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RADIOGRAFIA ODONTOLÓGICA

DIGITAL

Instrumentação para Imagiologia Médica

Maria Mateus – 2014225744

Janeiro 2022

Introdução

A radiologia odontológica utiliza a tecnologia de raios-X para diagnosticar e determinar


o tratamento de vários problemas clínicos relacionados com a cavidade oral. [1] Esta técnica de
imagem é importante para tratar de vários problemas clínicos que não podem ser tratados de
forma eficiente, apenas pelo exame odontológico convencional. [2] Tem vindo a desenvolver-
se cada vez mais, por se ter tornado economicamente mais viável ao longo dos anos. [3] Com o
crescimento desta prática para diagnóstico, foram aparecendo diversas modalidades de raio-x,
que utilizam diferentes ferramentas na tentativa de melhorar a imagem e o tratamento de
doenças, distúrbios e outras condições clínicas relacionadas. [1]

A radiografia digital está em crescimento na prática médica odontológica. Incluindo


radiografia digital intraoral, radiografia panorâmica digital, cefalografia digital e tomografia
computadorizada de feixe cónico.[2]

A proteção contra a radiação é uma questão fundamental quando se fala de radiologia,


existem diversos códigos de prática e/ou guias de segurança, sendo os mais recentes os
Padrões Básicos de Segurança Europeus e Internacionais. Estes tipos de documentos têm por
base evidências científicas sobre os efeitos das radiações ionizantes, por forma a proteger os
pacientes e os técnicos contra os possíveis perigos.

Atualmente, dentistas, cirurgiões-dentistas e outros profissionais da área médica


dispõem de uma variedade de sistemas de raios-X que podem utilizar, dependendo do
problema clínico. Para um melhor tratamento do paciente, é possível serem combinadas.[2]

Radiografia Digital
Um desenvolvimento mais recente na radiografia odontológica é a disponibilidade de
sistemas digitais. Independentemente do tipo de sistema digital utilizado, a qualidade da
imagem depende muito do software utilizado para processar a imagem. A maioria dos
sistemas de software disponíveis permite a manipulação e o aprimoramento da imagem após
a exposição, o que diminui a necessidade de exposições adicionais. À medida que a
comunicação digital se torna mais comum, a imagem digital irá passar a ser a norma mais
comum na prática clínica.[4]

Otimização em radiologia dentária

Tal como acontece com as radiografias regulares, o posicionamento correto é


necessário para produzir imagens com as quais se possa fazer diagnósticos fidedignos. Para
que a posição seja a correta é necessário ter em atenção o ângulo e a posição do tubo de raio-
x e a posição do detetor digital, para evitar erros nas imagens, como exemplo artefactos e
imagens desfocadas. Qualquer erro cometido no posicionamento irá envolver um destes três
parâmetros.

Angulação do tubo

Existem duas técnicas básicas de posicionamento usadas em radiologia odontológica. A


técnica paralela é usada na imagem dos pré-molares e molares inferiores. Nesta técnica, o
plano do dente e do filme/detetor são paralelos e o feixe é direcionado perpendicularmente a
ambos. A segunda técnica é a técnica do ângulo de bissecção, e algumas modificações desta,
que são usadas em todas as outras regiões da boca. Esta técnica é necessária porque a
anatomia da maior parte da cavidade oral impede que o filme/detetor seja colocado no
mesmo plano do dente. Isso é mais óbvio nos quadrantes maxilares, onde o filme está num
plano transversal (horizontal) através do palato, enquanto os eixos dos dentes estão num
plano sagital (vertical). Como resultado, é impossível que o feixe seja perpendicular ao
filme/detetor e ao dente. Para compensar essa limitação anatómica, o feixe é angulado de
modo que fique a meio caminho entre perpendicular ao filme/detetor e perpendicular ao eixo
do dente. Embora esta técnica resulte numa ligeira distorção da imagem, a imagem é
clinicamente satisfatória. Alterar o ângulo do feixe faz com que a imagem seja mais longa ou
mais curta.

Posição do tubo de raios-x

Há uma tendência inicial de centrar o tubo sobre a coroa do dente, resultando numa
radiografia sem raízes visíveis. As raízes irão ser cortadas pela borda do feixe de raios-X, que é
chamado de corte em cone. Na maioria dos casos, basta centrar o feixe na margem gengival
para que as estruturas da coroa e da raiz estejam localizadas dentro do feixe circular de raios-
X. Se você cortar seu objeto na borda do feixe, deve-se mover o feixe na direção do cone
cortar.

Posição do detetor

Os detetores digitais devem ser colocados de forma a que o lado plano do sensor fique
voltado para o feixe. Se for colocado incorretamente dentro da cavidade oral, o resultado é
uma imagem não centrada, com parte do que se queria observar perdido - perda de
informação. Os sensores digitais têm um pouco mais de “área morta” ao redor da borda do
sensor. Portanto, devem ser colocados de forma que 3 a 4 mm do sensor se projete para fora
da borda do dente a ser observado. [4]

Ainda sobre os detetores digitais, através de estudos feitos anteriormente, pode-se


concluir que com a evolução dos detetores, a qualidade e a resolução espacial de uma imagem
são cada vez melhores e superam a aquisição de raio-x não digital. Os detetores digitais
geralmente requerem tempos de exposição mais baixos e, como consequência levam à
redução da dose projetada no paciente. [1]

Artefactos

Artefactos radiológicos são porções da imagem que podem mimetizar uma


característica clínica, prejudicar a qualidade da imagem ou obscurecer anormalidades. Com o
desenvolvimento da radiografia digital, um novo conjunto de artefactos pode ser introduzido
na imagem. Os sistemas de radiologia digital podem ser divididos num dispositivo de carga
acoplada (CCD), que usa uma folha cintilante para produzir fotões de luz em resposta à
exposição à radiação, um sistema de câmara e lente para registar uma imagem, e um sistema
de radiologia digital de filme plano, que converte a exposição à radiação em carga elétrica que
é então digitalizada. Independentemente da tecnologia, os erros técnicos clássicos que
ocorrem com a radiografia de filme ainda podem ocorre ao usar radiologia digital. Técnicas
radiográficas apropriadas devem ser usadas. Posicionamento incorreto, movimento do
paciente, identificação incorreta do paciente e exposições duplas podem ocorrer.

Uma das maiores vantagens de qualidade de imagem da radiologia digital é a resposta


linear à radiação, resultando em uma faixa dinâmica mais ampla em comparação com a
radiografia de filme. [5]

Proteção e Prevenção

Diferentes medidas de proteção contra radiação devem ser tomadas para segurança
do paciente e da equipa, dependendo do tipo de procedimento de raios-X.
O shielding de órgãos radiossensíveis deve ser usado quando necessário. E como tal
existem fatores a ter em conta. O fator mais importante é o posicionamento correto destes
objetos no paciente, para que nenhum artefacto seja produzido. Em relação ao shielding da
tiroide, os dados mais recentes da literatura mostram que o uso do protetor de tiroide deve
ser aconselhado ao realizar a radiografia e, o colimador retangular universal usado sozinho foi
mais eficaz na redução da exposição da tiroide do que um protetor usado com colimação
circular na radiografia intraoral. Além disso, as diretrizes europeias afirmam que o shielding de
chumbo do órgão em particular, deve ser usada nos casos em que a tiroide está na linha ou
muito próxima do feixe primário. Especificamente para CT, os dados mais recentes indicam
que óculos com chumbo, colares de tiroide e colimadores minimizam a dose para órgãos fora
do campo de visão.

A questão da gravidez é sempre motivo de preocupação tanto para as pacientes que


por diversos problemas clínicos, diagnósticos ou terapêuticos, como também para a equipa.
Vários autores na literatura recente mediram a dose do útero e/ou do feto a partir de
radiografias odontológicas. Um estudo muito recente relatou que, em comparação com o
limite de dose anual de 1 mSv para um membro do público ou para o embrião/feto de uma
trabalhadora grávida, a ordem de magnitude da exposição à radiação do feto de um único
exame odontológico sem shielding de chumbo é inferior a 1%. Os autores compararam os seus
dados de dose com os de voos de avião e radiação de fundo. Concluíram que a dose
acumulada num dia ou num voo de duas horas, resultaria numa exposição à radiação da
mesma ordem de magnitude que a estimativa superior para a dose fetal em exames
odontológicos. Os autores afirmam que o uso de shielding para reduzir a dose fetal é
irrelevante e que o uso de shielding poderia ser descartada na radiologia odontológica.[1]

1. Tsapaki, V. (2017). Radiation protection in dental radiology – Recent advances and future
directions. Physica Medica, 44, 222–226. https://doi.org/10.1016/j.ejmp.2017.07.018

2. Okamura, K., & Yoshiura, K. (2020). The missing link in image quality assessment in digital
dental radiography. Oral Radiology, 36(4), 313–319. https://doi.org/10.1007/s11282-019-
00396-z

3. Niemiec, B. A. (2007). Digital Dental Radiography. Journal of Veterinary Dentistry, 24(3),


192–197. https://doi.org/10.1177/089875640702400311

4. Woodward, T. M. (2009). Dental Radiology. Topics in Companion Animal Medicine, 24(1),


20–36. https://doi.org/10.1053/j.tcam.2008.12.005

5. DROST, W. T., REESE, D. J., & HORNOF, W. J. (2008). DIGITAL RADIOGRAPHY ARTIFACTS.
Veterinary Radiology & Ultrasound, 49, S48–S56. https://doi.org/10.1111/j.1740-
8261.2007.00334.x

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