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Assinado com certificado digital por ANSELMO HENRIQUE CORDEIRO LOPES, em 20/06/2022 16:38. Para verificar a autenticidade acesse
JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Índice
1. OBJETIVOS DA DEMANDA...............................................................................................2
2. COMPETÊNCIA DESSE JUÍZO E LEGITIMIDADE ATIVA DO MPF..............................7
3. SÍNTESE DOS FATOS APURADOS....................................................................................8
3.1. Notas introdutórias sobre a Operação Greenfield............................................................8
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forma de empresa pública federal, inscrita no CNPJ sob o nº
00.360.305/0001-04, com sede no Setor Bancário Sul, Quadra 4, lotes 3 e 4,
CEP 70092-900, Brasília/DF;
com base nos fatos apurados no âmbito da Operação Greenfield que já foram
alvo de denúncia nas ações penais nº 1020180-73.2019.4.01.3400 (FIP CEVIX), 1019222-
24.2018.4.01.3400 (RG ESTALEIROS), 1003326-67.2020.4.01.3400 e 1003120-
1. OBJETIVOS DA DEMANDA
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que são causas determinantes (entre outras) do rombo (déficit acumulado) atual deste fundo
de pensão, o qual alcançou, no final de 2016, o total de R$ 18.000.000.000,00 (dezoito
bilhões de reais).
Os crimes identificados na supracitada operação envolveram, em regra,
investimentos temerários ou mesmo fraudulentos praticados por gestores da FUNCEF, os
quais já foram alvo de denúncia em várias ações penais.
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da Diretoria Executiva as propostas de milionários ou bilionários investimentos.
Como terminou não se elegendo, Lacerda foi agraciado com outro cargo de diretor no
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BNDES, já em 2011. Era, portanto, pessoa de confiança da citada agremiação política.
Por outro lado, ao longo das instruções dos processos criminais, percebeu-se
que os diretores dos participantes eram profissionais sem expertise na área de finanças
corporativas, que não atuavam com a área de investimento no dia a dia, e terminaram
“acompanhando” os votos dos diretores da patrocinadora mais por ausência de conhecimento
real do objeto dos investimentos do que por simples e pura má-fé. Quer nos parecer, vendo
retrospectivamente os resultados da Operação Greenfield, que, no caso da FUNCEF, os
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rombo da FUNCEF.
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Operação Greenfield e que ainda não foram reparados à FUNCEF, requerendo-se desde já que
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esses valores sejam utilizados exclusivamente para abater as contribuições extraordinárias que
estão sendo cobradas pela FUNCEF de seus beneficiários, principais vítimas dos delitos
praticados, principalmente as parcelas de equacionamento com vencimento mais próximo.
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Art. 6º. Compete ao Ministério Público da União:
(...) VII – promover o inquérito civil e a ação civil pública para:
(...)
d) outros interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais, difusos e
coletivos;
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A Operação Greenfield, deflagrada em 5 de setembro de 2016, tem por escopo
apurar investimentos realizados de forma fraudulenta ou temerária pelas principais entidades
fechadas de previdência complementar (EFPC – ou fundos de pensão) do país. Dentre essas
entidades, destaca-se a FUNCEF (Fundação dos Economiários Federais). Os fatos criminosos
praticados contra a FUNCEF são causa determinante (entre outras) do rombo acumulado atual
desse Fundo de Pensão, rombo esse (déficit acumulado) que alcançou, no final de 2016, o
total de R$ 18.000.000.000,00 (dezoito bilhões de reais).
Nos FIPs que são apurados na Operação Greenfield, a temeridade dos investi-
mentos resta claramente demonstrada (inclusive por autos de infração da Superintendência
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ditoria interna ou externa, laudos da Polícia Federal, do MPF e Relatório Final da CPI dos
Fundos de Pensão) pela realização de investimentos açodados, efetivados por resoluções das
diretorias executivas dos fundos de pensão que não respeitaram a necessidade de estudos mais
aprofundados sobre os riscos e retornos possíveis dos investimentos, sem a observância de
normativos inafastáveis do Conselho Monetário Nacional (CMN) e da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) relativamente a investimentos feitos pelas EFPC, bem como os princípios
de segurança, de rentabilidade, de boa governança, dentre outros.
Nessa fase, via de regra, são realizadas reuniões e acertados acordos entre o
grupo econômico (do núcleo criminoso empresarial) e diretores presidentes, de participação
ou de investimentos dos Fundos de Pensão, em conjunto – em alguns casos – com autoridades
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políticas que tenham clara ascendência sobre os diretores dos fundos de pensão.
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Num segundo momento, após a decisão prévia de investimento dos fundos de
pensão em empresas do núcleo empresarial, promove-se a formalização do investimento. Nos
mencionados oito casos, em vez de se realizar a aquisição direta de ações e debêntures das
empresas-alvo, é constituído um Fundo de Investimento em Participação. Na grande maioria
dos casos em que o FIP é criado para adquirir participação acionária na empresa- alvo, o pró-
prio FIP torna-se proprietário da empresa; trata-se aqui do chamado “FIP proprietário”. As-
sim, é constituído o FIP, sendo adquiridas cotas inicialmente pelo grupo empresarial, por
Por meio dessa avaliação criminosa – na maioria das vezes, feita de forma camuflada – rea-
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liza-se uma sobreprecificação dos ativos do grupo econômico, que passam a contar com uma
posição em cotas do FIP irreal e desproporcional ao valor real de seus ativos aportados.
Por meio desse esquema, a EFPC paga pelas cotas do FIP mais do que elas de
fato valem, sofrendo, assim, um prejuízo “de partida”, independente do próprio sucesso que
venha a empresa ter no futuro. Nesses mesmos casos, a EFPC investidora, ao reconhecer um
valor irreal da empresa que é alvo do investimento, também acaba prejudicada por não dimen-
lento ou temerário. Os integrantes dos demais núcleos respondem, em cada caso, na condição
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de participantes do crime.
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Acerca das condutas denunciadas, oportuna se faz a transcrição do seguinte
trecho da denúncia:
A partir da referida investigação, foram obtidas provas de que, por meio dos fa-
tos que passaremos a narrar e com as circunstâncias que serão aqui detalhadas, entre
setembro de 2009 e agosto de 2010, nesta capital federal, os acusados DEMÓSTHE-
NES MARQUES (na condição de Diretor de Investimentos da FUNCEF), GUI-
LHERME NARCISO DE LACERDA (na condição de Diretor-Presidente da FUN-
CEF), LUIZ PHILIPPE PERES TORELLY (na condição de Diretor de Participa-
ções Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), ANTÔNIO BRÁULIO DE CARVA-
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cio, da FUNCEF) e SÉRGIO FRANCISCO DA SILVA (na condição de Diretor de
Administração da FUNCEF), com a participação de ROBERTO CARLOS MADO-
GLIO (ex-Superintendente Nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa,
vinculado à Vice-Presidência de Gestão de Ativos de Terceiros da Caixa Econômica
Federal), desviaram, em proveito de GERSON DE MELLO ALMADA (ex-vice-
Presidente da ENGEVIX), CRISTIANO KOK (sócio da ENGEVIX/DESENVIX) e
JOSÉ ANTUNES SOBRINHO (sócio da ENGEVIX/DESENVIX) os valores a mai-
or (no total de R$ 63.209.000,00 - valor histórico do pagamento a maior feito pela
FUNCEF no FIP CEVIX) que foram indevidamente investidos no Fundo de Investi-
mentos em Participações Cevix (FIP Cevix) pela FUNCEF, em flagrante benefício
aos referidos sócios da empresa Desenvix Energias Renováveis S/A (empresa contro-
lada pela Engevix S/A e que hoje pertence a Statkraft Energias Renováveis S/A).
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timentos), ANTÔNIO BRÁULIO DE CARVALHO (na condição de Diretor de Pla-
nejamento e Controladoria) e JOSÉ CARLOS ALONSO GONÇALVES (na condi-
ção de Diretor de Benefícios), aprovaram, de forma temerária, a participação da
FUNCEF no processo de reestruturação societária da Desenvix e o aporte de mais
R$ 80.000.000,00 no Caixa FIP Desenvix, sem nenhuma exigência ou ressalva para
que fossem atendidas as exigências da área jurídica ou mitigados os riscos apontados.
Nesse contexto, as condutas cuja prática foi denunciada no bojo da ação penal
nº 1020180-73.2019.4.01.3400 foram gestão fraudulenta e gestão temerária (art. 4º, caput e
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pagamentos simulados da ENGEVIX ENGENHARIA S/A à JAMP ENGENHEIROS
ASSOCIADOS S/C, recursos que deveriam ser destinados ao Partido dos Trabalhadores, a
pretexto de influir na aprovação dos investimentos e liberação dos aportes pela FUNCEF. Por
esta razão, MILTON PASCOWITCH e JOÃO VACCARI NETO foram denunciados pela
prática do art. 332 do Código Penal (tráfico de influência) e, juntamente com GERSON DE
MELLO ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES SOBRINHO, foram
denunciados também pela prática de lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/1998).
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superior ao valor inicialmente previsto, em acordo, entre a FUNCEF e a DESENVIX.
Ademais caso fossem realizados os ajustes indicados pelos relatórios periciais colhidos ao
longo das investigações, a precificação total dos ativos seria de R$ 592.374.000,00, ou seja,
um preço final menor em R$ 189.627.000,00 do que foi acolhido pela FUNCEF, de modo que
o valor aplicado pela FUNCEF no FIP CEVIX deveria ter sido R$ 63.209.000,00, menor do
que foi efetivamente aplicado.
Com efeito, a escolha da taxa de desconto indevida foi o fator essencial para
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Em seguida, o Diretor de Investimentos DEMÓSTHENES MARQUES, res-
ponsável por conduzir todo o processo relacionado ao primeiro aporte de capital no FIP CE-
VIX e levá-lo à Diretoria da FUNCEF, elaborou o Voto DIRIN 25/2009 recomendando a
aprovação da participação da FUNCEF no FIP CEVIX, com o valor de até R$
260.670.000,00, limitado a 25% do patrimônio do Fundo.
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LUIZ PHILIPPE TORELLY, ANTÔNIO BRÁULIO DE CARVALHO,GERALDO
APARECIDO DA SILVA e SÉRGIO FRANCISCO DA SILVA no contexto da aprovação do
investimento no FIP CEVIX, em razão da ausência de realização de due diligence antes da
aprovação do investimento, bem como por violação de normas internas da FUNCEF (circular
normativa IF 010 02) que regulavam o processo de investimento, notadamente com relação à
ausência de pareceres necessários de outros setores da Fundação previamente à decisão de
investimento, bem como por terem sido ignorados pareceres produzidos por setores internos
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O valor do prejuízo acumulado com o investimento realizado no FIP CEVIX
que resultou dos delitos ora narrados alcançou, até 13 de julho de 2015, considerando as
metas atuariais da FUNCEF, o valor mínimo de R$ 402.000.000,00 (quatrocentos e dois
milhões de reais), segundo laudo pericial da Polícia Federal (laudo pericial nº 317/2017 –
SETEC/SR/PF/ES).
Da análise dos fatos relatados, verifica-se que, não obstante todos os diretores
da FUNCEF que foram denunciados tenham efetivamente concorrido para a prática dos
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A partir da referida investigação, foram obtidas provas de que, por meio dos
fatos que passaremos a narrar e com as circunstâncias que serão aqui detalhadas, entre
dezembro de 2009 e agosto de 2012, nesta capital federal, os acusados CARLOS
ALBERTO CASER (na condição de Diretor-Presidente da FUNCEF),
DEMÓSTHENES MARQUES (na condição de Diretor de Investimentos da
FUNCEF), LUIZ PHILIPPE PERES TORELLY (na condição de Diretor de
Participações Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), JOSÉ CARLOS ALONSO
GONÇALVES (na condição de Diretor de Benefícios da FUNCEF) e JOSÉ LINO
FONTANA (na condição de Diretor de Planejamento e Controladoria, em exercício),
com a participação dos empresários GERSON DE MELLO ALMADA (ex-vice-
Presidente da ENGEVIX), CRISTIANO KOK (sócio da ENGEVIX/DESENVIX),
JOSÉ ANTUNES SOBRINHO (sócio da ENGEVIX/DESENVIX) e WALTER
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de Diretor-Presidente da FUNCEF), DEMÓSTHENES MARQUES (na condição de
Diretor de Investimentos da FUNCEF), LUIZ PHILIPPE PERES TORELLY (na
condição de Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da FUNCEF), JOSÉ
CARLOS ALONSO GONÇALVES (na condição de Diretor de Benefícios da FUN-
CEF) e JOSÉ LINO FONTANA (na condição de Diretor de Planejamento e Contro-
ladoria, em exercício), em consórcio com VITOR HUGO DOS SANTOS PINTO
(ex-Gerente Nacional de Fundos de Habitação da Caixa Econômica Federal), promo-
veram a negociação de cotas de fundo de investimento (FIP RG Estaleiros) sem
lastro econômico, por meio da subscrição pela FUNCEF de cotas, no valor de R$
141.100.000,00 (cento e quarenta e um milhões e cem mil reais), emitidas pela As-
sembleia Geral do FIP RG Estaleiros sem que, repita-se, houvesse lastro e/ou garan-
tia suficientes para um futuro resgate.
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pagamentos simulados da ENGEVIX ENGENHARIA S/A à JAMP ENGENHEIROS
ASSOCIADOS S/C, recursos que deveriam ser destinados ao Partido dos Trabalhadores, a
pretexto de influir na aprovação dos investimentos e liberação dos aportes pela FUNCEF. Por
esta razão, MILTON PASCOWITCH e JOÃO VACCARI NETO foram denunciados, no bojo
da ação penal nº 1020180-73.2019.4.01.3400, pela prática do art. 332 do Código Penal
(tráfico de influência) e, acompanhado de GERSON DE MELLO ALMADA, CRISTIANO
KOK e JOSÉ ANTUNES SOBRINHO, foram denunciados também, naquela ação penal, pela
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precificação do ERG1 e ERG2, sendo que alguns atribuíam inclusive valores negativos aos
estaleiros, mas o cenário escolhido para ser considerado foi o que era mais desfavorável para
as compradoras, denominado Engevix B, no qual o ERG1 foi precificado em R$ 262,1
milhões e o ERG2 em R$ 186,4 milhões de reais. Dentre as premissas utilizadas, a denúncia
chama a atenção para a escolha de projeções de receitas e despesas dos estaleiros com base
em empresas globais de construção naval que estavam entre as maiores do mundo, o que não
se aplicaria na situação avaliada, considerando que nem a FUNCEF nem a ENGEVIX
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DIRIN o negócio de compra dos estaleiros, que não mencionou o possível impacto dos riscos
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do investimento.
Outrossim, a denúncia ressalta que não foi analisado o possível conflito de
interesses com relação à RIO BRAVO PROJECT, tendo em vista que ela pertencia ao grupo
Rio Bravo, que era investidor majoritário no estaleiro ERG1 por meio do Fundo de
Investimento Imobiliário Rio Bravo Logística.
Assim, desconsiderando os riscos do negócio, e inclusive recomendações
apontadas por Grupo Técnico de Investimentos reunido pela FUNCEF para analisar a
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Esta aprovação da Diretoria Executiva, no entanto, representou ato de gestão
fraudulenta, na medida que foram ratificados os artifícios engenhados no relatório de
consultoria da RIO BRAVO, validando a sobreprecificação dos empreendimentos avaliados.
Além disso, a denúncia imputou aos membros da Diretoria Executiva da
FUNCEF também a prática de gestão temerária, pois além da fraude na supervalorização dos
estaleiros, o processo de aprovação ocorreu sem a observância dos deveres de due diligence
pelos gestores da FUNCEF, uma vez que não foram observadas normas internas da Fundação
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participação de VITOR HUGO DOS SANTOS PINTO e dos empresários WALTER TORRE
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JÚNIOR, GERSON DE MELLO ALMADA, CRISTIANO KIK E JOSÉ ANTUNES
SOBRINHO, foram denunciados pela prática de desvio de valores de instituição financeira
equiparada em proveito ou alheio (art. 5º, parte final, da Lei nº 7.492/86.
Da análise dos fatos relatados, verifica-se que, não obstante todos os diretores
da FUNCEF que foram denunciados tenham efetivamente concorrido para a prática dos
delitos, DEMÓSTHENES MARQUES, Diretor de Investimentos, foi quem conduziu todo o
processo relacionado ao primeiro aporte de capital no FIP RG ESTALEIROS.
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Ressalta-se que todas as ilicitudes apontadas já foram amplamente detalhadas
na denúncia que inaugurou a ação penal nº 1019222-24.2018.4.01.3400, cuja cópia segue
anexa a esta petição.
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Os fatos que envolveram investimento da FUNCEF no FIP SONDAS serão
descritos brevemente em seguida.
O FIP SONDAS foi criado para investir na empresa SETE BRASIL
PARTICIPAÇÕES S/A. A história da SETE BRASIL se inicia com a descoberta do “pré-sal”
em 2006 quando se verificou que não havia unidades de perfuração (sondas) em quantidade
suficiente no mundo para atender a demanda de exploração do “pré-sal”.
No entanto, a PETROBRAS estava endividada e era conveniente aportar
que poderia implicar uma alternância de poder para outro partido, os Fundos de
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Pensão investiram em um negócio específico, grandioso e arriscado, no qual não
possuíam qualquer expertise.
A injeção de recursos dos Fundos era imperativa, diante da pressão do
governo, como afirmou Antônio Palocci em uma das muitas oportunidades que se
manifestou sobre o tema, como colaborador, após sua prisão. Segundo o ex-ministro
Antônio Palocci, houve uma reunião na qual, pela primeira vez, Lula teria tratado
abertamente da ideia de transformar projetos de exploração do pré-sal em dinheiro
para campanhas do PT. O suposto encontro teria acontecido em meados de 2010, na
biblioteca do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República em
Brasília, e contado com as presenças do então presidente da Petrobras, José Sergio
Gabrielli, da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de Lula e Palocci.
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http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 57b7eba1.a45ced61.760211db.52ff8508
Por sua vez e no mesmo sentido, o colaborador da Justiça Pedro José
Barusco Fillho, em seu depoimento prestado em 20 de novembro de 2014,
vinculado a acordo de colaboração premiada, afirmou o seguinte:
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conformidade com os do mercado internacional, sendo que as sondas com melhor
preço eram do mercado asiático; (…) QUE essa combinação envolveu o tesoureiro
do Partido dos Trabalhadores, JOÃO VACCARI NETO, o declarante e os agentes de
cada um dos ESTALEIROS, e estabeleceu que sobre o valor de cada contrato
firmado entre a SETEBRASIL e os ESTALEIROS, deveria ser distribuído o
percentual de 1%, posteriormente reduzido para 0,9%; QUE a divisão se dava da
seguinte forma: 2/3 para JOÃO VACCARI; e 1/3 para a “Casa 1” e “Casa 2”; QUE a
“Casa 1” referia-se à pagamentos de propina no âmbito da PETROBRÁS,
especificamente para o Diretor de Serviços RENATO DUQUE e ROBERTO
GONÇALVES, o qual substituiu o declarante na Gerência Executiva da Área de
Engenharia; QUE a “Casa 2” referia-se ao pagamento de propinas no âmbito da
SETEBRASIL, especificamente para o declarante, JOÃO CARLOS DE
MEDEIROS FERRAZ, Presidente da empresa, e, posteriormente, também houve a
era o POSTALIS, controlado pelo PMDB; QUE a partir da primeira vez que o
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PMDB controlou o ministério das comunicações, pelo então Ministro Eunício
Oliveira foi responsável por lotear a POSTALIS; QUE o ministério ligado ao fundo
indicava o presidente dos fundos conforme a pasta; QUE no início a motivação não
era obter vantagens indevidas; QUE os gestores não foram chamados para isso;
QUE havia duas questões fundamentais que os presidentes atuaram fora da
legalidade, atuando por determinações políticas desrespeitando critérios dos fundos;
QUE o presidente Lula expedia determinações para colocar recursos em
empreendimentos de interesse do governo; QUE nem sempre o problema era
vantagem indevida, mas apenas para atender vantagem política; QUE em alguns
casos os gestores se envolviam em negócios para vantagens; QUE sabia que Wagner
Pinheiro recebia vantagens pessoais; QUE Guilherme Lacerda tinha atuação mais
ampla em receber ilícitos; QUE em 2004 começaram a pedir vantagens ilícitas; QUE
os tesoureiros que atuaram foram Delúbio, Vaccari e Paulo Ferreira, esse último em
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vantagens pelo através do Gushiken; QUE acredita que Joesley Batista fez
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pagamentos a ele por outros casos; QUE Guilherme Lacerda pedia vantagens para
empresas ligadas ao FIP Sondas e outras; QUE recebeu por dentro, em doação
oficial, e por fora; QUE Sérgio Rosa abriu uma consultoria e recebeu recursos de
diversas empresas do pré-sal, mas não sabe dizer se tem relação com isso; QUE eles
sabiam que no empreendimento haveria ilícito; QUE os gestores do fundo sabiam
dos fatos de corrupção narrados na Lava-Jato; QUE precisavam atender o partido
para se manter nos cargos que lhes rendiam vantagens em diversos
empreendimentos; QUE no segundo aporte João Ferraz procura o oitivado para que
se viabilize novos investimentos; QUE pede para que faça pressão nos fundos para
esse novo aporte; QUE João Ferraz só tinha acesso ao Petros; QUE o oitivado já
estava fora do governo e o encaminhou a Guido Mantega; QUE acredita que esse
encontro foi proveitoso para ele; QUE João Ferraz encontra o já ex-presidente Lula;
QUE o próprio presidente Lula afirmou que João Ferraz o procurou; QUE quando
QUE para citar como exemplo, em conversa com BOLIVAR TARRAGO este
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comentou “não vamos ter como ficar fora dessa”; QUE além dessa questão formal,
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outro ponto contestado era que o FI-FGTS seria, na configuração apresentada, o
agente que mais colocaria no projeto e não teria Governança proporcional à sua
participação financeira; QUE também havia sérias dúvidas quanto a estrutura de
garantias fornecidas pela Petrobras que era quem iria alugar as Sondas; QUE o
DEPOENTE levou todas essas preocupações, como de costume, para ANDRE DE
SOUZA, JOAQUIM LIMA e PAULO FURTADO mas a determinação era de fazer,
pois era um prometo de governo e todos os Fundos de Pensão entrariam; (…)
processo licitatório para as 21 sondas restantes de uma única vez. Deste processo participaram
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apenas duas empresas: SETE BRASIL e a empresa grega Ocean Rig, sendo que a Ocean Rig
venceu a licitação referente a cinco das sondas, e a SETE BRASIL venceu com relação às
outras 16. Entretanto, a SETE BRASIL apresentou recurso e em fevereiro de 2012 a
PETROBRAS ampliou o objeto do certame para contemplar as pretensões de ambas as
empresas, ampliando o número de sondas para 26 (vinte e seis), sendo que a SETE BRASIL
construiria 21 e a Ocean Rig construiria as outras 5.
Assim, a SETE BRASIL comprometeu-se a construir o total de 28 sondas (as 7
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Entretanto, antes mesmo de receber a resposta oficial dos cotistas do FIP
Sondas, a Sete Brasil já começou a assumir compromissos contando com o futuro aumento de
capital, notadamente a negociação de condições junto à PETROBRAS, com a conclusão
dessas negociações assegurando a contratação do Segundo Sistema e a celebração de
contratos junto aos estaleiros, entre março e abril de 2012, para a construção das sondas.
A SETE BRASIL venceu o processo licitatório para construção das sondas em
9 de fevereiro de 2012, passando a aumentar seu capital social em 29 de fevereiro e 12 de
práticas) que o investimento dever ter decorrido "de ordem de cima"; QUE no se-
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gundo aumento de capital, não houve espaço para todos os investidores interessa-
dos no projeto; QUE entende ser importante salientar que a PREVI nunca demons-
trou pelo investimento o mesmo interesse dos demais investidores; QUE a PREVI
demorou bastante para se engajar em conversas de estruturação, modelagem e go-
vernança; QUE a PREVI considerava a operação bastante complexa, e já era acio-
nista de referência da Petrobras; (...)
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própria SETE BRASIL, em 2014, diante dos enormes desequilíbrios entre passivos e ativos
circulantes, reconhecera que havia uma “incerteza material que pode suscitar dúvidas
significativas sobre a continuidade operacional da Companhia”. Dois anos depois, em
15/06/2016, foi deferido pedido de recuperação judicial apresentado pela SETE BRASIL.
Por todo o exposto, a denúncia conclui que os fundos de pensão, de forma
absolutamente temerária, influenciados pela PETROBRAS e pelo Governo Federal, aceitaram
aportar recursos bilionários na Sete Brasil de forma absolutamente temerária.
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Entretanto, após receber o Voto DIRIN 019/11, a Diretoria Executiva da
FUNCEF, em 26/04/2011, determinou, antes de aprovar o investimento, que a DIRIN
apresentasse pareceres das áreas jurídicas, de conformidade e risco e de participações
societárias, deixando a questão para ser decidida posteriormente.
Posteriormente, DEMÓSTHENES MARQUES firmou a Nota NDE/DIRIN
015/11, por meio da qual complementava seu Voto DIRIN 019/11 com os pareceres
solicitados pela Diretoria Executiva.
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FUNCEF: "RA GEAUD 056/2016 #30, DE 15/02/2017" e o relatado nos parágrafos
25 e 26 deste Laudo, que as constatações do PA COANI 007/11 FUNCEF são "con-
tas de chegada" ou seja, não possuía um detalhamento específico para justificar o in-
vestimento. Esse entendimento é corroborado pelo AUTO DE INFRAÇÃO N°
4/2018/PREVIC (Superintendência Nacional de Previdência do Ministério da Fazen-
da) Referência n°: 44011.001157/2018- 36, vide figura 12.
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quisitadas pelo estaleiro quanto a capacidade dos fornecedores de atender às
necessidades que a escala de produção exigiria são fatores que não receberam
qualquer destaque no processo decisório da FUNCEF;
7. Deficiência quanto à avaliação do real alcance da estrutura de seguros e ga-
rantias: a estrutura proposta de garantias e de seguro, embora expresse que há
uma proteção contra atrasos, não evidencia a proporção do impacto que esta-
ria de fato cobrindo, já que o custo para a Sete Brasil deveria ser proporcional
ao risco inerente ao objeto segurado;
8. Deficiências quanto à não avaliação dos riscos o FIP ser responsabilizado por
passivos da Sete Brasil: não obstante o volume de contratações projetado e a
intrincada rede de relações de fornecedores que se estabeleceria, o processo
decisório da FUNCEF em momento algum identificou ou se propôs a avaliar
os riscos de eventualmente ter que enfrentar reflexos de eventual judicializa-
Ainda que alguns dos riscos acima tenham sido mencionados no PA GEANI
007/11, foram eles meramente listados (como bem alerta o relatório do auto de in-
fração ° 6/2018 da PREVIC), sem qualquer análise perfunctória, a qual poderia
conduzir inclusive à rejeição integral do investimento no FIP Sondas - e na Sete
Brasil.
Diversas das deficiências e irregularidades descritas acima foram captadas
pelos auditores da PREVIC no relatório do auto de infração n° 6/2018, que apontou
as seguintes irregularidades estão presentes na análise da proposta de investimento
no FIP Sondas:
ao FIP Sondas;
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4. Falha de monitoramento do investimento ao deixar de observar normativos
internos da FUNCEF e aprovar antecipação dos aportes deixando de observar
os princípios do conservadorismo e prudência;
5. Falha ao deixar de avaliar os potenciais conflitos de interesse dos seus presta-
dores de serviços.
deria, com alta probabilidade, implicar em atraso muito superior a dois anos.
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A temeridade do investimento realizado pela FUNCEF no FIP Sondas tam-
bém é atestada pela conclusão final a que chegou a Força-Tarefa constituída pela
Caixa Econômica Federal para apurar ilícitos de sua patrocinada; vejamos:
255. A partir do estudo relatado acima, esta Força Tarefa CPI dos Fundos
de Pensão e Operação Greenfield, instituída pela PRESI no âmbito da CAIXA, con-
cluiu que há indícios de irregularidades na atuação de diferentes agentes, ao longo
do processo de investimento no FIP SONDAS, que podem ter contribuído para pre-
juízo dos Planos de Benefício geridos pela FUNCEF.
256. No âmbito do processo decisório, verificou-se possível inobservân-
cia de disposições normativas da FUNCEF vigentes na época, necessárias à confor-
midade e segurança do investimento, seja pela restrição do escopo das análises ju-
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264. Há indicativos, portanto, de falhas no processo decisório e no pro-
cesso de gestão e acompanhamento do investimento, que podem ter contribuído para
o montante, ainda que em parte, dos valores provisionados em prejuízo.
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conhecidos, tais como os atrasos na construção das sondas no Estaleiro Atlântico Sul e os
entraves no financiamento do BNDES, dentre outros problemas.
No entanto, de forma ainda mais temerária, em 24 de abril de 2012 a Diretoria
Executiva da FUNCEF, então formada pelos denunciados CARLOS CASER, CARLOS
BORGES, MAURÍCIO MARCELLINI e ANTÔNIO BRÁULIO, além de José Carlos Alonso
Gonçalves e Rafael Pires de Sousa, ao apreciar a proposta constante no voto VO DIPAR
032/12, de CARLOS BORGES, aprovou, sem maior aprofundamento técnico, um novo
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nº 7.492/1986. O mencionado delito foi praticado desde a primeira subscrição de cotas (por
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meio da qual a FUNCEF aportou R$ 350.000.000,00 (trezentos e cinquenta milhões de reais)
e foi novamente praticado com a aquisição de cotas da segunda emissão (referente ao
“Segundo Sistema”), em que a FUNCEF aportou mais R$ 1.042.000.000,00 no FIP
SONDAS, de forma absolutamente temerária.
Como resultado dos diversos problemas relacionados ao empreendimento, que,
como se demonstrou, eram visíveis desde seu início e haviam se tornado ainda mais aparentes
à época da aprovação da segunda subscrição de cotas, a SETE BRASIL, que já apresentava
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pela FUNCEF, apresentando um cenário ficticiamente otimista para o novo investimento e
sem as necessárias análises de riscos. Salienta-se que a Diretoria de Participações era o setor
responsável por acompanhar de perto o investimento já realizado na SETE BRASIL por meio
do FIP SONDAS.
Assim, embora os demais diretores tenham concorrido diretamente para
prejuízos causados pela FUNCEF ao acolher os posicionamentos de DEMÓSTHENES
MARQUES e CARLOS BORGES em seus votos favoráveis ao investimento, nas condições
lores provenientes da infração penal, com o fim de ocultar ou dissimular a sua ori-
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gem, sendo peça fundamental para a aprovação do investimento.
Também, o colaborador José Adelmário Pinheiro Filho, ex-presidente da
OAS, praticou corrupção ativa e lavagem de dinheiro, já que foi o responsável
por oferecer vantagem ilícita ao ex-diretor Carlos Augusto Borges, a fim de que
este viabilizasse o investimento no FIP OAS Empreendimentos. Além disto, José
Adelmário Pinheiro Filho buscou ocultar ou dissimular a natureza da “propina”,
por meio da conversão destes valores em ativos lícitos.
Nesse contexto, as condutas cuja prática foi denunciada no bojo da ação penal
nº 1058284-03.2020.4.01.3400 foram gestão fraudulenta (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986),
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aprovou, por deliberação de seus diretores (Ata nº 1127), a contratação da empresa Deloitte
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Touche Tohmatsu para prestação de serviços de assessoria financeira e jurídica (due
diligence). A ata em questão foi aprovada por deliberação dos diretores CARLOS CASER
(Diretor-Presidente), ANTÔNIO BRÁULIO (Diretor de Planejamento e Controladoria),
HUMBERTO GRAULT (Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias em exercício),
JOSÉ CARLOS ALONSO GONÇALVES (Diretor de Benefícios), Maurício Marcellini
(Diretor de Investimentos) e Renata Marotta (Diretora de Administração), ausente o Diretor
de Participações Societárias e Imobiliárias CARLOS AUGUSTO BORGES.
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poderão ser mais diretos, uma vez que a participação no FIP OAS Empreendimentos pode vir
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a ser demandada perante terceiros, no caso de eventuais obras interrompidas (riscos de
incorporação), em decorrência da desconsideração da personalidade jurídica da empresa.
Em 18 de dezembro de 2015, foi elaborada pela empresa Deloitte uma nova
avaliação econômico-financeira das operações consolidadas da OAS empreendimentos S.A., a
pedido do FIP OAS Empreendimentos, visando fornecer subsídios para contabilização do
valor de mercado das cotas da OAS. O resultado, considerando o cenário de recuperação
judicial da empresa, foi de que a OAS não apresenta valor econômico, uma vez que todo o
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para sua aprovação estavam vinculados à diretoria que ele comandava (DIPAR).
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Acerca das supracitadas tratativas ilícitas entre Léo Pinheiro e Carlos Borges,
oportuna se faz a transcrição do seguinte trecho da denúncia correspondente:
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investimento, pois o parecer recomendado o investimento e o voto para a sua
aprovação estavam vinculados à Diretoria comandada por Carlos Borges.
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Nota-se que foram realizados diversos encontros entre o Sr. Leo Pinheiro e o
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ex-diretor da FUNCEF Carlos Borges.
‘05/11/2014 – respondeu que Borges queria ficar na Funcef, mas nunca pediu
para um político esse tipo de favor.f
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22/12/2013 – confirmou que deve ser o pagamento do apartamento que
alugou para Carlos Borges, que foi via Garreta.
Disse que o problema da Caixa como patrocinadora, o Borges (papel dele não
era só de aceitação, era um papel bem ativo).
06/2014 – procurou o Vaccari para falar que estava sendo procurado para dar
apoio no Maranhão.
01/2013 – disse que é algum dinheiro.
03/2013 – ‘Machão’ disse que é o Caser.
04/2013 – Mensagem do Gustavo Rocha, respondeu que Gustavo Rocha era
presidente da Invepar, veio para a OAS para começar a estudar. Tinha muito
problema entre Gustavo e Carlos Borges. Disse que Borges não tinha uma relação
muito boa com Gustavo.
05/2013 – APT deve ser algo relacionado aos fundos da INVEPAR.
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http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 57b7eba1.a45ced61.760211db.52ff8508
Acerca da irregularidade descrita no item “d”, referente à avaliação
econômico-financeira da empresa OAS Empreendimentos S.A. realizada pela Deloitte, o
Relatório da CTA da FUNCEF informou que apenas duas empresas: Modal Assessoria
Financeira Ltda e Deloitte Touche Tohmatsu, haviam apresentado proposta técnica para
elaboração da avaliação econômica financeira. Assim, a CTA ressaltou que o número de
apenas duas propostas fragilizou o processo de escolha da empresa avaliadora.
Acerca da irregularidade descrita no item “d”, referente à avaliação
econômico-financeira da empresa OAS Empreendimentos S.A. realizada pela Deloitte, o
Relatório da CTA da FUNCEF informou que apenas duas empresas: Modal Assessoria
Financeira Ltda e Deloitte Touche Tohmatsu, haviam apresentado proposta técnica para
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apenas duas propostas fragilizou o processo de escolha da empresa avaliadora.
Com relação à avaliação econômico-financeira da empresa OAS
Empreendimentos realizada pela Deloitte, que serviu de base para todas as análises das áreas
técnicas da FUNCEF, o Relatório de Fiscalização nº 01/2016/CFDF/PREVIC indicou diversas
fragilidades, dentre as quais o fato de que as premissas utilizadas para avaliação dos
empreendimentos imobiliários foram fornecidas pela própria OAS Empreendimentos,
empresa controlada pela OAS S/A (a “vendedora” do negócio), sem que houvesse uma
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ção dos pareceres de risco PA GECOR 196/13 e de conformidade PA GECOR
197/13, anterior à análise do grupo Técnico de Investimento consubstanciada na
Ata de Reunião n. 100, instrumentos técnicos aptos a avaliar os riscos do investi-
mento e apontar as falhas existentes, violando normas internas da FUNCEF.
b) Os supracitados pareceres PA GECOR 196/13 e 197/13 foram apresentados apenas
na Reunião da Diretoria executiva de 20 de novembro de 2013, que aprovaria o in-
vestimento, de modo que não haveria tempo para realizar uma análise satisfatória.
c) Foram ignoradas as ressalvas ao investimento apresentadas ela Gerência Jurídica
da FUNCEF.
d) Não houve a devida segregação de funções entre as áreas técnicas da FUNCEF na
condução do investimento para sua aprovação, pois Humberto Grault assinou o PA
COANI 007/13 na condição de Gerente da GEPAR e assinou o VOTO DIPAR 034
apresentadas por alguns dos diretores com relação ao investimento, notadamente referentes ao
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desconhecimento da taxa de retorno do negócio, à falta de tempo para realização de uma
leitura minuciosa dos pareceres do GECOR4 e aos riscos jurídicos existentes, o então Diretor
Presidente Carlos Caser considerou aprovado o investimento, sem que houvesse objeção por
parte dos demais diretores.
Desse modo, foi aprovado o investimento no FIP OAS Empreendimentos. Conforme
já descrito anteriormente, em 14 de fevereiro de 2014 ocorreu a integralização de 42.236
novas cotas do fundo, no montante de R$ 200 milhões de reais, referentes à sua segunda
Executiva da FUNCEF por meio do VOTO 034/13 e realizando a sustentação oral e defesa do
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investimento na reunião da Diretoria que o aprovou.
Assim, embora os demais diretores tenham concorrido diretamente para
prejuízos causados pela FUNCEF ao acolher o posicionamento da DIPAR no contexto
relatado, verifica-se que os dois gestores mencionados tiveram, neste investimento, uma
posição de protagonismo.
Ressalta-se que todas as ilicitudes apontadas já foram amplamente detalhadas
na denúncia que inaugurou a ação penal nº 1058284-03.2020.4.01.3400, cuja cópia segue
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mil reais), consistente no valor médio do subfaturamento do imóvel por ocasião da alienação,
em flagrante prejuízo aos cofres da FUNCEF e em benefício aos sócios da empresa
compradora.
Os fatos que envolveram a prática de gestão fraudulenta no âmbito da venda
das salas do Edifício OAB serão descritos resumidamente a seguir.
Por meio das Resoluções/Ata nº 084/1162, de 28 de maio de 2014 e 034/402,
de 03 de julho de 2014, a Diretoria Executiva e o Conselho Deliberativo da FUNCEF
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o valor de R$ 1.560.000,00.
A promessa de compra e venda dos imóveis foi subscrita apenas pelo Diretor
de Participações da FUNCEF, CARLOS BORGES, e pelos sócios da empresa adquirente,
ignorando a determinação constante na Portaria nº 027/2014 da Presidência da FUNCEF, de
10/06/2014, que determinava que os contratos assinados pelo diretor da DIPAR fossem
assinados também pelo diretor da DIBEN (que então era Délvio Joaquim Lopes de Brito). Na
mesma data da assinatura da promessa de compra e venda, conforme previa o referido
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hesitação da DIBEN, a própria DIBEN tomou a iniciativa de, após o laudo da QUANTO,
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contratar os serviços de consultoria da engenheira civil Valéria Martins Salgado, não com a
finalidade de avaliar novamente os imóveis, mas sim para analisar a qualidade técnica do
laudo produzido pela empresa QUANTO. Com efeito, Valéria Martins é uma das maiores
especialistas em avaliação de imóveis no país, tendo trabalhado na avaliação de imóveis para
a CAIXA por 18 anos, onde também foi instrutora por 10 anos. Também ministra cursos por
todo o Brasil, atua como perita judicial e participou da elaboração de normas técnicas sobre o
assunto.
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valor pelo qual as salas foram efetivamente alienadas.
Em razão disso, CARLOS BORGES, JÚLIO NEVES e ROSANA AIRES
foram alvo de denúncia, no bojo da ação penal nº 1023258-12.2018.4.01.3400, pela prática de
gestão fraudulenta da FUNCEF (Art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86), bem como de desvio de
instituição financeira (Art. 5º da Lei nº 7.492/1986), uma vez que a alienação dos imóveis
subvalorizados beneficiou ilicitamente os sócios da empresa adquirente, em prejuízo da
FUNCEF. O prejuízo à FUNCEF, conforme indicado na denúncia, foi de R$ 636.000,00
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Os atos ilícitos relacionados ao investimento da FUNCEF no FIP BRASIL
PETRÓLEO 1 serão descritos resumidamente a seguir.
O FIP Brasil Petróleo 1 (FIP BP 1) foi constituído junto à CVM em 03 de
janeiro de 2012, tendo por objetivo direcionar investimentos a companhias brasileiras
pertencentes à cadeia produtiva de suprimentos de bens e serviços para a indústria de petróleo
e gás. Seu administrador era a BNY Mellon Serviços Financeiros Distribuidora de Títulos e
Valores Mobiliários S.A, tendo sido substituída em 2013 pela Caixa Econômica Federal.
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demonstrasse a viabilidade do retorno projetado, o parecer recomendou o investimento de R$
100 milhões pela FUNCEF no FIP Petróleo e Gás, antigo nome do FIP Brasil Petróleo 1.
Ademais, a denúncia ressalta que a FUNCEF liderou a escolha de gestores que
não tinham a experiência necessária para gerir o FIP. Foram escolhidos o BANCO
SANTANDER e a empresa MARE INVESTIMENTOS para iniciarem uma gestão em
coparticipação. Todavia, a empresa MARE INVESTIMENTOS não tinha qualquer
experiência no setor e tampouco possuía qualquer recurso sob gestão. Quando ao
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realiza análise de risco), além de Rafael Pires de Souza (Diretor substituto de Administração)
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e José Carlos Alonso Gonçalves (Diretor de Benefícios) aprovaram (Ata nº 1044) de forma
temerária o investimento no FIP Brasil Petróleo 1, no valor de até R$ 100.000.000,00 (cem
milhões de reais), dos quais R$ 52.138.070,74 chegaram a ser efetivamente aportados.
A denúncia relata também que além do ato temerário praticado pelos gestores
com relação à decisão de investimento no FIP Brasil Petróleo 1, também foram praticados
outros atos temerários na aprovação dos investimentos que posteriormente foram realizados
pelo FIP Brasil Petróleo 1 nas empresas BRASIL PETRÓLEO PARTICIPAÇÕES S.A.
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Fundação. Deixaram de classificar a probabilidade de sua ocorrência ou os possíveis
impactos, deixando de mencionar riscos importantes, como risco de mercado, operacional e
legal.
Ao limitar-se a emitir voto favorável apenas com base nos dados apresentados
pelo gestor, sem analisá-los, e sem a necessária análise aprofundada dos riscos envolvidos, os
gestores da FUNCEF agiram de forma temerária e violaram os princípios da segurança e
rentabilidade previstos no art. 4º da Resolução nº 3.792/2009 do Conselho Monetário
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tendo sido aberta apenas quatro meses depois, em 05/12/2012, para compor o aporte conjunto
dos FIPs Brasil Petróleo 1 e 2. A empresa DEEPFLEX DO BRASIL, por sua vez, também foi
aberta apenas meses após a aprovação do investimento, em 07/01/2013. Assim, estas
empresas foram criadas apenas como veículos financeiros para conferirem ao investimento
em empresa estrangeira uma roupagem de licitude e permitirem a transferência dos valores
aportados para a companhia americana.
De fato, o FIP aportou o montante de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de
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sua análise, sem classificá-los quanto à probabilidade de incidência e aos impactos que
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poderiam causar, deixando de atender os requisitos constantes dos normativos da Resolução
CMN nº3.792/09.
Quanto ao terceiro investimento realizado pelo FIP Brasil Petróleo 1, referente
ao Projeto POSEIDON, novamente se verificaram irregularidades semelhantes às das outras
ocasiões. Neste empreendimento, a FUNCEF, por meio da orientação OV GEPAR 345/14, de
05/09/2014, emitiu voto favorável ao investimento do FIP no projeto POSEIDON (aprovado
pela Ata da 6ª Reunião do Comitê de Investimentos de 09/09/2014) sem realizar as
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fornecidas pelos gestores do FIP.
Acerca da análise de riscos, os diretores da FUNCEF novamente deixaram de
analisar todos os riscos definidos na Resolução CMN nº 3.792/2009, limitando-se a listar
alguns deles, mas sem classificá-los segundo sua probabilidade de ocorrência e calcular qual
seria seu impacto, descumprindo assim as exigências do art. 12 da Resolução CGPC nº
13/2004.
Outrossim, verificou-se que a decisão de investimento da FUNCEF no projeto
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e Imobiliárias tiveram um papel de destaque na condução do processo de investimento no
âmbito da FUNCEF.
Com efeito, foi DEMÓSTHENES MARQUES, Diretor de Investimentos da
FUNCEF, quem recomendou a aprovação do investimento no FIP BRASIL PETRÓLEO 1 à
Diretoria Executiva da FUNCEF por meio do Voto DIRIN 037/11, de 30/09/2011.
Ademais, a denúncia ressalta a responsabilidade dos membros da Diretoria de
Participações com relação aos investimentos realizados, nos seguintes termos:
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para prejuízos causados pela FUNCEF ao acolher os posicionamentos da DIRIN e da DIPAR
no contexto relatado, verifica-se que os gestores responsáveis por estas áreas
(DEMÓSTHENES MARQUES, CARLOS BORGES e HUMBERTO GRAULT) tiveram,
neste investimento, uma posição de protagonismo.
Ressalta-se que todas as ilicitudes apontadas já foram amplamente detalhadas
na denúncia que inaugurou a ação penal nº 1034846-45.2020.4.01.3400, cuja cópia segue
anexa a esta petição.
A partir da referida investigação, foram obtidas provas de que, por meio dos
fatos que passaremos a narrar e com as circunstâncias que serão aqui detalhadas,
entre setembro de 2012 e maio de 2014, nesta capital federal, os denunciados
MAURÍCIO MARCELLINI PEREIRA (na condição de Diretor de
Investimentos da FUNCEF), CARLOS AUGUSTO BORGES (na condição de
Diretor-Presidente da FUNCEF), CARLOS ALBERTO CASER (na condição de
Diretor-Presidente da FUNCEF), com a participação dos empresários
FERNANDO LUIZ AYRES DA CUNHA SANTOS-REIS (Presidente da
Odebrecht Ambiental) e SAMUEL AUGUSTO DE OLIVEIRA FILHO (Sócio
da empresa VOGA e responsável pela valuation da empresa Odebrecht Utilities),
geriram de forma fraudulenta a Fundação dos Economiários Federais
(FUNCEF) - Fundo de Pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal
(CEF) - para permitir a aprovação de aporte de capital da FUNCEF, bem
como realizar efetivamente tal aporte, no montante de R$ 300.000.000,00
(trezentos milhões de reais), em favor da empresa Odebrecht Utilities S.A, por
meio do Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Operações Industriais,
sem a observância dos deveres de diligência, com violação de normas internas
sobre o processo decisório de investimento, da Resolução CMN n° 3.792/098 e da
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pela Voga Empreendimentos e Participações Ltda. (VOGA), que avaliaram, de
forma superestimada, no valor de R$ 1,44 bilhão, os ativos da Odebrecht Utilities
(beneficiando os sócios/controladores da companhia avaliada), em flagrante
prejuízo para a FUNCEF, que acabou por despender recursos incompatíveis com o
valor econômico dos ativos cuja participação acionária adquiriu.
Outrossim, os denunciados MAURÍCIO MARCELLINI PEREIRA (na
condição de Diretor de Investimentos da FUNCEF), CARLOS AUGUSTO BOR-
GES (na condição de Diretor-Presidente da FUNCEF), CARLOS ALBERTO
CASER (na condição de Diretor-Presidente da FUNCEF), com a participação dos
empresários FERNANDO LUIZ AYRES DA CUNHA SANTOS-REIS (Presi-
dente da Odebrecht Ambiental) e SAMUEL AUGUSTO DE OLIVEIRA FILHO
(Sócio da empresa VOGA e responsável pela valuation da empresa Odebrecht Uti-
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Salienta-se, entretanto, conforme narrado na denúncia, que o investimento do
FI-FGTS na Odebrecht Ambiental (à época denominada Foz do Brasil) fora realizado no
âmbito de um esquema criminoso em operação na Caixa Econômica Federal e no FGTS, que
envolveu negociações ilícitas entre André Luiz de Sousa, membro suplente do Comitê de
Investimentos do FI-FGTS, e os executivos da Foz do Brasil NEWTON DE LIMA
AZEVEDO JÚNIOR e FERNANDO LUIZ AYRES DA CUNHA, com pagamento de
propinas a André Luiz e a Roberto Madoglio, que então trabalhava na Gerência Nacional de
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Acerca das mencionadas fragilidades, a denúncia, com base nos pareceres
técnicos produzidos ao longo das investigações, aponta principalmente o seguinte:
1) Todos os dados que embasaram o estudo foram fornecidos pela própria Odebrecht
e não houve qualquer verificação independente das informações fornecidas.
2) O prêmio de risco de mercado5 no valor de 3,35%, usado pela VOGA no cálculo
do cenário escolhido, estava bem menor do que deveria, em desconformidade com
5 O prêmio de risco de mercado corresponde à diferença entre o retorno médio do mercado e a taxa livre de
risco, e impacta diretamente na taxa de desconto, que por sua vez, é fator determinante da precificação.
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mínimo de R$ 47.916.666,67 (sem atualização).
De posse do estudo elaborado pela VOGA, que precificou a Odebrecht Utilities
em R$ 1,440 bilhão, a FUNCEF deu continuidade ao processo de investimento.
Por meio do PA GEANI 015/13, de 11 de junho de 2013, foi apresentada às
demais áreas da FUNCEF a oportunidade de investimento no FIP Operações Industriais. O
investimento previa uma Taxa Interna de Retorno de 11,5%, pouco atrativa para a FUNCEF,
conforme mencionado no próprio PA GEANI. No entanto, a taxa seria compensada por
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pela DIRIN e pela Diretoria Executiva da FUNCEF, que já tinham decidido anteriormente
pela aprovação do investimento independente das conclusões destes setores técnicos da
Fundação.
Desse modo, em 08/10/2013, com base no VOTO DIRIN 051/13, de
MAURÍCIO MARCELLINI, a Diretoria Executiva da FUNCEF, baseando-se nas premissas
fornecidas pelo estudo da VOGA, aprovou o investimento de até R$ 300 milhões no FIP
Operações Industriais, limitado a 25% do capital comprometido no Fundo (Resolução/Ata nº
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insuficiente dos riscos, com desconsideração dos riscos apontados pelas áreas técnicas na
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análise prévia do investimento e falta de abordagem dos riscos de crédito, de mercado, de
liquidez, operacional, legal e sistêmico.
Conforme a norma IF 010 02, de 25/07/2007, cabia à área de investimentos e
participações da FUNCEF avaliar a proposta de investimentos, baseada em pareceres
técnicos. Contudo, na aprovação do primeiro aporte no FIP Operações industriais não houve
efetivamente análise de riscos das áreas técnicas responsáveis da FUNCEF, em
descumprimento à referida norma interna, como já detalhado na denúncia.
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investimento no âmbito da FUNCEF até a decisão da Diretoria Executiva.
Com efeito, MAURÍCIO MARCELLINI recomendou o investimento à
Diretoria Executiva por meio do VOTO 051/13. Ademais, conforme ressaltado na denúncia,
embora o referido voto teria se baseado no parecer CI GEANI 254/13, verificou-se que este
documento na verdade foi elaborado posteriormente ao voto. Além disso, o voto de
MAURÍCIO MARCELLINI também foi elaborado anteriormente à reunião do Grupo Técnico
da FUNCEF e à finalização dos trabalhos de due diligence contratados da empresa
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referente aos gestores da FUNCEF; 1029181-82.2019.4.01.3400, referente aos gestores da
PETROS; e nº 1029185-22.2019.4.01.3400, referente aos gestores da PREVI.
Todavia, a presente petição focará apenas nos fatos ocorridos no âmbito do
investimento realizado pela FUNCEF, que é objeto da ação penal 1029168-
83.2019.4.01.3400.
Nas mencionadas ações penais, o Ministério Público Federal denunciou
GUILHERME NARCISO DE LACERDA (Diretor-Presidente da FUNCEF), JORGE LUIZ
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Ao ser constituído o FIP GLOBAL EQUITY tinha como gestora a empresa
GLOBAL EQUITY ADMINISTRADORA DE RECURSOS S.A. (“GLOBAL”), cujos
acionistas eram os denunciados MARCO ANTÔNIO DE FREITAS PINHEIRO e PATRÍCIA
ARAÚJO BRANCO.
Os cotistas do FIP GEP eram diversos fundos de pensão, dentre os quais a
FUNCEF, e a empresa GEP Realizações Imobiliárias Ltda, que fora criada com composição
societária semelhante à da empresa GLOBAL e com o objetivo de prestar serviços
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GLOBAL, MARCO ANTÔNIO geriu fraudulentamente o FIP GEP, em comunhão de
desígnios com FREDERICO DANTAS, também na contratação da empresa ATLANTES
ESTRUTURAÇÃO DE PROJETOS LTDA, pertencente a FREDERICO DANTAS (ex-sócio
do grupo Global), pela prestação de serviços de prospecção de negócios (finder’s fee).
Além disso, a denúncia também relata que MARCO ANTÔNIO, diretor
executivo da gestora GLOBAL, por quatro vezes falsificou laudos de avaliação de imóveis
produzidos pelas empresas Colliers International e Cushman & Wakefield, apresentando aos
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fraudulenta praticados no âmbito da FUNCEF por seus diretores, com relação ao investimento
no FIP GEP.
A denúncia resume as imputações feitas aos diretores da FUNCEF da seguinte
forma:
A partir da referida investigação, foram obtidas provas de que, por meio dos
fatos que passaremos a narrar e com as circunstâncias que serão aqui detalhadas,
entre 2008 até 2014, os acusados GUILHERME NARCISO DE LACERDA (na
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Corporativos (GECOR), cuja função primordial é analisar os riscos dos investimentos,
cumpriu este papel.
Apesar disso, por meio do VO DIPAR 009/08, de 29/01/2008, o Diretor de
Participações Societárias e Imobiliárias JORGE LUIZ DE SOUZA ARRAES recomendou o
investimento à Diretoria Executiva da FUNCEF.
Posteriormente, por meio da RESOLUÇÃO/ATA 039/875, de 26/02/2008, a
Diretoria Executiva da FUNCEF, formada por GUILHERME LACERDA (Diretor-
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060/2012, esclareceu que a FUNCEF não estava obrigada a realizar novos aportes no FIP e
tinha a possibilidade de solicitar os valores excedentes ao limite aprovado pela Diretoria
Executiva, uma vez que sua vinculação era de subscrever apenas na primeira emissão de cotas
e no limite de 20% das ações. Entretanto, poucos dias depois, a Diretoria Executiva, por meio
da RESOLUÇÃO/ATA nº 079/1070, de 08/05/2012, retificou a participação da FUNCEF para
até 25%, ignorando o parecer da Gerência Jurídica e sem ter realizado novas análises técnicas
e de conveniência, e ainda sem qualquer avaliação de riscos.
A Global Equity derivou do grupo Global, porém não se verificou uma análise
aprofundada de qual a experiência desse grupo na atuação específica no setor imobi -
liário, qual o histórico de sucesso específico em investimentos imobiliários ou mesmo
a realização de uma due diligence em relação à gestora e às pessoas que as compu -
nham, como seria de se esperar pelos princípios da transparência, prudência e segu-
rança do investimento. [...]
No presente caso, seja por não ter realizado uma avaliação prévia detalhada da
gestora, seja por não ter acompanhado devidamente todas as aplicações de recursos
efetuadas em SPE no âmbito do FIP, deixaram os dirigentes da FUNCEF de respeitar
os princípios da prudência e da segurança do investimento e descumpriram com o seu
dever de diligência.
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período de 06/07/2009 a 10/05/2011) e CARLOS BORGES (na condição de DIPAR no perío-
do de 11/05/2011 a 10/08/2015), destacando que tal conduta foi contrária ao objetivo da FUN-
CEF com o investimento no FIP GEP, principalmente tendo em vista que um dos motivos da
decisão de investimento era exatamente o fato de que a FUNCEF teria governança no Fundo
por meio de sua participação no Comitê de Investimento.
A denúncia relata também, a fim de indicar a falta de acompanhamento do in-
vestimento pelos diretores da FUNCEF, que houve uma mudança na metodologia de avalia-
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Com efeito, JORGE ARRAES foi quem levou o investimento à Diretoria
Executiva por meio do VO DIPAR 009/08, de 29/01/2008, apesar da ausência das necessárias
análises de riscos. Após a aprovação da Diretoria Executiva JORGE ARRAES, Diretor de
Participações e CARLOS CASER, Diretor de Benefícios, representando a FUNCEF,
firmaram Compromisso de Investimento num FIP num limite superior ao que fora autorizado
pela Diretoria Executiva.
Ademais, acerca dos investimentos realizados pelo FIP posteriormente, eram os
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tor de Benefícios da FUNCEF) e CARLOS ALBERTO ROSA (Gerente da Ge-
rência de Participações Mobiliárias - GEPAR/FUNCEF), com a participação do
empresário JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS (sócio/controlador da
Multiner S/A à época dos fatos), HUMBERTO PIRES GRAULT VIANNA DE
LIMA (ex- Presidente e Diretor da Vitória Asset, gestora do FIP Multiner em 2009)
e DIEGO DE MAGALHÃES OZORIO (sócio da CG Quatro Consultoria e res-
ponsável pela valuation da Multiner S.A.), geriram de forma fraudulenta a Funda-
ção dos Economiários Federais (FUNCEF) - Fundo de Pensão dos funcionários da
Caixa Econômica Federal (CEF) - para permitir a aprovação do primeiro apor-
te de capital da FUNCEF, bem como realizar efetivamente tal aporte, no mon-
tante de R$ 102.300.000,00 (centro e dois milhões, e trezentos mil reais), em favor
da MULTINER S/A, por meio do Fundo de Investimentos em Participações
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GUSTO BORGES (Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da FUN-
CEF), CARLOS ALBERTO CASER (Diretor de Benefícios à época dos primei-
ros aportes realizados em 2009, e Diretor-Presidente em 2012) e HUMBERTO PI-
RES GRAULT VIANNA DE LIMA (agora como Gerente da Gerência de Partici-
pações Mobiliárias - GEPAR/FUNCEF), com a participação de JOSÉ AUGUSTO
FERREIRA DOS SANTOS (Controlador da Multiner S.A.), RONALDO MAR-
CELIO BOLOGNESI (controlador do Grupo Bolognesi) e PAULO CESAR
RUTZEN (Diretor do grupo Bolognesi — Bolognesi Energia S.A.), aprovaram,
de forma fraudulenta, a participação da FUNCEF no processo de reorganiza-
ção societária e reestruturação financeira da Multiner S.A., com mais outro
aporte no fundo, agora de R$ 84.630.552,07.
Nessa etapa, os aportes da FUNCEF no FIP Multiner ocorreram nas seguin-
Por sua vez, a MULTINER S.A. é uma empresa de capital aberto e foi
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constituída em 21 de maio de 2007. Originalmente, possuía como razão social a denominação
“2010 Geração de Energia e Participações S.A.”. A empresa tem por escopo o investimento
em empreendimentos e sociedades do ramo de energia elétrica. Em 2009, suas atividades
eram voltadas à construção, montagem e operação de sua única usina termelétrica em
operação, a UTE Cristiano Rocha, em Manaus (AM), de propriedade da empresa Rio
Amazonas Energia S.A.
A emissão de cotas do FIP MULTINER foi de 412 quotas com preço inicial de
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empresa recém-criada e desconhecida no mercado.
O Relatório de Auditoria elaborado pela FUNCEF em 11/03/2016 apontou as
seguintes irregularidades referentes à contratação da CG4:
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Avaliação Multiner S.A. – Estudo Complementar de Cenários é datado de 24/09/2009. Ambos
foram apresentados por DIEGO OZÓRIO, sócio da CG4. Os laudos avaliaram 29 empreendi-
mentos da empresa MULTINER S.A.
Foram identificadas no laudo diversas fragilidades que ocasionaram a sobre-
precificação da empresa MULTINER. Em síntese, a denúncia apontou principalmente o se-
guinte:
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ção estava em vias de ser adquirida pela MULTINER, mas ainda não
integrava seu portfólio, sem considerar possíveis riscos decorrentes de
eventual impossibilidade na concretização da aquisição.
k. Inconsistência na forma como foi definida a evolução dos lucros líqui-
dos das usinas.
Desse modo, após todas as irregularidades, que contribuíram para elevar o va-
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lor da avaliação da empresa MULTINER, em benefício de seus sócios, a CG4 precificou a
empresa em R$ 2.196 bilhões. Tal valor, embora superfaturado, ainda era menor que o que
fora indicado pela gestora do FIP, VITÓRIA ASSET, representada por HUMBERTO
GRAULT, para a empresa. Com efeito, a gestora, ao oferecer à FUNCEF a proposta de inves-
timento no FIP MULTINER, indicara para a empresa investida (MULTINER) o valor de R$
2.346 bilhões.
Ressalta-se que a FUNCEF não realizou nenhum estudo próprio de avaliação
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ternas da FUNCEF (Circular Normativa IF 010 02). Ademais, não houve parecer de risco e
tampouco houve parecer prévio da Diretoria de Investimento.
Nesse contexto, a denúncia conclui que os denunciados agiram com afronta às
disposições contidas na Resolução nº 3.792 do CMN, pela inobservância dos princípios de se-
gurança, rentabilidade, solvência, liquidez e pela falta de diligência, em razão da deficiência
quanto à avaliação, ao controle e ao monitoramento dos riscos do negócio, e também pela au-
sência de avaliação acerca da capacidade técnica e potenciais conflitos de interesse quanto ao
Para melhor compreensão de tudo o que foi narrado, cabe aqui mencionar o
que foi dito pela testemunha RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES, ouvido pelo
Ministério Público Federal no âmbito no PIC n° 1.16.000.000999/2016-47123, que,
inclusive, trouxe à tona a existência de pagamento de vantagens ilícitas para agen -
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Multiner. A referida testemunha descreveu o papel fundamental do acusado JOSÉ
AUGUSTO FERREIRA no esquema de aprovação fraudulenta pelos Fundos de
Pensão no FIP Multiner, bem como no pagamento das propinas acordadas, inclusi-
ve com a utilização da estrutura do Banco BVA. Relatou que JOSÉ AUGUSTO
era conhecido por sua proximidade com a classe política e por cumprir com o paga-
mento das vantagens indevidas prometidas. Descreveu, também, a participação do
acusado HUMBERTO GRAULT na aprovação dos investimentos, afirmando que
possuía ele plena consciência da existência de pagamentos indevidos nos fundos da
Vitoria Asset, empresa que era por ele dirigida e que geria o FIP Multiner. Esclare -
ceu, também, que a empresa CG QUATRO, do acusado DIEGO DE MAGA-
LHÃES OZÓRIO, contratada pela FUNCEF para realizar a valuation, era total-
mente desconhecida no mercado e que o valor pago pelo serviço era muito inferior
“QUE certa feita ANDRE DE SOUZA pediu que nossa equipe analisasse a possibi-
lidade de o FI-FGTS investir na empresa Multiner; QUE esta empresa era gerida
por um Fundo de Investimento que tinha vários Fundos de Pensão como cotistas e
cuja gestão era feita pela Vitória Asset, empresa ligada ao extinto BVA; QUE foram
várias reuniões com o AUGUSTO do Banco BVA, com membros da Multiner e em
várias ocasiões GUILHERME LACERDA, presidente da FUNCEF pediu direta-
mente ao DEPOENTE para que tentasse viabilizar um investimento do FI-FGTS na
empresa; QUE o investimento não ocorreu pois não havia mínima perspectiva de
resultado dada a situação em que se encontrava a empresa;”
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2009.
Por estas razões, GUILHERME LACERDA, LUIZ PHILIPPE TORELLY,
CARLO SCASER, CARLOS ROSA, JOSÉ AUGUSTO FERREIRA DOS SANTOS, HUM-
BERTO GRAULT e DIEGO OZÓRIO, em concurso e unidade de desígnios, foram denuncia-
dos pela prática de gestão fraudulenta da FUNCEF (art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/86). Ade-
mais, foram denunciados também pela prática do delito do art. 5º da Lei nº 7.492/86 (desvio
de valores em proveito próprio e/ou alheio), tendo em vista que os atos de gestão fraudulenta
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Todavia, a Diretoria Executiva da FUNCEF aprovou em Reunião Extraordiná-
ria, em 06/03/2012 (Resolução/Ata nº 048/1063), a reestruturação da empresa, com a realiza-
ção de novo aporte no FIP MULTINER no montante de até R$ 84,7 milhões. Foram favorá-
veis ao novo investimento os denunciados CARLOS CASER (então Diretor-Presidente) e
CARLOS BORGES (Diretor de Participações). Ficou registrada, nesta ocasião, a abstenção
do então Diretor de Investimentos DEMÓSTHENES MARQUES.
Conforme a denúncia, a decisão da Diretoria Executiva baseou-se no Voto DI-
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cedida dos necessários pareceres de risco e de conformidade, exigidos pela norma IF 010.
A denúncia narra que apesar da ausência do parecer da GECOR, da análise por-
menorizada e discussão das considerações do parecer jurídico pela DIPAR e da ausência de
auditorias fiscal, contábil e legal para a aprovação do investimento, a Diretoria Executiva
aprovou a reestruturação financeira e societária da MULTINER S/A e do FIP MULTINER
avalizando condições que representavam verdadeiro desequilíbrio na negociação com a Bo-
lognesi, representada na oportunidade pelos acusados RONALDO MARCELIO BOLOGNE-
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“115. Em JUN 2011 foi concluído pela Deloitte, a pedido do FIP, ava-
liação econômico-financeira da Multiner, onde a referida consultoria apurou
o valor da empresa em R$ 199,4 milhões. A Deloitte fez ainda uma análise
de sensibilidade, estressando a premissa de eventual necessidade de aumen-
to do investimento nos projetos - capex, chegando em uma avaliação no ce-
nário mais pessimista no valor de R$ 139,8 milhões.
116. Em que pese não ter sido identificado nenhum vício aparente
na técnica empregada pela Deloitte na elaboração do Laudo, tudo indica que
o valor final apurado foi superestimado, já que inviabilizou a primeira tenta-
tiva de negociação para capitalização da Multiner (junto à CPFL) e mos-
trou-se R$ 823,8 milhões superior ao valor encontrado pela Bolognese. É
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tendo dessa forma o controle quase total da companhia. O FIP, a seu turno, a
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despeito do alto valor aportado na Multiner, passaria a ter somente 6,50%
no capital votante da empresa. A FUNCEF, com tudo acontecendo con-
forme previsto, passaria a ter 18,61% do FIP, o que representaria uma
participação total na Multiner de 10,62%.”
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totalidade das ações da Termelétrica Pernambuco III e Central Energética Palmei-
ras, o que não ocorreu. Como alternativa, foi então firmado o aditivo acima menci -
onado, por meio do qual o Grupo Bolognesi passou as mencionadas usinas para a
Mesa Participações S.A..
Compreendido o surgimento da Mesa Participações S.A., passamos a abor-
dar os trechos mais relevantes do relatório da Protiviti:
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Por sua vez, o relatório de auditora da KROLL constatou que até setembro
de 2017 a Bolognesi devia para a Multiner S.A. R$ 312.989.997,00. Também apu-
rou a Usina Pernambuco III realizou transferências para empresas coligadas no pe-
ríodo de 2012 a 2016, e que a Bolognesi foi a maior favorecida, recebendo R$
582,7 milhões em mútuos (...)
Ademais, verifica-se que sequer houve avaliação dos ativos que deveriam ser
aportados à MULTINER pelo Grupo Bolognesi, como parte da negociação referente à reestru-
turação.
previsto no art. 171 do Código Penal (estelionato), em razão do artifício utilizado para desviar
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do montante de R$ 55 milhões da empresa MULTINER por meio de empréstimo tomado da
empresa, na mesma data em que o Grupo Bolognesi aportara nela aquele mesmo valor (“apor-
te bumerangue”).
Atualizado pela taxa Selic para 31/07/2019, o prejuízo da FUNCEF com o in-
vestimento no FIP MULTINER soma R$ 424.943.877,87.
Da análise dos fatos relatados, verifica-se que, não obstante todos os diretores
da FUNCEF que foram denunciados tenham efetivamente concorrido para a prática dos
delitos, os membros da Diretoria de Participações Societárias e Imobiliárias tiveram um papel
de destaque na condução do processo de investimento no âmbito da FUNCEF.
Sobre este ponto, importa transcrever o seguinte trecho do trabalho de auditoria
realizado na FUNCEF (RA GEAUD 003/16 #30):
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ponsável pela gestão.
O processo de prospecção e seleção do FIP Multiner ocorreu antes da
redefinição das atribuições da DIPAR e da DIRIN. Sendo assim, todo o
processo foi conduzido pela DIPAR, o que vai de encontro ao princípio
de segregação de função, já que todas as fases do processo ficaram con-
centradas em uma única Diretoria.”
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TEMERÁRIA/FRAUDULENTA PRATICADOS EM DESFAVOR DA FUNCEF
A análise dos fatos relatados revela que nos casos já denunciados na Operação
Greenfield, em regra os investimentos ruinosos foram conduzidos pela Diretoria de
Investimentos, pela Diretoria de Participações Societárias e Imobiliárias, e/ou pelo Diretor-
Presidente. Salienta-se que estas são exatamente as áreas cujos gestores são indicados pela
SEÇÃO 1
DA COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA EXECUTIVA E ÁREAS DE ATUAÇÃO
Art. 47. A Diretoria Executiva será composta por seis membros, nomeados pelo
Conselho Deliberativo, observado o disposto no artigo 48 deste Estatuto, sendo:
I – um Diretor-Presidente;
II – um Diretor de Planejamento e Controladoria;
III – um Diretor de Investimentos;
IV – um Diretor de Participações Societárias e Imobiliárias;
V – um Diretor de Administração;
VI – um Diretor de Benefícios.
§1.º Sem prejuízo das atribuições fixadas nos artigos 49 a 51 deste Estatuto, cada
diretoria terá as seguintes áreas de atuação, observado o disposto no parágrafo
segundo deste artigo:
a) à Presidência incumbe o exercício das competências estabelecidas no artigo
50 deste Estatuto, abrangendo a representação da FUNCEF, a coordenação geral da
Diretoria, o relacionamento institucional com órgãos de administração,
fiscalização, controle e assessoramento, a coordenação do planejamento
estratégico, a assessoria jurídica e a comunicação institucional;
b) à Diretoria de Administração compete a gestão da estrutura administrativa;
c) à Diretoria de Benefícios incumbe a gestão dos Planos de Benefícios;
d) a Diretoria de Planejamento e Controladoria é responsável pela atividade de
planejamento e controle;
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Investimentos;
f) à Diretoria de Participações Societárias e Imobiliárias compete a gestão dos
ativos objetos de investimentos que compõem ou venham compor participações
societárias relevantes, e a carteira imobiliária.
§2º - O Conselho Deliberativo, mediante proposta apresentada pela Diretoria
Executiva, poderá reestruturar as atribuições de cada Diretoria, remanejando
funções ou criando outras.
Art. 48. Os membros da Diretoria Executivas serão nomeados pelo Conselho
Deliberativo, de acordo com o seguinte critério:
I – para os cargos de Diretor-Presidente, Diretor de Investimentos e Diretor
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antes de outubro de 2009, era realizada pela Diretoria de Participações Societárias e
Imobiliárias. E após esta data, passou a depender primeiramente da análise preliminar da
Diretoria de Investimentos. Salienta-se que são duas áreas cuja direção é definida por escolha
da CEF.
Nos casos já denunciados no bojo da Operação Greenfield foi possível verificar
que, em regra, os diretores que foram responsáveis pela condução do investimento até sua
realização no âmbito da FUNCEF foram aqueles que haviam sido indicados pela
período curto; QUE numa determinada rodada de leilão da ANP, a Petrobrás pede
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suspensão e fala da descoberta do pré-sal; QUE o pré-sal colocou todos os âmbitos do
governo em torno dessas riquezas; QUE no governo Lula o pré-sal foi enxergado
como um passaporte para o futuro, que foi um “bilhete premiado” no final do governo;
QUE o clima era de delírio político; QUE isso dá ao ex-presidente um momento de
atuação raro, descuidando da parte jurídica; QUE ele passa a atuar diretamente no
pedido de vantagens indevidas; QUE em outros casos de atuação direta do ex-
presidente Lula, como dos caças, com atuação do presidente francês, receberam
vantagens indevidas Lula e o PT, ou no caso de Belo Monte; QUE antes do FIP
Sondas, o presidente convoca reunião com Gabriele, o oitivado e Dilma, comunicando
que o FIP deve garantir o “nosso futuro”, ou seja, futuro do PT; QUE essa reunião
ocorreu entre o fim de 2009 e começo de 2010 na biblioteca no Palácio do Alvorada, à
noite; QUE foi uma reunião curta e que os demais presentes ficaram perplexos com a
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Mantega; QUE acredita que esse encontro foi proveitoso para ele; QUE João Ferraz
encontra o já ex-presidente Lula; QUE o próprio presidente Lula afirmou que João
Ferraz o procurou; QUE quando João Ferraz foi pego pelas propinas, o ex-presidente
Lula pede para assumir a responsabilidade por levar o Ferraz em 2014; QUE o
oitivado não levou o Ferraz; QUE João Ferraz o procurou em 2012 ou 2013; QUE
soube que Petros e Funcef voltaram a investir; QUE acha que Previ não entrou
novamente no investimento; QUE a Previ não quis investir desde o começo; QUE isso
foi relatado por João Ferraz; QUE Dan Conrado, presidente da Previ, resistiu; QUE a
presidente Dilma se encontrou com os presidentes dos fundos para forçar o
investimento; QUE os presidentes dos fundos relataram essa reunião; QUE
normalmente as reuniões com a presidente Dilma era bastante povoada com diversas
pessoas do governo; QUE os ex-presidentes Lula e Dilma não eram muito cuidadosos;
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eligendo da patrocinadora referente à má escolha dos gestores, de modo que deve responder
com seu próprio patrimônio pelo prejuízo que deram causa à FUNCEF.
Nesse sentido, ressalta-se que o relato dos acontecimentos que originaram
denúncias na Operação Greenfield, resumidos ao longo desta petição, não deixam dúvidas de
que houve, por parte da CEF, má seleção dos dirigentes (bem como influência indevida sobre
estes) que comandaram o fundo por longos anos e promoveram os investimentos temerários e
fraudulentos que causaram imensos prejuízos à FUNCEF e seus beneficiários.
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milhões, novecentos e quarenta e três mil,
oitocentos e setenta e sete reais e oitenta e sete
centavos) – valor atualizado pela taxa Selic para
31/07/2019.
Por todo o exposto, resta clara a responsabilidade da CEF em relação aos danos
causados à FUNCEF, por ação ou por omissão, de modo que deve ser condenada a reparar
integralmente os graves danos causados aos participantes e beneficiários da Fundação pelas
condutas denunciadas no bojo da Operação Greenfield.
Por tudo o que foi exposto, é possível perceber que a gravidade da situação
ora narrada demanda providências jurisdicionais imediatas, notadamente porque os prejuízos
causados por conta da má escolha de dirigentes (e influência indevida sobre estes) indicados
pela instituição financeira continuam acarretando prejuízos a todos os participantes e
beneficiários da FUNCEF e, em especial, aos aposentados, cujas aposentadorias vêm
sofrendo, mês a mês, descontos para cobrir os enormes rombos da FUNCEF.
Por sua vez, o art. 300 do CPC alberga também a tutela antecipada,
descrevendo que “a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”.
(fumus boni iuris) e fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in
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mora).
6 Cf. “Caixa tem lucro líquido de R$ 17,3 bilhões em 2021”, disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.-
br/economia/noticia/2022-02/caixa-tem-lucro-liquido-de-r-173-bilhoes-em-2021>. Data de acesso:
19.6.2022.
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cobradas dos participantes da FUNCEF, até o limite dos valores englobados pela
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presente ação civil pública.
6. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
O presente órgão ministerial informa, desde já, que está disposto a realizar
audiência de conciliação com a requerida, com a participação da FUNCEF e demais entidades
7. PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Por estas razões, diante dos fundamentos de fato e de direito ora apresentados,
o MPF requer:
(a) A condenação da Caixa Econômica Federal (CEF – na qualidade de
patrocinadora da FUNCEF) ao ressarcimento das perdas sofridas pela
FUNCEF pelos delitos denunciados no bojo da Operação Greenfield descritos
nesta ação, devendo os valores devidos pela CEF à FUNCEF serem destinados
ao abatimento das contribuições extraordinárias que estão sendo cobradas pela
FUNCEF de seus participantes/beneficiários/aposentados, principais vítimas
dos delitos praticados aqui descritos;
(b) Em sede de antecipação de tutela, seja compelida a requerida Caixa
Econômica Federal a custear as todas contribuições extraordinárias atualmente
cobradas dos participantes da FUNCEF, até o limite dos valores alcançados
pela presente ação civil pública;
(c) A designação de audiência de conciliação, com a presença do autor,
da demandada CEF, da FUNCEF e de demais entidades que venham a integrar
o polo ativo da demanda;
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indicado preambularmente, para contestar os termos da presente ação civil
pública, prosseguindo-se nos ulteriores de direito até a sentença final que
acolher os pedidos formulados;
(e) A intimação da FUNCEF (Fundação dos Economiários Federais) e da
ANBERR (Associação Nacional dos Beneficiários Reg e Replan), que são
assistentes de acusação do MPF nos processos criminais da Operação
Greenfield, para que manifestem interesse em ingresso no polo ativo do
Este Órgão Ministerial protesta provar o alegado por meio das cópias das
denúncias que inauguraram as ações penais de número 1020180-73.2019.4.01.3400 (FIP
CEVIX), 1019222-24.2018.4.01.3400 (RG ESTALEIROS), 1003326-67.2020.4.01.3400 e
1003120-53.2020.4.01.3400 (FIP SONDAS), 1058284-03.2020.4.01.3400 (FIP OAS
EMPREENDIMENTOS), 1023258-12.2018.4.01.3400 (SALAS ED. OAB), 1034846-
45.2020.4.01.3400 (FIP BRASIL PETRÓLEO 1), 1029333-96.2020.4.01.3400 (FIP
OPERAÇÕES INDUSTRIAIS), 1029168-83.2019.4.01.3400 (FIP GLOBAL EQUITY) e
1030054-82.2019.4.01.3400 (FIP MULTINER), bem como por todas as provas produzidas
nesses processos criminais, cujo compartilhamento será oportunamente requerido ao juízo
criminal. Ademais, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito
admitidos, bem como pela produção de novas provas periciais e testemunhais.
Para fins de transparência, registre-se que os prejuízos criminosos descritos na
presente ação, se atualizados até a presente data pela SELIC, alcançam, grosso modo, cifra em
torno de R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais), relembrando-se que não estão
incluídos na presente ação os casos em já houve acordos de reparação do MPF em favor da
FUNCEF. Porém, considerando que novos casos (investimentos ilícitos) podem vir a ser
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inseridos na demanda por obra de aditamento da ação por parte da FUNCEF, da ANBERR e
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de outros representantes das vítimas, bem como considerando o tempo normal de duração do
processo civil, deve o valor acima mencionado ser calculado de forma precisa no momento da
eventual sentença condenatória, com a colaboração dos atores atuantes no processo.
Por conta do quanto acima resta justificado, atribui-se à presente causa o valor
de R$ 5.000.000.000,00 (cinco bilhões de reais).
Eis os termos em que pede deferimento.
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