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História da Igreja

04-05-2022
Vida dos Helenistas

Clotilde Jamba Tomás Chiwale


INSTITUTO BLÍBLICO DE LUANDA
INSTITUTO BIBLICO DE LUANDA

HISTÓRIA DA IGREJA
Tema: Vida dos Helenistas

Clotilde Jamba Tomás Chiwale

O Professor
____________________
António Muteka Manuel
Índice
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3
INÍCIO DO HELENISMO........................................................................................................4
Império Macedônico..............................................................................................................4
A Civilização Helenística.......................................................................................................5
Cultura Helenística................................................................................................................5
Filosofia Helenística...............................................................................................................5
HELENISMO NO CRISTIANISMO.......................................................................................6
CONCLUSÃO............................................................................................................................8
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................9

.
INTRODUÇÃO
A palavra helenismo, do grego hellenismós, significa “falar grego”. Assim, helenista é o
nome dado àqueles que utilizam o idioma grego para se comunicar ou adotam o grego
como sua segunda língua. Com o tempo a palavra helenismo deixa de se referir somente
a uma transformação de idioma para abranger toda uma cultura, dessa forma passou a
representar a aculturação dos outros povos que não sendo gregos adotaram a cultura e a
forma de viver e pensar dos gregos. Nesse trabalho vamos entender a história de como o
helenismo afetou várias culturas do mundo e especificamente no cristianismo teve sua
influência.
INÍCIO DO HELENISMO
O Período Helenístico (ou Helenismo) foi uma época da história compreendida entre os
séculos III e II a.C. no qual os gregos estiveram sob o domínio do Império Macedônico.
Foi tão grande a influência grega que, após a queda do Império, a cultura helenística
continuou predominando em todos os territórios anteriormente por eles dominados.
Muitas cidades, como Alexandria, no Egito, tornaram-se grandes centros culturais no
período helenístico, acomodando saberes científicos, filosóficos, religiosos e literários
de imenso valor. Até mesmo durante o período de domínio do Império Romano, a
cultura helenística persistiu, tornando-se a base da formação dos homens durante muitos
séculos.
É sabido que Alexandre Magno, ou Alexandre, O Grande, foi um dos maiores
conquistadores, estrategistas militares e administradores políticos da história universal.
A expansão dos domínios do império da Macedônia, primeiro para toda a Grécia
Antiga, depois em direção à Anatólia (atual Turquia), ao Oriente Médio, então
dominado pelos persas, e à Índia, foi um dos maiores feitos que o mundo já viu. Com tal
expansão, Alexandre não levou apenas pilhagens e guerras, tampouco assolamento de
tradições e culturas. O império alexandrino caracterizou-se por levar também a cultura
grega (chamada helênica) para todas as regiões que conquistou. Caracterizou-se também
por integrar os elementos das culturas conquistadas, como aqueles da cultura persa (da
qual Alexandre era um grande admirador), com os elementos da cultura grega. Esse
processo construiu um mundo novo, ecumênico e integrado na Antiguidade que recebeu
o nome de Helenismo ou Período Helenístico.

Império Macedônico
Os macedônios habitavam a região situada no norte da Grécia. Durante muito tempo
esses povos eram chamados de bárbaros pelos habitantes da Hélade, região entre a
Grécia central e a do norte – cujos habitantes eram chamados de Helenos – ainda que,
como eles, fossem de origem indo-europeia.
Em 338 a.C. os gregos foram derrotados na Batalha de Queroneia, pela forças
macedônicas, que em pouco tempo dominaram toda a Grécia. Em 336 a.C., o imperador
Felipe II é assassinado, assumindo o trono, seu filho, Alexandre Magno que, durante
dez anos de seu reinado (333-323 a.C.), conquistou extensa região, formando o maior
império até então conhecido. O império de Alexandre Magno se estendeu pelo Egito,
Mesopotâmia, Síria, Pérsia e Índia. Essas conquistas ajudaram a formar uma nova
civilização. Adotando o grego como língua comum, iniciou-se um processo de
interpenetração cultural, onde algumas instituições permaneceram próximas ao padrão
grego e em outras prevaleceu elementos orientais. É com essa civilização mista que se
dá início ao período helenístico. Depois da morte de Alexandre, sem deixar herdeiros, o
império foi dividido entre seus generais, formando três grandes reinos:
Ptolomeu (Egito, Fenícia e Palestina);
Cassandro (Macedônia e a Grécia);
Seleuco (Pérsia, Mesopotâmia, Síria e Ásia Menor).
A Civilização Helenística
A civilização helenística foi o resultado da fusão de diversas sociedades, principalmente
grega, persa e egípcia.
A grande obra de Alexandre Magno no plano cultural sobreviveu ao esfacelamento de
seu império territorial.
O movimento expansionista promovido por Alexandre foi responsável pela difusão da
cultura grega pelo Oriente, fundando cidades (várias vezes batizadas com o nome de
Alexandria) que se tornaram verdadeiros centros de difusão da cultura grega no Oriente.

Cultura Helenística
Nesse contexto, elementos gregos acabaram-se fundindo com as culturas locais. Esse
processo foi chamado de Helenismo e a cultura grega mesclada a elementos orientais
deu origem à Cultura Helenística, numa referência ao nome como os gregos chamavam
a si mesmos – Helenos.
Os Helenos desenvolveram a pintura e a escultura, onde retratavam com perfeição a
natureza e o movimento dos corpos. Um exemplo é a escultura de mármore, No Oriente
Médio, os principais centros de cultura helenística foram Alexandria (no Egito),
Pérgamo (Ásia Menor) e a ilha de Rodes, no mar Egeu, com seus grandes palácios de
mármore, ruas amplas, escolas, bibliotecas, teatros, academias, museus e até um
Instituto de Pesquisas.

Filosofia Helenística
O pensamento filosófico helenístico era dominado por duas correntes:
 Estoicismo: que acentuava a firmeza do espírito, a indiferença à dor, a
submissão à ordem natural das coisas e a independência em relação aos bens
materiais;
 Cinismo: que tinha total desprezo aos bens materiais e ao prazer;
 Epicurismo: que aconselhava a busca do prazer.
Também havia o Ceticismo que aconselhava a tudo duvidar.
HELENISMO NO CRISTIANISMO
Cristãos helenistas eram cristãos que viviam como gregos, isto é, tinham cultura, língua
e modo de pensar grego. O cristianismo, procedendo do judaísmo, implantou-se e
desenvolveu-se em ambientes greco-romanos, interagindo e estabelecendo relação de
intercâmbios com muitos povos. Dessa forma o (helenismo), ou seja, a adoção das
maneiras gregas, da linguagem e do modo de vida grego, começa a fazer parte da igreja.
Então na igreja cristã passa a ter cristãos helenistas, são cristãos que apesar de aceitarem
a Cristo têm cultura, linguagem, e conhecimentos gregos. Um desses cristãos helenistas
era o Apostolo Paulo. Paulo era helenista porque tinha cultura greco-romana, ou seja,
Paulo era judeu, grego e romano. Isso lhe conferia cultura, conhecimento e estilo de
vida dos três povos a que pertencia.
A vida no ambiente de Tarso, cidade muito helenizada, transformou o ambiente familiar
do jovem Paulo (Saulo). O pai adquiriu a cidadania romana para fazer frente à realidade
de modo mais seguro e, consequentemente, Saulo herdou da família essa abertura para a
cultura ocidental. Saulo (Paulo) é cidadão romano de nascimento (At 16,37-38; 22,25-
29; 23,27)
O contato com culturas e religiosidades múltiplas fez desabrochar em Paulo uma
espiritualidade que transcendia a razão e a graça que superava a Lei. Inserido no
ambiente greco-romano, preocupa-se com a paz, visto que a paz verdadeira não existia,
como já estava publicada na crítica profética (Jr 6,14; 8,11; 30,5; Ez 13,10; 16) . A
preocupação do Apóstolo era com a paz do coração e do encontro com o outro. Sua
infância em Tarso lhe foi muito útil e o levou a aprender a liberdade, a filosofia e a
convivência pacífica com culturas diversas e crenças bem variadas. Essa experiência de
vida fora de sua pátria, no entanto, foi, em grande parte, sufocada no seu retorno a
Jerusalém.
Ao decidir estudar de modo mais profundo as tradições de seus antepassados, dirigiu-se
a Jerusalém e colocou-se aos pés do grande mestre Gamaliel (At 22,3). Nessa escola,
conformou-se aos costumes do ambiente judaico. Por essa razão, sentia-se impelido a
combater os cristãos, os quais eram considerados hereges (At 8,1-3; Lv 20,8-27). A
morte de Estêvão (At 7,58-8,1) e a visão de Jesus ressuscitado no caminho para
Damasco fizeram com que recuperasse os princípios filosóficos gregos, numa volta
psicológica e antropológica aos tempos de jovem, em Tarso.
Ele sabia que, num universo plural e politeísta, como era o dos gregos, não se matava
por questões de religião e, diante da conduta dos seus compatriotas contra os cristãos,
Paulo reflete sobre esta conduta. E, enquanto se dirigia a Damasco, com cartas das
autoridades de Jerusalém, ouviu uma voz e viu uma luz. A voz que escutou era ade
Cristo sendo perseguido por ele (At 9,5).
Essa visão, uma autêntica cristofania, o fez perceber a necessidade de olhar a realidade
de modo diferente, e a experiência de Tarso começa a ser recuperada. Assim, no
caminho para Damasco, ele encontrou o Cristo do caminho, que, depois de se apresentar
como o perseguido, transformou o perseguidor em discípulo. Foi aqui que Paulo
encontrou novamente a liberdade que o levou para a fé verdadeira (Gl 5,1). Nessa ótica,
o Cristo do caminho aproximou Paulo outra vez do helenismo e o levou a relativizar o
radicalismo do judaísmo (Fl 3,8). Associando critérios estoicos e epicuristas de
felicidade aos ensinamentos cristãos, Paulo parte para buscar as coisas do alto e
construir a cidadania celeste (Fl 3,2), transformando as relações terrestres a exemplo do
Mestre (Fl 2,1-11).
Paulo, como judeu helenista, utilizou muitos elementos da linguagem grega para
dialogar com eles nos campos da retórica, da religiosidade e da filosofia. Os judeus
queriam sinais, e os gregos, sabedoria (1Cor 1,22). Uma novidade, mesmo que fosse de
um “tagarela”, era sempre interessante (At 17,18).
CONCLUSÃO
No encontro com o helenismo, o cristianismo precisa fazer adaptações e, para isso, a
capacidade intelectual dos evangelizadores da “primeira hora” soube inculturar sua
linguagem e mensagem. Os helenistas esperavam e desejavam novidades. Paulo
conhecia bem os lugares por onde andava e, ao mesmo tempo em que assumia muitos
elementos importantes das culturas locais, sabendo combater aquilo que considerava
erro ou prejuízos para o Evangelho. Ele entabulava um diálogo firme com o helenismo e
a gnose, mas sabia também orientar os cristãos a distinguir os erros dessas filosofias.
Com isso aprendemos que:
- Cristo pode ser pregado para todos os povos e qualquer cultura
- O cristianismo não apaga nenhuma cultura ou povo, mas dá sentido nas suas crenças
dando a conhecer o Deus desconhecido que os povos buscam sem conhecimento.
- A igreja precisa saber equilibrar a cultura e os princípios bíblicos de modo que a
palavra de Deus e fé não sejam submersas pela cultura.
BIBLIOGRAFIA
Colégio Práxis – Manual de Preparação para Enem – FILOSOFIA Cap. 5
ISIDORO MAZZAROLO – A importância do helenismo no pensamento do Apostolo
Paulo – Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
JOSÉ LUIZ IZIDORO – O Problema da Identidade do Cristianismo Primitivo –
Oracula, São Bernardo do Campo, 4.7, 2008.

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