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instituições de ensino, em alguns casos, é prevista também apresentação e

defesa públicas do trabalho, por banca examinadora própria, como via de sua
avaliação final.
O texto final do trabalho tem estrutura e apresentação de acordo com os
padrões gerais de todo trabalho científico (cap. IV), complementadas por
eventuais diretrizes específicas definidas pela própria instituição do curso.

5.4. O RELATÓRIO DA PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Outra significativa experiência de atividade científica, que vem ganhando


cada vez mais espaço no ensino de graduação, é aquela desenvolvida no
âmbito do Programa de Iniciação Científica (PIBIC). Inicialmente, lançado
pelo CNPq, hoje é um programa que conta com a promoção de outras
agências de fomento, particularmente pelas FAPs (Fundações de Apoio à
Pesquisa), estaduais, diferenciando-se pelo fato de que estão vinculadas a
uma bolsa, subsídio financeiro para que o aluno possa se dedicar mais
intensamente à investigação, sendo também acompanhadas e avaliadas por
comissões especializadas.
No Programa de Iniciação Científica, o graduando ou desenvolve um
projeto pessoal, sob a supervisão de um orientador, ou então participa do
desenvolvimento do projeto de pesquisa do próprio orientador, cumprindo
um programa de trabalho integrado a esse projeto.

Para conhecer mais a experiência, no Brasil, da prática da Iniciação científica, seu significado,
resultados e alcance, consulte CALAZANS, Julieta (Org.). Iniciação científica: construindo o
pensamento crítico. São Paulo: Cortez, 1999.

Em ambos os casos, a atividade deve levar à condução de uma


investigação cujo resultado será a elaboração de um trabalho com a
formatação do trabalho científico de acordo com as diretrizes tratadas no
capítulo anterior.

5.5. RESUMOS E RESENHAS

Outro tipo de trabalho didático comumente exigido em escolas superiores é o


resumo ou síntese de textos, seja de toda uma obra ou de um único capítulo.
É o que se faz, muitas vezes, quando do fichamento de livro.
Não se trata propriamente de um trabalho de elaboração, mas de um
trabalho de extração de ideias, de um exercício de leitura que nem por isso
deixa de ter enorme utilidade didática e significativo interesse científico.
O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideias e não das
palavras do texto. Não se trata de uma “miniaturização” do texto. Resumindo
um texto com as próprias palavras, o estudante mantém-se fiel às ideias do
autor sintetizado.

Pode-se falar do resumo como síntese de um texto, qualquer que seja sua natureza, e de resumo
técnico como modo de apresentação de um trabalho, com configuração específica.

Não se deve confundir este resumo/ síntese, muitas vezes exigido como
trabalho didático, com o resumo técnico-científico de que se tratará mais
adiante (p. 208, item 5.9.). Com aquele formato, o resumo é solicitado em
situações acadêmicas e científicas especiais.
Resenha, recensão de livros ou análise bibliográfica é uma síntese ou um
comentário dos livros publicados feito em revistas especializadas das várias
áreas da ciência, das artes e da filosofia. As resenhas têm papel importante na
vida científica de qualquer estudante e dos especialistas, pois é através delas
que se toma conhecimento prévio do conteúdo e do valor de um livro que
acaba de ser publicado, fundando-se nesta informação a decisão de se ler o
livro ou não, seja para o estudo seja para um trabalho em particular. As
resenhas permitem, como já se viu,5 operar uma triagem na bibliografia a ser
selecionada quando da leitura de documentação para a elaboração de um
trabalho científico. Igualmente, são fundamentais para a atualização
bibliográfica do estudioso e deveriam, numa vida científica organizada,
passar para o arquivo de documentação bibliográfica ou geral da área de
especialização do estudante.6
Uma resenha pode ser puramente informativa, quando apenas expõe o
conteúdo do texto; é crítica quando se manifesta sobre o valor e o alcance do
texto analisado; é crítico-informativa quando expõe o conteúdo e tece
comentários sobre o texto analisado.
A resenha estrutura-se em várias partes lógico-redacionais. Abre-se com
um cabeçalho, no qual são transcritos os dados bibliográficos completos da
publicação resenhada; uma pequena informação sobre o autor do texto,
dispensável se o autor for muito conhecido; uma exposição sintética do
conteúdo do texto, que deve ser objetiva e conter os pontos principais e mais
significativos da obra analisada, acompanhando os capítulos ou parte por
parte. Deve passar ao leitor uma visão precisa do conteúdo do texto, de
acordo com a análise temática, destacando o assunto, os objetivos, a ideia
central, os principais passos do raciocínio do autor.7 Finalmente deve conter
um comentário crítico. Trata-se da avaliação que o resenhista faz do texto
que leu e sintetizou. Essa avaliação crítica pode assinalar tanto os aspectos
positivos quanto os aspectos negativos do mesmo. Assim, pode-se destacar a
contribuição que o texto traz para determinados setores da cultura, sua
qualidade científica, literária ou filosófica, sua originalidade etc.;
negativamente, pode-se explicitar as falhas, incoerências e limitações do
texto.
Esse comentário é normalmente feito como último momento da resenha,
após a exposição do conteúdo. Mas pode ser distribuído difusamente, junto
com os momentos anteriores: expõe-se e comenta-se simultaneamente as
ideias do autor.
As críticas devem ser dirigidas às ideias e posições do autor, nunca a sua
pessoa ou às suas condições pessoais de existência. Quem é criticado é o
pensador/autor e suas ideias, e não a pessoa humana que as elabora.
É sempre bom contextuar a obra a ser analisada, no âmbito do pensamento
do autor, relacionando-a com seus outros trabalhos e com as condições gerais
da cultura da área, na época de sua produção.
Na medida em que o resenhista expõe e aprecia as ideias do autor, ele
estabelece um diálogo com o mesmo. Nesse sentido, o resenhista pode até
mesmo expor suas próprias ideias, defendendo seus pontos de vista,
coincidentes ou não com aqueles do autor resenhado.

5.6. O ENSAIO TEÓRICO

O trabalho científico pode ainda assumir a forma de ensaio. Em nossos


meios, este tipo de trabalho é concebido “como um estudo bem desenvolvido,
formal, discursivo e concludente”,8 consistindo em exposição lógica e
reflexiva e em argumentação rigorosa com alto nível de interpretação e
julgamento pessoal. No ensaio há maior liberdade por parte do autor, no
sentido de defender determinada posição sem que tenha de se apoiar no
rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e bibliográfica, como
acontecia nos tipos anteriores de trabalho. Às vezes, são encontradas teses,
sobretudo de livre-docência e mesmo de doutorado, com características de
ensaio que são bem aceitas devido a seu rigor e à maturidade do autor. De
fato, o ensaio não dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e
por isso mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade
intelectual. Daí muitos dos grandes pensadores preferirem esta forma de
trabalho para expor suas ideias científicas ou filosóficas.

5.7. OS RELATÓRIOS TÉCNICOS DE PESQUISA

Muitas vezes, no decorrer de sua vida acadêmica, o pesquisador é instado a


apresentar Relatório de andamento ou de conclusão da pesquisa que vem
fazendo ou que então está concluindo. Trata-se comumente de exigência
institucional, oriunda, seja de agências de fomento – no caso de bolsas ou de
financiamento de projetos –, seja de órgãos da própria instituição a que o
pesquisador é vinculado. Pode ser solicitado também em função de exames
de qualificação, no caso de alunos de cursos de pós-graduação.
Os Relatórios de pesquisa, assim como os Relatórios de outras atividades,
não devem ser confundidos com o Memorial. O Relatório, além de se referir
a um projeto ou a um período em particular, visa pura e simplesmente
historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os
caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar os
resultados – parciais ou finais – obtidos. Obviamente deve sintetizar suas
conclusões e os resultados até então conseguidos, sem, no entanto, a
necessidade de conter análises e reflexões mais desenvolvidas, como é o caso
no Memorial.
O Relatório pode se iniciar com uma retomada dos objetivos do próprio
projeto, passando, em seguida, à descrição das atividades realizadas e dos
resultados obtidos. Se couber, como no caso dos Relatórios de andamento,
deve ser encerrado com a programação das próximas etapas da continuidade
da pesquisa. E não basta dizer que a pesquisa terá prosseguimento, é preciso
detalhar e discriminar as várias atividades distribuídas nas várias etapas desse
prosseguimento.
Cópias dos produtos parciais – como transcrições de entrevistas, capítulos
já elaborados, dados registrados e tabulados – podem ser anexadas ao
Relatório, no qual devem ter sido sintetizados, não sendo, pois, necessário
que tais produtos integrem o texto do Relatório em si.

5.8. ARTIGOS CIENTÍFICOS

Destinados especificamente a serem publicados em revistas e periódicos


científicos, esta modalidade de trabalho tem por finalidade registrar e
divulgar, para público especializado, resultados de novos estudos e pesquisas
sobre aspectos ainda não devidamente explorados ou expressando novos
esclarecimentos sobre questões em discussão no meio científico.
O artigo tem a estrutura comum ao trabalho científico em geral, mas
quando relacionado aos resultados de uma pesquisa, deve destacar os
objetivos, a fundamentação e a metodologia da mesma, seguindo-se a análise
dos dados envolvidos e as conclusões a que se chegou, completando-se com o
registro das referências bibliográficas e documentais.
Quanto à formatação técnica do texto, as revistas e periódicos costumam
estabelecer normas específicas para a publicação dos artigos, cabendo ao
autor se inteirar delas antes de enviar seu trabalho à editoria.

5.9. RESUMOS TÉCNICOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

O Resumo em questão consiste na apresentação concisa do conteúdo de um


trabalho de cunho científico (livro, artigo, dissertação, tese etc.) e tem a
finalidade específica de passar ao leitor uma ideia completa do teor do
documento analisado, fornecendo, além dos dados bibliográficos do
documento, todas as informações necessárias para que o leitor/ pesquisador
possa fazer uma primeira avaliação do texto analisado e dar-se conta de suas
eventuais contribuições, justificando a consulta do texto integral.
O que deve conter o Resumo? Atendo-se à ideia central do trabalho, o
Resumo deve começar informando qual a natureza do trabalho, indicar o
objeto tratado, os objetivos visados, as referências teóricas de apoio, os
procedimentos metodológicos adotados e as conclusões/ resultados a que se
chegou no texto. Responde assim às questões: De que natureza é o trabalho
analisado (pesquisa empírica, pesquisa teórica, levantamento documental,
pesquisa histórica etc.)? Qual o objeto pesquisado/estudado? O que se
pretendeu demonstrar ou constatar? Em que referências teóricas se apoiou o
desenvolvimento do raciocínio? Mediante quais procedimentos
metodológicos e técnico-operacionais se procedeu? Quais os resultados
conseguidos em termos de atingimento dos objetivos propostos?
Qual o perfil do Resumo? O texto do Resumo deve ser composto de um
único parágrafo, com uma extensão entre 200 e 250 palavras, ou seja, de
1400 a 1700 caracteres, computando-se todos os seus elementos. Limitando-
se a expor objetivamente o conteúdo do texto, não deve conter opiniões ou
observações avaliativas, nem conter desdobramentos explicativos. Inicia-se
com a referenciação bibliográfica do documento e se encerra com a indicação
dos cinco unitermos temáticos mais significativos do texto. A formatação do
texto (indicação da fonte, do tipo de letra, seu tamanho, espaço interlinear,
margens etc.) fica a critério dos organizadores e na dependência do tipo de
publicação em que os Resumos serão divulgados.

A RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Uma resenha comporta várias partes lógico-redacionais:


- Cabeçalho : transcreve os dados bibliográficos completos da publicação resenhada.
- Pequena Informação sobre o autor do texto. Dispensável se o autor for muito conhecido.
- Exposição sintética do conteúdo do texto. Esta exposição deve ser objetiva e conter os pontos
principais e mais significativos da obra analisada. Pode seguir capítulo ou parte por parte. Deve
passar ao leitor uma visão precisa do teor do texto.
- Comentário crítico. Trata-se da avaliação que o resenhista faz do texto que leu e sintetizou. Essa
avaliação crítica pode assinalar tanto os aspectos positivos quanto os aspectos negativos. Assim,
pode-se destacar a contribuição que o texto está trazendo para determinados setores da cultura, sua
qualidade científica, literária ou filosófica, sua originalidade etc.; negativamente, pode-se explicitar
as falhas, incoerências e limitações do texto.
As críticas devem ser dirigidas às ideias e posições do autor, nunca a sua pessoa ou às suas
condições pessoais de existência. Quem é criticado é o pensador/autor e suas ideias e não sua pessoa.
É sempre bom contextuar a obra a ser analisada, no âmbito do pensamento do autor, relacionando-a
com seus outros trabalhos e com as condições gerais da cultura da área, na época de sua produção.
Na medida em que o resenhista expõe e aprecia as ideias do autor, ele estabelece um diálogo com o
mesmo. Nesse sentido, o resenhista pode até mesmo expor suas próprias ideias, defendendo seus
pontos de vista, coincidentes ou não com aqueles do autor resenhado. Como construir a resenha?
Com relação à elaboração de uma resenha, ter presente as seguintes orientações: O cabeçalho é
composto pelos dados bibliográficos do livro, a fim de se ter a identificação do texto a ser resenhado.
Transcritos esses dados, construir a resenha dando os passos que se seguem. Não há necessidade de
capas, páginas de rosto etc.
Fazer algumas considerações introdutórias, contextuantes, para se criar um clima, dando a entender
qual o âmbito do problema que o livro vai discutir.
Em seguida trazer algumas informações sobre o autor: quem é ele, qual sua área de formação e de
especialização, se já publicou outras obras, quais suas principais posições, para que escreve o atual
livro etc.
Num momento seguinte, retomar e expor os principais elementos do conteúdo do livro,
acompanhando o raciocínio do autor. Não é preciso detalhar muito. Se for o caso, destacar algum
ponto mais relevante.
Concluir com algumas considerações finais, inclusive críticas. Trata-se de um livro importante? Por
quê? Traz alguma contribuição? Para quem? Vale a pena ser lido? Por quê? Quem deve lê-lo? As
posições do autor são coerentes, sólidas? São originais ou o autor é repetitivo? Etc.
No decorrer do texto, pode-se inserir pequenas passagens, quando relevantes e ilustrativas,
colocando-as entre aspas e citando a página de onde foram transcritas. Mas não se deve fazer
citações de outras fontes nem inserir outras referências bibliográficas. Também os comentários e
apreciações podem ser distribuídos ao longo do texto, quando oportuno.

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