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Esboço de Palestra – Fernando Guedes Correa Tadeu

Título: Missões urbanas

Introdução: O que é missão urbana?


Durante muito tempo a palavra “missão” ficou restrita a ideia de alcançar os
povos distantes. Então missão na igreja era a missão transcultural, quando os
missionários eram enviados para países distantes ou cidades que ainda não
tinham sido alcançadas.
Já a ação que a igreja fazia localmente, na sua vizinhança, comunidade ou
dentro do seu contexto cultural era chamado de evangelismo. Mas a palavra
evangelismo tem uma conotação de ser algo menos organizado que missão.
Na missão estamos de fato em missão, com um objetivo, um propósito. O
missionário é alguém que age de forma intencional para alcançar o perdido.
Então a missão urbana é o evangelismo que se dá no contexto da cidade. Na
vizinhança onde a comunidade está inserida, nos ambientes acadêmicos,
culturais, de negócios. A missão urbana é a missão de alcançar a cidade.
E para falar de missão urbana precisamos entender primeiro o que é a cidade.
Proposição – O que é a cidade?
Quando falamos de missões urbanas ou o evangelismo que ocorre no contexto
da cidade, precisamos entender primeiramente o que é a “cidade” a luz da
escritura.
Quem lê o início e fim da escritura percebe que o drama do ser humano
começa em jardim e termina em uma cidade. O jardim de Genesis 2 representa
o mundo perdido pelo homem, já a nova Jerusalém de Apocalipse 22
representa a restauração dos propósitos de Deus para a humanidade.
Mas entre o Éden perdido e restauração do paraíso na Nova Jerusalém de
Deus, percebemos os desafios encontrados pela humanidade na vida na
cidade durante a narrativa bíblica.
A primeira cidade mencionada pela bíblia foi fundada por Caim, que deu a ela o
nome de seu filho “Enoque”. Caim funda essa cidade logo após matar seu
irmão Abel e ser exilado por Deus para viver sem rumo na terra de Node.
Outra cidade que nos chama atenção em Genesis está no capítulo 11, nele
vemos a edificação da cidade de Babel. Assim como a primeira cidade que foi
uma afronta à ordem de Deus, Babel manteve esse padra de desafio contra o
criador. Os homens tinham a intenção de erguer uma torre que os levasse até o
céu. Assim eles seriam famosos e não seriam espalhados. Porém Deus resolve
confundir a língua dos homens e assim abortar a edificação da torre.
Da mesma maneira vemos Deus trazendo juízo contra diversas cidades em
todo o antigo testamento – Sodoma e Gomorra, Nínive, Tiro, Sidom e outras
que recebem o julgamento de Deus pela sua arrogância, maldade e violência.
Mas do mesmo jeito que a cidade a princípio era um lugar de desordem e
violência.
Mas a despeito de tudo isso nós temos um Deus em missão e essa missão é
reconciliar a criação caída consigo mesmo. É restaurar a (imago Dei – imagem
e semelhança de Deus no homem) que foi perdida no Éden.
Vivemos em um mundo cada vez mais urbano. As cidades são centros de
poder, educação, saúde, cultura, entretenimento, novas oportunidades e
religião. Ao longo da história estamos deixando cada vez mais as áreas rurais
para vivermos nos centros urbanos. Atualmente no Brasil cerca de 81% da
população vive em áreas urbanas, e se é nas cidades que estão as maiores
concentrações de pessoas é justamente nas cidades onde está a maior parte
do trabalho missionário.
E para aprofundarmos mais no assunto, vamos tratar de 3 pontos essenciais
da missão urbana.

Divisões –
1. Fundamentos Bíblico-Teológicos da Missão Urbana
Quando tratamos do assunto de missão da igreja, e, nesse caso mais
específico sobre missões urbanas, precisamos ter como ponto de partida os
fundamentos bíblicos teológicos, e para isso vamos fazer um passeio pela
história bíblica.
O primeiro chamado para a missão urbana na bíblia acontece no ministério do
profeta Jonas. Nessa história vemos Deus chamando o profeta para pregar na
cidade de Nínive. Ao longo da narrativa vemos como o profeta tenta fugir do
chamado, mas depois de ser engolido por um grande peixe, ele decide
obedecer a Deus e então vai para Nínive, onde prega e todo o povo daquela
cidade se arrepende. O livro de Jonas tem na vocação missionária o tema
principal. Vemos como Deus usa o profeta para alcançar uma cidade inteira.
Com Jonas vemos o primeiro movimento missionário do povo de Israel, vemos
como Deus enviou Jonas para pregar a um povo pagão.
Outro modelo de ministério urbano que vemos no antigo testamento é durante
o exílio do povo de Israel no cativeiro babilônico. Em Jeremias 29.6 vemos
Deus ordena que os israelitas tenham filhos e se multipliquem na Babilônia.
Eles deveriam ter filhos e casar seus filhos, deveriam construir casas e plantar
hortas. O povo de Israel é chamado a promover o bem da cidade onde eles
moravam. Mesmo vivendo em uma cidade perversa, no meio de um povo
pagão e violento que os oprimia, eles deveriam viver de forma a abençoar a
cidade, sem se deixar contaminar por ela.
Timothy Keller diz – Os valores de uma cidade terrena são contrários aos
valores da cidade de Deus, mas os cidadãos da cidade de Deus devem ser os
melhores cidadãos de suas cidades terrenas.

Já no novo testamento vemos como o apóstolo Paulo exerceu seu ministério


principalmente nos grandes centros urbanos. Paulo viajava de cidade em
cidade, buscando sempre as principais províncias romanas. A estratégia de
Paulo era pregar nas cidades principais de cada região para que ali ao plantar
uma igreja, essa igreja alcançasse toda aquela região. Sua ênfase nas grandes
cidades demonstra seu foco como um verdadeiro missionário urbano.

2. Vivendo como cidadãos do Reino no mundo


Já falamos anteriormente que Paulo exerceu seu ministério prioritariamente
como um missionário urbano, viajando pelas principais cidades do império
romano e plantando igrejas. Mas para entendermos a missão urbana,
precisamos entender quem de fato nós somos. Para a igreja entender sua
missão ela primeiro precisa entender sua verdadeira identidade.
Para entendermos essa verdadeira identidade do cristão vamos nos atentar a
pregação de Paulo na cidade de Filipos.
A cidade de Filipos foi fundada no ano 42 a.C por Otávio (ou Augusto César)
para ser uma colônia romana que refletiria o poder da capital na região. Por
isso os cidadãos da cidade de Filipos eram cidadãos romanos e uma grande
parcela de sua população era formada por veteranos de guerra, que tinham um
grande senso de lealdade ao imperador. A figura de César era venerada de tal
forma a existir o culto ao imperador. Para os romanos o imperador era o
responsável por manter toda a ordem social e o pleno funcionamento de todos
os aspectos da vida. Por isso César recebia os títulos de Kyrios (Senhor) e
Soter (Salvador). O imperador era honrado por toda a população, tudo deveria
apontar para a glória de César.
Diante desse contexto histórico e cultural, Paulo inicia sua pregação e com ela
uma nova comunidade naquela cidade. Os novos convertidos tinham sua
identidade não mais baseada nos valores culturais de Filipos e sim na
revelação última de Deus, na pessoa de Jesus Cristo. Essa nova comunidade
viu seu modo de viver completamente transformado, nas suas relações
interpessoais, no seu modo em enxergar o mundo e o tecido social. César já
não era mais o Kyrios (ou Senhor) e sim Cristo. Os Filipenses que se
orgulhavam de seu status como cidadãos romanos agora entendiam que sua
verdadeira identidade, sua verdadeira cidadania estava em Cristo e não no
imperador romano. Apontar para a glória de César já não fazia mais sentido
quando eles passaram a seguir aquele que havia vencido a morte.
Paulo demonstra que o conceito de cidadania é que eles deveriam viver de
forma digna das Boas Novas de Cristo. A partir de então eles viveriam em
comunidade exercendo a sua verdadeira cidadania, de maneira que isso
apontasse para a glória do verdadeiro Rei.
Ser discípulo de Jesus não é renegar todas as coisas e abster da cidade e da
cultura. Mas necessariamente acarreta em um novo padrão de vida que
denuncia a insignificância de tudo aquilo que está desalinhado com o
verdadeiro Senhor e Salvador de todo o mundo. A igreja é o povo que dá forma
visível ao reinado de Cristo na cidade.

3. Implicações práticas para o ministério Urbano


Como último ponto a ser destacado para trabalharmos o tema de missões
urbanas, gostaria de levantar rapidamente 3 implicações praticas para
desenvolvermos nosso ministério urbano.

1 – Oração
O primeiro ponto que precisamos nos atentar é a oração.
Patrick Johnstone disse: “Quando o homem trabalha, o homem trabalha.
Quando o homem ora, Deus trabalha”.
A oração é a chave para avançarmos na vontade de Deus e na intimidade com
Ele. O Senhor Jesus nos ensina que devemos orar para que Deus envie mais
trabalhadores para Seara. Na carta de Paulo aos Colossenses, o apóstolo
mesmo preso pede para que a igreja ore, não pela sua libertação mas para que
Deus abra a porta para a pregação do evangelho.
Deus capacita os missionários a conquistarem o território de Satanás por meio
da oração.

2 – Contextualização
O segundo ponto é a contextualização. Devemos pregar o mesmo evangelho a
todos os diferentes grupos culturais. Contextualizar o evangelho é pregar a
palavra de Deus de modo fiel, porém de maneira que a pessoa que está sendo
evangelizada entenda a mensagem dentro do seu contexto. ~
Vemos como Paulo pregava o evangelho de maneira diferente de acordo com
cada contexto onde ele estava. Com Judeus ele apresentava o messias, com
os gentios ele apresentava o Deus criador de todas as cosias e como isso
apontava para o messias. Ele adaptava sua mensagem de maneira a
comunicar de forma eficaz de acordo com o contexto cultural onde ele estava
inserido.
(EXEMPLO DE JESUS E AS PARÁBOLAS)

3 – Foco no discipulado
O terceiro ponto é a ênfase no discipulado.
O processo de fazer discípulos envolve levar o incrédulo à fé em Cristo até que
ele tenha uma fé madura. Fazer discípulo não termina com o evangelismo e
conversão da pessoa. Isso é um ato contínuo.
Precisamos não apenas pensar em ganhar o perdido para Cristo, mas também
levá-lo ao amadurecimento da fé.

Conclusão -
Nosso objetivo como cristãos não é simplesmente formar nossa própria tribo.
Ao contrário, por meio de um movimento do evangelho e liderados pelo Espírito
Santo, buscamos a paz e a prosperidade da cidade ou da comunidade onde
estamos inseridos. Nosso papel como é igreja é ser esse agente influenciador
do mundo, da cultura e da sociedade. Devemos ser os embaixadores de Cristo,
os representantes do Reino de Deus nesse mundo.
Nosso alvo deve ser alcançar os perdidos partindo da nossa comunidade, da
nossa cidade, até alcançar os confins da Terra.
Missões urbanas é assunto urgente e que não pode ser negligenciado.
O chamado a pregar o evangelho não é apenas do pastor, do evangelista, do
missionário ou do líder. Todos somos comissionados a pregar o evangelho.
Charles Spurgeon disse – Todo Cristão ou é um missionário ou é um impostor.
Que essa paixão evangelística, esse desejo de ganhar almas para o Senhor
invada seu coração nesse dia.

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