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Coordenação

Reinhard Hirtler

Tradução
André Scultori

Revisão
Aline Monteiro

Capa
José Carlos S. Junior

Projeto Gráfico e Diagramação


José Carlos S. Junior

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão por escrito, exceto para breves
citações, com indicação da fonte.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia King
James Atualizada, 2ª edição, da Sociedade Ibero-Americana, ©. Todos os direitos reservados.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-Brasil)


Hirtler, Reinhard
O poder para perdoar: Como superar falta de perdão e amargura / Reinhard Hirtler
Brasília: Priint Impressões Inteligentes, 2016
ISBN (em suporte de papel): 978-85-5963-014-5
1. Vida Cristã. 2. Espiritualidade I. Título

Reinhard Hirtler Publicações ©


Primeira edição - 2012
Segunda edição - 2016
Todos os direitos reservados por Reinhard Hirtler Publicações ©

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No ano de 2014, Reinhard e Debi em viagem pelo nordeste do Brasil se
depararam com a realidade das crianças em situação de vulnerabilidade
social. Desde então, movidos pelo coração de Deus, resolveram dedicar
suas vidas para mudar essa realidade. Fundaram a Brasilian Kids Kare, uma
ONG que tem como missão, transformar a vida de crianças carentes e
abandonadas do Brasil, dando a elas valor, esperança e futuro, através de
um encontro com o amor de Deus.
Temos o propósito de construir 100 abrigos e creches no Brasil, com o
intuito de contribuir na mudança do destino e futuro dessa nação. Também
queremos inspirar e auxiliar outros a fazerem o mesmo; entregar suas vidas
e recursos para mudar o futuro dessas crianças. Reinhard destina 100% da
renda arrecadada com a venda de seus livros para a construção, manutenção
e abertura de novos projetos no Brasil. Hoje temos abrigos, creches e
projetos sociais em alguns estados do nordeste Brasileiro.
Você pode conhecer nossos projetos através do site:
http://www.braziliankidskare.org
Sumário
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1. O Desejo de Deus
2. Causas das Feridas Emocionais
3. Feridas vs Cicatrizes
4. Passos Para a Cura
5. Passo 1 – Arrependimento
6. Passo 2 – Perdão
7. Passo 2 Continuado – Como Perdoar
8. Histórias Reais de Perdão
9. Passo 3 – Pedindo Perdão
10. Passo 4 – Abençoe Seus Inimigos
11. Receba a Cura
12. Coisas que o Senhor me Ensinou
13. Manter um Coração Limpo
PREFÁCIO
Eu encontrei Reinhard pela primeira vez em janeiro de 1992 na
Inglaterra em uma conferência para pastores e líderes. Houve uma conexão
imediata em Espírito e, embora estivéssemos em continentes diferentes por
mais de uma década, ainda assim mantivemos contato um com o outro. Eu
fiquei muito animado quando ele me disse que iria se mudar para os
Estados Unidos.
Se há uma frase para descrever Reinhard, seria que o seu zelo pelo
Senhor e pelo Reino de Deus é contagioso. Eu creio que você sentirá isso
neste livro, pois ele tem uma paixão verdadeira por Jesus e para que o
Reino de Deus venha à Terra.
Em nossa própria busca pela paixão por Jesus e por fazer o melhor para
amá-lo como Ele merece, algumas vezes encontramos obstáculos em nossa
vida que nos impedem de nos aproximarmos d’Ele tanto quanto nós e Ele
desejamos. Parece que há muita frustração e confusão em nossa vida sobre
o porquê disso. E realmente há mais do que uma resposta para essa pergunta
sempre penetrante no Corpo de Cristo.
Reinhard aborda uma ótima razão para nossa falta de proximidade de
Deus, e algumas vezes até mesmo nosso próprio senso de solidão.
Reinhard não está apenas ensinando algo da Bíblia, embora não haja
nada de errado com isso e, em minha opinião, ele seja muito qualificado
para fazê-lo. Neste livro, ele ensina algo da Palavra e de sua própria
experiência. Há assuntos que ele resolveu pessoalmente com o Senhor, e em
seu trabalho como pregador, mestre, líder de jovens e conselheiro, ele teve
centenas de conversas com jovens e velhos que lhe mostraram o quanto este
problema é preponderante em nossa sociedade. Na verdade, parece que não
há diferença entre raça, sexo, idade, ou até mesmo se uma pessoa é crente
ou não, todos enfrentam feridas, rejeição ou ofensas pelo menos uma vez na
vida, mas a maioria das pessoas não sabe lidar com esses problemas do
coração.
Neste momento, você pode até mesmo estar em uma situação em que
precisa encontrar um caminho para sair da agonia que você está sentindo
em seu coração — e não sabe o que fazer com ela nem a quem procurar
para pedir ajuda sobre essa dor íntima e profunda. Este livro, é claro, nem
sequer sugere tomar o lugar do aconselhamento profissional, quando e onde
isso é justificado, mas às vezes pensamos que um problema é maior e mais
complicado do que realmente é. Deveríamos sempre, em primeiro lugar,
tentar dar pequenos passos antes de tentar pular para os maiores. Mesmo
que este livro represente um “pequeno passo” para a cura interior, ele
certamente produzirá grandes resultados.
Ou talvez você precise deste livro apenas para se certificar de que seu
coração está limpo diante do Senhor e que você não está se roubando das
bênçãos que Ele quer lhe dar, devido aos bloqueios de sua parte no
relacionamento com Ele. Ao nos livrarmos dos bloqueios, não apenas
limparemos o canal das nossas bênçãos que existe entre nós e o Senhor, mas
também para ser a bênção que Ele quer que sejamos para as outras pessoas,
que é onde encontramos verdadeira satisfação nesta vida.
Qualquer que seja sua razão para pegar este livro, estou certo de que
você será abençoado ao lê-lo e mantê-lo por perto, mesmo que seja só para
um momento no futuro no qual você será ofendido.
Como o Senhor diz em Lucas 17.1: “É inevitável que venham ofensas”.
Este livro nos ajuda a estarmos preparados para tempos como esse. Ele lhe
dará as armas necessárias para “combater o bom combate” (2 Tm 4.7).
Buscando juntos conhecer mais a Ele.
M B ,D
I H P
K C ,M
.IHOP .
INTRODUÇÃO
Este livro sobre o poder para perdoar não é teoria; é algo pelo qual sofri
muita dor, muitas vezes.
Por ter sido sexualmente abusado na infância, eu sei a dor decorrente do
abuso; por ter sido xingado por não cristãos e cristãos bem-intencionados,
eu sei a luta de batalhar contra maldições espirituais.
Por ter sofrido rejeição de pessoas muito próximas a mim, eu sei o
quanto precisamos da graça de Deus para perdoar e seguir em frente.
Mas algumas vezes a dor é tão profunda que parece ser muito difícil de
aguentar.
Lembro-me vividamente do dia em que eu e minha esposa estávamos em
nossa sala tentando orar e adorar ao Senhor, no meio do período mais
devastador de nossa vida. Mentiras sobre nós estavam sendo espalhadas ao
redor de nosso país. Pessoas sobre quem havíamos derramado nosso amor,
de repente nos rejeitaram e não queriam contato conosco. Tudo o que
havíamos vivido foi repentinamente tirado de nós. Anos de ministério em
tempo integral, implantação de igrejas, ensino e pregações haviam
terminado de uma hora para a outra. Amigos próximos haviam se tornado
nossos inimigos da noite para o dia, e perguntas e mais perguntas
perturbavam a minha mente. Por que, Senhor, por quê? Os céus pareciam
estar em silêncio. A dor era tão profunda que pensei em suicídio.
Mas enquanto tentávamos adorar ao Senhor e orar naquela manhã, a voz
familiar do Senhor falou ao meu coração. Ele me disse que se eu estivesse
disposto a vencer esta dor — a liberar, perdoar e entregar tudo a Ele —
então Ele nos usaria para trazer libertação a muitos cristãos que estavam
cativos pelo inimigo por causa da amargura e da falta de perdão.
Além disso, o Senhor prometeu que Ele usaria esses cativos como parte
do seu exército dos últimos dias para trazer dano ao acampamento do
inimigo.
De repente, tudo parecia diferente. A dor ainda estava presente, mas tudo
valia a pena. Meu Senhor não apenas me ajudaria durante o tempo de lutas,
mas Ele o usaria e permitiria que algo bom surgisse disso.
Jamais nos lembraremos o suficiente da importância de abrir mão de
nossas feridas passadas e de perdoar livremente assim como fomos
perdoados.
Um plano estratégico do inimigo, no entanto, é nos levar a um lugar onde
nos recusamos ou não cremos que somos capazes de perdoar. Satanás tem
prendido tantas pessoas simplesmente porque elas se recusam a perdoar. Se
esses cativos somente percebessem que sua liberdade depende de sua
escolha para perdoar! Se você, assim como eu, desejar ajudar a libertar
esses cativos e trazer cura a outros através da Cruz de Jesus Cristo, então
vamos buscar a Deus em oração para revelar e curar nossas feridas
escondidas, falhas e erros.
Portanto, apresento-lhe este livro com toda a humildade, não com uma
atitude de sabe-tudo. Eu simplesmente peço que você leia estas páginas com
o coração e a mente abertos. Permita que o Espírito de Deus sonde o
profundo do seu ser e traga à luz o que precisa ser manifesto, para que você
possa ser liberto para cumprir seu pleno potencial em Cristo.
Todas as histórias e testemunhos neste livro são verdadeiros. As histórias
no capítulo 8 são depoimentos das pessoas que as viveram. No entanto, eu
mudei os nomes para proteger as pessoas envolvidas. Espero e oro para que
este livro o abençoe, liberte, e o leve a trazer libertação a muitos outros.
1
OD D
O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do
coração o espírito se abate. (Provérbios 15:13).

Era outono de 2001, e eu havia acabado de pregar sobre honrar seu pai e
sua mãe para milhares de pessoas famintas espiritualmente em uma
próspera igreja brasileira. Quando me retirava do altar, um dos pastores
trouxe uma adolescente até mim e perguntou se eu poderia ministrar a ela.
Ela estava no final da sua adolescência e seu rosto parecia envelhecido por
causa da dor emocional com a qual vivia desde muito nova. Era doloroso
olhar para ela, pois não passava de pele e ossos. Pela sua expressão facial,
eu poderia dizer que ela passava por uma profunda dor emocional. Ao se
aproximar de mim, seu corpo todo estremeceu.
Eu pedi a ajuda do meu intérprete e ouvi sua história. Meus olhos
começaram a se encher de lágrimas enquanto eu sentia a fragilidade da
situação. Será que eu poderia dizer que ela precisava perdoar seu pai e
honrá-lo? Esta é sua história, tudo o que me lembro dela.
Seu pai abusava dela continuamente, estuprando--a desde que ela era
garotinha. No início de sua adolescência, ela engravidou dele e deu à luz
uma menina. O abuso continuou, e agora ela estava num ponto em que não
podia mais viver com isso; ela sentia que tinha de fugir. A única forma na
qual ela conseguia pensar era fugir e encontrar trabalho para se sustentar.
No entanto, ela sabia que não poderia levar a filha com ela, o que
significava que sua filha de quatro ou cinco anos teria que ser deixada sob
os cuidados de seu pai, que abusava dela. Ela estava horrorizada com esse
pensamento, sabendo que seu pai faria com sua filha o que havia feito com
ela por todos esses anos horríveis.
O Espírito de Deus a tocou profundamente através da mensagem
ministrada naquele dia, mas como ela poderia honrar seu pai? Como seria
possível perdoá-lo quando ele nem se arrependia do que havia feito e
continuava a fazê-lo? Eu tentava segurar as lágrimas enquanto a ouvia, meu
coração doía e se rasgava enquanto eu tentava entender sua confusão e a dor
no seu coração. Parecia impossível ajuda-la, e ela estava perdida e confusa.
À medida que ela falava, meu coração clamava ao Senhor por ajuda. O
que eu poderia dizer a ela? Enquanto meus sentimentos e emoções iam em
uma direção, minha mente ia em outra. Como eu poderia falar a verdade a
ela, que o Senhor nos ordena perdoar livremente, assim como nós fomos
perdoados? Além de tudo isso, ela se tornara cristã havia apenas algumas
semanas. Enquanto levava meu coração ao Senhor, o Espírito de Deus
começou a me aconselhar e eu não pude me segurar, comecei a chorar com
ela.
Uma vez mais eu expliquei a importância do perdão, dizendo a ela que o
Senhor não espera que ela consiga fazer isso sozinha. Ele espera que ela
faça a escolha.
Em uma visão eu vi o próprio Jesus, que foi pendurado em uma cruz há
cerca de 2000 anos e clamou ao Senhor para que Seu Pai perdoasse Seus
inimigos, parado ao lado dela, oferecendo Sua ajuda.
Se ela estivesse disposta e obediente, Sua força viria de forma tangível e
lhe permitiria fazer algo que parecia impossível: verdadeiramente perdoar.
Seguindo a orientação do Espírito, eu me ajoelhei em frente a ela e,
como líder espiritual e pai, em nome do seu pai abusivo, lhe pedi que me
perdoasse. Orientei-a a verbalizar o perdão, ela se quebrantou chorando e
livremente proferiu o perdão pelo seu pai. Um incrível poder de cura foi
liberado quando eu a abracei e chorei com ela. O Senhor estava realmente
presente e foi fiel à Sua promessa de ajudar todos aqueles que clamassem
por Ele. É difícil me lembrar de uma mudança tão drástica no semblante de
alguém em apenas um momento. Sua expressão mudou completamente. Eu
não a vi desde então, mas oro por ela frequentemente, quando o Espírito de
Deus me lembra.

AS INTENÇÕES DE DEUS
O foco deste livro não são os maravilhosos efeitos de um coração alegre,
mas o resultado destrutivo da mágoa e de feridas não curadas. Então, é vital
entendermos que tipo de vida o Senhor planejou para nós — para todos os
Seus filhos.
O Livro de Provérbios nos fala que “Um coração alegre aformoseia o
rosto”. Deus planeja que Seu povo seja diferente das pessoas que vivem a
vida sem Deus. Desde o princípio, o Seu desejo foi morar conosco. No
Jardim do Éden, Deus andava e se comunicava com o homem a cada dia.
Através da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, Deus não somente
habita no meio do Seu povo, mas Ele habita em Seu povo. Seu povo é agora
o templo do Deus vivo em quem Ele vive através da fé. (Veja Efésios 3:17)
Deus deseja que nosso coração esteja inteiro para que nosso semblante
possa expressar a maravilhosa obra de restauração que Cristo nos trouxe
através do Seu sacrifício na Cruz. Deus tem prazer em brilhar Sua
maravilhosa luz e vida através de pessoas comuns como você e eu.
Em todo o Velho Testamento, Deus continuamente expressa Seu poder
no meio do Seu povo. Mas Deus não quer que Seu poder seja visto somente
através de certos grandes homens e mulheres, mas em todo verdadeiro
cristão. Jesus expressou isso em Mateus 11:11 quando disse:
Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém
apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos
céus é maior do que ele.
Ele também disse a Seus discípulos que todos aqueles que crerem n’Ele
farão obras maiores que Ele próprio fez (Veja João 14:12).
É importante saber que Deus ama mostrar Sua força através de pessoas
comuns. Deus quer que nosso coração esteja completo para que possamos
usufruir completamente da liberdade das prisões que tão facilmente nos
prendem. Ele quer que nossa vida irradie e expresse Sua bondade, mas para
o inimigo é melhor que nos prendamos a feridas não curadas, e sejamos
infectados pela amargura e falta de perdão, para que não alcancemos todo o
nosso potencial.

O REINO DE DEUS EXPRESSADO


No final de 2004, eu e minha esposa Debi levamos nosso filho mais
novo, Chris, a uma loja de departamentos local para comprar algumas
roupas para ele. Enquanto comprávamos, Debi viu um par de calças de
corrida de que ela gostou. Quando ela o experimentou, percebeu que uma
das pernas da calça era mais curta que a outra. Então, levou as calças para
uma vendedora atrás do balcão, mostrando-lhe a peça com defeito. Debi
comentou que talvez o problema fosse que suas pernas não tivessem o
mesmo tamanho, mas a mulher conferiu a calça e lhe disse que suas pernas
eram boas — as pernas da calça é que estavam tortas. Então a mulher falou:
“Não há nada errado com suas pernas, como há com meus braços”. Ela
então os estendeu à sua frente e ficamos impressionados com o que vimos:
um braço era perceptivelmente mais curto que o outro.
Quando lhe perguntamos o que havia acontecido, ela nos disse que
quando estava na escola, havia mais de 20 anos, ela fazia parte da equipe de
ginástica. Em uma das apresentações, seu parceiro estava drogado e, em
certo momento ele deveria rodá-la, mas em vez disso, jogou-a do outro lado
da sala. O resultado foi uma longa internação no hospital com muitas
cirurgias devido a um braço e um cotovelo fragmentados. Desde então, sua
vida tinha sido uma dor constante.
Debruçando-nos sobre o balcão, nós nos oferecemos para orar por ela, e
lhe explicamos que Deus é bom e ama se expressar através de pessoas
comuns. Ela olhou de um lado para o outro e parecia envergonhada, mas
concordou em nos deixar orar por ela. Quando eu e Debi pedimos a Deus
para que lhe mostrasse Sua bondade e misericórdia curando seu corpo,
lágrimas encheram seus olhos. Pagamos pelas nossas roupas e saímos,
lembrando-lhe que Deus é bom e ama abençoar as pessoas.
Vários meses depois, Debi estava muito animada quando voltou das
compras na cidade. A mulher por quem havíamos orado disse a Debi que
ela não sentia mais dores desde o dia que oramos. Uma animação encheu
meu coração, e lágrimas de alegria encheram os meus olhos. Mais uma vez
percebi que o Senhor ama expressar Sua bondade através do Seu povo.
É vital andarmos em um caminho de perdoar os outros e abrir mão de
nossas ofensas, em vez de ficarmos presos nas dores do nosso passado.
Precisamos ser libertos para a vida que Deus preparou para nós, e estarmos
disponíveis para que Seu Espírito flua através de nós sem barreiras.

MÁGOAS ABATEM O ESPÍRITO


Provérbios 15:13 diz:
O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do
coração o espírito se abate.
Vamos olhar para as palavras da segunda parte de Provérbios 15:13 para
ter um entendimento melhor do que a Palavra realmente diz.
Mas com a tristeza [amargura] do coração o espírito se abate.
A palavra em hebraico traduzida por “tristeza” é atstsebeth, que significa
uma dor ou uma ferida. Esta palavra também era usada para esculpir
madeira, quando a faca afiada batia na madeira e fazia um corte nela. Usada
neste verso, ela não se refere a um pequeno arranhão ou ferimento, mas um
corte doloroso que causa uma ferida.
O Salmo 147:3 diz:
Sara os de coração quebrantado e lhes pensa as feridas.
A mesma palavra em hebraico que é usada nos Salmos para feridas, é
usada em Provérbios 15:13 para tristeza; portanto, a palavra tristeza em
Provérbios significa feridas. Há uma diferença entre pequenos arranhões e
cortes e feridas.
Quando palavras ou ações que outros cometem contra nós cortam
profundamente nosso coração, como o cinzel do xilógrafo corta a madeira,
precisamos estar cientes de que estas feridas não serão curadas sozinhas. Se
essas dores forem ignoradas e abafadas, elas acabarão ficando
infeccionadas.
Vamos olhar para a próxima palavra.
Mas com a tristeza do coração, o espírito se abate.
A palavra em hebraico para coração é leb e tem diferentes significados,
dependendo do contexto no qual ela é usada. Aqui ela fala da nossa alma,
que são nossas vontades, mente e emoções. Todos nós sabemos que a dor
em nossa alma pode ser muito real – palavras erradas e dolorosas têm
causado feridas bem reais no coração de muitos.
É por isso que a Bíblia fala sobre feridas e dores emocionais.
Eu tenho ouvido muitos cristãos dizerem que emoções e sentimentos são
coisas ruins ou irrelevantes e deveriam ser ignoradas. Se estudarmos a
Palavra, no entanto, veremos claramente que nossas emoções não são
somente um dom de Deus, mas que o próprio Jesus expressou Suas
emoções, tanto negativas quanto positivas. A Palavra registra muitas dessas
situações. Ele chorou, Ele ficou furioso, Ele ficou triste, Ele se alegrou, Ele
amou, Ele pranteou, Ele teve compaixão. (Aproveitando, leia João 11:35;
João 2:15-17; Mateus 19:14; Marcos 6:34; Mateus 23:37; Mateus 15:32;
Lucas 7:13; João 13:21; Marcos 3:5; Marcos 14:33-34; João 11:33; Marcos
15:34.)
Todos nós fomos feridos de uma forma ou de outra, e há várias razões
para isso, as quais discutiremos mais tarde. Mas o fato é que feridas são
inevitáveis.
Muitas pessoas tentam viver sua vida construindo paredes para
protegerem a si mesmas de serem feridas. Esta é uma abordagem errônea da
vida. É muito melhor aprendermos a lidar com nossas feridas da forma que
o Senhor quer que lidemos com elas do que fazer todo o possível para
evitarmos os ferimentos. É inevitável que sejamos feridos, mas como
veremos em um capítulo posterior, Deus proveu cura para nossas feridas.

SAMANTHA CONSEGUIU
Lembro-me claramente de quando conheci Samantha; ela estava
carregando uma ferida havia anos. Criada em uma família disfuncional,
com um pai alcoólatra e violento, ela sofreu desde muito cedo. Seus pais se
divorciaram quando ela era jovem e, em busca do amor, muitos homens
tiraram proveito dela.
Após se tornar cristã, ela só queria servir ao Senhor e segui-lo de todo o
coração. Samantha abandonou tudo para seguir o chamado de Deus em sua
vida. Ela viajou para outra nação como missionária, mas não demorou
muito para que se encontrasse de novo em uma situação de abuso. Desta
vez, aconteceu através de líderes cristãos que abusaram cruelmente dela,
tanto espiritual quanto emocionalmente, por um período de muitos anos.
Quando sentamos e conversamos, ela me contou que nunca mais deixaria
ninguém se aproximar dela de novo; ela construiria uma parede e viveria
atrás dela para estar emocionalmente segura. Esta era sua forma de se
certificar de que não se feriria novamente. Meu coração doeu por ela,
enquanto eu tentava entender sua dor da melhor forma possível. Eu sabia
que construir uma parede não era a forma correta de se viver. Expliquei que
se ela construísse uma parede para proteger a si mesma, ela não somente
manteria longe as pessoas que a machucam, mas também as que a amam.
O Senhor abriu os olhos de Samantha, e ela decidiu não viver mais atrás
de paredes, isolada por ressentimento e falta de perdão. Ela perdoou aqueles
que a machucaram, e com a ajuda do Senhor, decidiu se fazer vulnerável de
novo. Hoje, mais de dez anos depois, Samantha é uma maravilhosa mulher
de Deus com muitos amigos que a amam profundamente, a respeitam e a
estimam. Ela irradia a liberdade do Espírito e está faminta por mais d’Ele.
Ela fez a escolha certa e caminhou nela pela graça de Deus.
Assim como Samantha, muitos de nós temos uma tendência de construir
paredes em volta do nosso coração. Enquanto limites saudáveis são como
uma cerca que protege nosso coração, paredes são como uma cela de uma
prisão na qual trancamos a nós mesmos. Paredes nos impedem de receber
todos os dons de Deus, assim como nos impedem de dar tudo o que Deus
quer que demos. É importante que não escondamos nossa dor e
desapontamento atrás de paredes construídas em volta do nosso coração. O
Reino de Deus precisa ser recebido como uma criança, e crianças pequenas
normalmente não têm paredes construídas em volta de seu coração.
Desde o começo, Deus demonstrou que somos seres relacionais. Não foi
Adão que percebeu que ele precisava de uma parceira, mas foi Deus quem
disse que não é bom que o homem esteja só (veja Gn. 2:18). Somente
quando vivemos livremente em nossos relacionamentos dados por Deus é
que podemos cumprir nosso propósito e realizar nosso destino.
Paredes em volta do nosso coração não somente mantêm as pessoas fora
de nossa vida, mas também mantêm Deus fora dela. Ele quer nos tocar e
nos abençoar através das pessoas que Ele escolhe usar. Onde o Espírito do
Senhor está, há liberdade (2 Cor. 3:17), mas onde satanás opera, há
isolamento (Marcos 5:1-5).

UM ESPÍRITO ABATIDO
Sem dúvida você já ouviu a frase “Seu espírito está abatido”. Pessoas
com um espírito abatido não conseguem atingir seu potencial, a menos que
o Senhor as cure.
Um espírito abatido é como uma bola e uma corrente em sua perna: você
pode ser o melhor corredor no mundo, mas nunca conseguirá completar
uma corrida com sucesso se tiver um espírito abatido.
Mas com a tristeza do coração, o espírito se abate.
A palavra espírito aqui é outra palavra que é usada na língua hebraica de
formas diferentes.
É a palavra ruwach, e neste contexto significa vida. Ela fala da energia
ou força da vida, que nos leva a ter sucesso na vida. É a força que leva
nossa vida a seguir em frente.
A história de José e seu pai, Jacó, ilustra de uma forma linda o
significado da palavra espírito. Seus irmãos venderam José como escravo, e
fizeram seu pai, que o amava muito, crer que um animal selvagem o havia
matado. Seu pai recusou-se a se conformar e disse que “desceria à
sepultura” por causa do luto pelo seu filho (veja Gn 37:31-35).
Muitos anos depois, quando Deus levantou José como governador, seus
irmãos tiveram que ir ao Egito para comprar grãos, pois necessitavam dele
para sobreviver, por causa da fome na terra. Após certo tempo, José, que
não havia sido reconhecido por seus irmãos à primeira vista, revelou-se a
eles. Ele lhes deu muitos presentes e pediu para que trouxessem seu pai para
o Egito (veja Gn. 45:21-28).
Quando Jacó ouviu a notícia de que seu filho José estava vivo, ele
recuperou sua força. O homem que não podia ser confortado por causa da
profunda dor de perder o seu filho amado estava agora velho, no entanto,
recebeu a energia para fazer a longa jornada até o Egito. A Palavra diz que
seu espírito foi “reavivado”. A palavra em hebraico traduzida por espírito
nessa história é a mesma palavra usada em Provérbios 15:13, também para
espírito. Portanto, podemos ver que, quando a Palavra diz: “... com a
tristeza do coração, o espírito se abate”, isso significa que a força da vida se
abate.
Vamos ver as últimas palavras de Provérbios 15:13.
Mas com a tristeza do coração, o espírito se abate.
A palavra “abate” aqui é uma palavra forte, é a palavra em hebraico nake
e tem o significado de estar quebrado ou golpeado.
Os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém e, tomando-a,
passaram-na [abateram-na] a fio de espada, pondo fogo à
cidade. (Juízes 1:8)
A expressão “passar a fio de espada” nessa passagem tem a mesma raiz
da palavra traduzida por “abate” em Provérbios 15:13. Podemos ver que
não é apenas uma pequena dor que foi causada, mas a destruição de uma
cidade. Da mesma forma, se vivermos com feridas emocionais profundas,
elas nos levarão à destruição da nossa vida.
Portanto, quando vivemos com emoções profundas não curadas em vez
de lidarmos com elas como diz a Palavra, elas se tornarão destrutivas. Não é
uma escolha consciente viver com um espírito abatido, mas se escolhermos
viver com amargura e falta de perdão, viveremos com mágoa no coração, o
que abate o espírito. Não existe algo como emoções não expressas. Se
abafarmos nossa dor, ela se expressará de uma forma ou de outra, seja com
ataques de raiva, doença, dor, comportamentos compulsivos etc.

FERIDAS NÃO CURADAS


Ao longo de muitos anos no ministério pastoral, tenho visto muitas vidas
destruídas porque alguém não lidou corretamente com feridas emocionais.
Pessoas que vivem com feridas emocionais verão as coisas acontecerem em
sua vida através de suas feridas, e até mesmo coisas neutras parecem ser
diferentes.
Podemos comparar isso a um cão pego no canil. Se o cão foi abusado por
toda a sua vida, não importa o quanto você o ame, ele não conseguirá
confiar em você. Na verdade, você pode tentar acariciar o cachorro, mas ele
vai pensar que você quer machucá-lo e vai mordê-lo. Da mesma forma,
pessoas que vivem com feridas não curadas reagem às situações de formas
inapropriadas. Elas vão interpretar as ações dos outros com relação a elas
usando as feridas que elas carregam em seu interior, é assim que as feridas
são levadas para os relacionamentos.
Se as pessoas não entenderem esse princípio após passarem por um
divórcio ou relacionamento destruído, elas causarão dor a si mesmas e aos
outros. Em vez de passar pelo processo correto de curar e perdoar, elas
entram em outro relacionamento e carregam velhas feridas para o novo
relacionamento. Em vez de encontrarem realização, elas encontram mais
dor. Isso pode tornar-se um círculo vicioso, porque pessoas machucadas
machucam outras pessoas também.
Mas eu creio que há esperança e cura para todos, eu creio e confio que
este livro será um instrumento para você e para outros que estão no
caminho da cura.
Quando temos dor ou destruição em nosso coração, é como se usássemos
lentes escuras sobre nossa alma; começamos a ver o mundo não como ele é,
mas como nós somos. A escuridão em nossa própria alma reinterpreta a
vida, criando uma realidade pervertida1.

A GRAÇA DE DEUS
Em sua carta a Timóteo, o apóstolo Paulo diz que ele perseguia a igreja
por causa de sua ignorância; portanto, ele recebeu a graça de nosso Senhor.
Quando o Senhor apareceu a ele na estrada para Damasco, ele teve que
fazer uma escolha de parar de perseguir a igreja e entregar-se
completamente ao Senhor. (Veja 1 Timóteo 1:12-14.)
O Senhor quer curar nosso coração ferido. Quando conhecemos o
Senhor, carregamos uma grande bagagem emocional conosco, e Ele
graciosamente nos perdoa e nos transmite uma nova vida. Ele conhece todas
as áreas escondidas de nosso coração e as feridas que temos abafado e
ignorado por várias razões. Há graça para nossas feridas não curadas
enquanto somos ignorantes com relação a elas. O Senhor graciosamente
manterá Sua mão protetora sobre nós.
No entanto, já que o Senhor deseja nos curar, Seu Espírito nos
convencerá das áreas não curadas de nossa vida. Quando isso acontecer,
precisamos nos render a Ele e não deixar as coisas de lado para que não
rejeitemos Sua graça.
Ao lidarmos uns com os outros, especialmente com aqueles que ainda
estão feridos, não podemos nunca nos esquecer do quanto o Senhor é
gracioso para conosco. É importante mantermos nossa própria fraqueza,
assim como a bondade do Senhor, perante nossos olhos. Precisamos
também ser graciosos uns com os outros, assim como o Senhor é conosco,
enquanto Ele trabalha em nosso coração para nos trazer uma libertação de
cura.
Ao terminarmos este capítulo, vamos convidar o Espírito Santo para nos
sondar, à medida que buscamos em nosso coração por coisas que o Senhor
precisa curar.

CONTROLE DE REALIDADE
Quais são os verdadeiros perigos de feridas não curadas?
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Há feridas não curadas óbvias em minha vida? Se há, quais são?
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No passado, o Senhor colocou o seu dedo nas feridas que Ele queria
curar em minha vida? Caso afirmativo, quais foram elas?
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Qual é a história de relacionamentos disfuncionais em minha vida?
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Quais medos acham uma porta de entrada para minha vida através de
feridas não curadas com os quais eu luto com frequência ou lutei no
passado?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu creio que entendi o perigo de viver
minha vida com um coração ferido. Por favor, sonde o meu
coração. Você me conhece melhor do que qualquer pessoa, até
mesmo melhor do que eu. Deixe a luz do Seu Espírito brilhar
no meu coração. Traga à tona todas as feridas escondidas em
minha vida. Ajude-me a lidar com elas para que eu possa
encontrar libertação e cura na Cruz de Seu filho Jesus. Amém.

1 Kris Vallotton. Desenvolvento um Estilo de Vida Sobrenatural.


Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, 2007. p.74
2
C F E
Neste capítulo discutiremos as causas das nossas feridas. Saber as causas
nos ajuda a lidar com nossas dores da forma correta. Todos nós sofremos de
feridas emocionais, e estou ciente de que há incontáveis causas para elas.
No entanto, veremos as mais importantes.
Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham
escândalos [ofensas], mas ai do homem pelo qual eles vêm!
(Lucas 17:1)

RAZÃO 1: VIVEMOS EM UM MUNDO PECAMINOSO COM


PESSOAS PECADORAS
Não importa o quanto tentemos ser bons, sempre seremos pecadores e
necessitaremos da graça de Deus. Diariamente temos oportunidades de nos
ofender porque interagimos com pessoas imperfeitas. Somente quando
chegarmos ao Céu iremos interagir com pessoas perfeitamente santas.
Da mesma forma, não há igreja perfeita, porque mesmo se a
encontrássemos, no momento que nos tornássemos membros, ela deixaria
de ser perfeita! A cada dia, oportunidades para nos ofendermos esperam por
nós. Pode ser no nosso ambiente de trabalho, no tráfego intenso na cidade,
ao interagirmos com nossos filhos, pais, ou cônjuges, ou de muitas outras
formas.
Eu me lembro de uma vez em que embarquei em um avião para cruzar o
Atlântico. Estava cansado por ter estado muito ocupado com o trabalho
durante aquela semana e tinha que viajar de noite. No dia da minha chegada
à Europa, eu já tinha um compromisso marcado para pregar. Quando me
sentei no meu assento no avião, esperava poder dormir um pouco no voo
longo. Quando já estávamos voando, eu apertei o botão para reclinar meu
assento para que pudesse dormir e, para minha surpresa, o meu assento não
reclinava. Eu apertei o botão mais forte, até entender que havia um homem
bem grande sentado atrás de mim, que estava empurrando o meu assento
com seus joelhos para que eu não pudesse recliná-lo. Quando eu olhei para
trás ele fez uma observação grosseira e me garantiu que não me deixaria
reclinar o assento, porque ele precisava do espaço extra.
Muitos pensamentos negativos vieram à minha mente. Mas, enquanto
tentava pensar em como lidar com essa situação, o Espírito Santo falou ao
meu coração. Ele me lembrou de que, independentemente do que eu fizesse
para resolver isso, eu ainda precisaria fazer uma escolha importante. Eu
carregaria a ofensa em meu coração ou manteria o meu coração livre da
ofensa? Entreguei meu coração ao Senhor, perdoei o homem, deixei que
toda ofensa se fosse, e também orei para que o Senhor o abençoasse. Não
demorou muito para que eu pudesse me sentar em outro lugar onde não
havia ninguém atrás de mim, para que eu pudesse me reclinar e descansar
um pouco.
Jesus disse que é impossível que nenhuma ofensa venha (veja Lucas
17:1). Cada um de nós foi ferido muitas vezes. Quando vemos nossas
próprias feridas, é fácil nos esquecermos de que nós também, muitas vezes,
ferimos os outros. Neste mundo pecaminoso, nos tornamos vítimas de dores
emocionais, mas também temos sido a causa de dores emocionais em
outros. Todos nós nascemos pecadores e precisamos de salvação através de
Jesus Cristo. A Palavra deixa isto claro, todos nós pecamos.
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus
testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus
mediante a fé em Jesus Cristo, para todos (e sobre todos) que
creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus. (Romanos 3:21-23)
Muitas vezes queremos diferenciar as “boas” e as “más” pessoas. No
entanto, de acordo com Deus, não há diferença — todos pecaram. A
redenção não será completa até que estejamos diante do trono de Deus.
Nesta terra, cada um de nós tem que lidar com o fato de que vivemos em
um mundo pecaminoso, cheio de pessoas pecadoras. Todos nós temos que
nos render a Deus dia a dia. Somente por Sua graça e o sacrifício que Jesus
trouxe através da Cruz podemos superar a iniquidade em nossa vida.
RAZÃO 2: FALSAS EXPECTATIVAS CAUSAM FERIDAS
EMOCIONAIS E OFENSAS
Pessoas vivem com expectativas que são irreais, o que pode causar
grandes ofensas em qualquer relacionamento. Se temos falsas expectativas
com relação às pessoas com quem nos relacionamos, seremos feridos e
ofendidos. Se entrarmos em um casamento com expectativas que são
irreais, bem cedo haverá ofensas.
Quantas pessoas entraram no casamento esperando que seu cônjuge
suprisse todas as suas necessidades emocionais que não foram supridas por
suas próprias famílias? Esta é uma falsa expectativa, porque só Deus pode
suprir completamente nossas necessidades emocionais. Então, se isso não
for abordado, falta de perdão, ressentimento e amargura podem acabar
entrando.
É vital não vivermos com falsas expectativas. Precisamos nos perguntar
se nossas expectativas com relação às pessoas são realistas ou não. As
expectativas que temos das pessoas são os planos de Deus para a vida
delas? Se crermos que sim, podemos julgar e interpretar o plano de Deus
para elas corretamente? Ou as expectativas com relação a elas são
simplesmente nossos próprios desejos ou até mesmo desejos egoístas? Por
essa razão, as crianças ofendem seus pais e os pais ofendem seus filhos.
Muitos pais têm sonhos para seus filhos que não são o plano de Deus para a
vida deles. Eles se ofendem e se machucam quando seus filhos não
alcançam suas expectativas. Maridos ofendem suas esposas, e esposas
ofendem seus maridos. Empregados ofendem seus patrões, e patrões
ofendem seus empregados. E assim por diante.
Esta é uma razão pela qual cristãos se ofendem com seus pastores. Eles
esperam que o pastor faça muitas coisas para as quais ele nunca foi
chamado ou treinado para fazer. Em suas expectativas, ele precisa ser um
bom líder de adoração, um bom pregador, um bom mestre da Palavra, um
bom evangelista, bom no ministério pastoral, ótimo com crianças, bom em
administração, um grande líder de jovens... Por causa dessas falsas
expectativas sobre pastores, as pessoas se machucam e são ofendidas. Então
elas culpam o pastor por sua decepção sem perceberem que é, na verdade,
culpa delas.
Eu ministrei em uma igreja no Texas, em que a pastora me contou sobre
um homem que saiu da igreja ofendido porque esperava que um homem se
tornasse o novo pastor, não uma mulher. Obviamente, ele tinha expectativas
falsas.

RAZÃO 3: A FALTA DE LIMITES TRAZ FERIDAS


EMOCIONAIS E OFENSAS
O assunto sobre limites é muito vasto, já que começa bem cedo na vida.
Muitas vezes, feridas emocionais podem ser ligadas à infância, quando as
pessoas são mais indefesas. O coração de Deus sofre por todos os
pequeninos que se machucaram, foram feridos e abusados. Sua compaixão
chega até essas pessoas feridas. Ele está cheio de carinho e amor, pronto
para curar e restaurar tudo aquilo que foi roubado.
Muitas vezes, pessoas têm sido roubadas e ofendidas porque nunca
aprenderam a estabelecer limites saudáveis. Não vou discutir muito a
importância de se estabelecer limites saudáveis porque outros já fizeram de
forma tão excelente, especialmente o livro Limites, do dr. Henry Cloud2. É
importante, no entanto, entendermos que temos total autoridade sobre nossa
vida. Deus nos criou com livre arbítrio, portanto, somos responsáveis pelas
escolhas que fazemos. O próprio Deus não nos força a fazer a Sua vontade.
Quando fazemos a escolha, por qualquer razão, permitindo que outros
entrem em nossa vida e nos machuquem quando deveríamos estabelecer
limites, nós somos os culpados.
No Jardim do Éden, podemos ver claramente como Deus responsabilizou
cada um pelas suas ações. Adão passou a culpa para Eva e para Deus, que
lhe havia dado uma esposa. Eva, por sua vez, tentou passar a culpa para a
serpente. Deus, no entanto, declarou as consequências em todas as três
partes envolvidas — Adão, Eva e a serpente —, demonstrando assim que
todos são responsáveis por suas próprias ações e escolhas. (Veja Gênesis
3:12-19).
Se tivermos ressentimento ou amargura por que outros estão nos
controlando ou manipulando, precisamos entender que somos totalmente
responsáveis por nossas próprias reações. O Senhor será um reto juiz e
julgará aqueles que pecaram contra nós. (Veja 2 Coríntios 5:10).
Se não tivermos aprendido a estabelecer limites saudáveis e outros nos
machucam, somos culpados por deixar de lado a autoridade que Deus nos
deu sobre nossa própria vida.
Quantas vezes dizemos sim quando, na verdade, queríamos dizer não? O
medo do homem pode nos levar a fazer isso, mas a Palavra mostra
claramente o resultado de uma vida vivida com o temor do homem.
Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no
Senhor está seguro. (Provérbios 29:25)
O medo do homem pode ter muitas razões que podem não ser tão óbvias.
Pode ser que sejamos levados a satisfazer as pessoas porque tememos sua
raiva ou rejeição. A raiz pode estar na insegurança. Mas qualquer que seja a
raiz, o medo dos outros nos deixará incapazes de estabelecer limites
saudáveis. Se dissermos sim, quando, na verdade, queríamos dizer não,
vamos nos ressentir com as pessoas para as quais dissemos sim, mas, na
verdade, nós somos os culpados. Muitas vezes, essas pessoas não estão
cientes dos nossos sentimentos, já que elas pensam que dissemos sim com
um coração honesto. Mas precisamos entender que foi nossa desonestidade
que causou o problema. Acabamos por ser machucados, ofendidos e nos
sentindo usados desnecessariamente.
Isso não é só uma teoria; pelo contrário, eu tenho passado por isso muitas
vezes, com muita dor. Grande parte da dor pela qual eu passei foi por causa
da minha própria insegurança — eu temia ser rejeitado pelo homem.
Guiado por esta insegurança, eu achava ser impossível estabelecer limites,
especialmente contra as pessoas de quem eu mais precisava ou queria
aprovação. Em vez de dizer um “não” sincero, de todo o coração, eu dizia
um “não” gentil e tímido, que era ignorado ou mal entendido e, como
resultado, isso me levava a reclamar contra o desejo do meu próprio
coração e ia tão longe ao ponto de violar minha própria consciência. Minha
dor, portanto, era causada por outros que abusavam de mim, assim como
por mim mesmo, que permitia o abuso.

A VISÃO QUE MUDOU MINHA VIDA


A dor era profunda e devastadora. Eu pensei: “Por que fariam isso
comigo? Por que iriam querer me controlar e manipular minha vida,
causando tanta dor a mim e a minha família? Por que eles usariam a Palavra
para justificar suas ações? Este é o fim da minha vida, do meu ministério,
dos meus sonhos pelos quais abandonei tudo?” Enquanto essas e muitas
outras perguntas passavam pela minha mente, alguns anos atrás, eu estava
confuso e deprimido. Eu não conseguia agir e precisava parar um tempo
para poder sobreviver. Eu sabia, pelo meu entendimento da Palavra, que eu
tinha que perdoar aqueles que haviam me machucado e me ferido. Eu o
tinha feito repetidamente.
Então, mais uma vez, o Senhor falou ao meu coração. Ele me falou sobre
algo que eu não esperava ouvir. Ele começou a me mostrar o meu papel
nesses eventos.
Tudo veio em uma visão, pela qual Ele claramente me mostrou minha
própria iniquidade. Eu me vi em pé diante do trono de justiça de Deus. Ele
me perguntou o porquê de eu ter feito certas coisas. Tentando dar desculpas
para essas coisas e passar a culpa para os líderes cristãos que me
controlavam, o Senhor falou claramente que desculpas eram inaceitáveis.
Ele lidaria com aqueles a quem eu tentei culpar quando eles estivessem
diante d’Ele, mas agora era a minha vez. Ele, então, me perguntou por que
eu havia entregue o controle da minha vida a outros, já que Ele me havia
dado livre arbítrio e o total controle da minha vida. Eu fiquei pálido quando
Ele me revelou que não aceitaria que nenhuma culpa fosse passada a outros.
Enquanto Sua pergunta ressoava como um trovão no meu espírito, eu
estava sem palavras. De repente, eu vi que os meus próprios pecados em
deixar os outros me manipularem e me controlarem eram tão ruins quanto o
pecado daqueles que me manipularam e me controlaram. Eu me arrependi
diante do Senhor e pedi o Seu perdão.
Através dessa visão, eu aprendi porque eu permitia que outros me
controlassem, e o Senhor, em Sua graça, começou a trabalhar naqueles
problemas e trouxe cura e mudanças à minha vida. Ele não estava me
condenando, mas sim me guiando ao arrependimento do meu próprio
pecado para que Ele pudesse lidar com o meu medo do homem e minhas
inseguranças, para que Ele pudesse me fazer mais igual a Cristo.
Até aquele momento, eu era incapaz de ver que as pessoas só podem nos
manipular se abrirmos mão do controle que Deus quer que tenhamos sobre
nossa própria vida. Deus nos deu um precioso dom, nosso livre arbítrio. Eu
encontrei uma libertação tremenda quando me arrependi, confessei este
pecado ao Senhor, e pedi a Ele que me perdoasse por abandonar este
precioso dom do livre arbítrio que Ele me deu.
Eu tinha várias desculpas sobre o porquê de eu ter feito o que fiz, mas na
presença do Senhor elas eram somente explicações, porque ele não aceitou
minhas desculpas. As feridas são inevitáveis quando nos relacionamos, mas
se formos feridos porque demos o controle da nossa vida a outros,
precisamos pedir que Deus nos perdoe por termos feito isso.
Ser guiado pela orientação, pelo desempenho ou pela atuação é uma
forma não saudável de se viver. Em vez disso, nossos relacionamentos
precisam ser baseados em amor mútuo, respeito e aceitação. Qualquer
relacionamento baseado em desempenho em vez de amor incondicional e
aceitação é um relacionamento doente. Se precisarmos desempenhar um
papel para que possamos ser aceitos, nunca nos sentiremos totalmente
aceitos, porque nunca conseguiremos agir “bem o suficiente”, o que, por
sua vez, gerará decepções e feridas em nosso coração.
Há uma grande diferença entre a mensagem do Evangelho e religião. A
religião tenta nos fazer desempenhar um papel para recebermos aceitação,
enquanto o Evangelho demonstra que Deus enviou Seu filho para
livremente nos oferecer Seu amor, graça e misericórdia para um povo que
não merecia. É por isso que os pecadores amavam andar com Jesus. Os
líderes religiosos do tempo de Jesus colocavam sobre o povo um jugo
pesado que nem eles mesmos queriam carregar. Jesus carregou o jugo das
pessoas e as aceitou assim como elas eram. (Veja Lucas 11:46; Mateus
11:28). Deus demonstrou Seu amor por nós ao enviar Seu filho amado para
morrer por nós, enquanto ainda éramos pecadores. Oferecemos nossos atos
de gratidão e amor a Deus porque Ele livremente nos aceitou, não para
receber Sua aceitação. Nosso relacionamento com outros precisa ser
baseado em aceitação, não em desempenho.

RAZÃO 4: SATANÁS, O INIMIGO DE NOSSA ALMA, TEM O


ALVO CLARO DE DESTRUIR NOSSA VIDA
A Palavra claramente nos ensina que temos um inimigo da nossa alma –
o inimigo e seus demônios, que tentam destruir nossa vida.
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário anda em
derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.
(1 Pedro 5:8)
Quando satanás tentou Jesus, ele usou a Palavra. Ele conhece a Bíblia,
portanto, ele sabe que pode fazer com que vivamos com feridas não
curadas, amargura e falta de perdão, e nos impedir de entrar nos propósitos
que Deus tem para nossa vida. Cada um de nós foi criado com um propósito
divino. Todos nós fomos criados para viver por algo maravilhoso, algo além
de nós mesmos. Nunca seremos felizes e realizados se decidirmos viver
para nós mesmos em vez dos grandes propósitos de Deus.

O DEMÔNIO MAÇÃ-BANANA
Embora essa expressão não esteja na Palavra, você vai logo perceber que
você já sentiu a obra desse espírito em sua vida. A maioria dos cristãos com
quem eu converso concordam que já experimentaram as atividades desse
demônio maçã-banana. Esse demônio tem um propósito específico:
distorcer as palavras. Quando eu digo maçã, ele distorce a palavra e faz ela
soar como banana para você. Do momento que a palavra sai da minha boca
até o momento em que ela entra no seu ouvido, ela soa bem diferente. É
claro que não há literalmente um demônio chamado maçã-banana, mas é
assim que eu o classifico porque isso me ajuda a entender o que está
acontecendo às vezes.
O inimigo fará tudo o que puder para causar confusão, desentendimento,
ferida e ofensas. A maioria dos casais sabe exatamente do que eu estou
falando. Quantas vezes eu já discuti com minha esposa, afirmando a ela que
eu nunca disse o que ela ouviu? Eu precisei de um longo tempo para
entender que o inimigo estava ativo em nosso casamento, tentando causar
desentendimentos e confusão! Assim que eu percebi isso, muita pressão foi
retirada do nosso relacionamento; porque agora ele estava exposto, e seus
planos foram trazidos à luz.
Tendo dito isso, precisamos entender que há também razões naturais
pelas quais maridos e esposas não entendem um ao outro. A forma pela qual
homens e mulheres se comunicam é muito diferente, e é importante se
esforçarem para aprender a entender seus parceiros. Há prova científica
suficiente de que os cérebros masculino e feminino funcionam
diferentemente para provar que isso é verdade. Nossas próprias feridas
podem também causar desentendimento quando interpretamos as coisas da
forma errada, quando as lemos através da nossa dor e do nosso coração não
curado. Precisamos buscar a sabedoria do Senhor para entender se não
estamos entendendo um ao outro porque não aprendemos a arte da
comunicação, ou se há atividade demoníaca com o objetivo de nos ferir e
destruir nossos relacionamentos.
Ainda me lembro de quando estava servindo como pastor em uma igreja
que ajudei a implantar. Uma vez, fui convencido de que um dos pastores
havia dito algo inapropriado em seu sermão. Quando discuti isso com ele,
ele afirmou que nunca havia dito isso. Eu estava certo de que ele havia dito,
mas ele estava certo de que não. Decidimos ouvir a mensagem gravada,
juntos. Para o meu espanto, ele estava certo. Ele nunca havia dito aquilo,
mas eu estava muito certo de que ele havia dito. Para mim , aquele foi mais
um exemplo da obra do demônio maçã-banana.

FRANK E JOHN
Tenho usado esta história para ensinar essa importante verdade sobre
como o inimigo quer usar os desentendimentos para causar ofensas a
pessoas nas diferentes igrejas que ajudei a pastorear.
Em uma manhã de domingo, fui à reunião da igreja onde estava
agendado para pregar, e minha mente estava focada na mensagem que iria
pregar naquele culto. Dois irmãos, Frank e John, faziam parte desta igreja.
Ambos eram cristãos relativamente novos e haviam se tornado bons amigos
meus. O Senhor permitiu que eu fizesse parte da vida deles, trazendo-lhes
cura e restauração.
Ao entrar no prédio da igreja naquele domingo, vi Frank do outro lado da
sala. Era muito bom vê-lo, então eu fui direto até ele. Eu não percebi que
seu irmão John estava de pé bem do lado da porta, portanto passei direto
por ele e não o notei.
Imediatamente, vários pensamentos passaram pela cabeça de John,
enquanto ele me via caminhando em direção ao seu irmão. Quando ele viu a
forma amigável com que cumprimentei seu irmão, ele sentiu uma ofensa
crescendo em seu coração. Ao longo da reunião, ele lutou contra
pensamentos de rejeição: “O que o pastor tem contra mim? O que eu fiz de
errado para chateá-lo? Por que ele ama meu irmão mais do que a mim?”
Após a reunião, ele falou comigo e me disse que, ao longo do culto, ele
havia batalhado contra muitos pensamentos negativos, e decidiu falar
comigo imediatamente. Após explicar-lhe que nem havia percebido que ele
estava em pé ao lado da porta, e que o inimigo havia tentado tirar vantagem
dele fazendo com que ele fosse ferido, ofendido, e até mesmo amargurado,
ele entendeu. Hoje, cerca de 15 anos depois, ainda somos todos muito bons
amigos.

RESOLVA RAPIDAMENTE
Ao ser ofendido, é vital não ignorar isso nem deixar para resolver depois.
John fez a coisa certa. Ele não foi para casa com sua ofensa, permitindo que
o inimigo enchesse seu coração de ressentimento e amargura. Em vez disso,
ele veio até mim rapidamente, e tudo se acertou. Jesus disse claramente que,
antes de ofertarmos a Ele, precisamos consertar tudo com nosso irmão
ofendido.
Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que
teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua
oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta. (Mateus 5:23-24)
Precisamos ser rápidos para perdoar, mas também para conversar com as
pessoas que acreditamos que nos ofenderam. Nosso alvo deve ser andar em
amor e unidade para encontrar reconciliação. Até mesmo se as pessoas nos
ofenderam intencionalmente, ainda assim precisamos perdoá-las para não
dar ao inimigo nenhuma vantagem sobre nós. Isto também nos ajudará a
recuperar nossa alegria e liberdade no Senhor. São necessários dois lados
para uma reconciliação, mas somente um para o perdão.

CONTROLE DE REALIDADE
Onde eu feri outros através das minhas críticas?
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Quais dos meus relacionamentos têm limites saudáveis e quais não têm?
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Há pessoas em minha vida com quem eu ainda preciso me reconciliar?
Se há, quem são?
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Onde eu caí na armadilha do demônio maçã-banana? Como eu posso
mudar isso?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu entendo que vivemos em um mundo
pecaminoso e quebrado. Eu entendo que fui ferido muitas
vezes, mas eu tenho ferido outros também. Ajuda-me a superar
todas as ofensas em minha vida. Mostra-me onde eu fui a causa
da ofensa de outros. Dá-me a graça de crer que Tu podes usar
todas as coisas, até mesmo as coisas ruins que aconteceram
comigo. Mostra-me os Teus caminhos, Senhor, e guia-me nos
caminhos da vida eterna. Amém.

2 Henry Cloud; John Townsend. Boundaries [Limites]. Zondervan, 2002


3
F C
Há uma grande diferença entre feridas e cicatrizes. Viver com feridas não
curadas é uma coisa perigosa; no entanto, cicatrizes são os troféus da graça
de Deus, porque elas mostram que, onde antes tínhamos feridas que
poderiam ter nos destruído, a graça de Deus nos curou e nos ajudou a
superar ofensas e amargura.

MEU TROFÉU PESSOAL


Eu tenho uma cicatriz no antebraço direito. Quando era criança,
tínhamos uma grande cerejeira no nosso quintal. Eu costumava subir
naquela árvore. Em um lindo dia de verão, quando as cerejas estavam
maduras, pediram que eu e meus irmãos as colhêssemos. Eu queria brincar
do lado de fora com meus amigos, mas meu pai me disse que antes que
pudesse brincar com eles, eu tinha que encher um balde uma certa
quantidade de vezes e levá-lo com as cerejas para a cozinha. Somente
quando eu tivesse alcançado a minha cota é que eu poderia brincar com
meus amigos.
Ansioso para brincar com eles e lidando com uma tarefa que parecia tão
grande, eu decidi trapacear. Eu desci da árvore antes que meu balde
estivesse cheio e corri até a cozinha, esperando que ninguém fosse me
pegar. Ao subir as escadas da frente correndo, eu escorreguei e meu braço
direito atravessou a porta grossa de vidro. Havia sangue por todos os lados,
pingando dos cortes no meu braço. Meu pai rapidamente aplicou pressão às
feridas para parar o forte sangramento. Eu pulei no seu carro e segurei meu
braço para fora enquanto ele corria até o hospital, que era bem perto de
onde morávamos. Quando chegamos ao hospital, a ferida no meu antebraço
foi fechada e costurada. O corte chegou a menos de 2 centímetros da minha
artéria. Se tivesse cortado aquela artéria eu teria sangrado até morrer. Eu já
olhei para aquela cicatriz muitas vezes com enorme gratidão. Ela é um
troféu da graça de Deus. O Senhor graciosamente salvou minha vida.
Da mesma forma, nossas cicatrizes emocionais nos lembram que onde
uma vez fomos feridos e nossa vida poderia ter sido destruída, a graça de
Deus nos ajudou a superar nossas ofensas e curar nossas feridas, deixando
cicatrizes. Essas cicatrizes emocionais são agora troféus da graça de Deus.
Há algo maravilhoso relacionado às pessoas que foram profundamente
machucadas e feridas, mas permitiram que o Senhor lidasse com suas
feridas. Há quebrantamento e compaixão, e o Senhor tem prazer em usar
esses vasos. Pessoas com cicatrizes entendem os feridos, e tem uma graça
especial para trazer cura a eles. Em contraste, quando cuidamos de nossas
próprias feridas com uma atitude defensiva, não aprendemos sobre ser
ministros de Sua graça. Lembremo-nos de que pessoas machucadas
machucam pessoas, e pessoas curadas curam pessoas.

FERIDAS NÃO CURADAS – OS GRANDES PERIGOS


Enquanto cicatrizes são nossos troféus, feridas não curadas são muito
perigosas. Isso não se aplica somente a indivíduos, mas também a famílias,
grupos religiosos, grupos étnicos, cidades, e até mesmo nações.
Há nações e grupos étnicos que ainda vivem com feridas que outros
causaram através de guerras, opressão e perseguição. Isso pode até mesmo
ser visto na guerra dos sexos, entre homens e mulheres.
Se essas feridas não forem curadas, elas ficarão infectadas e causarão
amargura. Feridas infectadas retratam até mesmo coisas neutras como ações
negativas contra elas. Viver com feridas não curadas só causará dano a si
mesmo, não àqueles que as causaram. Estas lutas só podem ser vencidas
com arrependimento, um verdadeiro arrependimento do coração.

FERIDAS ATRAEM MOSCAS


Há pessoas que não tem problema em crer que Deus e até mesmo anjos
existem, mas quando se fala de espíritos malignos, eles querem negar sua
existência, ou pelo menos sua efetividade. No universo há escuridão e luz.
Há bem e mal, diabo e Deus, demônios e anjos. Já que o inimigo de nossa
alma não quer nosso bem-estar e gostaria de nos impedir de alcançar todo o
nosso potencial, para o qual fomos criados, ele tentará nos ferir, ou evitar
que nossas feridas sejam curadas. Feridas abertas atraem moscas. Em The
Types and Symbols of the Bible [em tradução livre: os tipos e símbolos da
Bíblia], George Kirkpatrick escreve que moscas representam espíritos
malignos. Da mesma forma que feridas físicas não curadas atraem moscas,
feridas emocionais não curadas atraem espíritos malignos.
Jesus chamou satanás de “o pai da mentira”; portanto, a coisa mais
natural para ele fazer é mentir. (Veja João 8:44). Já que ele é o pai da
mentira, seus espíritos malignos também são bons em mentir. A verdade
nos liberta, mas mentiras nos mantém cativos. Precisamos expor as mentiras
e viver na verdade, que é, na verdade, o próprio Jesus.
É vital entendermos que a falta do perdão é pecado, e o pecado é o reino
das trevas. Espíritos demoníacos podem se prender a feridas não curadas,
porque estas feridas têm suas raízes em nossa falta de perdão. Se
ignorarmos nosso conhecimento da Palavra e o estímulo do Espírito Santo e
nos recusamos a perdoar, decidimos manter uma parte da nossa vida em
escuridão, que é o reino do inimigo e seus espíritos demoníacos.
Usar nossa autoridade como crentes para expulsar estes espíritos
malignos não será suficiente. Esses espíritos têm acesso legal à nossa vida
por causa da porta aberta pela falta de perdão. Para sermos livres,
precisamos primeiro fechar a porta ao deixar de lado toda ofensa,
entregando toda falta de perdão ao Senhor e perdoando aqueles que nos
machucaram. Então, podemos exercitar nossa autoridade dada por Deus e o
inimigo não terá escolha, a não ser fugir de nós e permanecer longe.
Há muitos anos, eu ficava perturbado pela falta de resultados duradouros
na vida dos cristãos que passaram por ministração de libertação. Eu separei
tempo para buscar ao Senhor para ajudar cristãos em luta de forma efetiva.
Eu queria saber como pessoas poderiam ser libertas de espíritos demoníacos
opressores e permanecerem livres. Uma noite, o Senhor falou comigo
através de um sonho no qual ficou claro que, se não removermos antes os
problemas de nossa vida que dão às forças demoníacas um direito legal em
nossa vida, não pode haver liberdade duradoura.
Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos
soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a
Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. (Tiago 4:6-7)
Já ouvi muitos cristãos bem-intencionados mencionarem essa palavra
parcialmente. Não é suficiente resistir ao diabo; precisamos primeiro andar
em humildade e submissão a Deus. Só teremos autoridade sobre o inimigo
em nossa vida nas áreas que submetermos a Deus. Se nos recusarmos a
obedecer a Deus na área das finanças e o inimigo constantemente atacar
essa área em nossa vida, a solução não é resisti-lo, mas sim submeter esta
área a Deus e, então, repreendê-lo, e ele fugirá de nós. Deus não mudará
Suas leis para se adequarem à nossa vida; precisamos adaptar nossa vida às
leis do Seu Reino.

MEDO – UMA FORÇA DESTRUTIVA


O medo é uma emoção forte. Há muitas referências na Bíblia que nos
ordenam a não vivermos com medo. (Veja Josué 1:9; Josué 8:1; Juízes 6:10;
Salmos 91:5; Provérbios 3:25; Isaías 43:1; Isaías 44:8; Mateus 10:26;
Hebreus 13:6). Há medos saudáveis e defensivos, como não chegar muito
perto da beira de um penhasco porque temos medo de cair e morrer. No
entanto, há medos que debilitam nossa vida e nos impedem de cumprir o
nosso propósito de vida dado por Deus. Se olharmos para trás, todos nós
podemos nos lembrar de incidentes nos quais o medo nos debilitou. Não
fizemos o que realmente queríamos fazer, e talvez até o que deveríamos ter
feito, simplesmente porque o medo nos impediu.
Uma forma de esses medos poderem achar uma porta aberta em nossa
vida é através de feridas não curadas. Lutar contra eles não é a abordagem
correta; precisamos chegar à raiz dele. Se os medos encontram uma entrada
em nossa vida através das feridas não curadas, precisamos receber a cura
para elas, o que fechará a porta para o medo. Estou ciente que nem todo
medo é causado por feridas não curadas; no entanto, precisamos permitir
que o Espírito Santo sonde nosso coração e vá até a raiz de nossos
problemas.

OFENSAS – O MATADOR PRINCIPAL


Quando Jesus viveu na Terra, Ele fez grandes e surpreendentes milagres.
As pessoas se aglomeravam ao redor d’Ele porque elas sabiam que Ele
supriria suas necessidades. Ele intencionalmente curou suas doenças e
enfermidades; Ele até mesmo ressuscitou os mortos. Quando ensinava, Ele
o fazia com autoridade, paixão e compaixão. Mas houve um lugar, sua
cidade natal, onde Ele não pôde fazer grandes milagres. Lá, Ele só impôs as
mãos sobre alguns doentes e os curou.
Como poderia ser, que o próprio filho de Deus, que se movia com tanto
poder, não pôde fazer grandes milagres em Nazaré? O que atrapalhava o
poder de Deus? A Palavra nos diz que quando Ele foi até Sua terra natal, as
pessoas se maravilharam com os grandes milagres que Ele fazia. No
entanto, elas também se ofenderam. Elas falaram: “...não é este o
carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não
vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele [foram
ofendidos por causa dele]...” (Marcos 6:1-5).
Foi sua ofensa que os levou a andar em descrença e neutralizou Seu
poder, que estava disponível para eles. Como foi com as pessoas da cidade
natal de Jesus, assim também acontece conosco muitas vezes. Não são as
pessoas que nos ofendem, mas, sim, nós que ficamos ofendidos pelo que
elas dizem ou fazem.
Vamos ver outra grande história que ilustra este ponto tão bem.
Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom. E
eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões,
clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Ele, porém,
não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, aproximando-
se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós.
Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou,
dizendo: Senhor, socorre – me! Então, ele, respondendo, disse:
Não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos
comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então,
lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo
como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.
(Mateus 15:21-28)
Nessa história, a mulher teve a oportunidade de se ofender com Jesus,
após Ele inicialmente se recusar a ajudá-la e até mesmo parecer grosseiro
com ela. Mas, em vez de se ofender, ela continuou buscando o amor e o
poder de Deus, e recebeu seu milagre.
É o plano divino de Deus usar as pessoas para ministrar Sua graça a
outros. A ofensa nos impedirá de receber das pessoas que nos ofenderam,
porque não conseguimos mais ver essas pessoas da forma que elas
realmente são. Deus pode ter escolhido usar cada pessoa para ministrar Seus
dons de graça a nós, mas as veremos através da lente da ofensa. Esta ofensa
irá nublar nossa visão e nos levar a impedir o poder de Deus de fluir através
delas para nós. É vital para nós entendermos que é o Senhor que escolhe os
canais que Ele usa. Portanto, precisamos livrar nosso coração de toda
ofensa para que possamos receber tudo que o Senhor tem para nós, vindo de
qualquer outra pessoa.

FECHANDO A PORTA
O inimigo de nossas almas tentará nos intimidar com suas mentiras. No
entanto, há uma diferença quando ele só vem e mente para nós, e quando
suas mentiras encontram a entrada para o nosso coração ferido. Ele é o pai
de todas as mentiras, e mentir é parte de sua natureza. Quando nosso
coração ferido atrai essas mentiras, elas se tornam devastadoras. Não
importa o quanto tentamos resisti-las ou superá-las, elas sempre retornarão
porque nossas feridas não curadas são portas abertas para elas. Não faz
sentido tentar tirar um intruso para fora da casa se deixarmos as portas
escancaradas para que ele possa voltar para dentro. A coisa lógica a se fazer
seria jogá-lo para fora da casa e se certificar que as portas de entrada estão
fechadas de forma segura. Somente então podemos encontrar segurança.
Quando nosso coração ferido é uma porta aberta para o inimigo, precisamos
nos certificar que permitimos que o Senhor cure essas feridas, para
encontrar verdadeira liberdade e segurança. Se um coração ferido abre a
porta para o inimigo, então um coração curado fechará as portas para ele.

FERIDAS INFECTADAS
Assim como é no natural, também é no espiritual. Se ignoramos feridas
abertas, há um grande perigo delas se infectarem. Toda mãe sabe que,
quando seus filhos se machucam e têm feridas que estão sangrando, elas
não podem ser ignoradas. Se há sujeira na ferida, ela precisa ser limpa e
protegida para que possa ser curada e não se infecte.
Quando eu era criança, usávamos remédios naturais. Há uma planta que
cresce nas montanhas da Áustria chamada arnica. Esta planta em particular
é usada para uma variedade de remédios, e é conhecida como um
desinfetante natural. As plantas eram colhidas, colocadas em uma garrafa e
misturadas com álcool. Após certo tempo, elas eram filtradas, deixadas em
uma pequena garrafa com um maravilhoso líquido marrom avermelhado.
Havia várias feridas na nossa família porque nossa mãe tinha dez filhos,
e seis eram garotos. Não tínhamos televisão ou videogames, portanto,
gastávamos a maior parte do nosso tempo do lado de fora. Quando alguém
se machucava, as garrafas de arnica com álcool eram trazidas, e mamãe a
aplicava na ferida. Ela queimava como fogo e não era nada confortável, mas
mamãe nos dizia várias vezes o quão importante era se certificar de que a
ferida não se infectasse.
Ainda me lembro do dia que meu irmão e eu lutamos por causa da pá de
metal que usávamos para organizar a lareira. Nós dois a queríamos e
lutávamos ferozmente por ela. Eu me recusava a deixá-la, e, enquanto ele a
puxava na direção dele, eu cortei meu braço.
Porque eu não queria que mamãe pusesse arnica na ferida aberta, porque
ela queimava tanto, eu a ignorei e a escondi dela. Não demorou muito até
que a ferida ficasse infectada. Havia uma linha visível subindo pelo meu
braço. Ela crescia rápido e já estava perto do meu ombro. Papai estava
viajando para pregar, e mamãe estava ocupada cuidando das oito crianças
sozinha, o que fez com que fosse mais fácil esconder minha ferida. Eu
usava mangas compridas e esperava que minha mãe não fosse perceber.
Mas alguém lhe contou, e quando ela a viu, ela imediatamente me levou ao
hospital. O doutor disse que eu tinha envenenamento no sangue — a ferida
estava infectada e tinha que ser tratada rápida e apropriadamente, senão ela
causaria perigosos problemas de saúde. O médico limpou a ferida, e por
vários dias eu recebi injeções de antibióticos. Eu aprendi que, se feridas
fossem ignoradas e não as tratássemos adequadamente, elas não
continuariam sendo apenas feridas inofensivas, mas poderiam avançar
perigosamente.

PERIGOSO AVANÇO
Se ignorarmos nossas feridas emocionais, elas vão avançar e se tornar
falta de perdão, ressentimento, desejo por vingança, amargura e,
eventualmente, ódio que nos levará a realmente nos vingarmos. É
importante não ignorarmos nossas feridas, mas, sim, pararmos o perigoso
avanço o mais rápido possível. Se nos recusarmos a perdoar aqueles que
nos machucaram, esse perigoso avanço se acelerará.

RESSENTIMENTO
Quando não perdoamos aqueles que nos machucaram, nossa falta de
perdão se transformará em ressentimento. Não teremos ressentimento
somente pelas pessoas que nos machucaram; começaremos a nos ressentir
de outros também, por causa das nossas memórias emocionais doentes e
não resolvidas. Quando começamos a interagir com pessoas que
subconscientemente nos lembram de outros pelos quais temos
ressentimento, sentiremos ressentimento com relação àquelas pessoas
embora elas não tenham feito nada conosco.
Esta é uma força destrutiva nos relacionamentos. Como podemos viver
ou trabalhar juntos com as pessoas de quem nos ressentimos? Não haverá
honestidade e abertura nesses relacionamentos.
Ficaremos impossibilitados de receber qualquer coisa das pessoas pelas
quais temos ressentimento, até mesmo se elas quiserem nos abençoar ou
fazer algo bom conosco. Se vivermos com ressentimento em nosso coração,
podemos correr o mais longe que quisermos, mas nunca fugiremos deste
problema. Sempre haverá pessoas que nos lembrarão de outros de quem nos
ressentimos. Às vezes, o Senhor irá, intencionalmente, trazer essas pessoas
à nossa vida para que possamos render completamente nosso coração ferido
a Ele e encontrar liberdade e cura. Já que não podemos fugir dos nossos
problemas, é melhor que os encaremos, lidemos com eles e permitamos que
o Senhor os use para Ele e para o bem.

DESEJO POR VINGANÇA


Se a falta do perdão avançou, tornando-se ressentimento, e ainda assim
nos recusamos a lidar com nossas feridas da forma correta, o avanço
continuará. O ressentimento se tornará desejo por vingança.
Eu não creio que o desejo por vingança seja motivado por amargura.
Vingar-se é, mas o desejo por vingança é só mais um passo no avanço em
direção à autodestruição. O desejo não pode ser atendido, porque sua
motivação é o ressentimento, e a falta do perdão é uma motivação impura, o
que só traz frutos amargos à nossa vida.
Se entendermos que há desejos e pensamentos de vingança, precisamos
entender que eles são insaciáveis. Precisamos agir para parar um avanço
maior. Os passos que precisamos tomar serão discutidos nos próximos
capítulos. Quanto mais cedo tomarmos os passos certos, mais fáceis eles
serão. Muitas vezes, nossa posição nos mantém presos. Somos feitos para
crer que é uma tarefa impossível lidar com nossa dor. Mas, uma vez que
mudamos nossa posição e tomamos a decisão para lidar com ela, a parte
mais difícil já foi alcançada.
Se não lidarmos com nosso desejo por vingança, ele pode nos levar a
realmente nos vingarmos. Há uma grande diferença entre restituição e
vingança. Precisamos levar nossos casos às autoridades para recebermos
justiça. Nós, que fomos feridos, não somos capazes de julgar corretamente a
restituição.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;
porque está escrito: A mim me pertence a vingança, eu é que
retribuirei, diz o Senhor. (Romanos 12:19)
Quando somos feridos, abusados e machucados, precisamos entender
que o próprio Deus está do lado do fraco e do ferido. Precisamos permitir
que o Senhor cuide de nós e seja nosso defensor.
Ele pode julgar corretamente sem amargura, visão distorcida, ou
parcialidade. Precisamos ser gratos por vivermos em um país onde temos
um sistema de justiça. Estou ciente de que o sistema nem sempre funciona
justamente, porque é composto de humanos que são falíveis; no entanto,
nosso Deus se assenta no trono e Ele é completamente capaz de sobrepujar
cada autoridade humana para se certificar de que temos justiça.
Uma vez que chegamos ao ponto no qual decidimos nos vingar, a
amargura que nos contaminou será uma força motivadora. Mesmo se
crermos que podemos ver claramente, não podemos. A amargura turva
nossa visão; no entanto, a Palavra nos ordena deixar a vingança para Ele.
Não vamos fazer o que um querido irmão em Cristo uma vez me disse,
quando tentou receber seus direitos. Depois que eu lhe disse que a Palavra
ensina que devemos deixar a vingança para o Senhor, ele respondeu: “Sim,
mas o Senhor usa pessoas, e desta vez Ele escolheu me usar.”

AMARGURA
Se o avanço não for parado neste ponto, o próximo passo é a amargura. É
perigoso vivermos em amargura. Os dons que o Senhor colocou em nós não
pararão de agir só porque estamos amargurados.
Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.
(Romanos 11:29)
No entanto, esses dons fluirão através de um canal impuro. Estaremos
misturando o puro com o impuro. Você pode ter a água mais pura de todas,
mas se teus canos e tuas torneiras forem contaminadas com toda forma de
sujeira, a água se tornará imprópria para beber; pode até tornar-se perigosa
para o consumo. Uma vez que chegamos a este estágio, não é mais um
problema nosso, mas agora afetará outros. Não importa o quão pura a fonte
de água seja, se o canal for impuro, ele afetará aqueles que estão sedentos e
querem beber da fonte da água viva que o Senhor colocou em nós. A Bíblia
claramente nos admoesta a sermos firmes com relação à amargura.
O escritor aos Hebreus admoesta os cristãos a buscarem a paz com todos.
Segui [buscai] a paz com todos e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que
ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja
alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados. (Hebreus 12:14-15)
Note que ele nos fala para buscar a paz com todas as pessoas. Sempre
haverá pessoas que não estarão dispostas a viver em paz conosco, mas essa
não é nossa responsabilidade. Nossa tarefa é buscar a paz. Não podemos
buscar a paz se nosso coração estiver cheio de amargura. Amargura traz
brigas e guerra, não paz.
Como o escritor fala sobre buscar a paz com todos, ele também nos
admoesta a atentarmos para as raízes da amargura. Em nossa busca pela
paz, haverá sempre oportunidades para nos tornarmos amargos. Haverá
sempre pessoas que se recusarão a viver em paz. Conforme discutido em
um capítulo anterior, vivemos em um mundo pecaminoso com pessoas
pecadoras.

NÃO SOMENTE NOSSO PRÓPRIO PROBLEMA


Não temos apenas que olhar para nosso coração para ver se há qualquer
raiz de amargura; mais do que isso, precisamos buscar com atenção. Por
que isso é tão importante? Porque a amargura não é um problema apenas de
nosso interesse, mas afeta a muitos. Por estar envolvido em uma
implantação de igrejas e ministério pastoral por anos, eu já vi muitas vezes
como a amargura pode penetrar. Boas pessoas foram terrivelmente feridas.
Em vez de lidarem com as feridas da forma correta, elas se recusaram a
perdoar, e o caminho para a destruição começou. Não muito tempo depois,
elas se tornaram amarguradas.
Como cristãos nascidos de novo, elas são parte do Corpo de Cristo, que
não é uma organização, mas um organismo vivo. Portanto, sua amargura se
espalha e tem o potencial de envenenar outros, assim como células
cancerígenas se espalham, destroem e deformam células boas e saudáveis.
Não ajudamos pessoas que se tornaram amarguradas sentando para ouvi-las.
Isso só nos torna latas de lixo para sua amargura. A raiz da amargura tem o
potencial de contaminar muitos, como o escritor da Carta aos Hebreus
claramente diz: “... nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos
perturbe, e muitos sejam contaminados” (Hebreus 12:15).
Nosso coração precisa ser tocado pelas necessidades dos outros, mas é
uma compaixão falsa e impura se apenas ouvirmos aos outros em sua
amargura. Em vez disso, com humildade e o coração cheio de compaixão e
misericórdia, precisamos levá-las a olharem bem de perto o seu coração e
levá-las ao arrependimento para que elas possam ser libertas da sua
amargura, encontrar a cura e trazer cura a outros.
Pessoas machucadas vão machucar pessoas. A palavra usada na
passagem é “contaminar”, portanto, a amargura nos contaminará, e os
outros também. Sou culpado de carregar amargura em meu coração, e estou
feliz de saber que há perdão para meus pecados. Tenho pedido ao Senhor
em arrependimento para curar e libertar todas as pessoas a quem eu
contaminei com minha amargura. Ele fará o mesmo contigo se você pedir.

ÓDIO
Quando avançamos para o estágio do ódio, estamos em grande perigo. O
ódio precisa de um escape. A Palavra tem grandes advertências sobre o
ódio. Quando há noticiários sobre crimes terríveis e aparentemente
imprevisíveis, as pessoas ficam chocadas. Ficamos imaginando: “Como
alguém que parecia tão quieto e introvertido pôde pegar uma arma e atirar
em pessoas inocentes? Como terroristas podem se matar para matar outros,
a quem eles odeiam? Como isso pôde acontecer? Como as pessoas podem
ser tão horríveis?”.
Ninguém está isento de cometer atrocidades. A história nos mostra que
mais de um grupo religioso foi capaz de cometer tais atos. Olhe o que
aconteceu nas cruzadas. Muitas vezes, o ódio expresso tem sua origem em
feridas não curadas. As pessoas que vivem com feridas não curadas
avançam na escada da destruição até que o ódio encha seu coração. Porque
o ódio precisa de um escape, ele encontra um na vingança. Pessoas feridas
culpam as outras pela sua desgraça. Mas, na realidade, elas vivem em seu
ódio ao machucarem outros, porque pessoas machucadas machucam
pessoas, e pessoas curadas curam pessoas.
Por favor, perceba que, de forma alguma, eu justifico esses atos; em vez
disso, estou tentando explica-los. Se não permitirmos que o Senhor cure
nossas feridas e vivermos uma vida de falta de perdão, todos nós seremos
capazes de subir na escada da destruição que começa com sermos feridos e
não perdoarmos, nos levando a termos ressentimento, desejar vingança, ter
amargura, até ter ódio e realmente nos vingarmos.
A Palavra tem claras advertências com relação ao ódio.
Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis
que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. (1
João 3:15).
Se alguém disse: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso;
pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê. (1 João 4:20).

CONTROLE DE REALIDADE
Estou ciente de quais feridas infectadas em meu coração?
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Tenho avançado na escada perigosa da destruição? Se tenho, o quanto já
avancei?
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Onde posso detectar amargura em minha vida?
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Onde corro o risco de dar ouvidos à amargura de outros, e quando fui
infectado por minha amargura?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, eu Te agradeço porque Tu tens
misericórdia e és o Deus da graça. Eu te peço, hoje, que me dês
a graça para que eu possa ser curado. Pelo Teu Santo Espírito,
mostra-me meu coração do jeito que Tu vês. Quero tornar-me
pleno e livre. Traga à luz tudo o que traz desgosto a Ti e guia-
me no caminho para a cura. Ajuda-me a não me ofender para
que eu possa fechar todas as portas para o inimigo. Eu creio
que Tu me guiarás na direção certa. Amém.
4
P P C
Todos podem receber cura de feridas emocionais e de dor? A resposta:
sim! Não importa o quão profunda a dor seja, há cura para todos. No
entanto, a cura não acontecerá somente porque oramos corretamente ou nos
aconselhamos ou passamos por terapia. Essas coisas são boas, mas há
passos que precisamos tomar para encontrar a cura e libertação de nossa dor
emocional. Neste capítulo, será discutida a importância de dar os passos
certos, em vez de pegar atalhos. Passos específicos serão discutidos em
detalhes nos próximos capítulos.
Muitas vezes, tentamos pegar atalhos em nossa vida — especialmente no
que tange à cura emocional. Se terapia ou aconselhamento só nos levam a
entender o porquê de termos nos machucado e de quem é a culpa, o que a
terapia por si só já faz, isso não nos levará a um lugar de cura total.
Muitas vezes, isso nos leva a nos sentirmos melhor quando conseguimos
falar sobre nossa dor, no entanto, isso é apenas um alívio temporário. É bom
encontrarmos pessoas que podem nos entender, mas se não estivermos
dispostos a passar pelo processo da cura, não nos tornaremos totalmente a
pessoa que Deus criou. Por exemplo, você vai ao médico por causa de uma
dor em seu abdome. Após um exame e alguns testes, o médico diz que você
tem câncer de cólon. Ele diz que você precisa de cirurgia e outros
tratamentos para se curar. Quando você sai do consultório, você está
devastado com o prognóstico. Em casa, você liga para vários amigos e
conta a má notícia. Eles o ouvem, confortam, choram com você e o
encorajam. Você se sente um pouco melhor, mas o problema não está
resolvido. Para que você fique saudável, você tem que seguir os passos que
o médico prescreveu.
Da mesma forma, precisamos tomar os passos necessários que Deus nos
mostra para que possamos receber a cura para nosso coração ferido. Não há
atalhos, mas se estivermos dispostos a tomar esses passos, haverá cura e
libertação.

O GRANDE CONCEITO ERRADO: O TEMPO CURA FERIDAS


Quantas vezes pessoas bem-intencionadas já disseram a outros com
feridas emocionais para apenas serem pacientes porque “o tempo cura todas
as feridas”? Embora seja necessário tempo para curar feridas, ele por si só
não as cura. Há uma grande diferença entre o tempo curar ferida ou ser
necessário tempo para a cura de feridas.
Imagine que você vá ao hospital porque acha que tem uma perna
quebrada. Depois das radiografias serem tiradas e você ser examinado, o
médico diz que é necessário que a perna fique engessada por seis semanas.
Você garante ao médico que você entende o processo de cura — o tempo
curará sua perna. Em seis semanas, suas pernas estarão curadas.
Se você se levantar e sair do hospital sem o gesso, porque você crê que o
tempo curará sua perna, terá uma surpresa pela frente. Sim, será necessário
tempo para curar sua perna, mas o tempo por si só não a curará. Se você
continuar a andar de um lado para o outro com a perna quebrada, embora a
fratura se cure, ela se curará torta e você terá danificado sua perna, em vez
de curá-la.
Feridas precisam ser examinadas e identificadas corretamente, e então a
pessoa precisa dar os passos certos para garantir uma cura total e
apropriada.

TOMANDO OS PASSOS CERTOS


Vivemos em um mundo que caminha rapidamente, onde resultados
imediatos são esperados. Diariamente, a mídia nos informa de muitas coisas
de que precisamos. Às vezes, até tentamos imaginar como pudemos viver
até aquele momento sem aquilo que nos “falta”. Inúmeras vezes nos dizem
que, sem os diferentes itens que nos são oferecidos, não podemos viver
felizes ou satisfeitos.
O problema não são as coisas novas e maravilhosas. O problema é que
somos feitos para crer que precisamos delas imediatamente. Dizem-nos que
não precisamos guardar dinheiro para comprar o que gostaríamos de ter. Em
vez disso, podemos fazer uma simples ligação, dar nosso número de cartão
de crédito e, dentro de dias, recebemos o item “necessário”. Se nosso cartão
chegar ao limite, basta usarmos os outros cartões que guardamos em nossa
carteira. Se precisarmos de um novo carro, sem problema, apenas o levamos
para casa e pagamos por ele depois. Por que economizar e esperar pelo que
queremos? Afinal, nossa sociedade crê na satisfação imediata. Lembre-se,
no entanto, de que coisas realmente valiosas demoram a ser conseguidas.
Precisamos entender que nada que tenha valor vem rápido.
Em uma bela tarde ensolarada, eu levei Danny, meu filho mais velho,
para uma caminhada. Naquele tempo, ele tinha idade de pré-escolar, e
começou a falar de certo brinquedo de que ele “precisava” tanto. Ele me
implorou para que eu o comprasse para ele. Quando eu tentei explicar-lhe
que o primeiro passo era economizar dinheiro suficiente para poder comprá-
lo, e então poderíamos, de fato, comprá-lo, ele ficou estupefato. Ele falou
que não era necessário. “Papai, só coloque o cartão de plástico na máquina
e você vai pegar o dinheiro”, ele me disse. Eu tive que ensinar-lhe que há
passos para que se possa “colocar o cartão de plástico na máquina” e pegar
dinheiro. Primeiro você precisa trabalhar duro para ganhar esse dinheiro.
Então, você precisa colocar o dinheiro no banco. Uma vez que você fez
isso, você pode retirá-lo através da máquina.
Da mesma forma, é vital entendermos que nossa cura não acontece
instantaneamente só porque a queremos. O Senhor é totalmente capaz de
fazer qualquer coisa e nos curar em um só momento. Mas, Ele preferiu que
vivamos nossa vida aqui na terra buscando-O constante e ardentemente.
Portanto, se estivermos dispostos a dar os passos corretos e andar junto com
o Senhor, Ele suprirá nossas necessidades, à medida que andamos pelo
caminho em direção à cura.
As pessoas querem ganhar o prêmio sem participar da corrida. Há muitos
que querem receber a recompensa sem antes trabalharem duro por ela.
Muitos gostariam de ser vencedores, sem antes lidarem com os problemas e
as lutas para os vencerem.
Me lembro de quando meu irmão, que costumava estar acima do peso,
decidiu que era hora de mudar seu estilo de vida. Quando criança, ele era
muito parado. Lembro-me da minha frustração quando ele jogava futebol
conosco. Correr atrás da bola não estava nos seus planos. Se a bola viesse
em sua direção, ele se dispunha a chutá-la. Um dia, muitos anos depois, ele
percebeu que a mudança era necessária se ele quisesse se manter saudável.
Ele começou a tomar posição. Ele se exercitou regularmente durante um
longo tempo, perdeu muito peso, se sentiu ótimo, e decidiu correr uma
maratona.
Com o tempo e o esforço necessário, seu sucesso veio, e ele correu uma
maratona com sucesso. Agora que ele havia sentido o quão bom era estar
em boa forma física, ele decidiu correr uma maratona em menos de três
horas. Ele trabalhou muito duro, forçou bastante o seu corpo e praticou
incansavelmente. E chegou o dia em que ele correu uma maratona em
menos de três horas. Enquanto isso, ele até completou com sucesso uma
competição de Ironman . Foram necessários muitos pequenos passos,
centenas de dias de prática, e superar a preguiça para alcançar seu objetivo.
Meu outro irmão ficou inspirado e começou a treinar para uma maratona
também. Ele nunca teve o alvo de correr a maratona em menos de três
horas, mas, apesar disso, completou a maratona em menos de quatro horas.
Agora era a minha vez. Meus irmãos me encorajaram a correr uma
maratona também. Eu nunca fui um corredor de longa distância, embora
sempre tenha gostado de esportes. Pedi a meu irmão que correu a maratona
em menos de três horas para fazer um plano de treinamento para que eu
pudesse caminhar para o alvo de correr além da linha de chegada da
Maratona da Cidade de Viena.
Quando eu li o plano que ele me enviou e o estudei a fundo, percebi que
não iria conseguir correr a maratona, a menos que praticasse duro por um
longo tempo. Seriam necessários passos específicos seguidos de uma forma
específica para ter sucesso. Eu queria participar da corrida, mas não queria
dar os passos necessários para ter sucesso. E adivinhe? Até hoje eu nunca
corri uma maratona. Eu não tive a paciência ou o forte desejo de fazer com
que isso acontecesse.
De forma similar, muitos quiseram herdar as promessas de Deus somente
com a fé, em vez de fé e paciência. Embora eu seja grato pelo movimento
da fé que tanto nos ensinou com relação a confiar em Deus para recebermos
nossas promessas, tenho pensado em começar um movimento de paciência,
já que é através da fé e da paciência que herdamos Suas promessas.
Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso
trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome,
pois servistes e ainda servis aos santos. Desejamos, porém,
continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma
diligência para a plena certeza da esperança; para que não vos
torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela
longanimidade, herdam as promessas. (Hebreus 6:10-12)
Precisamos resistir até o final, manter a confiança no Senhor para nossa
cura, e ter paciência, à medida que damos os passos necessários para a cura.
Recentemente, falei com Amanda, uma querida mulher em um país
europeu onde ministrei muitas vezes. Tenho orado por ela há vários anos.
Ela não está bem – perturbada emocionalmente, com pesadelos
perturbadores e pensamentos de suicídio. Ela tem estado assim por muitos
anos. Ela ama ao Senhor de verdade, mas não parece ser capaz de encontrar
o caminho para sair da sua situação terrível. Nos últimos anos, ela foi
colocada em um hospital psiquiátrico várias vezes, onde foi tratada com
medicamentos, mas sem sucesso. Ao falarmos por telefone, eu a aconselhei
a procurar ajuda com um bom conselheiro cristão que eu conhecia. E
lembrei-a de que Jesus era sua única resposta, no entanto, Ele
frequentemente usa pessoas para nos ajudar a chegar à cura e à plenitude.
Eu lhe garanti que este conselheiro amava o Senhor e ministrava às
pessoas com grande entendimento e compaixão. A resposta de Amanda me
surpreendeu. Alguém já lhe havia recomendado esse conselheiro em
particular, mas disse que havia uma fila de espera de cerca de dois a três
meses para uma consulta, por isso ela deixou a ideia de lado. Eu lembrei-a
de que ela estava lutando por quase 20 anos, e três meses era pouco tempo
comparado com o longo tempo que ela estava sofrendo. Eu a encorajei a dar
os passos necessários para tornar-se totalmente curada. Muitas pessoas têm
orado pela sua cura e esperado um milagre instantâneo. Sim, nosso Deus
pode fazer milagres instantâneos, e eu mesmo os tenho testemunhado
muitas vezes. Mas, muitas vezes, por várias razões que talvez não
entendamos, nosso Senhor nos pede que caminhemos no processo de dar os
passos certos para encontrar cura e libertação.

CONTROLE DE REALIDADE
Quais feridas em meu coração eu ignorei, porque não estou disposto a
gastar tempo com a cura?
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Em quais áreas minha impaciência me impede de receber minha cura?
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Onde eu julguei os outros ou os pressionei porque eles não foram tão
longe quanto eu gostaria em seu processo de cura?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, obrigado, pois nada é impossível para Ti.
Obrigado, pois Tu és um Deus que cuida de mim. Por favor,
ajuda-me a dar os passos certos. Ajuda-me em minha
impaciência. Ajuda-me a persistir. Tu sabes de todas as coisas.
Tu sabes quais passos eu preciso dar, e em qual hora, para que
possa receber cura de forma completa. Por favor, guia-me pelo
caminho certo. Estou disposto a andar nos Teus caminhos e dar
os Teus passos. Amém.
5
P 1–A
A questão óbvia que vem à mente quando se fala no primeiro passo no
caminho para a cura é por que nós, que fomos machucados, feridos e
abusados deveríamos nos arrepender. Não são aqueles que nos machucaram
que precisam se arrepender?

O QUE É ARREPENDIMENTO?
Vamos, primeiro, analisar o que arrependimento significa segundo a
Bíblia — significa mudar sua mente ou mudar de direção. Há uma diferença
entre dizer “Eu sinto muito” e o verdadeiro arrependimento. Podemos sentir
pesar pelo que fizemos por várias razões. Podemos sentir pesar porque
fomos pegos e agora temos que sofrer as consequências. Talvez sintamos
pesar porque vivemos com um desejo de sermos aceitos por outros e agora
tememos a rejeição por causa de nossas ações.
Estava a caminho do sul da Áustria para ensinar, pregar e passar alguns
dias com uma das igrejas que havia plantado. Precisando de um novo par de
calças, decidi parar na metade do caminho onde havia uma loja de
departamentos onde eu sabia que estava tendo uma promoção. Do lado de
fora da loja havia um estacionamento que era pago, no entanto, havia
também vagas grátis para quem fosse ficar apenas por dez minutos. Tendo
certeza de que não ia demorar mais do que dez minutos para escolher um
par de calças, decidi estacionar sem pagar. Rapidamente, escolhi as calças
que estavam na promoção, as experimentei, e fui para o caixa, animado por
ter economizado 30 dólares.
Havia apenas um caixa aberto, e a mulher à minha frente estava com
alguns problemas que gastam tempo – mais tempo do que eu tinha. Quando
eu finalmente voltei ao meu carro, eu tinha passado apenas um pouco dos
10 minutos permitidos. Para meu desespero, eu vi uma multa no para brisas.
Já que a policial ainda estava por ali, conversei com ela, tentando explicar a
situação. Ele me disse claramente que eu teria que pagar a multa de 30
dólares, embora eu só tivesse passado 2 minutos do tempo permitido.
Enquanto eu dirigia, reclamando para mim mesmo da policial e da
mulher na loja, eu sentia pesar por mim mesmo, por ter que pagar a multa, o
que significava que, no final das contas, eu não teria economizado nada
com a promoção. Naquele momento, o Espírito Santo trouxe convicção ao
meu coração. Ele me perguntou por que eu sentia muito pelos 30 dólares.
Eu sentia pesar por ter que pagar a multa – mas de forma alguma por ter
desrespeitado a lei. Eu sentia muito, mas pelo motivo errado.
Não é errado sentir pesar ou remorso e culpa, mas se isso não leva ao
arrependimento, não cumpriu seu propósito. Podemos fazer uma curva
errada por engano e acabar dirigindo na contramão em uma rua de mão
única. Uma vez que percebemos o que fizemos, sentir pesar não é
suficiente; precisamos dar a volta para não colocar em perigo a outros e a
nós mesmos. Arrependimento significa dar a volta e mudar de direção.
Assim como fé sem obras é fé morta, então arrependimento sem frutos é
arrependimento morto.

O FRUTO DO ARREPENDIMENTO
João Batista batizava as pessoas com um batismo de arrependimento.
Muitas pessoas vieram a ele para serem batizadas e confessarem seus
pecados. Os líderes religiosos também vieram a ele para serem batizados.
Sua resposta a eles foi muito rude. Diferentemente de muitas reações de
hoje em dia, ele não ficou animado quando os líderes apareceram e
rapidamente contaram os números para que ele pudesse anunciar o quanto
seu ministério era bem-sucedido. Ele também não tentou mantê-los felizes
para que eles se unissem a ele. Ele os chamou de “raça de víboras”. Não fez
nada para ser amigável. João sabia que certas ações externas ou puros
rituais não eram suficientes. Ele lhes disse claramente que eles tinham que
ter o fruto do arrependimento para mostrar que ele era genuíno.
Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao
batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir
da ira vindoura? (Mateus 3:7)
Arrependimento é mais do que palavras; é ação. Isso significa mudar
nossa mente e então fazer algo com relação a isso. O arrependimento é o
primeiro passo importante que leva à cura completa porque ele nos fortalece
para superarmos a amargura e a falta de perdão.
Se lutamos com feridas não curadas, ressentimento e amargura, é porque
estamos presos a eles e não trazemos isso ao Senhor. Talvez nunca fizemos
conscientemente a escolha de nos prendermos às nossas feridas e amargura,
mas a escolha de não trazê-las ao Senhor é igual à escolha de nos
prendermos a elas. Prendermo-nos à amargura e à falta de perdão, por
qualquer motivo, é pecado. O tópico da falta de perdão é discutido com
maiores detalhes no próximo capítulo.

ARREPENDENDO-SE DA FALTA DE ARREPENDIMENTO


Para começar o processo de cura, precisamos nos arrepender de todo o
rancor que guardamos com relação às pessoas. Não precisamos nos
arrepender daquilo que outros fizeram a nós, ou da dor que outros nos
fizeram sentir, mas precisamos nos arrepender por nos prendermos à nossa
dor e não os perdoarmos livremente.
Eu entendo que é fácil crer que temos o direito de nos prender à nossa
falta de perdão, quando estamos profundamente feridos, mas essa não é a
verdade. Se não estivermos dispostos a ver primeiro nosso próprio pecado
da falta de perdão e nos arrependermos dele, não podemos continuar no
caminho para a cura. Eu quero enfatizar aqui que não precisamos nos
arrepender por qualquer ação feita contra nós, mas somente por nossa
resposta à essas ações. Todas as vezes que nos prendemos às nossas feridas
em vez de as entregarmos para o Senhor, precisamos nos arrepender por
isso. Todas as vezes que guardamos amargura e falta de perdão com relação
às pessoas que nos abusaram, precisamos nos arrepender por nossa resposta
com relação ao pecado cometido contra nós.

ARREPENDIMENTO POR CULPAR OS OUTROS


Culpar os outros impedirá que nos arrependamos. Colocar a culpa em
outros começou no Jardim do Éden. Adão culpou a Eva e a Deus ao dizer
que foi a mulher que Ele havia criado que o levou a pecar. Eva, por sua vez,
culpou a serpente.
Tanto Adão quanto Eva tentaram fugir da responsabilidade por suas
ações. O Senhor declarou as consequências de todas as partes envolvidas, o
homem, a mulher e a serpente. Todos foram responsáveis por suas ações.
“E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele
respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me
escondi. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste
da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: A
mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o
Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A
serpente me enganou, e eu comi. Então, o Senhor Deus disse à serpente:
Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és
entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó
todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua
gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu
marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua
mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a
terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua
vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do
campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela
foste formado; porque tu és pó e ao pó tornaras.” (Gênesis 3:9-19)

ARREPENDIMENTO POR NOSSA AMARGURA


Se não formos firmes com relação a nos livrarmos da amargura, este
veneno afetará todas as áreas da nossa vida. Não há outra forma de lidarmos
com ele, a não ser verdadeiramente nos arrependermos diante do Senhor.
A amargura é um resultado da nossa falta de perdão e é, muitas vezes,
difícil de se lidar com ela, porque é fácil crer que temos o direito de nos
prendermos a ela. Uma coisa é ser ferido por alguém, mas outra totalmente
diferente é permitir que essas feridas avancem e se tornem amargura.
Se continuarmos a viver em amargura, isolaremos a nós mesmos de
relacionamentos saudáveis. Já que a raiz de amargura envenena outras
pessoas também, pessoas saudáveis que não querem se tornar amarguradas
evitarão estar em um relacionamento conosco. Logo, os únicos amigos que
teremos serão outras pessoas amarguradas.

ARREPENDIMENTO POR NOSSO RESSENTIMENTO COM


RELAÇÃO A DEUS
Além da amargura e do ressentimento que podemos ter com relação a
outros, podemos estar também ressentidos e amargurados com relação a
Deus. Normalmente, a razão pelo nosso ressentimento com relação a Deus
não tem nada a ver com o que Ele tem feito por nós. Tem a ver com nossa
falta de entendimento ou percepção errada de Deus e Sua natureza, e o que
percebemos que Ele tem feito por nós.
Pode haver várias razões porque nossa percepção de Deus é irreal. No
entanto, se guardamos qualquer ressentimento ou amargura com relação a
Deus, precisamos abrir mão disso. Muitas vezes, quando colhemos as
consequências de nossas próprias escolhas erradas, nos sentimos tentados a
culpar a Deus. É vital para nós entendermos o verdadeiro amor e a natureza
de Deus.

ENTENDENDO A DISCIPLINA DE DEUS


Como podemos receber cura e libertação de nossas feridas se carregamos
ofensas contra Deus, que quer nos curar? Seremos incapazes de nos
achegarmos a Ele com coração aberto e de recebermos Seus dons de
misericórdia e graça. É importante entender a disciplina de Deus para que
possamos nos libertar dos ressentimentos com relação à Ele. Se não
tivermos um entendimento correto da disciplina de Deus, não poderemos
adotá-la, o que é um importante aspecto da nossa maturidade espiritual. Já
que a disciplina de Deus é parte da vida de Seus filhos, ou iremos adotá--la,
ou rejeitá-la. A falta de entendimento da natureza da disciplina de Deus
pode ser a causa do ressentimento com relação à Ele.
A Palavra fala claramente da disciplina de Deus com relação a Seus
filhos. [Veja Hebreus 12:4-11).
Deus nunca nos disciplina para causar dano ou porque Ele está com raiva
de nós. Para entender isso, precisamos ver diferentes aspectos desta
passagem em Hebreus. Primeiro, precisamos ver o motivo de Deus para Sua
disciplina com relação a nós. Então, precisamos ver o significado das
diferentes palavras usadas para disciplina.
Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos
corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito
maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois
eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes
parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim
de sermos participantes da sua santidade. (Hebreus 12:9-10)
O escritor da epístola aos Hebreus faz uma comparação entre nossos pais
naturais e nosso Pai celestial. Não importa o quão espirituais nossos pais
naturais eram, ainda assim eles só nos disciplinavam conforme parecia bem
para eles. Nosso Pai celestial, no entanto, sempre nos disciplina para nosso
aproveitamento, para que sejamos participantes de Sua santidade.
Não há motivos egoístas ou terrenos na disciplina do nosso Pai celestial
com relação a nós. Tudo é para nosso bem. Deus nunca nos disciplinará
porque O irritamos, O deixamos nervoso, ou O envergonhamos, mas
somente para o nosso próprio bem.

DISCIPLINA PROGRESSIVA
Há um progresso na disciplina que nosso Pai celestial usa – correção,
reprovação e açoite. Note que há essas três palavras na passagem seguinte:
E estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre
convosco: Filho meu, não despreze a correção que vem do
Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o
Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
(Hebreus 12:5-6).
Primeiro o Senhor nos corrige, então Ele nos reprova e então Ele nos
açoita. Essas três palavras, todas com diferentes significados, são usadas em
uma ordem progressiva.
Aqui podemos ver o padrão que Deus usa com Seus filhos. A palavra no
grego para “correção” é paideia, que significa ensinar, instruir ou treinar.
Em seu amor, o Senhor nos ensinará e nos instruirá nos caminhos que
precisamos andar. Ele fará isso usando vários métodos. Ele pode usar a
Bíblia, livros, sermões, palavras proféticas e muitas outras formas pelas
quais Ele nos ensina e instrui sobre como vivermos nossa vida.
Se nós, em nossa estupidez, decidirmos rejeitar a instrução do Senhor,
Ele vai para a segunda forma de nos disciplinar – a reprovação. A palavra
grega usada nessa passagem para “reprovar” é a palavra elegcho, que
significa repreender, convencer, descobrir, trazer à luz. O desejo do Senhor
é que todos os Seus filhos respondam à Sua instrução. Porque o Senhor nos
ama tanto e não quer que caminhemos em direção à nossa autodestruição,
Ele usará o próximo nível de disciplina, que é nos convencer e trazer as
coisas à luz para que possamos vê-las e nos arrepender delas. Espera-se que,
nesse momento, já tenhamos nos arrependido diante do Senhor, nos
humilhado e voltado das nossas ações e caminhos errados. Se necessário, o
Senhor tomará o próximo passo no processo de disciplinar Seus filhos. A
palavra em grego para “açoitar”, nessa passagem, é mastigoo . No Novo
Testamento, ela é, sem exceção, usada para punição física.
É vital que entendamos que o Senhor, em Seu amor, nunca nos baterá. As
pessoas guardam ressentimento contra o Senhor porque O culpam pela sua
dor ou pelo sofrimento em sua vida, que Ele nunca causou.
O Senhor disciplinará Seus filhos, mas Ele só o fará pelo puro motivo do
amor, porque Deus é amor. Ele sempre vai nos instruir e nos ensinar. Se
estivermos dispostos, formos obedientes e respondermos à instrução do
Senhor, não precisaremos lidar com a reprovação, a convicção e o açoite do
Senhor. Portanto, precisamos abrir mão de todo ressentimento contra Deus.
Até mesmo se já lidamos com disciplina severa, é somente porque não
respondemos a Ele quando Ele nos instruiu. Nunca podemos fugir da
disciplina do Senhor, mas devemos sempre nos submeter a ela. Enquanto o
Senhor nos disciplinar, Ele ainda não abriu mão de nós. Uma vez que
estivermos fora da disciplina do Senhor, estaremos em perigo.

ARREPENDIMENTO – NO COMEÇO E NO FINAL


Bem no começo da igreja do Novo Testamento, após o Espírito Santo ser
derramado no dia do Pentecostes e Pedro haver pregado um sermão bem
convincente, ele admoestou as pessoas para se arrependerem.
De fato, quando elas perguntaram à Pedro o que elas precisavam fazer
para serem salvas, a primeira coisa que Pedro falou foi que elas precisavam
se arrepender.
Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”
(Atos 2:37-38).
No último livro da Bíblia, o Livro de Apocalipse, a palavra “arrepender”
aparece 12 vezes. Não é coincidência que a igreja do Novo Testamento
começou com arrependimento e o Novo Testamento termina usando essa
palavra 12 vezes. No Livro de Apocalipse, Jesus desafia as igrejas a se
arrependerem e claramente declara as consequências da falta de
arrependimento. (Veja Apocalipse 2:5,16,21-22; 3:3,19; 9:20-21; 16:9,11).
O arrependimento não é algo que fazemos para sermos salvos; precisa
tornar-se uma parte do estilo de vida de cada cristão. Cada vez que vemos
que erramos e estamos indo na direção errada, não podemos aquietar nossa
consciência sentindo pesar, mas temos que nos arrepender de coração.
As coisas não mudaram desde o tempo que Adão e Eva pecaram no
Jardim do Éden. Se estamos feridos e machucados, as pessoas que nos
machucaram serão responsabilizadas pelo que fizeram. Não é nosso
trabalho julgá-las; precisamos deixar isso para o Senhor. Nosso trabalho
tem que ser a forma pela qual respondemos. Se nossa resposta é amargura e
falta de perdão, precisamos nos arrepender. Em vez de olharmos para nós
mesmos como vítimas, precisamos ver nossas próprias transgressões e fugir
delas.
Não deveríamos continuar a viver com feridas profundas em nossa alma;
precisamos começar a jornada pelo caminho da cura, que começa com o
primeiro passo: o arrependimento. Muitos têm tentado receber a cura
emocional, mas não têm dado os passos certos, na ordem certa. Eles talvez
tenham pedido a Deus muitas vezes para curá-los, e foram à frente em
muitos apelos. Talvez pessoas tenham imposto as mãos sobre eles para que
recebessem cura emocional. Todas essas coisas são boas, mas precisamos
dar o primeiro passo primeiro. Lembre-se, se não estivermos dispostos a dar
os passos certos, na ordem certa, nunca correremos a maratona.

CONTROLE DE REALIDADE
Eu entendo realmente o arrependimento? Como eu o explicaria, com
minhas próprias palavras?
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O Senhor me convenceu de quaisquer pecados dos quais preciso me
arrepender?
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Em caso afirmativo, quais são eles, e o que estou fazendo com relação a
eles?
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Quando eu senti pesar sobre meus pecados, mas não me arrependi
realmente?
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A minha vida demonstra frutos de arrependimento? Em caso afirmativo,
quais frutos?
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De quais ressentimentos com relação ao Senhor eu preciso me
arrepender?
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Em quais situações eu coloquei a culpa em outros, e o que eu estou
fazendo com relação a isso?
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ORAÇÃO
Querido Deus, eu venho a Ti para pedir ajuda. Preciso que Tu
andes comigo nesse caminho para a cura total. Ajuda-me a ver
minha parte, abra os meus olhos para ver onde preciso me
arrepender. Meu orgulho muitas vezes entra no caminho,
muitas vezes eu quis culpar os outros pelo estado em que estou.
Ajuda-me a ver onde eu me prendi à amargura e à falta de
perdão. Eu me humilho perante o Senhor e estou disposto a
mudar a minha mente. Eu mudo de direção com relação à
amargura e à falta de perdão. Eu entrego a Ti todo o rancor que
eu guardo dos outros. Eu confio em Tua graça para me ajudar a
continuar na direção certa. Eu não voltarei para o velho
caminho. Amém.
6
P 2–P
Perdoar é uma escolha, mas a cura é um processo. Para começar o
processo de cura, precisamos primeiro perdoar todos aqueles que nos
feriram. Perdoar os outros é um assunto menosprezado na igreja de hoje. Há
muito ensino sobre a graça e a misericórdia de Deus, e o perdão ao qual
temos acesso de graça através do sacrifício e da morte de Jesus Cristo.
Esses são importantes ensinamentos, já que são a base e a fundação de
nossa fé. Sou grato por homens como Martinho Lutero, que pagou um alto
preço por restaurar a grande verdade que salvação é um dom de Deus para
nós.
O assunto de perdoar livremente todos aqueles que nos machucaram tem
sido amplamente menosprezado. Se quisermos receber cura para nossas
feridas, precisamos primeiro perdoar todos aqueles que nos feriram e
pecaram contra nós.
Vamos olhar para a importância de oferecer perdão àqueles que nos
feriram. Jesus usou palavras fortes quando Ele estava falando sobre perdoar
os outros. Temos que caminhar continuamente no processo do perdão.
Quando as feridas são profundas, a confiança foi violada e a vida não
parece valer mais a pena, a última coisa que queremos fazer é perdoar
aqueles que nos feriram. Como já estive nessa posição, eu entendo que luta
pode ser perdoar os outros. Se aprendermos a ser obedientes ao Senhor e a
ter um estilo de vida de perdão, encontraremos verdadeira liberdade e paz
interior.
A Palavra não dá nenhuma indicação de que perdoar é algo fácil. O
perdão é uma forma de morte, porque morremos para nossa velha natureza
e seu desejo de se agarrar ao ressentimento e se vingar.
Se escolhermos perdoar, podemos confiar em Jesus, que vive em nós,
para nos dar a habilidade de obedecer a Ele e sair disso. O apóstolo Paulo
entendeu isso quando ele disse que a vida que ele vive na carne, ele vive na
fé, fé no Filho de Deus que o amou e morreu por ele (veja Gl . 2:20).
Precisamos aprender a confiar no Senhor em cada passo de nossa vida na
terra. E a minha oração é que, através dessas páginas, o Senhor possa
capacitar a muitos para dar o próximo passo no caminho para a liberdade
completa.

POR QUE PRECISAMOS PERDOAR?


A pergunta sobre por que devemos perdoar aqueles que nos feriram é
uma questão muito legítima. É bom entendermos por que fazemos o que
fazemos. O senhor está mais do que disposto a nos mostrar por que
precisamos fazer o que Ele nos pede para fazer, se viermos a Ele com um
coração aberto.
Neste capítulo, várias razões são discutidas sobre por que precisamos
perdoar. A principal razão, é claro, é que é uma ordem clara da Palavra.
Mas outras razões são discutidas sobre por que perdoar os outros não é uma
opção para qualquer um que quer ter uma vida de vitórias. Estas razões
ajudam a explicar por que é tão vital perdoar.

RAZÃO 1 – PRECISAMOS PERDOAR PARA QUE SATANÁS


NÃO POSSA TIRAR PROVEITO DE NÓS.
Conforme discutido em um capítulo anterior, satanás é o inimigo de
nossa alma. Se estamos lutando contra um inimigo, a última coisa que
deveríamos fazer é dar ao inimigo uma vantagem. Se qualquer um tem uma
vantagem, precisamos nos certificar de que somos nós.
A Palavra nos admoesta a perdoar para não dar a satanás uma vantagem
sobre nós. Na verdade, o apóstolo Paulo nos diz que não estamos
inconscientes dos planos de satanás. É claro o seu plano para destruir nossa
vida e, se não conseguir fazê-lo, ele tentará pelo menos nos impedir de
alcançar nosso potencial em Deus. Se ele não puder nos parar através de
diferentes ataques e mentiras, ele certamente tentará ganhar uma vantagem
sobre nós, tentando impedir que perdoemos os outros.
... porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho
perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para
que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe
ignoramos os desígnios. (2 Coríntios 2:10-11).
O apóstolo Paulo diz à igreja de Corinto que ele os está testando, para
ver se eles são obedientes ou não. De que forma ele quer que eles sejam
obedientes? Ele quer que eles afirmem seu amor e perdoem o homem que
pecou. Como o inimigo pode ganhar vantagem sobre nós, se não perdoamos
aqueles que pecaram contra nós? Vamos ver as diferentes formas pelas
quais o inimigo pode ganhar vantagem sobre nós através de nossa falta de
vontade para perdoar.

RAZÃO 2 – PRECISAMOS PERDOAR, PARA QUE NÃO


OREMOS CONTRA NÓS MESMOS.
Orar contra nós mesmos? Isso seria ridículo! Oramos por nós mesmos,
mas não contra nós mesmos. Quando eu ia à escola na Áustria, durante o
ensino fundamental, tínhamos que nos levantar cada manhã e orar o Pai
Nosso. A Áustria é um país com fortes raízes católicas, mas é composta, em
sua maioria, de não cristãos. Milhares de pessoas oram o Pai Nosso
regularmente, simplesmente porque aprenderam a fazê-lo desde a infância.
A maioria das pessoas já orou o Pai Nosso uma vez ou outra.
Em Mateus 6:12, Jesus nos ensina que deveríamos pedir a nosso Pai nos
Céus para nos perdoar assim como perdoamos os nossos devedores. Um
dia, quando eu fiz essa oração na escola, eu me senti convencido. Eu
percebi que todo dia eu estava pedindo a Deus para me perdoar da mesma
forma que eu perdoo os outros.
Eu vi que se eu não estivesse disposto a perdoar os outros, eu estaria, na
verdade, pedindo a Deus para não me perdoar, já que eu lhe pedi para me
perdoar “da mesma forma” que eu perdoei aqueles que me ofenderam. Se
eu não perdoasse completamente, eu estaria pedindo ao Senhor para não me
perdoar completamente. Minha própria necessidade do perdão de Deus
ficou clara para mim; portanto, eu entendi que a única opção que eu tinha
era perdoar os outros também. Já que não queremos orar contra nós
mesmos, a Palavra não nos dá outra escolha a não ser perdoar os outros
também.
RAZÃO 3 – PRECISAMOS PERDOAR POR CAUSA DA LEI
IMUTÁVEL DA SEMEADURA E DA COLHEITA.
Há certas leis escritas no universo que não mudarão, quer creiamos nelas,
quer não. Podemos pular de um prédio bem alto, confessando e declarando
desde o momento em que pularmos até o momento em que batermos no
chão, que não cremos na lei da gravidade, mas isso não mudará o fato de
que quebraremos a própria lei que escolhemos não crer. A lei não se
enfraquecerá ou mudará através da nossa descrença. Ela permanecerá firme,
porque é como Deus a criou para ser.
A questão é: como essa lei da semeadura e da colheita funciona em
relação a perdoar outras pessoas? Sabemos que Deus não nega bem algum,
e Ele não toma como base as nossas obras para perdoar nossos pecados.
Somos salvos somente pela fé na obra consumada da cruz. Contudo, uma
vez que essa é uma lei espiritual que está em constante operação, se não
perdoarmos livremente, experimentaremos seus efeitos negativos (colheita)
em nossa vida. Colheremos relacionamentos rompidos com pessoas que
amamos, solidão, separação e muitas situações semelhantes, incluindo
enfermidades físicas. Há muitas provas médicas e científicas dos efeitos
terríveis que a falta de perdão causa na saúde do corpo.
O apóstolo Paulo nos fala de modo claro que colheremos o que
plantarmos. (Veja Gálatas 6:7-10). Ele usa palavras fortes, ao nos dizer que
se vivermos como se a lei da semeadura e da colheita não existisse,
estaremos enganados e zombando de Deus. A palavra no grego que é usada
em Gálatas para “zombar” significa levantar o nariz ou desprezar alguém.
Por que qualquer cristão sincero deveria escolher viver em engano e
zombando de Deus? Ainda assim, não temos feito isso algumas vezes? Eu
com certeza já o fiz. Podemos quebrar esta lei da semeadura e da colheita
por não a entendermos ou por não estarmos cientes dela; portanto, é
importante lermos e estudarmos a Palavra e permitirmos que o Espírito
Santo ensine nosso coração.
Precisamos estar cientes de que é enganoso crer que, porque temos uma
revelação da verdade, já estamos andando nela. Há uma grande diferença
entre saber a verdade e andar nela (veja Mateus 7:24-27). Podemos ser
facilmente enganados pelo fato de que podemos não ver a colheita
imediatamente. Mas, não nos enganemos: a colheita certamente virá,
mesmo que se atrase.
Se tivermos o coração arrependido, sempre haverá graça suficiente.
Estou confiante de que, antes de Jesus voltar, Ele terá uma Noiva pura e
santa, sem máculas ou rugas de amargura e falta de perdão.

RAZÃO 4 – PRECISAMOS PERDOAR POR CAUSA DO


PRINCÍPIO IMUTÁVEL DO REINO DOS CÉUS.
Quando Pedro veio até Jesus, ele lhe perguntou se deveria perdoar seu
irmão até sete vezes. Ele estava orgulhoso de si mesmo por estar disposto a
perdoar tão generosamente. De acordo com um comentarista da Bíblia, os
rabinos judeus daquela época ensinavam as pessoas a perdoarem seus
irmãos que pecaram contra elas três vezes. Pedro estava disposto a ir muito
além e perdoar até sete vezes.
Como Jesus respondeu? Ele o elogiou por ser tão melhor que os rabinos?
De forma alguma. Em vez disso, Jesus simplesmente lhe contou a parábola
do Reino dos Céus.
Em Mateus 18:21-35, Jesus conta aos discípulos uma parábola para
ajudá-los a entenderem a importância de perdoar os outros. A parábola era
assim: Um rei queria resolver suas contas com seus servos. Um servo lhe
devia uma grande soma de dinheiro que ele não conseguia pagar. Ele
implorou ao rei para ser paciente com ele. O rei teve misericórdia e o
perdoou de toda a dívida. O servo então viu um outro servo que lhe devia
uma quantia comparativamente menor. Quando ele não pôde pagar, o servo
o colocou na prisão. Quando o rei ouviu isso, ficou com raiva e jogou o
servo que não pôde perdoar na prisão. Jesus concluiu Sua história com as
lúcidas palavras: “Assim o meu Pai celestial também fará com cada um de
vós se, do seu coração, não perdoardes aos seus irmãos e às suas
transgressões.”
Se quisermos viver no Reino dos Céus e experimentar essa autoridade,
precisamos também respeitar as leis imutáveis do seu Reino. Precisamos
entender que as leis do seu Reino não mudarão para se encaixar em nossas
situações, culturas ou época. Somos nós que precisamos mudar para nos
adaptar às leis do Seu Reino.
Os princípios deste Reino são, hoje, os mesmos da época que Jesus
contou a parábola; é um Reino eterno governado por um Rei eterno que não
muda. (Veja Hebreus 13:8).

ENTENDENDO NOSSA PRÓPRIA NECESSIDADE DE PERDÃO


É da nossa natureza humana crer que o que outros fazem a nós é pior do
que aquilo que fazemos aos outros. Muitas vezes, justificamos o que
fizemos, mas quando outros fazem o mesmo, somos rápidos para julgar. Se
pudéssemos ver a perversidade do nosso coração, e as muitas vezes que
nosso Pai no Céu teve misericórdia de nós, seríamos mais misericordiosos
com os outros. As leis do Reino são claras: se temos recebido perdão, e nos
recusamos a perdoar os outros, não teremos desculpas. O próprio Deus vai
nos entregar aos torturadores.
Não nos enganemos: ao longo de toda a eternidade, seremos incapazes
de pagar pelos nossos pecados. Nosso pecado merece a morte. Nossa única
esperança é o Reino eterno de Deus, onde podemos receber perdão como
um dom através da morte de Jesus Cristo. Tendo recebido o dom
livremente, temos que oferecê-lo também livremente àqueles que pecaram
contra nós.

RAZÃO 5 – PRECISAMOS PERDOAR PORQUE A FALTA DE


PERDÃO NOS ENVENENA E NOS CAUSA DANOS.
Quando se fala de falta de perdão, é perigoso menosprezar sua
importância. Nosso coração ferido quer nos enganar, nos fazendo crer que
isso não vai realmente nos afetar. Da mesma forma que apenas uma gota de
corante em um copo de leite mudará a cor do copo inteiro, a falta de perdão
afetará nosso coração. Isso não afetará somente uma pequena parte de nossa
vida, mas influenciará toda a nossa vida. Afetará nosso relacionamento com
Deus, com os outros e com nós mesmos. Seremos incapazes de viver em
uma paz real com Deus, com os outros e com nós mesmos, se permitirmos
que o veneno da falta de perdão permaneça em nossa vida.

ALGEMADOS ÀQUELES QUE NOS FERIRAM


É fácil para nós termos a falsa suposição de que, se nos agarrarmos à
falta de perdão, vamos ferir ou punir aqueles que nos machucaram. Esta
suposição é tão falsa como crer que, se bebermos veneno, causaremos dano
ao nosso inimigo.
A ilustração das algemas tem sido muito útil para mim. Se nos
recusarmos a perdoar, nos algemamos às pessoas que nos feriram. Muitas
pessoas a quem eu aconselhei ficaram chocadas com essa ideia.
A última coisa que uma pessoa sã iria querer fazer é se algemar à pessoa
que a feriu. O nosso instinto natural é evitar o perigo, a dor e as feridas, não
nos prendermos a isso. Se não liberarmos aqueles que nos feriram através
do perdão legítimo vindo do coração, nos acorrentaremos a eles.
Eles podem viver bem longe, podemos nem sequer ter mais contato com
eles, eles podem até estar mortos, mas ainda estaremos algemados a essas
pessoas se não escolhermos perdoá-las. Elas nos atormentarão em nossos
pensamentos, nossas emoções, e muitas vezes em nossos sonhos. Elas
estarão sempre presentes, e não importa o quão longe ou o quão rápido
fujamos, não poderemos fugir delas porque fizemos a escolha de nos
algemarmos a elas. O perdão da nossa parte quebrará essas algemas e nos
libertará.

MARIA QUEBROU AS ALGEMAS


Em um lindo dia ensolarado, eu levei meus filhos ao lago para
aproveitarmos um dia ao ar livre. Eu tinha um bote de plástico e decidi
levá-lo ao lago. Conosco estava Maria, uma senhora com idade o suficiente
para ser minha mãe. Conhecíamos Maria havia vários anos, porque ela e seu
marido frequentemente visitavam nossa igreja durante suas férias.
Remamos no lago, naquele lindo dia de verão, e conversamos sobre as
coisas maravilhosas que o Senhor havia feito. Conversamos sobre o assunto
do perdão, e a história de Maria deixou uma impressão profunda em mim.
Ela me disse que, quando era criança, seu padrasto periodicamente
ameaçava molestá-la. Ela vivia em constante terror dele. Até mesmo após
ela ter se tornado cristã, estar casada e ter filhos, pesadelos, onde o padrasto
dela a molestava, a atormentavam. Não importava o quanto ela orasse, ela
não conseguia se libertar desses pesadelos.
Um dia, ela conseguiu entender que ela precisava perdoar seu padrasto
de todo o seu coração. Depois que ela decidiu fazê-lo, seus pesadelos
pararam. As algemas foram quebradas, e ela estava livre.

PERDOANDO A NÓS MESMOS


Não é importante só perdoar os outros, mas também perdoar a nós
mesmos. Todos nós pecamos e falhamos de várias formas, e o inimigo
tentará nos manter em cativeiro com condenação, culpa, e vergonha sobre
nossos erros passados. Ele pode usar pessoas que vivem debaixo da lei e
não pela graça para nos trazerem condenação.
Se não aprendermos a perdoar a nós mesmos e seguir em frente, iremos,
por nossa própria culpa, influenciar nosso futuro negativamente. Enquanto
vivermos com falta de perdão com relação à nós mesmos, não permitiremos
que o Senhor nos mude nas áreas que temos falhado. Uma vez que nos
arrependemos, precisamos perdoar a nós mesmos, assim como o Senhor nos
perdoou. Todos nós somos pecadores, mas Cristo é um Salvador incrível.

ORGULHO, A RAIZ DA FALTA DE PERDÃO


Estávamos chegando ao fim da nossa conferência no Texas. Tivemos
várias grandes reuniões ao longo do fim de semana quando pregamos sobre
como sermos vencedores na vida. Uma das mensagens foi sobre como
vencer a amargura e a falta de perdão.
No final do culto, uma mulher veio até nós pedindo oração.
Ela lutava para se perdoar pelas coisas erradas que havia feito. Mike, que
ministrou comigo, disse à mulher que sua incapacidade de perdoar a si
mesma tinha suas raízes no orgulho, pelo que ela tinha que se arrepender.
Ele lhe explicou que é vaidade crer que qualquer pecado que cometemos
é maior que o sacrifício de Jesus na Cruz. Jesus entregou Sua vida para que
pudéssemos receber livremente o perdão por nossos pecados. Se o pecado
não é grande demais para Ele nos perdoar, então nós precisamos perdoar a
nós mesmos também.
Não importa o quanto ou com que frequência temos falhado, o sacrifício
que nosso Senhor trouxe através da Cruz do Calvário é suficiente para nos
lavar de toda injustiça (veja 1 João 1:9). Ele é o Cordeiro de Deus que tirou
os pecados do mundo. Portanto, o fato de nos agarrarmos aos nossos erros
do passado e não perdoarmos a nós mesmos quando Deus já nos perdoou,
só pode ser resultado do orgulho.
Ao lermos as epístolas do apóstolo Paulo, podemos ver repetidamente
quão incrível era a revelação e o entendimento da graça de Deus que ele
tinha. Ele entendeu que somos incapazes de merecer o perdão pelo pecado.
Antes de seu encontro com o Senhor, ele era um fariseu que havia tentado
viver sua vida estritamente através da lei. Após seu encontro com Deus, ele
estava tão ciente de sua iniquidade que chamou a si mesmo de principal dos
pecadores (veja 1 Tm 1:15).
Ele havia perseguido severamente a igreja de Jesus Cristo, mas quando o
Senhor tocou Paulo e lhe revelou a verdade do Evangelho, ele rejeitou a
crença de que nossas boas obras substituirão nossas falhas. Ele recebeu o
perdão completo do Senhor, deixou seu passado para trás e seguiu em
direção ao alvo em Cristo Jesus (veja Fp 3:1-14).

O INCRÍVEL MILAGRE DE DEBI


Era 1983, e eu vivia em uma pequena cidade no sul da Inglaterra. Eu
estava em meu último ano do Seminário e estava pronto para me formar. Eu
e Debi estávamos noivos, sabendo que o Senhor havia nos chamado para
servirmos juntos aos propósitos do Seu Reino. Nosso passado e criação
foram muito diferentes. Éramos o oposto na maioria das coisas, mas
tínhamos algo em comum: queríamos servir ao Senhor, satisfazê-lo, e ser
obedientes a Ele em tudo.
Enquanto nosso relacionamento crescia e começávamos a falar mais
abertamente sobre muitas coisas, também conversamos sobre nosso
passado. Seu pai havia deixado a família quando ela era jovem, e sua mãe
fez o melhor que pôde para criar dois filhos. Aos 18 anos de idade, Debi
saiu de casa para ingressar na Força Aérea. Em sua busca por amor e
aceitação, ela esteve em relacionamentos onde homens a usaram
sexualmente e, aos 20 anos de idade, ela teve um aborto.
Um dia, o Senhor prometeu a Debi que Ele restauraria sua virgindade. Já
que o Senhor havia realmente perdoado seus pecados sexuais passados,
certamente Ele poderia fazer esse milagre.
Em 25 de outubro de 1986, Eu e Debi nos casamos na cidade de Graz, na
Áustria. Após a recepção do casamento, dirigimos em direção ao leste e
ficamos em uma suíte em um lindo hotel austríaco. Essa foi a noite em que
Debi perdeu sua virgindade. Deus fez um milagre e restaurou sua
virgindade. Esse é o tamanho do amor e do perdão do Senhor. Ele não
somente perdoou Debi de todos os seus pecados sexuais, mas Ele também
viu o desejo no seu coração e restaurou fisicamente sua virgindade. Foi um
dos momentos mais incríveis e sagrados de nossa vida matrimonial.

DERROTANDO AS ACUSAÇÕES DO INIMIGO


Já que o Senhor nos perdoa completamente e não usa nosso pecado
contra nós, conforme discutido anteriormente, precisamos também perdoar
a nós mesmos completamente. Precisamos nos libertar das mentiras do
inimigo de nossa alma e libertar a nós mesmos de toda culpa e vergonha por
nossas falhas. Cristo pagou por nossos pecados de uma vez por todas, e isso
é suficiente. Precisamos transformar nossas feridas em cicatrizes e troféus
da Sua graça!
Rick Watkins, um querido amigo meu que é missionário na Polônia,
compartilhou como ele lida com a voz acusadora do inimigo. Quando ele
peca e o inimigo joga acusações contra ele, ele não discute com o inimigo,
tentando menosprezar sua falha. Ele simplesmente diz ao inimigo que suas
acusações são verdade. No entanto, o sacrifício de Jesus Cristo é completo e
suficiente para pagar por todos os seus pecados. Ele confessou e recebeu
perdão, portanto, nenhuma das acusações do inimigo é válida — o sangue
de Jesus lidou com todas elas. Rick louva ao Senhor por Suas misericórdias
e Seu coração magnífico que perdoa até mesmo o pecado mais desprezível.
Ele declara o quão maravilhoso é o Deus que remove nossos pecados para
tão longe quanto o leste é distante do oeste. E sua experiência é que, quando
as acusações do inimigo são usadas como uma ajuda no louvor a Deus, as
acusações tornam-se impotentes e logo pararão.

ANDANDO EM AMOR
A Palavra nos diz que mesmo se andarmos na unção e no poder de Deus,
tivermos fé suficiente para remover montanhas e tivermos revelações
impressionantes, mas não tivermos amor, seremos nada. A Bíblia Ampliada
até diz que somos “ninguéns imprestáveis.”
E se eu tiver poderes proféticos (o dom de interpretar a vontade
e o propósito divino), e entender todos os mistérios e verdades
secretas e possuir todo o conhecimento, e se eu tiver fé
[suficiente] para que possa remover montanhas, mas não tiver
amor (o amor de Deus em mim) eu sou nada (um ninguém
imprestável). (1 Coríntios 13:2, tradução livre)
Tudo o que fizermos tem que ser motivado pelo amor. Amar ao Senhor
nosso Deus e nosso próximo como a nós mesmos é o maior dos
mandamentos. Se realmente amarmos as pessoas e entendermos o quão
destrutiva a falta de perdão é, inevitavelmente faremos um esforço para
ajudá-las a perdoar. Pode haver pessoas que estão ofendidas conosco sem
motivo; ainda assim, o amor buscará um caminho para ajudar essas pessoas
a chegarem à libertação através do perdão.

ORAÇÃO RESPONDIDA POR EDDY


Eu trabalho em uma escola, e faz parte do meu trabalho ficar na rua todo
dia direcionando o tráfego, enquanto os pais trazem seus filhos. O diretor da
escola me explicou as regras de trânsito e me pediu para reforçá-las. Alguns
pais não gostaram dessas regras e continuamente tentavam quebrá-las.
Eddy era um desses pais. Em uma manhã, ele entrou de carro no
estacionamento, andou até mim com raiva, e me disse sua opinião. Eu
permaneci amistoso e simplesmente lhe informei que essas eram as regras
da escola, colocadas pelo diretor, e eu tinha que reforçá-las.
A cada manhã, enquanto eu direcionava o tráfego na rua, eu
cumprimentava todos os pais com um sorriso amistoso e acenava para eles.
Eddy parecia nervoso e olhava para o outro lado quando eu o
cumprimentava. Isso aconteceu por vários dias. Então eu decidi orar por ele
a cada manhã. Eu intercedi para que o Senhor o abençoasse, que lhe fizesse
bem e lhe desse a graça de se livrar de sua ofensa com relação a mim e me
perdoasse. Eu orei fielmente por muitas semanas.
Eu me lembro claramente da manhã em que seu carro veio pelo mesmo
caminho de sempre. Desta vez, em vez de olhar com raiva para o outro
lado, ele sorriu e acenou de volta. Eu louvei ao Senhor por sua fidelidade e
por responder à minha oração. Desde aquele dia, ele me cumprimentou
amigavelmente a cada manhã.

CONTROLE DE REALIDADE
Quando eu orei contra mim mesmo por não perdoar os outros?
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Como eu me sinto quando peço ao Senhor para me perdoar da mesma
forma que eu perdoo aqueles que me feriram?
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Eu realmente creio que o Senhor me perdoou? Qual foi a última vez que
eu lhe agradeci por Seu maravilhoso perdão?
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Eu ainda estou agarrado à falta do perdão por mim mesmo?
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Por quais falhas do passado ainda me sinto culpado?
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Por quem devo orar para que eles possam encontrar graça para perdoar?
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ORAÇÃO
Pai celestial, eu Te agradeço por me oferecer o Teu perdão sem
pedir nada em troca. Estou ciente de que sem o Teu perdão, eu
não poderia estar diante de Ti, porque o Senhor é um Deus
santo e eu sou um ser humano pecador. Eu entendo que é
importante que eu perdoe todos os que pecaram contra mim. Eu
também entendo que eu preciso perdoar a mim mesmo e deixar
de lado todo ressentimento que guardo com relação a Ti.
Ajuda-me, a perdoar assim como Tu me perdoaste. Amém.
7
P 2C –C P
Há muita falta de entendimento acerca do perdão, e existem várias razões
para isso. Uma delas é que o significado bíblico de perdão é muitas vezes
mal-entendido, outra é que o inimigo de nossa alma não quer que
perdoemos para que ele possa nos manter cativos; ele não quer que
cheguemos ao nosso destino proposto por Deus.
De acordo com o dicionário de grego Strong’s, a palavra perdoar é
aphiemi. Um dos significados desta palavra é “enviar para longe”.
Encontrei esta palavra 146 vezes no Novo Testamento; ela tem um
significado forte. A mesma palavra no grego é usada para “divórcio”.
De acordo com a lei de Moisés, em certas circunstâncias, um homem
poderia escrever uma carta de divórcio, dar à sua esposa e enviá-la para
longe. (Veja Deuteronômio 24:1-4). É isso que significa perdoar: que
enviamos para longe o pecado que foi cometido contra nós, pois não há
mais espaço para ele em nossa vida.
Há duas passagens que usam essa palavra no grego:
Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou
para o Pai (João 16:28),
Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram
(Mateus 4:20).
Aqui, podemos ver claramente que o significado desta palavra é
exatamente “deixar”, ou “ir para longe”. Quantas vezes perdoamos em
nossa mente e até em nossas palavras, mas em nosso coração ainda nos
agarramos aos pecados cometidos contra nós? Isso não é perdão verdadeiro.

A ILUSTRAÇÃO QUE ME AJUDOU


Uma vez eu pedi ao Senhor que me fizesse entender melhor o verdadeiro
significado do perdão. Eu queria uma ilustração para ajudar as pessoas a
perdoarem da forma bíblica, para que pudessem dar os passos certos em
direção à cura e à liberdade. Desde que o Senhor me mostrou essa
ilustração, ela tem ajudado a muitos.
Na minha infância eu amava balões de hélio. Quando uma nova loja
abria na cidade ou quando havia uma celebração especial, as pessoas
distribuíam balões de hélio de graça. Sempre que eu tinha a chance, eu fazia
o que pudesse para conseguir um, e para que o balão chegasse em casa a
salvo, eu o segurava bem firme.
Um dia, no caminho para casa vindo de um evento desses, eu fui
descuidado e não segurei a cordinha firme o suficiente. O balão de hélio
escapou da minha mão e, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele
tinha ido embora. Eu fiquei chorando porque o meu balão subiu bem alto
até que fosse impossível recuperá-lo. Eu fiquei olhando para o céu até que
não pude mais vê-lo, ele tinha ido embora; não havia mais forma de pegá-lo
de novo.
Quando o Senhor me lembrou dessa situação, eu percebi que é assim que
precisamos perdoar. Quando eu preciso perdoar e acho isso difícil, eu vou
até o Senhor em oração. De olhos fechados, eu me imagino segurando um
balão de hélio em minha mão. Aos olhos da minha mente, eu pego uma
caneta e escrevo o nome da pessoa que eu preciso perdoar. Eu posso
também escrever as coisas feitas contra mim, então eu solto o balão e deixo
ele voar para longe. Em minha mente, eu o vejo até que ele voe para o céu,
e cada vez mais longe. Eu, então, digo ao Senhor: “Lá vai, ele está voando
em direção a Ti, eu o libero para Ti e agora não é mais meu, mas Teu. Eu
me recuso a segurá-lo e estou feliz porque ele está indo para longe”.
Muitas vezes, nossa natureza egoísta diz que não podemos abrir mão
completamente. Levamos o balão para dentro do conforto da nossa casa e
então agimos como se perdoássemos pela metade. Assim, o balão chega
somente até o teto e conseguimos recuperá-lo sempre que quisermos.
Talvez você queira verbalizar seu perdão de uma forma que seja útil para
você. Você pode até mesmo ir à loja e comprar balões de hélio, escrever
neles os nomes das pessoas que você precisa perdoar e, literalmente, deixá-
los voar para o céu. O que quer que o ajude a perdoar, faça. Não apenas o
faça no seu coração, mas certifique-se de que você confessa com sua boca.
Uma dúvida frequente é se todas as memórias desaparecem com o ato do
perdão. Eu conheci pessoas que dizem que se ainda nos lembramos dos
pecados cometidos contra nós, então não perdoamos realmente. Sobre esse
assunto, a Palavra diz que o amor cobre uma multidão de pecados (veja I
Pedro 4:8). Eu creio que é importante confiar ao Senhor não somente a cura
de nosso coração ferido, mas também a cura das nossas memórias.
A dor está, muitas vezes, presa à memória do incidente que nos
machucou. Portanto, precisamos pedir a Jesus para curar nossas memórias.
Mas Ele só poderá ajudar quando liberarmos o incidente para Ele. Enquanto
ainda nos agarramos a ele através do ressentimento e da falta do perdão,
ainda não o liberamos; portanto, nossa dor fica presa à nós. Omitir a dor ou
aprender a viver com ela não soluciona o problema.
Embora nós realmente tenhamos perdoado quem nos ofendeu, as
memórias permanecerão guardadas em nossa alma. Se não forem curadas,
elas permanecerão como memórias dolorosas. Mas quando Jesus cura
nossas memórias, elas se tornam como as cicatrizes de que falamos. Elas
não são memórias dolorosas, mas memórias que nos lembram do poder da
Cruz, que nos permitiu perdoar e vencer as coisas dolorosas feitas contra
nós.
Nossos sentimentos seguirão nossa decisão, assim que verdadeiramente
perdoarmos. Haverá um período de tempo quando nos sentiremos
magoados, mas quando caminharmos no processo da cura, esses
sentimentos também mudarão.
Vamos nos lembrar de que o significado do perdão é mandar para longe.
Precisamos escrever a carta de divórcio e mandar para longe o pecado
cometido contra nós. Não há mais espaço para ele em nossa vida.

QUANTO PRECISAMOS PERDOAR?


Conforme dito anteriormente, quando Pedro perguntou a Jesus quantas
vezes ele precisava perdoar o irmão que pecou contra ele, Jesus lhe contou a
parábola do credor incompassivo (veja Mt 18:21-35).
Nesta parábola, Pedro estava disposto a ir mais longe que os rabinos, e
esperava a aprovação de Jesus por sua espiritualidade, mas Jesus lhe disse o
quanto ele precisava perdoar: não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete.
Alguns pensam que Jesus quis dizer que ele literalmente teria que
perdoar setenta vezes sete, o que são 490 vezes por dia. Quando olhamos
para a parábola mais profundamente, podemos ver que Jesus foi um passo
além.
De acordo com o dicionário de grego Strong’s, um dos significados da
palavra setenta é “incontáveis” vezes. Esta interpretação parece muito
plausível, já que o rei que acertou suas contas não estabeleceu um limite
para seu perdão. A dívida do servo era fenomenal, era impossível pagar de
volta, em circunstâncias normais. O rei não negociou com o servo para que
ele pagasse em parcelas; ele simplesmente o perdoou e o liberou
completamente de toda a dívida. Portanto, nosso perdão não pode ser
limitado. Não é um feito da lei, mas um feito da compaixão e do amor que
se oferecerá por incontáveis vezes, sem limite.
Quando as pessoas pecaram contra nós, talvez tenhamos perdoado o
pecado delas e deixado o balão voar. Mas a dor e a memória podem estar
presentes até que o Senhor as tenha curado completamente. Precisamos
entender que a natureza do inimigo é continuar nos acusando de não haver
perdoado. A dor que ainda está em nossa alma pode estar gritando para nós,
dizendo que ainda não perdoamos. Continue confessando o perdão, e
mantenha esses balões voando. Não apenas sete vezes, não setenta vezes
sete, mas um número incontável de vezes. Vamos entender que, mesmo que
o céu se encha de balões, sempre perdoaremos e abriremos mão disso.

ASSIM COMO CRISTO NOS PERDOOU


Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso
alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós (Colossenses
3:13).
A Palavra nos admoesta a perdoar da mesma forma que Cristo nos
perdoou. Nós fazemos isso? Ou talvez devêssemos fazer essa pergunta de
outra forma. Nós iríamos querer que Cristo nos perdoasse exatamente da
mesma forma pela qual perdoamos os outros? Imaginar que não há
diferença entre a forma pela qual perdoamos os outros e como Cristo nos
perdoa nos deixa desconfortáveis?
Olhando para a vida de Estêvão, o primeiro mártir de que se tem registro
na igreja do Novo Testamento, e comparando-a com a vida de Cristo,
podemos ver que ambos perdoaram da mesma forma.
Contudo, Jesus dizia; Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes. (Lucas
23:34).
E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus,
recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta
voz: Senhor, não lhes impute este pecado! Com estas palavras,
adormeceu. (Atos 7:59-60)
Sou grato, pois, quando o diabo está diante do trono de Deus para nos
acusar, Jesus não concorda com ele, mas, em vez disso, intercede por nós.
Tal é o Espírito de Cristo, e tão completo é o Seu perdão. Da mesma forma
e no mesmo espírito, precisamos também perdoar aqueles que pecaram
contra nós. (Veja Ap 12:10 e Rm 8:34).

O PROCESSO DO PERDÃO
Perdoar os outros é um processo. O processo não precisa durar muito
tempo, mas precisamos andar por ele para que nosso perdão seja sincero.
Precisamos andar lado a lado com o Senhor e obedecer a Sua Palavra.
Muitas vezes, nos apressamos a proferir o perdão, mas acabamos por
descobrir que ainda não perdoamos realmente em nosso coração, mas
apenas com nossa boca. Pode ser que quiséssemos limpar nossa
consciência, já que sabemos em nossa cabeça que precisamos perdoar. No
entanto, Deus olha para nosso coração. Vamos andar pelo processo do
perdão.

PASSO 1 – DANDO OS NOMES CERTOS A CADA COISA


Precisamos começar a dar os nomes certos para cada coisa. Precisamos
admitir quando outros pecaram contra nós, ou nos feriram. Se a outra
pessoa nos feriu ou não, fica em segundo lugar. Este não é realmente o
ponto principal, quando se fala de perdão. Se percebermos que alguém nos
feriu, precisamos liberar essa pessoa do que cremos que ele ou ela fizeram
contra nós.
É para o nosso bem que perdoamos. As pessoas têm um limite para a dor,
fisicamente ou emocionalmente. A intensidade que podemos aguentar varia
de pessoa para pessoa. O temperamento das pessoas dá a elas certa
vantagem; alguns nascem com um limite maior. Portanto, é importante
perdoarmos quando sentimos que as pessoas nos feriram, mesmo que outros
digam que isso é verdade ou não.
Quantas vezes cometemos o seguinte erro: As pessoas fazem algo que
entendemos que é errado. Na verdade, estamos certos de que não foi certo,
especialmente se a pessoa é cristã. Então elas vêm e nos dizem que sentem
muito. Em vez de lidar com a situação apropriadamente, somos rápidos para
dizer-lhes que está tudo bem e que não há problema. Mas já reclamamos
para outros ou até mesmo para o Senhor sobre o que essas pessoas fizeram.
Pode ser medo dos outros ou o desejo de sermos aceitos que causam esta
reação. No entanto, não é saudável lidar com o problema desta forma.
Precisamos aceitar suas desculpas, proferir o perdão a elas, e, então, liberá-
las de sua dívida contra nós.
Como podemos começar o processo de perdoar alguém se não somos
honestos o suficiente para admitir que fomos ofendidos? Nossa falsa
delicadeza, que é, na verdade, hipocrisia e desonestidade, nos leva a
marginalizar as coisas. Nosso medo de ofender nos engana, mas as ofensas
contra nós são escritas em nosso coração; se não lidarmos com elas, elas
causarão ressentimento.
Ao crescermos no Senhor e em maturidade, aprenderemos a abrir mão de
muitas coisas e andar em amor, que cobre uma multidão de pecados.
Aprenderemos a não sermos feridos por aqueles pequenos arranhões que
acontecem quando andamos pelo caminho da vida.
Esteja ciente do quão sincero você será quando aceitar as desculpas de
alguém. Seja honesto consigo mesmo e com a outra pessoa.

PASSO 2 – ENTENDENDO NOSSA PRÓPRIA INIQUIDADE


O rei, na parábola que discutimos anteriormente, estava com tanta raiva
do servo que ele havia perdoado, porque o servo não entendeu sua própria
iniquidade. A dívida que ele tinha com o rei seria o equivalente a milhões
de dólares hoje. Não se engane, a dívida que o outro servo tinha também
não era uma quantia pequena. Ele lhe devia cem denários, o equivalente a
cem dias de salário. Se trabalhássemos cinco dias por semana, o que são 20
dias por mês, isso seria o mesmo que um salário de cinco meses, ou seja,
muito dinheiro. O problema não era quão grande era a quantia da qual o
servo teria que perdoar seu conservo, mas quão grande era a quantia da qual
o rei o havia perdoado.
Se permitirmos que o Espírito Santo nos mostre nossa própria iniquidade
e a surpreendente graça e misericórdia de nosso Pai no Céu, veremos as
coisas de forma diferente. Aqueles que são muito perdoados amam muito.
Aqueles que amam muito, em retorno, perdoarão muito. É importante que
sempre nos lembremos do quanto fomos perdoados.
Jesus nos diz para não julgar os outros. Ele chama de hipócritas aqueles
que tentam remover uma farpa do olho do seu irmão sem primeiro remover
a trave do seu próprio (veja Mt 7:1-5). Enquanto vivermos nesta terra, não
seremos perfeitos; portanto, precisamos deixar que o Senhor seja o juiz. Ele
pode ver claramente, sem visão distorcida.

PASSO 3 – A RENDIÇÃO DE SI PRÓPRIO


Jesus nos diz que quem quiser ser Seu verdadeiro seguidor precisa tomar
diariamente a sua cruz e negar a si mesmo (veja Lucas 9:23). Isso não
significa que precisamos negar nossas necessidades, dadas por Deus a nós
mesmos. Deus nos criou com necessidades básicas ao ser humano, como
comida, água, casa, um sentido de pertencer etc. Negar significa que não
devemos nos render aos desejos da nossa velha natureza pecaminosa.
Nossa velha natureza pecaminosa não está disposta a perdoar os outros.
Perdoar é uma experiência de morte. Se quisermos ser verdadeiros
seguidores de Jesus Cristo, temos que render nossos caminhos e desejos
pecaminosos.
O medo de que perderemos nossa vida quando perdoarmos é típico de
nossa velha natureza, que quer ter total controle de nossa vida. No entanto,
Jesus diz claramente que aquele que quiser guardar a sua vida a perderá.
(Veja Lucas 9:24). A verdadeira vida, que é a vida do nosso Salvador
ressurreto Jesus Cristo, só pode ser encontrada quando rendemos nossos
desejos pecaminosos a Ele. Quando entendermos que ninguém merece
perdão, ofereceremos este ato de misericórdia livremente a outros.

PASSO 4 – ABRINDO MÃO DA AUTODEFESA


Você já percebeu o quão rápido nos defendemos quando alguém diz algo
contra nós? O medo de perder nossa reputação pode nos levar a defender a
nós mesmos, até mesmo se o que foi dito era correto. Por que existe tal
desejo? Há várias razões. Talvez queiramos que outros pensem bem de nós
ou desejemos o seu elogio. Talvez nunca tivemos a chance de viver em um
lar sólido e seguro, onde nossos pais nos protegeram. Talvez passamos por
abuso e a única forma de nos sentirmos seguros é defender a nós mesmos.
Como seguidores de Cristo, precisamos aprender a viver em total
confiança n’Ele. A Bíblia é cheia de promessas que nos certificam que Deus
está do nosso lado. A resposta para cada um dos nossos problemas pode ser
encontrada no Senhor. Não há nada que ele não possa fazer.
Quantas vezes temos tentado nos defender, e acabamos por descobrir que
as coisas certamente estariam muito melhores nas mãos do Senhor? Esta
foi, com certeza, a minha experiência. Quando Jesus foi até a Cruz, ele
poderia ter defendido a si mesmo. No Jardim do Getsêmani, Ele abriu mão
de Sua autodefesa e rendeu Sua vida nas mãos do Seu Pai. (Veja Mateus
26:36-53).
Jesus disse a Pedro que não seria difícil pedir doze legiões de anjos para
defendê-lo. Antes da Sua prisão, Ele já havia rendido o Seu desejo por
autodefesa à Seu Pai. Ele pediu ao Seu Pai no Jardim do Getsêmani para, se
possível, passar esse cálice d’Ele, mas que a vontade de Deus deveria ser
feita. Neste momento, Ele rendeu Seu desejo por autodefesa. Foi necessária
uma confiança completa em seu Pai para fazê-lo, crendo que Deus o traria
de volta à vida.
Não é nossa falta de confiança em que Deus tomará conta de nós a razão
pela qual achamos difícil abrir mão de nosso desejo por autodefesa? Não é
orgulhoso crer que podemos nos defender a nós mesmos melhor que o
Senhor? Quantas vezes o desejo por defender a nós mesmos nos levou a nos
agarrarmos à amargura e à falta de perdão? Se realmente quisermos perdoar
e abrir mão, precisamos abrir mão do nosso desejo por defender a nós
mesmos e confiar nossa vida nas mãos de nosso Senhor.

CONTROLE DE REALIDADE
Há pessoas a quem eu perdoei em minha mente e com minha boca, mas
não no meu coração?
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Eu preciso encher o céu com balões? Se preciso, o que estará escrito
nesses balões?
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Estou realmente ciente da minha iniquidade?
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Em quais áreas da minha vida não estou disposto a me render
completamente a Jesus?
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Contra quem eu guardo ressentimentos por causa da falsa delicadeza de
minha parte?
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ORAÇÃO
Meu querido Pai celestial, eu posso ver o quão livremente Tu
me perdoaste. Eu quero Te obedecer e andar em total perdão.
Eu sou fraco, mas Tu és forte. Eu Te peço a graça de perdoar
todos os que pecaram contra mim e me feriram. Eu faço a
escolha consciente de perdoar e abrir mão de todos aqueles que
eu ainda não perdoei. Espírito Santo, por favor, traga à minha
mente todos aqueles que eu preciso perdoar, e guia-me pelo
processo do perdão. Ajuda-me a me direcionar, enquanto eu
ando no caminho do perdão. Eu confio em Ti completamente.
Amém.
8
H R P
Todas as histórias deste capítulo são reais. As próprias pessoas que
passaram por isso escreveram suas histórias. Eu conheço todas essas
pessoas há anos e lhes pedi para contarem suas histórias com suas próprias
palavras. Todos os nomes, no entanto, foram mudados, para proteger a
privacidade delas.

CASSANDRA
Nossa família foi trapaceada e nos roubaram uma grande soma de
dinheiro. Foi a injustiça de toda a situação que me deixou com raiva. Foi
difícil perdoar a pessoa que cometeu essa fraude contra nós. Eu queria
perdoar, mas estava tendo problemas devido à forma pela qual toda a
situação se desenvolveu. Eu me senti traída e tratada injustamente. Eu
costumava perdoar as pessoas que me ofendiam porque normalmente eu
tinha uma parte na situação, significando que eu era parcialmente culpada
por aquilo que tinham feito contra mim. Mas esta pessoa, que senti que agiu
maliciosamente contra nós por nenhum motivo aparente, eu tive que
perdoar vez após outra, mas ainda não me sentia liberta de tudo. Eu estava
lutando terrivelmente.
Um dia, recebi uma explicação sobre a seguinte forma de perdoar: eu
tinha que visualizar um balão de hélio. Eu deveria escrever o nome da
pessoa nele e orar, perdoando a pessoa por tudo o que ela havia feito para
mim, e então liberar o balão para o Senhor e, em minha mente, visualizá-lo
subindo.
Bem, eu o fiz. Todo o céu da vila ficou cheio de balões de hélio; eu
consegui a minha libertação da falta de perdão. Eu havia realmente
superado isso e senti isso em meu coração.
Então, o Senhor fez algo que achei que foi maravilhoso. Ele não só me
deu minha paz de volta (o que já teria sido mais do que suficiente), mas Ele
também nos abençoou com mais de três vezes o valor que foi roubado de
nós. Isso foi algo que eu realmente não esperava, mas fiquei grata por isso e
por Sua bondade.

MATT
Eu e Linda somos casados há cerca de sete anos. Eu sou cristão há mais
ou menos um ano, e Linda há mais ou menos dois anos. Nossa filha Sue
tem seis anos e nosso filho Mike tem quatro anos de idade.
Tudo começou com um sonho que eu tive em uma noite. Neste sonho, eu
claramente vi Linda tendo uma relação sexual com dois homens que eu não
conhecia. Através de certos detalhes no sonho, eu sabia que isso deveria ter
acontecido antes de nos casarmos, mas quando já estávamos tendo um
relacionamento. O sonho foi tão real e vívido! De alguma forma, eu sabia
que o sonho era verdade.
Eu fiquei com muita raiva de Linda. Enquanto ela dormia do meu lado,
eu reclamei com o Senhor: “Deus, se isso é verdade e Tu estás me
mostrando isso, eu vou acordá-la imediatamente e confrontá-la sobre isso”.
Eu estava com raiva e ferido, e, em minha mente, eu fiquei pensando no que
dizer a ela.
No entanto. Deus me falou: “Primeiro tire a farpa do seu próprio olho”.
Imediatamente, eu percebi que quando já estava em um relacionamento
sério com a Linda, eu também tinha tido uma relação sexual com outra
mulher. Naquela época, nenhum de nós era cristão, e nunca havíamos
conversado sobre o que havia acontecido antes de nos casarmos. Depois que
me converti, eu falei com meu pastor e lhe contei sobre essa situação em
minha vida, mas nunca havia contado à Linda. Quando Linda se converteu,
ela quis confessar seu pecado sexual para mim, mas quis esperar por um
tempo mais oportuno, já que eu ainda não era cristão na época.
Enquanto estava deitado na minha cama e vi meu próprio pecado em
minha mente, senti um verdadeiro remorso por aquilo, pela primeira vez. Eu
fiquei profundamente chocado pelo que havia feito. Quando a manhã
chegou, eu acordei Linda, e lhe disse diretamente o que havia visto em meu
sonho. Por um momento ela ficou em silêncio, e então me olhou e disse que
cria que o sonho era de Deus. Ela queria conversar comigo sobre aquilo
naquela noite.
Aquele foi um dia muito longo. O dia inteiro a minha mente ficava
brincando comigo. Quando a noite veio, pusemos nossos filhos na cama
cedo e conversamos. Enquanto Linda me contava sua história, ela ficou
maravilhada com os detalhes que Deus havia me mostrado no sonho.
Então, foi a minha vez. Eu também confessei o caso que eu tive no
começo do nosso relacionamento. Depois de termos confessado nossos
pecados a Deus e um para o outro, decidimos perdoar um ao outro. Isso não
foi algo fácil; no entanto, sentimos uma libertação maravilhosa, uma vez
que havíamos realmente perdoado um ao outro. O resto da noite juntos foi
muito prazerosa.
Logo após termos ido para a cama, nosso filho de quatro anos, Mike,
veio até o nosso quarto muito animado. Quando perguntamos o que havia
acontecido, ele gritou: “Os homens se foram! Pra onde os homens foram?”
Não tínhamos ideia do que ele estava falando. Ele, então, nos explicou que,
por muito tempo, ele via homens escuros em seu quarto. Eles vinham toda
noite. Eles nunca falaram uma palavra, mas estavam sempre presentes. De
repente, eles desapareceram e não voltaram mais. Nós imediatamente
soubemos quem os homens escuros eram e que eles não voltariam mais.
Seus pesadelos haviam acabado! Esta experiência nos mostrou o quão
importante é perdoar um ao outro e que a falta do perdão tem consequências
espirituais que, muitas vezes, não sabemos.

MARY
Quando minha mãe estava com 39 anos de idade, ela engravidou de
gêmeos, meu irmão e eu. Ela já tinha três filhos para cuidar, ajudava a
administrar uma fazenda e cuidava da minha avó. Além de tudo isso, meu
pai era alcoólatra. Toda a situação era muito devastadora para ela.
Crescemos em uma pequena vila austríaca. Minha avó, que vivia na
fazenda, perdeu seu marido durante a guerra, mas ela continuou a
administrar a fazenda com minha mãe e seu filho mais novo. Vovó deu à
sua irmã, Vicky, uma parte da terra, onde Vicky construiu uma casa bem em
frente à nossa. O marido da minha tia-avó Vicky, Ralph, estava sempre em
casa, porque ele não podia trabalhar, por causa de um ferimento de guerra.
Quando criança, muitas vezes eu andava de um lado para o outro
sonhando acordada e totalmente perdida, sem saber o que fazer comigo
mesma. Meu tio-avô, Ralph, abusou da minha busca por amor e começou a
tirar proveito de mim sexualmente desde muito cedo. Ele abusou de mim
até os 12 anos de idade, quando eu fui levada a um hospital para ser tratada
dos meus problemas psicológicos. Finalmente, toda a verdade veio à tona.
Eu tive que começar uma terapia, que foi tão difícil para minha mãe que ela
mal sobreviveu a ela.
Quando eu tinha 17 anos, comecei minha busca por Deus, mas não me
tornei cristã até os 21 anos. Eu fui criada em um lar fortemente católico, e a
verdade que a salvação é um dom de Deus pelo qual Jesus havia pagado e
que eu podia recebê-la sem ter que merecê-la me tocou profundamente. O
conhecimento de que, através da morte de Jesus eu poderia receber perdão,
trouxe grande liberdade à minha vida.
Decidi perdoar a todos os que me feriram, incluindo minha tia-avó,
Vicky, e seu marido, Ralph. Ralph já tinha morrido, mas, para me certificar
de que realmente o havia perdoado, eu declarei em voz alta o meu perdão a
ele. Minha tia-avó, Vicky, estava cheia de ódio de minha mãe e de mim. Ela
xingava minha mãe em público e, embora ela tenha se mudado para longe
da nossa vila, continuou a falar palavras de ódio toda vez que nos via.
Embora eu já a tivesse perdoado, eu ainda vivia com medo dela. Um dia,
eu a encontrei no funeral de um vizinho e olhei dentro dos olhos dela e a
abençoei em meu coração. Imediatamente, eu senti o medo que tinha dela
sair de mim.
Mais tarde, eu lhe escrevi uma carta e lhe pedi para me perdoar. Porque
eu queria ajudá-la a conseguir perdoar, eu decidi pedir-lhe para me perdoar
onde eu a havia ferido. Para minha surpresa, ela me escreveu de volta e me
disse que eu não precisava mais ter medo dela. Em sua carta, ela tentou se
aproximar e me perdoou. Hoje, ela é uma senhora muito idosa. Ela é mais
velha do que qualquer um dos seus irmãos já foi, mas ainda anda de
bicicleta. Ela disse a outros parentes que ela havia feito as pazes comigo.
Toda vez que eu penso nisso, eu agradeço ao Senhor por ter me perdoado
livremente, por ter me capacitado a perdoar os outros, e ter me usado como
uma pacificadora. Eu decidi, diante de Deus, assinar um cheque em branco
de perdão para todos aqueles que me feriram. Isso fez com que perdoar as
pessoas fosse muito mais fácil. Não foi uma tarefa fácil para mim, mas ao
me dispor e pedir ao Senhor para me ajudar, Ele trabalhou em mim e me
ajudou a perdoar.

AMANDA (AGORA COM UM POUCO MAIS DE 40 ANOS DE


IDADE)
Desde a primavera de 2005, a Palavra “honrarás teu pai e tua mãe”
estava queimando em meu coração. Eu lutei e discuti com Deus, dizendo-
lhe que, depois de tudo o que meus pais fizeram comigo, eu não conseguia
honrá-los. Desde que posso me lembrar, meu relacionamento com meus
pais foi superficial e distante. De tempos em tempos eu ligava para eles, e,
para cumprir minha obrigação, visitava-os ocasionalmente. Machucava-me
saber que eles não me conheciam realmente, ou não ligavam para meus
sentimentos, meus pensamentos ou para mim.
Em julho de 2005, eu liguei para meus pais e não ouvi nada além de
acusações sobre o pouco que eu ligava para eles. Após nossa conversa, eu
caí no choro, senti desespero, e fiquei cheia de raiva e amargura. No dia
seguinte, em uma reunião de oração, eu caí no choro de novo. Duas
mulheres se ofereceram para orar por mim e, quando lhes contei a minha
história, elas me encorajaram a perdoar meu pai. Em minha mente, eu
decidi perdoar, mas minhas emoções discordavam.
Quando o fim de semana chegou, a pressão para fazer algo era tão forte
que eu decidi visitar meus pais que moravam a cerca de 180 quilômetros de
distância. Durante toda a viagem, eu ouvi músicas de adoração, fiquei
chorando e me senti muito ferida. Durante aquele tempo, dois dos meus
amigos se ofereceram para orar por mim. Quando eu entrei na casa dos
meus pais, eu senti uma parede fria de rejeição do meu pai. Chorando, eu
perguntei se podíamos conversar. Ele se recusou a falar comigo, o que
trouxe à tona todas as emoções que estavam contidas. Eu lhe disse que o
aceitava como pai, mas não podia aceitar a forma pela qual ele me tratava.
Eu lhe disse que ele nunca estava presente para me proteger quando eu
sofria abuso sexual quando criança.
Nesse ponto, ele se levantou da cadeira e começou a rir de mim. Ele me
disse que tudo isso era só minha imaginação. Eu me senti completamente
humilhada. Naquele momento, eu sentia ainda mais desespero e chorava
incontrolavelmente. Minha mãe veio em defesa do meu pai e me disse que
eu poderia ir até um psiquiatra se eu precisasse de ajuda. Eu passei a noite
toda acordada, deitada na cama, acordada e chorando. Tudo parecia tão
escuro e sem esperança.
Pela manhã, eu subi uma montanha sozinha e clamei a Deus por ajuda.
Onde estava Deus agora, quando eu precisava dele? Aconteceu de eu ter o
livro When God Writes Your Love Story na minha mochila. Sem propósito
algum, eu abri o livro, e meus olhos caíram em uma página onde se falava
sobre nosso relacionamento com nossos pais e a importância de perdoá-los.
De repente, eu me senti pressionada em meu coração pela necessidade de
pedir a meus pais para me perdoarem, onde eu os havia desapontado como
filha. Eu disse a Deus que era muito para eu suportar – eu era incapaz de
fazê-lo. Então, Deus falou comigo e me disse que com Sua ajuda e apoio,
eu conseguiria fazê-lo, porque Ele era comigo.
Após uma longa discussão com o Senhor, eu decidi obedecer. Eu voltei
para casa e pedi a meu pai para me perdoar. Naquele exato momento, um
milagre aconteceu. De repente, meu pai colocou seus braços nos meus
ombros e me disse que eu tinha sido uma boa filha e que sentia muito por
tudo o que eu havia passado.
Desde então, meu relacionamento com meus pais mudou drasticamente.
Meu pai se preocupa comigo, até mesmo com pequenos detalhes que
importam para mim. Quero encorajar outros, através da minha história, a
não permanecerem no estágio da ferida, mas irem adiante e perdoarem. O
perdão é uma decisão, mas a cura das emoções é um processo.

CONTROLE DE REALIDADE
Estou disposto e humilde o suficiente para aprender com os outros?
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Há algo que eu ainda guardo contra meus pais? Em caso afirmativo o que
eu guardo contra eles e por que?
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Quando o Espírito Santo me cutucou para perdoar e não obedeci?
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A quem o Senhor quer que eu peça perdão, mesmo que eu sinta que eu
fui o ofendido?
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ORAÇÃO
Senhor, eu Te agradeço por outros que têm andado pelo
caminho do perdão antes de mim para que eu possa aprender
com eles. Eu posso ver a liberdade que outros receberam
quando perdoaram aqueles que os feriram. Por favor, ajuda-me
a fazer o mesmo, para que eu também possa ser um exemplo e
uma inspiração para outros e possa guiá-los à liberdade em
Cristo.
9
P 3–P P
Uma questão óbvia vem à mente: “Por que somos nós que temos que
pedir perdão quando estamos falando sobre como encontrar a cura das
feridas que outros nos causaram?”
Não estamos discutindo se deveríamos pedir perdão àqueles que nos
feriram. Às vezes, isso pode ser útil para liberarmos a graça de Deus
àqueles que nos feriram, para que eles possam pedir perdão e ficar em paz
conosco. O amor vai buscar um caminho para que outros possam ser
libertos da sua falta de perdão.
À luz do que já falamos até agora, precisamos pedir perdão a Deus. É
importante que entendamos pelo que e por que precisamos pedir perdão;
portanto, é disso que esse capítulo trata.

1. PEDIR PERDÃO POR NOSSA FALTA DE PERDÃO COM


RELAÇÃO AOS OUTROS
Conforme visto anteriormente, arrepender-se significa mudar nossa
mente e mudar de rumo, o que é uma parte importante do processo. Apesar
disso, o arrependimento só nos indica a direção certa, mas não lida com o
pecado que cometemos contra o Senhor e contra outros.
Precisamos receber perdão por nos prendermos ao nosso pecado de
amargura e de falta de perdão. Pecamos contra Deus ao desobedecermos
Suas ordens para perdoarmos os outros, o que Ele claramente nos mostra
em Sua Palavra. A desobediência é um sério pecado que precisamos
confessar ao Senhor para recebermos perdão por ele. (Veja 1 Samuel 15:22-
23).
Quando o rei Saul desobedeceu a Deus por causa do seu medo dos
homens, o profeta Samuel deixou claro para ele: desobedecer a Deus é algo
ruim a se fazer. Ele chamou a rebelião contra a Palavra Deus de bruxaria. Se
desobedecemos a Deus ao não perdoarmos, não é suficiente nos
arrependermos de nossa falta de perdão; também precisamos buscar e
receber o perdão de Deus.
Para recebermos o perdão do Senhor, precisamos seguir alguns passos
simples listados na primeira Epístola de João.
A. Admitir nosso pecado
Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós. (1 João 1:8)
Note que João não está escrevendo para quem não é cristão, mas para
cristãos que já haviam recebido Jesus como sacrifício pelos nossos pecados.
Se chegamos a perceber que ainda vivemos com feridas não curadas e só
poderemos ser libertos uma vez que perdoamos aqueles que nos feriram,
precisamos também entender que a própria falta de perdão que guardamos
contra outros é um pecado e precisa do perdão do Senhor.
Quando estamos profundamente feridos, é fácil ver o pecado que outros
cometeram contra nós e estar cegos com relação ao nosso próprio pecado de
falta de perdão. O Senhor está sempre disposto a nos mostrar nosso próprio
coração, se estivermos dispostos a vê-lo.
B. Confessar nossos pecados
Há uma diferença entre admitir nosso pecado e confessá-lo. Admitir
nosso pecado é parar de viver negando-o e entender nosso pecado da falta
de perdão. Podemos fazê-lo sem confessá-lo ao Senhor como pecado,
podemos admitir nossa falta de perdão silenciosamente em nosso coração,
mas, para confessá-lo, precisamos verbalizar.
O Senhor só pode perdoar um pecado quando o confessarmos como tal.
Enquanto dermos desculpas ou tentarmos chamá-los de erros, não há nada a
ser perdoado. Afinal, erros são parte da vida e acontecerão a todos nós.
Pecado é algo que cometemos, e precisa ser confessado para o Senhor como
pecado e nada menos que isso.
C. Receber perdão pela fé
João nos diz em sua epístola que, se confessarmos nosso pecado, Deus é
fiel e justo para nos perdoar de nossos pecados e nos limpar de toda
injustiça (veja 1 João 1:9).
Só podemos receber essa limpeza pela fé no sacrifício de Jesus. O prazer
na autopiedade ou tentar pagar pelo que fizemos não valerá de nada. Isso só
causará sofrimento ao coração de Deus, já que é orgulho crer que o
sacrifício de Jesus não é suficiente e que somos capazes de adicionar algo a
ele.
Lembre-se do significado da palavra perdão – deixar de lado, enviar para
longe . Uma vez que admitimos e confessamos nosso pecado de falta de
perdão, cremos e recebemos o perdão, ele se vai. Deus não o guarda ou nos
lembra dele quando falhamos de novo na mesma área. Não, ele se foi;
portanto, precisamos também deixá-lo de lado e perdoar a nós mesmos
assim como Ele nos perdoou.
Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as
nossas transgressões. (Salmos 103:12).

2. PEDIR PERDÃO QUANDO NOSSA INIQUIDADE LEVA


OUTROS A PECAREM CONTRA NÓS
Meu filho Danny, que tem dez anos de idade, estava na quarta série e
prestes a mudar de escola. Era o fim do ano escolar, e a professora havia
planejado um último passeio para a turma, e convidou os pais para irem
juntos no passeio.
Enquanto andávamos pela linda montanha austríaca, outras crianças
começaram a implicar com uma garota da turma de Danny.
De repente, comecei a me envolver também, porque estavam implicando
com ela por estar “apaixonada” pelo meu filho de dez anos. Aquilo parecia
engraçado e inofensivo, e a garota não parecia se importar e não estava
ciente dos sentimentos e da vergonha do meu filho. Enquanto andava ao
lado dessas crianças, me uni à brincadeira, o que provocou a ira do Danny.
De repente, senti seus dentes em meu braço, mordendo com tanta força que
chegou a sangrar, deixando marcas que ainda estavam visíveis alguns dias
depois. Quando gritei: “Ai!”, outros perto de nós perceberam o que havia
acabado de acontecer, eu fiquei chateado com a reação do meu filho que,
pensei eu, foi exagerada e o repreendi.
Vários dias depois, o Senhor trouxe esse incidente de volta à minha
mente. Tentando entendê-lo melhor e pensando se eu não tinha sido
exagerado ao repreender Danny, a seguinte passagem veio à minha mente.
E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na
disciplina e na admoestação do Senhor. (Efésios 6:4)
De repente, tomei consciência do meu pecado, que provocou meu filho
ao ponto de ele ficar com tanta raiva que ele me machucou. Eu conversei
com ele sobre aquilo, disse-lhe que sentia muito pelo que havia feito, e pedi
seu perdão, e ele me perdoou.
Sempre que pensarmos no pecado que outros cometeram contra nós, é
bom pedir ao Senhor para nos mostrar se nossa iniquidade os levou, de
qualquer forma que seja, a pecarem contra nós. Embora eu tivesse sido
machucado, eu tinha pecado contra meu filho, mas também contra o
Senhor, já que eu havia desobedecido Sua Palavra em Efésios 6:4. Eu pedi
ao Senhor e ao meu filho para me perdoarem do meu pecado.
Precisamos fazer com que esse passo seja parte de nosso estilo de vida.
Toda vez que outros nos ferirem e pecarem contra nós, precisamos pedir ao
Senhor para nos mostrar se há pecado em nossa vida que levou outros a
pecarem contra nós. Se houver, não podemos menosprezá-lo, mas
precisamos nos arrepender e pedir perdão para o Senhor e para outros, para
continuarmos em nosso caminho em direção à cura emocional.

CONTROLE DE REALIDADE
Quando eu pedi ao Senhor para me perdoar da minha falta de perdão
com relação a outros?
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Quando e por que eu dei o controle da minha vida a outra pessoa?
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Estou ciente de qualquer pecado em minha vida que tenha levado outros
a pecarem contra mim? Se estiver, o que farei com relação a ele?
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A quem preciso pedir perdão por ter pecado contra mim por causa da
minha própria iniquidade na situação?
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ORAÇÃO
Meu querido Pai celestial, obrigado por me levar um passo
adiante no processo de superar a amargura e a falta de perdão.
Deixa teu Espírito Santo sondar meu coração para que eu possa
ver onde eu preciso de perdão pelo meu próprio pecado.
Mostra-me as coisas da forma que Tu as vês. Estou disposto a
confessar meu pecado e receber perdão. Amém.
10
P 4–A S I
SELE A DECISÃO DE PERDOAR
Jesus usou algumas palavras fortes em Mateus 5:43-45. Ele não apenas
disse que precisamos perdoar e abrir mão, mas nos disse para dar ainda
mais um passo. Jesus disse:
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu
inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso
Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e
vir chuvas sobre justos e injustos.
Quantas vezes temos perdoado as pessoas, mas as ofensas que elas
cometeram contra nós ainda estão escritas em nosso coração? Quantas
vezes lutamos, sabendo que precisávamos perdoar, mas fomos em frente e
perdoamos aqueles que nos feriram? Isso é bom e vital, mas precisamos
tirar qualquer arma em potencial das mãos do inimigo. O acusador dos
irmãos, o diabo, continuará a nos acusar de não havermos perdoado se
qualquer dúvida ainda estiver presente. Estas acusações podem trazer
confusão, pois já proferimos o perdão àqueles que nos feriram.
Precisamos dar um passo mais adiante para selar nossa decisão de
perdoar, o que derrotará as acusações do inimigo. Jesus não só nos disse
para amarmos nossos inimigos, como também para agirmos em amor com
relação a eles. O amor sem ações não tem valor. Precisamos mostrar através
das nossas ações que amamos nossos inimigos.
Estou ciente de que, algumas vezes, isso pode ser difícil. Talvez
precisemos fugir de uma situação de abuso e estabelecer limites claros,
enquanto, ao mesmo tempo, continuamos a orar por aqueles que nos
feriram. Seremos capazes de fazê-lo com a ajuda de Deus, quer estejamos
perto dessas pessoas ou não. Uma vez que começamos a orar pelo bem-
estar das pessoas que nos usaram, feriram e abusaram, descobriremos que
as acusações do inimigo diminuirão e finalmente cessarão.
Tenho feito disso um hábito, contra-atacar os sentimentos e as acusações
de que eu ainda não perdoei realmente ao orar, pedindo a bênção de Deus
sobre as pessoas que me feriram. O que o inimigo pode dizer a um santo
que ora e intercede pelas pessoas que o feriram? Se orarmos e abençoarmos
as pessoas que nos machucaram, as acusações de que não perdoamos
cessarão. Nossas próprias ações provam que já perdoamos realmente. O
Senhor não nos pede para orarmos e abençoarmos nossos inimigos quando
sentimos que devemos fazê-lo; Ele simplesmente nos pede para fazê-lo.
Alguns anos atrás, a palavra sobre amar nossos inimigos agitava meu
coração. Eu via o coração de Deus, mas estava, da mesma forma, ciente da
minha própria fraqueza e inabilidade de amar desta forma. Portanto, eu
decidi colocar esse assunto em oração. Por semanas, eu orei e pedi ao
Senhor para me fazer uma pessoa que pudesse realmente amar meus
inimigos.
Muitas vezes, era muito difícil amar pessoas comuns que me deixavam
nervoso, quanto mais meus inimigos! Mas eu estava determinado a seguir o
mover do Espírito Santo e continuei pedindo ao Senhor para me ensinar
Seus caminhos.
Então, o Senhor respondeu à minha oração de uma forma que eu não
esperava. De repente, pessoas próximas a mim começaram a me tratar de
forma diferente. Elas diziam e faziam coisas que me feriam, sem estarem
cientes do que estava acontecendo. Eu tentei acertar tudo e conversar com
elas, mas sem resultado, já que elas não estavam cientes de que havia algo
errado.
Eu levei esse assunto ao Senhor e O perguntei o que estava acontecendo
e por que havia, de repente, tanta tensão nesses relacionamentos. O Senhor
me lembrou da minha oração e perguntou como eu esperava aprender a
amar meus inimigos, se todos sempre eram legais comigo. Grato ao Senhor,
eu comecei a praticar e a me regozijar nas maravilhosas oportunidades que
o Senhor havia me dado. Não somente eu mudei, mas as pessoas que me
feriram logo começaram a mudar suas ações também.
SER VENCEDORES
Precisamos aprender a confiar no Senhor em todas as circunstâncias. Ele
sabe melhor do que qualquer um como cuidar das coisas de que precisamos.
É normal ficar com raiva quando estamos feridos. Quanto mais
aprendermos a confiar no Senhor, mais creremos que Ele é totalmente capaz
de tomar conta da nossa vida. Ao aprendermos a deixar as coisas nas mãos
do Senhor, poderemos aprender a ser verdadeiros vencedores.
A Palavra nos diz para, se possível, vivermos em paz com todas as
pessoas.
Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens. (Romanos 12:18).
Muitas vezes, será difícil fazer isso, porque a outra pessoa se recusa a se
reconciliar, mas não precisamos nos condenar por isso. Isso não é uma
desculpa para não abençoarmos essas pessoas. Se buscarmos a Sua vontade,
o Senhor nos direcionará e nos mostrará formas de fazer isso. Ele nos fará
saber de que forma prática podemos abençoar aqueles que nos feriram e se
recusam a viver em paz conosco.
Em Romanos, o apóstolo Paulo nos diz que não devemos ser vencidos
pelo mal, mas, sim, vencer o mal com o bem. (Veja Romanos 12:21).
Teremos que escolher ser vencedores ou vencidos. Queremos que nossas
circunstâncias nos comandem, ou queremos comandar nossas
circunstâncias? Se não fizermos a escolha clara e consciente de vencermos
o mal com o bem, seremos vencidos pelo inimigo.

A LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA


Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim
fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.
(Mateus 7:12).
Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não
usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.
(Tiago 2:13)
Conforme discutido anteriormente, esta lei foi escrita tão forte no
universo quanto todas as leis que Deus estabeleceu. Me lembrar dessa
Palavra em Mateus 7, onde Jesus nos pede para fazermos aos outros o que
queremos que eles façam a nós, tem sido muito útil sempre que eu preciso
perdoar e orar por aqueles que me feriram. O que eu quero que outros
façam a mim quando eu falhar com eles e os machucar, ou até mesmo pecar
contra eles? Quero que as pessoas fofoquem sobre mim, orem contra mim,
me amaldiçoem, ou quero que elas me perdoem e me abençoem?
Já que Jesus nos disse para fazermos com os outros o que queremos que
façam conosco, fico me lembrando que eu quero que os outros me
abençoem. Portanto, eu escolho fazer o mesmo. Conforme discutido
anteriormente, sempre colheremos o que plantamos. Pode demorar um bom
tempo entre o plantio e a colheita, mas não vamos nos enganar – a colheita
certamente virá e normalmente será em uma abundância muito maior do
que a semente plantada. Que maravilhoso seria se o Corpo de Cristo
começasse a semear bênçãos em vez de maldições, que grande liberação de
bênçãos e milagres isso traria! Se transformássemos cada crítica em
intercessão, o Corpo de Cristo progrediria como um poderoso exército. Não
precisamos ser condenados quando falhamos nessa área, o arrependimento
mudará tudo e liberará a graça de Deus. Uma vez que nos arrependemos de
uma ação pecaminosa, podemos pedir ao Senhor para destruir nossas
sementes nocivas.
Podemos começar a semear boas sementes de bênçãos.

CONTROLE DE REALIDADE
A quais pessoas eu perdoei, e agora preciso orar por sua bênção?
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De que formas práticas eu posso abençoar aqueles que me feriram?
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A quais pessoas que me feriram eu preciso estender misericórdia para
que eu possa receber misericórdia?
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Há uma colheita de frutos odiáveis e amargos em minha vida, e eu
preciso me arrepender de semear uma semente ruim? Em caso afirmativo,
que semente eu semeei?
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ORAÇÃO
Querido Deus, eu reconheço que Tua Palavra me diz para fazer
coisas que são contrárias à minha velha natureza. No entanto,
eu sou uma nova criatura em Cristo Jesus, e Te agradeço por
me habilitar a agir de acordo com esta nova natureza. Por favor,
mostra-me onde, em vez de abençoar, eu amaldiçoei as pessoas
que me machucaram através de minhas palavras negativas, e
até mesmo orações. Eu me arrependerei e começarei a abençoá-
las e orar por elas. Amém.
11
R C
É um erro comum crer que, porque perdoamos e até mesmo abençoamos
aqueles que nos machucaram, seremos imediatamente libertos e curados.
Não podemos parar no lugar onde fomos perdoados, mas precisamos
entender que este é só o começo.
Precisamos ir adiante para recebermos a cura de nossas feridas. Perdoar e
abençoar os outros e curar nosso coração ferido – isso libera a paz de Deus
e nos traz liberdade, mas o processo de cura precisa começar.
Muitas vezes, perdoamos aqueles que nos feriram, mas a dor ainda está
presa à situação. Podemos ficar confusos e sem saber o que fazer com a dor.
Precisamos buscar a cura para nossas feridas e memórias. É maravilhoso e
incrível ver como Deus nos criou com a habilidade de sentir dor. A dor nos
mostra que algo está errado e que precisamos chegar à raiz do problema,
resolvê-lo e receber a cura em relação a ele.
É vital não ignorarmos nossas feridas e seguirmos com a vida como se
nada tivesse acontecido. Como reagimos e lidamos com nossas feridas
emocionais dependerá, entre outras coisas, de nosso temperamento,
entendimento e criação. Nosso temperamento e entendimento determinarão
em grande parte como reagimos e lidamos com nossas feridas emocionais.
Se não entendermos completamente o quanto é importante para nós sermos
curados emocionalmente, correremos o risco de conviver com a dor e viver
nossa vida como se nada tivesse acontecido conosco. Mas as feridas
precisam ser curadas, porque pessoas feridas ferem pessoas, e pessoas
curadas curam pessoas.
Eu já ouvi o grande autor Rick Joyner dizer, em várias situações: “Há um
canal em ambos os lados do caminho da vida”. Por mais perigoso que seja
ignorar nossas feridas e continuar andando, isso é tão perigoso quanto
sentar na autopiedade e chorar sobre isso. As feridas precisam ser curadas,
não lambidas. Estarmos cientes de nossas feridas chorando por causa delas
não nos trará cura. Precisamos enfrentar nossas feridas, dar os passos certos
e nos achegar à única Fonte para a cura: o Senhor Jesus Cristo.
Lembre-se, o perdão é uma escolha; a cura é um processo. Somos seres
muito complexos, não computadores programados de forma simples. O
Senhor nos trará a cura de formas muito diferentes. O Senhor age de
diferentes formas para curar nossas emoções, assim como Ele age de
diferentes formas para curar nosso corpo. Tenho visto muitas curas físicas
através da mão do Senhor, de muitas formas diferentes, desde curas
milagrosas e instantâneas a curas graduais. É importante nunca limitarmos o
Senhor nas formas que Ele pode curar nosso coração.

VER NOSSAS NECESSIDADES


Algumas vezes, é mais fácil viver em negação do que encarar o fato de
que há feridas emocionais que precisam de cura. Os homens, em especial,
têm a tendência de serem durões e ignorarem sua dor. Mesmo que
aprendamos a viver com feridas emocionais, essa não é a resposta para
resolver o problema. Não existe algo como emoções não expressas. Se
negarmos, suprimirmos ou ignorarmos nossas feridas emocionais, elas
encontrarão sua expressão em outro lugar, normalmente de forma negativa.
Para mim, demorou um bom tempo, e também foi necessária a obra
graciosa do Senhor para chegar a entender que eu precisava do Senhor para
curar minhas feridas. Eu não gostava da ideia de que eu, alguém que gosta
de pular de bungee jumping e ser aventureiro, precisasse de cura para
minhas feridas emocionais. Minha abordagem desse assunto era
simplesmente deixar isso de lado e seguir em frente. O Senhor, em Sua
misericórdia e graça, no entanto, encontrou uma forma de chegar até mim e
me levar a me render e a permitir que Ele trouxesse cura ao meu coração.
Jesus disse aos fariseus que aqueles que estão bem não precisam de um
médico. Ele estava se referindo aos fariseus que acreditavam ser retos,
quando, na realidade, estavam longe disso. [Veja Marcos 2:15-17). Somente
quando reconhecemos nossa necessidade de cura emocional é que o Senhor
pode começar Seu maravilhoso processo de cura em nós.

JESUS – A ÚNICA FONTE


Embora haja muitos caminhos para nossa cura, a única Fonte da nossa
cura emocional é o Senhor. Não importa quanta ajuda profissional
recebemos ou quão bem entendemos as razões pelas quais nos sentimos
dessa forma, ou por que agimos e reagimos dessa forma, a verdadeira cura
só pode ser encontrada através da Cruz de Jesus Cristo.
O Senhor pode escolher usar diferentes canais para nos trazer cura, mas a
fonte é o Senhor. Isso nos ajudará a descansar confiantemente nele, já que
não importará de qual forma ou qual canal o Senhor usará para nos trazer
cura. Nossa confiança não está nas ferramentas que ele usa, mas no Mestre,
que cuida de nós o suficiente para nos trazer cura.
Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra
de mudança. (Tiago 1:17)
Tiago nos lembra que a fonte de nossos dons bons e perfeitos é nosso Pai
Celestial, que só tem motivos puros com relação a nós. Através de Jesus,
que andou por todos os lados curando todos os oprimidos pelo diabo, Ele
revelou a nós o coração do Pai [Atos 10:38).
É vital não buscarmos a cura vinda de homens, mas do Senhor, que é a
fonte de todos as boas dádivas. Se pudermos realmente nos arrepender de
nosso orgulho, que tantas vezes nos impede de receber por meio dos canais
que o Senhor decide usar, e deixarmos para trás nossa descrença,
descobriremos que o Senhor será capaz de nos trazer a cura.
Isso também nos ajudará a relaxar, já que não precisaremos gastar toda a
nossa energia e recursos correndo atrás de grandes curandeiros.
Simplesmente precisamos confiar que o Senhor trará a cura e, então,
aprender a ouvi-lo e obedecer-lhe; Ele nos guiará aos canais que Ele decidiu
usar para nossa cura.
Esteja certo de que o Senhor, que nos ama e nos criou, corpo, alma e
espírito, é tocado pela nossa dor e sofrimento. Como o profeta Jeremias
disse, quando o Senhor cura, somos realmente curados (Jr. 17:14).

ESTAR ABERTO AO SENHOR


Conforme mencionado anteriormente, há muitas formas pelas quais o
Senhor nos trará a cura. Os instrumentos e as formas que Ele usa são
realmente multiformes; a fonte, contudo, é o Senhor e Sua obra na Cruz.
Na Bíblia, encontramos muitas histórias de cura física. O Senhor curou
as pessoas de muitas formas diferentes. Ele as curou ao lhes falar palavras
de cura, expulsando demônios, dando-lhes instruções para que fizessem
algo, permitindo que elas tocassem em Suas roupas, dentre outras formas.
(Veja Mateus 8:13; 9:20-22 e Lucas 13:11-13; 17:11-14).
Os apóstolos experimentaram o poder curador de Deus de diferentes
formas também. Pedro ordenou ao homem perto da Porta Formosa para se
levantar e andar; outros receberam a cura quando sua sombra os tocou. As
pessoas pegavam os lenços do apóstolo Paulo e encontravam cura e
libertação. (Veja Atos 3:2-8; 5:14-16; 19:10-11).
Assim como o Senhor tem muitas formas de curar fisicamente as
pessoas, Ele também tem muitas formas de nos curar emocionalmente. Ao
buscarmos a cura para nosso coração, precisamos estar abertos ao Senhor
para que Ele faça Sua obra da forma que Ele decidir. Ele pode usar um
sábio conselheiro, sua família, seu grupo caseiro, uma simples oração, ou
qualquer outra forma que Ele escolher.

ESTENDENDO A MÃO EM FÉ
Ao longo dos Evangelhos, encontramos pessoas que precisavam de um
milagre de Jesus. Essas pessoas estendiam suas mãos até Ele, pedindo o seu
milagre. Muitas vezes, elas até mesmo saíam dos seus caminhos e faziam
grandes sacrifícios para irem até Jesus e receberem a cura. Nós precisamos
chegar ousadamente diante do Trono de Deus para pedir a Ele que cure
nosso coração ferido. Jesus está mais do que disposto a nos curar, mas nós
precisamos estar dispostos a colocar nossa confiança n’Ele ao pedir-lhe
nossa cura. (Veja Lucas 4:18, 20).
Sara os de coração quebrantado e lhes pensa [ata] as feridas
(Salmos 147:3).
O salmista declara que o Senhor não somente cura os de coração
quebrantado, mas Ele também “ata suas feridas”. Isso fala de uma ação
amável e carinhoso. Se nossa imagem do Senhor é a de alguém duro que só
dá tarefas, não ousaremos ir até Ele com nossas feridas. Quando estamos
feridos, a última coisa que queremos é ir até alguém que nos tratará sem
cuidado. O Senhor não está só interessado em curar nosso coração
quebrantado, mas também em atar nossas feridas para que elas possam ser
curadas.
Em Lucas 4, quando Jesus foi até a sinagoga, Ele abriu o rolo de Isaías
61. Após ter lido a bela passagem na qual o Senhor promete curar o
quebrantado de coração, Jesus diz ao povo que essas palavras foram
cumpridas ali, naquela hora.
As pessoas se maravilharam com as palavras graciosas que vieram de
Sua boca. Elas se maravilharam porque estavam ouvindo de alguém que era
compassivo e estava declarando que aquela era a hora em que os
quebrantados de coração deveriam ser curados, em vez das regras e
regulamentos usuais que eram declarados na sinagoga.
Jesus não mudou, nem o Seu desejo de ser gracioso com relação aos
feridos de coração mudou. Precisamos estender nossa mão em fé, crendo
que Ele é realmente capaz de curar essas feridas que são tão profundas em
nosso coração. Ele sente a dor que sentimos, e Ele quer que confiemos
n’Ele para ser nosso Curador. Ele é totalmente capaz de curar nosso coração
ferido e nossas memórias se somente estendermos nossas mãos para Ele em
fé.

CONTROLE DE REALIDADE
Que áreas da minha vida precisam de cura? Eu estou disposto, a deixar o
Senhor me mostrar qualquer área na qual eu ainda vivo em negação?
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Eu tenho Jesus como a única fonte de cura?
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Onde eu busco outras pessoas para a minha cura?
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Eu estou aberto para que o Senhor use qualquer forma que Ele escolha
para trazer cura ao meu coração ferido? Quais formas de cura eu rejeito?
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De quais formas eu estou estendendo a minha mão em fé para o Senhor?
Eu estou só esperando as coisas acontecerem?
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ORAÇÃO
Meu Pai celestial, cheio de misericórdia e graça, eu Te
agradeço pela Tua sabedoria e bondade. Eu confio em Ti para
me curar e me rendo completamente a Ti. Eu não guardo nada.
Faça o que tens que fazer para me curar completamente. Cure o
meu coração ferido. Amém.
12
C S E
Ao longo dos anos, o Senhor tem me ensinado muitas coisas maravilhosas
e práticas com relação à cura total. Ele usou muitas pessoas e recursos
maravilhosos, que Ele trouxe à minha vida no tempo certo. Vez após outra,
tenho visto pessoas ignorarem as verdades a seguir, acabando por se
encontrarem isoladas e até mesmo mais feridas. O inimigo usará pessoas
feridas para ferir pessoas, enquanto o Senhor usará pessoas curadas para
curar pessoas.

ESTAR CONECTADO AO CORPO


Uma forma maravilhosa que o Senhor usa para curar nosso coração
ferido é através do Corpo de Cristo, que é a igreja. Até mesmo no natural, o
Senhor colocou algo no DNA, que faz com que o corpo físico cure a si
mesmo. Estou totalmente ciente de que, em alguns casos, a ajuda
profissional de médicos é necessária. Mas muitos ferimentos e mágoas se
curarão naturalmente se apenas descansarmos e permitirmos que o corpo
cure a si mesmo.
Da mesma forma, o Senhor usará o Corpo de Cristo para nos trazer cura.
Não podemos permitir que o inimigo nos corte para fora do Corpo e nos
leve ao isolamento só porque estamos feridos. Embora o Corpo possa ter
nos ferido, precisamos superar nossas ofensas e nos render ao amor e à vida
de Deus, que fluirá através do Seu Corpo para nos trazer cura. Esta é a
forma que o Senhor planejou. Se esperarmos até que encontremos a perfeita
igreja local, estaremos buscando para sempre, porque, no momento em que
a encontrarmos e nos unirmos a ela, ela não será mais perfeita.
Vários anos atrás, nossa família passou por uma experiência muito
traumática. Fomos rejeitados e feridos por partes do Corpo de Cristo, mas
tomamos a decisão de que não nos cortaríamos para fora do Corpo. O
Senhor, em Sua sabedoria e graça, usou diferentes partes do Corpo para
curar as feridas que outras partes do próprio Corpo causaram.
Quando garoto, eu costumava sonhar acordado enquanto andava pelas
ruas da nossa pequena cidade. Muitas vezes eu ficava olhando para tudo,
menos para a calçada onde eu estava andando. Consequentemente, eu batia
a minha cabeça ou arranhava meus joelhos porque eu tropeçava e caía.
Meus joelhos não foram cortados para fora do resto do meu corpo porque
meus olhos não sabiam o que tinham que fazer. E não foi culpa dos meus
joelhos o fato de se machucarem; foi culpa das outras partes do corpo. Meus
joelhos precisavam ser curados, o aconteceu quando eles permaneceram
sendo parte do meu corpo.
Da mesma forma, quando nós, como parte do Corpo de Cristo, somos
feridos, precisamos permanecer conectados ao Corpo para que possamos
nos curar.

RENDER-SE AO PROCESSO
Já que a cura é um processo, precisamos nos render ao Senhor para que
Ele faça Sua obra em nós. Deixar de lado nossa falta de perdão e permitir
que o Senhor lide com todo o veneno da amargura em nosso coração é
apenas o começo do processo de cura.
Quando criança, eu era muito ativo e amava brincar do lado de fora.
Joelhos e cotovelos arranhados era algo normal para mim. Sempre que essas
feridas começavam a sarar e uma casquinha começava a aparecer, para mim
era quase impossível me render ao processo de cura. Eu sempre tirava as
casquinhas, o que, é claro, me levava a sangrar e atrasar o processo de cura.
Da mesma forma, não podemos tirar nossas casquinhas emocionais, mas
permitir que o Senhor termine o processo que Ele começou em nós. Se
interferirmos impacientemente cada vez que o Senhor começar um processo
de cura em nós, só atrasaremos o processo. Ele sabe o que está fazendo, e
precisamos aprender a confiar n’Ele completamente e nos render a Ele para
a cura do nosso coração ferido. Não podemos subestimar a importância da
rendição ao Senhor.
Quando nosso filho, Danny, tinha cerca de quatro anos de idade, minha
esposa começou a ensinar-lhe a amarrar o cadarço dos seus sapatos. Um
dia, tínhamos que sair, e eu lhe pedi para pegar seus sapatos e colocá-los.
Quando me inclinei para amarrar os cadarços, ele me garantiu que poderia
fazê-lo sozinho. Ele se recusou a me deixar ajudá-lo. Eu lhe ofereci minha
ajuda várias vezes, mas ele insistiu que já era grande e, agora, conseguiria
fazê-lo.
Enquanto eu fiquei ali, vendo-o lutar, eu me senti tão impotente. Eu
queria ajudá-lo, mas ele se recusou a se render ao papai. Portanto, eu dei um
passo para trás e fiquei olhando, vendo-o se frustrar mais e mais. Depois de
um tempo, ele gritou: “Papai, me ajuda a amarrar esses cadarços idiotas!
Não está dando certo.” Com todo o prazer, eu o ajudei a amarrá-los, o que
só foi possível uma vez que ele se rendeu a mim.
Quando aprendermos a parar de lutar com nossas próprias forças, e nos
rendermos às mãos de Jesus, que é capaz e está disposto a curar nosso
coração ferido, vamos passar por um processo de cura.

DAR TEMPO AO SENHOR


Eu amo o ambiente profético, e sou muito grato por que o Senhor me
permitiu fazer parte de uma igreja incrível que está muito aberta ao
profético e é usada pelo Senhor para equipar o Corpo de Cristo nesta área.
Não somente precisamos entender o que o Senhor quer fazer, mas
precisamos também aprender a andar na mesma velocidade do Senhor.
Quando o Senhor revela Sua vontade e propósito a nós, é normal que
fiquemos animados. Estaremos em grande perigo de ficarmos desiludidos e
de desistirmos se não entendermos o tempo do Senhor. Sua Palavra liberará
a fé em nosso coração. Mas não é somente por fé que herdamos Suas
promessas, mas por fé e paciência (veja Hebreus 6:12).
Se não entendermos esta importante verdade, desistiremos, em vez de
permitirmos que o Senhor continue com Seu processo de cura.
Jesus deixa muito claro na parábola do semeador que, se quisermos ter o
fruto, não será suficiente receber a Palavra de Deus com alegria. Quando a
tribulação vem e as coisas não andam da forma que queremos, somos
tentados a desistir. Não é suficiente resistir somente por pouco tempo;
precisamos permitir que o Senhor faça Sua obra em nosso coração no Seu
tempo, não no nosso. (Veja Mt 13:18-21).
Podemos confiar que, quando o Senhor começa uma boa obra em nós.
Ele também a completará. Portanto, tempo não é um problema, mas sim a
confiança. (Veja Fp 1:3-6).

CHEGAR À RAIZ
O Senhor anseia por curar nossas feridas, mas muito mais do que isso,
Ele quer chegar à raiz de nossos problemas. Estou ciente de que podemos
nos machucar simplesmente porque vivemos em um mundo pecaminoso, e
sermos feridos faz parte da vida; no entanto, tudo que o Senhor permite é
por uma razão. Ele usará até nossas próprias falhas para Sua glória se nos
rendermos a Ele e estivermos dispostos a aprender cada lição que Ele tem
para nós.
Se sempre atraímos certos tipos de feridas, precisamos pedir ao Senhor
para chegar à raiz dos nossos problemas. Podemos estar vivendo com
promessas internas, expectativas de raízes amargas, maldições hereditárias,
ou outras dinâmicas espirituais com as quais o Senhor precisa lidar. A
minha oração tem sido, por muitos anos, que o Senhor não apenas lide
comigo superficialmente, mas, sim, limpe meu coração a fundo e tire as
raízes podres dele com Seu machado.
Desde que comecei a fazer essa oração por minha família continuamente,
tenho visto o Senhor responder a ela de formas maravilhosas. Ninguém sabe
como lidar com as raízes ruins da nossa vida melhor do que o Senhor,
porque Ele conhece cada cantinho escondido de nosso coração. Não se
engane, uma árvore ruim não pode produzir frutos bons. Se temos raízes
podres em nossa vida, precisamos permitir que o Senhor lide com elas, em
vez de apenas tirar os frutos ruins das árvores, ou apenas cobri-los. Seria
como tirar a teia de tempos em tempos sem se livrar da aranha.

LIBERTO DE UMA MALDIÇÃO HEREDITÁRIA


Nosso filho mais novo, Chris, era muito ativo desde muito cedo, e
gostava de aventuras e esportes.
Quando ele começou a praticar esportes, o fez de todo o coração. Por
muitos anos, ele sofreu com lesões frequentes, como torções nas
articulações, estiramentos nos músculos e ligamentos ou coisas assim. Ele
era um paciente frequente na sala de emergência. Atribuíamos suas lesões
frequentes ao seu temperamento e seu envolvimento com esportes, no
entanto, o Senhor começou a nos mostrar que havia um motivo mais
profundo para elas.
Minha esposa havia comentado comigo várias vezes que seu tio, com
quem ela viveu por um tempo, era um maçom de alto grau. Já que ela nunca
se envolveu com maçonaria, nunca havia pensado sobre isso. Em outubro
de 2004, obedecemos à direção do Senhor e nos mudamos da Áustria para
os Estados Unidos. Pouco depois da nossa mudança, Chris entrou para o
time de futebol local. Conforme esperado, após alguns jogos, outro jogador
fez uma falta tão forte nele que ele foi retirado do jogo com um joelho
machucado. Chris foi parar na sala de emergência, ficou usando muletas por
vários dias e saiu do time.
Na primavera de 2005, minha irmã nos visitou por vários dias. Ela estava
em Kansas City para um programa de treinamento de três meses na
International House of Prayer.
Durante sua visita a nós, ela compartilhou com minha esposa, Debi, o
que ela havia aprendido sobre maldições hereditárias vindas por meio da
maçonaria, e lhe deixou algum material sobre esse assunto.
Depois que minha irmã se foi, Debi me perguntou se poderíamos gastar
um tempo juntos vendo o material e pedindo ao Senhor para nos revelar
tudo o que Ele queria nos mostrar. Algo chamou nossa atenção: lesões
frequentes em um parente de um maçom pode ser parte de uma maldição
hereditária vinda por meio da maçonaria. Esta revelação pulou da página
quando a lemos.
Levamos isso ao Senhor, quebramos a maldição, e confiamos que o
poder de Jesus Cristo seria suficiente. Não contamos ao nosso filho, Chris,
porque não sentimos que deveríamos fazê-lo. A mudança foi drástica. Chris
agora joga no time de futebol da escola, treina muito, e suas lesões
frequentes pararam. Agora, quando ele se machuca, é por causa do seu jeito
extremo de jogar, e não porque ele atrai essas lesões por causa de uma
maldição.
Gastarmos nosso tempo e energia constantemente tentando cavar à
procura de raízes ruins em nossa vida não é bom. Precisamos confiar que o
Senhor, que nos cura e liberta, tomará conta de nós. Se permitirmos que Ele
trabalhe em nosso coração, se esperarmos por Ele para que cure nosso
coração ferido e se nos rendermos a Ele, Ele curará nossas feridas. Se
estamos cientes dos frutos ruins em nossa vida, precisamos pedir ao Senhor
que nos mostre a raiz para que possamos permitir que Ele lide com isso.

ORAR UNS PELOS OUTROS


Ninguém é uma ilha. A Palavra compara a Igreja com um Corpo.
A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais
ignorantes. Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis
conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. Por
isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito
de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode
dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.
Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há
diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas
realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. A
manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim
proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da
sabedoria; e a outro. Segundo o mesmo Espírito, a palavra do
conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo
Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro,
capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas
estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.
Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com
respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em
um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos
nós foi dado beber de um só Espírito. Porque também o corpo não é um só
membro, mas muitos. Se disse o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo;
nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disse: Porque não sou olho,
não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho,
onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus
dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve.
Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é
que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à
mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de
vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são
necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos
muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de
especial honra. Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso.
Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo
que menos tinha, para que não haja divisão no corpo; pelo contrário,
cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De
maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é
honrado, com ele todos se regozijam.
Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.
A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo
lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres;
depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres?
Ou, operadores de milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em
outras línguas? Interpretam-nas t o dos? Entretanto, procurai, com zelo, os
melhores dons.
E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo
excelente. (1 Coríntios 12)
Estamos muito próximos e conectados uns aos outros, e nossa vida
influenciará e afetará um ao outro. Muitas vezes, as pessoas próximas de
nós nos ferirão, mas precisamos também ver que nós ferimos as pessoas
próximas de nós. Não podemos permitir que esse fato nos leve ao desespero
e à depressão, mas, em vez disso, devemos usar as próprias coisas que o
inimigo quis usar para dano e transformá-las para a glória do Rei Jesus.
Todos nós precisamos orar uns pelos outros. É o coração do Senhor, que
todos em autoridade espiritual orem pela cura de todos aqueles que foram
confiados a eles. Podemos ver isto na vida do apóstolo Paulo quando ele
constantemente orava pelas pessoas que foram confiadas a ele. Precisamos
orar para que o Senhor cure aqueles com coração ferido. Pastores precisam
orar pelas suas igrejas, pais pelos seus filhos, maridos por suas esposas,
patrões por seus empregados, e assim por diante.

TOMAR OS DESPOJOS DO INIMIGO


Jesus claramente previu que Pedro falharia antes que ele O negasse.
(Veja Lucas 22:31-34). Pedro abriu a porta em sua vida para satanás através
do seu orgulho. Quando Jesus previu sua queda, Pedro respondeu ao
Senhor, dizendo-lhe que não falharia; ele estaria disposto até a morrer por
Ele. É importante notar que Jesus não orou para que Pedro fosse protegido
de sua falha; nem deu a ele uma grande lição tentando salvá-lo dela. Jesus
orou para que a fé de Pedro não falhasse. Jesus disse a Pedro que Deus
usaria sua própria falha, quando disse: “quando te converteres, fortalece os
seus irmãos.” (Lucas 22:32).
O alvo e o propósito eram claros. A falha que satanás planejou para
trazer destruição, Deus queria usar para o bem. Também podemos usar
nossas próprias falhas para a glória do nosso Rei, se nos rendermos ao
Senhor em arrependimento.
Por um longo tempo eu sofri por causa de feridas que causei em outros,
especialmente naqueles que eram próximos de mim. Um dia, eu percebi que
a dor que causei em outros, o Senhor pode usar para trazer glória ao Seu
nome. Eu comecei a interceder por aqueles a quem eu machuquei
consciente ou inconscientemente. Eu orei pela cura de suas feridas, por
restauração, e para que sua fé não falhasse. Eu orei para que o Senhor
usasse essas falhas para levar Seus propósitos mais adiante e para estender
Seu reino.
Lembre-se de que nossas cicatrizes são troféus. A minha oração é para
que Deus possa usar as feridas que eu causei em outros e transformá-las em
troféus de Sua graça para eles. Isto não é, de forma alguma, uma desculpa
para tratar os outros sem cuidado ou para não pedir perdão quando estamos
cientes de que os ferimos. Precisamos aprender com nossas falhas e crer
que o Senhor pode usar até mesmo as coisas que têm o potencial de destruir
outras vidas para Sua glória.
CONTROLE DE REALIDADE
Eu me cortei para fora do Corpo de Cristo e estou vivendo em
isolamento?
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Quão disposto estou a me render completamente ao Senhor?
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Quanto tempo estou disposto a dar ao Senhor para que me cure?
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Como eu mostro minha disposição de deixar o Senhor chegar à(s)
raiz(es) do(s) meu(s) problema(s)?
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A quem eu feri, intencionalmente ou não? Eu oro por eles?
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ORAÇÃO
Querido Pai celestial, cheio de misericórdia e graça, eu Te
agradeço pela Tua sabedoria e amor. Tu sabes o que é melhor
para mim. Ajuda-me a encontrar meu lugar no Corpo de Cristo.
Abençoa-me e faze-me uma bênção para outros. Coloca o teu
machado em cada raiz ruim em minha vida. Cura aqueles a
quem eu feri, e usa as próprias feridas para glorificar o Seu
grande nome. Eu confio em Ti. Amém.
13
M C L
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração [com toda a
diligência], porque dele procedem as fontes da vida (Provérbios
4.23).
Esta passagem na Palavra usa termos fortes para nos fazer entender a
importância de mantermos nosso coração livre de ofensas. A palavra
traduzida como “guardar” neste versículo é a palavra hebraica natsar, que
era usada para descrever sentinelas vigiando a cidade. Não significa estar
tranquilo, esperando que tudo esteja seguro, mas estar ativo na obra, como
essas sentinelas ficavam.
A palavra “diligência” é a palavra hebraica mishmar, que era usada para
descrever guardas de prisão que vigiavam prisioneiros com diligência,
garantindo que eles não fugissem. Nos é dito para guardarmos nosso
coração de forma muito cuidadosa, já que dele procedem as fontes de vida.
Se negligenciarmos nosso coração, a fonte da vida será limitada, impura ou
estragada. Como podemos vigiar nosso coração? Aqui há algumas formas:

1. AME AO SENHOR COM UM CORAÇÃO NÃO DIVIDIDO


Jesus falou claramente que Deus não quer nosso amor superficial, pela
metade. Ele quer que O amemos de todo o coração.
Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
(Mateus 22:37)
Perceba que Ele não disse que deveríamos amar a Deus apenas de
coração, mas de todo o nosso coração. (Veja também Mateus 22:35-40). É
muito fácil vivermos com um coração dividido, dando ao Senhor só uma
parte dele. Precisamos resistir às muitas coisas que lutam pela atenção dele.
Uma forma de protegê-lo é amar a Deus de todo o nosso coração e dar a Ele
o primeiro lugar. Precisamos dedicar continuamente nosso coração ao
Senhor.

2. RECEBA O SEU AMOR


As perguntas surgem: O Senhor pode se satisfazer com nosso amor
humano? Ele ficará satisfeito com isso? Nosso amor é suficiente para o
Criador dos Céus e da Terra? A resposta a essas três questões é “não”. O
Senhor quer que aprendamos a receber o Seu amor e ser cheios dele, para
que nosso coração possa transbordar dele. Em troca, Seu amor pode fluir de
dentro de nós para as pessoas ao nosso redor e de volta para Ele.
Precisamos constantemente buscar entender, experimentar, e saber mais do
maravilhoso amor que o Senhor tem para nós. Isso lançará fora todo medo e
insegurança do nosso coração, e nos capacitará a o mantermos limpo. João
diz que só amamos ao Senhor porque Ele nos amou primeiro (veja 1 João
4:19).
Em Cântico dos Cânticos, que ilustra o amor entre o Senhor como o
Noivo e a Igreja como a Noiva, vemos o quanto Deus nos ama. Em Cântico
dos Cânticos 4:9, o Noivo diz à Sua Noiva:
Arrebataste-me o coração, minha irmã, noiva minha;
arrebataste-me o coração com um só dos teus olhares [...].
É difícil para nós compreendermos o fato de que o Senhor sente algo tão
forte por nós, mas Ele sente. Capturamos o Seu coração. Seu coração é todo
para nós, e Seu amor não acaba. Quando somos feridos e magoados, é fácil
lançar essas dores para o Senhor. Deixe-me garantir-lhe que o Senhor o ama
muito; você realmente capturou o Seu coração. Crescer continuamente em
Seu amor por nós precisa ser uma prioridade para nós.
Tenho desenvolvido um hábito de continuar na cama por alguns
momentos após acordar, apenas dizendo ao Senhor, em silêncio, o quanto
eu O amo, e expressando minha gratidão a Ele. Uma manhã, após acordar, o
Senhor falou claramente ao meu espírito. O que Ele me disse me
surpreendeu. Ele me pediu para começar o dia agradecendo-lhe e louvando
a Ele pelo Seu grande amor por mim e para me alegrar em estar imerso
nele. Quando eu comecei a fazê-lo, eu tive um resultado incrível. Após um
tempo, meu coração estava tão cheio com Seu amor por mim que ele fluiu
de volta para Ele com expressões de amor e gratidão.

3. APRECIE O BANQUETE
Todos os dias do aflito são maus, mas a alegria do coração é
banquete contínuo. (Provérbios 15:15)
Quando nosso coração estiver alegre e animado, viveremos em um
banquete contínuo. Banquete fala de abundância, alegria e celebração. O
Senhor quis que nós vivêssemos em Sua abundância. Não há carência no
Céu, e já que somos destinados para lá, o ideal é que comecemos a praticar
o hábito de participar do banquete agora. Como podemos viver aqui na terra
apreciando um banquete contínuo? Precisamos fazer da alegria do Senhor a
nossa força (veja Neemias 8:10). Em Sua presença, há abundância de
alegria (veja Salmos 16:11). O prazer mundano durará somente por pouco
tempo, mas a alegria de estar em Sua presença será nossa força até mesmo
em tempos difíceis.

4. ADORE A DEUS
Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração
ao Senhor com hinos e cânticos espirituais. (Efésios 5:19)
Precisamos aprender a adorar e louvar ao Senhor em todas as
circunstâncias. Se enchermos nosso coração com louvor e adoração e
expressarmos isso para o Senhor, nosso coração ficará alegre, o que fará
com que tenhamos um banquete. Eu sempre me alegro nos momentos em
que o povo de Deus se encontra e O adora em unidade. Contudo, se não
aprendermos a adorar a Ele em nossa vida particular, quão autêntica será a
adoração que ofereceremos quando nos reunirmos e a música for perfeita?
Não se engane; não depende de circunstâncias externas se somos capazes
ou não de louvar a Deus com nosso coração. O apóstolo Paulo não escreveu
Efésios 5:19 como uma teoria, mas como algo que ele praticava, até mesmo
debaixo de severas circunstâncias (veja Atos 16:16-25).
A verdadeira adoração não é o que levamos ao Senhor quando todas as
coisas são perfeitas e nossas orações são respondidas. Se quisermos que
nosso coração seja alegre, precisamos aprender o segredo de adorar a Deus
na privacidade de nossa vida.

5. GUARDE UM CORAÇÃO HUMILDE


Precisamos manter nosso coração livre do orgulho. Há muitas
advertências na Palavra sobre o perigo do orgulho. Se nosso coração se
tornar orgulhoso, estaremos indo em direção à destruição. Precisamos fazer
a oração que Davi fez, quando pediu ao Senhor para sondar seu coração
para ver se havia nele qualquer caminho mau. Precisamos orar assim para
que possamos continuar sendo humildes de coração. (Veja Salmos 139:23-
24). O Senhor conhece melhor do que ninguém o que está em nosso
coração. Portanto, nossa oração tem que ser para que Ele nos sonde e nos
prove.
O orgulho é como o mau hálito; todos podem senti-lo, menos aqueles
que sofrem dele. Há muitos anos, algo interessante aconteceu.
Sempre que eu chegava perto da minha esposa para falar com ela em
particular, ela gentilmente me empurrava para trás um pouco. Após isso ter
acontecido algumas vezes, pedi-lhe que fosse muito sincera comigo e me
dissesse se eu estava com mau hálito. Sabendo que o orgulho e o mau hálito
são duas coisas difíceis de serem detectadas por quem sofre deles, eu
precisava da sua honestidade. Ela me garantiu que esse não era o caso, mas
sim que eu ficava fora de foco quando estava muito perto dela. Em vez da
questão ser o mau hálito, descobrimos que ela precisava de óculos para
leitura. Todos nós precisamos manter nosso coração livre do orgulho.

6. DESPRENDA-SE
Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para
que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te. (Eclesiastes
7:21)
Ao vivermos agradecidos porque o Senhor está sempre pronto para curar
as feridas do nosso coração, precisamos aprender o que significa vigiar
nosso coração. Crescemos em maturidade ao seguirmos ao Senhor. Um dos
sinais da maturidade e de um coração curado é não guardarmos no coração
tudo o que as pessoas dizem. Isso não significa viver em arrogância, não
ligando para o que todos dizem. Mas a Palavra nos admoesta que na
multidão dos conselheiros há sabedoria. Embora algumas vezes seja difícil,
podemos aprender a receber no coração quando as pessoas expressam suas
opiniões desagradáveis sobre nós.
É impossível para qualquer um seguir ao Senhor de todo o coração sem
ser criticado por isso. Por exemplo, veja Lucas 6:26 e 2 Timóteo 3:12.
Precisamos aprender a levar ao Senhor, em intercessão, todas as vezes que
somos tentados a criticar os outros e orar por aqueles a quem somos
tentados a criticar. Nunca podemos nos esquecer de que só pela graça de
Deus nós podemos viver.
A minha oração é para que o Senhor nos conceda a graça para receber a
cura para nossas feridas emocionais. Que Ele possa nos ajudar a dar os
passos em direção à nossa cura rapidamente ao amadurecermos n’Ele. Ele
deseja que nós sejamos não somente pessoas cujo coração foi curado por
Ele, mas pessoas que trazem cura aos incontáveis soldados feridos do Seu
exército e os restaurem, levando-os de volta ao seu propósito e destino.

ANDAR NA LIBERDADE DO SENHOR


Quando permitirmos que o Senhor lide com toda a amargura e falta de
perdão em nossa vida, e aprendermos a receber a cura do nosso coração
ferido, experimentaremos a alegria da verdadeira liberdade. O Senhor se
alegra em nos ensinar a perdoar rápida e livremente todos aqueles que
pecaram contra nós, e a abrir mão de todas as ofensas antes que elas se
tornem amargura. Fazer isso resultará na vida de verdadeira liberdade que
Deus planejou para nós. Nós não só seremos livres, mas também traremos
liberdade a outros. A verdadeira liberdade é estar na vontade de Deus, e é
Sua vontade para nós perdoarmos todos os que pecaram contra nós. Já que
pessoas feridas ferem pessoas e pessoas curadas curam pessoas, podemos
nos tornar parte do grande exército de amor de Deus que traz cura a muitos.
Este mundo está cheio de pessoas feridas que precisam de nós.
Deus se alegra em trazer glória a Si mesmo ao usar as pessoas que foram
rejeitadas por outros como sendo fracas, feridas e sem esperança. Ele não
precisa da nossa força, mas só do nosso coração rendido a Ele com uma fé
como a de uma criança. Ele nos cura e nos restaura para seu propósito
duplo, porque Ele nos ama com um amor eterno, e Ele ama o resto do
mundo e quer expressar este amor através de você e de mim. A minha
oração é para que este livro seja parte daquilo que Deus está fazendo em sua
vida para trazer muitos frutos para Seu Reino eterno.

CONTROLE DE REALIDADE
Eu amo o Senhor com um coração não dividido? Que áreas do meu
coração não estão totalmente submissas ao Senhor?
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Com que frequência eu busco o prazer de estar em Sua presença?
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Onde e quando eu adoro ao Senhor?
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Há algum orgulho no meu coração? Quais passos preciso dar para me
guardar dele?
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Como posso aprender a não levar ao meu coração tudo o que as pessoas
dizem?
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ORAÇÃO
Senhor, eu te agradeço pelo teu incrível amor por mim. Posso
ver claramente que Tu queres que eu vigie meu coração e o
mantenha livre da amargura e da falta de perdão porque isso é
de meu próprio interesse. Eu faço a escolha hoje, e a cada dia,
de viver uma vida de perdão. E sempre serei rápido para
perdoar aqueles que me feriram e para entregar tudo a Ti.
Ajuda-me a andar dessa forma todos os dias da minha vida.
Obrigado. Amém.

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