicadeza de
minha parte?
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_________________________________________
ORAÇÃO
Meu querido Pai celestial, eu posso ver o quão livremente Tu
me perdoaste. Eu quero Te obedecer e andar em total perdão.
Eu sou fraco, mas Tu és forte. Eu Te peço a graça de perdoar
todos os que pecaram contra mim e me feriram. Eu faço a
escolha consciente de perdoar e abrir mão de todos aqueles que
eu ainda não perdoei. Espírito Santo, por favor, traga à minha
mente todos aqueles que eu preciso perdoar, e guia-me pelo
processo do perdão. Ajuda-me a me direcionar, enquanto eu
ando no caminho do perdão. Eu confio em Ti completamente.
Amém.
8
H R P
Todas as histórias deste capítulo são reais. As próprias pessoas que
passaram por isso escreveram suas histórias. Eu conheço todas essas
pessoas há anos e lhes pedi para contarem suas histórias com suas próprias
palavras. Todos os nomes, no entanto, foram mudados, para proteger a
privacidade delas.
CASSANDRA
Nossa família foi trapaceada e nos roubaram uma grande soma de
dinheiro. Foi a injustiça de toda a situação que me deixou com raiva. Foi
difícil perdoar a pessoa que cometeu essa fraude contra nós. Eu queria
perdoar, mas estava tendo problemas devido à forma pela qual toda a
situação se desenvolveu. Eu me senti traída e tratada injustamente. Eu
costumava perdoar as pessoas que me ofendiam porque normalmente eu
tinha uma parte na situação, significando que eu era parcialmente culpada
por aquilo que tinham feito contra mim. Mas esta pessoa, que senti que agiu
maliciosamente contra nós por nenhum motivo aparente, eu tive que
perdoar vez após outra, mas ainda não me sentia liberta de tudo. Eu estava
lutando terrivelmente.
Um dia, recebi uma explicação sobre a seguinte forma de perdoar: eu
tinha que visualizar um balão de hélio. Eu deveria escrever o nome da
pessoa nele e orar, perdoando a pessoa por tudo o que ela havia feito para
mim, e então liberar o balão para o Senhor e, em minha mente, visualizá-lo
subindo.
Bem, eu o fiz. Todo o céu da vila ficou cheio de balões de hélio; eu
consegui a minha libertação da falta de perdão. Eu havia realmente
superado isso e senti isso em meu coração.
Então, o Senhor fez algo que achei que foi maravilhoso. Ele não só me
deu minha paz de volta (o que já teria sido mais do que suficiente), mas Ele
também nos abençoou com mais de três vezes o valor que foi roubado de
nós. Isso foi algo que eu realmente não esperava, mas fiquei grata por isso e
por Sua bondade.
MATT
Eu e Linda somos casados há cerca de sete anos. Eu sou cristão há mais
ou menos um ano, e Linda há mais ou menos dois anos. Nossa filha Sue
tem seis anos e nosso filho Mike tem quatro anos de idade.
Tudo começou com um sonho que eu tive em uma noite. Neste sonho, eu
claramente vi Linda tendo uma relação sexual com dois homens que eu não
conhecia. Através de certos detalhes no sonho, eu sabia que isso deveria ter
acontecido antes de nos casarmos, mas quando já estávamos tendo um
relacionamento. O sonho foi tão real e vívido! De alguma forma, eu sabia
que o sonho era verdade.
Eu fiquei com muita raiva de Linda. Enquanto ela dormia do meu lado,
eu reclamei com o Senhor: “Deus, se isso é verdade e Tu estás me
mostrando isso, eu vou acordá-la imediatamente e confrontá-la sobre isso”.
Eu estava com raiva e ferido, e, em minha mente, eu fiquei pensando no que
dizer a ela.
No entanto. Deus me falou: “Primeiro tire a farpa do seu próprio olho”.
Imediatamente, eu percebi que quando já estava em um relacionamento
sério com a Linda, eu também tinha tido uma relação sexual com outra
mulher. Naquela época, nenhum de nós era cristão, e nunca havíamos
conversado sobre o que havia acontecido antes de nos casarmos. Depois que
me converti, eu falei com meu pastor e lhe contei sobre essa situação em
minha vida, mas nunca havia contado à Linda. Quando Linda se converteu,
ela quis confessar seu pecado sexual para mim, mas quis esperar por um
tempo mais oportuno, já que eu ainda não era cristão na época.
Enquanto estava deitado na minha cama e vi meu próprio pecado em
minha mente, senti um verdadeiro remorso por aquilo, pela primeira vez. Eu
fiquei profundamente chocado pelo que havia feito. Quando a manhã
chegou, eu acordei Linda, e lhe disse diretamente o que havia visto em meu
sonho. Por um momento ela ficou em silêncio, e então me olhou e disse que
cria que o sonho era de Deus. Ela queria conversar comigo sobre aquilo
naquela noite.
Aquele foi um dia muito longo. O dia inteiro a minha mente ficava
brincando comigo. Quando a noite veio, pusemos nossos filhos na cama
cedo e conversamos. Enquanto Linda me contava sua história, ela ficou
maravilhada com os detalhes que Deus havia me mostrado no sonho.
Então, foi a minha vez. Eu também confessei o caso que eu tive no
começo do nosso relacionamento. Depois de termos confessado nossos
pecados a Deus e um para o outro, decidimos perdoar um ao outro. Isso não
foi algo fácil; no entanto, sentimos uma libertação maravilhosa, uma vez
que havíamos realmente perdoado um ao outro. O resto da noite juntos foi
muito prazerosa.
Logo após termos ido para a cama, nosso filho de quatro anos, Mike,
veio até o nosso quarto muito animado. Quando perguntamos o que havia
acontecido, ele gritou: “Os homens se foram! Pra onde os homens foram?”
Não tínhamos ideia do que ele estava falando. Ele, então, nos explicou que,
por muito tempo, ele via homens escuros em seu quarto. Eles vinham toda
noite. Eles nunca falaram uma palavra, mas estavam sempre presentes. De
repente, eles desapareceram e não voltaram mais. Nós imediatamente
soubemos quem os homens escuros eram e que eles não voltariam mais.
Seus pesadelos haviam acabado! Esta experiência nos mostrou o quão
importante é perdoar um ao outro e que a falta do perdão tem consequências
espirituais que, muitas vezes, não sabemos.
MARY
Quando minha mãe estava com 39 anos de idade, ela engravidou de
gêmeos, meu irmão e eu. Ela já tinha três filhos para cuidar, ajudava a
administrar uma fazenda e cuidava da minha avó. Além de tudo isso, meu
pai era alcoólatra. Toda a situação era muito devastadora para ela.
Crescemos em uma pequena vila austríaca. Minha avó, que vivia na
fazenda, perdeu seu marido durante a guerra, mas ela continuou a
administrar a fazenda com minha mãe e seu filho mais novo. Vovó deu à
sua irmã, Vicky, uma parte da terra, onde Vicky construiu uma casa bem em
frente à nossa. O marido da minha tia-avó Vicky, Ralph, estava sempre em
casa, porque ele não podia trabalhar, por causa de um ferimento de guerra.
Quando criança, muitas vezes eu andava de um lado para o outro
sonhando acordada e totalmente perdida, sem saber o que fazer comigo
mesma. Meu tio-avô, Ralph, abusou da minha busca por amor e começou a
tirar proveito de mim sexualmente desde muito cedo. Ele abusou de mim
até os 12 anos de idade, quando eu fui levada a um hospital para ser tratada
dos meus problemas psicológicos. Finalmente, toda a verdade veio à tona.
Eu tive que começar uma terapia, que foi tão difícil para minha mãe que ela
mal sobreviveu a ela.
Quando eu tinha 17 anos, comecei minha busca por Deus, mas não me
tornei cristã até os 21 anos. Eu fui criada em um lar fortemente católico, e a
verdade que a salvação é um dom de Deus pelo qual Jesus havia pagado e
que eu podia recebê-la sem ter que merecê-la me tocou profundamente. O
conhecimento de que, através da morte de Jesus eu poderia receber perdão,
trouxe grande liberdade à minha vida.
Decidi perdoar a todos os que me feriram, incluindo minha tia-avó,
Vicky, e seu marido, Ralph. Ralph já tinha morrido, mas, para me certificar
de que realmente o havia perdoado, eu declarei em voz alta o meu perdão a
ele. Minha tia-avó, Vicky, estava cheia de ódio de minha mãe e de mim. Ela
xingava minha mãe em público e, embora ela tenha se mudado para longe
da nossa vila, continuou a falar palavras de ódio toda vez que nos via.
Embora eu já a tivesse perdoado, eu ainda vivia com medo dela. Um dia,
eu a encontrei no funeral de um vizinho e olhei dentro dos olhos dela e a
abençoei em meu coração. Imediatamente, eu senti o medo que tinha dela
sair de mim.
Mais tarde, eu lhe escrevi uma carta e lhe pedi para me perdoar. Porque
eu queria ajudá-la a conseguir perdoar, eu decidi pedir-lhe para me perdoar
onde eu a havia ferido. Para minha surpresa, ela me escreveu de volta e me
disse que eu não precisava mais ter medo dela. Em sua carta, ela tentou se
aproximar e me perdoou. Hoje, ela é uma senhora muito idosa. Ela é mais
velha do que qualquer um dos seus irmãos já foi, mas ainda anda de
bicicleta. Ela disse a outros parentes que ela havia feito as pazes comigo.
Toda vez que eu penso nisso, eu agradeço ao Senhor por ter me perdoado
livremente, por ter me capacitado a perdoar os outros, e ter me usado como
uma pacificadora. Eu decidi, diante de Deus, assinar um cheque em branco
de perdão para todos aqueles que me feriram. Isso fez com que perdoar as
pessoas fosse muito mais fácil. Não foi uma tarefa fácil para mim, mas ao
me dispor e pedir ao Senhor para me ajudar, Ele trabalhou em mim e me
ajudou a perdoar.
CONTROLE DE REALIDADE
Estou disposto e humilde o suficiente para aprender com os outros?
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Há algo que eu ainda guardo contra meus pais? Em caso afirmativo o que
eu guardo contra eles e por que?
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Quando o Espírito Santo me cutucou para perdoar e não obedeci?
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A quem o Senhor quer que eu peça perdão, mesmo que eu sinta que eu
fui o ofendido?
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ORAÇÃO
Senhor, eu Te agradeço por outros que têm andado pelo
caminho do perdão antes de mim para que eu possa aprender
com eles. Eu posso ver a liberdade que outros receberam
quando perdoaram aqueles que os feriram. Por favor, ajuda-me
a fazer o mesmo, para que eu também possa ser um exemplo e
uma inspiração para outros e possa guiá-los à liberdade em
Cristo.
9
P 3–P P
Uma questão óbvia vem à mente: “Por que somos nós que temos que
pedir perdão quando estamos falando sobre como encontrar a cura das
feridas que outros nos causaram?”
Não estamos discutindo se deveríamos pedir perdão àqueles que nos
feriram. Às vezes, isso pode ser útil para liberarmos a graça de Deus
àqueles que nos feriram, para que eles possam pedir perdão e ficar em paz
conosco. O amor vai buscar um caminho para que outros possam ser
libertos da sua falta de perdão.
À luz do que já falamos até agora, precisamos pedir perdão a Deus. É
importante que entendamos pelo que e por que precisamos pedir perdão;
portanto, é disso que esse capítulo trata.
CONTROLE DE REALIDADE
Quando eu pedi ao Senhor para me perdoar da minha falta de perdão
com relação a outros?
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Quando e por que eu dei o controle da minha vida a outra pessoa?
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Estou ciente de qualquer pecado em minha vida que tenha levado outros
a pecarem contra mim? Se estiver, o que farei com relação a ele?
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A quem preciso pedir perdão por ter pecado contra mim por causa da
minha própria iniquidade na situação?
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ORAÇÃO
Meu querido Pai celestial, obrigado por me levar um passo
adiante no processo de superar a amargura e a falta de perdão.
Deixa teu Espírito Santo sondar meu coração para que eu possa
ver onde eu preciso de perdão pelo meu próprio pecado.
Mostra-me as coisas da forma que Tu as vês. Estou disposto a
confessar meu pecado e receber perdão. Amém.
10
P 4–A S I
SELE A DECISÃO DE PERDOAR
Jesus usou algumas palavras fortes em Mateus 5:43-45. Ele não apenas
disse que precisamos perdoar e abrir mão, mas nos disse para dar ainda
mais um passo. Jesus disse:
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso
Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e
vir chuvas sobre justos e injustos.
Quantas vezes temos perdoado as pessoas, mas as ofensas que elas
cometeram contra nós ainda estão escritas em nosso coração? Quantas
vezes lutamos, sabendo que precisávamos perdoar, mas fomos em frente e
perdoamos aqueles que nos feriram? Isso é bom e vital, mas precisamos
tirar qualquer arma em potencial das mãos do inimigo. O acusador dos
irmãos, o diabo, continuará a nos acusar de não havermos perdoado se
qualquer dúvida ainda estiver presente. Estas acusações podem trazer
confusão, pois já proferimos o perdão àqueles que nos feriram.
Precisamos dar um passo mais adiante para selar nossa decisão de
perdoar, o que derrotará as acusações do inimigo. Jesus não só nos disse
para amarmos nossos inimigos, como também para agirmos em amor com
relação a eles. O amor sem ações não tem valor. Precisamos mostrar através
das nossas ações que amamos nossos inimigos.
Estou ciente de que, algumas vezes, isso pode ser difícil. Talvez
precisemos fugir de uma situação de abuso e estabelecer limites claros,
enquanto, ao mesmo tempo, continuamos a orar por aqueles que nos
feriram. Seremos capazes de fazê-lo com a ajuda de Deus, quer estejamos
perto dessas pessoas ou não. Uma vez que começamos a orar pelo bem-
estar das pessoas que nos usaram, feriram e abusaram, descobriremos que
as acusações do inimigo diminuirão e finalmente cessarão.
Tenho feito disso um hábito, contra-atacar os sentimentos e as acusações
de que eu ainda não perdoei realmente ao orar, pedindo a bênção de Deus
sobre as pessoas que me feriram. O que o inimigo pode dizer a um santo
que ora e intercede pelas pessoas que o feriram? Se orarmos e abençoarmos
as pessoas que nos machucaram, as acusações de que não perdoamos
cessarão. Nossas próprias ações provam que já perdoamos realmente. O
Senhor não nos pede para orarmos e abençoarmos nossos inimigos quando
sentimos que devemos fazê-lo; Ele simplesmente nos pede para fazê-lo.
Alguns anos atrás, a palavra sobre amar nossos inimigos agitava meu
coração. Eu via o coração de Deus, mas estava, da mesma forma, ciente da
minha própria fraqueza e inabilidade de amar desta forma. Portanto, eu
decidi colocar esse assunto em oração. Por semanas, eu orei e pedi ao
Senhor para me fazer uma pessoa que pudesse realmente amar meus
inimigos.
Muitas vezes, era muito difícil amar pessoas comuns que me deixavam
nervoso, quanto mais meus inimigos! Mas eu estava determinado a seguir o
mover do Espírito Santo e continuei pedindo ao Senhor para me ensinar
Seus caminhos.
Então, o Senhor respondeu à minha oração de uma forma que eu não
esperava. De repente, pessoas próximas a mim começaram a me tratar de
forma diferente. Elas diziam e faziam coisas que me feriam, sem estarem
cientes do que estava acontecendo. Eu tentei acertar tudo e conversar com
elas, mas sem resultado, já que elas não estavam cientes de que havia algo
errado.
Eu levei esse assunto ao Senhor e O perguntei o que estava acontecendo
e por que havia, de repente, tanta tensão nesses relacionamentos. O Senhor
me lembrou da minha oração e perguntou como eu esperava aprender a
amar meus inimigos, se todos sempre eram legais comigo. Grato ao Senhor,
eu comecei a praticar e a me regozijar nas maravilhosas oportunidades que
o Senhor havia me dado. Não somente eu mudei, mas as pessoas que me
feriram logo começaram a mudar suas ações também.
SER VENCEDORES
Precisamos aprender a confiar no Senhor em todas as circunstâncias. Ele
sabe melhor do que qualquer um como cuidar das coisas de que precisamos.
É normal ficar com raiva quando estamos feridos. Quanto mais
aprendermos a confiar no Senhor, mais creremos que Ele é totalmente capaz
de tomar conta da nossa vida. Ao aprendermos a deixar as coisas nas mãos
do Senhor, poderemos aprender a ser verdadeiros vencedores.
A Palavra nos diz para, se possível, vivermos em paz com todas as
pessoas.
Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens. (Romanos 12:18).
Muitas vezes, será difícil fazer isso, porque a outra pessoa se recusa a se
reconciliar, mas não precisamos nos condenar por isso. Isso não é uma
desculpa para não abençoarmos essas pessoas. Se buscarmos a Sua vontade,
o Senhor nos direcionará e nos mostrará formas de fazer isso. Ele nos fará
saber de que forma prática podemos abençoar aqueles que nos feriram e se
recusam a viver em paz conosco.
Em Romanos, o apóstolo Paulo nos diz que não devemos ser vencidos
pelo mal, mas, sim, vencer o mal com o bem. (Veja Romanos 12:21).
Teremos que escolher ser vencedores ou vencidos. Queremos que nossas
circunstâncias nos comandem, ou queremos comandar nossas
circunstâncias? Se não fizermos a escolha clara e consciente de vencermos
o mal com o bem, seremos vencidos pelo inimigo.
CONTROLE DE REALIDADE
A quais pessoas eu perdoei, e agora preciso orar por sua bênção?
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De que formas práticas eu posso abençoar aqueles que me feriram?
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A quais pessoas que me feriram eu preciso estender misericórdia para
que eu possa receber misericórdia?
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Há uma colheita de frutos odiáveis e amargos em minha vida, e eu
preciso me arrepender de semear uma semente ruim? Em caso afirmativo,
que semente eu semeei?
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ORAÇÃO
Querido Deus, eu reconheço que Tua Palavra me diz para fazer
coisas que são contrárias à minha velha natureza. No entanto,
eu sou uma nova criatura em Cristo Jesus, e Te agradeço por
me habilitar a agir de acordo com esta nova natureza. Por favor,
mostra-me onde, em vez de abençoar, eu amaldiçoei as pessoas
que me machucaram através de minhas palavras negativas, e
até mesmo orações. Eu me arrependerei e começarei a abençoá-
las e orar por elas. Amém.
11
R C
É um erro comum crer que, porque perdoamos e até mesmo abençoamos
aqueles que nos machucaram, seremos imediatamente libertos e curados.
Não podemos parar no lugar onde fomos perdoados, mas precisamos
entender que este é só o começo.
Precisamos ir adiante para recebermos a cura de nossas feridas. Perdoar e
abençoar os outros e curar nosso coração ferido – isso libera a paz de Deus
e nos traz liberdade, mas o processo de cura precisa começar.
Muitas vezes, perdoamos aqueles que nos feriram, mas a dor ainda está
presa à situação. Podemos ficar confusos e sem saber o que fazer com a dor.
Precisamos buscar a cura para nossas feridas e memórias. É maravilhoso e
incrível ver como Deus nos criou com a habilidade de sentir dor. A dor nos
mostra que algo está errado e que precisamos chegar à raiz do problema,
resolvê-lo e receber a cura em relação a ele.
É vital não ignorarmos nossas feridas e seguirmos com a vida como se
nada tivesse acontecido. Como reagimos e lidamos com nossas feridas
emocionais dependerá, entre outras coisas, de nosso temperamento,
entendimento e criação. Nosso temperamento e entendimento determinarão
em grande parte como reagimos e lidamos com nossas feridas emocionais.
Se não entendermos completamente o quanto é importante para nós sermos
curados emocionalmente, correremos o risco de conviver com a dor e viver
nossa vida como se nada tivesse acontecido conosco. Mas as feridas
precisam ser curadas, porque pessoas feridas ferem pessoas, e pessoas
curadas curam pessoas.
Eu já ouvi o grande autor Rick Joyner dizer, em várias situações: “Há um
canal em ambos os lados do caminho da vida”. Por mais perigoso que seja
ignorar nossas feridas e continuar andando, isso é tão perigoso quanto
sentar na autopiedade e chorar sobre isso. As feridas precisam ser curadas,
não lambidas. Estarmos cientes de nossas feridas chorando por causa delas
não nos trará cura. Precisamos enfrentar nossas feridas, dar os passos certos
e nos achegar à única Fonte para a cura: o Senhor Jesus Cristo.
Lembre-se, o perdão é uma escolha; a cura é um processo. Somos seres
muito complexos, não computadores programados de forma simples. O
Senhor nos trará a cura de formas muito diferentes. O Senhor age de
diferentes formas para curar nossas emoções, assim como Ele age de
diferentes formas para curar nosso corpo. Tenho visto muitas curas físicas
através da mão do Senhor, de muitas formas diferentes, desde curas
milagrosas e instantâneas a curas graduais. É importante nunca limitarmos o
Senhor nas formas que Ele pode curar nosso coração.
ESTENDENDO A MÃO EM FÉ
Ao longo dos Evangelhos, encontramos pessoas que precisavam de um
milagre de Jesus. Essas pessoas estendiam suas mãos até Ele, pedindo o seu
milagre. Muitas vezes, elas até mesmo saíam dos seus caminhos e faziam
grandes sacrifícios para irem até Jesus e receberem a cura. Nós precisamos
chegar ousadamente diante do Trono de Deus para pedir a Ele que cure
nosso coração ferido. Jesus está mais do que disposto a nos curar, mas nós
precisamos estar dispostos a colocar nossa confiança n’Ele ao pedir-lhe
nossa cura. (Veja Lucas 4:18, 20).
Sara os de coração quebrantado e lhes pensa [ata] as feridas
(Salmos 147:3).
O salmista declara que o Senhor não somente cura os de coração
quebrantado, mas Ele também “ata suas feridas”. Isso fala de uma ação
amável e carinhoso. Se nossa imagem do Senhor é a de alguém duro que só
dá tarefas, não ousaremos ir até Ele com nossas feridas. Quando estamos
feridos, a última coisa que queremos é ir até alguém que nos tratará sem
cuidado. O Senhor não está só interessado em curar nosso coração
quebrantado, mas também em atar nossas feridas para que elas possam ser
curadas.
Em Lucas 4, quando Jesus foi até a sinagoga, Ele abriu o rolo de Isaías
61. Após ter lido a bela passagem na qual o Senhor promete curar o
quebrantado de coração, Jesus diz ao povo que essas palavras foram
cumpridas ali, naquela hora.
As pessoas se maravilharam com as palavras graciosas que vieram de
Sua boca. Elas se maravilharam porque estavam ouvindo de alguém que era
compassivo e estava declarando que aquela era a hora em que os
quebrantados de coração deveriam ser curados, em vez das regras e
regulamentos usuais que eram declarados na sinagoga.
Jesus não mudou, nem o Seu desejo de ser gracioso com relação aos
feridos de coração mudou. Precisamos estender nossa mão em fé, crendo
que Ele é realmente capaz de curar essas feridas que são tão profundas em
nosso coração. Ele sente a dor que sentimos, e Ele quer que confiemos
n’Ele para ser nosso Curador. Ele é totalmente capaz de curar nosso coração
ferido e nossas memórias se somente estendermos nossas mãos para Ele em
fé.
CONTROLE DE REALIDADE
Que áreas da minha vida precisam de cura? Eu estou disposto, a deixar o
Senhor me mostrar qualquer área na qual eu ainda vivo em negação?
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Eu tenho Jesus como a única fonte de cura?
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Onde eu busco outras pessoas para a minha cura?
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Eu estou aberto para que o Senhor use qualquer forma que Ele escolha
para trazer cura ao meu coração ferido? Quais formas de cura eu rejeito?
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De quais formas eu estou estendendo a minha mão em fé para o Senhor?
Eu estou só esperando as coisas acontecerem?
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ORAÇÃO
Meu Pai celestial, cheio de misericórdia e graça, eu Te
agradeço pela Tua sabedoria e bondade. Eu confio em Ti para
me curar e me rendo completamente a Ti. Eu não guardo nada.
Faça o que tens que fazer para me curar completamente. Cure o
meu coração ferido. Amém.
12
C S E
Ao longo dos anos, o Senhor tem me ensinado muitas coisas maravilhosas
e práticas com relação à cura total. Ele usou muitas pessoas e recursos
maravilhosos, que Ele trouxe à minha vida no tempo certo. Vez após outra,
tenho visto pessoas ignorarem as verdades a seguir, acabando por se
encontrarem isoladas e até mesmo mais feridas. O inimigo usará pessoas
feridas para ferir pessoas, enquanto o Senhor usará pessoas curadas para
curar pessoas.
RENDER-SE AO PROCESSO
Já que a cura é um processo, precisamos nos render ao Senhor para que
Ele faça Sua obra em nós. Deixar de lado nossa falta de perdão e permitir
que o Senhor lide com todo o veneno da amargura em nosso coração é
apenas o começo do processo de cura.
Quando criança, eu era muito ativo e amava brincar do lado de fora.
Joelhos e cotovelos arranhados era algo normal para mim. Sempre que essas
feridas começavam a sarar e uma casquinha começava a aparecer, para mim
era quase impossível me render ao processo de cura. Eu sempre tirava as
casquinhas, o que, é claro, me levava a sangrar e atrasar o processo de cura.
Da mesma forma, não podemos tirar nossas casquinhas emocionais, mas
permitir que o Senhor termine o processo que Ele começou em nós. Se
interferirmos impacientemente cada vez que o Senhor começar um processo
de cura em nós, só atrasaremos o processo. Ele sabe o que está fazendo, e
precisamos aprender a confiar n’Ele completamente e nos render a Ele para
a cura do nosso coração ferido. Não podemos subestimar a importância da
rendição ao Senhor.
Quando nosso filho, Danny, tinha cerca de quatro anos de idade, minha
esposa começou a ensinar-lhe a amarrar o cadarço dos seus sapatos. Um
dia, tínhamos que sair, e eu lhe pedi para pegar seus sapatos e colocá-los.
Quando me inclinei para amarrar os cadarços, ele me garantiu que poderia
fazê-lo sozinho. Ele se recusou a me deixar ajudá-lo. Eu lhe ofereci minha
ajuda várias vezes, mas ele insistiu que já era grande e, agora, conseguiria
fazê-lo.
Enquanto eu fiquei ali, vendo-o lutar, eu me senti tão impotente. Eu
queria ajudá-lo, mas ele se recusou a se render ao papai. Portanto, eu dei um
passo para trás e fiquei olhando, vendo-o se frustrar mais e mais. Depois de
um tempo, ele gritou: “Papai, me ajuda a amarrar esses cadarços idiotas!
Não está dando certo.” Com todo o prazer, eu o ajudei a amarrá-los, o que
só foi possível uma vez que ele se rendeu a mim.
Quando aprendermos a parar de lutar com nossas próprias forças, e nos
rendermos às mãos de Jesus, que é capaz e está disposto a curar nosso
coração ferido, vamos passar por um processo de cura.
CHEGAR À RAIZ
O Senhor anseia por curar nossas feridas, mas muito mais do que isso,
Ele quer chegar à raiz de nossos problemas. Estou ciente de que podemos
nos machucar simplesmente porque vivemos em um mundo pecaminoso, e
sermos feridos faz parte da vida; no entanto, tudo que o Senhor permite é
por uma razão. Ele usará até nossas próprias falhas para Sua glória se nos
rendermos a Ele e estivermos dispostos a aprender cada lição que Ele tem
para nós.
Se sempre atraímos certos tipos de feridas, precisamos pedir ao Senhor
para chegar à raiz dos nossos problemas. Podemos estar vivendo com
promessas internas, expectativas de raízes amargas, maldições hereditárias,
ou outras dinâmicas espirituais com as quais o Senhor precisa lidar. A
minha oração tem sido, por muitos anos, que o Senhor não apenas lide
comigo superficialmente, mas, sim, limpe meu coração a fundo e tire as
raízes podres dele com Seu machado.
Desde que comecei a fazer essa oração por minha família continuamente,
tenho visto o Senhor responder a ela de formas maravilhosas. Ninguém sabe
como lidar com as raízes ruins da nossa vida melhor do que o Senhor,
porque Ele conhece cada cantinho escondido de nosso coração. Não se
engane, uma árvore ruim não pode produzir frutos bons. Se temos raízes
podres em nossa vida, precisamos permitir que o Senhor lide com elas, em
vez de apenas tirar os frutos ruins das árvores, ou apenas cobri-los. Seria
como tirar a teia de tempos em tempos sem se livrar da aranha.
ORAÇÃO
Querido Pai celestial, cheio de misericórdia e graça, eu Te
agradeço pela Tua sabedoria e amor. Tu sabes o que é melhor
para mim. Ajuda-me a encontrar meu lugar no Corpo de Cristo.
Abençoa-me e faze-me uma bênção para outros. Coloca o teu
machado em cada raiz ruim em minha vida. Cura aqueles a
quem eu feri, e usa as próprias feridas para glorificar o Seu
grande nome. Eu confio em Ti. Amém.
13
M C L
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração [com toda a
diligência], porque dele procedem as fontes da vida (Provérbios
4.23).
Esta passagem na Palavra usa termos fortes para nos fazer entender a
importância de mantermos nosso coração livre de ofensas. A palavra
traduzida como “guardar” neste versículo é a palavra hebraica natsar, que
era usada para descrever sentinelas vigiando a cidade. Não significa estar
tranquilo, esperando que tudo esteja seguro, mas estar ativo na obra, como
essas sentinelas ficavam.
A palavra “diligência” é a palavra hebraica mishmar, que era usada para
descrever guardas de prisão que vigiavam prisioneiros com diligência,
garantindo que eles não fugissem. Nos é dito para guardarmos nosso
coração de forma muito cuidadosa, já que dele procedem as fontes de vida.
Se negligenciarmos nosso coração, a fonte da vida será limitada, impura ou
estragada. Como podemos vigiar nosso coração? Aqui há algumas formas:
3. APRECIE O BANQUETE
Todos os dias do aflito são maus, mas a alegria do coração é
banquete contínuo. (Provérbios 15:15)
Quando nosso coração estiver alegre e animado, viveremos em um
banquete contínuo. Banquete fala de abundância, alegria e celebração. O
Senhor quis que nós vivêssemos em Sua abundância. Não há carência no
Céu, e já que somos destinados para lá, o ideal é que comecemos a praticar
o hábito de participar do banquete agora. Como podemos viver aqui na terra
apreciando um banquete contínuo? Precisamos fazer da alegria do Senhor a
nossa força (veja Neemias 8:10). Em Sua presença, há abundância de
alegria (veja Salmos 16:11). O prazer mundano durará somente por pouco
tempo, mas a alegria de estar em Sua presença será nossa força até mesmo
em tempos difíceis.
4. ADORE A DEUS
Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração
ao Senhor com hinos e cânticos espirituais. (Efésios 5:19)
Precisamos aprender a adorar e louvar ao Senhor em todas as
circunstâncias. Se enchermos nosso coração com louvor e adoração e
expressarmos isso para o Senhor, nosso coração ficará alegre, o que fará
com que tenhamos um banquete. Eu sempre me alegro nos momentos em
que o povo de Deus se encontra e O adora em unidade. Contudo, se não
aprendermos a adorar a Ele em nossa vida particular, quão autêntica será a
adoração que ofereceremos quando nos reunirmos e a música for perfeita?
Não se engane; não depende de circunstâncias externas se somos capazes
ou não de louvar a Deus com nosso coração. O apóstolo Paulo não escreveu
Efésios 5:19 como uma teoria, mas como algo que ele praticava, até mesmo
debaixo de severas circunstâncias (veja Atos 16:16-25).
A verdadeira adoração não é o que levamos ao Senhor quando todas as
coisas são perfeitas e nossas orações são respondidas. Se quisermos que
nosso coração seja alegre, precisamos aprender o segredo de adorar a Deus
na privacidade de nossa vida.
6. DESPRENDA-SE
Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para
que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te. (Eclesiastes
7:21)
Ao vivermos agradecidos porque o Senhor está sempre pronto para curar
as feridas do nosso coração, precisamos aprender o que significa vigiar
nosso coração. Crescemos em maturidade ao seguirmos ao Senhor. Um dos
sinais da maturidade e de um coração curado é não guardarmos no coração
tudo o que as pessoas dizem. Isso não significa viver em arrogância, não
ligando para o que todos dizem. Mas a Palavra nos admoesta que na
multidão dos conselheiros há sabedoria. Embora algumas vezes seja difícil,
podemos aprender a receber no coração quando as pessoas expressam suas
opiniões desagradáveis sobre nós.
É impossível para qualquer um seguir ao Senhor de todo o coração sem
ser criticado por isso. Por exemplo, veja Lucas 6:26 e 2 Timóteo 3:12.
Precisamos aprender a levar ao Senhor, em intercessão, todas as vezes que
somos tentados a criticar os outros e orar por aqueles a quem somos
tentados a criticar. Nunca podemos nos esquecer de que só pela graça de
Deus nós podemos viver.
A minha oração é para que o Senhor nos conceda a graça para receber a
cura para nossas feridas emocionais. Que Ele possa nos ajudar a dar os
passos em direção à nossa cura rapidamente ao amadurecermos n’Ele. Ele
deseja que nós sejamos não somente pessoas cujo coração foi curado por
Ele, mas pessoas que trazem cura aos incontáveis soldados feridos do Seu
exército e os restaurem, levando-os de volta ao seu propósito e destino.
CONTROLE DE REALIDADE
Eu amo o Senhor com um coração não dividido? Que áreas do meu
coração não estão totalmente submissas ao Senhor?
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Com que frequência eu busco o prazer de estar em Sua presença?
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Onde e quando eu adoro ao Senhor?
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Há algum orgulho no meu coração? Quais passos preciso dar para me
guardar dele?
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Como posso aprender a não levar ao meu coração tudo o que as pessoas
dizem?
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ORAÇÃO
Senhor, eu te agradeço pelo teu incrível amor por mim. Posso
ver claramente que Tu queres que eu vigie meu coração e o
mantenha livre da amargura e da falta de perdão porque isso é
de meu próprio interesse. Eu faço a escolha hoje, e a cada dia,
de viver uma vida de perdão. E sempre serei rápido para
perdoar aqueles que me feriram e para entregar tudo a Ti.
Ajuda-me a andar dessa forma todos os dias da minha vida.
Obrigado. Amém.