Você está na página 1de 29

ORÇAMENTO NA ENGENHARIA CIVIL

Formação Profissional de Orçamentistas de Engenharia civil

1
Engº Civil Ricardo Mendonça CREA PE17040D
DEFINIÇÕES
Conceitos de Orçamento voltado para a Construção Civil :
Produto técnico que permite, com determinado grau de precisão, estimar e defender o custo de execução, contendo, mas não se
limitando, a um conjunto consistente de informações relativas a Especificações, Quantidades, Unidades e Detalhamento.
Tipos de Estimativa Orçamentária em função do nível de informações:
1) Estimativa Conceitual : Risco de variação de até +/- 30% servindo a um propósito de planejamento estratégico a ser
detalhado. Nesse estágio é comum se ter informações tais como comprimento de estradas, área total de edificações, noção
do tipo de acabamento, desenho tipo Masterplan. Não se tem quantidades confiáveis.
2) Orçamento derivado de Projeto Básico : Já deve incluir um mínimo nível de detalhamento, definição mais precisa das
principais quantidades, estabelecimento de especificações, mas ainda não existem desenhos e detalhes executivos. Por
exemplo, assume-se a taxa de aço e fôrma no concreto armado mas anda não se tem o Cálculo e Detalhamento Estrutural.
Espera-se uma variação entre 5% e 15% mas a Lei de Licitações traz em seu texto +/- 25%.
3) Orçamento Executivo : Situação ideal mas, devido ao cronograma de implantação do projeto x tempo necessário a obter
todos os projetos, associado com tempo de procurement (cotação) e composição de custo, nem sempre é utilizado no Brasil.
Espera-se um orçamento preciso, com no máximo 5% de desvio e ainda assim, justificável. Elaboração dos Projetos Executivos
pode demandar até um ano e deve ser confrontada com o interesse do estado e do povo.

2
Engº Civil Ricardo Mendonça
PROCESSO
Conceitos de Processo no âmbito deste curso :

PROCESSO é a organização estruturada de um fluxo de transformação que inclui mas não necessariamente limita-se a :

ENTRADAS PROCESSAMENTO SAÍDAS

As ENTRADAS são, de acordo com o nível de precisão da estimativa, informações de especificação, detalhes, desenhos, memórias de cálculo de
quantidade, premissas, critérios, restrições e permissões.

O PROCESSAMENTO diz respeito à metodologia a ser adotada, incluindo definição de recursos humanos, materiais, financeiros, logísticos e tecnológicos
para atender à precisão determinada pelo nível da saída.

A SAÍDA do processo consiste num conjunto objetivo, rastreável e DEFENSÁVEL de relatórios e informações adicionais, coerentes e consistentes, tanto
com o nível de precisão da demanda, quanto com os recursos destinados a obter as informações, produzindo assim um conjunto coerente, para o
demandante, do custo e formação da venda, além de informações adicionais.
3
Engº Civil Ricardo Mendonça
ESTRUTURA
Estrutura Mínima :
Tendo em vista tratar-se de um processo, é necessário disponibilizar uma estrutura que permita que o fluxo possa desenvolver-se,
preservando a qualidade da informação.
Basicamente, precisa das seguintes funções, algumas podendo ser acumuladas :
1) Organização Documental : Irá cuidar da manutenção padronizada das informações e controle;
2) Análise do Edital ou instrumento convocatório e projetos;
3) Levantamento de informações do local da obra, pluviometria etc. É desejável fazer visita ao local da obra;
4) Lançamento do orçamento em Software apropriado;
5) Procurement (cotação de insumos) e coleta/cálculo de custos de mão-de-obra e equipamentos;
6) Análise e adequação de composições de preço de Banco de Dados às condições locais;
7) Elaboração de Planejamento Preliminar;
8) Emissão e análise de relatórios de consistência (Curvas ABC de insumo e de serviço);
9) Elaboração das Despesas Indiretas;
10) Geração de Relatórios de fechamento da venda;
11) Preparo e emissão dos relatórios exigidos no Edital ou Instrumento Convocatório.

4
Engº Civil Ricardo Mendonça
ESTRUTURA
Estrutura Mínima :
SOFTWARE GERAIS E BANCO DE DADOS
O Pacote Office é indispensável. E pode ser o ponto de partida da informatização de um Deptº de Orçamento.
Entretanto, ele, apesar de ser poderoso, não é suficiente para dar o devido suporte a um departamento de orçamentos,
por isso é INDISPENSÁVEL que, no momento certo, adote-se um software gerenciador de Banco de Dados específico.
O principal motivo para essa afirmação é que o uso de planilhas eletrônicas demanda uma forte intervenção manual e o
elemento humano muitas vezes erra muito, por exemplo :
1) Cansaço visual;
2) Erros de manipulação e de digitação;
3) Esquecimento de salvar e/ou tirar backup;
4) Perda de uniformidade da informação devido a hábitos de salvar versões diversas. Às vezes, a última versão de uma
planilha contém uma alteração muito específica e não deve ser adotada como padrão.
Entretanto, anda não consegui validar, em 30 anos de experiência e constante pesquisa de novos softwares, um programa
de orçamento que consiga emitir 100% dos relatórios que o acionista deseja ver. E cada dia pedem novas informações ou
novas formas de apresenta-las.

5
Engº Civil Ricardo Mendonça
CUSTO DIRETO
DEFINIÇÃO E GENERALIDADES :

O Custo Direto é, talvez, o componente mais trabalhoso de se estabelecer em um orçamento.

É nessa fase que, em função do tipo de estimativa e da qualidade da informação disponível (ou da falta dela!) a empresa
pode alçar voo de maneira segura ou afundar-se em um caminho de difícil recuperação.

Tecnicamente, o custo direto é o “Produto de Engenharia que consolida tanto em Valores Unitários quanto um Valor
Global as Especificações, Unidades, Custos de Insumos, Produtividades de Equipes, Quantidades de serviços e projetos
disponíveis”

Notem que, propositadamente, destacamos em maiúsculas funções ou etapas do processo que, se não forem tratadas
adequadamente, terão forte influência no valor final do Custo Direto.

6
Engº Civil Ricardo Mendonça
CUSTO DIRETO
INTERAÇÃO COM A ÁREA DE OPERAÇÕES :

Cabe, de fato, à área de Engenharia, manter um banco de dados de Orçamento genérico, revisado e coerente.
Mas a área de operações vive a chamada “realidade executiva”. Uma composição de preço, como detalharemos mais
adiante, é a sistematização de um conjunto de “Fotografias” da execução de um serviço, expressando todos os elementos
que SEMPRE vão estar presentes. É algo um tanto estático...Mas não é um filme e muito menos, um filme dinâmico.
Já a área de operações terá, se assim o desejar, um filme sempre atualizado da execução de um serviço e poderá, se
atingido o objetivo de integração, colaborar decisivamente para o sucesso empresarial pois, para um determinado nível
de dificuldade executiva, ela sabe (ou deveria saber) o custo real de execução de um serviço.
É desejável, senão imperativo, que a empresa designe um gestor da área operacional para, em paralelo (Duo Diligence),
orçar pelo menos os serviços que correspondam a 80% da Curva ABC de Serviços.
Esses 80% NÃO SÃO ALEATÓRIOS, mas seguem um princípio científico apontado por Pareto (Vilfredo Pareto (1848-1923),
economista italiano) que observou que, com forte grau de confiabilidade, geralmente 20% dos itens mais importantes
respondem por 80% do Valor Agregado. Isso só é valido para sistemas coerentes.
Obvio que você, orçamentista, decidirá se analisará 80% da ABC ou 85% ou 90%. O importante é ter discernimento e
investir em melhoria contínua.

7
Engº Civil Ricardo Mendonça
TIPOLOGIAS DE OBRAS
DEFINIÇÕES E GENERALIDADES:
A Engenharia é, ao mesmo tempo, causa e consequência de sua interação com os agentes antropológicos, a evolução
tecnológica e o estado de evolução e relacionamento das sociedades.
Engenharia, por ser considerada algo um tanto “frio” por agentes das áreas de Humanas, Ciências Sociais e afins, perde,
na análise dessas áreas, a constatação e reconhecimento de sua importância na história da humanidade.
Se no passado a engenharia era essencialmente um campo, ora a serviço da vaidade de soberanos e reis (Pirâmides,
Hipogeus, Obeliscos etc.) ora a serviço das necessidades militares e expansionistas (Portos, Pontes, Armas de Guerra,
Muralhas, Fortificações etc.), hoje a engenharia (de uma maneira gera e não apenas a civil), já imensamente diversificada,
atende e se integra desde suas áreas originais (essencialmente construção civil e militar) até a expansão aeroespacial,
medicina, esportes etc.
Voltando o foco para a Engenharia Civil, há, hoje, inúmeras tecnologias reestruturando praticamente tudo o que existe há
não mais do que duas ou três décadas, como rodovias pavimentadas em plástico, Concretos Orgânicos e auto-
recuperáveis, Aços de Dureza extrema ou de maleabilidade extrema, Materiais compósitos, Estruturas Mistas de grande
porte etc.;
Entretanto e a despeito da necessidade de filtrar essas definições, podemos estruturar minimamente as tipologias
segundo sua interrelação de serviços e insumos que comandam a execução.

8
Engº Civil Ricardo Mendonça
TIPOLOGIAS DE OBRAS
DEFINIÇÕES E GENERALIDADES:

a) Construção Civil de Edificações


b) Construção Pesada
c) Montagem Industrial Civil

Na Construção Civil de Edificações, em especial na área imobiliária, a curva ABC de Insumos mostrará um peso
significativo do grupo de custos “MATERIAIS”, seguido de “MÃO-DE-OBRA” e por último “EQUIPAMENTOS”
frequentemente alugados. A área de orçamentos deverá atentar para isto e concentrar seus melhores esforços na gestão
de custos de materiais e de mão-de-obra.
Na Construção Pesada, a execução de serviços demanda a utilização de equipamentos pesados, tratores, escavadeira
hidráulicas, caminhões, usinas de asfalto, centrais de concreto, o que exige um tratamento especial ao grupo
“EQUIPAMENTOS”, que rivalizam e até chegam a superar os materiais na curva ABC. O grupo “MÃO-DE-OBRA” geralmente
vem em terceiro lugar.
Na Montagem Industrial Civil (Refinarias, Plantas Industriais), devido a não-padronização e a um elevado número de
elementos montados manualmente, o peso maior será de MATERIAIS, seguido de MÃO-DE-OBRA e EQUIPAMENTOS em
terceiro lugar. Cabe destacar que existe um peso diferenciado para o custo com ferramentaria, que deve ser cotada e
jamais ser considerada um percentual da mão-de-obra.
9
Engº Civil Ricardo Mendonça
COMPOSIÇÕES DE PREÇO
DEFINIÇÕES E GENERALIDADES:
Face ao exposto no Slide anterior, é inteligente a adoção de um modelo de composição de preços que permita visualizar
com facilidade a geração do custo direto de cada serviço. Sempre lembrando o conceito de Fotografia..
Composição de preço unitário por ÍNDICES:
Mais simples e melhor orientada para Edificações, devido ao peso muito maior de materiais, ressaltando-se que os índices
de equipamentos e de mão-de-obra devem sempre ser apropriados/conferidos. Exemplo extraído do SINAPI baixado do
site do Sinduscon-PE :
Código: EMBOÇAMENTO COM ARGAMASSA TRAÇO 1:2:9 (CIMENTO, CAL E AREIA).
UND: M ITEM: 94224
94224 AF_06/2016
PREÇO
CÓDIGO DESCRIÇÃO UNIDADE QUANTIDADE VALOR TOTAL
UNITÁRIO
ARGAMASSA TRAÇO 1:2:9 (CIMENTO, CAL E AREIA MÉDIA) PARA
EMBOÇO/MASSA ÚNICA/ASSENTAMENTO DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO,
CO 210052 M³ 0,0095 327,5874 3,1120
PREPARO MECÂNICO COM MISTURADOR DE EIXO HORIZONTAL DE 300 KG.
AF_06/2014
CO 210403 SERVENTE COM ENCARGOS COMPLEMENTARES HRS 0,433 15,7289 6,8106
CO 210409 TELHADISTA COM ENCARGOS COMPLEMENTARES HRS 0,433 17,2593 7,4732
SUB-TOTAL: 17,3958
TOTAL SEM
17,3958
BDI:

10
Engº Civil Ricardo Mendonça
COMPOSIÇÕES DE PREÇO
DEFINIÇÕES E
GENERALIDADES:
Composição de preço unitário por
PRODUÇÃO:
Permite uma melhor visualização das
equipes, seja a equipe mecânica, seja a
equipe de mão-de-obra e a produção
horária desse conjunto. A parcela de
materiais e de transportes, que independe
da produção da equipe, segue um
tratamento similar ao da composição por
índice, extraído do DNIT :

11
Engº Civil Ricardo Mendonça
COMPOSIÇÕES DE PREÇO

12
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
Independente da Tipologia, estabelecer o custo de um equipamento implica em verificar quanto custa a hora produtiva e
a hora improdutiva.
Para obras de edificações, normalmente por se usar pouco equipamento, é mais comum cotar com algum fornecedor o
custo de aluguel com operador e manutenção, ficando o contratante responsável pelo abastecimento.
Entretanto, no caso da Construção Pesada, a tendência é a empresa possuir um parque de equipamentos e uma estrutura
para fazer a manutenção rotineira, preventiva e corretiva do equipamento. Cabe então estabelecer e seguir uma
metodologia de Custo Horário de Utilização de Equipamentos.
O Manual do DNIT sobre Orçamentos traz extensa literatura sobre este ponto, assim como os fabricantes de máquinas
fornecem índices de consumo e dados da manutenção da máquina. Essencialmente há que se calcular o seguinte para
cada equipamentos :
1) Custo de Propriedade : Depreciação + Custos de Capital
2) Manutenção;
3) Custos de Operação : Combustível, Lubrificantes, Filtros e Graxas.
4) Mão-de-Obra de Operação.

13
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
1) Custo de Propriedade : Depreciação + Custos de Capital + Seguros/Impostos = D+J+S
A Depreciação é um valor a ser contabilizado por hora, relativo ao custo de aquisição do equipamento, existindo diversos
métodos, sendo o mais usual considerar :
D=(Valor de Aquisição – Valor Residual)/Vida Útil
Os Custos de Capital, às vezes não considerados por algumas empresas, corresponde ao custo do dinheiro visto como um
empréstimo à empresa (FINAME, BNDES etc.) ou como o que a empresa teria de retorno se aplicasse o valor da aquisição
em algum investimento. Igualmente existem diversas maneiras de considerar( Juros Simples ou Compostos etc).
Por exemplo, no Manual do DNIT, Jh=(Vm x i)/HTA onde o Vm (Valor Médio) = Va x (n+1)/2n.
O item de Seguros é calculado mais para veículos do que para equipamentos, não existe IPVA de Tratores, por exemplo e o
Seguro não vale matematicamente a pena contratar, pelo elevado custo, em torno de 2,5% do investimento. De qualquer
forma, o valor dessas incidências é considerado anualmente pela equação :
Ih = ( 0,025 x Va )/ HTA

14
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
1) Manutenção:
No custo horário de equipamentos, o item de manutenção adota coeficientes sobre o custo de propriedade e está
associado aos custos com :
Manutenções Corretiva, Preventiva e Rotineira;
Reparos e substituições de Materiais de Desgaste;
Perda de produção relativa à horas paralisadas para a manutenção;
Mão de obra para tais serviços.

Valor do Custo de Manutenção : Mh = Va × k / (n × HTA)

Esses valores de “K” devem ser obtidos a partir de estatísticas de cada empresa, sendo proposto pelo DNIT valores como
exemplificados no slide a seguir :

15
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
1) Manutenção “K” :

16
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
Custos de Operação : Combustível, Lubrificantes, Filtros e Graxas.
Devem ser considerados os valores médios reais, apropriados pela
mecânica da empresa, sendo de grande variabilidade em função da
natureza de trabalho e do tipo de equipamento e pode-se, numa
primeira aproximação, adotar os informados pelo fabricante,
considerando ainda as condições de trabalho.
Para Filtros, Graxas e Lubrificantes, acrescenta-se 15% e chega-se ao um
fator médio de 0,18.
O custo será então : CC = P × FC × VC
Exemplo Tabela DNIT :

17
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
EQUIPAMENTOS:
Mão-de-Obra de Operação:
Os custos com mão-de-obra de operação correspondem aos valores reais obtidos em convenção coletiva, acrescidos dos
Encargos Sociais.
Deve-se considerar o tipo apropriado de EPI/EPC para cada classe de operador e de equipamentos, podendo-se adotar
valores médios e sempre verificar, acompanhar os custos.

Assim, os custos Produtivo e Improdutivo serão expressos pelas fórmulas :

Custo Improdutivo = Custo de Propriedade + Mão-de-obra


Custo Produtivo = Custo Improdutivo + Manutenção+ Custos de Operação

18
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
MÃO-DE-OBRA:
Esse Grupo de Custo incorpora todo o custo direto com pessoal envolvido SEMPRE na “fotografia” do serviço.

Relembrando o que dissemos no início, uma composição de preço é a tradução em seus grupos de custos e produção das
equipes, dos elementos que sempre estejam presentes na fotografia da execução do serviço.

Os custos com mão-de-obra de operação correspondem aos valores reais obtidos em convenção coletiva, acrescidos dos
Encargos Sociais.

Deve-se considerar o tipo apropriado de EPI/EPC para cada classe de operador e de equipamentos, podendo-se adotar
valores médios e sempre verificar, acompanhar os custos.

Em função da metodologia de cada empresa, pode-se ou não já considerar os custos de refeição no valor da hora do
colaborador.
Particularmente recomendamos assim, é importante que o custo do colaborador leve agregado tudo que está relacionado
a ele. Assim, evita-se o erro por esquecimento.
19
Engº Civil Ricardo Mendonça
GRUPOS DE CUSTO
MATERIAIS E CUSTOS DIRETOS DE LOGÍSTICA:
Esse Grupo de Custo deve incorporar o valor dos materiais já considerados como disponíveis 100% para a execução do
serviço.
Frequentemente, quando recebemos uma cotação, vem informado se o preço é FOB ou CIF, sendo a primeira modalidade
FOB=Free On Board ou, seja, material pronto para retirada e a segunda CIF=Cost+Insurance+Freight ou seja,
Custo+Seguros+Frete.
Além disso, considere os custos de manuseio e descarga do produto, caso não estejam contemplados. Por exemplo, ao
receber uma carreta com 500 sacos de cimento, deve-se verificar se está contemplado o descarrego desses sacos.
No custo a ser considerado nas composições, atentar fortemente para a questão da UNIDADE do material.
Se vamos considerar na composição o cimento por kg, o preço do recipiente deve ser dividido pelo peso contido: há sacos
de 50kg, 25kg, Big-Bag de 500kg ou mais, etc. Se a granel, geralmente adquirido em toneladas, cuidar de dividir por 1000.
Exemplo de erro : na África, é comum que os fabricantes vendam em sacos de 42,5kg e a divisão do valor do saco por 50
implica em um erro de 15%, e portanto deveria-se considerar um preço mais de 17% acima.

20
Engº Civil Ricardo Mendonça
PLANEJAMENTO PRELIMINAR
DEFINIÇÕES E METODOLOGIA:

Planejamento preliminar diz respeito a um cronograma o mais realista possível, para dar suporte para calcular os
Cronogramas de Permanência de Equipamentos e de Mão-de-Obra.
Em linhas gerais, consiste em organizar uma sequencia executiva de forma lógica e coerente considerando os tempos de
execução de cada serviço a partir da relação entre as quantidades de serviço e as produtividades esperadas das equipes,
assim como o número de frentes de serviço.
É importante conversar com o pessoal de operações e que exista suficiente conhecimento das condições nas quais a obra
será executada. É de nossa opinião que uma visita ao local das obras e serviços é indispensável e deveria ser feita sempre
por alguém do orçamento em conjunto com alguém de operações.
Localizar fontes de água para construção, disponibilidade de água potável e de energia elétrica
Um planejamento terá sua precisão afetada pela qualidade das informações de projeto disponíveis e pela experiência da
pessoa/equipe que irá fazê-lo.
Nesta fase, o planejamento é simplificado mas deve guardar coerência com o prazo total da obra e questões como a
pluviometria, acessibilidade, dificuldades detectadas na visita, etc.

21
Engº Civil Ricardo Mendonça
CUSTO INDIRETO
CONCEITUAÇÃO:
Sob o ponto de vista didático, os custos que não puderem ser sempre identificados nas composições e equipes de
serviços, devem ser calculados/estimados à parte e classificados como custo indireto.
Mencionamos no início a questão de considerar uma composição de custo direto como sendo uma transcrição de uma
fotografia, ou melhor diversas fotografias ao longo de um período.
Todos os insumos que SEMPRE estiverem na fotografia, serão os componente de custo direto.
Mas o Gerente da Obra, que pode aparecer em uma ou duas fotografias de um serviço e não aparecer mais, esse deverá
ser considerado no custo indireto. O Escritório da Obra, Equipamentos auxiliares de serviços mas que não estará
necessariamente presentes quando da execução, também devem ir para os indiretos.
Exemplo desse equipamento, muito usado em construção de edifícios, a grua faz o transporte de palets com argamassas,
cerâmicas, argamassadeiras, betoneiras, etc. mas quando a equipe for fazer o serviço, por exemplo, a aplicação do piso,
uma fotografia não vai mostrar a grua.
Então nem tem como apropriá-la e, se não a considerarmos no indireto, o orçamento total restará errado.
Escritório da obra, almoxarifado, refeitório, veículos de apoio, etc. nenhum desses itens será sempre e facilmente
identificado nas fotografias.

22
Engº Civil Ricardo Mendonça
CUSTO INDIRETO
EQUIPES e NORMATIVO:
Uma possível forma de organização do Custo Indireto é sob a forma de um Cronograma, com duração igual a da obra,
podendo ter mais alguns meses a título de projeto e serviços de pós entrega.

Sugerimos as seguintes Equipes/Grupos a considerar :

1) Mobilização;
2) Canteiro de Obras (inclusive Oficina de Manutenção);
3) Equipe de Administração da Obra;
4) Despesas Gerais de Obra;
5) Equipamentos de Apoio;
6) Desmobilização.

23
Engº Civil Ricardo Mendonça
CUSTO INDIRETO
ADMINISTRAÇÃO CENTRAL:
A obra existe como uma extensão do grupo empresarial, sendo uma empresa em si, podendo ou não ter um CNPJ
próprio.
Entretanto, criar uma empresa já é complicado e encerrar mais ainda, existindo mecanismos como a matrícula no
CEI/INSS.
Por força de otimização e também de aspectos legais, a Personalidade Jurídica é uma ficção de Direito para permitir a uma
entidade existir legalmente, transacionar, pagar e receber, além de cumprir toda uma legislação.
Assim, sempre existirá um estrutura central e principal da empresa, onde ela vai agregar todo o aspecto trabalhista,
domicílio fiscal perante a Receita Federal e os Fiscos estadual/municipal, além de ter uma contabilidade gerencial e deixar
fundamentado perante o poder judiciário o domicílio, o foro da mesma.
E essa estrutura tem um custo, que é partilhado, rateado entre as diversas obras que a empresa possua e entendido em
especial aqui no Brasil como uma Taxa de Administração Central.
Em outros países, esse custo é entendido como um investimento, algo que existe por decisão dos acionistas e seu custo é
componente do Lucro, ou seja, pagam-se as despesas direta e indireta de obra, os impostos, taxas, etc. e a administração
central, sendo o Lucro empresarial (acionistas) tudo o que sobrar.
Essa Taxa de Administração Central varia entre 3% e 10% conforme a empresa tenha mais obras e seja mais enxuta ou
esteja com poucas obras e ao mesmo tempo esteja com uma administração pesada.

24
Engº Civil Ricardo Mendonça
FORMAÇÃO DA VENDA
PREÇO DE VENDA:
Com itens que não compõem o custo direto nem fazem parte dos custos de administração local e central, temos que considerar
ainda os seguintes itens para formação do preço de venda:
Cargas Tributárias sobre o faturamento;
No Brasil, são basicamente os seguintes tributos que incidem, todos sobre o faturamento : ISS, PIS/COFINS, CSLL, Retenções
possíveis de IRPJ e INSS.
Custos Financeiros;
Considerar, em especial para obras de longa duração, uma possível influência de custos financeiros, seja por exemplo, se o
Contratante é conhecido por atrasar pagamentos.
Taxas e Seguros;
São incidências diversas que podem ocorrer para viabilizar a obra, como por exemplo algo que não se pratica no Brasil mas a
empresa pode pleitear um adiantamento de 15% e deverá para tal apresentar um seguro de Down Payment.
Lucro;
Representa a expectativa da empresa de quanto ela vai captar líquido, antes do Imposto de Renda, que não entra no cálculo do
valor de venda pois IRPJ é pago pela matriz e não pela obra. Se uma obra der lucro e outras derem prejuízo, a Matriz recolherá o
IRPJ em função da situação final, podendo até ser 0,00%
Contingências :
São incidências que derivam de possíveis fatores que, se ocorrerem, irão afetar de forma significativa o resultado do

25
empreendimento. Não deve ser um percentual chutado, tipo 1% ou 3% e sim nascer de uma Análise de Risco

Engº Civil Ricardo Mendonça


FORMAÇÃO DA VENDA
CONTINGÊNCIAS:
Como mencionado no Slide anterior, é de nossa opinião que deve-se adotar um método científico para registrar o
percentual de contingências.
O Estudo das Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças a um empreendimento, adota os nome de Análise SWOT,
letras que são as iniciais em inglês das palavras sublinhadas acima. Abaixo está um gráfico que pode ser encontrado em
site de domínio público, no caso a Wikipédia.

26
Engº Civil Ricardo Mendonça
FORMAÇÃO DA VENDA
CONTINGÊNCIAS:
A forma prática é estabelecer uma matriz de riscos, calculando numericamente os valores para esses pontos mencionados, o que
produz um registro sistematizado da análise do processo. A título de exemplo, listamos a matriz que consta do material do curso e
que reproduzimos parcialmente abaixo :
Data:
Probabilidade Contingencia Valor a
DESCRIÇÃO DO RISCO Impacto Score Valor do risco Medidas Mitigadoras Notas (Ações)
(P) Adotada contingenciar

1. INCERTEZA CONTRATUAL
1.1. Não-cumprimento de prazo
CONSIDERADO 30 DIAS DE MULTA
Administração contratual pesada,
Multa por atraso de servicos. 1 1 1,00 0,50% 7.500.000,00 37.500,00 DIÁRIA DE 0,025% SOBRE 50% DO
Claims, gestão
CONTRATO
TOTAL ITEM 1.1 37.500,00

1.2. Aumento de Indireto


Administração contratual
Extensao de prazo de 2 meses por interferencias e chuvas 3 2 6,00 30% 1.976.000,00 592.800,00
pesada,Claims, gestão
TOTAL ITEM 1.2 592.800,00

1.4. Defeitos durante periodo de garantia


Conseguir a aprovação do tipo de
Sobrecusto reparos no pavimento (fissuras) 2 2 4,00 5% 1.751.280,00 pavimento antes da entrega final 87.564,00 5% do valor do Revestimento
da proposta

TOTAL ITEM 1.4 87.564,00

TOTAL ITEM 5.

6. OPORTUNIDADES
6.1 Otimização do Prazo da Obra
Redução do custo indireto em 1 meses 1 4 4,00 30% - 988.000,00 - 296.400,00

6.2 Otimização do Custo Indireto


Possibilidade de reduzir por terceirização parte dos serviços

27
1 4 4,00 50% - 576.000,00 - 288.000,00
administrativos

TOTAL ITEM 6. - 584.400,00 Oportunidades

Engº Civil Ricardo Mendonça VALOR A CONSIDERAR NO


TOTAIS 133.464,00 FECHAMENTO

CUSTO OPERACIONAL 5.632.494,32 ANTES DAS CONTINGÊNCIAS


% DE CONTINGÊNCIAS 2,37%
FORMAÇÃO DA VENDA
PREÇO DE VENDA:

Cálculo do BDI:
Didaticamente, o BDI é simplesmente a relação entre a venda e o custo direto.
Como expressão matemática, há diversas fórmulas e autores mas essencialmente é dado pela seguinte expressão,
admitindo o Lucro sobre a Venda

BDI = 100 / (100-I-CF-T-S-CT-L)


Onde I=Impostos, CF=Custos Financeiros, T=Taxas, S=Seguros, L=Lucro e CT=Contingências.

Note-se que essa fórmula vai gerar um percentual que deverá incidir sobre o custo operacional, ou seja (custo
direto+custo indireto) como hoje é comum de se adotar, em função do disposto pelo TCU e adotado por praticamente
todos os TCE´s.
Existe hoje a demanda de já fazer constar da planilha de preços da proposta, os elementos do custo indireto, podendo ser
pago mês a mês ou proporcional ao avanço dos serviços, conforme regra que deverá constar do instrumento
convocatório.
28
Engº Civil Ricardo Mendonça
FORMAÇÃO DA VENDA
BDI Linear x BDI Diferenciado:
Tradicionalmente, e até para proteger o estado do chamado “Jogo de Planilha”, é muito difícil que o Contratante, sendo o
poder público, aceite um BDI não linear.
Cabe entretanto mencionar o conceito de Valor Agregado, que não apenas mede os itens mais valiosos de um contrato mas
também aqueles itens sobre os quais a empresa deverá necessariamente investir mais em gestão e acompanhamento.
Analisando agora o Custo Indireto como se fosse uma obra, parece razoável que importantes e caras posições no nível
hierárquico deverão se concentrar nos serviços mais importantes do contrato.
Por exemplo, em uma rodovia, dificilmente o Gerente do Contrato irá gastar tempo e dinheiro analisando e dedicando-se a
serviços como capinação, caiação de meio-fio, limpeza de dispositivos de drenagem, etc.
Se for uma ponte estaiada ou seja uma obra onde itens como concreto, aço, sistemas de forma e escoramento, protensão,
estaiamento, obviamente merecerão mais atenção da Gerência e do núcleo de QSMS devido aos riscos de morte e elevados
prejuízos do que em sinalização, iluminação, etc.
Inclusive, sendo o faturamento com BDI linear, serviços importantes poderão somente ser remunerados totalmente ao final da
obra, mas o maior desembolso da empresa poderá ser no início da obra. Custos com fundação profunda, às vezes executadas
em rios caudalosos, conceitualmente poderiam ter um BDI maior, enquanto que outros serviços seriam administrados por
encarregados sem necessariamente possuírem nível universitário.
Entretanto, a prática de já fazer constar em planilha os custos indiretos, protege ambas as partes, contratado e contratante,

29
permitindo analisar e bem os elementos do contrato.

Engº Civil Ricardo Mendonça

Você também pode gostar