Você está na página 1de 304

Mecanismos

HAMILTON H. MABIE
Profe$$Orde Engenheria Mecinica
Virginia Polytechnic In8titute
Blacklburg, Virginia

FRED W. OCVIRK
Ex-Profeuorde Engenharia Meclnica
Cornell University
Ithaca, New York

Traduçio de
EDIVAL PONCIANO DE CARVALHO
Engenheiro MeaJnico

RIOD
SÃOPr

Dt LIVROS,'c.ICoS I CIII'ífICoS 1111011


Trllduçlo lutoriz11d8 de
MECHANISMS ANO DYNAMICS Of MACHINERY, Third Edition
Copyrlght@1967, 1963, 1975, 1978 by JohnWiley. Sons, New york. NY. USA

1!' lIdiçlo: 1967


2!' ediçlo: 1980

CIP-Brasil. Catalogaçio-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de livros, RJ.

Mabie. Hamilton .H.


M111 m Mecanismos I Hamilton H. Mabie [e] Fred W.
Ocvirk; tradução de Edival Ponciano de Carva-
lho. -- 2. ed. - Rio de Janeiro: Livros T6cnicos
e Cient(ficos. 1980.

Traduçlo de: Mechanisms and dynamics of


mechinery
Aptndiees
Bibliografia
ISBN 85-216-0021-6

,. Dinâmica das máquinas 2. Engenharia ma-


cânica I. Ocvirk, Fred W. 11. Tetulo

CDD - 620.104
620.105
CDU - 621
62-23

ISBN 85-216-0021-6
IEdiçlo original:
ISBN 0-411-02380-9
John Wiley & Sons, New York)

LIVROS T~CNICOS E CIENTfFICOS EDITORA S. A.


Av. Venezuela, 163
20220 - Rio de Janeiro, RJ
1980
Impresso no Bresil
Prefácio da Terceira Edição
(Unidades SI)

Nesta adiçio. todas as dirrien~es se exprimem em unidades SI com os símbolos correspon-


dentes. AI6m disso, empregou-se. nas seções sobre análise de forças. o conceito de fT1IISIIlI de prefe-
rência ao de força da gravidade e constante gravitacional, realçando-se. desse forma. o fato de que o
qullogfllfTNI se deve usar exclusivamente para exprimir a massa.
Nos caphulos sobre engrenagens. introduziu-se o sistema métrico em paralelo com o sistema
inglês. Nos Caps. 4, 5 e 6, apresentam-se os problemas em unidades inglesas e em seguida, separada-
mente, em unidades métricas.
Sou reconhecido ao Prof. J. Y. Harrison da Universidade New South Wales, da Austrália. e a
V. I. Conley e C. J. Kauffmann do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia por suas
valloses sugestc5es.

Blacksburu. Virgínia
Junho. 1978
Prefácio da Terceira Edicão
,

Esta edição foi adiada por vários anos devido ao triste e prematuro falecimento do meu co-autor
F. W. Ocvirk em 1967.
As alterações principais nesta edição estão no Cap(tulo 10, "Cinemática das Máquinas" e no
Cap(tulo 11, "Análise de Forças em Máquinas". No Cap(tulo 10, acrescentou-se o seguinte material:
Análise de velocidades e acelerações por cálculo vetorial, solução analftica de equações da velocidade e
aceleração relativas através do cálculo vetorial, extensão da diferenciação gráfica às soluções que uti·
lizam o computador, análise de mecanismos espaciais por números complexos. A análise gráfica de
velocidade e aceleração foi conservada junto com a análise por números complexos.
No Cap(tulo 11, introduziu-se o seguinte assunto: Análise de forças usando componentes trans-
versais e radiais tratadas gráfica e vetorialmente, superposição usando vetores, análise de mecanismos
pelo método dos trabalhos virtuais, análise do movimento de mecanismos empregando o teorema do
trabalho e da energia. Conservou-se a análise gráfica por superposição, assim como a análise por nú-
meros complexos.
Introduziu-se Unidades do Sistema Métrico nesta edição, com excação dos cap(tulos relativos a
engrenagens. A padronização de engrenagens no Sistema Métrico não existe atualmente.
O autor agradece aos seguintes companheiros do Departamento de Engenharia Mecânica do Vir-
ginia Polytechnic Institute and State University por suas sugestões úteis na preparação desta edição:
N. S. Eiss, J. P. Mahaney, H. P. Marshall, L. D. Mitchell, R. G. Mitchiner, L. A. Padis e H. H. Robert·
shaw. O autor agradece também aos revisores deste texto por sua esmerada apreciação.

Blacksburg, Virginia
Janeiro, 1975
Sumário

1.1 Introduçlo 80 Estudo de Mecenlll11Ol. 3


1.2 MecenIImO. ~uine. 6
1.3 Movimento. 7
1.4 Cicio. Perfodo e F•• do Movimento. &
1.6 P••.•• de Elementos. 9
1.6 Peçe. cedel. CI",m6tlce. 9
1.7 Inverdo.10
1 .& Trensmllllo de Movimento. 10
PROBLEMAS. 13

CAPI'rUlO 2 SISTEMAS ARTICULADOS. 16

2.1 MecerlIImO de Ouetro-Ber •.••• 16


2.2 Mec:enllmO Cunor-Menlvel •• 20
2.3 G.rfo EICOCtI. 22
2.4 Mec:enllmol de Retorno Npldo. 23
2.6 Alevence Artlculede. 26
2.8 Junt. de Oldh.m. 26
2.7 Mecerllsmol Treçedorn de Retel. 26
2.& Perltógrefo.27
2.9 Rotores de Cdmara, 27
2.10 Junta de Hooke, 29
2.11 Juntas Universais Homocinéticas, 30
2.12 Mecanismos de Movimento Intermitente, 35
2.13 S(ntese, 39

PROBLEMAS,39

3.1 Came de Disco com Seguidor Radial, 46


3.2 Came de Disco com Seguidor Oscilante, 48
3.3 Came de Retorno Comandado, 50
3.4 Came CiI (ndrico, 51
3.5 Came Invertido, 51
3.6 Came de Disco com Seguidor Radial de Face Plana, 62
3.7 Came de Disco com Seguidor Radial de Rolete,67
3.8 Came de Disco com Seguidor Oscilante de Rolete, 76
3.9 Cames Tridimensionais, 79
PROBLEMAS,82

4.1 Introdução li Engrenegens CiHndricas de Dentes Retos Evolventais, 93


4.2 Evolvente. Relações, 96
4.3 Particularidades de Engrenagens CiI(ndricas de Dentes Retos, 100
4.4 Caraeter(sticas da Ação Evolvental, 102
4.5 Interferência em Engrenagens Evolventais, 107
4.6 Engrenagens Intercambiáveis, 109
4.7 Número M(nimo de Dentes para Evitar Interferência, 113
4.8 Determinação do Jogo Primitivo, 118
4.9 Engrenagens de Dentes Internos, 122
4.10 Engranagens Cicloidais, 123
PROBLEMAS, 125

5.1 Teoria das Engrenagens de Dentes Retos Corrigidas, 130


5.2 Sistema de Distância entre Eixos Aumentada, 132
5.3 Sistema de Saliências Diferentes, 140
5.4 Engrenagens de Ação de Afastamento, 142
PROBLEMAS,146

6.1 Teoria das Engrenagens COnicas, 150


6.2 Detalhes das Engrenagens COnicas, 155
6.3 Proporções de Dente para Engre~gens COnicasde Gleason, 157
6.4 Engrenagens COnicas Angulares de Dentes Retos, 158
6.5 Engrenagens COnicas Zerol, 158
6.6 Engrenagens COnicas Espirais, 160
6.7 Engrenagens Hipóides,161
6.8 Teoria das Engrenagens Helicoidais, 162
6.9 Engrenagens Helicoidais Paralelas, 167
6.10 Engrenagens Helicoidais Esconsas, 171
6.11 Parafuso Sem·Fim, 173
PROBLEMAS,177

7.1 Introdução a Trans de Engrenagens, 184


7.2 Trens de Engrenagens Planetários, 187
7.3 Aplicaçaes de Trens Planetários, 197
7.4 Montagem de Trens Planetários, 200

PROBLEMAS,204

CAPI"rULO 8 MECANISMOS DE COMPUTAÇÃO, 220

8.1 Computadores Digitais, 220


8.2 Computadores Analógicos, 220
8.3 Adiçlo e Subtraçlo, 221
8.4 Multipliceçlo e Divisão, 224
8.5 IntegraçlÓ,225
8.6 FunçtSes Trigonomlttricas, 230
8.7 Inversfo, 233
8.8 Quadrados, Rafzes Quadradas e Ra(zes Quadradas de Produtos, 233
8.9 Cames e Engrenagens de Computação, 235
8.1Q Sistema Articulado Gerador de Função, 241
8.11 Precisfo, 242
8.12 Diagramas de Bloco, 242

9.1 Espaçamento de Pontos de Precisão, 251


9.2 Projeto de uma Articulação de Quatro·Barras para Valores Instantâneos de Velocidades e
AceleraçtSes Angulares, 253
9.3 Projeto de Articulaçlo a Quatro·Barras como Gerador de Função, 259
9.4 Projeto Gráfico de Articulações a Quatro·Barras corno um Gerador de Função, 267

PROBLEMAS,269

PROBLEMAS - Unidades do sistema métrico dos Caps. 4, 5, 6, I


AP~NDICE 1 - Tabelas de funções evolventais, XVI
AP~NDICE 2 - Método aproximado para o desanho de dentes de perfil evolvental, XVII
fNDICE REMISSIVO. XVIII
MECANISMOS

Esta obra é complementada pelo livro


DINAMICA DAS MÁQUINAS

dos mesmos autores, também editado pela L Te

FORÇA MOMENTO DE INÉRCIA (de massa)


I Ib = 4,448 N I kg . m2 = 0,7376 slug . pé2
I N = 0,2248 Ib I slug . pé = 1,356 kg . m2

MASSA FREQÜÊNCIA
I kg = 6,852 X 10-2 slugs I ciclos/s = I Hz
I slug = 14,59kg
Ilb = 3,108 x 10-2 slugs OUTRAS CONVERSÕES ÚTEIS
Ilb' polegada = 11,298 N' cm
COMPRIMENTO Ilb/polegada = 1,751 N/cm
I m = 3,281 pés Ilb/polegada2 = ,0,6894N/cm2
I pé = 0,3048 m Ilb/polegada3 = 0,2714 N/cm3
I polegada = 2,54 cm I milhafh = 1,61kmfh.
Introdução

1.1 Introdução ao Estudo de Mecanismos. O estudo de mecanismos l' muito


importante. Com o enorme avanço realizado no projeto de instrumentos, controles
automáticos e equipamento automatizado, o estudo de mecanismos tomou novo
significado. Mecanismos pode ser definido como a parte de projeto de máquinas
relacionadas com o projeto cinemático de sistemas articulados, carnes, engrenagens
e trens de engrenagens. O projeto cinemático se baseia nos reqQisitos relativos ao
movimento, diferindo do projeto baseado em requisitos de resistência. Será apre-
sentado um exemplo de cada mecanismo, acima mencionado, a fim de proporcionar
uma descrição compreensiva dos componentes a serem estudados.
A Fig. 1.1 representa o esboço de um mecanismo conhecido por mecanismo
cursor manivela. A peça 1 é o suporte e é estacionária, a peça 2 é a manivela, a peça 3
é a biela e a peça 4 o cursor. Uma aplicação comum deste mecanismo aparece no
motor de combustão interna onde a peça 4 é o pistão (Fig. 1.2).
A figura 1.3 mostra o esboço de uma carne com seguidor. A carne gira a uma
velocidade angular constante e o seguidor se movimenta para cima e para baixo,
em movimento alternativo. A elevação do seguidor é comandada pelo excêntrico
e o retorno, por ação da gravidade ou de uma mola. As carnes são usadas em muitas
máquinas e um dos empregos mais comuns aparece no motor de auto~óvel onde
são empregadas duas carnes em cada cilindro para acionar as válvulas de admissão
e de escapamento, também mostradas na Fig. 1.2. Uma carne tridimensional é
apresentada na Fig. 1.4. Neste mecanismo, o movimento do seguidor depende não
somente da rotação da carne mas também de seu movimento axial.
As engrenagens são usadas em muitas aplicações para transmitir movimento
entre eixos com uma razão de velocidades angulares constante. A Fig. 1.5 mostra
algumas engrenagens comumente empregadas.

Em alguns casos, a redução desejada na velocidade angular é muito grande para


ser obtida com somente duas engrenagens. Quando isto ocorre, algumas engre-
nagens devem ser acopladas para 'formar o que se denomina de trem de engrenagens.
Na Fig. 1.6 vê-se um trem de engrenagens onde a velocidade é reduzida da engre-
nagem I para a engrenagem 2 e novamente da engrenagem 2 para a 4. A engrenagem
1 é a matriz e as engrenagens 2 e 3 estão montadas em um mesmo eixo. Em muitos
trens de engrenagens é necessário que se possa deslocar as engrenagens acoplando- as
ou desacoplando-as para obtenção de diversas combinações de velocidades. Um
bom exemplo disto é o sistema de transmissão de automóveis onde são obtidas
três velocidades à frente e uma a ré, com o deslocamento de duas engrenagens.

Em dispositivos tais como instrumentos e controles automáticos a obtenção


do movimento correto é de suma importância. A potência transmitida pelos ele
mentos pode ser tão pequena chegando a ser desprezível, o que permite que os
componentes sejam dimensionados inicialmente apenas por seu aspecto cinemático
passando a ter importância secundária o problema da resistência das peças.
Há outras máquinas, entretanto, onde a análise cinemática é somente uma fase
do projeto. Depois que for determinado como as diversas peças da máquina
funcionarão para a realização do trabalho desejado, as forças que atuam nessas
peças devem ser analisadas, permitindo em seguida o dimensionamento de seus
elementos. Uma máquina operatriz é um bom exemplo: sua resistência.e sua rigidez
são mais problemáticas do que os movimentos desejados.

Engrenagens
Engrenagens Engrenagens
cih'ndricas de
c6nic:as helicoidais em
dentes retos
eixos peralelos

Engrenagens
"espinha de peixe" Parafuso sem- Engrenagens
ou cll(ndricas helicoidais duplas fim e coroa helicoidais em
eixos ..-IOS

É importante, nesta altura, definir os termos empregados no estudo de meca-


nismos, o que será feito nos parágrafos seguintes.

1.2 Mecanismo, Máquina. No estudo de mecanismos estes termos serão


empregados repetidamente e são definidos da seguinte maneira:
Mecanismo é uma combinação de corpos rígidos ou resistentes de tal modo
compostos e ligados que se movem entre si com movimento relativo definido.
Um exemplo é o sistema cursor-manivela de um motor de combustão interna
mostrado esquematicamente na Fig. 1.1.
Máquina é um mecanismo, ou conjunto de mecanismos, que transmite força de
uma fonte de potência para a resistência a ser superada. Um exemplo é o motor
de combustão interna.
1.3 Movimento. Tratando-se de estudo de mecanismos, é necessário definir
os vários tipos de movimento produzidos por estes mecanismos.
Movimento plano. TRANSLAÇÃO. Um corpo tem movimento de trans-
lação quando uma reta, definida por dois pontos quaisquer desse corpo, fica
constantemente paralela a si mesma.
I. Translação retilínea. Todos os pontos do corpo têm como trajetória retas
paralelas. Quando o corpo se move desta forma, de um lado para o outro, diz-se
que tem movimento alternativo. Isto está ilustrado na Fig. 1.7, onde a peça 4
desliza altemadamente entre os limites B' e B".
2. Translação curvilínea. As trajetórias dos pontos são curvas idênticas,
paralelas a um plano fixo~

A Fig. 1.8 mostra o mecanismo que era usado na ligação das rodas motrizes
de uma locomotiva a vapor. Neste mecanismo a barra 3 tem translação curvilínea
e todos os seus pontos determinam trajetórias cicloidais durante o movimento de
rolamento das rodas 2 e 4 sobre o trilho I. A peça 5 se move em translação retilínea.
ROT AÇÃO. Se cada ponto de um corpo rígido, em movimento plano, perma-
nece a uma distância constante de um eixo fixo, normal ao plano do movimento,
diz-se que esse corpo tem movimento de rotação. Se o corpo gira de um lado para
o outro dentro de um determinado ângulo, o movimento é de oscilação. Isto é
mostrado na Fig. 1.9onde a manivela 2 gira e a barra 4 oscila entre as posições B' e B".
ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO. Muitos corpos têm movimento que é uma
combinação de rotação e translação. A biela 3 na Fig. 1.7, as rodas 2 e 4 na Fig. 1.8
e a barra 3 na Fig. 1.9 são exemplos deste tipo de movimento.

Movimento helicoidal. Quando um corpo rígido se move de modo que seus


pontos tenham movimento de rotação em torno de um eixo fixo e ao mesmo tempo
possua uma translação paralela a esse eixo, diz-se que o corpo tem movimento heli-
coidal. Um exemplo deste movimento é o de uma porca sendo atarraxada a um
parafuso.
Movimento esférico. Quando um corpo rígido se move de modo que todos os
seus pontos girem em torno de um ponto fixo, mantendo uma distância constante
desse ponto, diz-se que o corpo tem movimento esférico.

1.4 Ciclo, Período e Fase do Movimento. Quando as peças de um mecanismo,


partindo de uma posição inicial, tiverem passado por todas as posições interme
diárias possíveis e retomarem à mesma posição inicial, essas peças terão completado
um ciclo do movimento. O tempo necessário para completar um ciclo é chamado
período. As posições relativas de um mecanismo em um determinado instante,
durante um ciclo, constituem uma fase.

1.5 Pares de Elementos. São as formas geométricas pelas quais dois membros
de um mecanismo são articulados de modo que o movimento relativo entre estes
dois membros seja coerente. Se o contato entre os dois membros for uma superfície
tal como um eixo e um mancal, essa articulação é denominada de par inferior.
Se o contato for realizado segundo um ponto ou ao longo de uma linha tal como
em um rolamento de esferas ou entre dois dentes de engrenagens em contato, essa
articulação é chamada de par superior. Um par que permite somente rotação
relativa é chamado de par rotativo e o que permite somente deslizamento é um par
deslizante. Um par rotativo pode ser onferior ou superior dependendo da arti-
culação empregada, se um eixo e um mancal ou rolamento de esferas. Um exemplo
~ªr dçsJizante inferior é o existente entre o pistão e as paredes do cilíndro de ym
ffiQtºf. _

1.6 Peça, Cadeia Cinemática. Uma peça é um corpo rígido que tem doii"ou
mais pares de elementos pelos quais pode ser articulada a outros corpos para
transmitir força ou movimento. Geralmente uma peça é um elemento rígido que
pode ser articulada em cada extremidade a dois ou mais outros elementos. Isto pode
ser estendido de modo a incluir três, quatro ou mais articulações. As Figs. 1.10a, b
e c mostram esses arranjos. Talvez o caso extremo de uma peça com articulações
múltiplas seja a biela mestra de um motor radial de nove cilindros apresentada na
Fig. 1.10d.

Um exemplo bem conhecido de uma peça com três articulações é a alavanca


mostrada nas Figs. 1.Ua e b. Esta peça é usada geralmente para redução de
movimento e pode ser dimensionada para uma determinada relação de desloca-
mentos com um mínimo de distorção desses movimentos.
Quando um número de peças for ligado através de pares, o sistema resultante
é chamado de cadeia cinemática. Se as peças forem articuladas de tal maneira que
não seja possível haver movimento, esse sistema será denomin.ado de estrutura.
Obtém-se uma cadeia restrita quando as peças forem ligadas de modo que o movi-
mento relativo entre as peças seja sempre o mesmo, independendo do número de
ciclos realizados. É possível também a articulação de peças de modo a resultar uma
cadeia livre, o que significa que o tipo de movimento irá variar dependendo do
atrito existente nas articulações. Se fixarmos uma das peças de uma cadeia restrita,
o resultado será um mecanismo.
1.7 Inversão. Em um mecanismo, se for liberada uma peça que originalmente
era fixa e outra peça passar a ser fixa, diz-se que esse mecanismo está invertido.
A inversão de um mecanismo não altera o movimento relativo entre suas peças,
entretanto modifica seus movimentos absolutos.
1.8 Transmissão de Movimento. No estudo de mecanismos é necessário inv~s·
tigar o método pelo qual o movimento pode ser transmitido de um membro para
outro. Pode-se transmitir movimento de três maneiras: (a) contato direto entre
dois corpos tal como entre um excêntrico e um seguidor ou entre duas engrenagens,
(b) através de um elemento intermediário ou uma biela e (c) por uma ligação flexível,
como uma correia ou uma corrente.
Pode-se determinar a razão de velocidades angulares para o caso de dois corpos
em contato. A Fig. 1.12 mostra a carne 2 e o seguidor 3 em contato no ponto P.
A carne gira no sentido horário e a velocidade do ponto P considerado como um
ponto da peça 2 é representada pelo vetor PM:z. A linha NN' é a normal às duas
superfícies no ponto P e é conhecida por normal comum, linha de transmissão ou
linha de ação. A tangente comum é representada por TT'. O vetor PM:z é decom·
posto em duas componentes Pn ao longo da normal comum e Pt2• ao longo da
tangente comum. A carne e o seguidor são corpos rígidos e devem permanecer em
contato, por isso, a componente da velocidade de P, considerado como um ponto
da peça 3, deve ser igual à componente normal da velocidade de P considerado
como pertencente à peça 2. Portanto, conhecendo-se a direção do vetor velocidade
P como pertencente à peça 3 e sabendo-se que ela é perpendicular ao raio 03P e
conhecendo-se também sua componente normal, é possível a determinação do
vetor velocidade PM3, conforme mostrado na Fig. 1.12. A partir desse veto r,
pode·se determinar a velocidade angular do seguidor através da relação V = Rw,
onde V é a velocidade linear de um ponto que se move ao longo de uma trajetória
de raio R e w é a velocidade angular do raio R.

------ --
------- f

Nos mecanismos em que há contato direto, é necessário determinar-se a velo-


cidade de deslizamento. Da figura pode-se ver que a velocidade de deslizamento
é a diferença vetorial entre as componentes tangenciais das velocidades dos pontos
em contato. Esta diferença é dada pela distância /2/3 porque a componente Pt3
tem direção contrária à de Pt2. Se /2 e /3 estiverem do mesmo lado de P, a velocidade
relativa será dada pela diferença dos segmentos PtJ e Pt2• Se o ponto-º~ºº.!~9
estiver na linha de cent~os~os,,~tºxesPMz-~~~h.serª()jgllais e, e_Il1.~ºIl§e9üência,
terão a mesma direção. Portanto, as componentes tangenciais serão iguais e a
velocidade de deslizamento será nula. As duas peças terão portanto um movimento
de rolamento puro. AssiJ!l.j:l()d~=.§~jzerqlle a <::ollcliçãopara que e;x;istarolamel1to.
puro é que o ponto de contato permaneça_.sQbre~_JiJ1hª-º~entms.
Para o mecanismo da Fig. 1.12, o movimento entre a carne e o seguidor será
uma combinação de rolamento e deslizamento. O rolamento puro somente poderá
ocorrer quando o ponto de contato P cair sobre a linha de centros. Enquanto, o
contato nesse ponto poderá não ser possível devido às proporções do mecanismo.
Não poderá ocorrer deslizamento puro entre a carne 2 e o seguidor 3. Para tal
acontecer, um ponto de uma das peças, dentro dos limites de seu cQ.rso,de:veentrar
em contato com todos os pontos sucessivos da superfície ativa da outrn l'eª.
É possivel se determinar uma relação de modo que a razão de velocidades
angulares de duas peças em contato direto possa ser calculada sem a necessidade
da construção geométrica delineada acima. A partir dos centros 02 e 03 baixam-se
perpendiculares à normal comum cruzando-a nos pontos e e f, respectivamente.
As seguintes relações são obtidas da Fig. 1.12:

PM2 _ PM3
w2 = O P e w3 - O P
2 3

Com a normal comum cruzando a linha de centros no ponto K, os triângulos


02Ke e 03Kf são semelhantes também: portanto,
Assim, para um par de superficeis curvas em contato direto, as velocidades
angulares são inversamente proporcionais aos segmentos determinados na linha
de centros por sua interseção com a normal comum. Conclui-se então que para
haver uma razão de velocidades angulares constante a normal comum deve cruzar a
linha de centros em um ponto fixo.

-K _--------------
-

É possível também a obtenção das relações acima para a transmissão de movi-


mento através de uma peça intermediária ou biela e para a transmissão de movimento
por elemento flexível. As Figs. 1.13 e 1.14 mostram os dois casos, respectivamente,
onde a velocidade é dada por:

1.1 (a) Se w2 = 20 rad/min, calcular a velocidade angular da peça 3 para os


dois casos mostrados na Fig. 1.15. (b) Calcular os ângulos máximo e mínimo
entre o seguidor e a horizontal.

1.2 Desenhar em escala o mecanismo do Problema 1.1 e determinar grafi-


camente a velocidade de deslizamento entre as peças 2 e 3. Usar um módulo de
velocidades de 1 em = 10 cm/min.

1.3 Se w2 = 20 rad/min para o mecanismo apresentado na Fig. 1.15, usando


uma construção gráfica, determinar as velocidades· angulares da peça 3 para uma
volta completa da came, empregando acréscimos de 60" a partir da posição em que
w3 = O. Plotar w3 em função do ângulo de rotação 8 da came. Usar os módulos
de Icm = I rad/min para w3 e Icm = 5° para 8.

1.4 Provar que, para o mecanismo mostrado na Fig. 1.13, as velocidades


angulares das peças conduzida e condutora são inversamente proporcionais aos
segmentos determinados na linha de centros por sua interseção com a linha de
transmissão .

. 1.5 Provar que, para as polias e correia mostradas na Fig. 1.14, as velocidades
angulares das polias são inversamente proporcionais aos segmentos determinados
na linha de centros por sua interseção com a linha de transmissão.

1.6 No mecanismo da Fig. 1.13, a manivela 2 tem 1,90 cm de comprimento


e gira a uma velocidade angular constante de 15 rad/s. A barra 3 tem 3,SOcm de
comprimento e a barra 4 tem 2,50em de comprimento. A distância entre os centros
02 e 04 é de 5,IOem. Determinar, graficamente, a velocidade angular da peça 4
quando a manivela 2 tiver girado de 45° no sentido anti-horário, a partir da hori-
zontal. Dizer se w4 é constante ou não.
1.7 Uma polia de 10 em de diâmetro aciona outra de 20 cm de diâmetro
através de uma correia. Se a velocidade angular da polia condutora é de 65 rad/s
e a distância entre os centros das polias é de 40 cm, determinar, graficamente, a
velocidade angular da polia conduzida. Sua velocidade será constante?
Sistemas Articulados

.....•..
...••
.....

2.1 Mecanismo de Quatro Barras. Um dos mecanismos mais simples e mais


úteis é o mecanismo de quatro barras ou quadrilátero articulado, mostrado na
Fig. 2.1. A peça I é o suporte, geralmente estacionária. A manivela 2 é a peça
acionadora que pode girar ou apenas oscilar. Em ambos os casos a peça 4 irá
oscilar. Se a peça 2 gira, o mecanismo transforma movimento de rotação em osci-
lação. Se a manivela oscila, o mecanismo então multiplica o movimento de osci-
lação.

Enquanto a peça 2 gira, não há perigo de travamento do mecanismo. Entre-


tanto se a manivela 2 oscila, deve- se tomar cuidado no dimensionamento dos
comprimentos das peças para evitar pontos mortos de modo que o mecanismo não
pare em suas posições extremas. Estes pontos mortos ocorrerão quando a linha
de ação da força acionadora tiver a mesma direção da peça 4, conforme está indi-
cado na Fig. 2.2.

Se o mecanismo de quatro barras for projetado de modo que a peça 2 possa


girar completamente mas a peça 4 seja a acionadora, ocorrerão pontos mortos e
será necessário o uso de um volante para evitar a parada nesses pontos mortos.
Além dos possíveis pontos mortos em um mecanismo de quatro barras, é
necessário considerar- se o ângulo de transmissão que é o existente entre a peça de
ligação 3 e a peça 4, conforme mostrado na Fig. 2.3a como ângulo y .

.•..
z .
.•..
.•...•..

11 rl ~.11

Pode-se deduzir uma equação para o ângulo de transmissão aplicando a Lei


dos Co-senos aos triângulos A0204 e AB04:
Em geral, o ângulo de transmissão máximo não deve ser maior do que 140"
e o mínimo não deve ser inferior a 40" se o mecanismo for empregado para trans-
mitir grandes forças. Se o ângulo de transmissão se tornar menor do que 40°, o
mecanismo tenderá a parar devido ao atrito nas articulações; também as peças
3 e 4 tenderão a ficar alinhadas e podem bloquear o mecanismo. É muito impor-
tante verificar os ângulos de transmissão quando o mecanismo for projetado para
trabalhar próximo às configurações correspondentes aos pontos mortos. A Fig. 2.3b
mostra os ângulos de transmissão mínimo e máximo, y' e y", respectivamente,
para um mecanismo de quatro barras. Neste mecanismo, a peça 2 gira e a peça 4
oscila.

o mecanismo de quatro barras pode tomar outras formas como a mostrada


na Fig. 2.4. Na Fig. 2.4a o mecanismo está cruzado, isto é, quando as peças 2 e 4
giram, o fazem em sentido opostos.
Este mecanismo tem o mesmo tipo de movimento que o da Fig. 2.1.
Na Fig. 2.4b as peças opostas têm o mesmo comprimento e, portanto, sempre
permanecem paralelas; as peças 2 e 4 têm movimento de rotação. Este tipo de
mecanismo é característico das rodas motrizes de ·uma locomotiva a vapor. A Fig.
2.4c mostra outro arranjo no qual a peça motriz e a conduzida giram continuamente.
Esta forma de quadrilátero articulado é a base para o mecanismo de manivela
dupla e corrediça, que será abordado no item relativo a mecanismos de retorno
rápido. Se a peça 2 girar a uma rotação constante, a peça 4 terá uma velocidade
angular não uniforme. A fim de se evitar o travamento do mecanismo, deve se
manter certas relações entre os comprimentos das peças:

02A e 04B > 0204


(02A - 0204) + AB > 04B
(04B - 0~04) + 02A > AB

A segunda e a terceira relações se originam dos triângulos 04A' B' e 02A" B",
respectivamente, e do fato de que a soma de dois lados de em triângulo deve ser
maior que o terceiro lado.

A Fig. 2.41 mostra um arranjo onde a peça 4 da Fig. 2.1 foi substituída por
um bloco deslizante. O movimento dos dois mecanismos é idêntico.
O mecanismo de quatro barras é muitas vezes denominado de manivela-balancim
quando a peça 2 gira e a peça 4 oscila conforme mostrado na Fig. 2.4a. Do mesmo
modo, o termo manivela dupla significa que ambas as peças 2 e 4 têm movimento
de rotação como a Fig. 2.4b e c. O termo balancim duplo indica que as peças 2 e 4
têm movimento de oscilação, mostrado na Fig. 2.2.
Pode-se aplicar a Lei de Grashoff como uma maneira de determinar se o
mecanismo irá operar como manivela balancim, manivela dupla ou balancim duplo.
Esta leP estabelece que se ª-.s,ºm.a.. dos comprimentos da maior e da menor peça
fuJ:menor do qUR a soma dos comprimentos das outras duas, o mecanismo formará :
I. Dois mecanismos tipo manivela balancim, diferentes, quando a menor
peça for a manivela e qualquer das peças adjacentes for a peça fixa.
2. Um mecanismo manivela dupla quando a menor peça for a fixa.
3. Um balancim duplo quando a peça oposta à menor for a peça fixa.
Também, se a soma dos comprimentos da maior e da menor for maior do que
a soma dos comprimentos das outras duas, somente resultarão balancins duplos.
Também, se a soma da maior e da menor peça for igual à soma das outras duas,
os quatro mecanismos possíveis são similares aos dos casos I, 2 e 3 acima. Entre
tanto, neste último caso a linha de centros do mecanismo pode ficar alinhada com
as peças de modo que a manivela conduzida possa mudar o sentido de rotação "a
não ser que algo seja feito para evitá-Io. Tal mecanismo é apresentado na Fig. 2.4b
onde as peças podem ficar alinhadas com a linha de centros 0204. Nesta posição,
o sentido de rotação da peça 4 pode mudar a não ser que a inércia desta peça a leve
a ultrapassar este ponto.
2,2 Mecanismo Cursor-Manivela, Este mecanismo é amplamente utilizado
e encontra sua maior aplicação no motor de combustão interna. A Fig. 2.5a
mostra um esboço em que a peça 1 é o bloco do motor (considerado fixo), a peça 2
é a manivela, a peça 3 a biela e a peça 4 o êmbolo. Sobre a peça 4 atua a pressão
dos gases, no motor de combustão interna. A força é transmitida à manivela,
através da biela. Pode-se ver que haverá dois pontos mortos durante o ciclo, um
em cada posição extrema do curso do êmbolo. Para evitar a parada do mecanismo
nesses pontos mortos é necessário o emprego de um volante solidário à manivela.
Este mecanismo também é usado em compressores de ar onde um motor elétrico
aciona a manivela que por sua vez impulsiona o êmbolo que comprime o ar.
Considerando o mecanismo cursor-manivela, é necessário calcular o deslo-
camento do cursor e sua velocidade e aceleração correspondentes. As equações
de deslocamento, velocidade e aceleração são obtidas usando-se a Fig. 2.5b.

x = R + L- R cos (J - Lcos </J

= R(l - cos (J) + l.(l - cos </J)


= R(1- cos (J) + L[l--Jl - (R/L)2 sen2(J]
A fim de simplificar a expressão acima, o radical pode ser aproximado substi-
tuindo-o de acordo com a série

onde B = (R/L) sen (J.


Em geral, o uso dos dois primeiros termos da série já possibilita uma precisão
suficiente.
Portanto,

(R)2 - -, (R)2
J 1- L sen2(J = 1 -
1
2 L sen (J

dx = Rw [ sen (J + 2RL sen 2(J]


V = dt

2
A = ddt2x = RW2 [ cos (J + L
R cos 2(J]

~ ~ 1 .
(a) (b)

~ 1 .
(e)

É possível fixar-se outra peça, sem ser a peça 1, no mecanismo curso r manivela
e assim obterem-se três inversões, que são mostradas na Fig. 2.6. Na Fig. 2.6a
fixa-se a manivela e todas as demais peças podem se mover. Este mecanismo era
usado em antigos motores de avião e eram conhecidos como motores rotativos
porque a manivela era estacionária e os cilindros giravam em torno da manivela.
Uma aplicação mais moderna desta inversão aparece no mecanismo Whitworth que
será apresentado no item relativo a mecanismos de retorno rápido. A Fig. 2.6b
mostra uma inversão onde a biela é a peça fixa. Esta inversão é empregada em
máquinas a vapor auxiliares e é também a base do mecanismo de plaina limadora,
a ser apresentada mais adiante. A terceira inversão, onde o curso r é a peça fixa, é
usadas, às vezes, em bombas de água manuais.
Pode se conseguir uma variação'do mecanismo cursor-manivela aumentado-se
o diâmetro do moente até que ele fique maior do que o munhão da manivelà. Este
moente aumentado constitui um excêntrico e substitui a manivela do mecanismo
original. A Fig. 2.7 mostra um desenho em que o ponto A é o centro do excêntrico
e o ponto D o seu centro de rotação. O movimento deste mecanismo equivale ao
de um mecanismo cursor-manivela com uma manivela de comprimento DA. Uma
desvantagem séria deste mecanismo, entretanto, é o problema da lubrificação
adequada entre o excêntrico e a biela. Isto limita a potência que pode ser trans-
mitida.

2.3 Garfo Escocês. Este mecanismo é capaz de gerar movimento harmônico


simples. Antigamente era empregado em bombas a vapor, mas agora é usado
como um mecanismo de uma mesa vibradora e como gerador de seno e co-seno
para mecanismos de cômputo. A Fig. 2.8a apresenta um esboço desse mecanismo
e a Fig. 2.8b mostra como é gerado o movimento harmônico simples. O raio r
a uma velocidade angular constante wr e a projeção do ponto P sobre o eixo x
(ou eixo y) se desloca com movimento harmônico simples. O deslocamento, medido
da direita para a esquerda, a partir da interseção da trajetória de P com o eixo x é

dx
V = {[t = rWr sen wrt = rWr sen (}r
Outro mecanismo capaz de gerar movimento harmônico simples é a carne
circular com seguidor radial de face plana, que será apresentado no próximo capítulo.

2.4 Mecanismos de Retorno Rápido. Estes mecanismos são usados em máquinas


opera trizes para dar lhes um curso de corte lento e um curso de retorno rápido
para uma velocidade angular constante da manivela motriz. Em geral são sistemas
articulados simples tais como o mecanismo de quatro barras e o mecanismo cursor-
manivela. Pode-se usar também uma inversão do mecanismo cursor-manivela
combinado com o mecanismo cursor manivela convencional. No projeto de
mecanismos de retorno rápido, a razão entre os ângulos descritos pela manivela
motriz durante o curso de corte e o curso de retorno é de suma importância e (,
conhecido como razão de tempos. Esta razão deve ser maior do que a unidade e
seu valor deve ser o maior possível para que haja um retorno rápido da ferramenta de
corte. Como um exemplo, no mecanismo da Fig. 2.11, rx é o ângulo descrito pela
manivela durante o curso de corte e p é o correspondente ao curso de retorno.
Supondo se que a manivela opera a uma veloCidade de rotação constante, a razão
de tempos é, portanto, rx/P que é muito maior do que a unidade.
Há diversos tipos de mecanismos de retorno rápido que são descritos a seguir:
Mecanismo de manivela dupla e cursor. Este mecanismo é derivado do meca-
nismo de quatro barras e está mostrado na Fig. 2.9. Para uma velocidade angular
constante da peça 2, a peça 4 rodará com velocidade de rotação não uniforme.
O cursor 6 irá subir com velocidade aproximadamente constante durante a maior
parte do avanço para dar um curso de avanço lento e um retorno rápido quando a
manivela 2 girar no sentido anti-horário.
Mecanismo Whitworth. É uma variação da primeira inversão do mecanismo
cursor-manivela em que a manivela é a peça fixa. A Fig. 2.10 mostra um esboço do
mecanismo e as peças 2 e 4 fazem voltas completas.
Mecanismo de plaina limadora. Este mecanismo é uma variação da segunda
inversão do mecanismo cursor-manivela em que a biela é a peça fixa. A Fig. 2.11
apresenta este mecanismo onde a peça 2 gira e a peça 4 oscila.
°°
Se a distância 2 4 for diminuída até ficar menor que a manivela, este meca-
nismo se transformará no Whitworth.
CUl"ID de
~
corte

\
\
\
\
\
\
\
\
\
\
Manivela deslocada. O mecanismo curso r-manivela pode ter a manivela deslo-
cada conforme mostrado na Fig. 2.12. Isto possibilitará um movimento de retomo
rápido. Entretanto, o efeito do retomo rápido é muito pequeno e o mecanismo deve
ser empregado somente onde o espaço for limitado e o mecanismo tiver que ser
simples. •

2.5 Alavanca Articulada. Este mecanismo tem muitas aplicações onde se


necessita vencer uma grande resistência com uma pequena força motriz. A Fig. 2.13
mostra o esboço do mecanismo; as peças 4 e 5 têm o mesmo comprimento. À
medida que os ângulos IX diminuem e as peças 4 e 5 se tomam quase alinhadas, a
força F necessária para superar uma dada resistência P decresce conforme indicado
pela seguinte relação

F
P = 2 tglX.

Pode-se ver que para uma determinada força F quando IX tende a zero, P tende
para infinito. Um britador utiliza este mecanismo para vencer um grande resis-
tência com uma pequena força. Este mecanismo pode ser usado estática ou dinami-
camente, como se vê em muitos dispositivos de fixação de peças.
2.6 Junta de Olclham. Este mecanismo possibilita um meio de ligarem-se dois
eixos paralelos que possuam um pequeno desalinhamento, de modo que possa
haver transmissão de velocidade angular constante entre o eixo motriz e o conduzido.
A Fig. 2.14 mostra um esboço desta junta. Este mecanismo é uma inversão do
garfo escocês.

2.7 Mecanismos Traçadores de Retas. Como o nome indica, estes mecanismos


são projetados de modo que um ponto de uma das peças se mova em linha reta.
Dependendo do mecanismo, esta linha reta poderá ser aproximada ou teoricamente
exata.
Um exemplo de um mecanismo traçador de retas aproximadas l.'o mecanismo
de Watt, mostrado na Fig. 2.15. O ponto P está localizado de tal modo que os
segmentos AP e BP são inversamente proporcionais aos comprimentos 02A e O 4B.
Portanto, se as peças 2 e 4 tiverem o mesmo comprimento, o ponto P deverá estar
no meio da peça 3. O ponto P descreverá uma trajetória na forma de um 8. Parte
desta trajetória se aproximará muito de uma linha reta.

O mecanismo Peaucellier é um que pode gerar uma linha reta exata. A Fig. 2.16
mostra um esboço onde as peças 3 e 4 são iguàis. As péças 5, 6, 7 e 8 também são
iguais e a peça 2 tem seu comprimento igual à distância 0204' O ponto P descre-
verá uma trajetória que é uma linha reta exata. .
Os mecanismos traçadores de reta têm muitas aplicações; entre estas, os meca-
nismos de indicadores de motores e de disjuntores elétricos são duas aplicações
notáveis.
2.8 Pantógrafo. Este mecanismo é usado como um dispositivo de copiar.
Quando um ponto do mecanismo seguir uma determinada trajetória, outro ponto
do mecanismo, porém de outra peça, descreverá uma trajetória semelhante à anterior,
em uma escala previamente escolhida. A Fig. 2.17 apresenta um esboço do meca-
nismo. As peças 2, 3,4 e 5 formam um paralelogramo e o ponto P está situado numa
extensão da peça 4. O ponto Q está localizado sobre a peça 5, na interseção com a
linha que liga O a P. Quando o ponto P descrever'uma curva, o ponto Q traçará
uma trajetória semelhante, em escala reduzida.

-- --- --

Este mecanismo encontra muita aplicação em instrumentos copiadores,


particularmente em máquinas de gravação ou máquinas copiadoras. Um emprego
desta máquina é a confecção de matrizes ou moldes. O ponto P serve como um
ponteiro e segue o perfil de um gabarito enquanto a ferramenta colocada no ponto Q
usina a matriz, em uma escala menor.

2.9 Rotores de Câmara. Este mecanismo se apresenta sob diversas formas,


que podem se enquadrar em duas classificações. O primeiro tipo consiste de dois
lóbulos que operam dentro de uma câmara. O soprador Roots, mostrado na
Fig. 2.18, é um exemplo deste tipo. Os rotores são ciclóides e são acionados por
um par de engrenagens iguais, acopladas, situadas atrás da câmara. Em uma apli-
cação moderna o soprador. Roots possui três lóbulos em cada rotor: é usado em
superalimentadores de baixa pressão para motores Diesel.

o outro tipo de rotores de câmara tem somente um rotor situado excentrica-


mente dentro da câmara e geralmente é uma variação do mecanismo cursor-manivela.
A Fig. 2.19 mostra um mecanismo deste tipo projetado originalmertte para uma
máquina a vapor, mas sua aplicação atual é em bombas.

Outro exemplo do segundo tipo de rotores de câmara está apresentado na


Fig. 2.20 que ilustra o princípio do motor Wallkel. Neste mecanismo. os gases
em expansão atuam sobre o rotor que gira exentricamente e transmite torque ao
eixo de saída por intermédio do excêntrico que faz parte do eixo. A defasagem
entre as rotações do rotor e do excêntrico é assegurada por um par de engrenagens
composto de uma engrenagem de dentes internos e outra de dentes externos (não
mostradas na figura), de modo que o movimento orbital do rotor é controlado
adequadamente.
2.10 Junta de Hooke. Esta junta é usada para interligar dois eixos que se
cruzam. Também conhecida por junta universal, encontra larga aplicação em
veículos automóveis. Um esboço desta junta está mostrado na Fig. 2.21 e um modelo
comercial é apresentado na Fig. 2.21. Na Fig. 2.21, a peça 2 é a motriz e a 4 é a
conduzida. A peca 3 é uma cruzeta Que li~a os dois garfos Pode-se ver2 que,
embora os dois eixos completem uma volta durante o mesmo tempo, a razão das
velocidades angulares dos dois eixos não será constante, varia!t4º GOITlO uma função
qQ~I1g11JQ-'J~ntrç os eixos e do ângulo de rotação e
do eixo motriz. A relação é
dada por

cos f3
-I -.senz-p-se-n-1-·O

Fig. 2.22 Junta universal tipo Hookc (Cortesia de Mechanics Universal Joint Division. Borg-Warner
Corp.)

Uma representação gráfica desta equação em coordenadas polares para um


quarto de volta do eixo motriz, mostrada na Fig. 2.23, indica claramente o efeito
de um grande ângulo f3 entre os eixos. É possível a ligação entre dois eixos por
intermédio de duas juntas de Hooke e um eixo intermediário. de modo que a razào
de velocidades não uniforme do primeiro acoplamento será anulada pela segunda
junta. A Fig. 2.24 indica esta aplicação quando os dois eixos 2 e 4, que serão ligados,
não são coplanares. A ligação deve ser realizada de tal modo que o eixo motriz 2 e
o conduzido 4 façam ângulos iguais P com o eixo intermediário 3. Também os
garfos do eixo 3 devem ser posicionados de modo que um garfo fique no plano
determinado pelos eixos 2 e 3 e o outro fique no plano dos eixos 3 e 4. Se os dois
eixos a serem ligados estiverem no mesmo plano. entào os garfos du eixo interme-
diário serão paralelos. Uma aplicação deste último caso é o sistema Hotchkiss de
transmissão, usado na maioria dos veículos atualmente.

2.11 Juntas Universais Homocinéticas. Engenheiros pesquisaram durante


muitos anos uma junta universal capaz de transmitir movimento a uma razão de
velocidades angulares constante. Diversas juntas, aplicando o princípio de Hooke,
foram propostas e uma delas, surgida em 1870, possuía um eixo intermediário
de comprimento nulo. Entretanto, pelo que se conhece, juntas deste tipo nunca
tiveram emprego comercial.

Com o desenvolvimento da tração dianteira para veículos automóveis, aumen-


tou a necessidade de uma junta universal que fosse capaz de transmitir movimento
com uma razão de velocidades angulares constante. É verdade que poderiam ser
usados duas juntas de Hooke e um eixo intermediário, porém, isto não seria comple-
tamente satisfatório. Em uma transmissão do tipo empregado nos veículos de
tração dianteira, onde o ângulo p é, às vezes, muito grande, as condições modifi-
cantes tornam-na quase impossível de obter ràzão de velocidades constante. A
necessidade de uma junta homocinética foi satisfeita pela introdução, nos EUA, das
juntas Weiss e Rzeppa e na França, '<.iajunta Tracta. A junta Weiss foi patenteada
pela primeira vez em 1925, a Rzeppa em 1928 e a Tracta em 1933. O funcionamento
destas juntas não é baseado no mesmo princípio da junta de Hooke.

Uma junta Bendix-Weiss está apresentada na Fig. 2.25. Conforme mostrado


na figura, as ranhuras que são simétricas em relação à linha de centros dos eixos,
são formadas nas superfícies dos dentes dos garfos. Quatro esferas são colocadas
entre esses dentes no ponto onde os eixos das ranhuras de um garfo cruzam os eixos
das ranhuras do outro garfo. A transmissão de potência é feita do eixo motriz
para o conduzido, através dessas esferas. Uma quinta esfera, com -um entalhe,
proporciona a montagem das peças em um conjunto assim como suporta as forças
axiais. Em funcionamento, as esferas mudarão automaticamente suas posições
à medida que o ângulo entre os eixos variar, de modo que o plano que contém os
centros das esferas sempre esteja na bissetriz do ângulo formado pelos dois eixos.
Pode-se provar3 que desta condição resultará uma razão de velocidades angulares
constante. A Fig. 2.28 mostra uma fotografia da junta Bendix- Weiss.
Uma junta Rzeppa, tipo sino, está mostrada na Fig. 2.26. Esta junta consiste
de um alojamento esférico e uma pista interna dotados de ranhuras. Seis esferas
de aço são colocadas nessas ranhuras e transmitem o torque do eixo motriz para o
conduzido. As ranhuras são concêntricas em relação ao ponto O, cruzamento das
linhas de centro dos eixos. As seis esferas são conduzidas por uma gaiola cuja
posição é controlada por uma haste. Uma extremidade desta haste se encaixa num
alojamento colocado na extremidade do eixo B e a outra desliza num furo situado
na extremidade do eixo A. Um alargamento esférico no corpo da haste se articula
com a gaiola. Se o eixo Bfor defletido em relação ao eixo A, deverá girar em torno
de O, porque o conjunto tem este ponto como centro de rotação. Através do movi-
mento do eixo B a haste será acionada comandando a gaiola e portanto as esfe~as,
em um giro de aproximadamente metade do ângulo descrito pelo eixo B. Embora seja
possível demonstrar geometricamente que o ângulo entre os eixos~m como bissetor
o plano que passa pelos centros das esferas para um e somente um ângulo (diferente
de zero) entre os eixos. dependendo das proporções do mecanismo-guia, os erros
serão tão pequenos, para outros ângulos até 40° mais ou menos, que serão conside-
rados desprezíveis. POl:tanto. para todos os fins práticos, o plano dos centros das
esferas é o bissetor do ângulo entre os doís eixos e a junta transmite movimento
com uma razão de velocidades angulares constante. A Fig. 2.28 apresenta uma
fotografia da junta Rzeppa.
Uma junta Tracta, mostrada na Fig. 2.29, consiste de quatro peças: dois eixos
com as extremidades em forma de garfo e duas peças hemisféricas, uma delas tem
uma corrediça e a outra uma ranhura para receber a corrediça. Além disso, no
lado hemisférico de cada peça há uma ranhura que permite a ligação com o garfo
de cada eixo. Os dentes dos garfos abrangem um ângulo maior do que 180 de 0

modo a serem autobloqueantes quando montados. A corrediça e a ranhura que


recebe a corrediça fazem 900 com as ranhuras onde se encaixam os garfos. Através
do encaixe entre a corrediça e a ranhura das peças hemisféricas, quando a junta
está montada, os eixos das peças hemisféricas devem sempre permanecer no mesmo
plano. Com a junta montada, os garfos ficam livres para girar em torno dos eixos
das peças hemisféricas, que estão no plano da corrediça e da ranhura.
Em aplicações industriais a junta é mantida em alinhamento adequado por
meio de dois alojamentos esféricos não mostrados na figura. Com a junta montada,
estes alojamentos proporcionam uma cobertura das peças da junta, articulúvei e
que suporta os eixos de modo que suas linhas de centro sempre se cruzem em um
ponto equidistante dos centros das peças hemisféricas. Com este alinhamento a
junta Tracta transmitirei movimento com razão de velocidades constante. A Fig.
2.28 apresenta uma fotografia desta junta.
2.12 Mecanismos de Movimento Intermitente. Há muitos exemplos onde é
necessário transformar movimento contínuo em intermitente. Um dus primeiros
exemplos é o mecanismo de comando do movimento da mesa de uma máquina
operatriz a fim de apresentar uma nova peça diante da ferramenta para usinagem.
Há diversas maneiras de se conseguir este tipo de movimento.
Roda de genebra. Este mecanismo é muito útil na geração de movimento
intermitente porque diminui o choque de acoplamento. A Fig. 2.29 mostra um
esboço onde o prato I, que gira continuamente, possui um pino acionador P que se
encaixa em um sulco na peça conduzida 2. Na figura, a peça 2 gira de um quarto
de volta para cada volta do prato I. O sulco da peça 2 deve ser tangente à trajetória
do ponto P no instante do acoplamento para reduzir o choque. Isto significa que
o ângulo 01 PO 2 será um ângulo reto. Pode-se ver também que o ângulo p é a metade
do ângulo descrito pela peça 2 durante a mudança de estação. No caso, o ângulo
p é 45°.

É necessário um dispositivo de fixação para não deixar a peça 2 girar a não ser
quando acionada pelo pino P. Uma das maneiras mais simples de se conseguir
isso é montando um disco de fixação sobre a peça I. A superfície convexa do disco
coincide com a côncava da peça 2 exceto durante o período de troca de estação.
É necessário cortar uma parte do disco de fixação para permitir o movimento da
peça 2 quando estiver sendo acionada pela peça I. Esse corte, no disco de fixação,
corresponde a um arco de valor igual a duas vezes o ângulo IX.
Se um dos sulcos da peça 2 for fechado, então o prato I dará somente um número
limitado de voltas antes que o pino P esbarre no sulco fechado, interrompendo o
movimento.
Mecanismo de catraca. Este mecanismo é empregado para gerar movimento
circular intermitente a partir de uma peça oscilante ou alternativa. A Fig. 2.30
apresenta os detalhes. A roda dentada 4 recebe movimento intermitente através
do braço 2 e do dente acionador 3. Um dente-retém, 5 impedirá a rotação da roda 4
quando o braço 2 girar no sentido horário preparando-se para outro curso. A linha
de ação PN, entre o dente 3 e os dentes da roda 4, deve passar entre os centros
O e A como indica a figura a fim de que o dente 3 permaneça em contato com a roda
dentada. A linha de ação (não mostrada) entre o dente-retém 5 e a roda dentada
deve passar entre os centros O e B. Este mecanismo tem muitas aplicações, parti-
cularmente em contadores.

Engrenamento intermitente. Este mecanismo encontra aplicação em aciona-


mentos onde as cargas são leves e o choque for de importância secundária. A roda
motriz possui um dente e a conduzida um número de vãos de dentes para a obtenção
do movimento intermitente desejado. A Fig. 2.31 apresenta este mecanismo. Um
dispositivo de freiamento deve ser empregado na roda 2 para evitar sua, rotação
quando o dente da engrenagem 1 não estiver acoplado com a peça 2. Um modo
de fixar a peça 2 é mostrado na figura: a superfície convexa da roda 1 coincide com a
superfície côncava entre os vãos de dentes da peça 2.
Mecanismo de escape. Neste tipo de mecanismo uma roda dentada, sujeita a
um torque, tem movimento de rotação intermitente por ação de um pêndulo.
Devido a isto, o mecanismo pode ser empregado como um marcador de tempo e
deste modo encontra sua maior aplicação em relógios. Uma segunda aplicação
é o seu uso como um comando para controlar deslocamento, torque ou velocidade.

Há muitos tipos de escapes, porém, o que é usado em relógios devido à sua


grande precisão é o escape com roda de balanço, mostrado na Fig. 2.32.
A roda de balanço e a mola de cabelo constituem um pêndulo torsional com um
período fixo (tempo de oscilação de um ciclo). A roda_~ es~~_~acionadapor
uma mola mestrª~J!m. _trem de engr~nagens (não mostrado) e possÜrmovimentó
~~Jºtªçªº intermiteIlte no ~~Iltido_borÍlriocornandado pela _alayaDca. Para cada
oscilação completa da roda de balanço, a âncora libera a roda de escape para girar
de um ângulo correspondente a um dente. A roda de escape, portanto, conta o
número de vezes que a roda de balanço oscila e também, através da âncora, fornece
energia à roda de balanço para compensar perdas por atrito e de resistência do ar.
A fim de estudar o movimento deste mecanismo durante um ciclo, conside-
remos a âncora mantida encostada no pino-batente_ da esquerda pelo dente A da
roda de escape atuando sobre a lingüeta da esquerda. A roda de balanço gira no
sentido anti-horário de modo que o rubi se choca com a âncora girando-a no sentido
horário. O movimento da âncora faz com que a lingüeta da esquerda libere o dente A
da roda de escape. Esta roda então gira no sentido horário e a parte superior do
dente A impulsiona a lingüeta da esquerda, ao deslizar por baixo desta. Com este
impulso a âncora começa agora a acionar o rubi, dando assim energia à roda de
balanço para manter o seu movimento.
Depois que a roda de escape girar um pequeno ângulo, voltará ao repouso
novamente quando o dente B topar com a lingüeta da direita que tinha sido baixada
devido à rotação da âncora. Esta âncora bate no pino da direita e pára, mas a roda
de balanço continua girando até que sua energia seja absorvida pela mola de cabelo,
por atrito no mancal e pela resistência do ar.
Roda de balanço
e mola de cabelo
(não mostrada)

Roda de escape
'1 / (acionada pela
/ mola mestra e
trem de engrenagens)

A força do dente B da roda de escape sobre a lingüeta da direita mantém a


âncora bloqueada, de encontro ao pino-batente da direita. A roda de balanço
completa a sua oscilação e inverte o sentido, retomando com movimento no sentido
horário. O rubi agora bate no lado esquerdo do entalhe da âncora impulsionando-a
no sentido anti-horário. Esta ação libera o dente B, que por sua vez impulsiona
a âncora através da lingüeta da direita. Depois de girar um pequeno ângulo a roda
de escape voltará ao repouso novamente quando o dente seguinte topar com a
lingüeta da esquerda.
O escape de roda de balanço é também conhecido como escape de âncora
independente porque a roda de balanço fica livre de seu contato com a âncora
durante a maior parte de sua oscilação. Devido a esta liberdade relativa da roda
de balanço, o escape tem uma precisão de ± 1%.
Para informação adicional sobre mecanismos de escape e suas aplicações
deve-se consultar uma das muitas referências sobre o assunt04•

4 A. L. Rawlings. The Science of Clocks and Watches. 2." ed. Pitman. 1948. T. K. Stecle. "Clock-
Escapement Mechanisms". Product Engineering. Janeiro, 1957. pg. 179.
2.13 Síntese. Nos sistemas articulados, estudados neste capítulo, eram dadas
as dimensões do mecanismo e o problema consistia em analisar o movimento
produzido pelo sistema. Um assunto completamente diferente, entretanto, é tentar
dimensionar um mecanismo para dar esse movimento. Este procedimento é conhe-
cido por síntese de mecanismos. Indubitavelmente muitos problemas de síntese
têm sido resolvidos por tentativas, mas foi somente nos anos recentes que foram
desenvolvidas soluções racionais.
Muitos métodos de síntese foram propostos, gráficos e analíticos, e somente o
seu estudo já seria uma matéria. No capítulo 9, Introdução à Síntese, são apresen-
tados diversos métodos para ilustrar os princípios envolvidos.

2.1 No mecanismo de quatro barras, mostrado na Fig. 2.1, faça O2 O 4 = 50mm,


02A = 62mm, AB = 38mm e 04B igual a 44mm, 69mm e 19mm. Desenhe os
três mecanismos em escala e determine para cada um se as peças 2 e 4 giram ou
oscilam. No caso de oscilação determine as posições-limite.
2.2 No mecanismo de quatro barras, mostrado na Fig. 2.1, a peça 2 gira e a peça
4 oscila segundo um ângulo de 75°. A peça 4 tem 114mm de comprimento e quando
está em uma posição extrema, a distância 02B 1..'de J02mm e na outra posição
extrema é de 229mm. Determine os comprimentos das peças 2 e 3 e desenhe o
mecanismo em escala, como verificação. Determine os valores máximo e minimo
do ângulo de transmissão.
2.3 Se no mecanismo de manivela dupla, mostrado na Fig. 2.4c, 02A =
= 76,2mm, AB = 102mm e O 4B = 127mm, qual deve ser o comprimento máximo
de 0204 para um funcionamento adequado do mecanismo?

O.A = 2~
AB= 75mm
mm--r E
R = 75mm E
N
10

1_
2.4 No mecanismo de quatro barras, mostrado na Fig. 2.33, a guia é fixa e
sua linha de centro é um arco circular de raio R. Desenhe o mecanismo em escala
e, por construção gráfica, determine a velocidade angular do bloco 4, para a fase
mostrada. A velocidade angular 0)2 é 1 rad/s. Indique o sentido de 0)4'
2.5 Considerando o mecanismo cursor-manivela, mostrado na Fig. 2.5h,
deduza as equações para o deslocamento, a velocidade e a aceler.ação do cursor em
função de R, L, O, O) e 4>. Não faça aproximações. Considere O) constante.
2.6 A equação aproximada para o deslocamento do cursor, no mecanismo
cursor-manivela, é x = R( I - cos O) + (R2/2 L) sen2 0, sendo O = wt porque w
é constante. Deduza as equações para a velocidade e a aceleração do cursor se
O) não for constante.

2.7 Escreva um programa de computador para calcular o deslocamento, a


velocidade e a aceleração do cursor do. mecanismo cursor-manivela mostrado na
Fig. 2.5. Use a equação exata e a aproximada. Faça R = 50mm, L = 100mm,
"2 = 2 400 rpm. Calcule o deslocamento, a velocidade e a aceleração, para uma
volta da manivela, com intervalos de 10" para o ângulo O ..
2.8 Um mecanismo cursor-manivela tem uma manivela de comprimento
R = 50mm e opera a 250 rad/s. Calcule os valores máximos da velocidade e da
aceleração e determine os ângulos da manivela em que ocorrem esses máximos.
Use bielas de comprimentos 200, 230 e 250mm. Utilize as equações aproximadas
e considere O) constante.
2.9 Escreva um programa de computador para comparar o movimento har-
mônico simples do Garfo Escocês (Fig. 2.8) como movimento do cursor do meca-
nismo cursor-manivela. Use" = I 800 rpm, R = 50mm e L = 100mm para o
cursor-manivela e r = 50mm para o Garfo Escocês. Calcule o deslocamento,
a velocidade e a aceleração para cada valor de O, variando-o de Oa 360" no sentido
anti-horário. Empregue as equações aproximadas para o mecanismo cursor-
manivela e considere w constante.
2.10 No mecanismo da Fig. 2.34, despreze o efeito da biela (considere infi-
nito o comprimento da biela) e determine uma expressão para o movimento relativo
entre os dois cursores. Esta relação deve ser uma função do tempo e constar de um
único termo trigonométrico.

I
I O,A = 75mm
O,B = 125mm
~6

j
I
2.11 Se peça 2 do Garfo Escocês, mostrado na Fig. 2.8a gira a 100 rpm, deter-
mine a velocidade máxima e a aceleração máxima da peça 4 para um curso de lOmm.
2.12 A Fig. 2.35 apresenta um mecanismo Garfo Escocês modificado, no
qual a linha de centro da guia é um arco circular de raio r. O raio da manivela é R.
Deduza uma expressão para o deslocamento x do garfo (peça 4) em função de lJ, R e
r. Indique o deslocamento no desenho.

4
mm
1

2.13 Considerando o mecanismo de retorno rápido de manivela dupla e cursor


mostrado na Fig. 2.9, determine a velocidade do cursor 6 para uma volta completa
da manivela 2, usando intervalos de 45° para o ângulo de rotação desta manivela.
A velocidade de rotação da peça 2 é de 100 rpm. Use a escala 1:3 para o desenho e
faça 0204 = 76mm, 02A = 114mm, AB = 140mm, BC = 216mm, 04B = 152mm,
04C = 152mm e CD = 470mm. Determine w4 graficamente usando o princípio
da transmissão de movimento e então calcule a velocidade do cursor 6 empregando
a equação do mecanismo cursor-manivela.
2.14 Utilizando as dimensões do mecanismo do problema 2.13, determine
graficamente o comprimento do curso da peça 6 e a razão entre os tempos de avanço
e de retorno (razão de tempo). Use a escala de 1:4 para o desenho.
2.15 Para o mecanismo Whitwortk mostrado na Fig. 2.10, determine o compri-
mento do cursor da peça 6 e a razão entre os tempos de avanço e de retorno. Use a
escala de 1:4 para o desenho. Faça 0204 = 64mm, 02A = 127mm, 04B =
= 127mm e BC = 457mm.
2.16 Para o mecanismo cursor-manivela, mostrado na Fig. 2.11, determine
graficamente o comprimento do curso e a razão entre os tempos ~deavanço e de
retorno. Use a escala de 1:4 para o desenho. Faça 0204 = 406mm, 02A =
= 152mm, 04B = 660mm, BC = 305mm e a distância de 04 à trajetória de C
igual a 635mm.
2.17 Projete um mecanismo Whitworth que tenha um comprimento de curso
de 3üSmm e uma razão de tempos de 11/7. Use a escala de 1:4 para o desenho.
2.18 Projete um mecanismo de plaina limadora que tenha um comprimento
de curso de 3üSmm e uma razão de tempos de 11/7. Use a escala de 1:4 para o
desenho.
2.19 Para o mecanismo de retorno rápido, apresentado na Fig. 2~36, deduza
uma expressão para o deslocamento x do cursor S em função unicamente do ângulo
() da peça motriz 2 e das distâncias constantes mostradas na figura.

L
O,A = 18,8mm
O.B = 87,5mm
2.20 A Fig. 2.37 representa um mecanismo de retorno rápido no qual a peça 2
é a motriz. A peça 5 se desloca para a direita durante o curso de trabalho e para
a esquerda durante o curso de retorno rápido. Desenhe o mecanismo em escala e
determine graficamente (a) a razão de velocidades angulares W4/W2 para a fase mos-
trada na figura, e (b) a razão de tempos do mecanismo.
2.21 Deduza as equações de deslocamento, velocidade e aceleração para o
mecanismo de manivela deslocada mostrado na Fig. 2.12. As equações devem ter
forma semelhante às das equações 2.2, 2.3 e 2.4.

C8ntroda
.JL"r manivela

f..-+
'o_o
125mm.
200 mm -+-curlO = 300 mm-1

o_o_--J~-
I

P I
ffi- "
fia. 1.38
.1

2.22 Calcule os comprimentos da manivela e da biela para um mecanismo de


manivela deslocada que satisfaça às condições apresentadas na Fig. 2.38.
2.23 Para o mecanismo de manivela deslocada, mostrado na Fig. 2.39, calcule
(a) o comprimento do curso do bloco 4, (b) a distância 02B quando o bloco estiver
na posição extrema esquerda e (c) a razão de tempos.

02A = 75mm
AB= 175mm

50mm
.L... 1 .
_

2.24 Considerando somente as peças 4, 5 e 6 do mecanismo de alavanca artir


culado, mostrado na Fig. 2.13, escreva um programa de computador para mostrar
as forças desenvolvidas neste mecanismo. Considere F uma força constante de
45 N. Sugestão: Use a equação 2.8 e varie IX de 10" até perto de 0°.
2.25 Plote a trajetória do ponto P do mecanismo traçador de retas de Watt,
mostrado na Fig. 2.15. Faça 02A = 5lmm, 04B = 76mm, AP = 38mm, BP =
= 25mm e as peças 2 e 4 perpendiculares à peça 3.
2.26 Considerando a Fig. 2.15, determine graficamente as dimensões do
mecanismo traçador de retas de Watt para que o trecho reto da trajetória do ponto P
tenha um comprimento de aproximadamente I27mm.
2.27 Prove que o ponto P do mecanismo Peaucellier, mostrado na Fig. 2.16,
traça uma linha reta verdadeira.
2.28 Prove que os pontos P e Q do pantógrafo mostrado na Fig. 2.17 se deslo-
cam em trajetórias semelhantes.
2.29 No pantógra[o representado .na Fig. 2.40, o ponto Q traça um segmento
de reta de 76mm enquanto P traça um segmento de 203mm. Se o valor máximo
da distância OP for 394mm, projete um pantógrafo para dar o movimento desejado
usando uma escala de 1:3 para o desenho. Desenhe o mecanismo nas suas duas
posições extremas e determine os comprimentos das peças.

2.30 Uma junta de Hooke liga dois eixos a 135° (fJ = 45°) conforme mostrado
na Fig. 2.21. Calcule as velocidades angulares máxima e mínima do eixo conduzido,
para uma rotação constante do eixo motriz de 100 rpm.
2.31 Deduza as equações de deslocamento e velocidade angulares da peça
conduzida de um mecanismo Roda de Genebra (Fig. 2.29). O movimento se inicia
quando o pino acionador entra no sulco da peça conduzida e cessa quando o pino
sai desse sulco. Determine fJ = f(rx), dfJ/arx = f(rx) e use (dfJ/drx) (drx/d.) = dfJ/d.
para determinar uma equação para a velocidade angular da peça conduzida.
2.32 Usando as equações deduzidas no problema 2.31, escreva um programa
de computador e calcule os valores de fI e w2 para rx variando de 60° a 0° em intervalos
°°
de 100. Faça rx = 600no primeiro ponto de contato, 0IP = 45mm, 1 2 = 89mm
e nl = 1 000 rpm (constante).
2.33 Desenhe um mecanismo Roda de Genebra para satisfazer às seguintes
condições: a peça motriz gira continuamente enquanto a conduzida gira intermi-
tentemente, completando um quarto de volta para cada volta da motriz. A distân-
cia entre os centros das peças motriz e conduzida é de 89mm. O diâmetro do pino
acionador é de 9,5mm. Os diâmetros dos eixos das peças motriz e conduzida são
16mm e 25mm, com rasgos de chavetas de 4,8 x 4,8mm e 6,4 x 6,4mm, respecti-
vamente. Desenhe o cubo de cada peça. O cubo da peça motriz deve aparecer por
trás do prato. Os diâmetros dos cubos são 1,75 vezes os diâmetros dos furos.
Determine os ângulos rx e fJ
Carnes
..:....
000
o
o
o
••••••

As carnes desempenham um papel muito importante na maquinaria moderna


e são extensivamente usadas em motores de combustão interna, máquinas opera-
trizes, computadores mecânicos, instrumentos e muitas outras aplicações. Uma
carne pode ser projetada de duas maneiras: (a) partindo-se-dQffiOvimentodes.ejildo
para o seguidor.J)IQjelar,l. carne para dar este movimento, ou (b)p,-\tl~~
Jorma 4,! carne. determinar que características de deslocamento, velocidade e acele-
ração serão __ºJ'Jidª~pelo .çQlltqmº da .çª-J:!le.
O primeiro método é um bom exemplo de síntese. De fato, projetar um meca-
nismo de carnes para o movimento desejado é uma aplicação de síntese que sempre
poderá ser resolvida. Entretanto, depois de projetada a carne pode ser difícil a sua
fabricação. Esta dificuldade de fabricação é eliminada no segundo método fazendo
a carne simétrica e usando para o contorno, formas que possam ser geradas.'
Este é o tipo usado na indústria automobilística onde as carnes devem ser produzidas
com precisão e a baixo custo. .
Somente será abordado o projeto de carnes com movimento específico. Para
os tipos empregados em automóveis onde o contorno é especificado, o leitor poderá
consultar a referência abaixol. As carnes com movimento especificado podem ser
projetadas e;raficamente e em certos casos, analiticamente. Será abordado em
primeiro lugar o método gráfico.
3.1 (ame de Disco com Seguidor Radial. A Fig. 3.1 mostra uma carne de
disco com um seguidor radial de face plana. Quando a carne gira com velocidade
angular constante na direção indicada, o seguidor se desloca para cima de uma dis-
tância aproximadamente de 20mm, de acordo com a escala marcada na haste,
durante meia-volta da carne. O movimento de retorno é o mesmo. A fim de deter-
minar graficamente o contorno da carne, será necessário inverter o mecanismo e
manter a carne estacionária enquanto o seguidor gira ao seu redor. Isto não afetará
o movimento relativo entre a carne e o seguidor e o procedimento é o seguinte:
1. Girar o seguidor em torno do centro da carne no sentido oposto ao da
rotação da carne.
2. Deslocar o seguidor radialmente de acordo com o indicado na escala para
cada ângulo de rotação.
3. Desenhar o contorno da carne tangente ao polígono formado pelas várias
posições da face do seguidor.
Infelizmente, para este último passo, não há um processo gráfico para deter-
minar o ponto de contato entre a carne e o seguidor. Este ponto deve ser determi-
nado a olho empregando-se a curva francesa. O comprimento da face do seguidor
deve ser determinado por tentativas. Ocasionalmente pode ser escolhida uma
escala de deslocamentos combinada com o raio mínimo da carne de modo a se
obter um contorno com uma ponta ou aresta. Esta aresta pode ser eliminada modi-
ficando-se a escala de deslocamentos ou aumentando-se o raio mínimo da carne.

6
FIg. 3.1 Carne de disco com seguidor radial de face plana.
9 3
Deslocamento

Fig. 3.2 (a) Carne de disco com seguidor radial de rolete. (b) Carne de disco com seguidor deslocado.
de rolete.
A Fig. 3.2a mostra o mesmo tipo de carne com um seguidor de rolete. Com este
tipo de seguidor o centro do role te se deslocará com o movimento desejado. Os
princípios de construção são idênticos aos do seguidor de face plana com exceção
de que o contorno da carne é tangente às várias posições do rolete. Na Fig. 3.2a
pode-se ver, também, que a linha de ação entre a carne e o seguidor não pode estar
ao longo do eixo do seguidor, exceto quando este estiver em repouso (sem movimento
de subida ou retorno). Isto produz uma força lateral no seguidor e pode causar uma
deOexão ou quebra de sua haste. O ângulo existente entre a linha de ação e a linha
de centros do seguidor é conhecido por ângulo de pressão e seu valor máximo deve
ser o menor possível, especialmente em mecanismos de pequeno porte. Atualmente,
esse valor máximo é de 30°. Embora seja possível medir o ângulo de pressão máximo
na construção gráfica de uma carne, muitas vezes é difícil determiná-lo analitica-
camente. Por esta razão será apresentado, mais adiante, um nomograma para deter-
minação do ângulo de pressão máxima em projetos analíticos de carnes. O ângulo
de pressão é constante para qualquer seguidor radial de face plana. O seguidor
mostrado na Fig. 3.1 tem a face perpendicular ao eixo da haste, de modo que o
ângulo de pressão é zero e a força lateral exercida sobre o seguidor é desprezível
comparada com a existente nos seguidores com rolete. Pode-se reduzir o ângulo
de pressão aumentando-se o raio mínimo da carne de modo que a trajetória do
seguidor em relação à carne seja maior para a mesma elevação. Isto equivale a
aumentar o comprimento de um plano inclinado para a mesma elevação, a fim de
reduzir o ângulo de inclinação do plano. Também, numa carne com seguidor de
rolete, o raio de curvatura da superfície primitiva deve ser maior do que o raio do
rolete senão a superfície da carne se tornará ponteaguda.
Às vezes, as hastes dos seguidores de face plana ou de rolete são desloca das
lateralmente ao invés de serem radiais conforme mostrado nas Figs. 3.1 e 3.2a.
Isto é feito por razões estruturais ou no caso do seguidor de rolete, com a finalidade
de reduzir o ângulo de pressão no curso de elevação. Deve-se notar, entretanto,
que embora o ângulo de pressão seja reduzido durante o curso de elevação, no curso
de retorno ele será aumentado. A Fig. 3.2b mostra uma carne e um seguidor
deslocado, com a mesma escala de deslocamento e o mesmo raio mínimo usados na
Fig. 3.2a. Se a direção do movimento de um seguidor deslocado, de face plana,
for paralela a uma linha radial da carne, resultará a mesma carne obtida com um
seguidor radial. Entretanto, o comprimento da face do seguidor deve ser aumentado
devido ao deslocamento haste.

3.2 Carne de Disco com Seguidor Oscilante. A Fig. 3.3 mostra uma carne de
disco com um seguidor de face plana, oscilante. Usando o mesmo princípio de
construção empregado para a carne de disco com seguidor radial, gira-se o seguidor
em torno da carne. Ao mesmo tempo o seguidor deve ser girado. em torno de seu
centro de rotação, segundo os deslocamentos angulares correspondentes à cada
posição indicada na escala. Hú diversas maneiras de se girar o seguidor em torno
de seu centro. O método indicado na Fig. 3.3 é usar a interseção de dois arcos de
circunferências (por exemplo, o ponto 3') para determinar um ponto da face do
seguidor em sua nova posição, após girar em torno de seu centro e em torno da carne.
O primeiro desses dois arcos tem como raio a distância do centro da carne até a
posição 3 da escala de deslocamento e como centro de curvatura o centro de rotação
da carne. O segundo arco é traçado com centro de curvatura situado no centro de
rotação do seg~idor após ter girado até a posição 3 e usando para o raio a distância
do centro do seguidor até a escala de deslocamento. A interseção desses dois arcos
será o ponto 3'. Devido ao número infinito de retas que podem passar pelo ponto 3',
é necessário ter-se uma informação adicional para determinar a posição correta
da face do seguidor correspondente ao ponto 3'. Conforme mostrado na figura,
isto foi conseguido por uma circunferência tangente ao prolongamento da face do
seguidor na posição zero. Na figura, houve coincidência dessa circunferência com o
diâmetro externo do cubo do seguidor. Essa circunferência é, então, traçada em cada
posição do centro do seguidor. Para se determinar a posição 3 da face do seguidor
traça-se uma reta que passa pelo ponto 3' e é tangente à circunferência do cub"
do seguidor em sua posição 3. Repetindo-se este processo, obtém-se um poligono
formado pelas diversas posições da face do seguidor. A partir deste polígono
desenha-se o contorno da carne.

A Fig. 3.4 mostra uma came de disco com seguidor oscilante, com rolete. O
procedimento para a determinação dos pontos 1',2',3' etc. é semelhante ao indicado
na Fig. 3.3. Entretanto, neste caso, estes pontos são as posições do centro do rolete
determinadas pela rotação do seguidor em torno da carne. Taçam-se as circun-
ferências correspondentes à cada posição do rolete e o contorno da carne é tangente
a essas circunferências. Deve-se notar que num projeto real seriam usadas divisões
menores de modo a minimizar o erro do contorno da carne. Deve-se mencionar
também que o mesmo procedimento pode ser empregado no projeto de uma carne
com seguidor oscilante, de rolete, como o usado para uma carne com seguidor radial
deslocado.

Embora a maioria das carnes em uso seja dos tipos já mencionados, há muitos
outros, alguns dos quais encontram grande aplicação. Nas seções seguintes serào
abordados três desses tipos.
3.3 Carne de Retorno Comandado. Em uma carne de disco c um seguidor radial.
freqüentemente é necessário que o retorno do seguidor seja comandado pela carne
e não sob a ação da gravidade ou de uma mola. A Fig. 3.5 mostra um mecanismo
deste tipo em que a carne comanda o movimento do seguidor não somente durante
a elevação como também no curso de retorno. Necessariamente. o movimento de
retorno deve ser o mesmo que o de elevação, porém, no sentido oposto. Esta carne
também é chamada de carne de diâmetro constante.
Este tipo de carne pode também ser projetado empregando dois seguidores de
rolete no lugar dos seguidores de face plana. Se for necessário ter-se um movimento
de retorno independente do movimento de elevação, devem-se usar dois discos,
um para a elevação e outro para o retorno. Estas carnes duplas podem ser usadas
com seguidores de rolete ou de face plana.

3.4 Carne Cilíndrico. Este tipo de carne encontra muitas aplicações, particular-
mente em máquinas opera trizes. Talvez o exemplo mais comum, entretanto,
seja a alavanca niveladora do molinete de vara de pescar. A Fig. 3.6 mostra um
desenho onde o cilindro gira em torno de seu eixo e aciona um seguidor que é guiado
por uma ranhura exist~nte na superfície do cilindro.
3.5 Carne Invertido. Às vezes é vantajoso inverter o papel da carne e do seguidor
e deixar que o seguidor comande a carne. Esta inversão encontra aplicação em
máquinas de costura e outros mecanismos de natureza semelhante. A Fig. 3.7
mostra o esboço de uma carne de placa onde o braço oscila, causando um movimento
alternativo do bloco por ação de um role te dentro da ranhura da carne.

r- Retaguarda ~ Frente '1

Bloco t
Antes de se determinar o contorno de uma came é necessano selecionar o
movimento segundo o qual se deslocará o seguidor, de acordo com as exigências
do sistema. Se a velocidade de operação deve ser baixa, o movimento pode ser
qualquer um dos movimentos comuns, por exemplo, parabólico (aceleração e
desaceleração constantes), parabólico com velocidade constante, harmônico simples
ou cicloidal.
O movimento parabólico possui a mais baixa aceleração teórica para valores
determinados de elevação do seguidor e rotação da came, dentre os movimentos
citados e por esta razão tem sido empregado em muitos contornos de cames.
Entretanto, em trabalhos a baixas velocidades isto tem pouco significado. O
movimento parabólico pode ou não ter intervalos iguais de aceleração e desacele-
ração, dependendo das exigências do problema. O movimento parabólico também
pode ser modificado para incluir um intervalo de velocidade constante entre a
aceleração e a desaceleração; este movimento é muitas vezes denominado de
velocidade constante modificada.
O movimento harmônico simples apresenta uma vantagem de, ao empregar
um seguidor radial de rolete, proporcionar um ângulo de pressão máximo menor
do que no movimento parabólico com intervalos de tempo iguais ou no movimento
cicloidal. Isto permitirá que o seguidor tenha apoios menos rígidos e maior trecho
em balanço. Também menos potência será necessária para operar a came. Por
estas razões o movimento harmônico simples é o preferido entre os outros tipos.
Depois de selecionar o movimento do seguidor, é necessário determinar-se
a escala de deslocamentos e marcá-Ia sobre a haste do seguidor, conforme mostrado
na Fig. 3.1. As elevações podem ser calculadas, porém, são determinadas com mais
facilidade gra(icamente, plotando-se uma curva deslocamento-tempo .
..PÍot~ 'ofgráfico deslocamento-tempo é necessário determinar primeiro
o ponto de inflexão se o movimento for parabólico ou uma modificação deste.
Para os movimentos harmônico simples e cicloidal, o ponto de inflexão é deter-
minado automaticamente pelo método de geração da curva. O ponto de inflexão
de um movimento parabólico estará no meio da escala de deslocamentos e da escala
de tempos se os intervalos forem iguais. A determinação dos pontos de inflexão
de um movimento parabólico modificado é um pouco mais complicada, como será
visto a seguir.
Consideremos um ponto deslocando-se com movimento uniforme modificado,
onde parte do repouso com aceleração constante, em seguida passa a ter velocidade
constante e finalmente chega ao repouso com desaceleração constante. Os pontos
de inflexão podem ser determinados especificando-se os intervalos de tempo ou de
deslocamento correspondentes a cada tipo de movimento. A Fig. 3.8 indica uma
construção gráfica para determinar os pontos de inflexão A e B quando são dados

mento. Das relações S = +


os intervalos de tempo. A Fig. 3.9 mostra a construção para intervalos de desloca-
At2, V = At e S = Vt, é possível provar a validade

da construção mostrada nas Figs. 3.8 e 3.9.


0k-.!lJ
~'l~,~-Lt;j
I I J Tempotou
êngulo8dacame

Depois que os pontos de inflexão foram determinados, como por exemplo


na Fig. 3.9, o trecho OA, de aceleração constante,#a curva do deslocamento pode
ser construido conforme indicado na Fig. 3.10, onde o deslocamento L (correspon-
dente a Sl da Fig. 3.9) está dividido no mesmo número de partes da escala de tempo,
neste caso quatro. O trecho desacelerado BC da curva na Fig. 3.9 será construido
de modo semelhante para o deslocamento SJ e o correspondente intervalo de tempo.

}'

o'
1 2 3 4
Tempo t ou ângulo 8 da came

Fig. 3.10 Movimento parabólico.


A Fig. 3.11 mostra o movimento harmônico simples [S = r (1 - cos w,t)]
para um deslocamento L com seis divisões na escala do tempo. Nesta figura deve-se
notar que se a carne gira de meia-volta enquanto o seguidor se move segundo o deslo-
camento L) a velocidade angular wr do raio girante r se iguala à velocidade angular
W da carne e a equação do deslocamento do seguidor pode ser escrita como
S = r (1 - cos wt) = r (1 - cos O). Se a carne gira somente de um quarto de volta
para o deslocamento L. wr = 2w e S = r (1 -- cos 20). Portanto, pode-se ver que
a relação entre wr e w é expressa por

wr 1800
w ângulo de rotação da carne para elevação L do seguidor

2 3 4 5
Tempo t ou ângulo () da came

Uma carne circular (excêntrico) proporcionará um movimento harmônico


simples a um seguidor radial de face plana porque o ponto de contato entre estas
duas peças e o centro geométrico da carne estarão sempre na direção do movimento
do seguidor.
A Fig. 3.12 mostra a construção para o movimento cicloidal

para um deslocamento L com seis divisões na escala de tempo. O mio do círculo


gerador é L/2n. A circunferência deste círculo é dividida no mesmo número de
partes que a escala de tempo, neste caso seis. Os seis pontos marcados na circun-
ferência são projetados horizontalmente sobre o diâmetro vertical do círculo.
Estes pontos são então projetados paralelamente à diretriz DA até as linhas corres-
pondentes marcadas no eixo do tempo.
Para carnes de alta velocidade a seleção do movimento do seguidor deve ser
baseada não só nos deslocamentos mas também nas forças que atuam sobre o sistema
como resultado do movimento selecionado. Por muitos anos o projeto de carnes
dizia respeito somente ao movimento de um seguidor em um curso determinado,
durante um certo tempo. As velocidades eram baixas de modo que as forças de
inércia eram insignificantes. Com a tendência de uso de velocidades mais altas nas
máquinas, entretanto, tornou-se necessário considerar as características dinâmicas
do sistema e selecionar um contorno de came que minimizasse o carregamento
dinâmico.

Tempotou

ângulo 8 da came

Como um exemplo da importância do carregamento dinâmico, consideremos


o movimento parabólico. Em relação às forças de inércia este movimento parece-
ria ser desejável por causa de sua baixa aceleração. Entretanto, não se pode ignorar
o fato de que a aceleração cresce de zero a seu valor constante quase que instan-
taneamente, resultando em uma alta taxa de aplicação da carga. Determina-se a
taxa de variação da aceleração pela terceira derivada do deslocamento, conhecida
por "jerk" ou segunda aceleração. Portanto, o "jerk" ou a segunda aceleração é uma
indicação da característica de impacto do carregamento: pode-se dizer que o
impacto tem a segunda aceleração igual ao infinito. A falta de rigidez e as folgas do
sistema também tendem a aumentar o efeito da carga de impacto. No movimento
parabólico onde a segunda aceleração é infinita, este impacto ocorre duas vezes
durante o ciclo e tem o efeito de uma pancada súbita no sistema, que poderá oca-
sionar vibrações indesejáveis bem como danos estruturais.
Como um modo de evitar o "jerk" infinito e seu efeito prejudicial em carnes.
um sistema de projeto de carnes foi desenvolvido por Kloomok e Muffley2 que
utiliza três funções analíticas: (a) ciclóide (e meia-ciclóide), (b) harmônico (e meio-
harmônico) e (c) polinômio de oitavo grau. Os diagramas de deslocamento,
velocidade e aceleração dessas funções estão representados nas Figs. 3.13, 3.14 e
3.15. As curvas têm derivadas contínuas em todos os pontos intermediários.
Portanto, a aceleração varia gradualmente e a segunda aceleração é finita. Evita-se
o "jerk" infinito nos extremos igualando-se as acelerações. Deve-se notar que as
velocidades serão concordantes porque não podem aparecer descontinuidades na

2 M. K100mok e R. V. Muffiey, "Plate Cam Design-with Emphasis on Dynamic Effects", Prod.


El1g., Fevereiro1955.
curva de deslocamento em função do tempo. Como um exemplo, quando após um
repouso seguir uma elevação, a aceleração nula no final do repouso é igualada
selecionando-se uma curva que tenha aceleração nula no início da elevação. A
aceleração exigida no final da elevação é determinada pela condição subseqüente.
Se imediatamente se segue um retorno, a elevação pode terminar com um valor
moderadamente alto de desaceleração porque este valor pode ser igualado exata-
mente por uma curva que tenha a mesma desaceleração no início do retomo.

s c-s
~t * G 1
I L S=L ---se"2,..-
I 2,.. (J
8)
I.-~~ fJ
V.

lU.;_j(1-COS2"'f)
A
r='\:;fJ A- ~f (se" 2,..f)

Fig.'3.13 Características do movimento cicloidal. S = deslocamento: V = velocidade: A = acele-


ração. (Fonte: M. Kloomok & R. V. Muffiey, "Plate Cam Design with Emphasis on Cam Effects,"
Prod. Eng., Fevereiro 1955.)
v= 'lrL
2fj
(cos 'lr8)
2fj

Flg. 3.14 Característícas do movímento harmônico. S = deslocamento; V = velocidade: A = ace-


leração. (Fonte: M. Kloomok & R. V. Muffiey. "Pia te Cam Design· with Emphasis on Cam Effects",
Prod. Eng., Fevereiro 1955.)
L__ /~-r
II Lt e
hL ['''''''(fj -"'''''o(J'f
- ./8)7 (8)8J
13,6096o\if + 2,56095 li
+.26,73155(*1

1---13~
v~ v •• t [18,29265(t) 2
~ 103,90200(t)
,
: 160,38930(f)
5

A e - 95,26755( t) + 20,48760( t) ]

~. A-~ ['36,58530(t)-415,60800(~)

- 571,60530(tY + 143,41320(t)]
+801,946SO(tY

A -fr [- 5,26830 + 55.61100(t)3 + 95,11800G)

- 288,87390(~)
5 + 143,41320(t) 6J

Fig. 3.15 Característícas do movimento polínomíal do oitavo grau. S = deslocamento; V = veloci-


dade: A = aceleração. (Fonte: M. Kloomok & R. V. Muffiey. "Plate Cam Design- with Emphasis
on Dynamic Effects,"' Fevereiro 1955.)

A seleção de curvas para atender a exigências particulares é feita de acordo com


os seguintes critérios:

1. A ciçlóide proporciona aceleração nula nos extremos dos trechos da curva.


P"Qnájjto, PJode ser combinada com dois repousos em cada extremidade. Como
-ôângulo de pressão é relativamente grande e sua aceleração retoma a zero desneces-
sariamente nos extremos, duas ciclóides não devem ser usadas em seqüência.
2. O harmônico proporciona os menores picos de aceleração e os menores
ângulos de pressão das três curvas. Portanto, é a curva preferida quando as acele-
rações no início e no fim do trecho podem ser igualadas com as acelerações do trecho
vizinho. O meio harmônico pode ser usado onde uma elevação. a velocidade cons-
tante precede uma aceleração, porque a aceleração do ponto médio é zero. O meio
harmônico pode ser combinado com meio-ciclóide ou com um meio-polinômio.
3. O polinômio de oitavo grau tem uma curva de aceleração assimétrica e
proporciona um pico de aceleração e ângulos de pressão intermediário entre o
harmônico e a ciclóide.

Um seguidor de rolete deverá se deslocar, com elevação e retorno, sem repouso,


durante um ciclo. Devido à operação realizada pelo mecanismo, parte da elevação
deverá ser feita com velocidade constante. Determine as curvas dos movimentos
a serem usadas. Referindo-se à Fig. 3.I6a:
AB: Use a meia-ciclóide C-I a fim de proporcionar aceleração nula no início
do movimento e em B onde será feita a ligação com o trecho de velocidade constante.
BC: Velocidade constante.
CD: Use o meio harmônico H-2 que se ligará em C ao trecho de velocidade
constante, com aceleração nula e proporcionará um ângulo de pressão mínimo
durante o resto da curva.
DE: Use o polinômio P2 para combinar a desaceleração do harmônico em D
e proporcionar aceleração nula no fim do retorno em E.

S
D

(a)

O
A
I
I
V I
I
I
I (b)
I
J
IE
O

(e)

fi

Fig. 3.16
Combinam-se as velocidades e as acelerações, de modo a não apresentarem
descontinuidades. Estas curvas estão mostradas na Fig. 3.16b e c. Na Fig. 3.16c,
pode-se ver que não há "jark" ou segunda aceleração em qualquer instante do ciclo.

o método gráfico de projeto de carnes é limitado a aplicações onde a velocidade


é baixa. A fabricação deste tipo de carne depende da precisão do desenho do con-
torno e do método empregado para seguir este contorno como um gabarito. Por
um lado, pode-se riscar o contorno da carne em uma chapa de aço e cortá-Ia com uma
serra de fita, obtendo a carne. Por outro lado, pode-se usar uma fresadora copiadora
em que o movimento da ferramenta é guiado por um seguidor que se desloca ao
longo do perfil da carne representado em um desenho. Este desenho pode ser
uma ampliação do tamanho real da carne a fim de aumentar a precisão do
copiamento. Em qualquer um dos casos apresentapos o contorno da carne deve ser
acabado manualmente.
O projeto gráfico e o conseqüente método de fabricação por copiamento não
são suficientemente precisos para cames de alta rotação. Por esta razão, voltou-se
a atenção para o projeto analítico de cames e para o método que este projeto oferece
para a geração de cames. Se for possível calcular os deslocamentos do seguidor
para pequenos incrementos na rotação da came, o seu perfil pode ser obtido em uma
fresadora ou em uma furadeira de coordenadas, com a ferramenta fazendo o papel
do seguidor. Se o seguidor a ser empregado no mecanismo for de rolete, o eixo da
ferramenta deverá ser perpendicular ao plano da came e o diâmetro da ferramenta
deverá ser o mesmo do rolete. Se for um seguidor de face plana, o eixo da ferramenta
deverá ser paralelo ao plano da came. Em ambos os casos deve-se conduzir a
ferramenta para a posição correta, correspondente ao ângulo de rotação da came.
Naturalmente, quanto menores forem os incrementos do ângulo de rotação, melhor
será o acabamento da superfície da came. Geralmente, empregam-se incrementos
de 1°, que deixam pequenas saliências ou reentrâncias na superfície da came que
devem ser removidas manualmente. Desenvolveram-se fresadoras automáticas de
controle numérico que possibilitam incrementos inferiores a 1° na rotação de came
e avanços da ferramenta com precisão de jJ.m. Embora a máquina opere em passos
discretos, estes são tão pequenos que dão a aparência de operação contínua.
Espera-se o acabamento superficial da came produzida por uma máquina deste
tipo seja de tal qualidade que permita a eliminação do acabamento manual. Este
tipo de máquina também produzirá uma came muito mais depressa do que a fresa-
dora de coordenadas. quando ambas as máquinas usarem os mesmos incrementos
do ângulo da carne.
Nas discussões precedentes, imaginou-se que a carne que estava sendo gerada
seria usada na aplicação final. Na produção de várias máquinas do mesmo modelo
em que são necessárias muitas carnes iguais, em geral é mais prático fabricar o que
se chama de came mestra e usá-Ia em uma máquina copiadora. A carne mestra é
quase sempre, quanto às dimensões, uma ampliação da came real.
Em certos tipos de carnes é possível projetá-Ios analiticamente, partindo-se
do movimento especificado. Desenvolveram-se métodos práticos de projeto ana-
lítico para carnes de disco com seguidor radial de face plana, seguidor radial de
rolete, seguidor" de rolete deslocado, seguidor oscilante de rolete e seguidor osci-
lante de face plana. Os métodos para os seguidores dé face plana, radial de role te
e oscilante de rolete estão apresentados nas seções seguintes.
3.6 Came de Disco com Seguidor Radial de Face Plana. A abordagem deste
problema permite que o contorno da carne seja determinado analiti~mnente. No
método gráfico, os pontos-de contato entre a carne e o seguidor são desconhecidos
e é difícil determinar sua localização exata quando se desenha d contorno da carne.
Também o raio mínimo da carne, para evitar que seja ponteaguda, somente pode
ser determinado .for tentativas .. No método analítico, que foi desenvolvido por
Carver e Quinn , essas desvantagens são superadas e pode-se determinar três
características valiosas da came: (a) equações para métricas do contorno da carne;
(b) raio mínimo da came para evitar pontas e (c) localização do ponto de contato
que determina o comprimento da face do seguidor. Destas características, a primeira
tem pouca aplicação prática, mas as outras duas dão informações que possibilitam
a produção da came. O desenvolvimento dessas características é apresentado a
seguir.
A Fig. 3.17 mostra uma carne com seguidor radial de face plana. A carne gira
com velocidade angular constante. O ponto de contato entre a carne e o seguidor
tem coordenadas x e y e está a uma distância / da linha de centro do seguidor. O
deslocamento do seguidor em relação à origem é dado pela seguinte equação:

onde o raio mínimo da came é representado por C e 1(0) representa o movimento


desejado para o seguidor como uma função do deslocamento angular da carne.
A equação para o comprimento de contato lpode ser facilmente determinada
pela geometria da Fig. 3.17. Dos triângulos mostrados

o membro da direita da Eq. 3.3 é a derivada em relação a O do membro da direita


da Eq. 3.2. Portanto.

dR d
/ = diJ = dO (C + 1(0)]
Se o diagrama de deslocamento é dado por uma equação matemática S = /«(});
então R e / são determinados facilmente das Eqs. 3.1 e 3.4. Da Eq. 3.4 pode-se ver
que o comprimento mínimo da face do seguidor independe do raio mínimo da carne.
Também, o ponto de contato está na posição mais afastada da linha de centro do
seguidor quando a velocidade do seguidor é máxima. Quando o seguidor se afasta
do centro da carne com velocidade positiva, I é positivo e o contato ocorre acima do
eixo do seguidor, na Fig. 3.17. Quando o seguidor se move em direção ao centro
da carne, a velocidade é negativa e o valor negativo de / indica que o contato se
realiza abaixo do eixo do seguidor.

Para determinar as equações de x e y para o contorno da carne, é necessário


somente resolver as Eqs. 3.2 e 3.3 simultaneamente, o que resulta

x = (C + /(0)] cosO- [(O) senO (3.5)


y = (C + /(0)] senO + nO) cosO (3.6)

o raio mínimo C para evitar uma ponta ou bico sobre a superfície da came
pode ser determinado com facilidade analiticamente. Uma ponta ocorre quando
dx/dO e dy/dO forem iguais a zero. Quando isto acontece, forma-se uma ponta na
carne conforme mostrado em x, y na Fig. 3.18. Para demonstrar isto, consideremos
que a linha de centro do-seguidor tenha girado de um ângulo O e que o contato entre
a face do seguidor e a ca~e ocorra no ponto (x, y). Mais adiante, quando o seguidor
for girado de um pequeno ângulo dO, o ponto de contato (x, y) não mudará por
causa da ponta, ficando ainda em x, y.Assim pode-se ver que dx/dO = dy/dO = O.

dx
dlJ

:~ = [C + f(O) + f"(O)] cos O

A soma [f(O) + f"(O)] deve ser inspecionada para todos os valores de O para
determinar seu valor algébrico mínimo. É necessário usar o valor mínimo de modo
que C seja suficientemente grande para assegurar que a Eq. 3.9 não se anule para
qualquer valor de O. Essa soma pode ser positiva ou negativa. Se for positiva, C
será negativo e não terá significado prático. Neste caso, o raio mínimo será deter-
minado pelo cubo da carne ao invés de sê-Io pela função f(O).
Pode-se deterniinar os pontos do contorno da carne pelas Eqs. 3.5 e 3.6 que
dão as coordenadas cartesianas, ou calculando R e I para diversos valores de O.
Em geral, o segundo método é mais fácil, mas em ambos os casos os pontos devem
ser ligados com o auxílio de uma curva francesa para a obtenção do contorno da
carne. Na prática, entretanto, raramente é necessário desenhar o perfil da came em
escala. Depois que o raio mínimo C tenha sido determinado e os deslocamentos R
tenham sido calculados, a came pode ser confeccionada. Para tal, o comprimento
da fresa deve ser maior do que o dobro do valor máximo de I. Durante a usinagem,
o eixo da fresa deve estar paralelo ao plano da carne.

Exemplo 3.2
A fim de ilustrar o método de escrever as equações de deslocamento consi-
deremos as seguintes condições: um seguidor de face plana é acionado em um
deslocamento total de 37\Smm. No início do ciclo (deslocamento zero), o seguidor
repousa durante 1r./2 radíànos. Em seguida eleva-se de 37,5mm com movimento
cicloidal (Curva C-S de K.loomok e Muffley) em 1r./2 rad. Depois repousa durante
1r./2 rad e então retoma 37,5mm com movimento cicloidal (C-6) em 1r./2 rad.
A Fig. 3.19 mostra um esboço do diagrama de deslocamento.

s
L
o~,

S= L [.!-
P
_1_·sen 21r.(J ]
21r. P
Deve-se mencionar, ao se escrever a relação S =f«(J), que o valor de S sempre deve
ser medido a partir do eixo das abscissas e o valor de (J a partir do eixo das ordenàdas.
Na equação precedente, entretanto, (J é medido do ponto A e não do ponto O.
Portanto, reescrevendo a equação usando (J' conforme mostrado na Fig. 3.19,

(J' 1 21r.(J' ]
S.A.B = L [ T-Tisen -p-

(J' = (J-~
2
S ~~ L [J!J~_ rr/2) __ 1_ sen 2rr(e p rr/2) ]
AB P 2rr

S
AB
= -75
rr
( e--rr)
2
75
--sen(4e-2rr).
4rr

L 1- -e" 1
+ -2rr sen 2rr -e" ]
[ p p

e" -- e - ~2

p=~ 2

75e
SCD = 150--
1t
+ -4751t sen (4e-61t)

Deve-se observar que com as I:ombinações de repouso e movimento cicloidal


usadas, as velocidades e as acelerações são igualadas nas extremidades de cada trecho
não havendo, portanto, segunda aceleração infinita em qualquer ponto do ciclo.

Como um exemplo de como são determinados o raio mínimo C e o compri-


mento da face do seguidor, consideremos um seguidor radial de face plana que se
eleva de 50mm e retoma, com movimento harmônico simples, durante meia-volta
da carne. Dois ciclos do seguidor ocorrem durante uma volta da carne.
É necessária somente uma equação de deslocamento para especificar o movi-
mento do seguidor do começo ao fim do ciclo4,

4 Também pode ser usada a equação de Kloomok e Muffiey S = (L/2) (1 - cos n()/{3) para o harmô-
nico H-S.
onde r é o raio girante e ()r o ângulo girado pelo raio girante para obtenção do movi-
mento harmônico (ver Fig. 3.11). Para os dados apresentados,

S = f«()) = 25 (1 - cos 2())


f'(())= 50 sen 2()

Para se determinar o raio mínimo, a soma C + f«()) + f"«()) deve ser maior do
r que zero. Substituindo os valores de f«()) e f"«()) e simplificando,
f"

Como o movimento é simétrico, o comprimento teórico da face do seguidor é o


dobro de Ima• ou seja, lOOmm. Deve-se dar um acréscimo ao comprimento da face
do seguidor para evitar que o contato se realize no bordo da face.

3.7 Came de Disco com Seguidor Radial de Rolete. A determinacão analítica


da superfície primitiva de uma carne de disco com seguidor radial de rolete não
apresenta dificuldades. Na Fig. 3.20 a posição do centro do rolete em relação ao
centro da carne é dada pela seguinte equação:

onde Ro é o raio mínimo da superfície primitiva da carne e f«()) é o movimento


radial do seguidor em função do ângulo de rotação da carne. Uma vez que se
conhece o valor de Ro é fácil determinar as coordenadas do centro do rolete a partir
das quais a carne pode ser d~lineaºª"
//
/
/
/
/
/
/
/
/

Kloomok e Muffley5 desenvolveram um método para verificar a existência


de pontas em carnes deste tipo, considerando o raio de curvatura p da superfície
primitiva e o raio do rolete R,. Estes valores são mostrados na Fig. 3.21 junto
com o raio de curvatura Pc da superfície da carne. Se na Fig. 3.21 p for mantido
constante e for aumentado R" p. irá decrescer. Continuando-se a aumentar R, até
atingir o valor de p, o raio de cu~vatura da superfície da carne, Pc' se reduzirá a um
ponto e a carne ficará ponteaguda, conforme indica a Fig. 3.22a. Aumentando-se
ainda o raio R, a superfície da carne fica rebaixada e o movimento realizado pelo
seguidor não será o desejado, conforme mostrado na Fig. 3.22b. Portanto, a fim
de evitar o aparecimento de uma ponta ou um rebaixo no perfil da carne, o raio

5 M. Kloomok e R. V. Muffiey, "Plate Cam Design - Radius of Curvature", Prod. El1g., Setembro
1955.
do rolete, R,! deve ser menor do que Pmin' onde Pmin é o valor mínimo do raio de
curvatura da superficie primitiva em um determinado trecho da came. Havendo
diversos tipos de curvas, sobre a superficie da came, pelas quais o seguidor irá
passar, cada trecho deverá ser verificado separadamente. Como é impossível
haver um rebaixo numa parte côncava da superficie da came, somente as partes
convexas devem ser verificadas.

Superf(cle
--),< primitiva
p "'+,
,,
"\,
\
~

o ra,io de curvatura em um ponto de uma curva, expresso em coorde~ad~r


Polares , e dado por ,\)~,J)},ojo.
...
r lJlo
()

[R2 + (dR/dcf»'J3/2 ~V:<; /')1"


P = R2 + 2(dR/dcf»2 - R(d2 R/dcf>2) -/ ~

onde R =f(cf» e as duas primeiras derivadas são contínuas. Pode-se usar esta
equação para determinar o raio de curvatura da superficie primitiva da came.
Para este caso, f(O) = f(cf». Da Eq. 3.10

R = Ro + f(O)

dR = f'(O)
dO

~R = f"(O)
dOr

{R2 + [j'(O>]2} 3/2


P = R2 + 2 [f/(O)]2 - R [f'/(O)]
A Eq. 3.11 pode ser calculada para determinar a expressão de p para um tipo
particular de movimento. Entretanto, a fim de evitar pontas e rebaixos no perfil da
carne, deve-se determinar Pmin' Para se obter este valor mínimo, deve-se derivar a
Eq. 3.11 com suas várias funçõe~ o que irá conduzir a equações transcedentais
muito complexas. Por esta razão, são apresentados três conjuntos de curvas que
mostram os valores de P m inl Ro em função de lJ para as diversas relações de LI Ro'

I I I I '"
LlRo = 2,00
1,75 i'. y// :'\
/ -
1,4 1,50

0 1,2
1,25 r." w;: ~~ f-

~ ,
li- ~ ::~ f--
'11,0
Q. ~ll,OO
0,8 ~ ~ 0,80
,,=~,4O
/' 0,20

/"

0,2 --
° 10 15 20 30 40 60 80 100
Ângulo de rotação da came. 13.graus.

.---;;;~I
/,....-: //~~~
L/Ro.
/ 0 '? ~ t?li'I
0.01 ••...
0,02 "-
/ // J'l /' ~ V
0,03•.....
0,04 ~
K\ /~ 'h ít' ~ '/
0°,6
o,06..•...
~
1°,5
04
, / X 'l/ ~ ~ ~
v~
Q.

--O,OS
/ / '~ .~
~ 0,10
,/
/' V~ V~ ~~ ~ ~
...•0,20
..•... 0,30

- " .". ...•" ~ --0,40


/' ~ ~
- 10
r
15 20 30 40 60 80 100 150
Ângulo de rotação da came, 13,graus.

Fig. 3.23 Movimento cicloidal. (Fonte: M. Kloomok & R. V. Mumey, Plate Cam Design Radius
of Curvature," Prod. Eng., setembro 1955.)
./
/'

I--'"
/ /
/'

// ....I-
// 1/ ....~

...- -
~
/.v I-

1,6
LIRo = 2,00 r-- ~
1.75
1// / V -- -
....- ....-I-
0

~ 1,SOr-- ~/~ / V
'i 1,4
~
1,2
1,0
1.25
1.00

/,
/// V
/A ••.......

--- - - I-

h '/
" \'~ 0,80
0,60

/. ~ r:; ,
j; V
"
0,40
0.20

0,4
:/
0,2 ./ /. ~

°10
- 15 20 30 40 60 SO 100 200
Ângulo de rotaçãO da carne, 13,graus.

/"
/./
--'/;::::
?;
'/ ~
~~
'7
h
,/ V
L/RO=O,O~~ / '/j ~ ~ ~
0.02 ~
Y
0,03....•••....
/ / // '// / I
.e:.0°,6 O,~~
0,06 ~
.~/ /~ / fi
'i 0,5
~'O,4 /' 6( '/ ~ X / /j
0.3 / / // ~ ~ '/ ~& :ZO,OS

./
/ V~ /h ~ ..- / ~
"'0.10
.......
0,20
,/ .....•
0.40
V /' ~ "-
--
~~

-----
/~ ~ ~ '-0,80
~
10 15 20 30 40 60 80 100 ISO
Ângulo de rotaçio da carne, 13,graus.

Fig. 3.24 Movimento harmônico. (Fonte: M. Kloomok & R. V. Muffiey, "Plate Cam Design Radius
of Curvature," Prado Eng., setembro 1955.)
,/'

/ /'"

/ '/ ",......
// '/ ~
/ // '/ ~
LIRo = 2,00 -r-., h/~7 /.- ~
1,6 1,75
1,50 -f..,..
W 0/-- '--
0
~
-:s 1,4
.r 1,2 1,25
1,00 ...•.•
/
0 /" L.---
/".A V_
-
/. ~ \~\ 0,60
0,80
/'

"
0,40
~~ 0,2n
~ '/
Iií""
~ ~

15 20 30 40 60 80 100 200
Angulo de rotaçfo da came, {l, graus.

1,0
0,9

0,8

0,7

0 0,6
~
1°,5
Q.
0,4

0,3
0,2

0,1

° 5 10 15 20 30 40 60 80 100 150
Angulo de rotaçfo da came. {l. graus

Fig. 3.25 Movimento polinomial de 8° grau. (De M. Kloomok e R. V. Muffley. "Platc Cam Design
- Radius of Curvature", Prod. Eng., Setembro 1955.)
Nestas curvas, P é o ângulo de rotação da carne para cada trecho e L é a elevação
correspondente. A Fig. 3.23 apresenta as curvas para o movimento cicloidal,
a Fig. 3.24, para o movimento harmônico simples e a Fig. 3.25, para o movimento
polinomial de 8° grau. Por meio dessas curvas pode-se determinar se Pmin é maior
ou menor do que R•.

Um seguidor radial de rolete deve mover-se com um deslocamento total de


L = l5mm com movimento cicloidal, enquanto a carne gira de [J = 30°. O seguidor
repousa durante 45° e então retorna com movimento cicloidal em 70°. Verifique
se a carne apresenta ponta ou rebaixo para um raio de rolete R. de 6,25mm e raio
mínimo Ro da superfície primitiva de 37,5mm.

~=2=040
Ro 37,5 '

Será examinada apenas a elevação, d~vido ao seu ângulo f3 menor. Portanto,


da Fig. 3.23, para L/Ro = 0,40 e p = 3~--"

Pmin = 022
Ro '

A carne não terá ponta ou rebaixo, porque Pmin > R •.


Conforme mencionado anteriormente, é importante considerar-se o valor
do ângulo de pressão, no projeto de carnes com seguidores de rolete. É necessário
manter o ângulo de pressã9 máximo o menor possível e até hoje este máximo foi
estabelecido arbitrariamente em 30°. Entretanto, são usados ocasionalmente
valores maiores quando as condições permitirem. Embora seja possível desenhar
o contorno da carne e medir o ângulo de pressão máximo, é preferível empregar
os métodos analíticos. Há diversos métodos disponíveis, um dos quais foi desen-
volvido por Kloomok e Muftley6, pelo qual pode-se determinar analiticamente o
ângulo de pressão tanto para o seguidor radial de rolete como para o oscilante de
rolete. Aqui será abordado somente o caso do seguidor radial de rolete.
Para a carne de disco e o seguidor radial de rolete mostrados na Fig. 3.26, o
ângulo de pressão OCA é denominado IX e o centro da carne, O. Supõe-se que a carne
estáillfíparada e o seguidor gira no sentido horário da posição C até C' segundo um
pequeno ângulo AO. Da figura,

6 M. Kloomok e R. V. Muffiey, "Plate Cam Design - Pressure Angle Analysis", Prado El1g .• Maio
1955.
oc' = tg-1 __C'E
CE

Quando !'i() tende a zero, os ângulos OCE e ACC' tendem para 90°. Ao mesmo
tempo o segmento CD tende para o comprimento do arco CF, igual a R!'i() e ambos,
CD e CF tendem para CE. Portanto,

lim oc' = tg- 1 (. ~ ~~).


M-O

Como os lados de oc e (x' se tornam, respectivamente, perpendiculares quando MJ


tende a zero, (x' torna-se igual a oco Portanto,
Pode-se determinar uma expressão para a, em qualquer tipo de movimento,
partindo-se da Eq. 3.12. Entretanto, a determinação do ângulo de pressão máximo
é quase sempre muito dificil, porque leva a equações transcedentais complexas.
Por isso, Kloomoke MufOey empregam um nomograma desenvolvido por E. C.
Varnun 7, apresentado na Fig. 3.27; P e L/Ro são parâmetros já definidos anterior-
mente. Determina-se, usando-se o lndlrograma, o valor máximo do ângulo de
pressão para os três tipos de movimento.

Fig. 3.27 Nomograma para determinar o âllgulo de pressão mâximo. (Cortesia de E. C. Varnun,
Barber - Colman Company.)

Um seguidor radial de rolete deve mover-se com um deslocamento total de


18,75mm, com movimento cicloidal enquanto a carne gira de 45°. O seguidor repousa
por. 30° e então retornacom movimento cicloidal em 600. Determine o valor de
Ro para limitar o amá. em 300. Será examinada somente a elevação, devi~o ao seu
ângulo jJ __
~enor. ',,--
? 11 'r)l"", ,
Para p = 45° e IXmá• = 30°,
L
R = 0,26
o

18,75
Ro = O,26 = 72mm

Se o espaço não permite tal valor de Ro, f3 pode ser aumentado e a came deve
girar mais rápido para conservar o mesmo tempo de elevação.
3.8 Came de Disco com Seguidor Oscilante de Rolete. Na Fig. 3.28 vê-se o
início do traçado de uma came de disco com seguidor oscilante de rolete. O ângulo
de elevação t/J é função do ângulo de rotação da came fJ. Embora a came gire de fJ
para o ângulo de elevação t/J, o raio R gira segundo o ângulo (jJ. Especificando-se
valores de R e (jJ, é possível obter-se o contorno da came8•

------1--
--- ----

Circunferência
de base

o ângulo f3 é uma constante do sistema e pode-se obter sua equação usando-se o


triângulo DAD'. Assim,
(3.15)

onde. S, Ro e / têm dimensões fixas.


O ângulo r é função de R; sua equação pode ser obtida do triângulo OBO' como

S2 + R2 ~p
cos r = 2 SR

P + S2 _R2
cos ~ = 21S o

e o ângulo '" é o ângulo de elevação para um determinado ângulo de rotação da


carne O. Portanto, das equações precedentes, os valores de R e d> podem ser cal-
culados a partir de valores de O e dos correspondentes ângulos de elevação "'.
No projeto deste tipo de carne, é necessário verUi.c:;~rse há rebaixos e conferir
o ângulo de pressão máximo. As equações do raio de curvatura e do ângulo de
pressão podem ser obtidas com mais facilidade pelo método de variáveis complexas
de Raven9• A Fig. 3.29 mostra o esboço de uma carne de disco e um seguidor
oscilante de rolete, com o raio de curvatura da superfície primitiva p e o ângulo
depressão IX. O ponto O é o centro da carne, o ponto D é o centro de curvatura
e o ponto O', o centro de rotação do seguidor. A elevação angular do seguidor a
partir da horizontal é u, que é dada pela equação

onde f(O) é a elevação angular desejada para o seguidor, a partir de um ângulo de


referência u o (não mostrado na figura). Da Fig. 3.29, o ângulo de pressão IX é dado
por

IX = [u o + f( O)] - ; - y.

9 F. H. Raven, "Analytical Design of Disk Cams and Theree - Dimensional. Cams by Independent
Posltion Equations", ASME Transactions, Série E, Vol. 26, N." I, pp 18-24, Março, 1959.
A fim de se obter uma expressão para o ânguio y, determinam-se duas equações
de posição, independentes, para o ponto A, centro do rolete. A primeira equação
é obtida seguindo-se o trajeto (O-D-A) e a outra, seguindo-se o trajeto (O-B-O'-A).

~
_____ ~IB

A equação para o primeiro trajeto é dada por

R = re,d + pe'Y

A equação para o segundo trajeto é dada por

R = a + bi + leia

Separando-se as partes reais e imaginárias das Eqs. 3.2] e 3.22,

r cosb +p cos~ = a + I cosa (3.23)


r senb + p sen} = b + I sena (3.24)

Derivando as equações 3.23 e 3.24 em relação a O,

db dy da
- r senb ---pseny -- = -/sena--
dO dO dO
db, dy da
r cosb dO + P cosy dO = I cosa dO

Para uma rotação infinitesimal da carne, p pode ser considerado como constante.
Assim, o ponto D, o centro de curvatura da carne no ponto de contato e r podem
ser considerados como fixos à carne para um acréscimo de rotação dO. Portanto,
o valor de db é igual a dOe como b diminui quando Ocresce, segue-se que db/dO = - 1.
Também, da/dO = [(O). Portanto,

r senb - p seny ~ = -I [(O) seM

- r cosb +p cos y ~~ = I [(O) cosa.

t _
gy -
r senb
r cosb
+ I [(O)
+ I [(O)
seM
cosa
I t ir JJ()hr-, ( ln ( l.-

,
I
' J •.
11''
)' 1
f

Os termos r cosb e r senb podem ser calculados das ijqs. 3.23 e 3.24, dabdo

b + I seM [1 + [«())] ~
tgy = a + I cosa [1 + [(O)]
que, quando substituída na Eq. 3.20, dará o ângulo de pressão IX. Para se deter-
minar IXmax' será necessário o emprego de gráficos semelhantes aos dados por
KIoomok e Muffley na nota de rodapé n.O 6:
Para se calcular o raio de curvatura p, é necessário primeiro derivar a Eq. 3.27
em relação a O. Substituindo dyjdO da Eq.J.26 e com o auxílio das Eqs. 3.19, 3.23
e 3.27, obtém-se a seguinte equação para p:

[C2 + D2 ]3/2
P = -(C-2-+-D-2~)[-I-+-[-(O-)]---(-aC-+-bC)~'
'-[-(-O)-+--(a--se-na---b-co-s-a)-l-rr-'(-O)

C =a + I cosa [1 + [(O)]
D = b + I seM [1 + [(O)]
Para evitar o rebaixo, p deve ser maior do que o raio do rolete. Portanto, é
possível determinar-se Pmin para cada posição do perfil da carne. Para isso, é neces-
sário o emprego de gráficos semelhantes aos dados por Kloomok e Muffley na nota
de rodapé n.O S.
3.9 Cames Tridimensionais. Este tipo de carne é difícil de ser projetado e
fabricado, porém, encontra grande aplicação em mecanismos de direção de tiro.
A Fig. 3.30 mostra um esboço de uma carne tridimensional, onde a elevação z
do seguidor é função da rotação y e da translação x da carne.

Um problema que pode ser resolvido de modo muito simples, usando-se uma
carne tridimensional, é o de calcular o alcance horizontal de um alvo aéreo sendo
dadas a elevação e a altura do alvo.1o Calcula-se o alcance horizontal usando-se
a relação Ro = Ho cotg Eo, retirada do triângulo mostrado na Fig. 3.31. Esta
expressão é calculada no diretor de tiro por uma carne tridimensional que gira
proporcionalmente à altura H o do alvo e se desloca ao longo de x proporcionalmente
ao alcance horizontal Ro' A elevação do seguidor representa o ângulo de elevação
Eo' Depois que a altura do alvo tiver sido introduzida na carne, por rotação, a
translação da carne produzirá uma elevação do seguidor, indicando o ângulo de
elevação. Quando este ângulo de elevação se igualar com a elevação da linha de
visada, será indicada a distância horizontal correta.

o iretor de tiro ...,;fCfl


do canhlo anti-aéreo k-----Ro ----
(Alcance horizontal)
4000 6000 8000
Alcance (Rol jardas

Para ilustrar o método de projeto de uma carne tridimensional, consideremos


um alvo se deslocando em direção ao diretor de tiro, à altura de 8 000 pés. A Fig. 3.32
mostra o gráfico ângulo de elevação versus alcance horizontal para esta altura.
Se esta curva for usada como contorno de uma carne plana, a translação horizontal
da carne moverá o seguidor de modo a indicar o ângulo de elevação correto do
alvo. Tal carne está mostrada na Fig. 3.33.
i.-- Movimento do seguidor
f (I1ngulode elevaçlol

8000 pés
(altura I

Para ângulos de elevação correspondentes a alturas diferentes de 8 000 pés,


é necessário traçar curvas adicionais e produzir as carnes correspondentes. Se estas
placas forem colocadas em torno de um eixo, resultará uma carne conforme mostrada
na Fig. 3.34a. A rotação desta carne permite selecionar a placa de acordo com a
altura desejada e colocá-Ia sob o seguidor. Quando o número de placas aumentar
muito, incluindo outras alturas, a carne tornar-se-á tridimensionalll e o seu aspecto
está mostrado na Fig. 3.34b.
Para a determinação do ângulo de pressão e do raio de curvatura da carne tri-
dimensional, o leitor deve recorrer ao trabalho de F. H. Ra ven 12.

1 J "PrincipIes of Operation, Prediction Mechanism, aIi.d Ballistic Cam of Sperry M-7 Antiaircraft

Director", Sperry Gyroscope Company, Dezembro 1946.


12 Ibidem.
(b)

Fig. 3.34

A fabricação de uma carne tridimensional é muito difícil devido às exigências


de precisão ede acabamento manual. Depois de serem especificados os desloca-
mentos do seguidor para os acréscimos desejados de rotação e de translação da
carne, funde-se um bloco com o formato aproximado da carne desejada. Usando-se
uma ferramenta de corte, do mesmo tamanho e da mesma forma do seguidor,
coloca-se o fundido em uma fresadora de carnes e usina-se a superfície do bloco,
em alguns pontos de referências, até chegar à superfície desejada sobre a carne tri-
dimensional. Através de rotações e translações apropriadas da carne e deslocando-se
a ferramenta de corte até chegar à elevação prevista para cada ponto da superfície
desejada, essa ferramenta simulará o movimento do seguidor em relação à carne.
Deste modo, pode-se localizar com precisão um ponto na superfície da carne. De
acordo com Rothbart13, às vezes, são necessários 15000 pontos com a precisão de
±O,OlOmm. Depois de marcados todos os pontos faz-se um acabamento manual
com lima, seguido de um polimento com lixa de esmeril.
Problemas
3.1 Uma carne de disco girando no sentido horário aciona um seguidor radial
de face plana segundo uma elevação total de 37,5mm, de acordo com os dados
a seguir:
o 0,00
30 2,50
60 9,25
90 18,75
120 28,25
150 35,00
180 37,50
210 35,00
240 28,25
270 18,75
300 9,25
330 2,50
360 0,00

Desenhe a came usando um raio mínimo de 25mm. Determine o comprimento


da face do seguidor (face· simétrica). Depois de achar o comprimento da face, por
tentativas, aumente 3mm em cada extremidade para assegurar um contato adequado.

3.2 Uma carne de disco gira no sentido anti-horário, comandando um seguidor


radial de rolete, segundo uma elevação total de 37,5mm. Desenhe a carne usando
os dados de movimento do problema 3.1 e empregando um raio mínimo de 25mm.
O diâmetro do rolete deve ser 22mm. Determine, por tentativas, o ângulo de pressão
máximo e o local onde ocorre este ângulo.

3.3 Uma carne de disco girando no sentido horário comanda um seguidor


de face plana deslocado segundo uma elevação total de 37,Smm. Desenhe a came
usando os dados de movimento do problema 3.1. A linha de centro do seguidor
é deslocada de 12,5mm para a esquerda, paralelamente à vertical que passa pelo
centro da carne. O raio mínimo da carne deve ser 2Smm. Determine o comprimento
da face do seguidor (face simétrica). Depois de determinar o comprimento da face,
por tentativas, aumente 3mm em cada extremidade para assegurar um contato
adequado.

3.4 Uma carne de disco gira no sentido anti-horário e aciona um seguidor de


rolete segundo uma elevação total de 37,Smm. A linha de centro do seguidor é
deslocada de 12,Smm para a direita, paralelamente à vertical que passa pelo centro
da carne. O raio mínimo deve ser 2Smm e o diâmetro do rolete, 22mm. Desenhe
a carne empregando os dados de movimento do problema 3.1. Por tentativas
determine o ângulo de pressão máximo durante os cursos de elevação e de retorno.

3.5 Uma came de disco gira no sentido horário e aciona um seguidor oscilante
de face plana segundo um ângulo de elevação total de 20", de acordo com os dados
a seguir.
o 0,0
30 1,5
60 5,5
90 10,0
120 14,5
150 18,5
180 20,0
210 18,5
240 14,5
270 10,0
300 5,5
330 1,5
360 0,0

Desenhe a carne usando um raio mínimo de 30mm. O centro de rotação do seguidor


deve estar a 80mm à direita e na horizontal que passa pelo centro da carne, semelhante
à Fig. 3.3. A distância do centro do cubo do seguidor ao arco da escala de elevações
angulares é de 70mm. Determine o comprimento da face do seguidor. Depois de
achar o comprimento da face, por tentativas, aumente 3mm em cada extremidade
para assegurar um contato adequado.

3.6 Uma carne de disco girando no sentido anti-horário aciona um seguidor


oscilante de rolete segundo um ângulo de elevação total de 20". Desenhe a carne
usando os dados de movimento do problema 3.5 e um raio mínimo de 25mm.
O centro do cubo do seguidor deve estar a 75mm à direita e sobre a horizontal que
passa pelo centro da carne, semelhante à Fig. 3.4. O diâmetro do rolete mede 19mm
e a distância entre o centre do cubo do seguidor e o centro do rolete é de 72mm.
Usando um furo de 16mm, um cubo de 25mm e um rasgo de chaveta de 5 x 5mm,
desenhe o resto do seguidor em; proporções razoáveis.

3.7 Uma carne de retorno comandado gira no sentido horário e aciona um


seguidor de face plana, tipo garfo, conforme mostrado na Fig. 3.5. Os dados para
a elevação são os seguintes:

o 0,00
30 1,27
60 4,32
90 9,65
120 17,00
150 23,40
180 25,40
Desenhe a carne empregando um raio mmlmo de 25 mm. Usando proporções
razoáveis complete o esboço do seguidor.
3.8 Uma carne de retorno comandado gira no sentido anti-horário e aciona
um seguidor, tipo garfo, de roletes. Desenhe a carne empregando os dados de movi-
mento do problema 3.7 para a elevação. O raio mínimo deve ser 25mm. Os diâ-
metros dos roletes são de 19 mm. Usando proporções razoáveis, complete o
esboço do garfo que suporta os roletes.
3.9 Um seguidor oscilante de rolete move-se segundo um ângulo total de 60"
e aciona uma carne invertida, como a mostrada na Fig. 3.7. Os dados do movimento
são os seguintes:

0,0 0,0
4,5 1,5
16,0 6,0
30,0 12,5
44,0 19,0
55,5 23,5
60,0 25,0

A carne deve deslocar-se para cima e para a direita a um ângulo de 45°, quando o
seguidor girar no sentido anti-horário. O movimento do seguidor é simétrico em
relação à linha de centro vertical. A distância entre o centro do rolete e o centro de
rotação do seguidor é de 75 mm e o diâmetro do rolete é de 16 mm. O bloco da
carne mede 75 mm por 100 mm. Desenhe a ranhura que deve existir no bloco da
carne.
3.10 Prove que é correto o método de determinação dos pontos de inflexão
para intervalos de tempo conhecidos, conforme indicado na Fig. 3.8.
3.11 Prove que é correto o método de determinação dos pontos de inflexão
para deslocamentos conhecidos, conforme mostrado na Fig. 3.9.
3~12 Prove que é correto o método de construção de uma parábola, mostrado
na Fig. 3.10.
3.13 Trace o gráfico deslocamento-tempo para um seguidor que deve ter uma
elevação total de 37,5 mm. O movimento é iniciado com um trecho de aceleração
constante em 67° de rotação da carne, passando à velocidade constante em 90"
e desaceleração constante em 90°: o seguidor repousa em 22,5° e então retoma
com movimento harmônico simples em 90°. Use uma abscissa de 100 mm de compri-
mento.
3.14 Trace o gráfico deslocamento-tempo para um seguidor que se eleva de
19 mm com movimento harmônico simples em um quarto de volta da carne, repousa
durante 45°, torna a se elevar de 19 mm durante 90°, repousa durante 22,5° e então
retoma 38 cm com movimento parabólico em um quarto de volta, seguindo-se um
repouso de 22,5°. Use uma abscissa de 160 mm de comprimento.
3.15 Trace o gráfico deslocamento-tempo para um seguidor que se eleva de
38 mm em meia-volta da came de modo que nos primeiros 9,5 mm tenha aceleração
constante, nos próximos 19 mm velocidade constante e aceleração constante nos
9,5 mm restantes. O retorno é um movimento harmônico simples em meia-volta
came. Use uma absçissa de 150 mm de comprimento.
3.16 Trace o gráfico deslocamento-tempo para um seguidor que tem uma eleva-
ção total de 32 mm com aceleração constante durante 90" e desaceleração cons-
tante para 45° de rotação da came. O seguidor retoma 16 mm com movimento
harmônico simples durante 90", repousa por 45° e retoma 16 mm com movimento
harmônico simples em 90" de rotação da carne. Use uma abscissa de 160 mm de
comprimento.
3.17 O seguidor radial de face plana, mostrado na Fig. 3.35, tem movimento
de translação alternativa sob a ação de uma came de disco circular que gira em torno
do eixo 02' (a) determine as expressões para o deslocamento R do seguidor e para
a distância I entre o ponto de contato e a linha de centro, em função do ângulo (J,
do raio r e do deslocamento b. (b) trace um gráfico do deslocamento R em função
do ângulo de rotação (J para uma volta da came. Chame de L a distância entre as
posições extremas do curso do seguidor. Determine o valor de L (c) identifique
o tipo de movimento realizado pelo seguidor.

/7 3.18 Um seguidor radial é comandado por uma came girando a 1 rad/s. O


seguidor parte do repouso e se eleva de 50 mm com movimento harmônico simples
enquanto a came gira de 120°. O seguidor repousa nos próximos 1200 e então
retoma com movimento harmônico simples nos 1200 restantes. Usando uma
abscissa de 150 mm e intervalos de 30" para a rotação da came, trace as curvas de
deslocamento, velocidade, aceleração e segunda aceleração, no mesmo eixo.
, 3.19 Partindo da equação do movimento harmônico simples, deduza a expres-
são do deslocamento S da curva H-5 mostrada na Fig. 3.14.

3.20 Deduza expressõcs que permitam o uso das equações de Kloomok e


Muffley na determinação de velocidades e acelerações do seguidor quando a velo-
cidade da carne não for constante.

1 3.21 Um seguidor deve ter movimento cíclico de acordo com o diagrama de


deslocamento mostrado na Fig. 3.36. As exigências para deslocamentos e veloci-
dades são as seguintes:

Ponto A Ponto B Ponto C


S=L S=O S=L
V=O V=O V=O

Recomende as curvas que devem ser usadas no diagrama de deslocamentos e a


relação entre fJ I e fJ2 para combinar as acelerações no ponto B e nos pontos A e C.

3.22 Um seguidor partindo do repouso desloca-se de acordo com o gráfico


mostrado na Fig. 3.37 e repousa novamente. As exigências do movimento são
as seguintes:

Ponto A Ponto B Ponto C


S=O S=L S=O
V=O V=O V=O
A=O A = AI A = O

Recomende as curvas que devem ser usadas no diagrama de deslocamento e a


relação entre fJ I e fJ 2 para combinar acelerações no ponto B.
3.23 Um seguidor partindo do repouso eleva-se com movimento acelerado.
em seguida passa a ter velocidade constante e depois desacelera até ficar em repouso.
conforme indica a Fig. 3.38. As exigências do movimento são as seguintes:

Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D


S=O S = LI S = LI + L2 S = LI + L2 + L j

V=O V= VI V = VI V=O
A=O A = O A = O A=O

Recomende as curvas que devem ser usadas no diagrama de deslocamento e a


relação entre /31, /32 e P para combinar velocidades nos pontos R e C.
j

3.24 No diagrama de deslocamento, mostrado na Fig. 3.16a, do exemplo 3.1,


/31 é o ângulo de rotação da carne correspondente ao trecho AR, /32 o ângulo de RC,
/33 o ângulo de CD e /34 o ângulo de DE. Também ~ é a elevação do trecho AR,
L2 a elevação de RC, L a elevação de CD e L4 a elevação de DE. Determine a
j

relação que deve existir entre /33 e /34 para combinar as acelerações no ponto D.
3.25 Determine (a) a relação entre os ângulos Pt e P2 entre as elevações Lt e L2
para combinar uma curva cic10idal C-I com uma curva de velocidade constante e
(b) a relação para combinar uma curva de velocidade constante com uma çurva C-4.
3.26 Estabeleça as equações que relacionam as elevações Lt e L2 e os ângulos
Pt e P2 para a combinação de: (a) movimento cicloidal com harmônico; (b) movi-
mento cicloidal com velocidade constante; (c) movimento harmônico com cicloidal;
(d) movimento harmônico com velocidade constante. A combinação deve ser
feita quando as acelerações forem nulas.
3.27 Determine (a) a relação entre os ângulos Pt e P2 e entre as elevações
LI e L2 para combinar um movimento cic10idal C-I com o harmônico H-2 e (b) a
relação para combinar uma curva H-3 com uma C-4.
3.28 Determine (a) a relação entre os ângulos P1 e P2 e entre as elevações
LI e L2 para combinar um movimento harmônico H-I com um cic10idal C-2 e
(b) a relação para combinar uma curva C-3 com uma H-4.
3.29 Determine (a) a relação entre os ângulos Pt e P2 e entre as elevações para
combinar o movimento harmônico H-I com uma curva de velocidade constante e
(b) a relação para combinar uma curva de velocidade constante com uma curva H-4.
3.30 Um seguidor deve se deslocar com velocidade constante durante um
trecho da elevação e também do retorno. É possível combinar movimentos harmô-
nicos com estas curvas de velocidade constante e não resultar segunda aceleração
infinita? Caso afirmativo, recomende as curvas que devem ser usadas e esboce o
diagrama de deslocamento mostrando as curvas.
3.31 Determine (a) a relação entre os ângulos P I e P2 e entre as elevações
LI e L2 para combinar um movimento harmônico H-5 com um movimento poli-
nomial de oitavo grau P-2 e (b) a relação para combinar o movimento harmônico
H-2 com o polinomial de oitavo grau P-2.
3.32 Escolha uma combinação de movimentos cicloidal, harmônico e polino-
mial de oitavo grau que não resulte segunda aceleração infinita.
3.33 Determine (a) a relação entre os ângulos P I e P2 e entre as elevações
Lt e L2 para combinar um movimento polinomial de oitavo grau P-I com oharmô-
nico H-6 e (b) a relação para combinar o movimento polinomial de oitavo grau
P-I com o harmônico H-3.
3.34 Escolha uma combinação de movimento harmônico com polinomial
de oitavo grau que não resulte segunda aceleração infinita.
3.35 Um seguidor se desloca com movimento harmônico H-I, elevando-se
25 mm em 7t/4rad de rotação da carne. O seguidor então se eleva de mais 25 mm com
movimento cic10idal C-2, para completar o curso de elevação. O seguidor repousa
e retorna 25cm com movimento cic10idal C-3 e os 25 mm restantes com movimento
harmônico H-4 em 7t/4 rad. (a) determine os ângulos de rotação da carne para os
movimentos cic10idais e para o repouso combinando velocidades e acelerações.
(b) determine a equação para o deslocamento S em função de () para cada tipo de
movimento, tendo como origem das abscissas o ponto O, origem dos eixos coorde-
nados, de modo que o deslocamento possa ser calculado para qualquer ângulo ()
usando-se a equação adequada.
3.36 No diagrama de deslocamento da Fig ..3.39, deseja-se obter uma elevação
total de 37,5 mm com um seguidor radial de face plana combinando o movimento
cicloidal C-I com o harmônico H-2. (a) usando os dados do diagrama, determine
o ângulo P2' referente ao movimento harmônico, a fim de que haja continuidade
de velocidades e de acelerações em B, ponto de transição entre os dois movimentos.
(b) determine o comprimento máximo teórico da face do seguidor necessário para
os dois movimentos.

3.37 Uma carne de disco comanda um seguidor radial de face plana com movi-
mento harmônico simples. O seguidor se eleva e retorna durante uma volta da carne.
Sendo o deslocamento total 50 mm e o raio mínimo 25 mm, determine as equações
paramétricas (x e y) do contorno da carne. Elimine o parâmetro para obter a equação
do contorno da carne. Determine o comprimento teórico da face do seguidor.
3.38 Um seguidor radial de face plana é acionado segundo um deslocamento
total de 40 mm. O seguidor sobe 10 mm com aceleração constante durante 60"
de rotação da carne, 20 mm com velocidade constante durante 60" e os restantes
10 mm com desaceleração constante durante 60". O seguidor repousa em 45° e
retoma com movimento harmônico simples quando a carne completa uma volta.
Para cada tipo de movimento escreva a equação do deslocamento S em função
do ângulo () de rotação da carne, usando como origem o ponto O, origem dos eixos
coordenados de modo que o deslocamento possa ser calculado para qualquer ângulo
() usando-se a equação adequada. Calcule o raio mínimo C e o comprimento
máximo de contato 'máx para cada tipo de movimento. Especifique o raio mínimo
da carne e o comprimento da face do seguidor.
3.39 Um seguidor radial de face plana é acionado segundo um deslocamento
total de 38 mm. O seguidor se eleva de 25 mm com aceleração constante durante
120"de rotação da carne e os restantes 13 mm com desaceleração constante durante
60". O seguidor retoma com movimento harmônico simples em 900 e repousa
durante o restante da revolução da carne. Complete a solução conforme o pedido
do problema 3.38.
3.40 No desenho mostrado na Fig. 3.40, a carne de disco é empregada para
posicionar o seguidor radial de face plana em um mecanismo de cômputo. O
perfil da came deve ser projetado para dar um deslocamento S ao seguidor, de
acordo com a função S = k (}2, partindo do repouso, quando a came girar no
sentido anti-horário. Para 60" de rotação da came, a partir da posição inicial, a
elevação do seguidor é de 10 mm. Determine analiticamente as distâncias R e I
quando a came tiver girado de 45° a partir da posição inicial. Verifique a exis-
tência de pontas no contorno da came durante a rotação de 60".

3.41 Um seguidor radial de rolete é acionado segundo um deslocamento total


de 25 mm com movimento harmônico simples durante meia-volta da came. O
movimento de retorno é o mesmo da elevação e também se realiza em meia-volta
r- da came. Usando um raio mínimo Ro da superfície primitiva de 38cm e um diâ-
r- metro do rolete de 19 mm, determine as posições do centro do rolete do seguidor
utilizando intervalos de rotação de 15° para a came. Desenhe o contorno da came
r- e calcule os ângulos de pressão para determinar os pontos de contato.
3.42 Um seguidor radial de rolete se desloca com uma elevação total de 50 mm
r-
em movimento cicloidal durante 1800 de rotação da came. O seguidor repousa
nos próximos 900 e então retorna 50 mm com movimento cicloidal durante 900
de rotação da came. Usando um raio mínimo Ro da superfície primitiva de 25 mm,
calcule com um computador o deslocamento, a velocidade, a aceleração e o ângulo
r'
de pressão do seguidor, utilizando intervalos de rotação de 100 para a came.
3.43 Um seguidor radial de rolete se desloca com uma elevação total de 19 mm
r- com movimento harmônico enquanto a came gira de 30". Verifique a existência
de pontas na superfície da came com raio do rolete de 6,25 mm e raio mínimo da
superfície primitiva Ro igual a 46,875 mm.
3.44 Um seguidor radial de rolete se desloca com elevação total de 6,5 mm
r- com movimento harmônico enquanto a came gira de 45°. O raio Rr do rolete
é 6,5 mm. Determine o valor limite de Ro que ocasione um perfil pontiagudo
durante esse movimento.
3.45 Um seguidor radial de rolete se desloca com uma elevação total de 19 mm
com movimento cicloidal enquanto a came gira de 30°. Determine o raio de curva-
tura p da superfície primitiva quando f) for igual a 15°. O raio Rr do rolete é 6,25 mm
e Ro é 46,~75 mm.
3.46 Um seguidor radial de role te se desloca com uma elevação total de 19 mm
com movimento harmônico enquanto a carne gira de 300. Determine o valor de Ro
para que o ângulo de pressão máximo seja 300.
3.47 Usando a equação 3.12 e as expressões adequadas de R e dR/df), desen-
volva a equação de IX para o movimento cicloidal. Utilizando os dados do
exemplo 3.5 calcule o ângulo de pressão IX quando f) for igual a 22,5°.
3.48 Um seguidor radial de rolete se desloca com uma elevação total de 16 mm
com movimento cicloidal enquanto a carne gira de 300. Supondo Ro = 38 mm,
determine IXmáx' Se IXmáx for muito grande e se as exigências de dimensões não permi-
tirem o aumento de Ro' faça outras recomendações para limitar IXmáx em 30°.
3.49 Utilizando os dados de deslocamento do problema 3.5, calcule os valores
de R e eJ> para uina carne de disco com seguidor oscilante de rolete. A carne gira
no sentido anti-horário e tem um raio mínimo de 25 mm. O diâmetro do role te
é 19 mm e a distância do centro do cubo do seguidor até o centro do rolete mede
72 mm. O centro do cubo está situado a 75 mm à direita do centro da carne. Na
posição inicial, o centro do rolete está na vertical que passa pelo centro da carne.
Desenhe a carne usando os valores calculados de R e eJ> e comprove-os graficamente.
3.50' No problema 3.49, ljI = 0,174 (1 - cosf) radianos, aproximadamente.
Usando esta expressão, calcule o ângulo de pressão na posição 3.
3.51 Usando a expressão de ljIcomo função de f) dada no problema 3.50 e
utilizando os dados do problema 3.49, calcule o ângulo de pressão para a posição
inicial e comprove graficamente.
3.52 Usando a expressão de ljI como função de f) do problema 3.50 e utilizando
os dados do problema 3.49, calcule o raio de curvatura para a posição 2.
3.53 Deve-se projetar uma came tridimensional para resolver a equação
Q = 26,5 ah1/2, onde Q é o escoamento (cm3/s), a é a área do orifício (cm2) e h é
a coluna de líquido (em). A área a deve ser introduzida na came através da rotação
e a altura h pela translação da came. A elevação do seguidor determinará Q. (a)
calcule um conjunto de valores de Q para a variando de 6,5 a f4,5 de décimo em
décimo e fazendo h = 30, 120, 270, 480, 750, 1080 e 1470. (b) usando para Q
m6dulo de 1 em = 2000 cm3/s e para h, 1 em = 100 em trace uma seção axiaI
vertical da came, marcando a posição a = 1 na parte mais .alta da came. (c) trace
duas seções transversais da came, em h = 750 em e h = 1470 em.
Engrenagens Cilíndricas de
Dentes Retos
•••
•• •
•• •:.
......•
••

4.1 Introdução a Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos Evolventais. Consi-


~~r~dº duas superficie.ss_úrvas em C:º111atodireto pode.:se m-º.S.1Ii!rque a razão
das velocid~des a!!-gulares é inversamente proporcioºªl aos segmeI!~os em que a
linha de c~ntros é cortada- pelªJinh_ª~-'lCãa.ºu norm!!!.comum às duas sllperficies
em contato. Se a linha de ação seI!1~ intercepta alinha de centros em um ponto
fixo, aXa:zª_odas velocida_des angulares perInªnece constante, Esta é a condi~o
desejada quando ~is dentesg~ engrena2Cns se aco~lam: a razão (jas velocidades
angulares deve ser constante. E possível supor a forma do dente em uma engrena-
gem e'-pelã' aplicação do princípio acima (a normal comum intercepta a linha de
centros em um pOllto fixo) ~ determinar o contorno dos dentes que se engrenam.
Tais dentes são considerados dentes conjugados e as possibilidades são limitadas
apenas pela habilidade em construí-Ios. Das mujlªs formas pos~iveis, só a ciclóide
e a evolve!1teforam padronizadas. Primeiramente utilizava-se a ciclóide que, depois,
foi substituída pela evolvente em todas as aplicações, exceto em relógios. O dente
com perfil_~a evolvente tem dive]"sas vantagens, as_mais importantes_clllS guais
sua JáciLfubilci!çãoeo fato de que a <iilltância entre centros de duas epgrenagens
eJ9lventaíspoQe variar sem alterara raz_~ode velocidades. O sistemacvQlyental
d~ en~~m~p.~_ é discutido em detallles º()_~parágrafos seguintes. A Fig. 4.1 mostra
um par de engrenagens de dentes retos evolventais.
Çgnsidere dyas polias JigadªS-!2or um fio çrl.l~aº-o como mostra a Fig. 4.2.
É evidente que as duas poliasgira!Jl em direções opostas e qu~_a relação das veloci-
dades angulares é constante, desdt:uQ!l~Q_ fio não desljze, e depeJ)ID:~ razão inversa
dosdjâ..!!1~. Vê:Se-tª!TÜ>é!ll que a relação entre a~~~!QEidadesangulares não I1!llda
quando a distância ~e centros é modificada. Por~ºI!v~ni_ê_nciª,suporiha guc um
lado do fio seja remoYi49 e um pedaço~~::::'cartolina é fixado na polia 1 (Fig.-4.3a).

a polia I, Q traçar~ma
º
Coloque um lápis nº-E~nto Q, sobre o fiQ.LgUie a polia 2 no sentido an..ti:!J...2rário.
Em relação ao papel; pô'tÚo Q deseJ:e.Y.eJ:á uma linha reta, enquanto que em reta~o
evolvente n(l.cartolina. A mesma evolvente poderia ser
gerada cortando-se o fio em Q e desenrolando-o da polia I, mantendo-o tenso.
~~JJma cartolina é agora fixada na PQliçU (Fig. 4.3b) ~ o processo érepetido"ger~-se
uma evolvente nest'!<;artolina.Se as cart()linas são agora cortadas ao 10ngoQas
evolventes, forma~se um lado de UII!dente em ambas as polia$.1._~_2. A evolv~nte
da polia I pode serus-ada para impelir~~lvente da polia 2..~ razão -.<tasveloci-
dades anguJ,!res será constante por9.l!..e~inha de ação,ql!.~~o process()de cons-
trução é norrri~l1às evolventes no ponto de contato Q, corta a linha de centros em um
ponto fixo. Como no~so das polias com Ofiõ"Cruzado, a relação das velocidades
angulares será inversamente proporcional'aos--<i3Imriros das polias. '-
S~ºistªll.çja entre centros fo~ modificada, a evolvente I aindajl!ill.~ a
evolvent~2, mas um,Lontra parte das duas evolventes estará ªgora em contato.
Enquanto os .diâmetros
será a mes~a.
-, ,_.- -
--,._---- das polias_nJo forem modificados,
-,----
a relaçãodas-~e-Iocidãdes

As circunferências usadas como base para a geração dasevºlvent~s.são-coDhe·


cidas como circunferências deb~e, e são o coração do sistema de engrenagens
evolventais. Na Fig. 4.4 o ângulo definido por uma linha perpendicular à linha de
.ação tirada pelo centro 4açirçyn e c' de base ~ uma Ii.MLQ.e O. a
. h'd.Ç
A

• I d..~}pcress(I(J
'PEr' • • ~
(ou O2
d o ponto d a evo Ivente
a
e Q) ~Ǻ.Il._~ . ! o como angu.o e u Ica ao
onde está havendo contato. Se na Fig. 4.4, o ponto de interseção da linha de ação
e da linha de centros é chamado de P, a relação das velocidades angulares será
inversamente proporcional aos segmentos em que este ponto dividir a linha de
centros.

Ângulo de incidência
frontal

Fig.4.4
\ -
É possível traçar circunferências passaJldo por P usando primeiro O, como
<:ent!o e depois 02' cotl!.0mostra a Fig 4 5.. 0 ..ponto P é chamado de ponto [11itlli-
tivo e as circunferências que pa!!!iam-PQr.. ele sãQ~onbecidas como circun(er~ncias
e.rimitivas. Pode-se provar Que Q..uªndoae.vo1YeD~e1 impele a evolvente 2, as duas
j::ircuºJ~rências primitivas movem-se um.1 em relacão à outra e~IEento puro.
A relação das velocidades angulares é. inversamente proporcional aos raios (lãs
duas circunferências primitivas porque os segmentos em que P divide a linha de
centros agora são os raios destas circunferências. Se.o diâmetro da circunferência
? primitiva 1 é dI e o da circunferência 2 é d2, (1)1 = d2/dl• Será mostrado em
(1)2

outra seção que o número de dentes em uma engrenagem é diretamente proporcional


ao diâmetro primitivo. Logo, ~ = d2/d1 = Z2/Z1
(1)2

4.2 Evolvente. Relações. Se considerarmos o perfil do dente como sendo


evolvental, devemos saber calcular algumas propriedades da evolvente.
Ângulo de incidência
frontal

A Fig. 4.6 mostra uma evolvente que foi gerada a partir de uma circunferência
de base de raio r b. A evolvente contém dois pontos A e B com raios correspondentes
rA e rB e ângulos de incidência frontal OCA e ocB• É fácil obter uma relação para esses
raios porque a circunferência de base é a mesma para qualquer ponto em conside-
ração.
Então,

r
COS ocB = -Â- COS OCA
rB

Da equação 4.2é possível determinar o ângulo de incidência frontal em qualquer


ponto de raio conhecido sobre a evolvente.
A Fig. 4.7 mostra a Fig. 4.6 completa para incluir todo o dente da engrenagem.
Deste diagrama é possível desenvolver uma equação para determinar a espessura
do dente em qualquer ponto B, dada a espessura no ponto A.
Dos processo de geração de uma evolvente, o arco DG é igual ao compri-
mento BG.
Então

DÔG = DG = BG
OG OG

BG
tg IXB = OG

"'"
DOG = tgIXB

"'" "'"
DOB = DOG - IXB

"'"
DOA = tg IX..•~ IXA

A expressão (tg IX- IX)é chamada junção evolvental e é às vezes escrita EvIX.
E fácil calcular a função evolvental quando o ângulo é conhecido; IXé expresso em
radianos. Entretanto, é difícil determinar IXa partir de EvIX, e por esta razão foram
publicadas tabelas de funções evolventais (ver Apêndice 1).
Referindo-se ainda à Fig. 4.7,

1
"'" "'" TSB
DOE = DOB+--
rB

= EvIX
B
+ _B_
S
2r B

1
"'" "'" TS'"
DOE = DOA +

= EvIX ..• + ~
2r ..•
Através da equação 4.3 é possível calcular a espessura do dente em qualquer
ponto da evolvente, dada a espessura em outro ponto. Uma interessante aplicação
desta equação é determinar o raio em que o dente se torna pontudo.
4.3 Particularidades de Engrenagens Olíndricas de Dentes Retos. A fim de
continuar <> estudo _<i~ engrenagens e'!:91ventais é nec~ssário definir os eIeiIieirtõs
!24_sjcQs-deuma engrenªg~m->-como mostra".! as figs. 4.80 e b. Deve-se também
mencionar que a__menor das duas-e.fli[enagens é chm:mld'Lde piub4o; o pinhão é,
~mgerah_~ engrenagem motora. Se o raio r da circunferência primitiva de uma
engrenagem se torna irifinito, resulta uma cremalheira, conforme as Figs. 4.8c
e 4.9. O perfil dos dentes de uma cremalheira é uma linha reta, que é a forma tomada
por uma evolvente quando gerada sobre uma circunferência de base de raio infinito.
Na Fig. 4.8a o passo base Pb é a distância de um ponto sobre um dente ao ponto
correspondente no próximo den!emedida sobrea circunferênciu de base. Opasso
frontal P, é definido da mesIll~_~aneira exceto que _~_Illedidosobre a circunferência
.Q!imitiva. A altura de cabeça ª e a altura de pé b, são distâncias radiais medidas
conforme mostrado. A porção do nanco abaixo da circunferência de base é aproxi-
madamente uma linha radial. A curva do dente é a linha de interseção da superfí-
cie do dente com a superfície primitiva.

Saliência ou altura da
cabeça,h.

Superf(cie
Primitiva

Saliência ou altura to
da cabeça, h.

Profundidade ou altura deL,


-Í.
hf

É)nbora seja impossível_mostrar na Fig. 4.8,. o i()-&2.J?rimitivoé uma conside-


ração jmportante em engrenagens. Jogo primiJw é a quantidade pela qual a dimen-
_são dQ_espaço de um d~?_!_e_e_xc_e_d_e_a_"_es'pessurªdo_dente
que se engrena, medidos na
circunferêncj~ primItiva. Teoricamente, o jogo primitivo deveria ser zero, mas
na prática alg!1ma tolerância deve ser_dada para expansiig-ctérmica e erros de fabri-
_çação. A não ser que seja especificado, supõe-se o jogo primitivo como zero neste
texto. ~1l1 lima se窺_QQ§terior será abord!ldo Q...!!létodopara calculá-Io em função
de uma variª@Q.~ distâncÜtentre eixo§..

Fig. 4.9 Pinhâo e cremalheira de dcntcs retos cvolventais (Cortesia de IIIinois Oear & Machine
Company.)
4.4 Caracteristicas da Ação Evolvental. Na discussão da geração da evolvente
viu-se que a normal comum às duas superficies evolventais é t§ugenteàs duas
çircunferências de base: Esta normal comum é também chamada de linha de açEg.
O início do contato ocorre quando a linha de acão in.tercepta a circunferência de
:çabeça da en~renagem movida, e o fim do contato, quando a linha de ª,ão jnter-
_~ta a circunferência d~~~ªbecada en~rena~m motora. Isto é evidente na Fig. 4.10
que mostra um par de dentes entrando em contato e o mesmo par prestes a sepa-
rar-se (mostrado tracejado). O ponto A é o início do contato e o ponto B, o fim.
AJr~tória do pontode contato está ao_longo da linha reta APB. O perfil do de~e
~ngrenagellll) corta a circ~~1!ferênciapriDJ.itiva_.!!º.ponto C no.início do contato e
no fim corta-a.. no ponto C. Os pontos D e f)' são Os co~~ondentes na en~e-
nagem 2. Os arcos CC e DD'.~ão chamados arcos frontais de transmiss40 ~m
s~r iguaÍs··parã haver rolame.1!!?puro. dªª ..ci.rcunferências primitivas, como já havia
sido mencionado. Os ângulos do movimento são geralmente divididos em duas
partes, como mostra a Fig. 4.10, onde qJF é o ângulo de aproximação e qJ Á o ângulq
d&...ajastqmento. O ângulo de aproximação não é igual~yg~~aQ ângulo de afas-
tamento. Para haver transmissão contínua. o aKQ de ~'t(teveJl~.tigyal ou.major
do Que o passo frontal. Sendo isto verdadeiro, um novo par de dentes el)trará em
ação antes que o par precedente desfaça o contato. ., !
, l' \'1'
A relação entre o .arco frontal de transmi~são e o passo frontalOéconhecida
como razão frontal de transmissão: ~ A razão frontal de transmissão para engre-
nagens evolventais é .!ª-mb.ém igual à 'relaç~o e.ntre a linha~~e movimentação ou
c::pm1!.ri.~~e transmissão (isto é, a distância do início ao fim do contato medido
sob a linha de ação) ~.O ..pªsso base e geralmente é calculada desta maneira, como
será mostrado posteriormente. Çonsiderada fisicamente.a..xazão frontal de trap~-
missão é o nÚmero..lllédio..de.dentes em contato. Se, por exemplo, a razão é 1,60,
não significa que há 1,60 dentes em contato. Significa que há altemadamente um
e dois pares de dentes em contato e que ao longo do tempo a média é 1,60. Q...l:ak>r
teóriq)mín!J.!lP da razijo frontal de transmissão é 1.00. É claro que este valor deve
ser aumentado em condições reais de operação. Embora sj(ja dificil especificar
valpt:es devid.Q.àsdiversas situaçõc::.s_~ fatores envolvidos, 1,40 tem sid.o.J1.&adQ\(QQ
lIlíp.Ü!!.<!.luáticoe 1.201!a.rlicasos extremos. Oeve-se notar, entretanto, que quanto
menor a razão frontal de transmissão, maior o grllU de precisão necessário na usi-
nagem dos perfis para assegurar funcionamento silencioso. ,.(~~)
A Fig. 4.10 também mostra um ângulo IX, ~ é formad~Újela litllha de ação e
uma linba perpendjcular à linha. <ie~centros no ponto. primitivo .P_..Es1~.Jngulo é
c.9llhecido comQ ângulo de pressão e deyc::.~erdiferenciad.9 do âll.8~IP.d~illcidência
ir()l1tal em um ponto;,s()12"reli eioÍvente.Quando ,as d~~engrenagen~ estão em
contato no ponto primitivo, o ~ngrilode pressão e 'os ângulos de incidênci~ 'ftbnt~
das duas evolventes são iguais. Estes ângulos podem ser vistos na Fig. 4.11.
Pode ser derivada uma equação para o comprimento transmissão glX, a partir
da Fig. 4.11 onde
A = início do contato
B = fim do contato
E1 e E2 = pontos' de tangência da linha de ação e circunferência de base
r" = raio de cabeça
r b = raio base
IX = ângulo de pressão
a = distância entre eixos

glX = AB = E1B + E2A - E1E2


\ I
~ r/),\M/f'1 M},~ f):.\ ,'y('j)\}}iJ li.'!'J'

$~-:= J (r"1)2 - (r bl)2 + J (r"2)2 - (r b2)2 - a sen lX

r b = raio base
z = número de dentes
I"" /' ') ! ' \ \")' . ( ))
\
MECANISMOS / Parte 1
.i' I
\i I,\, _, \ \ ..\-
'I ;; ',-' À 'li \
\
A -razão frontal de transmissão ccx é então

Se parece estfanho calcular a razão frontal de transmissão dividindo uma me-


dida em linha reta por uma circunferencial, consideremos a Fig. 4.12. Na Fig. 4.12a
são mostrados dois dentes adjacentes de uma engrenagem pertencente a um par.
O passo base P f, está assinalado na circunferência de base de acordo com sua defi-
nição. Um segmento sobre a linha de ação é também designado Ph' Do modo
como duas evolventes adjacentes seriam geradas pode-se ver que os dois trechos
chamados de Ph têm que ser iguais. Então o passo base pode também ser conside-
rado como a distância normal entre lados correspondentes de dentes adjacentes.
A Fig. 4.12b ilustra como o passo base é medido em uma cremall.eira.

Exemplo 4.1

Um pinhão de 24 dentes comanda uma engrenagem de 60 dentes com um


ângulo de pressão de 20°. O raio primitivo do pinhão é 1,5000 pol e o raio externo
1,6250 pol. O raio primitivo de engrenagem é 3,7500 pol e o raio externo 3,8750 poI.
Utilizando as Figs. 4.10 e 4.11 calcule o comprimento de transmissão, razão frontal
de transmissão e ângulos de aproximação e afastamento para o pinhão e a engre-
nagem.
SOLUÇÃO. Da Fig. 4.11

ral 1,6250 pol


r hl = r I cos rx = 1,5000 cos 20° = 1,4095 pol
ra2 = 3,8750 pol
rh2 = r2 cos <p = 3,75 cos 20° = 3,5238 pol
asenrx = (1,50 + 3,75) sen20° = 1,7956 pol
gcx = .J 1,6250 2 - 1,40952 + J 3,87502 - 3,5238 - 1,7956

= .J 2,6406 - 1,9867 + .J 15,0156 - 12,4172-1,7956


= 0,8099 + 1,6115 - 1,7956 = 0,6258 pol

2n x 1,4095
24 = 0,3689 pol

êCX = °
0,6258
,3689 = 1,6924

EIB = .J(ral)2 - 0,8099 pol


(rbY =
ElA = EIB - AB = 0,8099 - 0,6258 = 0,1841 pol
EIP = ri sencx = 1,5000 sen 20° = 0,5130pol
AP = EIP- ElA = 0,5130-0,1841 = 0,3289 pol
PB = AB - AP = 0,6258 - 0,3289 = 0,2969 pol.

A razão frontal de transmissão êa é também igual ao arco de ação CC' dividido


pelo passo frontal. p,

ê = arco CC' e p = 2 nr1 = 2 n x 1,5000 = 03927 pol


:z Pr ZI 24 '

Da Fig. 4.10 sabe-se que o arco DD' deve ser igual ao arco CC' de modo que
arco DP = arco CP e arco PD' = arco PC'. O arco de aproximação CP da engre-
nagem 1 pode ser determinado da seguinte relação:

AP arco CP
AB = arcO CC'

arco
CP - AP x arco CC'
- AB
= 0,3289 x 0,6662 =
0,6258'
° 3501 pol
PB arco PC'
AB arco CC'

' = PB x arco CC' = 0,2969 x 0,6662 - O 3161 pol


arco PC AB O,6258 '

arco CP O 350 I
qJPI = rI = 1:5000 = 0,2334 rad = 13,373°

arco DP 03501
lfJF2 = --- = 3'7500 = 0,0934 rad = 5,349°
1'2 ,

= arco PC' = 0,3161 = 02107 d = 12074°


qJ A I r1 1, 5000 ' ra ,

= arco PD' = 0,3161 = 00843 d = 4829°


qJ A2 r
2
3 , 7500 ' ra ,

tn
't'PI
+ tn't' AI =. arco,. CC' = 0,6662 = 04441 rad = 25,4470
1 5000 '
I '

arco DD' 0,6662


qJF2 + qJA2 = ---- = 37500 = 0,1777 rad = 10,1790
1'2 '

qJFI + qJAI = 13,373° + 12,074° = 25,447°


qJP2 + qJA2 = 5,349° + 4,8290 = 10,178°

É possível também calcular os ângulos de aproximação e afastamento. A


equação para o ângulo de aproximação qJF2 da engrenagem 2 é deduzida como se
segue, usando-se a Fig. 4.13.

0= (iXA + Ev iXA) - (iXD + Ev iXD)


= (iXA + tg iXA- iXA) -(iXD + tg iXD- iXD)
= tgiXA -tgiXD

fazendo a substituição de O
qJF2 = tg iXA- tg iXD + iXD- iX
Pelo fato de que D é um ponto sobre a evolvente na circunferência primitiva,
IXD = IX

Equações para CPF1' cP AI e cP A2 podem ser desenvolvidas de modo semelhante


utilizado-se figuras apropriadas.

(llrA02H)
E" ClD
('f".D02H)
Ângulo de
eproxlmeçlo "'2
(~D02P)
*' o ~
t~~"w;A- I
ow.. /)l (~"-t t.., fO~-h Jt, I
o~ ()..-~~ J-t I~hv-fyI~, ~_1 NM' N~;Y'\~L\) W , .•....
" lUlJ
-k~ o 108
()1!+-tl.--~~ . rt I' 0J\\~
MECAtils'~~~r\e
(1M
1
WJ..'

wo\lifl-n,f (
~u~ O início do con~llto ocorra antescl~ onto ". cme~~Wt51&~ttdW·
cll!engrenagem mov~da_e_ncontraráum tr~chQ.r(㺠evolvental a engrenagem motora-\-v,
e di.~-~9..ue oco rerá int r erência. Isto está mOstrado-fia Fi . 4.14. E1 e Ez são;~
os pontos de . _ que deveriam limitar o comprimento de ação. A indica "é\;-
O início o contato e B o fim. Vê-se que o início do contato ocorre antes do ponto \
de . ; ~tão há interferência. A extremidade do dente comandado \jJ),). •
cortará o flanco do ente que comanda, como mostra a linha tracejada. Há muitas [~
maneiras para eliminar interferência. -lIma das guais é limitar a altura de cabeça
da engrenagem comandada de modo que a circunferência de cabeça passe pelo
ponto de interferência Ei" proporcionando assim um novo início de contato. Se
isto for feito, neste caso, a interferência será eliminada.

\1
\ \\\-'~t\( \Jt !\
\
~\o (')\)),'; 1.1\ ',I \ fi(

A interferência é indesejável por vários motivos. A interferência e o cesgaste


~esultante não só .enfraquecem os dents:s do pinhão como p-odem tam.bérn.remover
'\.!W peo..yçnotJ:~o de evoJyentejy.p.ia-ª.circunferêncja de base. o que pode causar
séri;1 w,edução no comprilJ.ll'mto de transmissão. -

t
Agora serão discutidas as condições para interferência entre pinhão e crema-
lheira. Na Fig. 4.15 são tIÍÕstrados um pinhão e uma cremalheira engrenados.
O ponto de tangência da linha de ação na circunferência de base do pinhão é cha-
mado de ponto de interferência E, como no caso do pinhão e engrenagem. O ponto
de interferência fixa a~tura de ca6e~ para a cremalheira, para o ângulQ
\ '(\ de pressão mostrado. Com a altura de cabeça da cremalheira, como a mostrada na
.' \ Fig. 4.15, o contato se inicia em A e ocorrerá adelgaçamento conforme a linha
tracejada. Se a altura de cabeça da cremalheira se estender só até a linha que p~ssa
pelo ponto de interferência E, este ponto se tornará o início do contato e a inter-
ferência será eliminada. .
Pode-se ver na Fig. 4 J 5 que se uma engrenagem de raio finito tendo a mesma
altura de cabeca da cremalheira (a linha de cabeça da cremalheira agora passando
Eeló ponto de interferência) se engrenasse com o pinhão o início do contato ocor-
reria sobre a linha de aeão em algum lugar entrf; o ponto primitivo P e o oontQ.ile
interferência E. então não ha",ria possibilidade de interferência entre o pinhão
.e a engrenagem. fode-se então concluir que se o nÚmero de dentes no pinhão.i
tal que ele se engrena "Om uma cremalheira sem interferêncja ele se engrenará
g,m interferência com qualquer outra engrenagem que tenha 0!!1esmo ou maior ~
número de dentes.
~ v-l)r 1<9f' A~,-
01 Engrenagem 1 lmotoral C Vl~I~W\..U.A\.u')

Embora a interferência evolvental e o adelgaçament


evitados. uma pequena quantidade po e ser to era a se ela não reduzir a razão
frontal de transmissào, para um par de engrenagens, ilbaixo de um valor adequado.
-Entretanto, o problema de determinar o comprimento de transmissão quando
ocorre adelgaçamento é difícil, e ele não pode ser obtido da Eq. 4:4. Foi desenvol-
vido por Sportts i um método para esta determinação. Pode-se ver da Fig. 4.11
~ Eq. ~4 ~ue se o valor de ~~ radi5al for maior do q...ue ,a,sen 0(, haverá
mterferencla. -.~~ 7" fell> kUH'K"'I VJ}' Ct&",
4.6 Engrenagens Intercambiá'~s. Até aqui nào foi çonsiderada a questão
de engrenagens intercambiáveis:a.discussão que se segue s~ aplica.a engrenagens
cilíndricas de dentes ~~tos em geral .. Estreitamente ligada com o problema da inter-
cambialidade está a maneira como as engrenagens são usinadas. Há muitos modos
de gerar engrenãiens de dentes retos e os dois mai~ç:omuns sào o método de fresa-
mento e o de Fellows. '.. -- .

I M. F. SpOltS "How to Predict Effects of Underculting Hobbed Spur Gear Teeth·'. Machillc
Dcsigll. Abril 19. 1956.
.-
Avanço

da fr1lt8
-tr- Eixo do disco

Linha primitiva dos


dentes da fresa
Circunferência
,primitiva de corte

'\
\
\
\

/~
Disco//::/'

-~
Estes dois são ilustrados nas Figs. 4.16 e 4.17 respectivamente. Quando estes
métodos de corte forato desenvolvidos procurou-se um modo de classificar as ferra-
mentas e as engrenageIl.~ por elas cortadas. A çla§sificação adotada foi a de espe-
çificar a relação do D1ínwro de dentes com diâmetro primitivo. A esta relacão foi
dado o nome de, "diametral pitch frontaL"* O "diametral pitch" pode ser expresso
matematicamente do seguinte modo: .

* o autor refere-se. aqui. à prática americana. A norma brasileira (ABNT-TB-81) indica o módulo
frolltal como sendo o quociente do diâmetro primitivo pelo número de dentes, m = ~ . sempre
expresso em milímetros. O "diametral pitch" não é objeto de padronização nas normas brasileiras.
z = número de dentes
d = diâmetro primitivo

para o propÓ§itQ4e especificar ferramentas de corte, os valores do "diametral


pitch frontal" foram Jomados com0!1úmeros inteiros com éertas excecões. .QL.
diametrais pit"bes seguintes são usados frequentem~:

1, li. lt, I!. 2, 2i. 2t, 2i, 3,'3t,4, S, 6, 7,


8,9,10,12,14,16,18,20,22,24,26,28,30,
48,64,72,80,96,120
Engrenagem reta
de dentes externos .
CIrcunferência primitiva
Ferramenta de corte

pinhlo Circunferência
primitva
~da ferramenta

Fig. 4.17 Método Fellows para gerar engrenagens de dentes retos evolventais. (Cortesia de Fellows
Gear Shaper Company.)

Os passos menores podem ser especificados por incrementos pares até 200.
Os passos comumente usados em engrenagens de precisão para instrumentos são
48, 64, 72, 80, 96 e 120. para economia de .fe.crilmentas, as en ~renagens geralmente
são Jlsinadas usando um dos ~~~~~QmUDS relacionados acima. É possível usinar
engrenagens que tenham diameí;a; pÜches diferentes dos citadôs. I!to pode reque-
rer uma ferramenta especial mas, geralmente pode ser fejto com uma das ferramentas
ªcima em "ma moptagem especial Isto será discutido no Capítulo 5. •.
~ndo
-
»ferralllÇ!l!!§,(oram p~cfrQnjzªdas. foi adotado um ângulo de pressão
~o. Isto foi uma conseqüência do processo de fundição de engrenagens que
usava 14,5° porque senI4,5° é "aproximadamente 1/4, o que era conveniente na
fabricação do modelo. ~ais tllrde foi adQtadQ,1í;unbém l.l~l ânIDI19 dI: pressão de
19:._~o§...JQram usadOs.durante muitos anos. mas a tendência. recentemente,
é a de maior utilizacão do de 20". Será mostrado em uma seção posterior quÚ
possível ter-SI: um pinhão com menos dentes e sem adelgacamento QUando se usar
200 em lugar de J 4 5°~Como resultado daten.dência aos ângulQ§ de Dress.ãomaiores,
a AGMA (American Gear Manufacturers Association) adotou ~O" e 25° para
enreiiã' ens de asso frontal grande L~P) e 20" para os de passo frontil1
Pequeno 2). ~ -
V> ~~ ti)D ~ ~1'~ 1'V\Q
Tabela 4. 1 Proporções dos dentes de engrenagens - Retas evolventais

Passo Frontal Grande Passo Frontal Pequeno


(1-19,99 p) (20-200 p)
Agosto 1968 AGMA 207.06
20° ou 25° Novembro, 1974
Dente Normal 20° Dente Normal

1,000 1,000
P P
1,250 1,200
-- + 0,002 (mín.)
P p
Folga no fundo do dente (c) 0,250 0,200
<hr - ha) -- + 0,002 (mín.)·
p p
Altura do trabalho do dente (hk) 2,000 2,000
(duas vezes a saliência) p p
Profundidade total (~) 2,250 2,200 ,
(ha +hr)
-- + 0,002 (mm.)
p p
Raio de arredondamento 0,300
da cremalheira básica (r) p
1,5708 1,5708
p p

* Para dentes ou retificador, c = 0,350!P + 0,002 (mín.).


Embora sejam apresentados os últimos padrões da AGMA na Tab. 4.1, ainda há no mercado en-
grenagens e ferramentas de acordo com a antiga (e agora obsoleta) Norma ASA 8.6-1932. Por esta
razão a Tab. 4.2 apresenta as principais proporções desses sistemas.
141' 10° 20°
Dente Normal Dente Normal Dente Rebaixado

1,000 1,000 0,800


Saliência (ha) --
p p p
1,157 1,157 1,000
Profundidade (111') ---

p p p
0,157 0,157 0,200
Folga no fundo do dente (e) -- ---
p p p
0,209 0,239 0,304
Raio de arredondamento (r)
p p p

1,5708 1,5708 1,5708


Espessura do dente (s) --- ---
p p p

Se usinarmos engrenagens com ferramentas padronizadas é possível fazê-Ias


de modo que sejam interc~lmbiáveis. Para isto~ertas condições deye}!!ser obser-
vadas: -

1. Os diametrais pitches devem ser os mesmos.


2. Os ângulos de pressão devem ser iguais.
3. As engrenagens devem ter as mesmas alturas de cabeça e alturas de pé.
4. A e~pessura dQs-_dentesdeve ser a metade do passo frontal.
O passo frontal foi definido como a distância medida ao longo da circun-
ferência primitiva~e um ponto sobre um dente ao ponto correspondente no pró-
ximo. Isto lJode s r escrito matematicamente como: 'f'''l "'" A\~\
r Pt = znd e tambem. ~~
PlRj= n (4.8)

O termo en~renal:em padronjzada é usado muitas vezes e significa que a


relação entre o número de dentes e o diâmetro primitivo é um dos valores padroni-
zados de diametral pitch, e que a espessura deve ser igual ao vão dos dentes, que
por sua vez é a metade do passo frontal. As engrenagens padronizadas são inter-
cambiáveis.Engrenagens intercambiáveis podem ser definidas como aquelas que
têm o mesmo ângulo de pressão, mesmo passo e mesmas alturas de cabeça e de pé,
espessura e vão de dentes compatíveis. As engrenagens cilíndricas retas que são
oferec.idas em catálogos de fabricantes são padronizadas. Entretanto, um grande
número de engrenagens não padronizadas é utilizado, principalmente em automóveis
e aviões. 1s pro1'9rcões de engrenagens cilíndricas e~oI,,(lntais de dentes retos, de
f!lesmas alturas de cabeça",padronjzadas, ..eSlãº-ºª-Tabela 4 I (ver Fig. 4.8). -
4.7 Número Mínimo de Dentes para Evitar Interferência. O problema da
interferência foi considerado previamente para pinhões e engrenagem e pinhões

-; L'~ l~
Fe I--lú....
tré\W~-t 0Ji MVilLJ
I j\.I.M~ 0.0
J V' 'I""'~ +. ? ')
J---- r~.
-U
10Q (oJiãJ J
e cremalheira. Da discussão da Fig. 4.15 concluiu-se que se não houvesse interfe-
rência entre um pinhão e uma cremalheira também não haveT~ interferência entre
este mesmo pinhão e uma engrenagem de dimensões iguais à sua ou maior. Natu-
ralmente isto acontece supondo as mesmas dimensões de dentes para Os dois ca~s.
Qllando considerada uma engrenageD1 Q.adronizada em que as dimensões dos dentes
são as dadas nas Úlbelas, é possível calcular o número mínimo de dentes em "iim
pinhão que se engrt<.º~com uma fremalh~irª semínt~rft:!.ência evolvental. Para
solucionar este caso limite, a linha de cabeça da cremalheira deve passar pelo ponto
de interferência do pinhão.
Na Fig. 4.18, são mostradas as características essenciais de um pinbjjo e çrellla-
Iheira para este ca~o. O ponto primitivo é P e o ponto de interferência é .E.

Unha de cabeça
Linha primitiva

Fig. 4.18 ~ W~\~ ~~ ~t:c.\


02.. ~
Então.
1J..IA pl t tA- ~t rhA. ~tr
j
PE
sen:>:
r
\

~
Também -( d-

1r7i k/p
sen rx ~
PE PE

onde k é uma constante que, quando dividida pelo passo diametral resulta no adendo
\JJi = k/p). Pl1ra o sistema de dentes mnl1)ais k = 1,00 e'p-ara o si:itema de degtes
\, r.ebaÜados k = O 80 Multiplicando as duas equações por sen rx membro a membro,

P --dZ onde z = número de dentes.


2k
sen20( = -
z

-;;, 2k
z = sen20(

Desta equação .pode ser calculado, para qualquer sist~ma padronizado d~


dentes o menor nÚIlll.:rode dentes para _ulll_pinhãoengr~Ilar-se com uma cremalheiLa,
sem interferência. Isto está na Tabela 4.3 para os sistemas comuns.

Tabela 4.3

141° 20° 20° 25°


Dente Normal Dente Normal Dente Dente Normal
Rebaixado
z 32 18 14 12

Devido a estes valores terem sido calculados para pinhão e cremalheira, eles
podem também ser l!sados como mínimos para pinhão e en&renag<.::!!!. sem peri~o
® interferência. pevitlo à semelhªnça entre a ação dos dentes de uma ferramenta
fresa usinando mp.a engrenal:em de dentes relQs.e a dos dentes de um pinhão em uma
cremalheira os ..números de dentes ta1,)!1Jadosacima sãQtªm~m os mínimos que
~~1!!_ser usinados por ..Y.~erramenta €resa, Sk1ILªdelgaçamenw. ~
.se _as eºgrena~ens devem ser fg.bricadas de outro. modo; por exemplo, pelo ,.LI
J!}étodo de Eellqws, Q nÚmero mínimo Jie dentes que duas engrenagens de igual O .uu~tLo
~rnanhQ podem ter sem que haja inte{f~~pcia evolvental.pode ser determinado ro
através da Eig 4.19. ~este caso a circunferência<it::cabeça de cada engrenage~\
p~ssa_.Eelo ponto de in.!erf~LêEciada.outra. ' OV'lJ

z
ra = r + h a onde r = -2p e h a = ~p

z k z -1 2k
r~~--+
a 2p p 2p

/'oUL hEz ~
o~U; "i,o 1.1 \
2z
2P sen IX

2z 1 -------
2P sen IX= 2p .J (z + 2k)2 - (z COSIX):l li \' hei -
~' ;:,. --
JI' --\1'
...1..'1,-4;r:/:-\
n
,A.
L '
--I"': ~_
, J-
.
<\l/,.( -=.:k[ )-;-J ~
J, ""\ I 1

_ \ )~\. "" ':i:. 'iK~-o-\


,) (4.12)

qesta equação pode_.ser determina,do OIJlenor número de dentes, em gualquer


sistema padronizado, para, duas en~rena~ens iguais funciQnart:msem interferência
evolvental. Estes valores são mostrados na Tabela 44 para os sistemas comnns,
são' também mostradas as razões frontais de transmissão (ei).
Quando engrenagens de mesmo tamanho e com número de dentes especifi-
cados na Tabela 4.4 são usinadas com uma ferramenta pinhão, tipo Fellows,
funcionam sem interferência evolvental. Se o nÚmero de º-entes em uma das engre-
nagens é mantido nos valores dados, é interessªºte determinar o número máximo
que a segunda pode ter sem causar interferência. É obvio, comparando os valores
~abulados na Tabela 4.4 com o número de dentes que se engrenarem com uma crema:..
Iheira-SeRl mteaeIêneia (fàbela 4.3), que a segunda engrenagem não pode tender
para uma cremalheira.
11JI
'1 \. ( .J", '1.
Tabela 4.4 / .. Uí'
14t 20" 20° 25°
Dente Normal Dente Normal Dente Rebaixado Dente Normal

z 23 13 10 9
(€a = 1.84) (€a = 1.44) (€a = 1,15) (€a = 1,26)

Podem ser desenvolvidas relacões para este problema com base na Fig. 4.20,
onde a circunferência de cabeça da engrenagem 2 passa pelo ponto de interferência
da engrenagem 1.

r
Q2
= r
2
+h Q
= !.l- + ~ =
2p p
22 + 2k
2p
z
r" 2 = r2 cos IX = -2. 2P cos IX

a = rI + r2 =
ZI + Z2
2p

(
Z
1
+
2p
Z
2
)2 sen2
1X

Desenvolvendo e usando a relacão


sen21X + COS21X =
l . \
(4.f3~
:;(.h
~!lt~_equay'ão pod~ ser~~_ter~i.nada a Inaior engrenagem (Z2) Que pode ser
engrenada com uma dada (z 1) se~interferência. I;~s valores são mostrados na
T~~...Yliªndo como z 1 os valores encontrados anteriormeilte para engrenagens
iguais.

141-" 20° 20" 25"


Dente Normal Dente Normal Dente Dente Normal
Rebaixado

e Z2 tende para uma cremalheira tornando-se infinito, o segundo membro da equa-


ção tende para zero, obtendo-se a Eq. 4.9 que determina o número de dentes Zl
para um pinhão se engrenar com uma cremalheira sem interferência. E também
interessante observar que, ~e unI V.a.t~4 maior do que Q.5.. da Tabela 4.3 para
engrenamento com ullla cremalheira sem interferência é substituído na Eg. 4.13,
obtém-se um val()t: negativo impossível para z 2 :'\c
4.8 Determinação do Jogo Primitivo. Na Fig. 4.21a é mostrado o perfil de
um par de engrenagens com distância entre eixos de referência

Zl Z2
a = -_._.- +
2p
com jogo primitivo zero. As circunferências primitivas com que estas duas engre-
nagens funcionam sio as mesmas em que foram usinadas e seus raios são dados
por r = z/2p. As circunferências primitivas de corte são também conhecidas como
çircunferências 'primitiva., de referência.

r
,...Gircunfertncie
primitiva 'b
,....-<te reftll'tnclll 2
ldeco",'

Engrenagem 1
Circunf. primitiva de
refertncia

-
Jogo
primitivo i

I" Engrenagem 2 CI_.~


.

~--
referência
Circunf. primitiva de
:'1::2 I !"
It C \ 1\ : !1 :cC-
Além da variação nas circunferências primitivas, o ângulo de pressão também
aumenta. O ângulo r:J.' é conhecido como o ângulo de pressão de funcionamento
e é maior do que o ângulo de pressão de corte r:J.. Uma equação para o ângulo de
pressão r:J.' pode ser facilmente derivada da Fig. 4.21b:
,. +,. cos r:J. = cos ~."".....,
b,
cos r:J.'
b2
= (r1 + r ) ---
2 cos r:J.' cos r:J.'

a
cosr:J.' = -, cosr:J.
a

Aa = a' - a
cos r:J.
=a--- -a
cos r:J.'

=a(~-l) cos r:J.'

Quando as engrenagens são operadas nas condições da Fig: 4.21b, haverá


jogo primitivo conforme mostra a Fig. 4.21c. A relação das velocidades angulares
não será afetada enquanto as engrenagens permanecerem em contato. Entretanto,
se a direção de rotação for invertida, haverá perda de movimento. Pode ser derivada
uma equilção para o jogo primitivo, pelo fato de que a soma das espessuras dos
, dentes mais o jogo primitivo deve ser igual ao passo frontal, todos medidos na cir-
cunferência primitiva de funcionamento:' Da Fig. 4.21c, a seguinte equação pode
ser escrita:
2n r; 2n r~
=--=--
ZI Z2

s' = espessura do dente na circunferência primitiva de funcionamento


ir = jogo primitivo
r' = raio de circunferência primitiva de funcionamento
z = número de dentes.

s' =
1
2r'1 [~+ 2r 1
Evrx - Evrx' ]

r'
_1 S - 2r' (Evrx' - Evrx)
r 1 1
1

s; 2r; [;:2 + Evrx - Evrx' ]

r'
_2_ S -
r 2
2r'2 (Evrx' - Evrx)
2

espessura do dente na circunferência primitiva de referência (s =' Pt/2 = n/2p)


raio de circunferência primitiva de referência (r = z/2p)
ângulo de pressão de referência (14,5°, 20°, 25°)
ângulo de pressão de funcionamento

Substituindo as Eqs. 4.17, 4.18, 4.19 e 4.20 na Eq. 4.16 e lembrando que
2nr . n
-z- = Pr = p'
\ - v \

\: -~lY'.'J'\ /--0 I~;)f('-!-


j, = ~ [; - (SI + S2) + 2u (Evrx' - EM)] (4.2 I)

P
s. =S2 = 2" = 2p 1t

e a Eq. 4.21 simplifica-se para


j, = 2,,' (Evrx' - Evrx)
A Eq. 4.21 deve ser usada se as engrenagens não são padronizadas, isto é, se
SI '!- S2' As engrenagens não padronizadas serão apresentadas no Capítulo S.
Valores recomendados para jogo primitivo podem ser encontrados nos manuais
de engrenagens.
4.9 Engrenagens de Dentes Internos. Em muitas aplicações uma engrenagem
evolvental de dentes internos é engrenada com um pinhão em lugar de duas engre-
nagens de dentes externos, a fim de obter certas vantagens. Talvez a vantagem mais
importante seja um c(;>njuntomais compacto. Também para as mesmas dimensões
dos dentes, as engrenagens de dentes internos terão maior comprimento de contato,
maior resistência nos dentes e menor deslizamento relativo entre dentes em contato
do que as de dentes externos.
Em uma engrenagem de dentes internos, os perfis de dente são côncavos e não
convexos como em uma engrenagem de dentes externos. Devido a esta forma,
pode ocorrer um tipo de interferência que não é possível em uma engrenagem de
dentes externos ou em uma cremalheira. Esta interferência ocorre entre perfis
inativos quando os dentes entram e saem de contato e não houver suficiente dife-
rença entre os números de dentes da engrenagem de dentes internos e do pinhão.
A Fig. 4.22 mostra um pinhão engrenado com uma engrenagem de dentes internos.

Circunf. de pé
Circunf. primitiva
Cinrcunf. de cabeça
Eles têm dimensões tão próximas que essa interferência ocorre nos pontos a, b,
c, d ee. Quando uma engrenagem de dentes internos é usinada, usa-se uma ferra-
menta pinhão, tipo Fellows, com dois dentes a menos do que a engrenagem que
está sendo usinada. Isto automaticamente reduz as extremidades dos dentes para
prevenir interferência nos pontos a, b, c, d e e. Pode haver também interferência
evolvental entre perfis ativos do mesmo modo que nas engrenagens de dentes exter-
nos. Isto será discutido no próximo par~grafo.
A Fig. 4.23 mostra dois dentes da Fig. 4.22 em contato com a linha de ação
tangente à circunferência de base da engrenagem no ponto f e tangente à circunfe-
rência de base do pinhão no ponto g. Pode-se iniciar no ponto f, um perfil evol-
vental para a engrenagem, mas a evolvente para o pinhão não pode começar antes
do ponto g. O ponto g é, então, o primeiro ponto possível de contato sem inter-
ferência evolvental e determina a altura de cabeça máxima da engrenagem. O
ponto h, interseção da circunferência de cabeça do pinhão e a linha de ação, é o
fim do contato, e o comprimento de ação é gPh. Deve-se mencionar que a relação
p = z/d vale tanto para uma engrenagem de dentes internos quanto para uma de
dentes externos.

10 1 Pin_h~ _

Circunferencia de base
Circunferência primitiva
~ircunf!rência _dece~ 'O~ E"!iren89f!m _

4.10 Engrenagens Cicloidais. Embora a engrenagem cicloidal tenha sido


grandemente substituída pela evolvental, o perfil cicloidal possui certas vantagens
dignas de nota. Estas serão discutidas brevemente. Para um tratamento detalhado
.de engrenagens cicloidais o leitor pode procurar uma das muitas referências sobre
o assunto.2
As engrenagens cicloidais não têm interferência e um dente cicloigal geralmente
é mais forte do gue .•pm dente evolventaLl'-ºrgue tem Oanco~ mais separados. em
contraste com os flancos radiais deste último. Os dentes cicloidais têm também
menos desUzamento.k..em consegüência. menos desgaste. A Fig. 4.24 mostra um
dente de engrenagem cicloidal e para comparação, um dente evolvental. Entre-
tanto, uma importante desvantagem do engrenamento ciclojdaJ é o fato de gue
para um par de engrenagens cicloidais há sÓ uma distâncja entre ejxos. teoricamente
~, e com a qual elas transmitirão movimento a uma relação constante de velo-
cidades angulares. Outra desyaptagept é que, embQrj! seja lJOssíye1o fresamento
de uma engrenagem cicloidal, a ferramenta não é usinada tão facilmente qu'U!.t.o
\lma evolyeptal,po[que os dentes das crem.a1beiras ciçloidais não têm os lados retps
~Qmo os das eyolyeptais. por esta razão as engrenagegs eyolyeptais Podem ser
fabricadas com maior precisão e a cust<U:Vai§ baixo do Jlue as cjcloidais.

As engrenagens eVQlveptais substituiram cOIlll'-I~~ªJ!l~!ll,Ç_ f!.~cloidais para


transmjs~ãQ de potência. Entretanto,~Lç~?l9.E:i~sãQ largª.mttnte utilizadas tm
relojº~ri~~S~!!Osj.1.}!tr)J.me.PJ2.§~Qmk,as quest§.es d~ h.ueLkrlnçllu,.[eSi~1~pcja sio
CJlDSjdera.cãeSllriorjtárjas. Em relojoaria o trem de engrenagens da fonte de potên-
cia aumenta sua relação de velocidades angulares com a engrenagem impelindo o
pinhão. Em um relógio de puls03 este aumento pode ser tão grande quanto 5000 : I.
As engrenagens serão então tão pequenas que, a fim de impedir o uso de dentes
excessivamente pequenos. é necessário usar pinhões (engrenagens movidas, neste
caso) tendo somente 6 ou 7 dentes. O perfil de dente destes pinhões deve também
ser capaz de atuar em uma rotação de 60°. Para este propósito, as engrenagens
cicloidais são preferidas às evolventais. O problema da distância entre eixos e
relação de velocidades angulares não é importante neste caso porque todo o trem,
governado pelo escape pára e parte novamente várias vezes por segundo. A opera-
ção do trem envolve assim tão grandes variações de quantidade de movimento que
o efeito da forma do dente sobre esta variação é desprezível. O efeito da forma do
dente na consistência da razão de velocidade não é, assim, intrinsicamente impor-
tante.
Para dar corda, acertar e nas reduções minuto-hora, o pinhão impele a engre-
nagem e ambos os engrenamentos, cicloidal ou evolvental, podem ser usados.
Entretanto, os relógios americanos geralmente usam engrenagens evolventais.
4.1 Uma evolvente é gerada em uma circunferência de base que tem um raio
r b de 4 pol. Quando a evolvente é gerada, o ângulo que corresponde a Evrx varia
deO a 150. Para incrementos de 30 para este ângulo, calcule os ângulos de pressão rx
correspondentes e raios r para pontos na evolvente. Plote esta série de pontos em
coordenadas polares e ligue-os com uma curva contínua para representar a evolvente.
4.2 Escreva um programa de computador para o problema 4.1 fazendo
r = 3,4 e 5 pol. Determine os valores correspondentes de ângulo de pressão rx
e raio r para cada valor de r b'
4.3 A espessura de um dente de engrenagem evolvental é 0,314 pol com um
raio de 3,5 pol e um ângulo de pressão de 14,5 Calcule a espessura do dente e o
0

raio em um ponto na evolvente que tem um ângulo de pressão de 25 0


4.4 Se as evolventes que formam o contorno de um dente de engrenagem forem


prolongadas, seus flancos se encontrarão e o dente ficará pontudo. Determine o
raio em que isto ocorre para um dente que tem uma espessura de 0,262 pol em um
raio' de 4 pol e um ângulo de pressão de 20 0

4.5 A esp~ssura de um dente de uma engrenagem evolvental é 0,196 pol em


um raio de 2,0 pol e um ângulo de pressão de 20 Calcule a espessura do dente na
0

circunferência de base.
4.6 Os raios primitivos de duas engrenagens acopladas são 2,00 e 2,50 pol,
e os raios externos são 2,25 e 2,75 pol, respectivamente. O ângulo de pressão é 20 0

Faça um esquema destas engrenagens em escala I : I tal como o mostrado na


Fig. 4.10, e marque o início e o fim do contato. O pinhão é a peça motora e gira
no sentido horário. Determine e mostre os ângulos de aproximação e afastamento
para ambas as engrenagens. Desenhe as evolventes necessárias para determinar
qJF e qJ A pelo método aproximado do Apêndice.
4.7 Um pinhão de 2,00 pol de raio primitivo gira no sentido horário e aciona
uma cremalheira. O ângulo de pressão é 200 e a altura da cabeça do pinhão e da
cremalheira é 0,20 pol. Faça um esquema, em escala 1 : 1, destas engrenagens, e
assinale o início e o fim do contato. Determine e indique os ângulos de aproximação
e afastamento para o pinhão. Desenhe as evolventes necessárias para determinar
qJF e qJ A pelo método aproximado do Apêndice.
4.8 Duas engrenagens de dentes retos, iguais, com 48 dentes, engrenam-se
com raios primitivos de 4,00 pol e alturas de cabeças de 0,167 pol. Se o ângulo
de pressão é 14,5 calcule o comprimento de ação ga e a razão frontal de trans-
0
,

missão Ga.
4.9 A razão frontal de transmissão é definida como o arcO frontal de trans-
missão dividido pelo passo frontal ou como a relação do comprimento de trans-
missão com o passo base. Prove que

• As normas da AGMA não apresentam engrenagens com unidades no SI. Por esta razão, não há
problemas nos capítulos 4, 5, 6 e 7 empregando essas unidades.
Arco frontal de transmissão Comprimento de transmissão
passo frontal passo base

4.10 Descrc;va uma equação para o comprimento de ação g(l. para um pinhão
que comanda uma cremalheira em termos do raio primitivo r; o raio base r b' a altura
de cabeça ha e o ângulo de pressão (1..
4.11 Um pinhão com um raio primitivo de 1,50 pol impele uma cremalheira.
O ângulo de pressão é 14,5°. Calcule a máxima altura de cabeça possível para a
cremalheira sem haver interferência evolvental no pinhão.
4.12 Um pinhão com 24 dentes, passo 12, ângulo de pressão 200, dentes nor-
mais, impele uma engrenagem de 40 dentes. Calcule os raios primitivos, raios base,
saliência, profundidade e espessura de dente na circunferência primitiva.
4.13 Um pinhão com 18 dentes, diametral pitch 8, ângulo de pressão 25°,
dentes normais, impele uma engrenagem de 45 dentes. Calcule os raios primitivos,
raios base, alturas de cabeça e de pé e a espessura do dente na circunferência primi-
tiva.
4.14 Um pinhão de 42 dentes, diametral pitch 120, ângulo de pressão 1200,
dentes normais, impele uma engrenagem de 90 dentes. Calcule a razão frontal
de transmissão.
4.15 Se os raios de um pinhão e uma engrenagem são aumentados tal que cada
um se torne uma cremalheira, o comprimento de transmissão, teoricamente, se
torna um máximo. Determine a equação para o comprimento de transmissão
sob estas condições e calcule a razão frontal de transmissão máxima para sistemas
de dentes normais com ângulos de pressão 14,5°, 200 e 25°.
4.16 Um pinhão com 20 dentes, diametral pitch 4, ângulo de pressão 200,
dentes rebaixados, aciona uma cremalheira. Calcule o raio primitivo, raio base,
altura de trabalho, altura total e a espessura dos dentes da cremalheira na linha
primitiva.
4.17 Uma cremalheira de dentes normais, ângulo de pressão de 200, tem uma
saliência de 0,25 pol. Calcule o passo base e mostre-o como uma dimensão da
cremalheira, em escala I: I.
4.18 Determine o número de dentes em uma engrenagem evolvental de dentes
retos, normais, ângulo de pressão 14,5°, tal que os diâmetros das circunferências
de base e de pé sejam iguais.
4.19 Determine para um par de engrenagens de dentes retos: (a) uma equação
para a distância entre eixos a como função dos números de dentes e do diametral
pitch. (b) as várias combinações de engrenagens de dentes normais, ângulo de
pressão 200, 'que podem ser usadas para operar a uma distância entre eixos de 5,00
pol com uma razão de velocidades angulares de 3 : 1. O diametral pitch não deve
ser superior a 12 e as engrenagens não podem ser adelgaçadas. As engrenagens
devem ser fresadas.
4.20 Um pinhão com 30 dentes, normais, ângulo de pressão 25°, diametral
pitch 6, impele uma cremalheira. Calcule o comprimento de transmissão e a razão
frontal de transmissão.
4.21 Um pinhão com 24 dentes, diametral pitch 2, ângulo de pressão 20",
dentes normais, aciona uma cremalheira. Se o pinhão gira no sentido anti-horário,
a 360 rpm, determine, graficamente, a velocidade de deslizamento entre um dente
do pinhão e da cremalheira no início do contato, no ponto primitivo e no fim do
contato. Use uma escala de 1 pol = 10 pés/sego
4.22 Duas árvores, cujos eixos estão afastados de 8,5 pol devem ser acopladas
com engrenagens de dentes retos com uma razão de velocidades angulares de 15 : 1.
Usando um diametral pitch 6, selecione dois pares de engrenagens que melhor se
ajustem aos requisitos acima. Que modificação teria que ser tolerada nos dados
para cada conjunto utilizado?
4.23 Uma ferramenta fresa, dentes normais, diametral pitch 8, ângulo de pres-
são 14,5°, é usada para usinar uma engrenagem de dentes retos. A ferramenta
tem hélice à direita com um ângulo de 2°40', um comprimento de 3;00 pol e um diâ-
metro externo de 3,00 pol. Faça um esquema em escala 1 : 1 da ferramenta, usinando
uma engrenagem de dentes retos de 48 dentes. O disco da engrenagem tem I 1/2 pol
de espessura. Mostre o cilindro primitivo da ferramenta sobre o disco de engre-
nagem com o passo da hélice da fresa em correta relação com o passo frontal do
dente da engrenagem. Mostre três dentes da engrenagem e 1 1/2 voltas da hélice
da fresa: posicione estes elementos por meio do passo frontal. Assinale os eixos da
fresa e do disco da engrenagem, o ângulo de avanço da ferramenta e a direção de
rotação da fresa e do disco de engrenagem.
4.24 Para um ângulo de pressão de 22,5° no sistema de dentes normais, calcule
o número mínimo de dentes para um pinhão engrenar-se com uma cremalheira sem
interferência evolvental. Também calcule o número de dentes em um pinhão para
engrenar-se com uma engrenagem de igual tamanho sem interferência evolvental.
4.25 Um pinhão com 24 dentes, diametral pitch 8, ângulo de pressão 20",
impele uma engrenagem com 56 dentes. Determine o raio de cabeça de modo que
a circunferência de cabeça de cada engrenagem passe pelo ponto de interferência
da outra. Calcule o valor de k para cada engrenagem.
4.26 Duas engrenagens iguais, diametral pitch 5, ângulo de pressão 200,
engrenam-se de modo que a circunferência de cabeça de cada uma passa pelo
ponto de interferência da outra. Se a razão frontal de transmissão é 1,622 calcule
o número de dentes e o raio de cabeça para cada engrenagem.
4.27 Duas engrenagens evolventais, ângulo de pressão 200, são montadas à
distância entre eixos de referência. A circunferência de cabeça de cada engrena-
gem passa pelo ponto de interferência da outra. Deduza uma equação para k como
função de z, onde z é o número de dentes e k uma constante que quando dividida
pelo diametral pitch é a saliência.
4.28 No esquema de uma engrenagem mostrado na Fig. 4.25, ôs dentes têm
ângulo de pressão de 200 e são normais. Se o diâmetro primitivo é 4,80 pol e o
diametral pitch 5, calcule o raio do pino que fica em contato com o perfil no ponto
principal. Calcule o diâmetro m medido sobre dois pinos opostos.
4.29 Um pinhão com 40 dentes, diametral pitch 10, ângulo de pressão 14,5°,
dentes normais, é montado com uma cremalheira, sem folga. Se a cremalheira é
afastada 0,07 pol calcule o jogo primitivo produzido.
4.30 Um pinhão com 18 dentes, diametral pitch 12, ângulo de pressão 20°,
dentes normais, impele uma engrenagem de 54 dentes. Se a distância entre eixos
com que as engrenagens operam é 3,05 pol, calcule o ângulo de pressão de funcio-
namento.
4.31 Um pinhão com 36 dentes, normais, diametral pitch 10, ângulo de pressão
14,5°, impele uma engrenagem com 60 dentes. Se a distância entre eixos é aumentada
em 0,025 pol, calcule (a) os raios das circunferências primitivas de funcionamento,
(b) o ângulo de pressão de funcionamento e (c) o jogo primitivo produzido.
4.32 Um pinhão com 24 dentes rebaixados, diametral pitch 4, ângulo de pressão
200, aciona uma engrenagem de 40 dentes. Calcule (a) a distância entre eixos máxima
teórica com que estas engrenagens podem operar separadas para continuar a haver
movimento e (b) o jogo primitivo nas novas circunferências primitivas quando as
engrenagens são separadas da distância calculada em (a).
4.33 Um pinhão com 24 dentes tem uma espessura de dentes de 0,255 pol em
um raio primitivo de 1,50 pol e um ângulo de pressão de 200. Uma engrenagem de
40 dentes tem uma espessura de dentes de 0,230 pol em um raio primitivo de 2,50 pol
e um ângulo de pressão de 200. Calcule o ângulo de pressão e a distância entre
eixos se estas engrenagens são montadas sem jogo primitivo.
4.34 Um pinhão de 15 dentes, diametral pitch 10, ângulo de pressão 25°, impele
uma engrenagem de 45 dentes. Usando um computador, calcule o jogo primitivo
produzido quando a distância entre centros é aumentada de 3,00 para 3,030 pol
em incrementos de 0,001 pol.
4.35 Um pinhão de 34 dentes, diametral pitch 96, impele uma engrenagem de
60 dentes. Se a distância entre centros é aumentada de 0,005 pol, compare o jogo
primitivo produzido utilizando os ângulos de pressão de 14,5°, 20" e 25°.
Engrenagens de Dentes Retos
Corrigidas
•••••
.
••••••


••••••

5.1 Teoria das Engrenagens de Dentes Retos Corrigidas. O defeito mais grave
do sistema de engrenamento evolyental é.a.QQssibilidadede. interferência entre.Jl
~xtremidade dos dentes da eDl:renagem cgm os f1aDCosdo pinbão, Quando o núm~ro
g.~~~tes deste úl~imo é.m~nor do que o mínimo para o sistemapinhãQ-engrenagem.
Q.uando ocorre in.t~Ifur~cia, o metaLçm.c<xcesso ~ remº_Ylº9_!loJ}~do
e.i-~.~!.Q.,Jl.daj~s:mlltª...Q.Ye~ra..os dentes. Esta remc;>çãode_I!!etalpeIl1J~~a
~ cl;>nneçjdacomo adelgaçamento e normallll~J1!eocorre, a menO~Lq~esejam tomadas
providênciª.§...1?-arapre\ifiii-="!a.Se a ferml,llenta não. removesse este metal, as .!!!tas
ellgrenaglm.s_º~º girariam Quando monlligas porque a engrenagem, devido à inter-
ferência, tenderia a penetrar no flanco do pinhão. ~a. re.ªli<1ªgeJ,_ç.l1tre~nto,as
@,grenagenS po.derão girar livrelll~nte porque o flancoºº.pinhão foi adelgaçadp.
Mas isto não só en~ce o dente.do pjnhão como tªm~m Qode remOy.eL~a·
pequena parte da evolvente adjaçente à circunferência de base, o que pode ç~r
s~ria reduçª,-o no comprimento .de.transmissão.
A tentativa eara eliminar...a interferência. e seu j;.OJlseqUenteadelgaçamento
!çvouao..dessau::2lyimento de várjQs sistemas não Padronizados de engrenament9,
.a1guns 40s q1.!ais requerem ferramentas espeçjais. Qois des~s ~is!..emastiXCJ:.am
êxito e têm larga. aplicação porq',ieJ)'odem ser usadas ferramentas normalizadas
Para .,gerar os dentes. NQ'primeiro método, guando o pinhª-o está sendo cortado,
a ferramenta é afast.ªºa ~e. uma certa dts..tância da ~bra, ~o qu~ a ~inha de
cabeça da cremalheira baslca passe pelo ponto de IAtef~a '00 pmhao. Isto
~liIl1inao adelgaçamento...mas a espessu~acio dente ficará aume.ntada com ~.ms-
mmgente decréscimo no vão .• ste>está ilustrado na F'ig,_5.1, onde (a) mostra os
QenJ~s adelgaçados e lb) QS dentes resultantes quando a ferramenta foi afastada.
Montando-se este pinhão (Fig. 5.th) com sua engrenagem, nota-se que a distância
entre eixos aumenta devido ao 9J~çré~cim()do vão do dente. Elâriao"'p<>de mais ser
êalcuiãdã&retâmente dodiametral pitch e do número de dentes e então é conside-
rada não normalizada. Q ãng\ll()_Qepressão eIt! qp~.~ .~nsrenagens operam também
aumenta. ~C~_JH:~ de eliminar a interferência é conhecido como o sistema
de 'di"rtáucia eptre eixos -~-;"mentada.

Q afastamento da ferramenta não precisa limitar-se ao pinhão mas pode ser


aplica<!Q_a....aJ~lbos, pinhão e engrenagem, seaLcondições permitirem.
Uma variação desse sistema é a Prática de avançar a fer~amenta na engrena'gem O l?
~ mesma quantidade que será afastada no pinhão. IMO resultará em uma. saliência J I
~uI!le.J1tadapara o pinhão e em uma profundidade diminuída P<ir.a. __a. engrenagem; N"~
o acréscimo na saliência do pinhão igualará o decréscimo na profundidade da engre-
nagem. As saliências também se modificarão em ambos de maneira que a altura
de trabalho será a mesma de uma engrenagem sem correção. ~ distância entre eixos
~rmanece a de referência bem como o ângulo de pressão~ ~!c: sistema é conhecido
como o sistema de saliências diferentes.
Devido à modificação nas proporções do deme.,.,aespessura dol:!ente da engre-
QaOem 'da circunferência primitiva é reduzida e a do pinhão aumentada. Devido
ao fato de que os..Q.entesdo pinhão sãQ mais fracos do que ()s dentes da-engre~
q!!ando ambos são feitos do mesmo material, o sistema de saliências diferentes
tende ªj~alar a resistência dos dentçs. O sistema de saliências diferentes só pode .
ser aplicado Quando Jl interferência ocorre em uma engren~K~m de um par. Este
sistema I!.ã<:>~odeser aplica<to__quando as engrenagenS são iguais ou aproximada-
'!!.~I!teiguais em tamanho porque a interferência seria eliminada em uma engre-
nagem e aumentada na outt;a.
Estes dois métodos foram desenvoLvi.d~inicialmente par.ª eliminar a inter-
ferência, entretanw, são usad()~_também largamente para melhorar a razão frontsU
de t~n.smis.~ão, para modi!icªr a forma do dente, a fi1!!.<!~ aumentar a sua resistêu,cia,
m~sIUOse não houver interferência, e pam.montar engrenagen~ ..~J!.ldistâncias entre
eixos diferentes da de referência.
--'_'_~_"""-~_"-------_'-' ~
- .
Os dois sistemas podem ser aplicados a ~ngrenagens de de.ntes retos, helicoidais
~.cônicas. De fato, o sistema para engrenagens cônicas é um sistema de saliências
diferentes.
Agora serão desenvolvidas fórmulas paraª_ aplicação destes dois sistemas_a
~ngrenagens de dentes retos usinadas com ferramenta fresa.
5.2 Sistema de DistAncia Entre Eixos Aumentada. A Fig. S.la mostra em linha
cheia uma cremalheira cortando um pinhão que tem menos dentes do que o mínimo
permitido para evitar a interferência. A cremalheira e'o pinhão estão montados à
distância entre eixos de referência, com a linha primitiva da cremalheira tangen-
ciando a circunferência primitiva de referência do pinhão. A linha de cabeça da
cremalheira passa acima do ponto de interferência E do pinhão de modo que os
flancos dos dentes do pinhão ficam adelgaçados conforme mostrado. Para o dente
da cremalheira eliminar a folga necessária na raiz do dente do pinhão, sua altura
teria que ser aumentada. Para simplificar o esquema, esta altura adicional é mostra-
da tracejada em um só dente. A mesma disposição pode ser usada para ilustrar
a ação de uma ferramenta fresa cortando o pinhão, porque cinematicamente os
dentes de uma cremalheira e de uma fresa são idênticos.

Linha primitiva de
referência

Altura adicional
Necesséria para eliminar
a folga

\
\
Linha primitiva de corte ambos os calOS
_ Xm~(També~ lin~ primiti"!...~.!!ferência =
antes do re.cuo da ferra~nt8
" Linha primitiva de referência - recuo da ferrementa
/)/1 / ---...
JI/
I

~Pb

Para evitar o adelgaçamento afasta-se a cremalheira de uma distância xm de


modo que sua linha de cabeça passe pelo ponto de interferência E. Esta situação
é mostrada pontilhada na Fig. S.2a, e resulta no corte de um pinhão com dentes
mais largos do que antes. Quando a cremalheira é afastada, o raio de cabeça do
pinhão também deve ser aumentado (usinando-se um disco maior), Pllra permitir
a manutenção da folga entre as extremidades dos dentes do pinhão e as raizes dos
dentes da cremalheira. A mesma folga é usada tratando-se de engrenagem norma-
lizada ou não.
Para mostrar mais claramente a modificação nos dentes do pinhão, a crema-
lheira da Fig. 5.2a foi afastada para baixo e para a direita objetivando manter o
mesmo perfil esquerdo do dente em ambos os casos. Quando duas engrenagens,
em que uma ou ambas forem geradas com a ferramenta afastada, forem montadas,
a distância entre eixos será maior do que a de referência. Além disso, o ângulo de
pressão em que operarão será maior do que o ângulo de pressão da ferramenta.
Como foi mencionado previamente, quando um pinhão normalizado é gerado
pela cremalheira, a linha primitiva de referência da cremalheira tangencia a circun-
ferência primitiva de corte do pinhão. Neste caso, a linha primitiva de referência
é também a linha primitiva de corte. Quando a cremalheira é afastada uma distância
xm, chamada de correção, a linha primitiva de referência não será mais tangente à
circunferência primitiva de corte do pinhão, portanto não será mais a linha primi-
tiva de corte. Uma nova linha na cremalheira atuará como tal. A Fig. 5.2b mostra
mais claramente as duas linhas primitivas na cremalheira quando ela está cortando
um dente não normalizado. Da Fig. 5.2a pode ser visto que a circunferência primi-
tiva de corte no pinhão permanece a mesma, independentemente do pinhão ser
normalizado ou não.
A espessura do dente do pinhão, aumentada em sua circunferência primitiva
de corte, pode ser determinada a partir do vão do dente da cremalheira em sua
linha primitiva de corte. Da Fig. 5.2b esta espessura pode ser expressa pela seguinte
equação:

A Eq. 5.1 pode então ser usada para calcular a espessura do dente na circun-
ferência primitiva de referência ou de corte de uma engrenagem gerada por uma
ferramenta afastada de uma distância xm: xm será negativa se a ferramenta avançar
sobre o disco da engrenagem.
Esta equação pode também ser usada para determinar quanto uma ferramenta
deve avançar em um disco de engrenagem para resultar um jogo primitivo especi-
ficado.
Na Fig. 5.2 a cremalheira foi afastada de uma distância suficiente para que a
linha de cabeça passasse pelo ponto da interferência do pinhão. É possível desen-
volver uma equação tal que a correção xm possa ser determinada para satisfazer
esta condição.
xm = AR + DA - DP
k
= - + r b cos IX - r
p
rb = r cos IX

Z
k
XIII = --r(l-cos21X)
p

1 z 2
= p(k - T sen IX).

Há duas equações que foram desenvolvidas na seção 4.2 (Capítulo 4) que encon-
tram aplicação particular no estudo de engrenagens não normalizadas.

Através destas equações é possível determinar o ângulo de incidência frontal


e a espessura de dente em qualquer raio 1'8 se ambos são conhecidos em outro raio r A'
Para engrenagens não normalizadas, a espessura de referência que corresponde à
espessura sAna Eq. 5.4 é a espessura de dente na circunferência primitiva de corte,
que pode ser calculada para qualquer afastamento da ferramenta pela Eq. 5.1.
O ângulo de incidência frontal de referência que corresponde a IXA é o ângulo de
pressão da ferramenta. O raio neste ângulo de pressão é o raio da circunferência
primitiva de corte.
Quando duas engrenagens, engrenagem 1 e engrenagem 2, que foram usinadas
com correções xml e xm2, respectivamente, forem montadas, operarão em novas
circunferências primitivas de raios r~ e r; e com um novo ângulo de pressão IX'. As
espessuras dos dentes nas circunferências primitivas de funcionamento podem ser
expressas como e s; s;
e podem ser facilmente calculadas com a Eq. 5.4. Estas
dimensões são mostradas na Fig. 5.3 juntamente com a espessura dos dentes SI e S2
nas circunferências primitivas de raios r I e I'z.
Agora será desenvolvida uma equação para determinar o ângulo de pressão IX
em que estas duas engrenagens operarão.

21" s
~I- + (Eu IX - Eu IX') ] - 2,.' [ ~z_
s - (Eu IX - Eu IX') ] 211:1" 1
= __
1 [ 2"1 2 2"2 Z1
Engrenagem 1
Circunf. primitiva
de corte

Circunf. primitiva de
funcionamento

[~2rl + (Ev a - Ev a')J + r~


ri
[~+
2r2
(Ev a - Ev OOJ = ~
ZI

1t ZI + Z2
SI + S2 = -
p
+ ~-~(Ev
p
a' - Ev a).

pt pt 1t ZI + Z2
2xml tg a + T + 2xm2 tg a +T = p+ P (Ev a' - Ev a)

ZI + Z2
2 tg a (xml + xm2) + Pt = -1tp + ~-~~(Ev
p
a' - Ev a).
_ (Zl + Z2) (Ev rx' - Ev rx)
xm1 + xm2 - 2 t
P g rx

Usando a Eq. 5.7 é possível determinar o ângulo de pressão rx' em que duas
engrenagens operarão depois de terem sido cortadas por uma fresa afastada de xm I
e xm2, respectivamente. Para calcular o acréscimo na distância entre eixos (sobre
a distância de referência a) devido ao ângulo de pressão aumentado, a Eq. 4.15 pode
ser usada e é repetida aqui:

Aa = a [ cos rx - 1J
cos rx'

Freqüentenente é necessário projetar engrenagens para serem montadas com


uma distância entre eixos predeterminada. Neste caso, o ângulo de pressão é
fixado pelas condições do problema e é necessário determinar as correções xml
e xm2 da ferramenta. A soma (xm1 + xm2) pode ser determinada pela Eq. 5.7a.
Entretanto deve ser observado que a soma de xm1 e xm2 não é igual ao acréscimo na
distância entre eixos em relação à distância entre eixos de referência. Infelizmente
não há maneira de determinar racionalmente xml e xm2 independentemente.
Por isto os valores são usualmente selecionados supondo um deles através de algu-
ma relação empírica tal como variá-l os inversamente (ou diretamente se xm. + xm2
é negativo) com o número de dentes nas engrenagens, em uma tentativa de reforçar
os dentes do pinhão. Entretanto, este método de selecionar xm1 e xm2 geralmente
não leva os dentes do pinhão e engrenagem a terem resistências próximas. Em uma
tentativa para corrigir esta situação, Walsh e Mabie1 desenvolveram um método
para determinar a correção xm1 da ferramenta a partir do valor de xm1 + xm2
para um par de engrenagens de dentes retos projetado para operar a uma distância
entre eixos diferente da de referência. Usando um computador digital, foi possível
ajustar xm1 e xm2 para várias relações de velocidades e variações na distância
entre eixos de modo que a tensão nos dentes do pinhão fosse aproximadamente
igual à nos dentes da engrenagem.
Devido à complexidade do problema, os resultados tiveram que ser apresen-
tados em forma de gráficos. Estes mostram curvas de xm1/(xm1 + xm2) versus
Z2/ (Zl + Z2) para várias alterações na distância entre eixos. Estes gráficos foram
desenvolvidos para um ângulo de pressão da ferramenta rx de 20°, dentes normais
(k = I) e passo frontal grande. Embora as curvas tenham sido plotadas para dados
baseados em um diametral pitch um, elas podem ser usadas para qualquer diametral
pitch até 19,99 (limite do passo frontal grande). As curvas foram também plotadas
para Z 1 = 18 e Z 2 de 18 a 130 dentes. Quando Z 1 toma outros valores, introduz-se

1 E. J. Walsh e H. H. Mabie, "A Simplified Method for Determining Hob Offset Values in the
Design of Nonstandard Spur Gears", Proceedings, Second OSU Applied Mechanism Conference.
Stillwater, Oklahoma, Outubro, 1971.
um erro muito pequeno (menos de 4 %). Um exemplo está apresentado na Fig. 5.4
para alterações na distância entre eixos de A C = 1,175 a 1,275 pol, para p = I.

---
í 0,80
+

!E- 0,70
lo<

0,50
0,50 0,70 0,75
z,/(z. +z,)

Um pinhão e uma engrenagem de 20 e 30 dentes, respectivamente, devem ser


cortados por um fresa de ângulo de pressão 20°, diametral pitch 5, para operar em
uma distância entre eixos de 5,25 pol, sem jogo primitivo. Determine os valores
de xml e xm2 de modo que sejam obtidos dentes com espessura adequada para que
a resistência dos dentes do pinhão seja aproximadamente igual à dos dentes da engre-
nagem. A distância entre eixos de referência é dada por:

a --- + Z2 = 20
= ZI ----+ 30
2p 2 x 5

= 5,00 pol
Ângulo de pressão de funcionamento:

, . a 5O
cos rx = - cos rx = -'- cos 20°
a' 5,25
Va = a' - a = 5,25 - 5,00
= + 0,25 poI.

o valor de Va deve ser multiplicado pelo diametral pitch porque as curvas são
baseadas em p = I.

/ia = Va x p = 0,25 x 5
= 1,25

30
20 + 30 = 0,60

Xn1. = 0,543
XI1I. + Xn12

(z 1 + Z2) (Ev a.' - Ev a.)


xm1 + xm2 = 2p tg a.

(20 + 30) (Ev 26,5° - Ev 20")


2 x 5 tg 20"

XI11. = 0,543 (Xn11 + Xn12)


= 0,543 (0,29073)
= 0,15787 pol

Embora nào seja prático acompanhar todos os cálculos necessários para encon-
trar as tensões nos dentes do pinhào e da engrenagem, é interessante observar que

s = 9,959 F"
1 F
Fn = carga normal na extremidade do dente
F = espessura da face do dente.

Além dos gráficos para alterações positivas na distância entre eixos, como ilus-
trado na Fig. 5.4, o trabalho contém também uma série de gráficos para alterações
negativas na distância entre eixos.
Outro método para a solução do problema da determinação de xm1 e xm2
foi desenvolvido por Siegel e Mabie2. Por este método, xm1 e xm2 são selecionados
para uma aplicação particular a fim de serem obtidas proporções de dentes que levem
a uma relação máxima entre comprimentos de afastamento e de aproximação e,
ao mesmo tempo, a uma razão frontal de transmissão />a de 1,20 ou maior. Este
sistema é baseado no fato de que um par de engrenagens funciona mais suavemente
saindo de contato do que entrando em contato. Então é mais vantajoso ter uma
relação entre comprimentos de afastamento e de aproximação tão alta quanto
possível, especialmente para engrenagens para aplicação em instrumentos.
Não é possível calcular saliência e profundidade de uma engrenagem com a
distância entre eixos aumentada a menos que estejam disponíveis informações
sobre a engrenagem com que ela deve se engrenar. A Fig. 5.5 mostra duas engre-
nagens que devem se acoplar a uma dada distância entre eixos a'. As engrenagens
devem ~er cortadas com uma fresa que é afastada xm1 no pinhão e xm2 na engrena-
gem. E necessário calcular o diâmetro de cabeça de cada engrenagem e a profun-
didade de corte. A linha central da engrenagem 2 foi deslocada para a direita de
forma que um dente da ferramenta possa ser mostrado acoplado com cada disco.
Sabendo-se a distância entre eixos, os raios das circunferências primitivas, as cor-
reções, a forma do dente e o diametral pitch da ferramenta, é possível escrever as
equações para os raios de cabeça, como se segue:

,
ra2 = a - ri - xm1 + -k
p

Deve ser notado na figura que as alturas de cabeça das duas engrenagens não
são iguais entre si nem são iguais ao k/p da ferramenta.
Uma equação para a profundidade de corte pode também ser facilmente
desenvolvida a partir da Fig. 5.5.

h = r ll1 + r a2 - a' +c
onde c é obtido nas Tabelas 4.1 ou 4.2

2 R. E. Siegel e H. H. Mabie, "Determination of Hob Offset Values for Nonstandard Gears Based
on Maximum Ratio of Recess to Approach Action", Proceedings, Third OSU Applied Mechanism
Conference, Stillwater, Oklahoma, Novembro, 1973.
---------+
I
I

5.3 Sistema de Saliências Diferentes. Se a ferramenta avança no disco da


engrenagem a mesma distância que é afastada do pinhão, Xnl2 = -Xnll e da Eq. 5.7,
IX' = IX. Assim o ângulo de pressão em que as engrenagens operarão é o mesmo em

que foram usinadas. Porque não há alteração no ângulo de pressão, r; = ri e r~ =


= 1'2' e as engrenagens operarão na distância entre eixos de referência.
A saliência do pinhão é aumentada para k/p + xm e a saliência da engrenagem
é reduzida para k/p - xm. A espessura de dente na circunferência primitiva de corte
pode ser prontamente calculada pela Eq. 5.1, mantendo-se em mente que a espes-
sura de dente da engrenagem diminui da mesma quantidade de que aumenta a
do dente do pinhão. Como foi mencionado previamente, há condições em que
este sistema não funciona adequadamente. A fim de que este sistema tivesse sucesso,
o professor M. F. Spotts, da Northwestern University, determinou que para engre-
nagens com ângulo de pressão de 14,5°, a soma dos números de dentes deve ser
pelo menos 34. Para ângulo de pressão de 25° o valor mínimo da soma é 24.
As proporções das engrenagens usinadas por uma ferramenta pinhão para
qualquer destes dois sistemas não serão as mesmas que quando cortadas por uma
ferramenta fresa. As fórmulas precedentes aplicam-se só a engrenagens cortadas
por uma ferramenta fresa ou por uma ferramenta cremalheira. Entretanto, podem
ser desenvolvidas fórmulas para engrenagens cortadas por ferramentas pinhão
usando os princípios acima.
Duas engrenagens de dentes retos de 12 e 15 dentes, respectivamente, devem
ser cortadas por uma fresa, ângulo de pressão 20", dentes normais, diametral picth
6 e não devem apresentar adelgaçamento. Determine a distância entre eixos em
que devem operar as engrenagens.

xm1 = 1 p (k - T sen Zl 2 IX )

= -1 ( 1 00 - -12 sen 2 2u
6' 2
no)

I 15
xm2 = 6" 1,00 - T sen220"

Ev IX' = Ev IX + 2p (xm1 + xm2) tg IX


Zl + Z2
= 0,01490 + 2 x 6 (0,04968 + 0,02045) tg 20"
12 + 15
= 0,01490 + 0,01134
= 0,02624

r-
r 1 cos IX x 0,9397
r-
cos IX' 0,9135
r-
r 2 cos IX 1,25 x 0,9397 _ 1 2858 I
I'"'
r~ = cos IX' 09135
, ' po
r-
e
r-

r-
Exemplo 5.3
r-

Duas engrenagens de 32 e 48 dentes, normais, ângulo de pressão de 14,5°,


diametral pitch 8, operam à distância entre eixos de 5 pol. A fim de alterar a relação
de velocidades, deseja-se substituir a engrenagem de 32 dentes por uma de 31.
Deve-se manter a espessura de dente na circunferência primitiva de corte da engre-
nagem de 48 dentes, assim como a distância entre eixos de centros de 5 pol. Deter-
mine o valor de xml que dará a espessura adequada de dente para engrenamento
com a engrenagem de 48 dentes.

31 3 5 I
2P
Z2
= 2 x 8 = 1,9 7 po

31
-- x 5
79

r~ = i~ x 5 = 3,0379 pol

, r I cos O( 1,9375 x cos 14,5°


cosO( = --- =
r'I 1,9621

_ (31 + 48) (0,009120-0,0055448)


xml + xm2 - 2 x 8 x 0,25862

79 x 0,003575 0,282425
xml + xm2 = 16 x 0,25862 4,13792

xm 2 = O .
xml = 0,06825 pol

5.4 Engrenagens de Ação de Afastamento. Outro tipo interessante de engre-


nagens não padronizadas é o de engrenagens de ação de afastamento, assim cha-
madas porque a maior parte ou toda a ação entre os dentes acontece durante a fase
de afastamento do contato. O sistema de saliências diferentes é uma forma de
engrenagens de ação de afastamento. Sabe-se que a região de afastamento no
contato de um par de engrenagens é muito mais suave que a região da aproximação.
Foi baseado nisto que forâm desenvolvidas as engrenagens de ação de afastamento
e foi constatado que estas engrenagens duram mais e operam com menos atrito,
vibração e barulho do que as engrenagens com dentes de proporções normalizadas.3
Engrenagens de ação de afastamento podem ser usinadas usando ferramentas
fresa e pinhão normalizadas e sua forma de dente é igual à dos dentes de engrenagens
padronizadas e são montadas na mesma distância entre eixos. Então, um par de
engrenagens de ação de afastamento pode ser usado para substituir um par de
engrenagens de dentes retos padronizados sem alterar a distância entre eixos.
A resistência das engrenagens de ação de afastamento é aproximadamente a
mesma que para as engrenagens normalizadas. Entretanto, uma engrenagem deste
tipo deve ser projetada para operar ou como motora ou como movida; ela não pode
ser projetada para operar como ambas. Entretanto, um pinhão de ação de afasta-
mento pode impelir uma engrenagem em qualquer direção, isto é, ele pode mudar
a direção de rotação durante um ciclo de operação. As engrenagens podem ser
usadas para uma caixa de multiplicação ou redução, mas a potência deve fluir sempre
na mesma direção. Se o fluxo de potência muda de direção durante a operação,
ocorre um escoamento, na área de contato dos dentes, que resulta em atrito e des-
gaste. Devido a estas limitações, engrenagens de ação no afastamento não podem
ser usadas como intermediárias operando em distâncias padronizadas.
Há dois tipos de engrenagens de ação de afastamento: (a) ação de afastamento
completa onde todo o contato é realizado no afastamento (b) ação de semi-afas-
tamento. A fim de que um par de engrenagens de ação de afastamento tenha uma
razão frontal de transmissão adequada, e pouco ou nenhum adelgaçamento e os
dentes não sejam pontudos, os de afastamento completo têm que ter no mínimo
20 dentes na engrenagem motora e 27 na movida. Para engrenagens de semi-afas-
tamento, entretanto, o número mínimo de dentes na motora é reduzido para 10 e
na movida para 20. As de ação de afastamento completo devem ser preferidas
porque toda a ação é realizada na região de afastamento. Entretanto, o grande
número de dentes necessários muitas vezes limita seu emprego e devem então ser
usadas as de ação de semi-afastamento.
A Tabela 5.1 mostra as proporções para os dois sistemas de engrenagens de
ação de afastamento. Para possibilitar uma comparação entre estas e as engrena-
gens padronizadas, são mostrados na Fig. 5.6 a altura de cabeça, o passo, a circun-
ferência de base e o comprimento de transmissão para (a) engrenagens padronizadas
(b) engrenagens de ação de afastamento completo (c) engrenagens de ação de semi-
afastamento. Na Fig. 5.6b para o sistema (b) a circunferência primitiva da engre-
nagem movida (engrenagem 2) torna-se a circunferência de cabeça porque a saliência
é zero. Então, o comprimento de aproximação é zero, e todo o comprimento de
transmissão está na região de afastamento. A Fig. 5.6c para o sistema (c) mostra a
região de afastamento consideravelmente maior do que a região de aproximação
para este sistema.

Tabela S.1 Proporções dos dentes, Engrell88em da ação de afastamento


(Ãngulo de pressão a = 20°)

Ação de Semi-afastamento Ação de Afastamento Completo


Motora Movida Motora Movido

1,500 0,500 2,000


Saliência (ha> --- -- -- O
p p p
0,796 1,796 0,296 2,296
Profundidade (hf> -- -- -- --
p p p p
z z z z
Diâmetro positivo (d)
p p p p
z +3 z + z +4 z
Raio de cabeça (ra) --- ---
2p 2p 2p 2p
1,9348 1,2068 2,2987 0,8429
Espessura do dente (s) -- -- -- --
p p p p