Você está na página 1de 5

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Inclusiva tem sido discutida em termos de justiça social, pedagogia, reforma


escolar e melhorias nos programas educacionais. São as escolas e a comunidade educativa que
podem considerar que a educação na diversidade é um dos principais critérios de qualidade.
São finalmente os professores que podem aceitar com prazer o desafio que significa
transformar sua prática docente para responder a diversidade dos alunos. O caminho para as
escolas inclusivas é longo, cheio de avanços e retrocessos e nele se evidencia a enorme
incidência de valores na prática educativa.

Palavras-chave: educação infantil, formação, professor, educação inclusiva.

INTRODUÇÃO

Em 20 de dezembro de 1996 entrou em vigor no Brasil, a Lei 9394, que estabelece as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional. A partir daí pela primeira vez na história do nosso país, a
Educação Infantil passou a ser vista como básica, ressaltando-se a importância para o sistema
escolar. O brincar, jogos e brincadeiras passam a ser vistos como recursos necessários na
construção da identidade, autonomia, e diferentes linguagens das crianças na educação
infantil e nas séries iniciais. O profissional da Educação Infantil vem ao longo da história da
educação no Brasil passando por diferentes exigências, isto inclui o que se espera do educador
e o papel do professor frente a formação da criança. Essa perspectiva foi se transformando ao
longo dos anos, como pode-se verificar ao analisar o processo histórico da Educação Infantil.
Buscou-se demonstrar a importância da formação do professor de educação infantil com
relação a educação inclusiva. Neste sentido, o quadro teórico visa revelar como a Educação
Infantil, em particular a oferecida às crianças das classes sociais menos favorecidas
economicamente, desde o seu início, é norteada por um atendimento assistencialista,
mostrando que mesmo após o reconhecimento desse segmento de ensino pela legislação
brasileira e a sua inserção nas políticas públicas de Educação Básica, o atendimento a criança
pequena deixa a desejar em muitos aspectos, em particular, ao que se refere à formação dos
seus profissionais. A criança aprende nas práticas sociais, nas brincadeiras, na higiene, nos
movimentos, no repouso, enfim, em todas as atividades por ela praticadas, sendo que o
professor precisa entender e romper com as concepções polarizadoras, cabendo aqui a
interdisciplinaridade. Outro ponto importante é que quando pequenas, as crianças aprendem
na escola ações muito semelhantes àquelas que vivenciam na família, porém no
estabelecimento educacional, esta experiência está vinculada aos desafios da vida coletiva
numa cultura diversificada e também as exigências de um projeto político pedagógico
sistematizado. O papel do professor mudou: de um transmissor de informação, ele passou a
ser um facilitador de processo de aquisição do conhecimento. Cada país tem sua história, uma
cultura e uma tradição educacional própria que condicionam a incidência das mudanças e a
resposta a elas no sistema educacional. Ao mesmo tempo, porém há modos diferentes de
compreender o significado da educação e de possíveis soluções alternativas diante dos
problemas. É possível falar de ideologias em educação ao fazer referência ao conjunto de
crenças e valores que sustentam uma determinada visão sobre as funções da educação,
educador e educando e suas relações com o conjunto da sociedade. Os valores e atitudes dos
cidadãos diante das estratégias inclusivas são também fatores importantes no processo de
transformação da educação. Sendo esse processo destinado ao aluno, deve existir uma
articulação dinâmica entre escola e comunidade. Isso fica claro na citação de AINSCOW e
TWEDDE (1988, p. 69), “todos nós no serviço educativo, devemos procurar erradicar a
utilização de todas as formas de rotulação, incluindo as de necessidades especiais, que agora
está na moda, reconhecendo que são essencialmente discriminatórias. Em seu lugar devemos
encontrar vias de reconhecimento da individualidade de cada aluno, de que todas as crianças
experimentam dificuldades de aprendizagem e de que todos podem ter êxito”. A Educação
Infantil mesmo com mais de um século de história relacionada com o cuidado e com a
educação só foi reconhecida a pouco tempo como parte da educação básica e promoveu
várias mudanças como já citamos anteriormente, porém ainda temos muitos problemas como
espaços físicos adequados, materiais pedagógicos suficientes, formação de
professores competentes e tudo isso precisa sim de investimentos e que tais investimentos
podem ser realizado com aplicação de fundos apropriados e políticas públicas vigentes e
operacionalizadas com a participação de todos os envolvidos. As crianças que passam pelo
atendimento em creche ou pré-escola tem um desenvolvimento maior tanto intelectual
quanto social e isso acaba resultando em uma economia para o país já que essas crianças
dificilmente são reprovadas ou apresentam fracassos no decorrer do ensino fundamental. Já
por outro lado, quando ocorre problemas nessa fase relacionada com a Educação Infantil
podem os problemas se estender ao decorrer da vida e ocasionar sérios problemas chegando
até mesmo a comprometer o desenvolvimento da criança. Mas para que ocorram resultados
positivos é necessário professores capacitados e bem preparados.

DESENVOLVIMENTO

O reconhecimento do papel do professor é fator importante para a inclusão escolar e o


sucesso desse, uma vez que o processo de ensino é centrado no fazer pedagógico. Nesse
sentido, o ato de educar, aceitar e transformar uma sociedade se desenvolve como um ato de
construção coletiva, onde não só os educadores, mas também educando PNEs participam do
ato de ensinar e aprender. Sendo assim, assumir estes pressupostos implica em perceber o
contexto escolar como desencadeador do processo relacionamento/ensino/aprendizagem,
que acontece a partir da relação professor/aluno.

Na interação educador-educando PNE, supõe se que o primeiro ajude o segundo na tarefa de


aprender, pois essa ajuda lhe possibilitará pensar com autonomia na construção do seu
conhecimento. Sua base situa-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos: os poderes
públicos têm a obrigação de garantir um ensino não segregado, que se prolongue a todos os
alunos e posteriormente a sua integração a sociedade, independentemente de suas condições
físicas, sociais e culturais.

O educador funciona como mediador entre o aprendiz e o conhecimento, um orientador que


favorece a autonomia e a construção da personalidade do aluno. A integração educativa
baseia-se na manutenção de um currículo comum para todos os educandos. Os alunos com
graves problemas de aprendizagem incorporam-se a escola para ter acesso junto com seus
colegas, as experiências similares de aprendizagem. Todos os alunos são diferentes em seus
ritmos de aprendizagem e em seus modos pessoais de enfrentar o processo educacional e a
construção de seus conhecimentos. Na relação educador-educando PNE diálogo é
fundamental, pois é através dele que o educador passa a conhecer melhor o educando e assim
facilita a sua aprendizagem. Assim sendo, supõe-se um esforço permanente para melhorar sua
competência profissional e para desenvolver suas habilidades didáticas; mas é preciso
esclarecer que isso não é fruto apenas do esforço individual do professor ou das atitudes
positivas do conjunto da comunidade educacional de uma escola, precisa de muitos mais
parceiros da sociedade em geral. Estas são questões nas quais encontramos em processo de
reflexão e busca de caminhos possíveis para a qualificação tanto teórica como metodológica
do projeto de inclusão escolar. No contexto educacional brasileiro, essa é uma política que
gera conflitos, provoca reflexão e polemica acerca das ideias e possíveis caminhos na busca do
novo. As orientações da educação especial sofreram modificações ao longo das últimas
décadas. A atenção especifica aos alunos com deficiência deu lugar a uma concepção mais
ampla em torno da noção de alunos com necessidades educativas especiais. A inclusão
educacional pretende o que se deseja de uma escola a favor da convivência com a diversidade,
o respeito entre as pessoas e assim, dessa forma, preparar-se os verdadeiros cidadãos
construindo uma escola livre de preconceitos, tanto pelo educador, educandos e sociedade em
geral. A relação educador – educando PNE é a primeira a existir no âmbito da atividade
educacional, pois existe educador para educar e, obviamente, o educando para ser educado.
Essa relação deve determinar as demais, no ambiente escolar. Essa totalidade das relações
deve abranger desde a direção, a coordenação até as ASD (serviços gerais). Considerar a
relação educador-educando PNE como fundamental é compreender que a instituição
educativa deve ser detentora da direção étnica e intelectual do processo ensino-
aprendizagem. As pessoas constroem melhor seus conhecimentos e sua identidade em
contato com outros grupos que apresentam concepções e valores distintos. Mas nem por isso
podemos afirmar que toda relação estabelecida entre professor/aluno normais e PNE, seja a
ideal. Muitos são os projetos feitos para incluir os deficientes nas escolas, mas de que adianta
se a escola ainda não está preparada para recebe-los. A escola precisa preparar-se, organizar a
instituição para receber esse aluno com todo conforto e atenção que ele merece. É visto que o
aumento dos deficientes nas escolas é muito grande, mas isso é muito ruim também porque
geralmente a escola não possui estrutura necessária para receber esse aluno.

É claro que a criança, ao chegar na escola, irá ficar muito contente com suas novas amizades,
pois além de aumentar seu círculo de amigos vai aprender. Mas essa alegria as vezes termina
muito rápido porque dentro da escola a criança encontra inúmeros obstáculos, e isso faz com
que ela se sinta de lado, pois os demais conseguem sozinhos, mas ele não. Tudo faz com que
ele se sinta rejeitado. Para que essa inclusão ocorra de forma positiva e benéfica é necessário
readequar alguns pontos para que o deficiente possa ter uma vida normal, não se sentindo
diferente dos demais. Desde uma simples rampa no lugar de uma escada já faz toda a
diferença, pois a criança sente-se mais independente. Sem necessitar da ajuda dos demais. É
muito saudável para a criança crescer com as diferenças e trata-las de forma natural. Falar de
inclusão nas escolas é uma forma ilusória de ver a mesma acontecer, já que muitas escolas
têm muitas ideias, fazem muitos projetos, mas coloca-los em prática é que é difícil e o que
acaba acontecendo é que a maioria acaba não colocando em prática nada do que foi projetado
ou muito menos pensado. E os prejudicados acabam sendo como sempre os deficientes
porque os mesmos não encontram condições adequadas de frequentar a escola já que a
mesma não oferece essas condições. E essa falta de ambiente físico é apenas um começo de
muitas coisas que faltam ser organizadas para que o deficiente seja realmente incluso no
ambiente escolar. Outra coisa que também falta ao deficiente, é poder expressar-se, dizer do
que realmente gosta ou até mesmo o que tem vontade de fazer. Isso faria com que eles se
relacionassem melhor com as pessoas. Só que o que acaba acontecendo é que ele acaba sendo
superprotegido e tem seus desejos esquecidos, pois muitas vezes não é levado a sério e isso
acaba dificultando seu relacionamento ou até mesmo acaba sentindo-se de lado ou um
incomodo para os demais e acaba se fechando. Na escola mesmo, a criança deficiente não
precisa ser tratada diferentemente das demais porque ela precisa se achar capaz de realizar
tarefas que lhe são impostas. Precisa se sentir seguro em suas ações. Está na hora de colocar
todas essas leis e projetos feitos até agora em prática, fazer com que a criança deficiente
conquiste seu espaço seja na escola ou no mercado de trabalho, mas adequando o que for
preciso para que não se sinta diferente. Valorizar as características individuais de cada aluno,
atender a todos na escola sejam eles deficientes ou não, incorporar a diversidade, sem
nenhum tipo de distinção. Nunca o tema da inclusão de crianças deficientes esteve tão
presente no dia-a-dia da educação. E isso faz com que todos os professores da rede de ensino
percebam que as diferenças não só devem ser aceitas, mas também acolhidas como subsídio
para montar o cenário escolar. E não é só aceitar essas crianças na escola porque isso é lei e lei
deve ser cumprida, mas sim oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na
sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e construir uma
nova filosofiaeducativa. Fazer com que o aluno se sinta bem nesse local que será como sua
segunda casa, a escola.

CONCLUSÃO

Muitas são as ideias que aparecem e que falam sobre a educação de pessoas com deficiência e
o que vem ganhando mais destaque é com relação a inclusão. Fazer com que a criança
frequente a escola junto com aquelas crianças ditas normais. A temática da inclusão escolar
tem sido amplamente discutida por muitos autores que veem os benefícios que este tipo de
prática proporciona para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças ao serem inseridas
em um ambiente que há pouco tempo atrás nem se imaginaria possível, uma vez que a
segregação de crianças com necessidades educativas especiais, do convívio social, era uma
prática corrente. A inclusão traz a ideia de igualdade de direitos e, principalmente o respeito às
diferenças, ao afirmar que independente das necessidades especiais todas as crianças têm o
direito de frequentar uma escola regular e aprender os conceitos trabalhados.

A inclusão hoje no Brasil é lei, mas percebe-se que nem as escolas e nem os professores estão
preparados e prontos para cumprir essa lei. É necessário antes de tudo uma real análise do
que deve e precisa ser feito para supri as necessidades das pessoas com deficiência quando
elas vêm à escola. O importante não é só querer a inclusão, mas sim fazer com que ela seja
realmente possível. São criadas muitas leis, documentos, mas nenhum leva em consideração o
deficiente como cidadão. Na verdade, não adianta uma “Educação para todos”, que vise a
inclusão, se o maior interessado que é o deficiente, acaba ficando de fora.

As leis precisam ser revistas e colocadas em prática realmente. Devem ser solicitadas
mudanças na escola e recursos necessários para a inclusão de uma forma geral. A educação
inclusiva quebra as correntes que existem com a escola tradicional e abre assim espaço para
atender uma nova clientela.

A criança com deficiência precisa acima de tudo se livrar do paradigma de que é uma pessoa
incapaz. Reconhecer e identificar estes bloqueios acarretados por uma deficiência é o papel do
professor, mas sempre treinando e aprimorando o potencial restante do deficiente, de tal
modo que este possa chegar a sua realização de vida. As pesquisas nesta área, ainda são
restritas. Mas muito se vem evoluindo sobre a inclusão e a educação especial ou crianças
portadoras de alguma deficiência. Ainda há muito que se pesquisar, muito a esclarecer, não só
aos profissionais da área, mas as pessoas de um modo geral. E quando isso acontecer, as
pessoas portadoras de deficiência serão inclusas de forma correta no meio das pessoas ditas
“normais”. Pois só acreditando e lutando pela aceitação das diferenças é que teremos um
mundo mais humano, onde a vida pode ser mais justa e digna para todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A educação infantil na nova LDB. Disponível em


http://pedagogia.tripod.com/infantil/novaldb.htm. Acesso em: 25/08/16.

ALMEIDA, A. C. Pactuação de responsabilidades em prol da inclusão social de crianças. Revista


Criança do Professor de Educação Infantil, n. 40. Brasília: MEC/SEF, p. 12-13, set. 2005.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Marinheiro. In: A senha do mundo. Rio de Janeiro: Record,
1997.

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2a edição. Rio de Janeiro: Guanabara,
1986.

Você também pode gostar