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Tylor (1871) foi o primeiro a dar uma definição para cultura. Segundo ele
“Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo
complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras
capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade.”
Esta noção de cultura como sinônimo de civilização, uma cultura “humanista” só seria
desafiada por Franz Boas, décadas depois, que traz uma noção antropológica de cultura,
muito mais próxima a noção contemporânea.
Franz Boas ainda critica o método evolucionista por não integrar os costumes e
os fenômenos ao sistema cultural de origem. Um dos maiores expressões disso era a
forma de organizar o material etnográfico nos museus, que os evolucionistas expunham
e separavam por forma, tipo, misturando objetos de vários povos diferentes, descolando
completamente do contexto cultural original.
Diferem em seus conceitos de cultura, que para Boas, o qual nunca formulou
definitivamente este conceito, a cultura explicava a diversidade humana, cada ser
humano veria o mundo sob a perspectiva da cultura em que nasceu, um conceito de
cultura de fundamento relativista. Malinowski, fundador da vertente funcionalista da
antropologia, inspirado em Durkheim, via a cultura como um organismo que
responderia às sete necessidades básica do homem: nutrição, resultando no
aprovisionamento; reprodução, resultando nas formas de parentesco; conforto,
resultando na construção de abrigos; segurança, resultando em proteção; movimento,
resultando em atividades; crescimento, resultando em treinamento e saúde, resultando
em higiene. O método etnográfico para Boas devia ser feito conjuntamente com um
estudo diacrônico de determinada sociedade. Malinowski, que considerava que o estudo
da sociedade deveria ser sincrônico, escreveu sobre o trabalho do etnógrafo, propondo
uma abordagem sistemática do trabalho de campo, fundamentando a partir de então a
ferramenta da observação participante. Encontramos esse conteúdo especialmente em
sua obra etnográfica mais importante, “Os Argonautas do Pacífico Ocidental” (1922),
que descrevia detalhadamente como acontecia o Kula, sistema de trocas circular,
mostrando ao mundo que este fenômeno, tinha uma função social e era racional. Entre
os apontamentos metodológicos do livro deste antropólogo polonês, encontramos três
princípios, que seriam: (1) o pesquisador deve guiar-se por objetivos científicos; (2)
deve viver efetivamente entre os nativos, o que gera condições adequadas ao trabalho
etnográfico e (3) recorrer a um certo número de métodos especiais de coleta,
manipulando e registrando suas provas. Três pontos são fundamentais no trabalho do
etnógrafo: o “esqueleto”, que seria a organização da tribo, seu censo demográfico,
documentação, etc.; também identificar o “corpo e o sangue”, os imponderáveis da vida
real, e através de diário de campo, descrever o comportamento dos nativos; e o
“espírito”, que seriam os modos de pensar, os provérbios, as fórmulas mágicas,
registrados de preferência na língua nativa, de modo a captar o ideal, a mentalidade
nativa.