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Qual sua interpretação do desenho?

A figura mostra um homem, sem olhos, sem mãos, sem pés, desajeitado,
desengonçado, com pouca ou nenhuma feição facial, e, como não citar, está
sozinho. Além disso, se o leitor observar irá notar que contém apenas duas
cores, branco e preto, que representam o sentido literário das coisas no mundo
autista, ou é, ou não é, o sim e o não, ou seja, o mundo sem metáforas.

Agradecimentos: A revisora Anna Avellar, que além disso me tolera com toda
a paciência do mundo em suportar um autista clássico, a minha mãe e filha
Nicole Rugenski, também.

Um livro escrito por um autista PhD em ciências,


na qual o relato em terceira pessoa pode ser estranho,
pode ser surreal, mas de qualquer forma ele é bem real.

Autismo Adulto, quando nos descobrimos.

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Ser diferente e não se reconhecer.
A pessoa com autismo, que não fora identificado quando criança, e assim não
sabe das suas limitações comportamentais, de compreensão sem ser o literal, e
do reconhecimento dos sinais em sua plenitude, tem uma vida conturbada e
muitas vezes sem entender os significados, pode cometer erros, destratar as
pessoas, sem siquer perceber.

Uma maneira prática para o diagnóstico é procurar ajuda médica e psicológica,


de especialistas em autismo. No entanto, um teste simples, na qual o autista
ainda não diagnosticado efetivamente pode fazer, é tentar montar um pequeno
jogo de quebra cabeças para idades de 3 a 7 anos. Caso não consiga finalizar o
jogo, não custa nada procurar um especialista. Independente do prazo, num
determinado momento do teste, o autista pode ser que literalmente trave, e não
consiga mais finalizar a montagem. Isso pode ocorrer quando as figuras a
serem montadas são pequenas e com grande quantidade de informação,
extremamente coloridas, por exemplo.

Outro teste muito interessante é tentar reconhecer as sutis diferenças de


fisionomia em uma pessoa. Como observado na Figura Abaixo (Figura I)

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Figura I. Teste de fisionomias desenvolvido pelo Massachusetts Institute of
Technology, nos Estados Unidos da América (PHILIPPE G. SCHYNS, AUDE OLIVA, 1998).
(http://cvcl.mit.edu/hybrid_gallery/smile_angry.html)

Outros testes podem ser encontrados na internet, como da Figura I, como


exemplo as contidas no site: http://www.dogonews.com/2015/4/7/marilyn-or-
einstein-take-this-fun-eye-test-devised-by-mit-researchers

A complexidade do diagnóstico do autismo é relativamente simples, na


criança, usando se a definição de Leo Kanner publicada nos USA em 1943.

Asperger, no entanto, apesar de conhecedor do trabalho de Kanner, descobriu


outras características no autismo, mesmo durante o período da segunda guerra,
quando trabalhou em Viena para a Alemanha Nazista. Kanner foi aplicado a
crianças e adultos menos verbais, com deficiencias cognitivas e menos
interativas socialmente.

No entanto, Asperger via as vezes a genialidade por trás de algumas crianças


autistas. Esse autismo de alta funcionalidade só foi realmente descrita por
Asperger, ao longo dos seus estudos. Há um livro “As crianças de Asperger, as
origens do autismo na Viena Nazista”, é um livro importante a ser lido, porém
a descrição dos fatos as vezes são chocantes, sendo utilizado palavras como o
DESCARTE de crianças.

Porem, a história da descoberta de uma doença nem sempre é por vias floridas,
e deixamos a história se incumbir do seu julgamento. O fato é que o trabalho
de Asperger não pode ser descartado e veremos ao longo do livro a sua
importancia, na classificação metódica e de características científicas rígidas
ao seu estudo.

Vemos que até no nosso milênio ainda há pessoas adultas autistas que não
sabem da sua doença, e são pessoas que como não tem a alma social o gemüt .
A alma social é a capacidade das pessoas se relacionarem e contribuírem para
aquele nicho social se desenvolver.

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Tambem não entraremos no mérito de alguns pais serem contra ao termo
DOENÇA, o fato é que pela a OMS se trata realmente de uma doença, e eu
que sou autista Asperger, considero que alguns problemas meus, como me
desconectar da realidade e ir para um mundo imaginário, seja ele, uma
discussão ocorrida, que eu não consigo esquecer, e tento criar soluções
melhores daquelas que ocorreram de fato.

Este estado imaginário é certo psicótico, e o médico famoso Asperger sempre


estudou essa característica no autista, como podemos a princípio informar, o
caráter, a dupla personalidade, entre outros. E ocorre em todas as etapas da
vida, seja infância, juventude, adulta e senil.

O autismo é considerado uma doença e apresenta classificação Internacional


de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como
Classificação Internacional de Doenças – CID 10) essa classificação é
publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a
codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde

O CID 10 – F84 engloba os seguintes transtornos:

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F84 - Transtornos globais do desenvolvimento

CID 10 - Transtornos globais do desenvolvimento


F84
CID 10 - Autismo infantil
F84.0
CID 10 - Autismo atípico
F84.1
CID 10 - Síndrome de Rett
F84.2
CID 10 - Outro transtorno desintegrativo da infância
F84.3
CID 10 - Transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a
F84.4 movimentos estereotipados
CID 10 - Síndrome de Asperger
F84.5
CID 10 - Outros transtornos globais do desenvolvimento
F84.8
CID 10 - Transtornos globais não especificados do desenvolvimento
F84.9

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CID XI . O Asperger o antes denominado CID X F84.5 está entre o CID XI 6
A02.2 & 6 A02.3

CID XI Referente ao autismo, continuação.

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O autismo tem diversos níveis, e não podemos simplesmente classificá-lo
como um caso clássico, aquele dito de baixa funcionalidade. Caracterizada por
problemas com a comunicação, interação social e comportamentos repetitivos
severos. O autismo clássico é tipicamente diagnosticado antes dos três anos.

O autismo clássico pode variar de leve ou de alto funcionamento, a grave ou


de baixo funcionamento. Autismo de alto funcionamento envolve sintomas
como competências linguísticas em atraso ou não funcional, comprometendo o
desenvolvimento social, ou a falta da capacidade de “role play” com os
brinquedos, e fazer outras atividades lúdicas que as crianças imaginativas
neurotípicas fazem. No entanto, as pessoas com autismo, de alto
funcionamento tem um QI na faixa normal ou alta, e podem exibir nenhum dos
comportamentos compulsivos ou auto-destrutivos, psicótico, e podem ser
vistos como autismo de baixo funcionamento. (http://ateac.org.br/tipos-de-
autismo/)

Autismo de baixo funcionamento é um caso mais grave da doença. Os


sintomas do autismo são profundos e envolvem déficits graves em habilidades
de comunicação, habilidades sociais pobres, e movimentos repetitivos
estereotipados. Geralmente, o autismo de baixo funcionamento está associado
com um QI abaixo da média. Mas não significa que todos terão baixo QI, pelo
contrário, as vezes pessoas muito inteligentes não conseguem ir bem nos testes
de QI, e são sim, muito inteligentes.

Além dessas classificações no que tange o espectro autista temos a síndrome


de Rett que tem origem na mutação genética do gene MECP2 (USP,
http://genoma.ib.usp.br/pt-br/servicos/consultas-e-testes-geneticos/doencas-
atendidas/sindrome-de-rett), ligado ao cromosso X, e Asperger. Outras
denominações como transtorno invasivo do desenvolvimento, transtorno
desintegrativo da infância também são classificadas como de espectro autista.

A síndrome de Asperger, um nome atualmente em desuso, é uma síndrome do


espectro autista. Hoje é considerado um autismo de alto funcionamento,
podemos até nos arriscar em dizer de altíssima funcionalidade. Alguns gênios
da nossa civilização se enquadram nessa síndrome, através de correlação direta
dos seus comportamentos sociais. Bill Gates, um dos criadores da Microsoft,
apresenta quadro clínico da síndrome de Asperger. Mas pode ser também que
não seja, no entanto sua genialidade é inquestionável, e de que anda olhando
para o chão, que tem hábitos rígidos, como caminhar, e sempre ler livros, e ter
pouco contato visual com as pessoas, serem características Aspies.

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O autismo de alto funcionamento e o Asperger são praticamente similares,
porem existe uma única diferença, a criança com o autismo apresenta
dificuldade no inicio do aprendizado, assim é possível que a criança na idade
da pré-escola tenha dificuldades no aprendizado. Dificuldades em decorar e
compreender vogais e consoantes, bem como o de decorar o Abecedário, pode
ser umas das características. No entanto, sempre terá facilidade com números.

Este tipo de autismo de alto funcionamento (Asperger) tem algumas


características distintas, incluindo excepcionais habilidades verbais, problemas
com o jogo simbólico, problemas com habilidades sociais, desafios que
envolvam o desenvolvimento da motricidade fina e grossa, e intenso, ou
mesmo obsessivos interesses especiais. (http://ateac.org.br/tipos-de-autismo/)

O quadro clínico da síndrome de Asperger possui uma classificação complexa.


A mesma faixa de espectro autista pode ter indivíduos muito dispersos de uma
média consensual. Há indivíduos que conseguem decorar números na memória
com mais de 7 dígitos, enquanto que outros conseguem decorar apenas 3. Não
que, quem consiga decorar poucos dígitos seja incapaz de decorar mais
números, mas por que, não teve ânimo de decora-lo, pois não vislumbrou um
objetivo claro na sua vida, naquele momento em que foi instigado a decorar,
ou mesmo a fazer o teste de QI, e essa condição ultrapassa o próprio querer.

Os grandes gênios da humanidade surgem das interpretações simples, para


soluções, aquelas que muitas vezes estão lá, mas ninguém consegue ver um
significado, uma interpretação. Um fenômeno físico, como a simples condução
da corrente elétrica por um fio, levando em consideração a tensão e correntes
aplicadas, é descrita pela lei de Ohm, que é uma formulação simples criada por
George Simon Ohm. Não que Ohm tenha sido autista, mas bem que poderia ter
sido, e morreu sem saber.

Outro caso típico, e esse sim confirmado como um caso de autismo foi o do
cientista Henry Cavendish (1731-1810) que apresentava fobia social, e em sua
privacidade criou um elaborado sistema de rituais, com até mesmo a presença
de caixas de cartas, e portas duplas dentro de sua própria casa. Cavendish foi
um brilhante cientista, o primeiro a descobrir que a água não era um elemento
simples, mas sim composto por átomos de hidrogênio e oxigênio, formando
assim moléculas, e essas moléculas ligadas umas as outras. Ele também
descobriu, mas foi negligenciado pelas descobertas de dois princípios
fundamentais da eletricidade, a Lei de Coulomb’s e a Lei de Ohm. (PHIL BARKER,
2008)

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A necessidade de escrever um texto, num sentido mais simplificado da vida,
sem que depois tenha obrigação de corrigí-lo em papel, passando corretor de
tinta, quanto aos erros de datilografia, como ocorria antes do advento do editor
Word da Microsoft. Foi algo mágico, criado por um autista. Os textos até
então, feitos ate meados da década de 70, eram realizados através do uso da
máquina de escrever, e da necessidade de corrigir intensivamente um texto,
alguém criou uma maneira mais rápida e eficaz, escrever através de dígitos,
corrigi-los, e só depois imprimi-los em papel.

O próprio Albert Einstein apesar das formulações complexas, envolvidas na


sua dedução da teoria da relatividade, chegou a uma solução simples, descrita
por uma única fórmula que correlaciona energia e massa. Por correlação
simples Einstein se enquadra num quadro clínico de espectro autista, mesmo
não tendo sido feito exames clínicos e psicológicos dele em vida para se
detectar a síndrome de Asperger. Porém sua vida privada quanto ao seu
comportamento era complexo e notório. Einstein tinha problemas com
relacionamentos, tinha dificuldade em trocar o estilo de roupa, e como não, o
grande cientista também falhava em seus cálculos, erros considerados triviais
eram observados, ou seja lapsos de atenção (algo comum em autistas). Uma
frieza com respeito a família era visível, no entanto, sempre escrevia para eles.
Uma relação de meia distancia pessoal e não somente um estado de frieza no
carinho familiar envolvia o cientista. Para um autista pode ser mais fácil
escrever do que falar, e ate mesmo, é mais fácil dizer certas coisas ao telefone.
O autista tem dificuldade em consternar seus sentimentos explicitamente,
apesar de amar alguém, ele não o diz explicitamente a pessoa. Evidentemente
que com o tempo o cérebro autista aprende com as relações sociais e assim o
dizer te amo, apesar de ser dito para a pessoa em referencia, é dita de forma
mecânica, sem sentimento. Mas mesmo assim consegue passar a informação a
terceiros.

As pessoas classificadas como autista de “alta funcionalidade” (“asperger”)


geralmente respondem com soluções simples, é ou não é, não existindo o meio
termo, ou mesmo uma resposta metafórica, ou mesmo complexa, ele tenta
resumir de forma o mais resumidamente possível. Assim, surgem os gênios,
pessoas que criam modelos de realidade simplificados. Os gênios não criam
coisas de tamanho complexo, por que se não, como as pessoas ditas normais
entenderiam? E como elas se enquadrariam como gênios pela própria
sociedade, caso contrário, seriam descritas como loucas, pois ninguém entende
o que se dispôs a explicar.

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Os Arpergers ou Aspies, quando do quadro de autismo, e quando não
descoberto na infância, apresentam seu diagnóstico falseado, pois ele como
pessoa tenta entender os fenômenos do sentimento e criar soluções para as suas
necessidades. A pessoa com o passar do tempo se sente normal, apesar de
alguns falarem que é diferente, meio estranho, quieta, entre outros adjetivos e
comportamentos ritualísticos. Muitas vezes o Asperger passa por arrogante,
mal educado, grosseiro, a isso se deve ao seu comportamento extremante na
sinceridade.

Você mesmo, o autista, não se reconhece como tal, ignora essas falácias e leva
para o lado pessoal quando da crítica, mesmo sendo uma crítica construtiva.
As descrições realizadas pelas as outras pessoas blindam ainda mais o
diagnóstico. Aliás, existe uma luta interna entre o eu interno, com o eu social
da pessoa, com uma tendência de contornar assuntos que o levem ao seu
próprio reconhecimento da doença.

O autista não imagina que seja ele doente, mas que as pessoas ao seu redor
muitas vezes sejam essas sim problemáticas e causadoras de brigas,
discussões, etc. O autista por sua característica de ser extremamente sincero,
muitas vezes magoa as pessoas, mesmo sem sentir, e mesmo tentando atenuar
o seu ato. Um exemplo seria daquele que numa noite de natal, ao receber um
presente, o autista olha e após ver realmente o que ganhou, e quando percebe
que não gostou, ele mesmo tentando não ser indelicado diz OBRIGADO! Mas
não consegue esconder sua fisionomia ao dizer com palavras, não imaginando
que seu corpo através dos sinais do seu rosto, respondem de forma contraria as
suas palavras. As outras pessoas o entendem, mas ele mesmo não.

A dificuldade em entender situações e a fisionomias das pessoas é algo que


pode gerar ações de risco para o autista, ou mesmo desconfortáveis. E como
não, pode criar a perda de boas amizades, pelo simples fato do uso de uma
frase mal colocada num contexto sem nexo. As dificuldades do autista em
compreender os contextos é algo comum, mesmo ele ao ter aprendido a
responder em certas ações, pois com o passar do tempo nosso cérebro aprende
independente do ser autista, ou do ser normal.

Por todo o exposto é evidente a necessidade do preciso diagnóstico através de


funcionários Nas áreas de psicologia, psiquiatria, e fonoaudiologia. Bem como
da procura por especialistas com experiência no transtorno, pois a procura de
especialistas sem experiência em autismo pode levar ao diagnóstico errado.
Como exemplo, pode mencionar a esquizofrenia, que apresenta em certos

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níveis característicos, de certa forma semelhante. Historicamente o próprio
autismo foi classificado através da análise da psicose.

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Infância
É estranho como um autista (Asperger) pode se lembrar de fatos ocorridos na
infância e narrá-los, mesmo que os acontecimentos tenham ocorridos em
idades de 3, 4 e 5 anos, da mesma forma que narra histórias contemporâneas.

Imagens de locais, observados quando a pessoa tinha 3 anos de idade, que


foram guardadas na memória do autista, e posteriormente ao revisitá-las, o
mesmo local, anos depois (37 anos depois), o autista consegue descrever
imagens antigas e comparar com a atual, podendo até mesmo citar como era
antigamente, e conferir sua memórias visuais, com pessoas que sempre
moraram nesses locais.

Alguns fatos são mais marcantes do que outros, evidentemente, não podemos
classificá-los como completamente normais. Há relatos de crianças que ouvem
vozes, e essas vozes, geralmente de uma única pessoa, às vezes adulta, se
confirmam como amigos virtuais. Em casos extremos a criança autista pode
materializar até mesmo o seu amigo.

Essa característica é muito parecida com a da esquizofrenia, porém são


doenças distintas, e devemos comentar que geralmente a esquizofrenia surge
na idade adolescente. Já o autismo surge muito mais cedo. Podemos mencionar
que ambas doenças são inversamente proporcionais no tempo.

Essas vozes que podem configurar um amigo oculto, imaginário, ajuda a


pessoa autista quando da infância a superar seu isolamento social. Crianças de
alta funcionalidade autista, os futuros “aspies” conseguem se relacionar com
seus pais, porém existe uma limitação a contatos externos ao clã familiar.

A escolha também do pai ou da mãe como mais agradável, um ou outro,


também pode ocorrer. Essa característica a de favorecer um dos pais com mais
atenção é recorrente. Filhos autistas podem ser mais frios com a mãe, por
exemplo, e menos frios com o pai, e isso vai depender de como ele se
identifica com um ou outro.

A sua relação com os irmãos, também não é simples e fluente. Ciúmes e a pré
indicação, na mente autista, de uma preferência por um dos irmãos pelos seus
pais, que não ele próprio, pode culminar num maior isolamento. Com o tempo

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e ao crescer os irmãos perdem as ligações familiares, e o autista pode
simplesmente não ter nenhum carinho com seus irmãos, podendo em algumas
situações ignorá-los, não tendo a necessidade nem a vontade de conversar.

Eles os autistas com a idade, assim raciocinam: não tenho nada a dizer. Ahh !!
... bom o fato é que simplesmente não há vontade de se comunicar, então não
se comunicam. Essa característica pode até mesmo ocorrer ao proferir um bom
dia para uma pessoa. O autista pode filosofar da necessidade de dar um bom
dia a uma pessoa. E isso não pode ser compreendido como uma má criação, ou
desleixo, ou ignorância.

Geralmente a criança autista gosta de ficar em seu lugar, na hora de dormir.


Prefere dormir com a porta aberta, devido aos seus medos infantis. O comer, o
se alimentar, pode ocorrer em qualquer lugar, de preferencialmente quando
pode, comer na frente da televisão o faz bem a vontade. Não há uma
necessidade de comer à mesa. Alias, comer à mesa com todos juntos, é algo
que pode ser desagradável à criança autista.

O poder da televisão na escolha da atenção para uma criança autista é muito


poderoso. Se os pais permitirem ela fica o dia inteiro assistindo TV. Outra
ferramenta também não tão menos poderosa, é o controle remoto. A criança
autista ao usar o controle remoto da TV, não distante da realidade, pode
começar a trocar os canais de maneira compulsiva, até encontrar um programa
televisivo interessante.

Quais programas são mais interessantes para uma criança autista? Isso vai
depender em muito da vontade dela, porém o range de escolhas pode ser
diverso, desde programas científicos, documentários sobre história da
humanidade, programas sobre biologia, química, chegando por final aos
desenhos animados. No caso dos programas científicos a criança não tem
bagagem para compreender as informações. No entanto, ela terá uma tendência
de ter sua capacidade de atenção, ser completamente capturada por esses
programas. Diríamos que o seu EU autista investigador, nasce ou toma corpo
ao assistir esses programas, ou quando da realidade, vê com seus próprios
olhos um evento instigante. O autismo de alta funcionalidade podemos dizer
que é uma máquina de produzir cientistas, pesquisadores, filósofos, desde que
seja vontade dela. Do contrario se for forçada, isso pode gerar graves crises
emocionais, levando ao estágio de autoagressão ou agressão a terceiros.

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A criança autista tem problemas em se relacionar com outras crianças, portanto
jogos coletivos não são algo que chame a atenção dela. Crianças normais
gostam de estar juntas a outras crianças e gostam de brincar juntas, dando
preferência a brincadeiras com bola, corridas, etc. O asperger não se relaciona
com todas as crianças de um determinado grupo, ela irá escolher apenas
algumas, se não uma, para brincar. Ela é seletiva e irá excluir pessoas mais
populares aquelas que se envolvem com todas as outras. Quando convidado
para brincar com outras crianças, por aquelas eleitas por eles, àquelas
selecionadas, o asperger ficará deslocado e talvez deixe a brincadeira, e vá
embora por não gostar, por se sentir minimizado, ou mesmo desprestigiado.

Não é incomum que a criança asperger tenha dificuldades em decorar musicas,


brincadeiras sociais, etc, e isso se deve única e exclusivamente ao seu interesse
pessoal. Na escola apesar de ser inteligente, e nas aulas, é comum ver uma
criança asperger olhar para o teto, ou para os lados, durante a aula do
professor. Essa característica pode ser um importante índice de observação do
professor para identificar os aspergers. Definitivamente sua atenção ao que
esta sendo explicado, dependendo da matéria lecionada, pode ter um déficit de
atenção ou não.

Uma característica importante dentro do espectro do autismo de alta


funcionalidade é o de ter dificuldade em aceitar que errou. Uma criança
asperger pode ficar irritada, se outras pessoas disserem que errou, e que
cometeu um engano. Geralmente os aspergers são classificados como pessoas
difíceis e turronas, mesmo em idade adulta. E assim possuem dificuldade em
aceitar erros.

A dificuldade de interagir com outras pessoas e de manter a amizade social é


uma característica clássica dessa síndrome. A criança autista quando briga com
outra que era sua amiga, mesmo que por anos tenha convivido, simplesmente
dentro do seu EU, apaga completamente a necessidade de amizade que ela
tinha com a pessoa. Não obstante, a criança com a síndrome de asperger exclui
de uma hora para a outra ate mesmo a saudade da pessoa após a briga, e nunca
mais tentará reatar. Simplesmente houve o fim da relação e ponto final.

Nesses casos, de ruptura das amizades após ocorrer uma briga, é finalizada
com a troca da pessoa por uma nova amizade, que evidentemente terá inicio
meio e fim. Assim, pode se observar que o asperger não é de totalmente
antissocial, se não, como ele conseguiria trocar as pessoas de seu conviveu?
Como conseguiria fazer novas amizades?

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O problema da troca está no tempo. Quanto tempo irá demorar a nova
amizade?

No inicio o autista se esconde, mostra um Eu que não é dele, um Eu que ele ao


observar outras pessoas. Ele percebe o que encanta uma pessoa normal, o
seduz, visando o ato de se relacionar com outra pessoa. Esse é um ponto
perigoso para a síndrome, pois evoca uma patologia séria que é a dupla
personalidade. E o perigo está no seu completo descontrole, em saber o real do
imaginário. No entanto, com o tempo o Eu real do autista prevalece, e resulta
assim, na perda da amizade.

Uma mente complexa na qual as outras pessoas de seu convívio se sentem


como objeto é real, mas a criança, ou mesmo o adulto, não consegue perceber
esse seu comportamento, pois é de toda forma natural para ela. O sentimento
de validade das relações pessoais é algo notório para autistas de alto
funcionamento.

Os animais de estimação são benéficos à socialização do autista. Ele o autista,


aprende muito com os animais um pouco de carinho, o dar e o receber. As
crianças muitas vezes se identificam tanto que assumem algumas linguagens
dos próprios animais para se comunicar com elas. Como exemplo podemos
citar, o fungar de um cachorro, o ficar de quatro, simulando ser um
quadrúpede, e assim, se mostrar igual ao animal, para ser melhor reconhecido
por este. A interação animal autista é algo que deve ser valorizado, porem,
deve ser observado se o autista não irá maltratar o animal. Normalmente a
relação entre eles é harmoniosa, e ajuda a melhorar o comportamento social do
autista com as pessoas.

A criança asperger sente que o animal de estimação é parte do seu clã familiar,
e geralmente o protege, dá alimento, carinho, como também conversa com ele,
usando a voz ou mesmo feições linguísticas do animal para se comunicar. Não
é incomum que o asperger quando numa viagem, e ao ligar através do telefone
para sua casa, peça para falar também com animal de estimação, se esse é um
cachorro ou gato. É importante entender que o autista, anexa o animal
doméstico como integrante da sua família, um irmão ou irmã. Esse fato, o de
inserir um animal como membro da família, pode ser devido ao pequeno rol de
amizades que o autista tem, e a sua necessidade de interagir diante do mundo.
Talvez o asperger não seja exatamente autossuficiente, como ocorre com o
autista de baixa funcionalidade, sendo o autossuficiente na maneira de ser o
seu Eu, não das necessidades básicas que ele não consegue realizar.

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Além da baixa sociabilidade alguns fatores físicos geram desconforto na
criança que tem essa síndrome, e em determinadas condições, poderá resultar
numa manifestação não social da sua incapacidade de lidar com o ato, ou fato.
Ao ser observado por pessoas ditas normais numa situação de desconforto, ou
mesmo de stress, o autista pode ser visto através de um estereotipo. As pessoas
julgam os atos das outras, e elas talvez não sabendo da condição de autismo
num asperger, já que esta mascarada poderá concluir que a pessoa é esquisita,
ruim, descompensada, etc.

O autista geralmente não gosta de usar roupas apertadas, assim, roupas justas
ao corpo, simplesmente não são vestidas. Essa condição já é observada quando
na fase de criança, onde se nota que ele não usa roupas apertadas, dando
preferência a roupas um ou dois números maiores. Outro fator, que pode ser
também de não menos importância, é que as etiquetas das roupas,
principalmente as das camisetas e camisas, incomodam de tal maneira o autista
que ele irá até mesmo arranca-la com as mãos, ou dentes. As crianças autistas
alem de escolherem roupas largas, podem também optarem por roupas que não
estão na moda. Roupas démodé, na qual elas, se sintam confortáveis podem ser
requisitadas ano após ano. Sua atenção também poderá ser capturada nas
roupas coloridas, como laranja, vermelho, azul. Roupas que contenham
contraste, como exemplo na cor azul e laranja, no mesmo item, poderão ser
convidativos, ao autista. Roupas com cor básica também são aceitas. As roupas
como o jeans poderá ser abdicado ao uso diário, ou mesmo excluído do rol de
possibilidades, como vestimenta, por ser composto de material menos
maleável e que engessa os movimentos.

Os problemas não ficam apenas na esfera das roupas, mas também com o
excesso de luz em ambientes, a luminosidade o irrita, ou mesmo cria nele, um
estado de desconforto. Ele irá preferir locais com luminosidade baixa, ou
mesmo, a penumbra. Caso ele tenha o controle do ambiente, fatalmente irá
pedir para desligar a luz, ou mesmo, ele fará a ação desligando-a, e irá manter
como exemplo apenas a luminosidade da televisão. Além disso, a criança
geralmente pode ter uma maior irritabilidade a determinados sons. O asperger
pode às vezes ouvir ruídos agudos de até 4dB de amplitude, sendo que uma
pessoa normal ouve em média amplitudes de 6dB. Isso pode ser explicado,
mesmos para ruídos distantes, de baixa frequência, que podem impedir a
criança de dormir. Esse dom também é mantido quando a criança se torna
adulto.

A mudança da condição de criança para adolescente pode atenuar certas


desordens. Portanto, a não identificação do autismo quando no estágio de

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criança pode dificultar o seu diagnóstico. No entanto, os problemas sociais irão
sempre existir, apesar de algumas correções aqui ou ali, já que o cérebro do
autista está aprendendo a atenuar certas discrepâncias sociais ao longo do
tempo. Isso se deve exclusivamente ao senso de sobrevivência que todos nós
temos.

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Adolescência
O fim do ciclo infantil e inicio da adolescência para o autista, não é uma
mudança simples. Ele de certa forma continua ainda meio criança, e percebe
que as outras pessoas ao seu redor, principalmente na escola, estão diferentes.
Chega um momento que ele percebe um distanciamento maior das pessoas
para com ele, e isso vai fazer com que o autista tente mudar também.

O estigma do isolamento é algo ruim ate meso para o altista de alta


funcionalidade, como ele esta no meio do caminho comportamental, entre um
autentico autista, e uma pessoa normal, ele terá depressão na solidão e tentará
encontrar companhia, mesmo que momentânea.

A compreensão de que suas amizades são voláteis é adquirida na fase


adolescente. Talvez esse entendimento contribua para um comportamento frio
e distante, das pessoas inquiridas. Isso também ajuda a gerar uma desculpa
interna do Eu autista, para si mesmo, para não visitar novos amigos,
ratificando uma mensagem de que não tem intimidade suficiente para tal
comportamento. Nesse estagio da adolescência começam a ser gerados
modelos de vida, que serão utilizados na idade adulta.

Para compensar o seu deslocamento social ele irá se empenhar em estudar,


visando ter material de conversa com seus colegas de escola. Os outros
adolescentes ao verem que o asperger tem mais conhecimento do que elas
começam a se aproximar. No entanto, enquanto que os demais colegas, os
alunos, se reúnem fora da escola para se socializarem, o asperger dificilmente
é convidado para essas reuniões externas a escola. Evidentemente quando se
aproxima os períodos de exames, as crianças vão se aglutinar ao asperger,
tendo um único interesse, o de compreender a matéria. Assim o autista é usado
como um objeto de consulta, sem ter uma relação de amizade bem definida.
Evidentemente isso muitas vezes faz com que o Asperger aprenda também a
usar as pessoas como objeto, pois ela mesma foi usada.

Os colegas adolescentes do asperger geralmente saem, eles vão ao cinema,


teatro, a playcenters, ou mesmo, se juntam em jogos de futebol, vôlei, etc. O
asperger dificilmente será convidado, porque as pessoas normais apenas a
toleram, mas não se sentem confortáveis em convida-la. Quando um do grupo
o convida, talvez por não se sentir seguro, o autista, pois irá sair da sua rotina,
ele simplesmente abdique do convite, ou se for, se sentirá menosprezado,

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desconfortável. Não distante desse fato, pode ocorrer que outra pessoa do
grupo comente, dependendo do convite, de que ele é “nerd” ou esquisito, e
talvez estrague o dia de divertimento delas.

Não obstante da realidade geralmente os grupos de pessoas na fase adolescente


utilizam termos estereotipados e pejorativos para descrever o “autista”.
Apelidos, piadas, brincadeiras de cunho maldoso, podem ser comuns, dentro
dos grupos que margeiam a presença do asperger. A sorte que algumas pessoas
às vezes interajam com o autista, por um fundo humanitário, por ver
qualidades que os outros não veem.

O autista assim sofre bulling mesmo na fase adolescente, e esses estigmas o


prejudicam a se relacionar com as pessoas. Pode ocorrer do asperger não sentir
necessidade de namorar, ou mesmo de ter um amor platônico. Caso haja a
intenção de namoro por parte dele, ele dificilmente irá revelar, e muito menos
irá falar diretamente para a pessoa pretendida. Ele não aprendeu a se portar
numa conquista. Pode ser que ele ao ver filmes, novelas ou seriados, veja
como se comportar e assim tente reproduzir o que viu. De outra forma não se
pode ignorar que geralmente os autistas são tímidos, e esse fator, irá prejudicar
ainda mais o seu desenvolvimento.

A sua dificuldade de olhar nos olhos das pessoas, poderá prejudicar a ele
apresentar os seus sentimentos para a namorada (o). Geralmente essa pretensa
namorada (o) pode ser alguém próxima, em que ele se apaixonou. No entanto a
pessoa pretendida pode vê-lo apenas como amigo e não ter observado ele
como uma pessoa interessante para o namoro. Numa visão da seleção natural
das espécies, o autista tende ser excluído da escolha do pretenso parceiro. Essa
característica pode ter um revés na fase adulta, quando ele assumir uma
posição social.

A fase do namoro no período adolescente é realmente muito difícil para a


pessoa com espectro autista. Essa é uma fase que ele terá que ultrapassar por
contra própria, ou, permanecer sem esse tipo de interação, ou seja, tudo
depende da escolha que ele assumir. Algumas pessoas podem optar em não
trilhar esse tipo de relação, ou mesmo, tomar a decisão de se tornar clérigo.

Na adolescência a interação social externa ao núcleo familiar, se torna mais


intensa, mesma para um asperger. A escola fomenta essas relações e é através
desse canal que o autista irá ter que dar mais um passo na sua cadeia evolutiva.

23
Encontros promovidos pela escola no que se refere a reuniões de grupos de
pesquisa, educação física, teatro, trabalhos dissertativos, onde o aluno tem que
ir, em conjunto a outros, e buscar livros nas bibliotecas, são promoções que
não deixam de ter uma corroboração social e didática. O autista no inicio
talvez não interaja com os demais alunos em ambientes externos a escola, mas
a sua capacidade de investigar, principalmente quanto à ciência e o descobrir o
mundo, irão fazer com que ele mude rapidamente e interaja de uma forma
“profissional” com os demais. A ciência de uma maneira geral, incluindo
matemática, química, física, filosofia, história e geografia, são exemplos de
disciplinas que o autista consegue se sobressair. E será lembrado pelos demais
alunos por suas qualidades.

Nessa fase jogos esportivos como voley, basquete e futebol, irão gerar um
choque social na pessoa autista. Ela ou se engajará em melhorar suas atuações
ou simplesmente ira abdicar das suas obrigações, optando por quadros
esportivos individuais, e isso, se manter-se na área de educação física.
(STRAPASSON, 2007)

Brigas, antipatias e o próprio isolamento pelo grupo do autista, devido ao seu


jeito desengonçado (inicialmente) nos jogos, poderá ser a princípio algo não
tão benéfico. No entanto, com os acertos esporádicos e sua inteligência para
criação de jogadas, pode mudar a configuração do problema.

De toda forma um início controlado, e, motivador da educação física, pode


resultar em bons conceitos educacionais, que não deixam de ter uma conotação
social, e de superação de suas limitações físicas. Alguns grandes jogadores ou
atletas podem surgir nesse campo, mesmo sendo eles autistas. Porem, não será
num contexto geral o melhor campo de atuação dos indivíduos autistas, ele
mesmo nesses campos, será individualista. Eles realmente se superam em
ciências exatas, e essa característica deve ser incentivada pela sociedade.

Podemos dizer que os autistas de alta funcionalidade devem ser envolvidos em


ciências. As características de tentar compreender os fenômenos, quando
educado para analisar o fenômeno, do ponto de vista não somente qualitativo,
mas também quantitativo, irá catequizar o Asperger a desenvolver seu celebro
de modo tal, a conseguir equacionar problemas complexos.

Assim, a sociedade deve localizar as pessoas com essas características e


fomentar o seu desenvolvimento intelectual. Uma vez que o Asperger não

24
tenha sua cabeça envolta de informações interessantes, ela pode entrar em
depressão, bem como, pode até mesmo se tornar violenta, e utilizar seu
intelecto até mesmo para o crime.

Alguns estudos internacionais indicam existência de certa relação entre seriais


killers e autistas de alta funcionalidade. Evidentemente, isso não é devido
única e exclusivamente à patologia, síndrome, mas sim, efetivamente ao
conjunto de fatores associados. Entre ele podemos destacar a genética, o
condicionamento social, a vida em família, condições ambientais, traumas
infanto-juvenis, entre outros.

A sociedade não pode excluir o asperger devido aos seus problemas, mas deve
usa-lo da melhor forma para que também o ajude a ter uma vida mais
saudável, e inspiradora.

Na fase adolescente também se concretiza a sua funcionalidade no que se


referem os sentidos sensoriais da pessoa. Geralmente o autista consegue ouvir
melhor do que uma pessoa normal, bem como, tem um olfato muito
desenvolvido. Essa característica pode levar o asperger a se tornar um bom
cozinheiro, através evidentemente da pratica adquirida em cozinhar.

O autista na fase juvenil para adulto, quando está diminuindo seus laços
familiares, pode criar rotinas em sua vida. Quando inserido totalmente na vida
familiar, ou seja, no núcleo familiar, a rotina é aquela imposta pela mãe e pai.
Quando ele começa a sair, e evidentemente talvez, venha morar longe da
família, pode ele criar rotinas na sua nova casa, ou mesmo em ambientes
externos. Essas rotinas podem ser alimentar, rigidez de horário, escolha de
determinados tipos de roupas, modos de vestimenta (uso de papéte com meia,
roupas coloridas, porem básicas, roupas largas com 1 ou 2 números maiores,
etc).

Quanto à vestimenta o asperger não irá ligar se a mesma está fora de moda, ou
tem uma combinação estranha, ou é feia. Ele irá usar coisas que são
confortáveis, acima de tudo, ou que lhe faça se sentir bem. Ele não irá se
importar com o que as pessoas acham da roupa dele.

Na adolescência o autista apesar de meio lento, no que tange a compreensão,


do ponto de vista comportamental e interações sociais, em sua interação, toma
determinadas ações que irão influenciar a sua nova fase, que será a adulta.

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Escolhas como profissão e sexualidade, são fatores influenciáveis pela
sociedade, e o autista, terá que ter mais tempo para efetivamente decidir, sobre
qual caminho a trilhar.

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Fase Adulta
Na fase adulta todos os seus sentimentos e desenvolvimentos afloraram, e com
isso, a pessoa, de maneira geral está completa. Isso acontece com a maioria
dos adultos, ditos normais, porém no caso do autista Asperger, evidentemente
isso não é fato. Muito do seu desenvolvimento cognitivo-social pode ainda
estar em desenvolvimento. Ele ainda poderá ter uma característica meio de
criança, meio de jovem imaturo, para determinas ações. Definitivamente um
adulto imaturo nas suas relações sociais. Sejam elas, profissionais, amorosas
ou mesmo nas relações de amizade.

Pode ocorrer que apenas no inicio da sua fase adulta ele tenha necessidade de
se relacionar amorosamente, talvez, apenas nessa etapa do desenvolvimento
ele consiga dar o primeiro beijo. É importante frisar que o autista que não foi
diagnosticado na infância, pode carregar ainda na fase adulta problemas de
desenvolvimento, e até mesmo de conhecimento comportamental, que
poderiam ser corrigidos através da terapia. No que tange as relações amorosas,
ele como já tem dificuldade em olhar nos olhos, tem uma enorme dificuldade
de tentar fixar o olhar nos olhos da pessoa pretendida. Imagine uma relação de
namoro na qual a pessoa inicialmente apresenta fuga de olhares? Como se
Dará ? as vezes a fuga dos olhares no asperger sejam discretos, e não
pronunciado.

Na fase adulta sua voz já deverá estar desenvolvida, e será possível em muitos
casos que ele como no caso da sua própria imagem no espelho, não consiga
reconhecer a si mesmo. Uma fala modulada, que é característico de autista de
alta funcionalidade poderá estar presente.

A fala modulada é uma característica sutil, na qual o autista fala de maneira


uniforme, constante e rítmica na mesma escala de entonação. Mesma quando
ele fala de algo, que numa pessoa normal apresente emoções, como raiva, ele
irá transcorrer de maneira equilibrada, ou mesmo controlado. Destoando o real
conteúdo emotivo.

Na vida sexual o autista comumente pode preferir a masturbação como ato


sexual. Ele é individual por si só, não sente necessidade social, ou é controlado
socialmente, não precisando sempre da presença de outra pessoa. O sexo na
presença de outra pessoa pode ser incrivelmente bom, e ele poderá adorar, ou
mesmo treinar atos, posições e formas, que não são completamente normais.

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Evidentemente irá buscar o prazer como qualquer pessoa normal. Poderá
também ter necessidade de assistir filmes pornôs. Talvez essa necessidade se
torne compulsiva, e ele com a sua companheira (o), tenderá a testar o que viu
no filme, aplicando com a parceira (o).

A forma de aprendizagem sexual através de filmes pornôs pode gerar


tendências ou mesmo distúrbios no autista, e leva-lo a libertinagem, ao
sadomasoquismo, entre outros. Assim deve se tomar certo cuidado. No
entanto, essa forma de aprendizagem irá libera-lo do extremo pudor. Ele vendo
o filme pornô ira se pôr como protagonista, e não coadjuvante do ato sexual.
Um comportamento dominador, pode ser esperado como resultado. Quando ele
encontrar uma companheira (o) dominante, pode ser que ele não consiga se
liberar no ato sexual.

Alguma reclamação da companheira (o) pode ocorrer no ato sexual. Isso se


deve ao asperger escolherem determinadas posições preferenciais. Isso para
uma parceiro normal pode resultar em mesmice.

O autista de qualquer forma pode ser um companheiro amoroso, sensível na


sua maior parte do tempo. Em algumas situações poderá ser individualista,
mas geralmente tentará passar prazer para o próximo.

A escolha sexual não é influenciada pela síndrome. Ele poderá tentar se


descobrir tardiamente, mas isso não traduz numa tendência de ser homossexual
ou heterossexual. Nesses casos, características sociais e ambientais poderão ser
determinísticas, porem, mesmo nesses casos o autista pode ser que fique alheio
devido a sua dificuldade de interação ambiental e social.

Quanto ao trabalho, na sua profissão, ele poderá ser dedicado. Poderá não ser
uma pessoa que faça seu trabalho muito rápido, mas com certeza será preciso.
A sua dedicação e seu detalhis-mo para certas coisas da vida e observações,
podem levar ao altista Asperger, a ser um profissional que resolva problemas, e
solucione ou melhore a eficácia do trabalho.

Na biografia dos autsitas há um caso especifico de uma pessoa chamada Mary


Temple Grandin, uma americana, mais conhecida por Temple Grandin, é uma
mulher com autismo de alta funcionalidade, Síndrome de Asperger, que
revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais vivos em
fazendas e abatedouros. Ela para entender o comportamento dos animais, se

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pôs como um animal, entrando até mesmo dentro do curral, e andando de
quatro, interagindo com os bois, para compreender o seu stress no
confinamento no frigorifico, dias antes do seu abate. Temple Grandin além
desse comportamento distrófico criou aparelhos que tinham o objetivo de
conter o animal para tratamento veterinário, de tal forma que atenuasse o seu
sofrimento e stress. Temple Grandin chegou ao titulo de PhD (Doctor
Philosophy degree) e se configurou como uma pesquisadora que modificou a
forma de tratamento dos animais e revolucionou a indústria pecuarista.

Evidentemente algum stress ou confusão poderá ocorrer na orbita dos autistas


no seu trabalho. Mas isso irá ocorrer somente se os seus colegas não
compreenderem as deficiências do autista de alta funcionalidade. Questões
quanto a requisição pelo autista de horário especial poderá ser necessário, para
o não conflito das regras da empresa e suas necessidades ritualísticas. Certas
dicotomias podem ocorrer em relação aos outros funcionários. Como exemplo
pode–se citar a falta de necessidade de se alimentar na hora do almoço, ou
mesmo, a de chegar ao trabalho antes da hora do expediente.

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A não compreensão dos sinais pelo Eu (autista).

O autista possui lapsos em sua interação social, já que não consegue observar
pequenos sinais de descontentamento ou mesmo felicidade. Mas possuem
também lapsos quanto à identificação de detalhes, não só nas pessoas, como
nos objetos. O autista é péssimo para localizar coisas, às vezes o objeto pode
estar a sua frente, aquilo que ele esta procurando, mas definitivamente ele não
irá localizar, ou terá dificuldade. Qual o autista adulto que nunca ouviu a frase,
“se fosse uma cobra teria lhe picado”, quando tentava encontrar o objeto?

Por isso alguns testes psicológicos irão abordar tal assunto. Os testes
neuropsicológicos WAIS III - Escala de inteligência Wechsler para adultos, são
testes simples, no entanto, não devem ser subestimados. O autista que estiver
decidido a realizar os testes poderá ficar até mesmo chateado, e nervoso, pois
apesar da simplicidade, os testes irão forçar a sua resposta, e talvez ele não
consiga realiza-lo em sua plenitude. Assim, é importante que os testes sejam
realizados em conjunto a um psicólogo.

O autista tem dificuldade em imaginar o que esta faltando nos desenhos. Ele
irá tentar identificar coisas pequenas, contagens de portas, janelas, como
exemplo. Tentando localizar o que é simétrico, e pode não atentar ao
assimétrico, ou mesmo a descontinuidades.

Os testes neuropsicológicos são a forma mais reconhecida no mundo, para


analisar a pessoa com quadro clínico de autismo. Nem sempre a pessoa autista
possui anomalias genéticas, deformações cranianas (principalmente no seu
hemisfério esquerdo do cérebro), anomalias na massa cinzenta do cérebro,
patologias psiquiatras significativas. No entanto a analise da cognição do
paciente poderá concluir pela sua classificação no espectro autista, ou o
descobrimento de outra doença.

30
Alguns testes WAIS III são observados abaixo:

31
Figura 2. O que está faltando na imagem?

32
Resposta 1a.

33
Figura 3. O que está faltando na imagem?

34
Resposta 2a.

35
Figura 4. O que está faltando na imagem?

Reposta 3a, 4a, 5a, 6a.

36
Figura 5. Qual o quadro que melhor se encaixa no ponto de interrogação?

37
Resposta 7a.

Respostas:
1a= falta neve em cima das toras.
2a= falta o ponteiro dos segundos.
3a= falta o contorno do nariz.
4a=o numero nove da carta não corresponde aos números de losangulos
na carta (8 losangulos).
5a= faltam as maçanetas do carro.
6a= falta a água saindo da jarra.
7a=é uma balança, então o peso deve ser igual, resposta número 4.

Existem outras doenças que podem ser verificadas com testes também
cognitivos, como o Alzheimer. Por mais incrível que se aparente o paciente
com Alzheimer tem dificuldade também em prestar atenção, e evidentemente
de se lembrar. Assim alem dos vários testes que podem ser aplicados ao
paciente, existe um muito simples e eficaz, que dará bons resultados. O
desenho de um relógio analógico.

O teste do relógio é um recurso rápido para ser aplicado no consultório (em


média 3 a 5 minutos) e traduz o padrão de funcionamento frontal e
temporoparietal. As disfunções executivas podem preceder os distúrbios de
memória nas demências. Pacientes com escores normais no MEEM podem ter
severas limitações funcionais demonstradas no teste do relógio.

Evidentemente o autista não devera ter problemas com o teste do relógio, e


esperasse que apenas pessoas com problema de Alzeimer tenham dificuldade
em fazer o teste. O teste é muito simples, é apenas um desenho, que pode ser
aplicado em varias datas, ou seja em varias consultas ao medico.

Pede-se ao paciente que desenhe o mostrador de um relógio com os ponteiros


indicando uma determinada hora. A sensibilidade é maior que 86% e a
especificidade superior a 96% quando esse teste é comparado a outros
instrumentos. Trata-se de um instrumento particularmente útil para ser
utilizado no consultório por sua simplicidade, rapidez e perfil amigável.

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Figura 6. Resultado do teste para uma pessoa com Alzheimer, aplicado em
varias fases da doença.

39
Como exemplo foi solicitado ao paciente para desenhar um relógio marcando
2h45. Notasse que o paciente com Alzeimer possui dificuldade em lembrar até
mesmo o desenho do relógio, pondo as devidas proporções numéricas e
mesmo ate de adicionar os ponteiros de hora, minuto e segundos. Esse teste é
notável pois pode se observar a degradação cognitiva do paciente com o
tempo.

O breve comentário sobre a doença de Alzeimer foi apenas apresentada para o


autista ter conhecimento que existem outras doenças cognitivas e para ter
noção que há doenças mais severas, e mais degradantes do ponto de vista
humano.

40
Figura 7. Resultado do desenho feito por pacientes com Alzheimer, quando
pedido para desenhar um relógio marcando a hora de 2:45:00.

Esse simples teste tem demonstrado ser mais sensível no diagnóstico precoce
da doença de Alzheimer do que muitos outros instrumentos, podendo ser
ranqueado de acordo com protocolos padronizados.(
http://www.alzheimermed.com.br/diagnostico/avaliacao-cognitiva )

Portanto apenas um especialista pode interpretar os testes e assim classificar


uma pessoa como o autista. O próprio autismo foi inicialmente estudado como
esquizofrenia, e a principal diferença esta no tempo em que a patologia aflora.
Geralmente o esquizofrênico começa a desenvolver a doença durante e após a
adolescência, já o autismo surge quando criança. Os dois casos podem ter
visões, como amigos imaginários, crises de raiva, etc, mas são acima de tudo,
doenças diferentes. O que parece muitas vezes não é, e nem sempre se
confirma. A linha do diagnostico nem sempre é fácil e muitas vezes pode ser
concluída de uma forma errada.

Como o diagnostico não é simples, você pode imaginar que a pessoa com
espectro autista, o asperger, ele esta no meio da distancia entre um conteúdo
dito normal e outro de fato com todas as características autistas, e com
presença de retardo mental, você pode imaginar se ele realmente consegue
entender na sua plenitude todos os sinais sociais. Evidentemente não irá ter um
bom entendimento.

Os leves detalhes como observado nos testes mostram que ele poderá não dar
importância para um determinado assunto, ou fato. Ele o autista irá ignorar e
assim poderá colher, inimigos ao longo da sua vida. E essa atitude será
imparcial e sem o devido objetivo de ignorar. Simplesmente não interage, pois
não tomou ciência do assunto.

A memória que também foi abordada nos testes pode ser um resultado ruim
para o quadro autista, não por que ele tenha problema de memória, mas pelo
fato de talvez ele não tenha interagido com o fato, o numero, a imagem, em
fim, as coisas do mundo, e assim, não se recorda quando questionado.

41
A não compreensão dos sinais pelo Ele (autista) e por ela
(normal).
O autista é uma pessoa singular. Como ele tem dificuldade de entender os
sinais enviados pelas pessoas, ele mesmo pode gerar confusão, interpretar
errado o sinal. Um exemplo seria a de uma garota que lhe dá bom dia, com
sorriso no rosto e olhar nos olhos. Ele pode interpretar como um interesse
distinto do simples comprimento, e entender como uma aproximação por
interesse, e se apaixonar por ela. Alias o autista quase sempre se engana com
os sinais, pois não está inserido na sociedade devido as suas próprias
limitações.

Num dialogo em que haja “entre linhas” a serem compreendidas, e sua ação
verbal não é máxima expressão da conversa, o autista de alta função pode
simplesmente ignorar, entender o real sentido enviado pela pessoa, ou até
mesmo entender o oposto do que está sendo informado.

Assim a não compreensão dos sinais pelo ele é algo difícil de compreensão
não apenas para o autista como para as pessoas que interagem com ele.

A sociedade ao ver um autista não tem a noção de quão complexo pode ser a
pessoa, e sua interação. O Asperge parece ser uma pessoa normal, mas não é.
As pessoas, portanto acreditam que ela compreenda as informações tanto
verbais, como através de sinais, seja ela através da face, mãos, ou desenhos.

O problema esta exatamente nessa falsa condição de normalidade. Todavia


quando uma pessoa normal exprime seus sinais e atua verbalmente através de
um determinado assunto, ou ação, ela consegue exprimir para a outra pessoa o
que realmente se passa no seu cérebro. Seja um pedido de perdão (não
explicito), seja um sinal de fúria ou nojo (sinal facial). Para o autista talvez
isso não represente no seu cérebro aquilo que realmente ele queira passar de
informação. E exatamente por isso o Autista mesmo sendo Asperger é,
sobretudo um Deficiente.

Alguns autistas, por viverem num mundo paralelo ao real, e isso depende do
grau de autismo que a pessoa possua, quanto maior o grau, maior será a

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distancia do seu mundo com o real. Mesmo os Asperges possuem certa
defasagem entre esses mundos, pode ser que não seja continuo e periódico,
mas é pertinente essa distancia e o resultado na sua vida pessoal e social existe.

Os Aspergers são pessoas incríveis, elas podem concorrer a qualquer estilo de


vida, e podem se dar muito bem na vida. Isso ocorre pois elas graças ao seu
mundo paralelo podem se tornar qualquer pessoa, e serem qualquer
profissional, geralmente são muito meticulosos. É como se ele fosse um
grande ator e o palco é o mundo, no entanto a plateia é ele mesmo. Por isso os
Asperges são tão críticos e não conseguem lidar especialmente com criticas.

Profissionalmente há alguns exemplos de grandes atores e atrizes como Keanu


Reeves e Keira Knightley. Sem comentar Robin Williams que era uma pessoa
sensacional e que conseguia fazer todas as caras em sua face. Infelizmente
como é de conhecimento Robin Williams teve uma vida pessoal conturbada,
que reflete a sua condição autista, e finalizou com o seu suicídio.

O suicídio de certa forma é uma condição constante na vida do Asperger,


ideias suicidas provenientes da depressão são algo serio em que se deve estar
sempre atento. Essas ideias são sem sombra de duvidas da interpretação errada
pelo autista das informações sociais e principalmente das pessoas próximas a
ele.

Assim, a compreensão dos sinais e o ter a exata noção do seu completo


entendimento é algo que deve ser abordado sempre pelo autista e pelas pessoas
de seu conviveu intimo. E assim, é de extrema importância acompanhamento
psicológico e psiquiátrico por toda sua vida. Pois nunca se sabe a real
intensidade que uma informação pode gerar na compreensão do cérebro
autista.

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A culpa do autodiagnóstico, ignorando os fatos.
O autista ao crescer ele ira perceber certas atitudes e fatos que envolvem a sua
personalidade e comportamento. Irá observar mais dos seus amigos e parentes,
do que seus próprios. No entanto, com o tempo irá notar que as vezes ele é o
responsável pela a falha no relacionamento, seja ela o da amizade, namoro,
trabalho ou mesmo do seu casamento, se houver. Ele poderá ver filmes de
autismo, mas talvez no seu primeiro contato não se identifique com as
características.

Isso decorre porque ele muitas vezes não irá se culpar por ser grosseiro, brigar,
ou mesmo discutir com alguém. Ele irá colocar a culpa sempre no outro.

Porem, com o tempo amigos verdadeiros, que ele possivelmente ira perder ao
longo da sua vida, devido as suas atitudes de personalidade serem difíceis, irão
deixar frases, relatos, menções que em algum dia ele, em muitos dos seus dias
depressivos irá lembrar, e irá analisar.

O tempo é uma variável que não existe realmente para o autista. Ele poderá ser
afixonado em chegar na hora certa, ou antes, ao encontro ou trabalho, mas
quando ultrapassa esse nível, o após horário de referência, para aquele dia e
momento, durante o dia, o tempo se dilata ou comprime, na percepção autista.
Simplesmente por conveniência. O fato que nem sempre o cotidiano tem haver
com o tempo, é uma simples rotina. O autista tende a manter uma rotina diária.

Em algum momento, tudo pode ocorrer, e quando ele fizer a analise, pode
imaginar que é loucura. Eu ser autista ? jamais, assim ele dirá. Mas quando as
características se encaixarem completamente como um quebra cabeças em sua
mente, ele possivelmente ira entrar em choque, pois descobri-rá que todos
aqueles eventos, desgastantes, dentro de suas varias relações sociais foram
culpas dele.

Talvez ele irá procurar ajuda profissional depois disso, pode ocorrer que ele já
tenha 30, 40, 50 anos de idade, mas se ele procurar e começar a fazer os testes,
talvez, mesmo assim, ele torça para não ser verdade o diagnóstico.

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O diagnostico é simplesmente um CHOQUE !!!

Antes de procurar ajuda medica e psicológica, ele o autista entra em batalha


interna. Mesmo com seu autodiagnóstico fechar completamente em sua
analise, e por ela estar certa, ele tentará sempre imaginar que não pode ser real.
Não é possível que sou autista.

Ele pode se lembrar da sua infância, pois tem uma memória incrível, ele se
lembrará que tem dificuldade de se auto-reconhecer ao espelho, ele lembrará
que tinha amigos virtuais, que conversa com eles, e que nunca viu de fato eles,
quando criança. Se lembrará que gostava de ficar sozinho, de ouvir músicas
clássicas, e que tinha e tem rotinas em sua vida. Irá relembrar que brigava com
todos mesmo aqueles mais amigos. Se lembrara que ninguém convidava para
visitas, e mesmo se convidaram ele não gosta de ir, e simplesmente não ia.

Vai se lembrar de que talvez em algum momento teve uma tendência de dupla
personalidade ou bipolaridade. Ele irá se lembrar de que as vezes conversa só,
com sigo mesmo, ou com outras pessoas, e essas conversas pode ser em locais
distintos ao local em que ele esta, ele se teletransporta até mesmo para o
ambiente em que conversou com a pessoa, e fica remoendo isso, varias vezes
na mente. O autismo é, sobretudo, uma doença que pode desdobrar em outras.
O desligamento do real pode gerar perigos, pois isso pode ocorrer quando você
esta dirigindo, na cama, na escada, ou em qualquer outro lugar.

O mundo paralelo em ele vive, gera projeções reais em sua mente, apesar de
ser imaginário. Mas não se pode esquecer que seu corpo físico está num
ambiente físico real, e poderá estar num ambiente semi-hostil. Acidentes
podem ocorrer nesses casos, pois nunca sabemos quando nos desligaremos e
sonharemos alto, assim como as pessoas dizem.

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O descobrir autista perante a sociedade.
Sentir que não é igual às pessoas, sentir e descobrir que realmente é diferente
das outras pessoas, pode ter um significado benéfico, mas é depressivo.

O austista trabalha com muitas informações ao mesmo tempo, e as vezes não


consegue realiza-las em conjunto, por isso, as vezes não consegue fazer nada,
pois o cérebro trava. Em algumas situações ocorre o imaginário, uma ideia
abrilhante, na qual ele fica remoendo dentro de sua cabeça, simulando
situações, e por fim, consegue o inesperado, uma ideia Brilhante.

A pessoa normal nem sempre consegue se desligar do mundo físico e se


concentrar apenas num tema. Essa é a grande diferença entre aspies e pessoas
normais. O autista deixa o cérebro funcionar sem parar, visando uma solução
para seu problema ou dúvida, a pessoa normal larga essa tentativa depois de
um certo tempo em que não ouve solução. A não solução é uma afronta à
mente autista. Tudo tem solução, seja trivial ou não, mas tem.

A mente do Asperger / autista, ela é muito rápida em trocar os temas pensados,


por isso ao conversar com ele, as vezes ele muda constantemente de assunto
numa narrativa. Isso mostra como as vezes é desorganizado a mente autista, e
por isso talvez tenhamos um surto as vezes.

Porém, nessas constantes mudanças de tema pode ter um insite e gerar um


resultado que se ele escrever e desenvolver a ideia poderá ter uma tese.

Assim, o autista deve ser impulsionado para se interessar pelas grandes


incógnitas do nosso mundo, e não ser deixado de lado da sociedade. Ser
totalmente cognitivo não significa que seja melhor do que um autista. Pelo
contrario, a própria historia dos autistas de sucesso nos mostram o quão
complexo é seu mundo, e o quão pode ser inspirador sua convivência.

O descobrir autista perante a sociedade pode ser uma dádiva, pode ser uma
muleta de deficiente, pode ser uma desculpa, não importa o seu sentido, a
sociedade deve usa-la plenamente e ajudar o autista a não desistir da vida.

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A sociedade deve criar mecanismos que mantenham sua rotina, e deixe-o a
vontade para desenvolver suas ideias criativas. A universidade é uma
instituição que pode ajudar os autistas, plantando a base para desenvolver seus
conhecimentos.

A sociedade Brasileira portando deve ter uma política de inserção de autistas


principalmente de alta funcionalidade e ajudar aqueles de baixa
funcionalidade. Não somente com leis que não saem do papel, mas com
atitudes que preservem sua dignidade e reconheçam sua diferença.

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Diagnóstico.
No período da infância o diagnostico da doença é mais fácil, pois os
psicólogos já estão treinados a observar suas características. Porém, para
diagnósticos tardios além de sorte, você terá que encontrar um psicólogo
realmente interessado no seu caso. Caso a pessoa primeiramente tente um
psiquiatra, poderá ter seu diagnostico confundido se não procurar um
psiquiatra especialista em autismo. Na fase adulta, algumas características
autistas são confundidas pela esquizofrenia, principalmente quando não se tem
um registro dos seus comportamentos na infância.

É comum encontrar psiquiatras que ignoram relatórios de psicólogos e se


decretam com os únicos investidos em descobri o autismo, e ignoram trabalhos
ate mesmo de anos de psicologia. Procurem psiquiatras que não tenham esse
comportamento, pois, eles podem errar completamente o diagnóstico. Na
verdade, a legislação brasileira deveria dar o poder para o psicólogo declarar
através de seu carimbo o CID para o autista, e talvez outras doenças. È
precário o aprendizado dos psiquiatras sobre o tema autismo adulto, pois eles
acham que não existe essa situação. Isso ocorre no Brasil, já nos USA é um
pouco diferente já que as classes do psicólogo possuem maior poder. Aqui esta
um erro institucional criado por médicos e suas classes profissionais que levam
a erros e a completa ignorância sobre alguns temas, que são definitivamente
apenas identificadas por psicólogos. Quem sofre com tudo é o paciente.

Na fase adulta, algumas características autistas são confundidas pela


esquizofrenia, principalmente quando não se tem um registro dos seus
comportamentos na infância.
Geralmente os especialistas em autismo seguem como referencia certas
características da infância do portador de autismo. Abaixo se observa o
diploma de uma criança Asperger na pré -escola (Figura 8). Boletim escolar da
pré-escola de uma criança Asperger. No boletim se observa a dificuldade de
aprendizado nos primeiros meses de estudo da criança, obtendo conceito na

48
COR AMARELA, que reflete uma média regular. Observe que a criança não
conseguiu ao longo de todo o ano obter nenhuma nota excelente (cor azul).

Será necessário passar por um neuropsicologo, e obrigatoriamente terá que


realizar os testes WAIS III, e outros testes já usado em autismo para o
verdadeiro diagnostico, e posteriormente levar ao psiquiatra para atestar. Caso
a pessoa que possua dúvida se é ou não realmente um Asperger, terá que
efetuar essas análises. Ao ser diagnosticado por psicólogos como autista, e será
necessário confirmar o diagnóstico através de um psiquiatra, pelas leis
brasileiras. E evidentemente o psiquiatra apenas o diagnosticará como autista
após analisar as informações psicológicas, e talvez, ainda, as informações
neurológicas, e de DNA, como esta sendo feito no projeto genoma da USP (
Universidade de São Paulo).

Testes de EEG (Eletroencefalograma) podem indicar a presença da condição


Asperger. Geralmente o hemisfério esquerdo do cérebro é mais ativo do que
hemisfério direito. Em média as informações do EEG são para determinadas
frequências, como Deltha (0,3 a 4,0 Hz), Theta (4,0 a 7.9 Hz), Alpha (8,0 a
12,5 Hz), Betha (12,5 a 33,0 Hz).

Nessas frequências pode ocorrer a anomalia em Alpha, sendo que nesse


intervalo a média é de 40 micro Volts (FRANK H. DUFFY, 1986). No Brasil, um
paisonde leitura de livros é algo não cultural, a média é de 20 micro Volts.
Valores acima podem ainda indicar o estado normal neurológico, no entanto,
num Asperger existe uma alta probabilidade de que o hemisfério esquerdo
tenha anomalias superiores a 60 micro Volts. Abaixo é observado um exemplo
de EEG nas Figuras 9 a 11. A figura 12 observa-se o desenho do cérebro e suas
divisões.

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Figura8. Boletim escolar da pré-escola de uma criança Asperger. No boletim se
observa a dificuldade de aprendizado nos primeiros meses de estudo, através
da cor amarela que reflete uma média regular. Observe que a criança não
conseguiu ao longo do ano obter nenhuma nota excelente (cor azul)

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Figura 9. Exame EEG nas frequências de Deltha a Betha 3. É visível a
anomalia na frequência alpha com valores em micro Volts superiores a 40
micro Volts, e indicando o hemisfério esquerdo mais ativo do que o da direita.
A média do Asperger nesse caso na frequência Alpha é de180 micro Volts. É
uma indicação da alta capacidade de raciocínio dos autistas.

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Figura 10. Imagem realçada nas frequências Alpha e Betha 3.

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Figura 11. Média EGG para cérebros normais no Brasil.

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Figura 12. Cérebro Humano e suas divisões em lóbulos. Desenho do cérebro
Humano (HTTP://largadoemguarapari.com.br)

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Conclusão

O descobrimento do autismo fora da idade infantil pode ser complexa. No


entanto, compreender o corpo, o indivíduo, o ser, é algo necessário para a
própria sobrevivência do autista. Talvez o diagnóstico seja perturbador, e
poderá gerar problemas de saúde, que antes a pessoa nem percebia que tinha.
O amar alguém autista pode superar a própria síndrome e seus problemas.
Porém, não é algo trivial. No entanto, o ente querido que pretende ajudar o
autista, não deve se esquecer: Não há Cura, uma vez autista, nascido assim
morrerá, a melhora pode ser apenas paliativa, e por final, algum dia, talvez a
doença vença o querer da sobrevivência.

O autismo de alta funcionalidade não é um dom, e está mais para uma praga,
algo que irá atormenta-lo pelo resto da sua vida. Um exemplo que podemos
citar é a relação de amizade e inimizade de Robert Hooke e IsaacNewton.
Newton sempre acusou que Hooke havia roubado sua ideia, relativa à relação
entre as forças entre corpos conectados a molas, uma experiência simples hoje
ensinado no primeiro ano do colegial.

Além disso, Havia muita antipatia mútua entre Hooke(professor da


Universidadede Oxford) e Isaac Newton (o aluno), Newton tinha
comportamento infantil, como ficar emburrado . Tudo começou em 1672,
quando Newton publicou o artigo "Nova teoria sobre luz e cores" nas
Philosophical Transactions da Royal Society de Londres.( Figura13).
Caligrafiade IsaacNewton ( http:/ / guiadoestudante.abril.com.br/ blogs/
curiosidadeshistoricas/files/ 2015/ 02/ vegetais-newton.png))
Newton expôs suas ideias para serem debatidas, respondeu pacientemente os
duros questiona mentos feitos por Hookee o cientista holandês Chistian
Huygens. Porém a paciência de Newton era limitada, e ao ser duramente
criticado ficou extremamente irritado prometendo nunca mais publicar um
artigo científico, chegou até ameaçar abandonar por completo a investigação
científica. Newton recolhe-se e permanece em silêncio científico até 1675,
quando visitava Londres, soube que finalmente Robert Hooke acabara de
aceitar suas teorias sobre as cores. A aceitação apenas ocorreu, pois Huygens
percebeu que Newton, além de estar correto, era uma pessoa estranha e fora

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dos padrões normais. E foi até Hooke e tentou amenizar a briga, visando o
amor à ciência, a uma causa maior do que aquela inimizade.

Em suas cartas formais, é possível perceber a ausência de afeição entre ambos.


Isaac Newton já quando professor da Universidade de Cambridge,
possivelmente queimou o único quadro em que mostrava a face de Robert
Hooke. Simplesmente por não tolerar, nem ao mesmo ver suas feições num
quadro. Newton foi um dos maiores físicos de todos os tempos, e provou a
existência da força mecânica e gravitacional, através de geometria e
movimentos ao longo do tempo, para um determinado espaço e tempo.
Newton nunca escreveu F = m a, (massa x aceleração), ele apenas no seu livro
Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, mostrou que o momento linear
(p) varia com o tempo com a ação daquilo que ele chamoude força.

Newton, além de ser um cientista árduo, acreditava em Deus, o Deus


mitológico, e morreu tentando descobrir códigos escondidos na Bíblia, que ele,
Newton, acredita que Deus havia deixado como incógnitas no livro sagrado.
Esse é apenas um exemplo de uma mente brilhante e autista, e pode servir
como padrão comportamental dos Aspies. Esse livro não aspira apresentar
conteúdo técnico em medicina e área psicológica, mas apenas relatar de forma
genérica o que é a síndrome e tentar ajudar as pessoas que convivem com o
autismo. O próprio autista tentará não ler esse livro, pois ele se considera
normal. Por último, e talvez, seja algo a se considerar, você que leu esse livro
es e interessou pelo texto, poderá argumentar com o autista um fato quase que
inconteste! A letra na escrita do autista não é bonita, e nem ele mesmo,
entende o que escreveu ao traduzi-la em fala verbal. Aqui deixamos um
exemplo da escrita e caligrafia deum autista:

A assinaturadeIsaacNewton( https:/ /pt.wikipedia.org/ wiki/ Isaac_Newton )

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Ela, apresenta descontinuidades, não sendo uma caligrafia proporcional e
arredonda, é possível notar uma falta de vontade em assinar, principalmente no
T, e um pouco tremor na letra, isso pode ser indício de outras doenças
psicológicas ou mesmo do autismo, no entanto indica certa irregularidade. Na
Figura 13, observamos melhor e podemos ver sua escrita e analisar. Fica a
critério do leitor analisala.

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Figura13. Caligrafiade IsaacNewton (Figura13. Caligrafiade IsaacNewton (http:/ /
guiadoestudante.abril.com.br/ blogs/ curiosidadeshistoricas/
files/ 2015/ 02/ vegetais-newton.png))

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Referências

I ATIVIDADES, TERAPIAS E EDUCAÇÃO ASSISTIDA POR ANIMAIS DE CAMPINAS,


ATEAC, ( NSTITUTO PARA
(http://ateac.org.br/tipos-de-autismo/ )

Desenho do cérebro humano. Copiado do site


HTTP://largadoemguarapari.com.br .

HASPERGER, 2019. AS CRIANÇAS DE ASPERGER, AS ORIGENS DO AUTISMO NA VIENA NAZISTA, PAGINAS


322, EDITORA RECORD.

LEI N° 12.768/2012, ( http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-


2014/2012/lei/l12764.htm)

FRANK H. DUFFY, 1986. TOPOGRAPHIC MAPPING OF BRAIN ELECTRICAL ACTIVITY. BUTTERWORTH


PUBLISHERS, PAGES 1-428, (PÁGINA 119)

PERÍCIAS E AUDITORIAS MÉDICAS DO DISTRITO FEDERAL,


(http://www.periciamedicadf.com.br/cid10/cid10.php )

PHIL BARKER, 2008. PSYCHIATRIC AND MENTAL HEALTH NURSING: THE CRAFT OF CARING,SECOND
EDITION. CRC PRESS, 760 PÁGINAS.

PHILIPPE G. SCHYNS, AUDE OLIVA, 1998. DR. ANGRY AND MR. SMILE: WHEN CATEGORIZATION
DEPARTMENT OF
FLEXIBLY MODIFIES THE PERCEPTION OF FACES IN RAPID VISUAL PRESENTATIONS.
PSYCHOLOGY, UNIVERSITY OF GLASGOW, 56 HILLHEAD STREET, GLASGOW G63 9RE, UK RECEIVED
27 JANUARY 1997; ACCEPTED 2 NOVEMBER 1998. (http://cvcl.mit.edu/publications/Schyns-
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MEDICINANET,
(http://www.medicinanet.com.br/cid10/1569/f84_transtornos_globais_do_dese

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nvolvimento.htm)

ALZHEIMERMED, http://www.alzheimermed.com.br/diagnostico/avaliacao-
(
cognitiva )

STRAPASSON, A, 2006. APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, DA


FACULDADE DE PATO BRANCO. PATO BRANCO, PR: FADEP.

STRAPASSON ,A. M., CARNIEL, F., 2007. A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL.
http://www.efdeportes.com/efd104/educacao-fisica-especial.htm

USP, (http://genoma.ib.usp.br/pt-br/servicos/consultas-e-testes-
geneticos/doencas-atendidas/sindrome-de-rett )

63
Índice
(USP, http://genoma.ib.usp.br/pt-br/servicos/consultas-e-
1
testes-geneticos/doencas-atendidas/sindrome

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